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http://www.eduem.uem.br
Profa. Dra. Ana Lúcia Rodrigues
autorização, por escrito, do autor. Todos os direitos reservados desta Paulo Bento da Silva
edição 2013 para a editora. Solange Marly Oshima
Formação de Professores em Ciências biológicas - EAD
Biologia Celular
2
Maringá
2010
Formação de Professores em Ciências Biológicas - EAD
ISBN 978-85-7628-228-0
Capítulo 1
Células e organismos: Procariotos
Veronica Elisa Pimenta Vicentini
> 15
Capítulo 2
Células e organismos: Eucariotos
Veronica Elisa Pimenta Vicentini > 23
Capítulo 3
Métodos de estudo das células
Hélio Conte
> 29
Capítulo 4
Composição molecular das células – 1
Ana Luiza de Brito Portela Castro
> 39
Capítulo 5
Composição molecular das células – 2
Ana Luiza de Brito Portela Castro
> 49
Capítulo 6
Membrana celular: estrutura
Veronica Elisa Pimenta Vicentini
> 59
5
Biologia Capítulo 7
celular
Membrana celular: transporte
Veronica Elisa Pimenta Vicentini
> 65
Capítulo 8
Membrana celular: junções
Ana Luiza de Brito Portela Castro
> 71
Capítulo 9
Citoesqueleto
Veronica Elisa Pimenta Vicentini
> 79
Capítulo 10
Retículo endoplasmático
Veronica Elisa Pimenta Vicentini > 85
Capítulo 11
Complexo de Golgi
Veronica Elisa Pimenta Vicentini
> 93
Capítulo 12
Lisossomo
Veronica Elisa Pimenta Vicentini
> 97
Capítulo 13
Peroxissomo
Ana Luiza de Brito Portela Castro
> 103
Capítulo 14
Mitocôndria
Ana Luiza de Brito Portela Castro > 107
Capítulo 15
Cloroplasto
Claudete Aparecida Mangolin > 115
Capítulo 16
Núcleo interfásico
Ana Luiza de Brito Portela Castro
> 131
6
Capítulo 17 Sumário
Capítulo 18
Cromossomos politênicos e plumosos
Hélio Conte
> 145
Capítulo 19
Núcleo interfásico: replicação do DNA
João Alencar Pamphile
> 151
Capítulo 20
Núcleo interfásico: transcrição do DNA
João Alencar Pamphile > 159
Capítulo 21
Síntese proteica: tradução do RNA
João Alencar Pamphile
> 165
Capítulo 22
Ciclo celular: Mitose
Veronica Elisa Pimenta Vicentini
> 173
Capítulo 23
Meiose
Ana Luiza de Brito Portela Castro
> 179
Capítulo 24
Matriz extracelular
Hélio Conte > 187
Capítulo 25
Parede celular
Maria de Fátima Pires da Silva Machado > 191
Capítulo 26
Práticas de Biologia Celular
Veronica Elisa Pimenta Vicentini
> 201
de Maringá (UEM). Graduada em Ciências Biológicas (UEM). Mestre em Biologia Celular (UEM).
HÉLIO CONTE
Professor do Departamento de Biologia Celular e Genética (DBC) da Universidade Estadual de
9
A presentação da Coleção
Este livro integra a coleção Formação de Professores de Ciências Biológicas – EAD,
como parte do material didático produzido para o Curso de Licenciatura em Ciências
Biológicas, na Modalidade de Educação a Distância, vinculado ao Departamento de
Biologia (DBI), do Centro de Ciências Biológicas (CCB) da Universidade Estadual de
Maringá (UEM), ofertado no âmbito da Universidade Aberta do Brasil (UAB).
Esta é uma coleção de livros para a formação de professores que traz a marca da
tradição e da força. A tradição vem da experiência no ensino e na pesquisa dos autores,
vinculados aos departamentos da Universidade Estadual de Maringá. A força, por sua
vez, está relacionada ao conteúdo diversificado e atualizado, bem como à metodologia
baseada na comunicação, em linguagem acessível e objetiva, e nas atividades e leituras
complementares propostas.
Numa coleção destinada à formação de professores de Ciências Biológicas, acredi-
tamos que a melhor opção é a adoção de uma sequência de conteúdos que permite o
contato com os níveis crescentes de complexidade, nos quais o mundo vivo se orga-
niza. Essa organização, desde o nível molecular até os princípios da hereditariedade
e evolução das espécies, culmina com as relações dos seres vivos entre si e com o
ambiente.
Além disso, o ensino atualizado não pode ficar indiferente às conquistas de uma
ciência dinâmica, que se renova a cada geração, na busca de respostas para as inúme-
ras indagações existentes e para aquelas que surgirão, proporcionando o aumento
notável dos conhecimentos adquiridos. Portanto, serão abordados, em todos os vo-
lumes, conhecimentos recentes, que focalizem temas de repercussão na atualidade
vinculados às pesquisas relacionadas às áreas da Biologia, como a ecologia, a genética,
a biotecnologia e a saúde, entre outras. Nessa perspectiva, cada livro da coleção foi
pensado e elaborado para uma disciplina específica do curso, buscando a leitura, a re-
flexão e o aprofundamento do conteúdo fundamental para a formação de professores
nessa área de conhecimento.
A conclusão dos trabalhos deverá ocorrer somente no ano de 2013. Deve-se con-
siderar que o financiamento para a edição dos volumes da coleção será liberado gra-
dativamente, de acordo com o cronograma estabelecido pela Diretoria de Educação a
Distância (DED) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior
(CAPES), responsável pelo programa Universidade Aberta do Brasil (UAB).
11
Biologia Agradecemos aos professores da Universidade Estadual de Maringá que organiza-
celular
ram os livros ou escreveram capítulos para os diversos volumes dessa coleção. Tam-
bém ressaltamos o apoio do Departamento de Biologia, do Centro de Ciências Bioló-
gicas, da reitoria e diversos órgãos da Universidade Estadual de Maringá, em especial
do Núcleo de Educação a Distância. Esperamos que a coleção tenha novas edições,
destinadas a novos alunos da UEM e de outras instituições públicas de ensino superior
vinculadas ao sistema UAB.
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A presentação do livro
Este livro enfoca a relação entre ensino e aprendizado dos tópicos atualizados de
Biologia Celular, com novos conceitos e abordagens. O ensino no mundo contempo-
râneo, frente às novas exigências de interdisciplinaridade dos conhecimentos, tem
sido um desafio para o docente/pesquisador, que tem importante papel na formação
de um profissional atuante e com engajamento político e social.
O docente/pesquisador necessita atualizar continuamente seus conhecimentos
teórico-práticos e, consequentemente, procurar estratégias para ministrá-los de forma
adequada. Para isso, ele deve usar ferramentas disponíveis, além de comprometimento
didático-pedagógico de qualidade.
Os objetivos dos professores da disciplina Biologia Celular são:
• Estabelecer completa correlação entre ensino/aprendizagem.
• Ministrar conhecimentos atualizados.
• Usar novas abordagens com enfoque na interdisciplinaridade dos conhecimentos.
• Inovar a forma de ministrar os conhecimentos com a aplicação de novos recur-
sos didáticos.
• Ministrar os conteúdos programáticos, voltados aos interesses básicos do pró-
prio curso de graduação.
• Propiciar o aprendizado dos conhecimentos programáticos teórico-práticos.
• Incentivar o aluno a se tornar um transmissor de conhecimentos e a desenvol-
ver projetos de pesquisa, ensino e/ou extensão.
• Ministrar ensino de qualidade utilizando recursos audiovisuais com avanço tec-
nológico.
13
1 Células e Organismos:
Procariotos
Veronica Elisa Pimenta Vicentini
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá entender:
• o que caracteriza um organismo unicelular, um pluricelular e um procarioto;
• a estrutura e a função geral dos constituintes da célula procariótica;
• a estrutura e a função geral dos vírus.
1 Classificação dos seres vivos em seus reinos de acordo com Whittaker (1969).
15
Biologia Unicelulares
celular
Organismos com uma célula, ou seja, ela é o próprio organismo. Esta célula única
é capaz de desenvolver todas as atividades relacionadas ao seu metabolismo, à sua
sobrevivência e à sua reprodução. Ex. protozoários e bactérias.
Pluricelulares
Organismos formados por várias células. Estas células se especializam em determi-
nadas funções e necessitam de outras células especializadas para o funcionamento do
organismo, que ajusta o metabolismo à sua sobrevivência e reprodução. Ex. animais e
vegetais. O número e a forma das células estão relacionados com a função exercida.
Nestes organismos, as células se especializam e se agrupam para formar determina-
dos tecidos. Por sua vez, estes se especializam e se agrupam para formar determinados
órgãos. Estes se especializam e se juntam para formar os sistemas, que juntos formam
o organismo. Ex. célula prismática simples, tecido epitelial de revestimento, órgão
– estômago, sistema – digestório, organismo – homem.
16
CLASSIFICAÇÃO DOS ORGANISMOS Células e Organismos:
Procariotos
Procariotos
Pro = primeiro, primitivo; Cario = núcleo.
Procariotos são organismos que não possuem um sistema de endomembranas. O
material genético fica mergulhado no citoplasma. Não possuem um núcleo verdadei-
ro. Ex. Escherichia coli, cianofíceas, riquétsias, clamídias e micoplasma.
A seguir, estudaremos o exemplo clássico de um organismo procarioto: a bactéria.
Bactéria
Escherichia coli é a bactéria mais estudada. Ela tem a forma de bastão com cerca
de 2µm de comprimento e 0,8µm de largura.
17
Biologia A bactéria pode conter pequenas moléculas adicionais de DNA circular, chamadas
celular
plasmídios ou epissomas, que contêm informações genéticas independentes do nu-
cleoide e podem conferir resistência aos antibióticos.
Polirribossomos – RNAm + ribossomos, para realizar a síntese proteica.
Flagelos - apêndices filiformes longos e em geral, únicos. Usados na locomoção e
na movimentação do líquido circundante.
Fímbrias - apêndices filamentares, de natureza proteica, mais finos e curtos que
os flagelos e em maior número. Usados para adesão ao substrato. Nas bactérias que
sofrem conjugação, as fímbrias funcionam como pontes citoplasmáticas para a transfe-
rência do material genético.
18
citoplasma onde estão presentes os ribossomos, os pequenos vacúolos que arma- Células e Organismos:
Procariotos
zenam substâncias nutritivas e os grânulos de reserva. Apresenta nucleoide com-
posto de DNA mergulhado no citoplasma. As cianofíceas realizam a fotossíntese, são
autótrofas, possuem o pigmento clorofila tipo a, e estão localizadas em membranas
concêntricas denominadas membranas fotossintetizantes ou lamelas. Podem possuir
outros pigmentos.
A seguir, conheceremos seres desprovidos de células e estudaremos as suas carac-
terísticas. Eles são os vírus.
VÍRUS
Seres não constituídos por células (acelular). São parasitas intracelulares obriga-
tórios. Causam alterações patológicas (doenças) nas células. Não são capazes de se
multiplicar sozinhos, porque não têm todas as enzimas e estruturas necessárias para a
formação dos novos vírus. Eles se reproduzem somente quando parasitam as células,
usam a sua maquinaria enzimática e as destroem pelo processo de lise.
19
Biologia
celular
Material genético – Pode ser DNA ou RNA, onde estão inscritas as informações
para a produção de novos vírus. Há vírus de DNA e de RNA.
*Vírion – A partícula viral, quando fora da célula hospedeira, leva esta denomina-
ção. Cada espécie de vírus apresenta vírions de formatos característicos.
20
Células e Organismos:
Procariotos
Anotações
21
Biologia
celular
Anotações
22
2 Células e Organismos:
Eucariotos
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá entender:
• a estrutura e a função geral dos constituintes da célula eucariótica animal;
• a estrutura e a função geral dos constituintes da célula eucariótica vegetal;
• as diferenças entre as estruturas de uma célula eucariótica animal e de uma
vegetal.
EUCARIOTOS
Célula Animal
Eucarioto: eu = verdadeiro; cario = núcleo.
Eucariotos são organismos que possuem um sistema de endomembranas. Possuem
um núcleo verdadeiro, bem delimitado e individualizado pelo envoltório nuclear.
Inicialmente, estudaremos as características e estruturas das células eucarióticas:
animal e vegetal.
Membrana plasmática (MP) – formada por uma bicamada lipídica com proteínas
mergulhadas e adsorvidas sobre ela (Modelo do Mosaico Fluido).
Função: proteger o conteúdo celular, dar o formato à célula, regular a passagem e
a troca de substâncias entre a célula e o meio em que ela se encontra.
Citoplasma – gel proteico que preenche todo o interior da célula.
Função: local onde ocorre o metabolismo celular.
Núcleo – local onde se encontra o material genético. Normalmente um núcleo por
célula, com localização central.
Função: comanda o metabolismo celular.
Nucleoplasma – gel proteico que preenche o interior do núcleo.
Membrana nuclear – formada pelo retículo endoplasmático rugoso, e envolve o
material genético.
Poro nuclear – localizado na membrana nuclear. Permite a troca entre núcleo e
citoplasma.
23
Biologia Nucléolo – mergulhado no nucleoplasma. É formado por RNA e é o local de forma-
celular
ção dos ribossomos (ribonucleoproteína).
Cromatina – mergulhada no nucleoplasma. É formada por DNA e proteínas.
Retículo endoplasmático (RE) – local de síntese e transporte de substâncias.
RE liso – túbulos cilíndricos que se anastomosam (juntam).
Função: síntese de lipídeos e hormônios esteróides, armazenamento e detoxificação.
RE rugoso – túbulos achatados com ribossomos acoplados (aderidos) à superfície
externa da membrana.
Função: síntese de proteínas.
Complexo de Golgi (CG) – vesículas membranosas (± 5), achatadas, empilhadas
e denominadas dictiossomos.
Função: local de armazenamento de substâncias produzidas no retículo endoplas-
mático, processamento (glicolipídeo, glicoproteína), empacotamento e secreção (di-
recionamento, endereçamento) de substâncias contidas em vesículas (vesículas secre-
toras, proteínas de exportação e da membrana, e lisossomos).
Lisossomos – vesículas de diferentes tamanhos e formas que contêm enzimas
hidrolíticas.
Função: local de digestão intracelular por autofagia e heterofagia (fagocitose e
pinocitose).
Mitocôndria – organela de formato esférico ou ovalado, formada por duas mem-
branas lipoproteicas. A membrana externa é lisa e a interna possui dobramentos
chamados de cristas mitocondriais. É local de síntese, sendo preenchida pela matriz
mitocondrial.
Função: realiza a respiração aeróbica celular (dependente de oxigênio) e produz
energia para o metabolismo celular – síntese de ATP (adenosina trifosfato).
Peroxissomo – pequenas vesículas, com matriz granulosa envolta por membrana,
que contêm enzimas oxidativas como peroxidases e catalase.
Função: decomposição de peróxido de hidrogênio (H2O2), um subproduto de rea-
ções bioquímicas com alta toxicidade para a célula, em substâncias inócuas como H2O
e O2.
Citoesqueleto – rede altamente dinâmica composta de três filamentos principais:
filamentos de actina, microtúbulos e filamentos intermediários, que estão conectados
entre si.
Função: estabelece, modifica e mantém a forma celular. Estrutura que se reorganiza
continuamente sempre que a célula altera a sua forma, divide-se ou responde às alte-
rações do ambiente. Responsável pelos movimentos celulares (contração, formação
de pseudópodos, deslocamento intracelular de organelas, cromossomos, vesículas e
grânulos).
24
A seguir, identificaremos, no esquema abaixo, as estruturas de um organismo eu- Células e Organismos:
Eucariotos
carioto: a célula animal.
Célula Vegetal
Constituída de membrana plasmática, citoplasma, núcleo, retículo endoplasmático
liso e rugoso, complexo de Golgi e mitocôndria. Apresenta as mesmas características
da célula animal.
Parede celular – estrutura resistente formada por celulose, lignina e outros
componentes.
Função: protege a célula, estabelece seu formato, regula a passagem e a troca de
substâncias entre uma célula e outra através dos plasmodesmos.
Cloroplasto – formado por duas membranas lipoproteicas. A externa é lisa e a in-
terna possui dobramentos denominados lamelas. É local de síntese, sendo preenchido
pelo estroma. Possui pigmentos, como as clorofilas, que capturam a luz solar.
Função: realiza a fotossíntese. Este é um fenômeno biológico pelo qual a energia
luminosa é transformada em energia química, contida em compostos altamente ener-
géticos como a sacarose.
Vacúolo – vacúolos de suco alimentar ou vacúolos vegetais, bem desenvolvidos,
delimitados por uma membrana lipoproteica denominada tonoplasto.
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Biologia Função: preenchimento de espaço (aumento de tamanho da célula) e armazena-
celular
mento (água, íons como o Na+, carboidratos, aminoácidos e proteínas).
Glioxissomo - tipo de peroxissomo presente nos vegetais.
Função: oxidação de ácido graxo no ciclo do glioxilato.
A seguir, identificaremos, no esquema abaixo, as estruturas de um organismo eu-
carioto: a célula vegetal.
26
Células e Organismos:
Eucariotos
Proposta de Atividades
Anotações
27
Biologia
celular
Anotações
28
3 Métodos de estudo
das células
Hélio Conte
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá entender:
• os diferentes métodos de estudo das células.
MÉTODO DE MICROSCOPIA
Inicialmente, conheceremos os principais equipamentos utilizados em microscopia.
A palavra microscopia tem sua origem etimológica no grego microu = pequeno e
scopein = examinar. Portanto, significa o exame de objetos pequenos impossíveis de
serem observados com a nossa visão normal.
1. Microscópio estereoscópico
Microscópio estereoscópico (lupa binocular). Fornece uma imagem ampliada do
objeto 40-60X, detalhando algumas características morfológicas, tanto externas como
internas. Podem ser equipados com acessórios como zoom e iluminação incidentes.
2. Microscópio de luz
Microscópio óptico (MO), atualmente chamado de microscópio de luz (ML, light
microscope), permite observar objetos de pequenas dimensões ou invisíveis a olho
nu. Fornece imagem aumentada, real, invertida (de cima para baixo) e rebatida (da
esquerda para a direita). É constituído de partes mecânicas e ópticas, com aumentos
de 40, 100, 400 e 1.200 vezes, de acordo com as oculares e objetivas.
29
Biologia
celular
30
dupla refração. Neste fenômeno, um raio luminoso resulta em dois raios refratados, Métodos de estudo
das células
com diferentes direções e estados de polarização, permitindo que se conheça o arran-
jo interno das substâncias e sua orientação em escala submicroscópica.
O microscópio deve ser munido de dois elementos: polarizador (montado debai-
xo do condensador ele envia luz polarizada em um determinado plano ao objeto)
e analisador (colocado em cima das lentes da objetiva e, conforme a rotação desses
elementos, eles interceptam ou não a luz polarizada). Daí, um objeto birrefringente
emitir pontos de brilhos, máximo ou mínimo, conforme a posição desses filtros que se
chamam nicols ou polaroides (são prismas de nicol de calcita).
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Biologia tridimensionais, dando conhecimento das topografias, das superfícies ou dos orgânu-
celular
los celulares. O MEV tem sido valioso no estudo do pólen, dos esporos de fungos, das
superfícies de folhas, das antenas de insetos, etc.
32
Métodos de estudo
das células
8. Microscópio confocal
O microscópio confocal de varredura fornece uma forma mais rápida e de qualida-
de. Ele tem sido utilizado para análises de estruturas tridimensionais (rede de fibras
no citoesqueleto, organização de cromossomos e genes no núcleo). O arranjo usado
envolve a iluminação provida por uma fonte de laser. Como esta luz fornece um ponto
de iluminação muito pequeno, este deve ser varrido sobre o espécime para permitir
a observação de uma área maior. O componente do espécime deve ser marcado com
uma molécula fluorescente. A luz usada para formar uma imagem é aquela refletida
pelo espécime; a luz refletida é capturada por um detector, onde o sinal é amplificado
eletronicamente para ser visto em um monitor. Somente um plano focal muito delga-
do é focalizado de cada vez, sendo possível reuni-los e reconstruí-los em um objeto
tridimensional. É dependente das inovações na área da computação.
33
Biologia aperfeiçoamento de técnicas nos campos da Física e da Química. Os métodos utili-
celular
zados variam de acordo com a natureza das células a serem observadas e podem ser
aplicados em células in vivo ou em células mortas, buscando-se o mais conveniente
para o fim a que se destina.
Até aqui, conhecemos os diferentes tipos de microscópios. Agora, conheceremos
os diferentes métodos para estudar as células.
34
Métodos de estudo
das células
Em (1), notamos o esquema representando células em cultura iniciando o crescimento; em (2) e (3),
as células em cultura já estão em um estágio mais avançado de crescimento.
35
Biologia 4. Métodos histoquímicos e citoquímicos
celular
São métodos que identificam e localizam substâncias em células cultivadas ou em
cortes histológicos. Há vários procedimentos para obtermos estas informações, sendo
a maioria baseada em reações químicas específicas ou em interações de alta afinida-
de entre as moléculas. Nestes métodos, observamos substâncias insolúveis coloridas
ou elétron-densas, as quais permitem a localização de átomos ou moléculas quando
usadas microscopias de luz ou eletrônica. O DNA pode ser identificado e quantificado
nos núcleos das células por meio da reação de Feulgen e ambos, DNA e RNA, podem
ser evidenciados com corantes básicos, em cortes de tecidos. Procedimentos histo-
químicos são usados em casos de biópsias de tecidos de pacientes para diagnosticar
determinadas doenças.
6. Método de imunocitoquímica
Este método permite identificar moléculas, em cortes ou camadas celulares, por
meio de anticorpos. Em uma reação imunocitoquímica, células em cultura ou um corte
36
de tecido que se supõe conter determinada proteína são incubados em uma solução Métodos de estudo
das células
que contém um anticorpo que reconhece essa proteína. O anticorpo se liga especifica-
mente à proteína e sua localização pode ser então evidenciada por microscopia de luz
ou eletrônica, dependendo do marcador que foi acoplado ao anticorpo. Na separação
de proteínas, podemos utilizar: ultracentrifugação, cromatografia e eletroforese em gel.
37
Biologia utilizadas sequências chamadas de sondas. Estas podem ser obtidas por meio de PCR
celular
(polymerase chain reaction) ou por síntese se a sequência desejada for curta. Uma
sonda precisa estar ligada a um marcador, um isótopo radioativo (que pode ser loca-
lizado por radioautografia) ou a um nucleotídeo modificado (digoxigenina) que pode
ser identificado por imunocitoquímica.
Ao longo do curso aprenderemos muitas técnicas modernas utilizadas no estudo
das células, especialmente na Histologia.
Proposta de Atividades
Atividade
1) Para melhor entender o mundo dos equipamentos, acesse os sites abaixo e faça um resumo
(máximo de 25 linhas) do conteúdo.
• <http://ciencia.hsw.uol.com.br/microscopios-de-luz5.htm>.
• <http://www.uq.edu.au/nanoworld/nanohome.html>.
2) Revisão bibliográfica: Após realizar as atividades acima, visite uma biblioteca e procure
alguns livros básicos sobre o tema.
JUNQUEIRA & CARNEIRO – Histologia Básica. 10ª ed. Ed. Guanabara Koogan, 2004. Leia
somente o capítulo I – Métodos de Estudos.
5) Após conhecer os diferentes métodos para estudar células, cite os mais usados.
Anotações
38
4 Composição molecular
das células – 1
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá:
• identificar cada componente químico com base na sua composição e estrutura;
• relacionar a composição molecular com a estrutura celular;
• compreender a importância biológica dos componentes químicos;
• compreender a importância dos componentes químicos para as diferentes fun-
ções celulares.
39
Biologia química, a morfologia e a importância biológica dos principais constituintes molecula-
celular
res das células, ou seja, a água, os sais minerais, os carboidratos e os lipídeos.
ÁGUA
A água é um dos elementos mais abundantes nos seres vivos e a origem das cé-
lulas está associada a ela. A água está presente em grande quantidade nas células,
assim como no meio extracelular. Portanto, abordaremos esta molécula a partir da sua
composição química e configuração, e a influência dos seus átomos nas propriedades
biológicas das macromoléculas.
A molécula da água é dita morfológica e eletricamente assimétrica, porque os dois
átomos de hidrogênio formam um ângulo juntamente com o oxigênio, estimado em
104,9º. Além disso, a distância entre os átomos de oxigênio e hidrogênio é de 0,1nm.
Isso mostra que esta molécula não é um bastão reto. Ainda, como o oxigênio, ela tem
forte atração pelos elétrons e estes não são distribuídos igualmente. Assim, o oxigênio
fica com a maior parte da carga negativa disponível, e é por isso que a água é conside-
rada um dipolo. No lado do oxigênio, há uma carga parcial negativa, enquanto que
nos lados dos hidrogênios existe uma carga parcial positiva.
Por causa da sua natureza dipolar, a água é um dos maiores solventes e a sua impor-
tância para as células está relacionada a esta propriedade. Biopolímeros que possuem
grupamentos químicos com afinidade pela água são denominados de grupamentos
polares como os grupos carboxila, hidroxila, aldeído, sulfato e fosfato. Os compostos
polares, solúveis em água, são denominados de hidrofílicos (hidro = água; filos =
amigo). Por outro lado, biopolímeros que não apresentam afinidade pela água pos-
suem grupamentos apolares, portanto, são hidrofóbicos (hidro = água; fobos =
aversão). Os lipídeos, a parafina e os óleos são exemplos de moléculas que repelem a
molécula de água.
40
Existem moléculas, geralmente longas, que apresentam uma porção hidrofílica e Composição molecular
das células – 1
outra hidrofóbica e, por isso, são denominadas anfipáticas. Neste caso, estas molécu-
las podem se associar à água e aos compostos hidrofílicos por uma das extremidades
e aos compostos hidrofóbicos pela outra extremidade.
SAIS MINERAIS
Outras moléculas inorgânicas e íons fazem parte dos seres vivos e são chamadas, de
um modo geral, de sais minerais. Os sais podem ser encontrados tanto na forma ioni-
zada (Na+, K+, Mg2+ e Ca2+) como não ionizada (cálcio, fosfato, ferro). A concentração
de íons no interior das células e no meio extracelular é diferente e importante para a
manutenção do equilíbrio osmótico. Por exemplo, a concentração de íons como K+ e
Mg2+ dentro da célula é maior enquanto que o Na+ e o Cl- se localizam principalmente
no meio extracelular. Os íons Ca2+ são importantes na transmissão de sinais pelas cé-
lulas, os íons Mg2+ atuam como cofatores enzimáticos, os ânions bicarbonato e fosfato
como tamponantes no sangue, além do fosfato ser um dos constituintes de moléculas
como ATP, DNA e RNA ou ainda associados com lipídeos (fosfolipídeos) e proteínas
(fosfoproteínas).
Os sais minerais possuem função estrutural como o cálcio, que faz parte dos ossos
e dentes nos vertebrados. Importantes moléculas dos seres vivos estão associadas com
íons, como a hemoglobina (ferro), pigmentos como clorofila (magnésio), citocromos
que contêm ferro e enxofre e participam da cadeia respiratória nas mitocôndrias.
Outros elementos químicos são importantes para a atividade celular normal, po-
rém em pequenas quantidades, como manganês, cobalto, cobre, iodo, selênio, níquel,
molibdênio e zinco. O iodo tem função na glândula tireoide e quase todos esses ele-
mentos citados são importantes para o funcionamento de enzimas.
Estas e outras funções dos sais minerais serão estudadas em outros capítulos que
abordarão cada organela celular, facilitando a compreensão do importante papel des-
tes elementos químicos nos organismos.
CARBOIDRATOS
Os carboidratos são compostos constituídos de átomos de C, H e O e são a prin-
cipal fonte de energia para a célula. Além disso, são constituintes de membranas ce-
lulares e da matriz extracelular. Geralmente, são classificados quanto ao número de
monômeros e se dividem da seguinte forma:
Monossacarídeos. São os carboidratos mais simples, com fórmula geral: Cn(H2O)n.
Os seguintes compostos, trioses (3C), tetroses (4C), pentoses (5C) e hexoses (6C) que
se diferenciam conforme o número de átomos de carbono são monossacarídeos encon-
trados nas células.
41
Biologia
celular
42
Composição molecular
das células – 1
O glicogênio atua como depósito para suprir a energia química em muitos animais
e o amido constitui uma reserva energética para as plantas. A celulose é um polissaca-
rídeo estrutural constituinte da parede celular das células vegetais.
Polissacarídeos complexos são as glicosaminoglicanos (GAG) e proteoglicanos,
que são componentes não fibrosos da matriz extracelular. Os glicosaminoglicanos são
compostos por sucessões de uma mesma unidade dissacarídica em que um dos mo-
nômeros é sempre um ácido glucurônico, um ácido irudônico ou uma galactose, e o
outro possui um grupo amino, podendo ser uma N-acetilglicosamina ou N-acetilgalac-
tosamina. Proteoglicanos são moléculas formadas pela associação de glicosaminoglica-
nos (GAC) às proteínas.
LIPÍDEOS
Os lipídeos são normalmente caracterizados pela sua insolubilidade em compostos
polares como a água. Isso porque possuem cadeia de hidrocarbonetos alifáticos ou os
anéis benzênicos, que são estruturas não polares ou hidrofóbicas. Eles são solúveis em
compostos não polares como éter, clorofórmio e benzeno.
Os lipídeos não possuem um grupamento químico comum a todos eles e não
formam polímeros. Algumas semelhanças estruturais, entretanto, permitem separar
aqueles que possuem ácidos graxos como as ceras, os triglicerídeos, os fosfolipídeos,
os esfingolipídeos, os esteróides e os terpenoides.
43
Biologia Considerando suas funções nas células, podemos dividir os lipídeos em duas cate-
celular
gorias: de reserva nutritiva e os estruturais.
Lipídeos de reserva nutritiva. Este grupo corresponde à classe mais abundante
de lipídeos, as gorduras neutras, que são normalmente fonte de energia utilizada pe-
los animais. Quimicamente, as gorduras neutras são formadas pela ligação éster do
glicerol com três ácidos graxos (iguais ou não) e denominadas triacilgliceróis, triglice-
rídeos, triglicérides ou glicerídeos.
Define-se ácido graxo como um ácido carboxílico com quatro ou mais átomos de
carbono. Os ácidos graxos mais frequentes nas gorduras neutras contêm de 16-18 áto-
mos de carbonos (ácidos palmítico, esteárico e oleico, respectivamente). Estas cadeias
contêm número par de carbonos e podem ser saturadas (somente ligação simples) ou
insaturadas (com ligações duplas).
Lipídeos estruturais. São importantes componentes estruturais das membranas
celulares, como membrana plasmática e as membranas de todas as organelas celulares.
Os lipídeos com função estrutural são fosfolipídeos, glicolipídeos e colesterol. Nas cé-
lulas, existem duas classes de fosfolipídeos, os glicerofosfolipídeos e esfingolipídeos.
Estes são moléculas anfipáticas, isto é, possuem uma extremidade polar (hidrofílica) e
outra extremidade apolar (hidrofóbica).
Glicerofosfolipídeos
Estes possuem dois ácidos graxos associados com glicerol e o terceiro grupo hi-
droxila deste álcool forma uma ligação éster com o fosfato. O ácido fosfatídico é um
exemplo deste grupo de fosfolipídeos. No entanto, o fosfato ainda pode se ligar a um
álcool (etanolamina, serina, colina ou inositol), sendo denominados de acordo com o
álcool como fosfatidiletanolamina, fosfatidilserina, fosfatidilcolina e fosfatidilinositol,
respectivamente.
Na membrana interna das mitocôndrias, encontra-se ainda um tipo especial de
glicerofosfolipídeo denominado cardiolipina ou difosfatidilglicerol.
44
Composição molecular
das células – 1
Esfingolipídeos
Lipídeos que não apresentam o glicerol e são formados pela ligação de um ácido
graxo com o grupo amina da molécula de esfingosina (uma cadeia com 18C e uma
dupla ligação). A esfingosina é formada pela união de uma serina com um ácido graxo.
A esfingomielina é um tipo de esfingolipídeo presente nas membranas das células ner-
vosas, mas são encontradas também em outros tecidos, como nos rins de mamíferos e
de outros vertebrados.
Glicolipideos
Os glicolipídeos contêm carboidratos na sua composição e são classificados em ce-
rebrosídeos e gangliosídeos Os cerebrosídeos são formados pela união de uma glicose
ou galactose com a ceramida que é constituída de um ácido graxo ligado à molécula de
esfingosina. Ocorrem nas camadas externas de algumas biomembranas.
Os gangliosídeos são similares aos cerebrosídeos, pois contêm a ceramida associa-
da com oligassacarídeos, cujos monômeros possuem de um a três ácidos siálicos.
Esteróides
São lipídeos derivados de um composto chamado ciclopentanoperidrofenantreno,
sendo o mais comum o colesterol, como mostrado na figura ao lado.
45
Biologia
celular
Proposta de Atividades
46
Composição molecular
das células – 1
Anotações
47
Biologia
celular
Anotações
48
5 Composição molecular
das células – 2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá:
• identificar cada componente químico com base na sua composição e estrutura;
• relacionar a composição molecular com a estrutura celular;
• compreender a importância biológica dos componentes químicos;
• compreender a importância dos componentes químicos para as diferentes fun-
ções celulares.
PROTEÍNAS
Proteínas são macromoléculas constituídas por inúmeros tipos de L-aminoácidos
unidos por ligações peptídicas.
Na fórmula, vemos que o carbono α (central) está ligado ao grupo carboxila
(–COOH), a um grupo amina (–NH2) e ao radical (R), que diferencia os aminoácidos.
Os grupos carboxila e amina são ionizáveis e conferem às proteínas, propriedades
básicas ou ácidas.
49
Biologia A junção de dois aminoácidos constitui um dipeptídeo, de três, um tripeptídeo e,
celular
quando há alguns peptídeos, denominamos oligopeptídeo.
51
Biologia
celular
ENZIMAS
As enzimas são moléculas proteicas capazes de acelerar intensamente determina-
das reações químicas, tanto na síntese como na degradação das moléculas e, portanto,
são definidas como catalisadores eficientes. As enzimas são as principais responsáveis
pela eficiência da maquinaria celular, pois além de acelerarem a velocidade das rea-
ções, apresentam alto rendimento, pois geram apenas o produto desejado.
As enzimas, assim como toda proteína, são produzidas sob o controle do DNA.
Uma exceção existe para um tipo de RNA com atividade enzimática, as ribozimas.
A enzima (E) se liga a um substrato (S, um dos reagentes), formando o complexo
enzima–substrato (ES). O substrato (S) é convertido em produto (P) que, subsequen-
temente, se dissocia da enzima (E):
E + S ↔ ES ↔ E + P
52
A ligação do substrato à enzima ocorre em um local específico da enzima: o “sítio Composição molecular
das células – 2
ativo”, similar a uma fenda contendo aminoácidos, cujas cadeias laterais criam uma
superfície complementar que se liga ao substrato.
No esquema ao lado, vemos a ligação de uma enzima com o substrato (maltose) em
seu sítio ativo e os produtos da reação, as duas moléculas de glicose.
53
Biologia Hidrolases: atuam nas reações de hidrólise (transferência de grupos funcionais
celular
para a H2O).
Liases: catalisam quebra de ligações originando ligações duplas ou ao contrário,
desfazendo estas ligações.
Isomerases: catalisam rearranjos intramoleculares, modificando a estrutura tridi-
mensional do substrato, com formação de isômeros.
Ligases: atuam na ligação de duas moléculas mediante hidrólise de compostos
ricos em energia (ATP, por exemplo).
Outras enzimas, entretanto, são conhecidas por nomes consagrados que não obe-
decem à regra do sufixo “ase”, como é o caso da tripsina e pepsina que catalisam
reações de hidrólise das proteínas.
Complexos multienzimáticos
Nas células, existem enzimas que trabalham de forma cooperativa constituindo
complexos multienzimáticos. Dessa forma, as enzimas funcionam em uma sequên-
cia de reações, onde o produto resultante da ação de uma enzima é o substrato para
a enzima seguinte. Exemplos: complexo piruvato desidrogenase e enzimas da cadeia
respiratória presentes na membrana interna das mitocôndrias.
ÁCIDOS NUCLEICOS
Os ácidos nucleicos, presentes em todos os seres vivos, são macromoléculas de
grande importância biológica. Nestas moléculas está depositada toda a informação
genética. Existem dois tipos: DNA, ácido desoxirribonucleico e RNA, ácido ribonuclei-
co. Os ácidos nucleicos são constituídos pela polimerização de unidades chamadas de
nucleotídeos.
54
Estrutura química dos nucleotídeos Composição molecular
das células – 2
Os nucleotídeos contêm resíduos de ácido fosfórico, uma pentose (ribose no RNA
e desoxirribose no DNA) e uma base nitrogenada. As bases nitrogenadas pertencem
a dois grupos de compostos: bases púricas ou purinas: adenina (A) e guanina (G);
bases pirimídicas ou pirimidinas: citosina (C), timina (T) e uracila (U).
A molécula de DNA
O DNA consiste em duas cadeias de nucleotídeos dispostas em hélice (dupla héli-
ce) em torno de um eixo com um giro para a direita (embora existam outras configu-
rações que não serão abordadas neste momento). As duas cadeias são antiparalelas,
isto é, a direção da ligação 5´→3´ fosfodiéster em uma cadeia e a outra 3´→5´ (veja
figura). Em função disso, uma cadeia termina em 5’ e a outra em 3’.
As bases púricas e pirimídicas situam-se no interior da dupla hélice paralela entre
si e perpendiculares em relação ao eixo da hélice.
55
Biologia
celular
A molécula de RNA
A estrutura do RNA é semelhante a do DNA, pois os nucleotídeos estão unidos
entre si por meio das ligações fosfodiéster 5´→3´, exceto por algumas diferenças na
composição química, já citadas. Outra diferença é que o RNA contém apenas uma ca-
deia de nucleotídeos, porém, nem sempre ele se apresenta como uma cadeia simples.
Algumas bases podem estabelecer pontes de hidrogênio por causa da complementari-
dade (A–U e C–G) formando regiões de fita dupla.
Existem três tipos de RNA: RNA mensageiro (RNAm), RNA transportador (RNAt)
e RNA ribossômico (RNAr), como mostrado na figura abaixo:
56
Composição molecular
das células – 2
Os três tipos de RNA são produzidos a partir do DNA pelo processo de transcrição
e participam na síntese proteica. O RNAm carrega a informação genética (códons) e
estabelece a sequência de aminoácidos da proteína, e o RNAt identifica e transporta os
aminoácidos para o ribossomo. Este é formado pela associação de moléculas de RNAr
e proteínas e por meio dele ocorre a síntese proteica.
Proposta de Atividades
Anotações
57
Biologia
celular
Anotações
58
6 Membrana celular:
estrutura
Veronica Elisa Pimenta Vicentini
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá entender:
• as características da estrutura/modelo e a função da membrana celular;
• as características da estrutura e a função de cada constituinte da membrana
celular.
59
Biologia A membrana plasmática é constituída por duas camadas lipídicas fluidas e contí-
celular
nuas onde estão inseridas moléculas proteicas e receptores específicos. Ela não é uma
estrutura estática, pois os lipídeos se movem proporcionando fluidez à membrana.
Essa fluidez depende da temperatura e da quantidade de colesterol.
A seguir, estudaremos os componentes das estruturas das membranas.
Lipídeos
As moléculas lipídicas constituem 50% da massa da maioria das membranas de
células animais; o restante é constituído de proteínas. As moléculas lipídicas são anfi-
páticas, pois possuem uma extremidade hidrofílica ou polar (solúvel em meio aquoso)
e uma extremidade hidrofóbica ou não polar (insolúvel em água).
Os três principais grupos de lipídeos da membrana são:
Fosfolipídeos: possuem uma cabeça polar e duas caudas hidrofóbicas de hidro-
carboneto. As caudas são, normalmente, ácidos graxos com diferentes comprimentos.
Uma das caudas contém uma dupla ligação (insaturado), o que implica na fluidez da
membrana.
60
As membranas das células vegetais e da maioria das bactérias não possuem coles- Membrana celular:
estrutura
terol.
Glicolipídeos: auxiliam na proteção da membrana plasmática em condições ad-
versas, como pH baixo. Sua presença altera o campo elétrico através da membrana e
das concentrações dos íons na superfície da membrana. Participam dos processos de
reconhecimento celular.
Proteínas
As proteínas desempenham a maioria das funções específicas das membranas.
Elas conferem as propriedades funcionais características de cada tipo de membrana.
As proteínas de membrana estão, geralmente, associadas aos carboidratos, que são
encontrados como cadeias de oligossacarídeos ligadas covalentemente às proteínas
(glicoproteínas) e aos lipídeos (glicolipídeos), formando o glicocálix na superfície da
membrana.
Proteína integral transmembrana: atravessa completamente a bicamada lipídica.
É anfipática e pode ser:
Proteína transmembrana de passagem única: em forma de hélice. Atravessa a
membrana uma única vez.
61
Biologia Proteína transmembrana de multipassagem: em forma de hélice. Atravessa a
celular
membrana várias vezes.
Proteína em barril: se restringe, principalmente, às membranas externas das bacté-
rias, das mitocôndrias e dos cloroplastos. Pode transportar íons e atuar como receptor
ou enzima.
Proteína integral não transmembrana: não atravessa a bicamada lipídica, se en-
caixando em parte dela.
62
GLICOCÁLIX (ou Glicocálice) Membrana celular:
estrutura
Se situa externamente e aderido a membrana plasmática das células animais. É
formado por uma camada de carboidratos ligados às proteínas integrais e periféricas
(glicoproteínas) e aos lipídeos (glicolipídeos) da membrana plasmática.
Função
- Protege a superfície das células.
- Dá um microambiente: carga elétrica, pH, concentração de íons.
- Funciona como filtro (capilares sanguineos).
- Confere viscosidade às superfícies celulares, permitindo o deslizamento de célu-
las em movimento (células sanguíneas).
- Apresenta propriedades antigênicas, promove a resposta imunitária com forma-
ção de anticorpos.
- Intervém nos fenômenos de reconhecimento celular, atua na histocompatibilida-
de, auto reconhecimento e rejeição.
- Atua no processo de inibição do crescimento celular por contato.
- Atua nos processos de adesão entre óvulo e espermatozóide.
63
Biologia
celular
Proposta de Atividades
Anotações
64
7 Membrana celular:
transporte
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá entender:
• os tipos de transporte que ocorrem através da membrana celular e porque são
caracterizados como transporte de moléculas de baixa massa molecular;
• os tipos de transporte que ocorrem através da membrana celular e porque são
caracterizados como transporte de moléculas de alta massa molecular;
• os tipos de transporte que ocorrem pelas proteínas.
65
Biologia Transporte Passivo
celular
É um processo de difusão de substâncias através da membrana. O soluto atravessa
a membrana sempre a favor do gradiente de concentração, isto é, do mais concentra-
do para o menos concentrado. Este transporte pode ocorrer por difusão simples ou
facilitada.
Difusão simples
É um processo físico. As moléculas se deslocam conforme o gradiente de concen-
tração no meio, ou seja, de maior concentração para menor. É a passagem de peque-
nas moléculas a favor do gradiente. Pode ocorrer através da bicamada lipídica ou de
canais proteicos.
Neste tipo de difusão, grandes moléculas carregadas como glicose, alguns aminoá-
cidos (alanina), H+, Na+, Ca2+ e Cl- não são transportadas. No caso do movimento de
água entre células, o mecanismo de osmose envolve a passagem de moléculas de água
através da camada dupla da membrana e fluxo de massa através de pequenos poros
seletivos, de proteínas integrais, denominados aquaporinas.
66
Difusão simples através de canais proteicos Membrana celular:
transporte
Ocorre pelas proteínas de canal. Estas são proteínas com um orifício ou canal inter-
no, cuja abertura está regulada, e que se unem a uma determinada região, o receptor
da proteína de canal, o qual sofre uma transformação estrutural capaz de induzir a
abertura do canal (como ocorre com neurotransmissores ou hormônios). Neste pro-
cesso são transportados íons como Na+, K+, Ca2+ e Cl-.
Difusão facilitada
Permite o transporte de pequenas moléculas polares, que não conseguem atraves-
sar a bicamada lipídica. Requerem proteínas transmembranas para facilitar a passagem
(de aminoácidos, monossacarídeos, etc). Estas proteínas recebem o nome de proteí-
nas transportadoras ou permeases que, ao unirem-se à molécula que irão transportar,
sofrem uma modificação em sua estrutura que conduz a molécula ao interior da célula.
67
Biologia Transporte Ativo
celular
Neste processo, também atuam proteínas de membrana, porém estas requerem
energia (ATP) para transportarem as moléculas ao outro lado da membrana, contra o
gradiente. São exemplos de transporte ativo a bomba de Na+/K+ e a bomba de Ca2+.
A bomba de Na+/K+ requer uma proteína transmembrana. Por este mecanismo de
bomba, são transportados 3 Na+ até o exterior e 2 K+ para o interior da célula, com
a hidrólise de ATP. Esta proteína atua contra o gradiente graças à sua atividade como
ATPase, pois quebra o ATP para obter a energia necessária para o transporte.
Todas as células animais gastam mais de 30% do ATP que produzem, e as células
nervosas mais de 70%, para bombearem esses íons.
68
A seguir, estudaremos as características do Transporte de Moléculas de Alta Mas- Membrana celular:
transporte
sa Molecular através das membranas.
69
Biologia CICLO DO PROCESSO DE TRANSPORTE E DIGESTÃO DE MOLÉCULAS
celular
Proposta de Atividade
1) Monte uma tabela e cite as funções e o que caracteriza cada tipo de transporte que ocorre
através da membrana celular.
Anotações
70
8 Membrana Celular:
Junções
Ana Luiza de Brito Portela Castro
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá:
• conceituar a matriz celular e seus componentes;
• compreender os tipos de interação entre a célula e a matriz extracelular;
• identificar os tipos de junções célula-célula;
• compreender a importância biológica das junções celulares.
JUNÇÕES CELULARES
Durante o desenvolvimento embrionário, as células apresentam a capacidade de se
reconhecerem e se unirem para formarem os tecidos. A integridade e a manutenção
dos tecidos dependem destas propriedades e isso acontece desde os animais mais
primitivos até a espécie humana. As células de um tecido podem estar interligadas
não somente com outras células, mas também com a matriz extracelular por meio
de estruturas especializadas da membrana plasmática, chamadas de junções celulares
e junções células-matriz.
Para melhor compreendermos estas associações, definiremos primeiramente ma-
triz extracelular. Entre as células dos tecidos animais e vegetais existe um espaço,
que é preenchido por um complexo de componentes fibrosos, denominado matriz
extracelular.
A matriz extracelular é constituída por um complexo de várias proteínas e polissa-
carídeos que são classificados em componentes não fibrosos (ou fluidos) e fibrosos.
Os componentes não fibrosos são representados principalmente por glicosaminogli-
canos e proteoglicanos (estudados anteriormente), enquanto que os componentes
fibrosos compreendem as proteínas estruturais, como o colágeno, e as proteínas ade-
sivas, como a fibronectina e a laminina.
A regulação fisiológica das junções é um evento fundamental em muitos proces-
sos celulares como adesão, comunicação intercelular, migração, diferenciação, etc. A
quantidade de matriz nos animais varia conforme o tipo de tecido, e é abundante em
tecidos conjuntivos como cartilagem, osso, derme, porém escassa em tecidos como o
epitelial e o nervoso.
71
Biologia Os tecidos vegetais também apresentam matriz extracelular como, por exemplo, a
celular
parede celular que será estudada em outro capítulo. Uma vez definida a matriz extra-
celular, conheceremos agora as junções entre células e a matriz extracelular.
As células interagem com a matriz extracelular por meio de junções do tipo con-
tatos focais e hemidesmossomos. Em alguns tecidos conjuntivos, as células podem
estabelecer contatos com a matriz por meio de estruturas denominadas contatos fo-
cais, as quais envolvem proteínas da membrana denominadas integrinas. Essas pro-
teínas transmembranas estabelecem contatos com a matriz em seu domínio externo
mediante a ligação com fibronectina e esta, por sua vez, liga-se ao colágeno da matriz
extracelular.
Na face interna da membrana, a integrina (mediante o seu domínio interno) se
liga por meio de proteínas ligadoras aos filamentos de actina, constituindo o que se
chama de fibras de tensão. Esses tipos de uniões ocorrem durante a migração celular
e, além disso, as integrinas têm também um papel importante na transdução de sinais
da matriz para o interior da célula.
O hemidesmossomo, cujo nome deriva da sua semelhança estrutural com o des-
mossomo, faz conexão da célula com a matriz, ancorando filamentos intermediários
do citoesqueleto com a matriz, o que confere resistência aos tecidos diante de forças
de estresse mecânico. Sua distribuição é mais limitada e ocorre principalmente, nas
células basais dos epitélios. Estas células se ligam a uma parte especializada da matriz
extracelular, a lamina basal. No lado citoplasmático, o hemidesmossomo é visto ao
microscópio eletrônico como uma placa de onde partem os filamentos intermediários
do tipo queratina, e se conecta com a matriz por intermédio da integrina, e no meio
extracelular estabelece conexões com fibras do colágeno. Outras proteínas têm sido
identificadas na estrutura dos hemidesmossomos revelando uma composição química
distinta dos desmossomos.
72
Além dessas estruturas de adesão, as células realizam uniões transitórias para reco- Membrana Celular:
Junções
nhecimento e adesão durante fenômenos biológicos como respostas imunes, reparo
de feridas e interrupção de hemorragias. As células de defesa do sangue (neutrófilos,
linfócitos, etc), que atravessam as células endoteliais dos capilares sanguíneos para
os tecidos durante uma resposta imune, possuem glicolipídeos e glicoproteínas na
superfície de suas membranas, que são capazes de interagir com moléculas de adesão
denominadas selectinas. Estas moléculas são glicoproteínas complementares presen-
tes nas membranas plasmáticas das células endoteliais.
Em tecidos onde as células iguais, ou não, se associam estabelecendo uniões está-
veis existem glicoproteínas transmembranas com função de reconhecimento e ade-
são celular. Estas glicoproteínas das membranas, responsáveis pela aderência entre as
células, são denominadas de CAMs que significa “cell adhesion molecules”. As CAMs
são glicoproteínas integrais transmembranas, ou seja, atravessam a bicamada lipídica e
expõem suas extremidades em ambas as faces das membranas.
As CAMs são receptores de superfície das células com finalidade de reconhecer
outras células e a elas se aderirem para constituir tecidos e órgãos. Várias CAMs foram
identificadas e receberam seus nomes conforme o tipo celular onde são encontradas:
N-CAMs (neurônios), Ng-CAMs (neurônios, células gliais), L-CAM ou caderina E (hepa-
tócitos, células epiteliais), caderina P (placenta), caderina N (neurônios). As caderinas
são um tipo de CAMs dependentes de cálcio.
As uniões estáveis entre as células, ou seja, uniões célula-célula, são denominadas
junções celulares. Estas envolvem especializações das membranas plasmáticas que
interconectam células vizinhas em um tecido. Elas podem ser classificadas em quatro
componentes: junção de oclusão (zonula ocludens ou tight junction), junção ade-
rente (zonula adherens), desmossomo (maculae adherens) e junção comunicante
(nexus ou gap junction). Entre parêntesis, estão os diferentes nomes atribuídos a cada
tipo de junção.
A figura abaixo representa os tipos de junções que ocorrem em uma hipotética
célula epitelial cilíndrica intestinal. Devemos ressaltar aqui um tipo de especialização
das membranas celulares, as microvilosidades. Elas correspondem a uma expansão,
em forma de dedos, da membrana plasmática e são abundantes em células envolvidas
com absorção como, por exemplo, as células epiteliais do intestino. O interior dos
microvilos é preenchido por filamentos de actina, responsáveis pela manutenção da
forma destes.
73
Biologia
celular
Desmossomo
O desmossomo constitui uma estrutura de adesão entre membranas de células vi-
zinhas. Eles são muito frequentes em células submetidas às trações como a epiderme,
revestimento da língua e esôfago, e em células do músculo cardíaco. Formam-se com
facilidade nas células em cultura, mas desaparecem nas células que sofrem transforma-
ção maligna (células cancerosas).
74
Membrana Celular:
Junções
Junção de oclusão
Este tipo de junção forma um cinturão ao redor da célula epitelial na região apical,
com o qual as membranas laterais das células vizinhas estão em íntimo contato. Neste
local, ocorre vedação, total ou parcial, do trânsito de íons e moléculas por entre as
células. O impedimento de passagem de substâncias na região das junções de oclusão
propicia a existência de potenciais elétricos diferentes, por causa da diferença de con-
centração iônica entre as duas faces da camada epitelial.
75
Biologia
celular
Junção aderente
É um tipo de junção que, em muitos epitélios de revestimento, circunda a parte
apical das células e que promove a adesão entre as células. Localiza-se logo abaixo da
junção de oclusão. São formadas por glicoproteínas transmembranosas classificadas
como caderinas, as quais unem as membranas das células vizinhas por meio dos seus
domínios externos, e, no lado citoplasmático de cada célula nesta junção, encontram-
se filamentos de actina, como pode ser visto na figura. Estas junções são sensíveis à
concentração de Ca2+ e se desorganizam quando este íon se encontra em níveis muito
baixos, levando à separação das células.
76
Junção comunicante Membrana Celular:
Junções
Este tipo de junção ocorre em muitos epitélios como os de revestimentos, glandu-
lares, musculares lisos, musculares cardíacos e nervosos. É uma estrutura que permite
comunicação entre membranas de células vizinhas e fornece às células um funciona-
mento harmonioso. Nas junções comunicantes, as membranas estão separadas por
apenas 2nm e cada junção apresenta forma circular constituída por um conjunto de
tubos proteicos paralelos que atravessam as membranas das células vizinhas, forman-
do verdadeiros canais de comunicação entre elas. Cada canal é composto por um par
de conexons.
77
Biologia
celular
Proposta de Atividades
Anotações
78
9 Citoesqueleto
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá entender:
• a estrutura e função do citoesqueleto e a sua importância para o metabolismo
celular;
• a estrutura, função e localização do microfilamento de actina;
• a estrutura, função e localização do microtúbulo;
• a estrutura, função e localização do filamento intermediário.
CITOESQUELETO
Inicialmente, estudaremos as características do citoesqueleto celular.
Presente nas células eucarióticas. Estrutura altamente dinâmica que se reorganiza
continuamente sempre que a célula altera a sua forma, divide-se ou responde à ação
do ambiente. Visualizado em microscópio eletrônico.
79
Biologia FUNÇÕES DO CITOESQUELETO
celular
1) Permite a variedade de formas, pois, estabelece, modifica e mantém a forma das
células.
2) Permite a execução de movimentos coordenados e direcionados, como na con-
tração muscular e na formação de pseudópodos.
3) Permite o deslocamento intracelular de organelas, vesículas e grânulos.
4) Permite a segregação dos cromossomos nos eventos de mitose.
Filamentos de Actina
7nm
Funções
1) Atuam juntamente com as moléculas de miosina no controle dos movimentos
da superfície celular.
2) As proteínas juntas, actina, miosina, troponina e tropomiosina, mais íons Ca2+
e ATP geram os movimentos de contração e relaxamento no tecido muscular.
3) Preenchem o interior das microvilosidades, dão a forma e permitem o movimento.
80
Microtúbulos Citoesqueleto
81
Biologia Proteínas motoras – dineína e cinesina* – movem-se de uma direção à outra ao
celular
longo dos microtúbulos, utilizando-os como “trilhos” para deslizarem, e organizarem
o transporte a fim de carregarem cargas e organelas específicas para os locais pré-de-
terminados dentro da célula.
* A dineína caminha para a extremidade “menos/negativa” (desmonta) e a cinesina
caminha no sentido “mais/positiva” (monta, formadora) do microtúbulo.
Centríolos
Medem 150nm de diâmetro X 300-500nm de comprimento. Direcionam a divisão
celular, onde se localizam as fibras do áster e do fuso. Cada célula possui um par, em
ângulo reto, localizado próximo ao núcleo e ao complexo de Golgi, na região chamada
centrossoma o centro celular. Formado por 27 microtúbulos, dispostos em nove feixes
com três microtúbulos paralelos presos entre si, em um material amorfo.
Corpúsculos basais
Local onde se inserem os cílios e os flagelos. Têm estrutura igual à dos centríolos.
Composto de nove conjuntos de trincas de microtúbulos, e cada uma contém um mi-
crotúbulo completo (túbulo A) fundido com dois microtúbulos incompletos (túbulos
B e C).
Há outras proteínas que formam a ligação que mantém o arranjo cilíndrico dos
microtúbulos juntos.
82
Cílios e Flagelos Citoesqueleto
Filamentos Intermediários
83
Biologia Funções dos filamentos intermediários
celular
1) Elementos estruturais.
2) Elementos importantes no citoplasma de células sujeitas ao estresse mecânico,
que sofrem atrito. Estão presentes em grande número nos epitélios e ligam as células
entre si, por junções especializadas denominadas desmossomos.
3) Presentes nos axônios, prolongamentos das células nervosas ou nos neurônios.
4) Presentes nas células musculares.
5) Formam a trama da lamina nuclear, logo abaixo da membrana nuclear interna.
6) Podem se ligar aos microtúbulos, microfilamentos, mitocôndrias, grupo de ri-
bossomos, envoltório nuclear e membrana plasmática, por pontes proteicas delgadas.
Proposta de Atividade
1) Monte uma tabela e cite as diferentes estruturas originadas a partir dos componentes do
citoesqueleto, a sua composição estrutural e a sua função.
Anotações
84
10 Retículo
endoplasmático
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá entender:
• a estrutura e função do retículo endoplasmático e a sua importância para o
metabolismo celular;
• a estrutura e a função do retículo endoplasmático rugoso;
• a estrutura e a função do retículo endoplasmático liso;
• a estrutura, a função, a localização e a constituição dos ribossomos.
RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO
Presente em todas as células eucarióticas. É uma rede de vesículas achatadas, esféri-
cas e túbulos que se comunicam. Estes elementos possuem uma “parede” formada por
uma unidade de membrana que delimita cavidades, chamadas de cisternas do retículo
endoplasmático.
85
Biologia O retículo endoplasmático (RE) se estende a partir do envoltório nuclear e percor-
celular
re grande parte do citoplasma. A sua membrana constitui cerca de metade das mem-
branas em uma célula animal. Forma um labirinto de tubos (10% do volume celular).
Emite vesículas para transporte de substâncias.
Há duas formas: retículo endoplasmático liso (REL) e rugoso (ou granular, RER).
Os dois tipos estão interligados e a transição entre eles é gradual.
86
Funções Retículo endoplasmático
87
Biologia Funções
celular
1) Facilita o intercâmbio de substâncias entre a célula e o meio externo.
2) Aumenta a superfície interna da célula, o que amplia o campo de atividade en-
zimática e facilita a ocorrência de reações químicas necessárias ao metabolismo
celular.
3) Auxilia a circulação intracelular, pois permite um maior deslocamento de partí-
culas de uma região para outra do citoplasma.
4) Armazena, no interior de certas cavidades, substâncias diversas retiradas do ci-
toplasma.
5) É abundante em algumas células especializadas que possuem funções adicionais
relacionadas ao metabolismo de lipídeos.
6) Local de síntese de lipídeos nas células sexuais e das glândulas suprarrenais, que
secretam hormônios esteróides (testosterona, estrógeno). Síntese de fosfolipí-
deos de membrana, colesterol e lecitina.
7) Desintoxicação do organismo nas células hepáticas do fígado. Nestas células, o
REL absorve substâncias tóxicas, modificando-as ou destruindo-as, de modo a
não causarem danos ao organismo. É a atuação do retículo das células hepáticas
que permite eliminar parte do álcool, medicamentos e outras substâncias inge-
ridas, potencialmente nocivas ao organismo.
8) Armazena glicogênio no fígado.
9) Controla a concentração de cálcio nas células musculares e o libera durante o
movimento.
RIBOSSOMOS
Encontrados nas células sob duas formas: livres e associados ao retículo endoplas-
mático rugoso. Distribuídos em vários locais dentro da célula, mas esta localização
depende da função celular. São formados por proteínas associadas ao RNAr. Formados
por duas subunidades (uma maior e uma menor).
88
Função Retículo endoplasmático
Ribossomos livres
Encontrados no citoplasma. Podem ocorrer como um único ribossomo ou em gru-
pos conhecidos como polirribossomos. Ocorrem em maior número que os ribosso-
mos associados ao retículo endoplasmático. Ocorrem em maior número em células
que armazenam a maioria das proteínas sintetizadas (proteínas armazenadas).
Ribossomos associados
Encontrados de modo associado à membrana externa do retículo endoplasmático
constituindo o RER. Ocorrem em maior número em células que secretam suas proteí-
nas sintetizadas.
89
Biologia Os ribossomos associados ao retículo produzem proteínas usadas pelo próprio
celular
retículo, que formam membranas, que são empacotadas e estocadas em vesículas no
citoplasma, e que são exportadas, secretadas para o exterior da célula (proteínas de
exportação).
Ribossomos também estão localizados na mitocôndria e cloroplasto de eucariotos.
São sempre menores que os ribossomos citoplasmáticos e comparáveis aos ribosso-
mos dos procariotos em tamanho e sensibilidade a antibióticos.
Proposta de Atividades
1) Monte uma tabela e cite as diversas funções do retículo endoplasmático rugoso e liso.
2) Descreva a função dos ribossomos livres e dos associados.
90
Retículo endoplasmático
Anotações
91
Biologia
celular
Anotações
92
11 Complexo
de Golgi
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá entender:
• a estrutura e função do complexo de Golgi e a sua importância para o meta-
bolismo celular.
Neste capítulo, estudaremos a estrutura e função do complexo de Golgi.
COMPLEXO DE GOLGI
Presente nas células eucarióticas. Visualizado em microscópio eletrônico, situado
entre o retículo endoplasmático e a membrana plasmática ou, ainda, próximo ao nú-
cleo. siste em um sistema de membranas lisas que formam vesículas achatadas, dispos-
tas paralelamente, empilhadas e interligadas, com as porções laterais dilatadas (maio-
ria em forma de “cuia”).
93
Biologia vesículas). Estas faces estão intimamente associadas por compartimentos especiais de
celular
uma rede interconectada de túbulos e cisternas. As vesículas que chegam à face cis vêm
do retículo endoplasmático. As vesículas formadas na face trans, soltam-se, e saem
para o transporte das substâncias ao seu destino final.
Exocitose
Corresponde à fusão de vesículas, que transportam substâncias (proteínas, hormô-
nios, enzimas digestivas, neurotransmissores) secretadas para o espaço extracelular ou
para a membrana plasmática. As vesículas secretoras se formam a partir da rede trans
do complexo de Golgi, e sua formação e liberação é regulada por sinais extracelulares.
94
6) Atua na formação da lamela média em células vegetais – a mitose centrífu- Complexo de Golgi
95
Biologia Na figura anterior, RER – retículo endoplasmático rugoso; CG – complexo de Golgi
celular
(Face C - cis, T - trans); MP – membrana plasmática; 1 – proteína da MP; 2 – proteína
de secreção e 3 – proteína interna/lisossomo.
9) Secreção celular. Um dos principais papéis dessa estrutura citoplasmática é a
eliminação de substâncias que atuam fora da célula. Muitas das substâncias que pas-
sam pelo complexo de Golgi são eliminadas da célula, e atuam em diferentes partes do
organismo. É o que ocorre, por exemplo, com as enzimas digestivas produzidas e eli-
minadas pelas células de diversos órgãos, como o estômago, intestino, pâncreas, etc.
Outras substâncias, como o muco que lubrifica as superfícies internas do corpo
humano, também são processadas e eliminadas pelo complexo de Golgi.
As enzimas digestivas do pâncreas, para exemplificar, são produzidas no retículo
endoplasmático rugoso e levadas até o complexo de Golgi, onde são empacotadas em
pequenas vesículas, que se desprendem dos dictiossomos e se acumulam em um dos
polos da célula pancreática. Quando chega o sinal de que há alimento para ser digeri-
do, as vesículas cheias de enzimas se deslocam até a membrana plasmática, fundem-se
com ela e eliminam seu conteúdo para o meio exterior.
Proposta de Atividade
1) Monte uma tabela e cite as diversas funções do complexo de Golgi e a sua composição
estrutural.
Anotações
96
12 Lisossomo
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá entender:
• a estrutura e a função dos lisossomos e a sua importância para o metabolismo
celular;
• o ciclo de ação dos lisossomos na célula.
LISOSSOMOS
São organelas citoplasmáticas encontradas nas células animais, nos fungos e nos
protozoários. Visualizado em microscópio eletrônico, são estáveis nas células vivas.
São corpúsculos envolvidos por uma unidade de membrana, geralmente esféricos, de
estrutura e dimensões muito variáveis. Têm um conteúdo elevado de fosfatases ácidas
e outras enzimas hidrolíticas.
97
Biologia capazes de digerir a maioria das substâncias biológicas. Uma célula animal típica pode
celular
ter centenas de lisossomos.
98
Lisossomo
Heterofagia
Neste processo, as vesículas de fagocitose ou de pinocitose, que contêm partículas
capturadas do meio externo (endocitose), fundem-se com os lisossomos primários,
dando origem a vesículas maiores, lisossomos secundários (heterofagossomo ou va-
cúolo heterofágico), onde ocorrerá a digestão.
Autofagia
Este processo ocorre quando as organelas velhas são substituídas por outras mais
novas, o que ocorre com frequência nas células. As organelas velhas são digeridas pe-
los lisossomos (autofagossomo ou vacúolo autofágico). Eventuais restos do processo
digestivo, constituídos por material não digerido, permanecem dentro do vacúolo,
que passa a ser chamado de vacúolo ou corpo residual.
99
Biologia Apoptose (morte celular programada)
celular
Estudos revelam que as células de organismos multicelulares carregam instruções
para autodestruir-se no momento em que deixam de ser úteis ao organismo. Assim,
como é preciso gerar células para manter os processos vitais, é imprescindível eliminar
as defeituosas, as doentes e as sem função.
Doenças lisossômicas
As doenças relacionadas aos lisossomos apresentam efeitos cumulativos e resultam
em degeneração dos tecidos, podendo levar ao óbito. Há doenças de caráter genético,
mas há também aquelas adquiridas ou associadas à invasão parasitária.
Estudos sobre doenças genéticas ligadas ao armazenamento lisossômico reve-
laram componentes-chave dos processos de seleção lisossômica, causados pela ausên-
cia de uma ou mais enzimas lisossômicas. Como consequência, os glicolipídeos não
digeridos e os componentes extracelulares que seriam degradados normalmente por
enzimas lisossômicas acumulam como grandes inclusões nos lisossomos.
Alguns exemplos de patologias congênitas nas quais a principal alteração com-
preende o acúmulo intracelular de substâncias: aspartilglicosaminúria, doença do
armazenamento do ácido siálico, doença do armazenamento de colesterol éster, cisti-
nose, doenças por armazenamento dos lisossomos do sistema nervoso, doenças por
deficiência de manosidase, mucopolissacaridoses, doença de Fabry, etc.
Doença de Gaucher
É um erro inato do metabolismo. É autossômica recessiva, sendo a mais frequente
deste grupo de doenças. A doença é resultante da deficiência da β-glicosidase ácida
ou β-glicocerebrosidase, que leva ao acúmulo de glicolipídeos (glicocerobrosídeo)
nos macrófagos, principalmente, no baço, no fígado, na medula óssea e no pulmão. As
suas manifestações clínicas e fenotípicas dependem do grau de deficiência da enzima.
Doença de Tay-Sachs
É causada por um defeito em uma enzima que catalisa uma etapa na degradação
lisossômica de gangliosídeos. Resulta no acúmulo desses glicolipídeos, especialmente
em células nervosas, tendo consequências devastadoras. Os sintomas desta doença
hereditária são, geralmente, evidentes antes da idade de um ano. As crianças afetadas,
em geral, se tornam dementes e cegas aos dois anos e morrem antes do seu terceiro
aniversário. As suas células nervosas são muito alargadas, com lisossomos inchados e
cheios de lipídeos.
100
Outros defeitos que causam doenças lisossômicas Lisossomo
1) Síntese de uma proteína cataliticamente inativa que sofre reação imune cruzada
com a enzima normal. Assim, por imunoensaio, os níveis parecem normais.
2) Defeitos no processamento pós-traducional da enzima. Nesta categoria, inclui a
falência de ligação do “marcador” manose-6-fosfato, uma ausência capaz de evi-
tar que a enzima siga o caminho correto até o lisossomo. Ao contrário, a enzima
é secretada no meio extracelular.
3) Falta de um ativador enzimático ou proteína protetora.
4) Falta de uma proteína ativadora de substrato. Em alguns casos, proteínas que
reagem com o substrato para facilitar a sua hidrólise podem estar ausentes ou
defeituosas.
5) Ausência de uma proteína transportadora necessária para o egresso do mate-
rial digerido para fora dos lisossomos.
Proposta de Atividades
Anotações
101
Biologia
celular
Anotações
102
13 Peroxissomo
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá:
• conceituar peroxissomos;
• identificar as principais enzimas dos peroxissomos;
• compreender a ação da catalase e sua importância na célula;
• compreender as diferentes funções dos peroxissomos.
PEROXISSOMOS
Os peroxissomos são organelas presentes em todas as células eucariontes. Apresen-
tam forma ovoide, com diâmetro médio de 0,6µm e são revestidos por uma membrana
lipoproteica única. Seu número varia de 70 a 100 por célula, podendo ser maior em
células hepáticas e renais.
2H2O2 → 2H2O + O2
103
Biologia Os peroxissomos que contêm a enzima urato oxidase possuem uma pequena es-
celular
trutura cristalina como mostrada na figura acima. Células humanas como hepatócitos
não apresentam este arranjo cristaloide por não possuírem a enzima urato oxidase.
catalase
H2O2 + O2 H2O + O2
Acredita-se que os ânions superóxidos (O2-) possam causar danos às células como
perdas de grupos sulfidrilas das proteínas, alterações na dupla camada lipídica das
membranas, além de mutações gênicas, o que pode acelerar o envelhecimento orgâni-
co e facilitar o surgimento de câncer.
104
Função de desintoxicação dos peroxissomos Peroxissomo
Produtos tóxicos podem ser neutralizados pela ação da catalase dos peroxissomos.
Neste caso, a enzima utiliza o peróxido de hidrogênio (H2O2) para oxidá-los e neutra-
lizá-los da seguinte forma:
onde TH2 representa a substância tóxica e T a substância após a sua oxidação. Subs-
tâncias tóxicas como fenóis, formaldeído, ácido fórmico e etanol são eliminadas por
este mecanismo. Parte do etanol ingerido por meio da bebida alcóolica é neutralizada
pela catalase dos peroxissomos. Nas células hepáticas e renais, a catalase atua com
enzima desintoxicante.
105
Biologia A bicamada lipídica dos peroxissomos cresce pela agregação de fosfolipídeos
celular
oriundos do retículo endoplasmático, os quais são transferidos por proteínas trans-
portadoras.
Os peroxissomos não possuem material genético, diferentemente das mitocôndrias
e cloroplastos que apresentam material genético capaz de codificar parte de suas res-
pectivas proteínas. Dessa forma, as proteínas que se incorporam à matriz dos pero-
xissomos são sintetizadas nos polirribosomos livres do citoplasma. Essas proteínas
contêm em sua extremidade carboxílica um peptídeo sinalizador específico (peptídeo
sinal) composto por três aminoácidos (serina, lisina e leucina). Um receptor específico
presente no citoplasma reconhece este peptídeo sinal da proteína destinada ao pero-
xissomo e, ao mesmo tempo, interage com uma proteína específica da membrana da
organela e, assim, são conduzidas ao interior dos peroxissomos.
Curiosidades
Aproximadamente, 17 doenças humanas estão relacionadas às disfunções dos pe-
roxissomos e a maioria envolve problemas neurológicos. A Síndrome de Zellweger,
uma das mais conhecidas, caracteriza-se pela mutação em um gene que codifica a
síntese de uma proteína pertencente à membrana dos peroxissomos e envolvida na
incorporação das enzimas à matriz. Como consequência, formam-se peroxissomos
“vazios” e os pacientes que apresentam esta doença morrem no primeiro ano de vida.
Proposta de Atividades
Anotações
106
14 Mitocôndria
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá:
• compreender a ultraestrutura e o genoma mitocondrial;
• identificar as etapas do processo de produção de energia a partir da degradação
dos alimentos nas células;
• relacionar as principais vias metabólicas da produção de energia com as estru-
turas das mitocôndrias;
• conhecer as demais funções das mitocôndrias.
MITOCÔNDRIA
Compostos orgânicos como proteínas, lipídeos e carboidratos são ricos em energia
e esta é utilizada pelas células eucariontes mediante a ruptura das ligações químicas
dessas moléculas. Nas células vegetais, os compostos orgânicos produzidos pelo pro-
cesso de fotossíntese, como glicose e outras hexoses, são fontes de energia para as
células eucariontes, e fontes de carbono para a síntese de várias macromoléculas.
No entanto, as células não utilizam diretamente a energia liberada de moléculas
como carboidratos, proteínas e lipídeos, mas usam um composto intermediário deno-
minado ATP (adenosina trifosfato), que é produzido pela degradação das moléculas
ricas em energia, principalmente, carboidratos e lipídeos.
107
Biologia As “máquinas” geradoras de ATP são as mitocôndrias. O ATP se difunde por toda
celular
a célula para ser utilizado em diferentes processos como síntese e degradação de mo-
léculas, transporte de substâncias, movimentos celulares, divisão celular e transmissão
de sinais.
Curiosidade
Um adulto tem energia acumulada na forma de glicogênio para um dia e na forma
de lipídeos para um mês, aproximadamente. Em um organismo em repouso, as células
utilizam mais glicose resultante do metabolismo do glicogênio, mas durante o exercí-
cio físico ocorre utilização dos ácidos graxos para produção de energia.
A partir de agora, conheceremos a estrutura das mitocôndrias para compreender-
mos sua principal função que está relacionada ao processo da respiração celular. As
mitocôndrias são organelas encontradas em todos os tipos celulares de organismos eu-
cariontes. Elas foram primeiramente observadas em 1840 nas células do rim e fígado,
e se apresentavam como estruturas alongadas e arredondadas. Esta forma deu origem
ao seu nome (do grego: mito significa alongado e chondrion quer dizer grânulo). Em
células vivas, por meio da utilização do corante verde-janus, é possível observá-las em
microscopia de luz. Detalhes da sua estrutura, entretanto, somente podem ser visuali-
zados em microscopia eletrônica.
As mitocôndrias possuem 0,2 - 1,0μm de diâmetro e 2 - 8μm de comprimento. A
posição nas células é variável. Elas se movem constantemente e seus movimentos estão
relacionados aos filamentos do citoesqueleto, como os microtúbulos e suas proteínas
motoras associadas. Elas não se movimentam nos espermatozoides e nas células mus-
culares estriadas.
O número de mitocôndrias por célula é variável, conforme a demanda energética
celular. Em ovócitos, apresentam 300.000/célula; em células hepáticas, encontram-se
1.000 a 2.000 mitocôndrias; nas células renais, cerca de 300 e, na ameba gigante, chega
a 10.000 mitocôndrias.
108
Mitocôndria
109
Biologia 2) Grânulos de diferentes tamanhos, principalmente Ca2+.
celular
3) Várias cópias de um DNA circular e os três tipos de RNA, sendo 13 tipos de
RNAm, 2 tipos de RNAr e 22 tipos de RNAt, correspondentes a 20 aminoácidos.
Genoma mitocondrial
As mitocôndrias apresentam genoma próprio, apesar de incompleto. O DNA mi-
tocondrial apresenta algumas características diferentes do DNA nuclear. O DNA da
mitocôndria é pequeno, circular, desprovido de histonas e possui um ponto de origem
para se replicar. Esse DNA se apresenta em várias cópias. Possui poucas sequências que
não codificam RNA e, diferentemente do DNA nuclear, transcreve 22 tipos de RNAr (o
DNA nuclear transcreve 31 tipos) e os dois tipos de RNAr apresentam coeficientes de
sedimentação diferentes do RNAr do núcleo, ou seja, são classificados como 12S e 16S.
Estes RNAr se associam com proteínas formando ribossomos, os quais são menores em
relação aos ribossomos citoplasmáticos e de procariontes.
As duas cadeias do DNA mitocondrial são transcritas diferentemente do DNA nu-
clear, onde somente uma das cadeias é transcrita. Uma peculiaridade deste DNA é a sua
origem exclusivamente materna, pois, durante a fecundação, todas as mitocôndrias da
célula-ovo (zigoto) são provenientes do ovócito.
Com um genoma relativamente pequeno, o DNA mitocondrial codifica poucas pro-
teínas (13 nas células humanas), a maioria pertencente à cadeia respiratória como
NADH desidrogenase, citocromo b, citocromo oxidase e algumas subunidades da ATP
sintase. As proteínas destinadas às mitocôndrias são sintetizadas em polirribossomos
livres no citoplasma e, posteriormente, são transferidas por um mecanismo de sinali-
zação e endereçamento a esta organela.
110
de um átomo/molécula está ligada à redução de outro átomo/molécula, que então Mitocôndria
Glicólise
A glicólise anaeróbia é um processo mediante o qual ocorre uma sequência de
reações químicas. Nela, uma molécula de glicose (seis carbonos) é degradada, em uma
série de dez reações enzimáticas, para liberar duas moléculas de piruvato (com três
carbonos cada), resultando ainda em duas moléculas de ATP e duas de NADH. O ATP
se forma a partir do ADP e fosfato inorgânico como mostrado nas equações abaixo:
10 enzimas
2) glicose (6C) → → → → → → → → → 2 piruvato (3C) + 2 ATP
111
Biologia denominado piruvato desidrogenase. Um dos carbonos do piruvato é retirado jun-
celular
tamente com dois oxigênios e produz CO2. O piruvato cede também um hidrogênio
(H-), o qual provoca a redução de um NAD+ a NADH. Cada acetila se liga a uma coen-
zima A (CoA) formando, então, acetil-CoA. Esta etapa corresponde ao processo de
descarboxilação oxidativa:
piruvato desidrogenase
piruvato (3C) → → → → → → → acetila (2C) + CoA → acetil-CoA + CO2,
com redução do NAD+ a NADH.
Fosforilação oxidativa
As reações de transferência de elétrons envolvem enzimas e compostos não enzi-
máticos presentes na membrana interna das mitocôndrias, cuja função é transportar
elétrons. As moléculas NADH e FADH2 são os transportadores de elétrons gerados no
ciclo de Krebs para os complexos da cadeia transportadora de elétrons da membrana
interna das mitocôndrias. Os átomos de hidrogênio liberados pelo NADH e FADH2 se
dissociam em elétrons (e-) e prótons (H+).
Para os elétrons cedidos pelo NADH, a porta de entrada é a NADH-desidrogena-
se (complexo I) e daí passam pela ubiquinona e demais complexos até o último da
112
cadeia, o complexo V (veja figura). Os elétrons cedidos pelo FADH2 têm como porta de Mitocôndria
113
Biologia OUTRAS FUNÇÕES DAS MITOCÔNDRIAS
celular
Além da produção de energia, as mitocôndrias possuem outras funções:
Remoção de Ca2+ do citosol: as mitocôndrias retiram íons cálcio do citosol, quan-
do seu nível é alto e perigoso para a célula.
Síntese de aminoácidos: em hepatócitos, a partir de moléculas intermediá-
rias do ciclo de Krebs, ocorrem algumas etapas metabólicas que levam à síntese de
aminoácidos.
Síntese de esteróides: em células do córtex das suprarrenais, ovários e dos testí-
culos, a mitocôndria participa da síntese de diversos esteróides e tem como precursor
o colesterol.
Morte celular: a mitocôndria tem participação na morte celular programada
(apoptose).
Proposta de Atividades
Anotações
114
15 Cloroplasto
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá entender:
• a estrutura e a função do cloroplasto e a sua importância para o metabolismo
celular;
• o processo da fotossíntese.
CLOROPLASTO
Todos os animais e a maioria dos microrganismos necessitam de grande quantidade
de compostos orgânicos retirados de seu ambiente. Estes compostos são responsáveis
tanto pelo fornecimento do esqueleto carbônico para a biossíntese de suas molécu-
las, como também pela energia metabólica que dirige os processos celulares. Toda a
matéria orgânica requerida pelas células é produzida pelos organismos fotossintéti-
cos, incluindo as bactérias fotossintéticas. Dentro deste grupo, a mais evoluída é a
cianobactéria.
Nas algas e plantas, a fotossíntese ocorre em uma organela intracelular especiali-
zada que é o cloroplasto. Sob a luz do dia, os cloroplastos realizam a fotossíntese e
produzem NADPH e ATP – primeiros produtos desta via metabólica – além de outras
moléculas orgânicas. Na planta, os produtos incluem um carboidrato de baixo peso
molecular – a sacarose – que as células fotossintéticas exportam para suprir as neces-
sidades metabólicas de muitas células não fotossintéticas.
115
Biologia invaginações da membrana interna. Eles se desenvolvem por causa da necessidade
celular
de cada célula diferenciada, e o tipo de plastídio formado é determinado pelo geno-
ma nuclear. Quando a partir do proplastídio é formado um cloroplasto, a membrana
interna desta organela se invagina, forma vesículas e dá origem a um compartimento
especializado que é o tilacoide.
Além dos cloroplastos, existem outros plastídios com pigmentos – os cromoplastos
– que são classificados com base no tipo de pigmento contido. Nas pétalas, nos frutos
e em algumas raízes, estão presentes cromoplastos amarelos ou alaranjados. Estes têm
menor quantidade de clorofila e, portanto, não realizam fotossíntese. No tomate, que
é vermelho, está presente o carotenoide licopeno. Nas algas vermelhas, estão presen-
tes cromoplastos que, além de clorofila e carotenoides, possuem também pigmentos
vermelhos e azuis, a ficoeritrina e a ficocianina, respectivamente.
Os leucoplastos são plastídios sem cor que estão envolvidos na síntese de monoter-
penos, compostos voláteis contidos em óleos essenciais. Muitos destes compostos são
explorados como flavorizantes ou como agentes farmacológicos. Os produtos desta
organela são secretados por células de glândulas secretórias especializadas associadas
com folhas, com tricomas do caule ou com a cavidade secretória da casca de citros.
Leucoplastos são muitas vezes descritos como sinônimos de amiloplastos. Os leuco-
plastos que produzem monoterpenos, entretanto, constituem-se em um tipo único de
plastídio. Leucoplastos são constantemente rodeados por uma extensa rede de túbu-
los do retículo endoplasmático liso que também atua na síntese de lipídeos.
Outra forma de plastídio é o amiloplasto, presente em células de tecidos responsá-
veis por armazenamento. Este plastídio acumula grãos de amido, que é um polímero
de glicose. Muitas vezes ocupam todo o estroma, como é o caso dos amiloplastos do
tubérculo da batata.
Luz
N
H2O ATP + NADPH + NO2
117
Biologia moléculas orgânicas como energia para o crescimento. A reação geral nesta fase pode
celular
ser apresentada da seguinte forma:
N
ATP + NNADPH + NCO2 N
(CH2O).
118
Cloroplasto
Figura 2 - Na reação de fotossíntese, a água é oxidada e o oxigênio molecular é liberado a partir das
reações de transferência de elétrons. Durante as reações de fixação de carbono, o dióxido de carbono é
assimilado para produzir carboidratos e diferentes moléculas.
119
Biologia
celular
Figura 3 - Estrutura da molécula de clorofila a com seu átomo de Mg2+ mantido em um anel
porfirínico. Durante a excitação luminosa ocorre movimentação dos elétrons ao longo das duplas
ligações ao redor do anel porfirínico. O fitol constitui uma cauda hidrofóbica da molécula de clorofila.
120
grande conjunto de moléculas de pigmentos. Este complexo captura a energia lumi- Cloroplasto
121
Biologia
celular
122
Cloroplasto
O aceptor final dos elétrons, doados pelo par de clorofilas do centro de reações
do fotossistema II, é o fotossistema I. Este recebe os elétrons que agora ocuparão a
vacância deixada pela saída dos elétrons do centro de reação deste fotossistema, quan-
do excitado pela luz. Os elétrons que deixam o fotossistema I passam para um centro
ferro-enxofre (ferrodoxina), e daí para o NADP+, gerando NADPH (Figura 5).
O uso de dois fotossistemas em série, utilizando dois quanta de luz, permite a
produção tanto de NADPH como de ATP e move elétrons da água para NADP+. Este
processo é conhecido como fotofosforilação acíclica (Figura 7).
123
Biologia somente o fotossistema I em um modo cíclico que não produz NADPH. Este processo
celular
é chamado de fotofosforilação cíclica. Nele, o elétron de alta energia é transferido do
fotossistema I para o citocromo b6-f, sem passar pelo NADP+, e os elétrons são trans-
feridos de volta para o fotossistema I. O complexo citocromo b6-f bombeia H+ para o
espaço tilacoidal, criando um gradiente eletroquímico de prótons que é utilizado pela
ATP sintase para sintetizar ATP (Figura 8). A fotofosforilação cíclica envolve somente
o fotossistema I sem a formação de NADPH e sem a liberação de O2 (Figura 8). O ba-
lanço entre a fotofosforilação acíclica e cíclica é regulado pela célula, para determinar
quanto da energia luminosa será convertida em força redutora (NADPH) ou em fosfato
de alta energia (ATP).
124
Cloroplasto
125
Biologia O sistema genético dos plastídios
celular
Esta organela possui seu próprio genoma, bem como a maquinaria para sintetizar
RNA e proteínas. Cada organela é originada a partir de outra preexistente que cresce
e se divide. Para isso, cada organela deve duplicar a sua massa em cada geração celu-
lar, dividir-se e, então, ser distribuída, em número aproximadamente igual, para cada
célula-filha. As células que não estão em processo divisório também devem repor as
organelas que são degradadas.
126
do genoma nuclear. Os genes nucleares codificam a maior parte das proteínas reque- Cloroplasto
ridas por ela. Após as proteínas terem sido sintetizadas no citosol, elas são importadas
para o cloroplasto. As demais proteínas da organela são codificadas pelo seu genoma
e sintetizadas pelos ribossomos dela (Figura 11). Um exemplo desta integração é o
funcionamento da enzima Rubisco, importante na fotossíntese. A subunidade menor
desta enzima é codificada pelo genoma nuclear e traduzida pelos ribossomos citoplas-
máticos. A subunidade maior é codificada pelo DNA do cloroplasto e traduzida pelos
ribossomos da organela.
127
Biologia O transporte de proteínas para o cloroplasto é realizado pós-traducionalmente e,
celular
para isso, são utilizados complexos de translocação situados nas membranas exter-
na e interna. Para que uma proteína possa ser transportada, há um requerimento de
energia proveniente da hidrólise de ATP e GTP. O reconhecimento de proteínas que
devem ser endereçadas ao cloroplasto é feito pela presença de uma sequência sinal.
Esta é formada por aminoácidos polares e apolares que conferem caráter anfipático.
Após a translocação da proteína para o interior da organela, estas sequências sinais são
removidas.
Proposta de Atividades
128
Cloroplasto
Anotações
129
Biologia
celular
Anotações
130
16 Núcleo interfásico
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá:
• identificar e caracterizar os principais componentes do núcleo interfásico;
• conhecer as estruturas do envoltório nuclear, complexos de poros e a dinâmica
do transporte entre núcleo e citoplasma;
• identificar a composição e estrutura da cromatina e sua diferenciação em eucro-
matina e heterocromatina;
• conhecer a estrutura e função do nucléolo.
NÚCLEO INTERFÁSICO
O núcleo celular foi uma das primeiras organelas descritas dentre os componentes
celulares. Esta organela foi observada inicialmente por Franz Bauer (1802) e, poste-
riormente, em maior detalhe por Robert Brown (em torno de 1831). A principal carac-
terística que distingue as células procariontes e eucariontes é a presença do núcleo.
131
Biologia O envoltório nuclear é conhecido também como carioteca, invólucro, envelope
celular
nuclear e membrana nuclear. A membrana externa é interrompida por perfurações
denominadas poros. Abaixo da membrana interna, encontra-se a lamina nuclear.
No interior do núcleo interfásico, encontram-se a cromatina (cromossomos), o
nucléolo, a matriz nuclear e o nucleoplasma.
O núcleo é um compartimento organizado, pois os filamentos de cromatina (ou
cromossomos) possuem locais específicos e não aleatórios, denominados territórios
cromossômicos (não mostrados na figura acima).
Descreveremos, a seguir, cada componente do núcleo quanto à sua composição
química e estrutura.
ENVOLTÓRIO NUCLEAR
Conforme já definimos, o envoltório nuclear é composto de duas membranas con-
cêntricas. Estas apresentam natureza lipoproteica, sendo constituídas de 30% de li-
pídeos e 70% de proteínas, aproximadamente, e estão separadas por um espaço de
10-50nm, denominado espaço perinuclear. Dentre os lipídeos do envoltório nuclear,
90% são do tipo fosfolipídeo e 10% de colesterol e triglicerídeos.
A membrana externa é geralmente contínua à membrana do retículo endoplasmá-
tico, onde se vê também ribossomos associados. A membrana interna possui proteínas
específicas com sítios de ligação para a cromatina e com a lamina nuclear. Dentre elas
se destacam as proteínas intrínsecas como a emerina, LBR (receptor para filamentos
da lamina), LAP I,II (lamina-associated polypeptides). Como já dissemos, na superfí-
cie interna desta membrana, encontra-se a lamina nuclear, que corresponde a uma
malha proteica, com espessura variável, geralmente de 10nm.
A lamina nuclear é composta, principalmente, de um tipo de filamento interme-
diário denominado lamina (tipos A, B e C). A lamina nuclear se dispõe ao longo da
membrana interna, porém é interrompida somente na região dos poros. Uma das fun-
ções da lamina nuclear é oferecer resistência ao envoltório nuclear, contribuindo para
manutenção da forma nuclear.
POROS NUCLEARES
Os poros nucleares não são simplesmente aberturas no envoltório nuclear, mas es-
truturas complexas e altamente organizadas denominadas complexos de poros. Eles
estabelecem canais de comunicação bidirecional para o tráfego de macromoléculas
entre o citoplasma e o núcleo.
Cada complexo de poro é constituído de mais de 50 tipos de proteínas e cons-
titui uma parede cilíndrica integrada por oito colunas proteicas, ao redor das quais
132
as membranas, externa e interna, se fundem; proteínas de ancoragem interligam as Núcleo interfásico
133
Biologia une à subunidade α e força a translocação da proteína através do poro. Este transporte
celular
requer GTP, cuja hidrólise é feita por uma GTPase chamada Ran.
A proteína transportada é acomodada pela importina no centro do poro, o que
causa a ampliação do seu diâmetro de 9nm para 25nm. A abertura do diafragma do
poro ocorre pela ação da β-importina. Acredita-se que ao longo das fibrilas dos poros
existam proteínas, as nucleoporinas, que orientam o transporte da molécula. As duas
subunidades da importina entram juntas no núcleo, mas ao término da translocação
retornam dissociadas ao citoplasma.
As proteínas que deixam o núcleo também dependem de sinais específicos (NES –
nuclear export signal) para atravessar os poros. Assim, como as NSL, as NES interagem
com as nucleoporinas.
CROMATINA
Como as moléculas de DNA se organizam dentro das células eucarióticas?
Nas células eucarióticas, o DNA está dividido em um conjunto de diferentes cro-
mossomos. Se considerarmos o genoma humano como exemplo, cada célula so-
mática contém 46 cromossomos, ou seja, 46 moléculas de DNA distribuídas em 22
pares de cromossomos de autossomos e mais um par de cromossomos sexuais. O
genoma humano contém, em conjunto, cerca de 6 x 109 nucleotídeos e se o DNA de
um cromossomo humano fosse distendido, ele mediria aproximadamente 4cm. A
célula resolveu esta dificuldade espacial fazendo com que o DNA se enrole sobre si.
A associação do DNA com proteínas histonas e não histona constitui os filamen-
tos de cromatina. Em um núcleo interfásico, a cromatina se encontra mais dis-
tendida, pois é neste momento do ciclo celular que ocorre intensa síntese de RNA
e duplicação do DNA para as células que se dividirão. Diferentes graus de enro-
lamento da cromatina podem ocorrer no núcleo interfásico. Durante a mitose, a
cromatina atinge o seu nível máximo de enrolamento e, assim, podemos visualizar
os cromossomos.
O nível de compactação (ou enrolamento) da cromatina permite distinguir dois
tipos, eucromatina e heterocromatina. Esta última é um estágio de maior conden-
sação da cromatina, enquanto que a eucromatina se apresenta menos compactada.
A atividade transcricional do DNA (DNA que sintetiza RNA) está relacionada ao
nível de compactação da cromatina. Portanto, a eucromatina é considerada ativa do
ponto vista funcional do DNA e representa cerca de 10% do genoma. Por outro lado,
a heterocromatina é considerada inativa por causa do seu alto nível de condensação,
porém a sua transcrição foi descrita em algumas plantas. Em uma típica célula de
mamífero, cerca de 10% do genoma se encontra na forma de heterocromatina.
134
A heterocromatina pode ser detectada em regiões específicas dos cromossomos Núcleo interfásico
NUCLÉOLO
O nucléolo é uma estrutura esférica que se encontra no interior do núcleo, não en-
volvida por membrana e facilmente visível, ao microscópio de luz, em células animais
e vegetais. O seu tamanho varia de 1 a 7µm conforme o tipo e a função da célula. Por
exemplo, células com intensa síntese de proteínas apresentam nucléolos relativamen-
te grandes. Por outro lado, células como linfócitos e monócitos do sangue, possuem
nucléolos pequenos e anelados.
O número de nucléolos por célula é também variável. Podem ser observados dois
ou mais, porém, um único nucléolo é a situação mais comum.
135
Biologia Ao microscópio eletrônico, os nucléolos apresentam duas regiões:
celular
Região fibrilar: presente no centro do nucléolo e tem aspecto fibrilar. Correspon-
de ao local do DNAr que transcreve o RNA 45S1, as moléculas de RNA polimerase I,
DNA-topoisomerase I e os fatores de transcrição do RNAr.
Região granular: localiza-se na periferia do nucléolo e se apresenta como grânulos
de 15nm de diâmetro. Nesta região, encontram-se as subunidades ribossômicas em
diferentes estágios de processamentos.
As regiões fibrilares e granulares dos nucléolos estão representadas na figura ante-
rior. Os nucléolos se encontram associados a sítios cromossômicos, que carregam os
genes codificadores dos RNAr denominados de RON (ou NOR, do inglês) – Regiões
Organizadoras de Nucléolos.
MATRIZ NUCLEAR
Além dos componentes citados acima e que são morfologicamente distintos como
envoltório nuclear, lamina nuclear, cromatina e nucléolo, o núcleo apresenta uma
rede fibrilar proteica denominada matriz nuclear. A utilização de técnicas de extra-
ção, fracionamento e microscopia eletrônica demonstraram a existência dessa matriz.
Após a digestão dos filamentos de DNA com DNase, a estrutura que permanece possui
a mesma forma e tamanho do núcleo original. A matriz nuclear é equivalente ao ci-
toesqueleto existente no citoplasma e várias proteínas têm sido descritas para a matriz
como matrinas, laminas (mais estáveis do que as da lamina nuclear), metaloproteínas,
actina e um tipo especial de miosina I.
A matriz nuclear atua na ancoragem da maquinaria de transcrição e processamento
do RNA e replicação. Sabe-se, atualmente, que o núcleo é um compartimento orga-
nizado e que os cromossomos no núcleo interfásico apresentam domínios próprios
e microambientes. São regulados por proteínas da matriz nuclear que constituem os
territórios cromossômicos.
1 Este número se refere ao coeficiente de sedimentação do RNA, ou seja, à velocidade com a qual a
molécula sedimenta-se ao ser ultracentifugada.
136
Núcleo interfásico
Proposta de Atividades
Anotações
137
Biologia
celular
Anotações
138
17 Cromatina e
Cromossomo metafásico
Veronica Elisa Pimenta Vicentini
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá entender:
• a estrutura/componentes e os diferentes níveis de compactação da cromatina
até cromossomo metafásico;
• a estrutura, o número, o tamanho e a forma dos cromossomos metafásicos.
CROMATINA
A cromatina é formada por DNA associado com proteínas. Durante o processo de
divisão celular, quando o núcleo se divide, a cromatina se condensa em várias estrutu-
ras distintas chamadas de cromossomos. Cada vez que a célula se divide, a informação
hereditária carregada nos cromossomos é transferida às novas células formadas.
Inicialmente, estudaremos os componentes e a estrutura da cromatina, e, na se-
quência, o processo de compactação até cromossomo metafásico.
139
Biologia O DNA, em dupla hélice (146pb = pares de bases), dá duas voltas ao redor de cada
celular
core histônico, formando uma estrutura denominada nucleossomo.
Dois nucleossomos subsequentes se aproximam e são ligados por histonas não nu-
cleossômicas, histona H1, que fica no DNA Linker (60pb), região internucleossômica,
formando a fibra de 10nm. A unidade se repete a cada 200pb.
Cromossomo METAFÁSICO
Estrutura
Cromossomo: representa porções da cromatina condensada, com morfologia e
número bem definido para cada espécie, e contém a informação genética.
Cromátide: duas estruturas simétricas (cromátides-irmãs), cada uma contendo
uma molécula de DNA idêntica e que vão compor o cromossomo.
Centrômero: região mais estrangulada do cromossomo que o divide em duas
140
partes, sendo o ponto de ligação entre as duas cromátides-irmãs (constrição primária). Cromatina e
Cromossomo
Cinetócoro: disco proteico que se liga ao centrômero e local onde os microtúbu- metafásico
141
Biologia
celular
Tipos de cromossomos
Metacêntrico: possui braços aproximadamente do mesmo tamanho.
Submetacêntrico: possui um dos braços menor que o outro.
Acrocêntrico: possui um dos braços muito pequeno em relação ao outro.
Telocêntrico: possui apenas um braço, pois o centrômero se localiza na extremi-
dade do cromossomo.
142
Cromossomos metafásicos. Fotos em microscópio de luz (1.000X). A – humano (2n Cromatina e
cromossomavo
= 46) (M, SM, A); B – rato Wistar (2n = 42) (M, SM, A); C – Allium cepa L. (M, SM) metafásico
(2n = 16).
143
Biologia
celular
Proposta de Atividades
Anotações
144
18 Cromossomos
politênicos e plumosos
Hélio Conte
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá entender:
• a estrutura e a função dos cromossomos politênicos e a sua importância para o
metabolismo celular;
• o processo de politenia e de formação dos puffs;
• a estrutura e a função dos cromossomos plumosos e a sua importância para o
metabolismo celular.
CROMOSSOMO POLITÊNICO
Em alguns organismos, encontram-se cromossomos gigantes, ou seja, de tamanho
bem maior em relação aos cromossomos mitóticos comuns. São os chamados cromos-
somos politênicos que podem ser encontrados nas células das glândulas salivares,
no intestino médio, nos tubos de Malpighi de certos dípteros (Drosófilas, Sciarideos,
Chironomus e outros). Estes cromossomos foram descobertos por Balbiani (1881)
quando estudava díptero do gênero Chironomus.
Por que eles são tão grandes e qual a origem do nome politênico?
Os cromossomos politênicos são formados pelo pareamento dos homólogos. Em
seguida, os cromonemas começam a se multiplicar várias vezes, sem ocorrer a separa-
ção em cromátides. O conjunto vai se tornando cada vez mais espesso, mais grosso. Ao
mesmo tempo, o espiralamento dos cromonemas vai se distendendo fazendo com que
o cromossomo, além de se tornar grosso, também fique mais comprido.
145
Biologia Os cromossomos politênicos representam a melhor evidência de que a atividade
celular
gênica em eucariontes é regulada em termos da síntese de RNA. Eles representam ma-
terial específico para estudar a regulação gênica, pois a transcrição de seus genes pode
ser observada diretamente no microscópio de luz.
Algumas células de larvas de moscas e mosquitos são bem grandes, e possuem alto
teor de DNA. Quando os cromossomos dessas células se tornam politênicos, o DNA
replica-se por endomitose e as duas cromátides-filhas resultantes não se separam, mas
permanecem alinhadas lado a lado. Um cromossomo gigante de glândula salivar de
Drosophila contém, aproximadamente, 1.000 filamentos de DNA e forma-se a partir
de 10 replicações de DNA (ou seja, 210 = 1.024).
146
permitindo, assim, sua fácil identificação e a construção de mapas cromossômicos Cromossomos
politênicos e plumosos
detalhados.
CROMOSSOMO PLUMOSO
Os cromossomos plumosos foram descobertos em 1881 por Fleming, que obser-
vou ovócitos do anfíbio Siredon. Eles se formam na prófase da meiose, mais propria-
mente no diplóteno e estão presentes nos ovócitos de todas as espécies animais. Eles
são mais bem visualizados em organismos como os répteis (salamandras), anfíbios
(sapos), peixes e aves, por possuírem uma grande quantidade de DNA e serem cro-
mossomos grandes. São chamados de plumosos, pois apresentam muitas alças laterais
147
Biologia de DNA, responsáveis pelo seu aspecto característico que lembra as escovas de tubos
celular
de vidro (lampbrush).
Visto que são encontrados na prófase meiótica, eles se apresentam como bivalen-
tes, nos quais os cromossomos, materno e paterno, estão ligados por quiasmas nos
locais onde ocorreu o crossing-over. Cada bivalente tem quatro cromátides, duas de
cada homólogo. O eixo desse cromossomo apresenta uma fileira de grânulos ou cro-
mômeros, regiões onde o DNA se encontra altamente espiralizado e não apresenta
transcrição. Cada cromômero possui duas alças laterais (uma para cada cromátide),
nas quais o DNA se apresenta estendido como resultado da intensa síntese de RNA.
Em cada alça, observa-se um eixo formado por uma única molécula de DNA, re-
coberta por uma matriz de RNA em formação, com proteínas a ele ligadas. A matriz é
assimétrica e mais espessa em uma das extremidades da alça. A síntese do RNA se inicia
na porção mais fina, progredindo em direção a mais espessa, o que pode ser visto em
preparados submetidos à microscopia eletrônica.
Os cromossomos plumosos constituem excelente material para a hibridização de
segmentos de DNA, clonado com o RNA, presente nas alças laterais. Isto só é possível
porque as inúmeras moléculas de RNA em formação, alinhadas ao longo da alça, am-
plificam consideravelmente o sinal.
O diplóteno da prófase meiótica em ovócito de salamandra dura aproximadamen-
te 200 dias. Este período é de grande atividade de síntese, durante o qual um único
núcleo produz todo o RNA necessário para a formação de uma célula-ovo de mais de
1mm de diâmetro.
148
Cromossomos
politênicos e plumosos
Existem evidências de que alguns dos RNAm sintetizados nesses cromossomos são
armazenados no citoplasma durante a ovogênese e, posteriormente, utilizados no de-
correr do desenvolvimento embrionário.
Proposta de Atividades
149
Biologia Procedimento
celular
• T ransfira uma larva para a lamina de vidro que contenha solução fisiológica. Disseque a
larva com a ajuda dos dois estiletes e retire a glândula salivar intacta. Elimine a gordura
que fica ao redor da glândula salivar. Transfira para uma lamina limpa contendo uma
gota de orceína lacto-acética e deixe agir por 5 minutos. Em seguida, deposite a lamí-
nula e efetue o esmagamento. Vede com esmalte incolor.
• Leve ao microscópio e observe com diferentes objetivas.
• Desenhe o observado e destaque bandas e interbandas, puffs e nucléolos, se houver.
Com auxílio de uma câmara digital, você pode fotografar o material.
Conheça mais detalhes da morfologia interna de uma larva de Drosophila.
2) Questões
Ao terminar a parte prática, procure conceituar:
a) Bandas
b) Interbandas
c) Puffs
d) Cromômeros.
5) Qual o corante que você utilizou quando preparou a lamina de cromossomo politênico
que continha a glândula salivar da Drosophila?
150
19 Núcleo interfásico:
replicação do dna
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá:
• entender o mecanismo de replicação do DNA;
• conhecer as principais enzimas que participam do processo de replicação do
DNA.
INTRODUÇÃO
No capítulo 5, tivemos a oportunidade de estudar alguns aspectos estruturais do
DNA. O modelo apresentado foi o proposto por Watson e Crick, no qual o DNA B é
constituído por duas cadeias polinucleotídicas, dispostas como uma hélice com giro
para a direita. Na dupla hélice, os filamentos são antiparalelos e complementares. Em
um dos filamentos, a cadeia se inicia por um nucleotídeo com um grupamento fosfato
livre, ou extremidade 5’ (lê-se “5 linha”), enquanto a outra extremidade possui um
nucleotídeo com um grupamento hidroxila livre, denominada extremidade 3’ (lê-se “3
linha”). Logo, a orientação da cadeia é 5’→3’. A cadeia complementar irá possuir uma
orientação inversa, ou seja, 3’→5’.
Neste capítulo, veremos que o modelo de duplicação proposto por Watson e Crick,
o modelo semiconservativo, mostra de que forma uma molécula de DNA origina duas
outras idênticas à primeira. Cada filamento da molécula original serve de molde para
uma nova molécula de DNA.
151
Biologia prosseguimento, a divisão celular somente ocorrerá após finalização da primeira. Os
celular
genomas duplicados são segregados para as células-filhas.
As unidades individuais de replicação são denominadas replicons e cada unidade
possui uma origem de replicação. Nas bactérias, os cromossomos possuem uma única
origem de replicação, enquanto nos eucariotos existem várias origens de replicação.
Os replicons podem então ser delimitados pela origem, onde a replicação é iniciada,
e pela terminação, onde é finalizada. As origens de replicação são regiões ricas em
nucleotídeos Adenina–Timina. Nas células eucarióticas, a replicação do DNA ocorre
na fase S do ciclo celular (Figura 1).
Figura 1 - Ciclo celular com destaque para a fase de síntese e replicação do DNA.
152
CONCEITOS IMPORTANTES Núcleo interfásico:
replicação do dna
1) Um olho de replicação corresponde a uma região replicada no interior de um
DNA não replicado.
2) A região do DNA desespiralizada (onde as fitas são separadas, desenoveladas)
resulta na formação de um olho de replicação.
3) Uma forquilha de replicação é o local onde ocorre uma replicação, inicia-se na
origem e move-se sequencialmente ao longo do DNA.
4) Dependendo do número de forquilhas na origem de replicação, esta pode ser
unidirecional (uma forquilha na origem) ou bidirecional (duas forquilhas de
replicação são formadas na origem e se movimentam em direções opostas).
Figura 2 - Síntese de duas moléculas novas de DNA a partir de uma molécula molde.
Observe que os filamentos recém-sintetizados são complementares aos filamentos moldes.
153
Biologia
celular
A síntese de DNA requer um molde, que consiste de DNA unifilamentar (ou seja,
um dos filamentos de uma dupla hélice após ser desespiralizada), trifosfatos de de-
soxirribonucleotídeos (dNTPs: dATP, dGTP, dCTP e dTTP), enzimas e proteínas. Na
síntese de DNA, cada nucleotídeo novo é adicionado à cadeia nascente em sua extre-
midade 3’.
As enzimas responsáveis pela polimerização do DNA, as DNA polimerases, somente
adicionam nucleotídeos à extremidade 3’ de um filamento crescente e não à ponta 5’.
Os novos filamentos de DNA crescem e alongam-se em um mesmo sentido, da extre-
midade 5’ para a 3’. A ligação entre nucleotídeos, como já foi dito no capítulo sobre
a estrutura de DNA, é do tipo fosfodiéster e é resultante de uma reação entre dNTPs
ricos em energia, com a liberação de pirofosfato inorgânico (P2O6-3) e água.
A replicação do DNA ocorre simultaneamente, mas em sentidos opostos nos dois
filamentos moldes de DNA (Figura 4). Como os dois filamentos possuem orientação
154
inversa, à medida que o DNA se deselicoidiza, o filamento molde que apresenta dire- Núcleo interfásico:
replicação do dna
ção 3’→5’, resultará na síntese de um filamento novo, cujo sentido 5’→3’ é a favor
da direção de síntese da DNA polimerase, na direção da forquilha de replicação. Este
filamento constitui o filamento leading, ou de replicação contínua ou, ainda, fila-
mento líder, em que os nucleotídeos de DNA são adicionados continuamente até o
término da replicação.
No entanto, quando o DNA deselicoidizado expõe o filamento molde na direção
5’→3’, o filamento novo apresentará um sentido 3’→5’, contra a direção de síntese
da DNA polimerase, resultando em uma replicação descontínua com formação do
chamado filamento lagging (tardio). Nesse caso, a maquinaria de replicação reinicia
a síntese de DNA a cada deselicoidização do DNA, produzindo fragmentos curtos de
DNA, os fragmentos de Okazaki.
CONCEITO IMPORTANTE
Os fragmentos de Okazaki, curtos trechos de DNA formados durante a replica-
ção descontínua, foram originalmente descobertos por Reiji Okazaki. Nas bactérias,
esses fragmentos variam de 1.000 a 2.000 nucleotídeos de tamanho, enquanto nas
células dos eucariotos de 100 a 200 nucleotídeos.
O REPLICON BACTERIANO
Nesta etapa, enfocaremos a replicação do DNA bacteriano, cujo processo está bem
esclarecido. A replicação pode ser dividida em quatro estágios: iniciação, deselicoidi-
zação, alongamento e término.
155
Biologia 1) Iniciação. A bactéria Escherichia coli possui um cromossomo circular. O DNA
celular
genômico desse procarioto possui somente uma origem de replicação, a região oriC
com 245 pb. Existem proteínas iniciadoras que se ligam à região oriC e fazem com que
uma pequena região do DNA se desenrole.
2) Deselicoidização. Para que ocorra a duplicação, é necessário que as fitas sepa-
rem-se formando moldes unifilamentares. Nesse processo atuam as enzimas helicases
de DNA. A separação das fitas, contudo, cria um estresse topológico na estrutura heli-
coidal do DNA, que é aliviado pelas topoisomerases (DNA girases). As fitas separadas
são estabilizadas pelas proteínas de ligação ao DNA (SSB), que impedem que elas
se religuem.
As DNA polimerases necessitam de um nucleotídeo com um grupo 3’-OH livre para
realizarem a ligação com outro nucleotídeo (ligação fosfodiéster). Os primers (inicia-
dores) fornecem esse grupo 3’-OH. Portanto, eles devem estar presentes antes que a
DNA polimerase possa sintetizar DNA. Esses iniciadores são fragmentos curtos de RNA
(10 a 12 nucleotídeos) sintetizados pela primase.
No filamento líder de replicação contínua será necessária a síntese de somente um
primer na ponta 5’ do filamento recém-sintetizado, enquanto no filamento descontí-
nuo serão gerados novos primers no início de cada fragmento de Okasaki.
156
4) Terminação. Ocorre quando as duas forquilhas de replicação se encontram em Núcleo interfásico:
replicação do dna
uma determinada região.
157
Biologia
celular
Proposta de Atividades
Anotações
158
20 Núcleo interfásico:
transcrição do dna
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá entender:
• O mecanismo de transcrição do DNA.
INTRODUÇÃO
No capítulo anterior, estudamos o processo de replicação do DNA, isto é, como
uma molécula de DNA dá origem a duas outras, onde cada filamento da molécula
original serve de molde para a síntese de um filamento novo. Aprendemos que em
função dos dois filamentos de uma molécula de DNA possuírem direções inversas, em
um filamento nascente teremos uma replicação contínua e no outro, uma replicação
descontínua. Neste capítulo, veremos de que forma uma molécula de DNA pode ser
transcrita em uma molécula de RNA. E, ainda, que somente um filamento de DNA, em
uma dada região, serve de molde para a síntese de um RNA.
159
Biologia a sequência é sempre escrita no sentido 5’→3’. Em alguns sistemas o filamento molde
celular
é identificado como filamento menos (-) e o codificador como filamento mais (+).
Sentido da transcrição
A enzima responsável pela síntese de RNA é a RNA polimerase. Nos procariotos, esta
enzima é composta por cinco subunidades: ααββ´σ. No cerne da enzima, existem
duas cópias de subunidade α, uma cópia de β e uma única de β´. A enzima catalisa o
alongamento da molécula de RNA pela adição de nucleotídeos de RNA. A subunidade
σ, ou fator sigma, controla a ligação da RNA polimerase ao promotor.
A subunidade σ da RNA polimerase possui papel fundamental no reconhecimento
do gene a ser transcrito. Sem ela, a transcrição ocorreria aleatoriamente em qualquer
ponto do DNA.
Após ligação da holoenzima (ααββ´σ) de forma estável à região do promotor do
gene, dá-se início à transcrição. Após a adição de alguns nucleotídeos de RNA, o fator
sigma separa-se do cerne da enzima. O fator sigma participa somente desta fase inicial
da transcrição.
A UNIDADE DE TRANSCRIÇÃO
160
A unidade de transcrição (Figura 3), ou seja, a região do DNA que será transcrita, Núcleo interfásico:
transcrição do dna
corresponde a um gene. Na região anterior ao gene (região upstream, região antece-
dente ou região montante do gene) temos a região do promotor ou simplesmente,
promotor. Essa é a região onde a RNA polimerase se liga para o início da transcrição.
No final da unidade transcrição, temos o finalizador, local de término da síntese de
RNA (transcrição).
TRANSCRIÇÃO
Didaticamente, a transcrição pode ser dividida em três fases: iniciação, alongamen-
to e término da transcrição.
Iniciação (Figura 4). Nesta fase ocorre:
1) Ligação da holoenzima ao DNA na região do promotor (complexo fechado).
2) Desespiralização do DNA (bolha), produzindo um molde unifilamentar (com-
plexo aberto);
3) O complexo de iniciação é formado com a síntese de poucos ribonucleotídeos,
sem a necessidade de um primer na ponta 5´ da molécula de RNA.
Figura 4 - Etapas principais da fase de iniciação. As regiões -35 e -10 são regiões do promotor,
importantes para a fase de ligação da RNA polimerase à região promotora. A numeração (-35 e -10)
possui o sinal negativo, pois representa a posição das bases na região antecedente do gene, isto é,
posição dos nucleotídeos antes do primeiro nucleotídeo (+1).
Alongamento (Figura 5)
Após a iniciação da transcrição, a RNA polimerase se move downstream ao longo
do molde, ou seja, na região após o ponto de início da síntese. Deselicoidiza progres-
sivamente o DNA na margem da bolha de transcrição, adiciona ribonucleotídeos à
molécula de RNA, complementares àqueles presentes na sequência molde e reenrola
o DNA na margem antecedente (upstream) da bolha de transcrição.
O processo de alongamento só termina quando a RNA polimerase encontra um
sinal de terminação, que é também, uma sequência específica de nucleotídeos na mo-
lécula de DNA.
161
Biologia Término da transcrição (Figura 5)
celular
Após a síntese dos finalizadores, a transcrição termina. Esses finalizadores ocorrem,
em geral, antes do ponto de término da transcrição. Nesse caso, a RNA polimerase
interrompe a síntese de RNA, e a molécula de RNA é liberada da RNA polimerase com a
separação total do RNA da molécula de DNA. A RNA polimerase separa-se do filamento
molde de DNA. Os sinais de terminação são variados e o processo de terminação de-
pende da formação de estruturas secundárias, em forma de grampo, na molécula de
RNA nascente e/ou da participação de proteínas auxiliares. Há dois tipos de finalizado-
res em Escherichia coli: rô-dependente e rô-independente.
162
Como ocorre a transcrição em células eucarióticas? Núcleo interfásico:
transcrição do dna
No caso dos eucariotos, para o início da transcrição, há a necessidade da montagem
de muitas proteínas em um promotor antes que a RNA polimerase inicie a síntese do
RNA. Essas proteínas são chamadas de fatores gerais de transcrição (GTF). O alonga-
mento ocorre dentro da bolha de transcrição, como nos procariotos. Após o término
do RNA, que é denominado transcrito primário, ele sofre várias modificações, ou seja,
processamento pós-transcricional. Essas alterações do RNA de eucariotos serão discu-
tidas no conteúdo de Genética Geral e Humana.
Proposta de Atividades
Anotações
163
Biologia
celular
Anotações
164
21 Síntese proteica:
tradução do rna
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá entender:
• O mecanismo de tradução do mRNA.
INTRODUÇÃO
No capítulo anterior, estudamos o processo de transcrição do DNA em uma mo-
lécula unifilamentar de mRNA (RNA mensageiro) e o papel da RNA polimerase na
síntese de RNA. Neste capítulo, veremos de que forma a informação genética contida
no mRNA é traduzida em um polipeptídeo.
165
Biologia
celular
O local da tradução do mRNA são os ribossomos (Figura 2, Tabela 1). Estes são
constituídos por duas subunidades: uma maior e outra menor. As subunidades são
formadas por RNA e proteínas.
166
possui um anticódon complementar ao códon presente no mRNA na subunidade me- Síntese proteica:
tradução do rna
nor do ribossomo. O sítio P é o local de entrada do tRNA iniciador e dos demais tRNAs,
após passarem pelo sítio A. O sítio E é o local do tRNA sem aminoácido (desacilado)
que será liberado do ribossomo. Na subunidade maior do ribossomo, encontra-se o
centro peptidil transferase, onde a formação peptídica é catalisada.
23S rRNA + 5S rRNA + 31 proteínas = 50S 28S rRNA + 5,8S rRNA + 5S rRNA + 49
proteínas = 60S
ETAPAS DA TRADUÇÃO
1. Iniciação
Em Escherichia coli, o sítio de iniciação da síntese proteica, na molécula de mRNA,
é identificado pela interação do terminal 3´ do rRNA 16S, da subunidade pequena,
com o terminal 5´ da molécula de mRNA a ser traduzida. Uma sequência de nucleotí-
deos na extremidade 5´ do mRNA, que precede o códon de início da tradução (AUG),
denominada de sequência Shine-Dalgarno (a dupla de pesquisadores que a identifi-
cou), é parcialmente complementar a uma sequência presente na extremidade 3´ do
rRNA 16S (Figura 3A). Nas células eucarióticas, a ligação da subunidade menor se dá
com proteínas do cap da extremidade 5´ do mRNA. O tRNA iniciador, em uma célula
procariótica, carrega uma metionina modificada, formilada (fMet–tRNA). Nas células
eucarióticas, a primeira metionina não é formilada (Figura 3).
A ligação da subunidade menor do ribossomo ao mRNA, a ligação do tRNA inicia-
dor (Figura 3B), mais diferentes proteínas, forma o complexo de iniciação 30S (em
bactérias) ou 40S (em eucariotos). A etapa seguinte da iniciação é a ligação da subu-
nidade maior do ribossomo ao complexo de iniciação 30S, formando o complexo de
iniciação 70S (em bactérias) ou 80S (em eucariotos) (Figura 4).
Em Escherichia coli, ocorre a participação dos chamados fatores de iniciação. O
fator de iniciação 3 (IF-3) se liga à subunidade menor do ribossomo, impedindo a liga-
ção da subunidade maior do ribossomo. O fator de iniciação 2 (IF-2) forma um com-
plexo com GTP e o tRNA carregado com uma N-formilmetionina, ligando este tRNA à
subunidade menor do ribossomo, posicionando no sítio P. O fator de iniciação 1 (IF-1)
167
Biologia aumenta a dissociação das subunidades, maior e menor, do ribossomo. Quando esses
celular
fatores de iniciação são liberados, a subunidade maior do ribossomo se liga para criar
o complexo de iniciação 70S.
168
Ligação dos aminoácidos aos RNAs transportadores (tRNA): Aminoacilação Síntese proteica:
tradução do rna
A aminoacilação é uma reação muito importante, pois estabelece fiel correspondên-
cia entre um aminoácido e seu tRNA (anticódon), garantindo a entrada correta desse
aminoácido na cadeia polipeptídica em relação ao códon da cadeia de mRNA. Essa rea-
ção possui dois estágios e é catalisada pela aminoacil tRNA sintase. Uma célula possui
uma aminoacil tRNA sintase para cada aminoácido. Por isso, são 20 enzimas diferentes.
A enzima para determinado aminoácido reconhece todos os tRNAs que reconhecem os
códons para esse aminoácido. A enzima ativa o grupo carboxil do aminoácido para a
ligação covalente com o tRNA (ligação à adenina da trinca CCA da extremidade 3´do
tRNA). No primeiro estágio, o aminoácido reage com o ATP produzindo aminoacil–AMP
e PPi (pirofosfato). A enzima sintase permanece associada ao aminoacil–AMP até o apa-
recimento do tRNA correspondente. No segundo estágio, a sintase catalisa a transferên-
cia do aminoácido ativado para o tRNA com a liberação de AMP.
2. Alongamento
A fase de alongamento da tradução (Figura 5) consiste na adição dos aminoácidos
na cadeia polipeptídica, ou seja, ocorre o crescimento gradual da cadeia polipeptídica.
No início do alongamento, o sítio P (peptidil) está preenchido com o tRNA iniciador.
A seguir, ocorre a entrada de um aminoacil-tRNA no sítio A (aminoacil), pareando com
o códon exposto no sítio A (primeira etapa do alongamento). Na sequência, ocorre a
ligação peptídica do aminoácido presente no sítio P, com o aminoácido presente no
sítio A (segunda etapa do alongamento). Como resultado dessa ligação peptídica, o
aminoácido do sítio P é liberado e permanece ligado ao aminoácido do sítio A. Essa
reação é catalisada pela enzima peptidil transferase. A terceira etapa do alongamento,
de um ciclo que se repete, é constituída pela translocação do ribossomo, ou seja, o
deslocamento do ribossomo ao longo do mRNA no sentido 5’→3’. Esta etapa posicio-
na o ribossomo no códon seguinte. O tRNA que estava posicionado no sítio P, passa a
ocupar o sítio E, enquanto que o tRNA que ocupava o sítio A, passa a ocupar o sítio P,
deixando o sítio A livre para a entrada do próximo tRNA carregado com aminoácido
(aminoacil–tRNA). O tRNA que entra no sítio, move-se para o citoplasma onde pode
ser recarregado com outro aminoácido.
A fase de alongamento da tradução também tem a participação de diferentes proteí-
nas, os chamados fatores de alongamento. Em Escherichia coli, são três: Tu (EF-Tu),
Ts (EF-Ts) e G (EF-G). Em resumo, temos:
1º. O EF-Tu se liga ao GTP e então se liga a um tRNA carregado com aminoácido.
O EF-Tu-GTP insere o aminoacil tRNA no sítio A do ribossomo e é liberado como EF-
Tu-GDP.
169
Biologia 2º. O EF-Ts é requerido para mediar a regeneração do EF-Tu-GDP por EF-Tu-GTP.
celular
3º. O EF-G está envolvido no processo de translocação. Na etapa da translocação,
temos a hidrólise de GTP em GDP.
3. Terminação
A última etapa da síntese proteica (Figura 6) ocorre quando o ribossomo se desloca
ao longo do mRNA, alcançando um códon de término da síntese proteica (UAA, UAG
ou UGA). Neste caso, não há a entrada de um tRNA carregado, mas sim uma proteína
(fator de liberação) que promove a liberação da proteína do ribossomo e a conse-
quente dissociação do ribossomo. Também requer sinais moleculares específicos que
determinam o fim do complexo mRNA-ribossomo tRNA-peptidil.
170
Duas classes de proteínas (Fatores de liberação) atuam neste processo: RF1 e RF2, Síntese proteica:
tradução do rna
que apresentam similaridade em tamanho e forma a um tRNA e atuam via ligação ao
sítio A do ribossomo reconhecendo diretamente um códon de terminação.
RF1 reconhece os códons UAA e UAG.
RF2 reconhece os códons UGA e UAA.
RF3 é uma proteína de ligação ao GTP que, em associação à RF1 e RF2, promove a
clivagem do peptidil-tRNA, liberando a proteína.
171
Biologia
celular
Proposta de Atividades
Anotações
172
22 Ciclo celular:
Mitose
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá entender:
• as etapas pré-divisão e divisão, bem como a estrutura dos constituintes celula-
res durante a mitose;
• as diferenças entre a citocinese de uma célula animal e de uma vegetal durante
o processo de mitose.
MITOSE
Neste capítulo, estudaremos as características funcionais e estruturais do processo
de divisão celular: a mitose.
CICLO CELULAR
Constitui o processo básico da gênese de novas células, pelo qual as células se
dividem, produzindo cada uma, duas células idênticas.
Este processo tem a finalidade de repor as células mortas no organismo ou aumen-
tar o seu número no crescimento.
173
Biologia A interfase e a divisão celular correspondem a duas grandes etapas do ciclo, e po-
celular
dem ser definidas de acordo com seus principais eventos: a duplicação do conteúdo
celular e o número de células.
INTERFASE
Esta etapa se divide em três fases:
Período G1: duração mais variável. Período em que permanecem as células que
cessam, temporariamente ou definitivamente, de proliferar. Há intensa síntese de RNA
e de proteínas, e refaz-se o citoplasma das células-filhas recém-formadas. É o intervalo
pós-divisão e pré-sintético.
Período G0: tempo considerado quando a célula se diferenciou, não mais se divi-
dirá, porém continuará executando normalmente seu metabolismo.
MITOSE
Divisão equacional do material nuclear e citocinese. Não há duplicação do DNA.
Ocorre baixa atividade bioquímica e depressão da síntese de macromoléculas.
PRÓFASE
174
Condensação da cromatina interfásica até estruturas filamentosas, enoveladas. Os Ciclo celular:
Mitose
cromossomos aparecem divididos longitudinalmente (cromátides-irmãs). Formam-se
os ásteres ao redor do par de centríolos, já duplicados durante a fase S da interfase. De-
pois, ocorre a migração de um par de centríolos para cada polo da célula e a formação
de um feixe de microtúbulos que os une e forma o fuso mitótico. Há desorganização
total do nucléolo e fragmentação do envoltório nuclear.
METÁFASE
ANÁFASE
Cromossomos-filhos
175
Biologia TELÓFASE
celular
Os dois grupos de cromossomos-filhos sofrem regressão para um estado interfásico
mais estendido. Há união das massas cromatínicas, circundadas por cisternas do retí-
culo endoplasmático rugoso, que se fundem para formar a nova membrana nuclear.
Volta a formar-se o nucléolo, pela interação das regiões organizadoras do nucléolo de
certos cromossomos. O sistema microtubular mitótico se desmonta. Reinicia a síntese
de RNA e de proteína. Ocorre a citocinese ou divisão citoplasmática.
CÉLULA ANIMAL
Forma-se uma constrição ao nível da região equatorial entre as células-filhas. Esta
constrição progride até o estrangulamento do citoplasma com distribuição aproxima-
damente igual de todos os seus componentes.
CÉLULA VEGETAL
Há formação de um tabique ao longo do equador entre as células, resultante da
fusão de vesículas provenientes do complexo de Golgi, constituindo o fragmoplasto,
responsável pela formação da placa celular.
A membrana das vesículas formará a nova membrana plasmática dessa região. O
conteúdo do complexo de Golgi formará a nova membrana esquelética, ou parede
176
celular, com acúmulo de material celulósico. Permanecem finas trabéculas/pontes de Ciclo celular:
mitose
citoplasma entre as células-filhas, constituindo os plasmodesmos.
Proposta de Atividades
1) Monte uma tabela e cite as principais características que identificam cada fase pré-divisão e
divisão mitótica.
2) Descreva as diferenças entre a citocinese de uma célula animal e de uma vegetal durante o
processo de mitose.
Anotações
177
Biologia
celular
Anotações
178
23 Meiose
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá:
• caracterizar cada fase da meiose;
• compreender as transformações das células durante as fases da meiose;
• conhecer o comportamento dos cromossomos durante a meiose e suas impli-
cações genéticas;
• compreender a origem das doenças cromossômicas com base no conhecimento
da meiose.
MEIOSE
Em organismos que se reproduzem sexuadamente, as células germinativas que ori-
ginam os ovócitos e espermatozoides surgem a partir de um tipo especial de divisão
celular denominada meiose. Este processo ocorre em duas etapas: meiose I e meiose
II, resultando em células denominadas germinativas (ou gametas) e que são haplóides
(n) por causa da redução à metade do número de cromossomos da célula-mãe.
Lembramos que na divisão celular comum, ou seja, por meio do processo de mi-
tose, uma célula-mãe realiza a duplicação do seu DNA durante a interfase. Após a
mitose, são formadas duas células-filhas com o mesmo número de cromossomos da
célula inicial e são, portanto, denominadas diplóides (2n). Para produzir as células
germinativas, entretanto, a célula-mãe realiza a duplicação do DNA, uma única vez,
durante a interfase, porém ela sofre duas divisões e as células resultantes, os ovócitos e
espermatozoides, contêm apenas uma cópia de cada cromossomo. O número cromos-
sômico diploide da espécie é restaurado com a fecundação dos gametas masculinos e
femininos, os quais se fundem para formar a célula-ovo (zigoto).
Assim como na mitose, a meiose é um processo contínuo (embora o tempo de
duração entre as fases seja variável nos diferentes organismos) e, ao conjunto de trans-
formações ocorridas na célula durante esta divisão, convencionou-se designá-las da
seguinte forma: prófase I, metáfase I, anáfase I e telófase I para meiose I, e prófase II,
metáfase II, anáfase II e telófase II para a meiose II.
179
Biologia As fases da meiose
celular
Prófase I
A prófase I é uma fase longa e complexa e, por causa das mudanças ocorridas com
os cromossomos, suas etapas recebem nomes específicos:
Leptóteno. Nesta etapa, os cromossomos já duplicados (com duas cromátides)
iniciam a condensação, mas aparecem como filamentos longos. Algumas granulações
podem ser visualizadas ao longo das cromátides, o que representa condensações da
cromatina nestes pontos, e são denominadas cromômeros. Ainda nesta fase, os cro-
mossomos se encontram associados ao envoltório nuclear por meio de suas extremi-
dades, os telômeros. Esta associação facilita a aproximação dos cromossomos homó-
logos por causa da fluidez da membrana.
Zigóteno. A condensação dos cromossomos continua e dá início à associação entre
os homólogos, o que é chamado de sinapse. Esta aproximação ocorre ponto a ponto
e os cromossomos homólogos se dispõem paralelamente, mas não se fundem. Existe
entre eles uma distância de aproximadamente 150 - 200nm. Por meio da microscopia
eletrônica (ME), foi demonstrado que as sinapses ocorrem por causa da formação de
uma estrutura de natureza basicamente proteica denominada complexo sinaptonê-
mico (CS). Este complexo apresenta três elementos elétron-densos: dois laterais inti-
mamente ligados aos cromossomos homólogos e um central, constituído por fibrilas
transversais com cerca de 2nm de espessura. Uma vez encerrado o processo de for-
mação do complexo sinaptonêmico, todos os cromossomos homólogos permanecem
totalmente unidos.
Paquíteno. Os cromossomos permanecem totalmente unidos em decorrência da
presença do complexo sinaptonêmico e, assim, são denominados bivalentes ou té-
trades. Esta denominação é dada porque os cromossomos homólogos unidos apre-
sentam quatro cromátides. Os cromossomos já se encontram mais condensados e um
dos eventos mais importantes da meiose ocorre nesta fase que é o crossing-over, isto
é, ocorre uma permuta entre segmentos equivalentes de cromátides homólogas, o
que resulta em nova combinação de genes dos cromossomos parentais. Este processo,
em âmbito molecular, conta com um complexo enzimático, que pode ser visto ao ME
como grânulos de cerca de 90nm, e é denominado nódulo de recombinação. Estes
nódulos estão, provavelmente, relacionados com a recombinação genética e sua fun-
ção seria fornecer a maquinaria estrutural enzimática para a realização do processo de
permuta.
Diplóteno. Caracteriza-se pelo início da separação dos cromossomos homólogos
e desintegração do complexo sinaptonêmico. Como resultado da separação dos cro-
mossomos, observa-se em alguns locais os quiasmas, os quais representam pontos de
180
ligação entre os cromossomos que sofreram permutas durante o paquíteno. Apesar Meiose
dessa relação não ser absoluta, costuma-se considerar que os quiasmas correspondem
à evidência citológica de crossing-over.
Diacinese. Esta é a última etapa da prófase I e se caracteriza pela continuidade da
repulsão entre os cromossomos homólogos. É denominada a etapa de terminaliza-
ção dos quiasmas, fenômeno que representa o deslocamento dos quiasmas para as
extremidades dos cromossomos à medida que os homólogos se separam. Com o final
da diacinese, termina a prófase I.
Metáfase I
Nesta fase, os cromossomos atingem o grau máximo de condensação, mas ainda
permanecem unidos em suas extremidades pelos quiasmas. O envoltório nuclear e o
nucléolo já desapareceram e os cromossomos migram para a região central da célula,
presos pelas fibras do fuso mitótico que partem dos polos, onde se localizam os cen-
trossomos. Cada par de cromossomos homólogos, contendo cada um duas cromáti-
des-irmãs, possui apenas um cinetócoro por causa da fusão dos cinetócoros-irmãos.
Lembremos que na mitose, durante a metáfase, os cromossomos se dispõem indivi-
dualmente na região equatorial e apresentam dois cinetócoros voltados para lados
opostos.
Anáfase I
Inicia-se a separação dos cromossomos homólogos que migram para polos opostos
o que acarreta redução de metade dos cromossomos. Devemos ressaltar, todavia, que
cada cromossomo contém as duas cromátides-irmãs.
Telófase I
Esta etapa se caracteriza pela chegada dos cromossomos homólogos aos polos.
Com isso, ocorre descondensação dos cromossomos, reaparecimento do envoltório
nuclear e, finalmente, a citocinese. Ao final da telófase, formam-se duas células com
um valor n de cromossomos que são, portanto, haplóides. Lembremos, ainda, que
cada cromossomo possui duas cromátides.
Ao final da primeira divisão meiótica, ocorre um período curto denominado inter-
cinese. Nessa fase, não existe nova síntese de DNA, e as duas células formadas apre-
sentam um conteúdo de 2C de DNA e um valor n de cromossomos. Portanto, dizemos
que a primeira divisão meiótica é reducional.
A seguir, inicia-se a segunda divisão meiótica, que é muito semelhante a uma
mitose normal. Nesta fase, ocorre uma distribuição igual de cromossomos para as
181
Biologia células-filhas e, diferentemente da anáfase I, ocorre divisão dos centrômeros, separan-
celular
do as cromátides-irmãs de cada cromossomo. Os principais eventos para cada etapa da
segunda divisão são:
Prófase II
Este é uma breve etapa em que os cromossomos reiniciam a condensação, as fibras
do fuso (microtúbulos) reaparecem e o envoltório nuclear é desestruturado.
Metáfase II
Os cromossomos se dispõem na placa equatorial onde permanecem ligados às fi-
bras do fuso por meio dos seus cinetócoros- irmãos que ficam voltados cada um para
um polo.
Anáfase II
O evento característico desta etapa é a separação das cromátides-irmãs e a migração
destas para polos opostos. Este movimento se deve à tração das fibras do fuso sobre
os cinetócoros.
Telófase II
Ao atingirem os polos, os cromossomos se descondensam. Reorganiza-se um novo
envoltório nuclear em torno de cada conjunto de cromossomos (constituídos de uma
cromátide cada) e, posteriormente, ocorre a partição do citoplasma e, portanto, a
citocinese.
A figura abaixoz representa as fases da meiose (1ª e 2ª divisão):
182
Meiose
183
Biologia diferentes, denominadas ovócito I e primeiro corpúsculo polar. No final da meiose II,
celular
ocorre o mesmo, pois forma-se o ovócito II e o segundo corpúsculo polar. Em ambos
os casos, os corpúsculos polares são pequenos e desaparecem. Ao final da meiose,
somente uma célula (óvulo) é viável.
No homem, a espermatogênese é muito mais lenta na prófase I do que a prófase
da mitose. As espermatogônias também se dividem por mitoses na infância e na pu-
berdade (ao redor de 12 anos de idade). Em 24 dias, estes espermatócitos realizam a
meiose I, e ocupam 13-14 dias somente com a prófase I. Ao final da meiose, formam-se
quatro células (espermátides) que por meio de um processo de diferenciação celular
originarão os espermatozoides.
A figura abaixo representa um esquema do processo de gametogênese na espécie
humana.
184
Outro fato relevante para a variabilidade genética é a segregação aleatória dos cro- Meiose
Proposta de Atividades
185
Biologia
celular
Anotações
186
24 Matriz extracelular
Hélio Conte
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá entender:
• As estruturas e função da matriz extracelular.
MATRIZ EXTRACELULAR
Já aprendemos que nos animais e vegetais as células são constituintes básicos e
que, após a associação destas células, encontramos algo mais especializado denomi-
nado tecido. Quando observamos um conjunto de células em microscópio, percebe-
mos que elas apresentam um espaço extracelular preenchido por um complexo de
componentes fibrosos, denominado matriz extracelular. Esta região tem importância
fundamental para as funções dos tecidos, e o estudo das interações entre a matriz
extracelular e as células é recente. Este estudo, porém, está evoluindo muito rapida-
mente por causa dos processos de isolamento das macromoléculas que constituem
a matriz, a sua localização por métodos imunohistoquímicos, e a caracterização dos
receptores celulares para os componentes da matriz, técnicas associadas à cultura de
células em laboratório.
Hoje em dia, existem no comércio, misturas de elementos da matriz que permitem
cultivar tipos celulares que não cresciam in vitro e também, a constatação de que
células cultivadas na presença de matriz mantêm com mais facilidade as características
fisiológicas e bioquímicas presentes in vivo nos órgãos de origem.
A matriz extracelular é constituída por um complexo de proteínas e polissacarí-
deos, em quantidades variáveis, os quais se organizam formando uma rede, em parte
responsável pela diversidade morfológica, funcional e patológica dos diversos tecidos.
Os múltiplos componentes da matriz são secretados principalmente por células do
tecido conjuntivo e dividem-se em dois tipos:
Colágeno: constituído por moléculas proteicas alongadas que se juntam forman-
do estruturas fibrilares ou fibrosas. O colágeno apresenta heterogeneidade, ou seja,
existem diferentes tipos de colágeno para diferentes tecidos e são denominados de
colágeno I, II, III, IV e V.
187
Biologia Elastina: constituída por moléculas que se juntam, mas não formam fibrilas ou
celular
fibras. Encontramos dois subtipos de elastina:
Glicoproteínas. Moléculas de proteínas associadas com cadeias pequenas e ramifi-
cadas de oligossacarídeos. Caracterizam-se por serem alongadas, e cuja função princi-
pal é realizar a adesão entre a matriz e as células. Neste grupo, temos as fibronectinas
e a laminina que contêm em suas moléculas sítios que as prendem a células e aos
componentes da matriz.
Glicosaminoglicanos e proteoglicanos. Formam um gel hidrófilo (hidratado), se-
mifluido, no qual se encontram imersos os outros componentes da matriz. Admite-se
que esse gel seja importante nos processos de desenvolvimento embrionário, rege-
neração dos tecidos, cicatrização e interação com o colágeno. Quando um grande
número de cadeias de glicosaminoglicanos se prende ao longo de um eixo proteico,
elas constituem as proteoglicanas.
188
A matriz extracelular é muito importante em patologia, pois sua viscosidade retarda Matriz extracelular
189
Biologia
celular
Proposta de Atividades
Anotações
190
25 Parede celular
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá entender:
• Os fatores determinantes da organização das estruturas moleculares que for-
mam a parede celular vegetal.
PAREDE CELULAR
A parede celular é uma das estruturas moleculares mais complexas e diversificadas
das células de organismos eucariotos. Nas células vegetais, ela deve ser uma estru-
tura firme e resistente para proteger a célula, isto é, conferir resistência mecânica à
compressão e promover a sustentação de grupos de células. Por outro lado, ela deve
ser flexível a ponto de garantir o crescimento e a extensão das células em diferentes
direções, ou em direções determinadas, o que confere a diversidade de morfologias
para as diferentes partes das plantas.
Esta funcionalidade contrastante (resistência e flexibilidade) da parede celular é
garantida por um grupo de moléculas especiais que a formam e que são especialmente
organizadas. As moléculas de hexoses e pentoses, organizadas como polissacarídeos,
associadas com glicoproteínas com atividade enzimática (hidrolases, peroxidases, fos-
fatases, celulases, pectinases e extensinas), com tipos especiais de lipídeos (cutina,
suberina e ceras) e substâncias aromáticas, são encontradas em diferentes proporções
conferindo as características particulares das células de cada tecido.
A parede celular contém, ainda, moléculas sinalizadoras responsáveis pela comu-
nicação entre núcleo e parede celular, e entre duas ou mais células; fragmentos de
parede celular podem estimular, por exemplo, a secreção de moléculas de defesa (en-
zimas e/ou lignina) pelas células expostas a um fragmento de parede de agentes pato-
gênicos (fungos e/ou bactérias). Durante a vida das células, a parede celular pode ser
considerada como uma estrutura altamente dinâmica, que aumenta a sua superfície
de área em cerca de 100 vezes em alguns tipos de células. A composição molecular e a
organização de polímeros moleculares que formam a parede celular são diferentes nas
espécies, nos tecidos ou em regiões em torno de uma mesma célula.
191
Biologia Os polissacarídeos, formados por polímeros de glicose (hexose = C6H12O6), são
celular
os constituintes moleculares mais abundantes na parede celular. Na sua formação as
moléculas de β-glicose se encontram firmemente ligadas pelo oxigênio compartilhado
pelos C1 e C4 (C1→C4) entre as moléculas de glicose adjacentes (Figura 1), formando
uma longa estrutura linear (não ramificada). A ligação das várias moléculas de glicose,
neste longo polímero linear, resulta na formação de moléculas de celulose resistentes
às enzimas que hidrolisam os demais polissacarídeos. Na parede celular, centenas de
longas moléculas de celulose são organizadas em paralelo, ligadas por pontes de hi-
drogênio que se estabelecem entre grupos –OH das moléculas de celulose adjacentes,
para formar as microfibrilas de celulose. Estas são estruturas rígidas que ficam imersas
em uma matriz que contém outros tipos de polissacarídeos complexos e ramificados,
denominados pectinas e hemiceluloses.
192
portanto, em uma mistura ramificada e heterogênea de hexoses e pentoses, que de- Parede celular
193
Biologia vesículas, que contêm glicoproteínas estruturais e enzimas, e polímeros de hexoses e
celular
pentoses diferentes da celulose (pectina, polímeros ramificados de β-glicose e xilose,
α-L-arabinose e/ou β-D-galactose, α-L-fucose, manose). Essas vesículas são direciona-
das por proteínas do citoesqueleto (microtúbulos) para a região de formação da placa
equatorial na célula (região equidistante dos centros organizadores dos microtúbu-
los). Nesta região, as vesículas se fundem de modo que suas membranas formam a
nova membrana celular e os seus conteúdos passam a se constituir na parede primária
das células recém-formadas. Dessa forma, os polissacarídeos diferentes da celulose e
as glicoproteínas que formam a matriz da parede celular são sintetizados no complexo
de Golgi. Somente a celulose e a calose são sintetizadas em nível da membrana cito-
plasmática das células.
Na formação da nova parede celular, em pontos onde não ocorre a fusão de vesí-
culas produzidas pelo complexo de Golgi, forma-se um canal estreito de continuidade
e contato entre o citoplasma das duas células adjacentes (Figura 3A). Estes canais são
frequentemente atravessados por túbulos de retículo endoplasmático, e foram deno-
minados plasmodesmos (Figura 3B). Os plasmodesmos constituem uma via importan-
te de transporte e comunicação direta entre as células vegetais delimitadas pela parede
celular, permitindo a difusão de íons e moléculas entre as células de um tecido, por
uma via independente dos transportes que ocorrem via parede celular e membrana
citoplasmática.
194
Parede celular
195
Biologia sentido perpendicular em relação à célula, nas regiões de expansão celular. As extre-
celular
midades distais das microfibrilas liberadas no meio extracelular se integram na parede
celular, enquanto a “roseta” de celulose sintase continua polimerizando unidades de
UDP-glicose para o crescimento das microfibrilas de celulose.
A orientação das microfibrilas de celulose na parede celular primária determina a
direção da expansão celular. Quando as microfibrilas estão orientadas aleatoriamente,
a célula se expande igualmente em todas as direções; quando as microfibrilas de celu-
lose estão orientadas em paralelo formando um ângulo reto em relação ao maior eixo
da célula (Figura 5), esta se expande longitudinalmente ao longo desse eixo.
196
Parede celular
198
dos polímeros e do afrouxamento da parede celular. Decifrar o seu funcionamento Parede celular
nas plantas tem sido uma fronteira científica importante para o avanço da área bio-
tecnológica. Neste aspecto, um dos fatores limitantes é que os polissacarídeos não
são produtos primários de genes e tem sido difícil esclarecer com precisão a função
de cada unidade dos polissacarídeos para determinar as propriedades mecânicas e
funcionais da parede celular. As estimativas são de que produtos de aproximadamente
1.000 genes estão envolvidos com a síntese, endereçamento, organização, e mudanças
dos constituintes da parede celular, em resposta a estímulos do meio ambiente ou a
condições de estresse ambiental. As enzimas como a pectina metil esterase (PME) e
algumas hidrolases com seus respectivos genes tem sido o alvo das investigações para
entender e prever as propriedades mecânicas e funcionais da parede celular.
Proposta de Atividades
Anotações
199
Biologia
celular
Anotações
200
26 Práticas de
Biologia Celular
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Você deverá ser capaz de:
• desenvolver práticas de laboratório de forma segura e adequada;
• conhecer e aplicar metodologias de preparo e coloração de material para a
identificação de compostos químicos e das estruturas celulares;
• conhecer e praticar a focalização de laminas no microscópio de luz/óptico;
• entender a estrutura microscópica das células;
• identificar as estruturas celulares em laminas e em eletromicrografias;
• relacionar as estruturas das células com as suas respectivas funções.
201
Biologia • Coloque a vidraria de molho nos locais adequados.
celular
• Guarde o equipamento.
• Deixe o local limpo e organizado.
1. DEFINIÇÃO
O microscópio óptico (MO), atualmente denominado de microscópio de luz (ML),
é um instrumento que permite observar objetos de pequenas dimensões ou invisíveis
a olho nu. Ele fornece uma imagem consideravelmente aumentada, geralmente inver-
tida da esquerda para a direita, por causa da associação de lentes.
202
e) Revólver: peça giratória do tubo que proporciona a fixação e troca de objetiva. Práticas de
Biologia
f ) Parafuso macrométrico: permite movimentos mais grosseiros da objetiva (4 e Celular
Partes ópticas
A parte óptica é composta por um conjunto de meios transparentes que conduzem
o feixe luminoso usado na microscopia. As lentes são reunidas em dois sistemas. O
próximo ao olho do observador se chama ocular e o situado próximo ao objeto que se
observa é denominado objetiva.
a) Ocular: as oculares são formadas por sistemas de lentes cujas posições estão
sempre próximas ao olho do observador. A finalidade é recolher a imagem au-
mentada, vertical e direta. Como a imagem que a objetiva fornece é invertida, a
imagem final do microscópio é também invertida. As oculares são formadas por
duas lentes: a superior se chama lente ocular e a inferior se chama de campo
ou colética.
b) Objetiva: as objetivas, situadas sempre próximas do objeto que é observado,
constituem sistemas centrados de lentes convergentes que formam imagem
aumentada, real e invertida do objeto. Essa imagem é acompanhada pela ocu-
lar e tornada definitiva. Chamam-se objetivas a seco, quando são empregadas
usando-se ar entre a objetiva e o objeto examinado, e de imersão (100X),
quando se coloca um óleo transparente, de índice de refração o mais próximo
possível da lente, entre esta e o objeto. O óleo usado é o de cedro ou suce-
dâneo sintético. A finalidade é tornar mais claro o campo do microscópio, o
que não acontece quando o óleo homogeneíza o meio óptico entre esses dois
elementos.
203
Biologia A abertura numérica depende do índice de refração do material colocado diante
celular
da objetiva.
AN = n. sen α
204
- Limite de resolução se refere a menor distância que deve existir entre os dois Práticas de
Biologia
pontos mencionados, de modo que ainda apareçam individualizados na ima- Celular
gem formada pelo sistema óptico utilizado. O limite de resolução (LR) depende
do comprimento de onda de luz utilizada (λ) e da abertura numérica da objeti-
va (AN).
LR = K . λ/NA
3. RELATÓRIO
1. Desenhe um microscópio de luz/óptico e escreva o nome das peças principais e
a função de cada uma delas.
2. O que pode ser feito (dê os passos) para observar uma lamina no aumento total
de 400X.
3. Coloque uma gota de água sobre uma lamina, utilizando um conta-gotas. Re-
corte uma letra pequena (assimétrica) de um jornal e coloque-a sobre a gota.
Cubra com uma lamínula e observe ao microscópio com objetiva de menor au-
mento. Observe, a olho nu, a posição da letra sobre a lamina. A seguir, observe
a posição dela na imagem formada pelo microscópio. Como você explica essa
diferença? Passando para as objetivas seguintes, o que você pode dizer quanto
ao tamanho da imagem e a textura do papel?
Importante: Observe sempre as laminas nas objetivas de 4X, 10X e 40X.
4. Desenhe a letra, a olho nu, e a imagem observada com cada uma das três obje-
tivas.
* Anote sempre o aumento total ao lado de cada desenho.
Atenção: NUNCA use a objetiva de 100X (imersão) com lamina temporária (não
permanente) e sem óleo de imersão.
205
Biologia
celular
1. MATERIAL
Mucosa bucal
1.1. MÉTODO
Raspe a mucosa bucal com uma espátula de madeira e espalhe o material sobre
uma lamina de modo a obter um esfregaço fino. Core o material com uma gota de azul
de metileno ou orceína acética por cinco minutos. Cubra com lamínula.
2. MATERIAL
Epiderme de catáfilo de Allium cepa (cebola)
2.1. MÉTODO:
Destaque um pedaço de epiderme do catáfilo de cebola (parte interna), coloque
sobre uma lamina contendo uma gota de cloreto de zinco iodado, distenda o corte e
deixe o material corar por cinco minutos. Cubra com lamínula.
3. MATERIAL
Folíolo de Anacharis canadensis (Elodea)
3.1. MÉTODO
Destaque um folíolo de Elodea e coloque sobre uma lamina contendo uma gota de
água. Cubra com lamínula.
4. RELATÓRIO
• Desenhe (40X) e identifique as estruturas celulares observadas.
• Compare e diferencie as estruturas morfológicas de uma célula vegetal com as
de uma célula animal, vista ao microscópio de luz/óptico.
• Explique o que é uma célula viva e uma fixada, vista ao microscópio de luz/
óptico.
206
Práticas de
Biologia
Celular
PRÁTICA Nº 3: ESTUDO DE ORGANISMOS PROCARIOTOS E EUCARIOTOS
1. MATERIAL
Iogurte
1.1. MÉTODO
Pingue sobre uma lamina uma gota de iogurte dissolvido em água e faça um esfre-
gaço fino. Core com azul de metileno por cinco minutos. Cubra com lamínula.
2. MATERIAL
Epiderme de Capsicum annuum (pimentão).
2.1. MÉTODO
Destaque um pedaço fino da epiderme superficial superior do pimentão e outro da
face inferior. Coloque-os, separadamente, sobre uma lamina e distenda o corte. Core o
material com cloreto de zinco iodado por cinco minutos. Cubra com lamínula.
3. MATERIAL
Epiderme de Setcreasea purpurea
3.1. MÉTODO
Destaque um pedaço da epiderme inferior da folha de S. purpurea. Coloque-o
sobre uma lamina e distenda o corte. Core o material com cloreto de zinco iodato por
cinco minutos. Cubra com lamínula.
4. MATERIAL
Bulbo de Allium cepa (cebola)
4.1. MÉTODO
Destaque um pedaço da epiderme externa da cebola (casca coriácea e seca). Co-
loque-o sobre uma lamina contendo uma gota de glicerina e distenda o corte. Cubra
com lamínula.
5. RELATÓRIO
Desenhe (40X) e identifique as estruturas celulares observadas.
207
Biologia
celular
1.1. MATERIAL
Tuberculus tuberosae (batata inglesa)
1.1.1. MÉTODO
Corte, com a gilete, um pedaço muito fino e pequeno do interior da polpa da
batata e coloque-o sobre uma lamina. Core o material com lugol por cinco minutos.
Cubra com lamínula.
1.2. MATERIAL
Euforbia splendens (coroa de Cristo)
1.2.1. MÉTODO
Pingue, sobre uma lamina, uma gota de látex da coroa de Cristo, dissolvido em
água e mais uma gota de lugol. Cubra com lamínula.
2. IDENTIFICAÇÃO DE LIPÍDEOS
Os lipídeos se classificam em simples e compostos. Entre os compostos podem ser
diferenciados os lipídeos figurados, que são visíveis em forma de gotas refringentes e
os mascarados, que são demonstrados por análises químicas.
2.1. MATERIAL
Citrus sp (laranja e limão)
2.1.1. MÉTODO
Faça um corte tangencial na casca da laranja ou do limão. A espessura do corte de-
verá ser bem fina, de tal maneira que possa passar a luz que nele irá incidir. Coloque o
208
material sobre um vidro de relógio e pingue algumas gotas de Sudan IV e deixe corar, Práticas de
Biologia
porém sem secar, por sete minutos. Retire o corte com um pincel e coloque-o sobre Celular
uma lamina, com a parte externa para cima. Cubra com lamínula.
3. RELATÓRIO:
• Desenhe (40X) e identifique as estruturas celulares observadas.
• Identifique os amiloplastos e a morfologia dos grãos de amido.
• Identifique as bolsas de óleo ou depósitos de lipídeos e verifique se a concen-
tração de lipídeos é a mesma em toda a extensão da casca.
1. REAÇÃO DE BIURETO
O sulfato de cobre (CuSO4) em meio alcalino, reage com compostos contendo
duas ou mais ligações peptídicas, resultando um complexo de coloração violeta. A
intensidade da cor é proporcional ao número de ligações peptídicas existentes.
1.1. MATERIAL
CuSO4 a 1%, hidróxido de sódio (NaOH) a 2,5N e grãos de arroz, feijão, soja,
amendoim, grão de bico e pó de gelatina.
1.1.2. MÉTODO
Com o auxílio de uma gilete, raspe o interior de cada grão e deposite separadamen-
te o material raspado e um pouco de gelatina no interior de uma placa de Petri. Pingue
sobre cada material uma gota de cada uma das duas soluções químicas acima citadas.
Em uma lamina, pingue uma gota de cada uma das duas soluções químicas, misture
e verifique se ocorre alteração da cor.
1.1.3. RESULTADO
Observe a ocorrência de alterações de cor em cada pó. Compare com o resultado
obtido na lamina e anote os resultados positivos para a reação de Biureto. Explique.
1.2. MATERIAL
CuSO4 a 1%, NaOH a 2,5N, soluções de clara de ovo e de gelatina diluídas em água,
leite e água.
209
Biologia 1.2.1. MÉTODO
celular
Pipete 0,5 ml de cada solução a ser testada em tubos de ensaio: 1º tubo – solução
de clara de ovo; 2º tubo – solução de gelatina; 3º tubo – leite e 4º tubo – água. Poste-
riormente, pingue em cada tubo cinco gotas de cada uma das duas soluções químicas
acima citadas. Misture.
1.2.2. RESULTADO
Observe a ocorrência de alterações de cor e temperatura. Explique.
2. REAÇÃO XANTOPROTEICA
Os anéis benzênicos dos aminoácidos triptofano, tirosina e fenilalanina, presentes
nas proteínas, reagem com o ácido nítrico (HNO3) formando nitro compostos, que
são fortemente coloridos de amarelo em meio alcalino.
Atenção: Evite respirar os odores desprendidos pelo HNO3 e manuseie com cui-
dado.
2.1. MATERIAL
HNO3 concentrado, NaOH a 20% e grãos de arroz, feijão, soja, amendoim, grão de
bico e pó de gelatina.
2.1.2. MÉTODO
Siga a metodologia do item anterior (1.1.2.).
2.1.3. RESULTADO
Observe a ocorrência de alterações de cor e anote os resultados positivos para a
reação xantoproteica. Explique.
2.2. MATERIAL
HNO3 concentrado, NAOH a 20% e soluções de clara de ovo e de gelatina diluídas
em água, leite e água.
2.2.1. MÉTODO
Siga a metodologia do item anterior (1.2.1.).
2.2.2. RESULTADO
Observe a ocorrência de alterações de cor e temperatura. Explique.
210
Práticas de
Biologia
Celular
PRÁTICA Nº 6: IDENTIFICAÇÃO DE NÚCLEO E NUCLÉOLO
1. MATERIAL
Fígado bovino
1.1. MÉTODO
Toque levemente com uma lamina a superfície de um pedaço de fígado fresco de
bovino e faça um imprint de suas células sobre a lamina. Deixe a lamina secar e core
o material com azul de metileno ou orceína acética por cinco minutos. Cubra com
lamínula.
2. MATERIAL
Sangue humano ou de rato
2.1. MÉTODO
Observe no microscópio uma lamina permanente de esfregaço de sangue humano,
obtida pela técnica de reação de Feulgen.
3. MATERIAL
Raiz de Allium cepa (cebola)
3.1. MÉTODO
Observe no microscópio uma lamina permanente de corte de raiz de cebola, obtida
pela técnica de impregnação com nitrato de prata.
4. RELATÓRIO
• Desenhe (40X) e identifique as estruturas celulares observadas.
• Verifique se há variação no número de núcleos entre as células de fígado bo-
vino.
• Há diferença entre o número de leucócitos polimorfonucleares e de hemácias
no esfregaço de sangue humano?
• Por que somente nos leucócitos é possível observar o núcleo?
• O nucléolo aparece em todas as células em interfase?
• O número de nucléolos que aparecem em uma célula pode variar?
211
Biologia
celular
1. MATERIAL
Raiz de Allium cepa (cebola) (2n = 16)
1.1. MÉTODO
Observe no microscópio uma lamina permanente com células meristemáticas de
raiz de cebola, as quais foram obtidas pela técnica de esmagamento e coradas pela
técnica de reação de Feulgen.
2. MATERIAL
Medula óssea de ratos Wistar (2n = 42)
2.1. MÉTODO
Observe no microscópio uma lamina permanente de células de medula óssea de
ratos Wistar, corada com Giemsa.
3. MATERIAL
Linfócitos de sangue humano (2n = 46)
3.1. MÉTODO
Observe no microscópio uma lamina permanente de linfócitos de sangue periféri-
co humano, obtida pela técnica de cultura temporária e corada com Giemsa.
4. RELATÓRIO
• Desenhe (40X - cebola e 100X - rato e humano) uma metáfase completa de
cada lamina e identifique os diferentes tipos de cromossomos.
Atenção: Use a objetiva de 100X, óleo de imersão.
• Tendo-se que determinar o número de cromossomos de uma espécie, que fase
da mitose seria escolhida? Por quê?
• O que é um cariótipo?
• Espécies diferentes com o mesmo número de cromossomos diferem em seus
cariótipos? Por quê?
212
Práticas de
Biologia
Celular
PRÁTICA Nº 8: IDENTIFICAÇÃO DE CROMOSSOMOS POLITÊNICOS
1. MATERIAL
Glândula salivar de Drosophila melanogaster (2n = 8)
1.1. MÉTODO
Observe no microscópio uma lamina permanente de glândula salivar de Drosophi-
la melanogaster, obtida pela técnica de esmagamento e corada com orceína acética.
2. RELATÓRIO
• Desenhe (40X) e identifique a morfologia dos cromossomos politênicos.
• Como são formados os cromossomos politênicos?
• Há diferença na quantidade de DNA entre as bandas e as interbandas? Por quê?
• Os puffs resultam de que processo?
• Que diferenças são esperadas quando se observa cromossomos politênicos de
larvas de diferentes idades?
1. MATERIAL
Raiz de Allium cepa (cebola) (2n = 16)
1.1. MÉTODO
Observe no microscópio uma lamina permanente de células meristemáticas de raiz
de cebola, obtida pela técnica de reação de Feulgen e corada com o reativo de Schiff.
2. RELATÓRIO:
Desenhe (40X) e identifique todas as fases da mitose.
Quais as fases que aparecem com maior frequência na lamina examinada? Por quê?
213
Biologia
celular
1. MATERIAL
Antera de Zea mays (milho) (2n = 20)
1.1. MÉTODO
Observe no microscópio uma lamina permanente de células de antera de milho,
obtida pela técnica de esmagamento e corada com carmim acético.
2. RELATÓRIO
Desenhe (40X) e identifique todas as fases da meiose.
Anotações
214
INTERPRETAÇÃO DE ELETROMICROGRAFIAS Práticas de
Biologia
Celular
1. LISOSSOMO
Córtex da suprarrenal de hamster (25.000X).
Observe o número de lisossomos dentro do citoplasma, com forma irregular e
conteúdo heterogêneo. Por que há grande quantidade de lisossomos próximos ao
complexo de Golgi?
2. MITOCÔNDRIA
A: melanóforo de peixe (30.000X)
B: fígado de camundongo (45.000X)
C: rim de camundongo (84.000X)
D: rim de camundongo (69.000X)
E: coração de macaco (50.000X)
F: adrenal de macaco (40.000X)
G: adrenal de rato (29.000X)
215
Biologia 5. COMPLEXO DE GOLGI
celular
A: testículo de sapo (45.000X)
B: plasmócito de cobra (57.000X)
C: intestino grosso de cobra (18.000X)
D: intestino grosso de cobra (58.000X)
E: plasmócito de macaco (40.000X)
F: testículo de sapo (45.000X)
Descreva a morfologia e o funcionamento desta organela em cada uma das figuras.
6. ORGANELAS
Fígado de rato (16.000X)
Discuta a organização das diferentes organelas no citoplasma desta célula e as suas
inter-relações.
7. PEROXISSOMO
Folha de tabaco
Descreva a morfologia desta organela e identifique a organela adjacente.
8. CLOROPLASTO
Folha de tabaco
Identifique as estruturas morfológicas desta organela
9. MEMBRANA PLASMÁTICA
A: intestino grosso de cobra (90.000X)
B: pele de peixe (41.000X)
C: pele de peixe (50.000X)
D: fígado de rato (50.000X)
E: pele de minhoca (22.500X)
F: pele de minhoca (65.400X)
Interprete e caracterize cada tipo de diferenciação da membrana plasmática de
cada figura. Qual a função delas e o que as setas indicam?
216
9.3. MICROVILOSIDADES E GLICOCÁLIX Práticas de
Biologia
Epitélio intestinal de morcego (21.000X) Celular
10. CÍLIO
A: Corte longitudinal do cílio de Paramecoum aurelia (110.000X)
B: e C: Corte transversal do cílio de Euplotes eurystomes (72.000X)
Proposta de Atividades
217
Biologia
celular
Anotações
218
R eferências
ALBERTS, A.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P. Molecular
Biolog y of the cell. 5th ed. Garland, USA: Garland Science, 2008.
ALBERTS, B.; BRAY, D.; HOPKINS, K.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAAF, M.; ROBERTS,
K.; WALTER, P. Fundamentos de Biologia celular: uma introdução à Biologia
molecular da célula. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2006.
ALBERTS, B.; BRAY, D.; LEWIS, J.; RAAF, M.; ROBERTS, K.; WATSON, J. D. Biologia
molecular da célula. Tradução de Simonetti, A. B. et al. 4. ed. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul, 2004.
219
Biologia DE ROBERTIS, E. M. F.; HIB, J.; PONZIO. R. Biologia celular e molecular. 14. ed.
celular
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
FAWCETT, D. W. The cell: its organelles and inclusions. In: ATLAS of fine structure.
[S.l.]: W. B. Saunders , 1966.
JORDE, L. B.; BAMSHAD, M. J.; WHITE, R. L.; CAREY, J. C. Genética médica. 3. ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
220
MELO, R. C. N. Células & microscopia: princípios básicos e práticas. Juiz de Fora: Referências
Anotações
221
Biologia
celular
Anotações
222