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ISSN 1982-8632

    REVISTA @mbienteeducação • Universidade Cidade de São Paulo Vol. 9 • nº 2 jul/dez, 2015 • 161-77

RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA: CRIANDO CAMINHOS PARA O


DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOCENTE
PEDAGOGIC RESIDENCY: GENERATING WAYS TO TEACHER’S
PROFESSIONAL DEVELOPMENT

Luciana Laureano Costa1

lucianalaureano@yahoo.com.br

Helena Amaral da Fontoura2

helenaf@uerj.br

Resumo
Este artigo traz uma pesquisa de mestrado, um estudo de caso sobre um programa denominado Re-
sidência Pedagógica (RP), implementado no primeiro ano de estágio probatório para professores in-

   
gressantes na rede municipal de educação de Niterói, RJ, no ano de 2011. Propõe uma reflexão sobre
possibilidades e relevância dessa forma de inserção profissional docente, utilizando entrevistas. O
referencial teórico conta com Nóvoa e Marcelo Garcia sobre a importância dos anos iniciais da docên-
cia e desenvolvimento profissional docente, e com Fontoura e Cavaco, com relação à importância de
criarmos espaços compartilhados de formação docente. Esperamos contribuir com o entendimento
da RP realizada no município em tela, de modo a possibilitar que outras iniciativas possam se benefi-
ciar da experiência aqui apresentada.
Palavras-chave: Residência Pedagógica • Professor ingressante • Desenvolvimento profissional do-
cente.

Abstr act
This article brings a Masters research, a case study on a program called Pedagogical Residen-
ce (PR), implemented in the first year of probationary teachers entering a municipal school system
in Niterói, RJ, in the year 2011. It thinks about possibilities and importance of this form of professio-
nal insertion, using interviews. The theoretical framework relies on Marcelo Garcia and Nóvoa about
relevance of the  initial years   of  teaching and  teacher  professional development,  and on Fontoura
and Cavaco with respect to the importance of creating shared spaces of teacher education. We hope

1  Mestra em Educação, PPGEDU - FFP/UERJ. Graduada em LETRAS pela Universidade Veiga de Almeida (2004) e Pós-
Graduada em Orientação Educacional pela Universidade Candido Mendes. Professora Especialista na Rede Municipal de
Duque de Caxias. Coordenadora de 1º e 2º Ciclos na Rede Municipal de Educação de Niterói, no período de 2009-2012.
2  Graduada em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1974), Graduate Diploma in Educational
Psychology by University of Alberta, Canada (1977), Mestre em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(1993), Doutora em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública ENSP/Fundação Oswaldo Cruz (1997) e Pós-Doutora
em Educação na Universidade de Barcelona (2007). Professora Associada do Departamento de Educação da Faculdade
de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É Bolsista do Programa Prociência da UERJ
desde 2006.

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to contribute to the understanding of PR held in Niterói, RJ, so that other initiatives can benefit from


the experience presented here.

Key words: Pedagogical Residence • Beginning teachers • Teacher’s professional development.

Introdução
Não é à toa que entendo os que buscam de um rigoroso planejamento. Essa pers-
caminho. Como busquei arduamente o pectiva é também percebida por Feldens
meu! E como hoje busco com sofreguidão
e aspereza o meu melhor modo de ser, o
(1984) que aponta uma visão funcionalista
meu atalho, já que não ouso mais falar em da educação, com grande preocupação em
caminho. Eu que tinha querido. O Cami- relação ao treinamento de professores. A
nho, com letra maiúscula, hoje me agar- mesma autora, no entanto, indica que, na
ro ferozmente à procura de um modo de segunda metade da década de 1970, já se
andar, de um passo certo. Mas o atalho
com sombras refrescantes e reflexo de luz
observava um movimento de oposição e
entre as árvores, o atalho onde eu seja fi- até mesmo alguma rejeição a esse enfoque
nalmente eu, isso não encontrei. Mas sei muito técnico. A década de 1980, segundo
de uma coisa: meu caminho não sou eu, é Candau (1987), é marcada pela influência
outro, é os outros. Quando eu puder sentir dos estudos sociológicos, a educação pas-
plenamente o outro estarei salva e pensa-
rei: eis o meu ponto de chegada.
sa a ser vista como uma prática social mui-

   
to ligada aos sistemas políticos e a atuação
Clarice Lispector
do professor a ser entendida como uma
Processos formativos docentes vêm prática não neutra. Para a autora, o início
sendo investigados ao longo dos últi- da década de 1980 também pode ser um
mos anos por pesquisadores como An- marco da expressão do descontentamento
dré (1999, 2007, 2008, 2009), Brzezinski com a situação da educação no país. Um
(2006); Lüdke (2001), Lüdke et al (2009); período de muitos debates sobre a forma-
Fontoura (2007, 2008, 2011a, 2011b); ção de professores. A década de 1990, de
Feldens (1984); Candau (1987); Pimenta acordo com Brzezinski (2006), caracteriza-
(2002); Charlot (2005, 2008); Tardif (2012); -se por uma produção acadêmica muito
Tardif e Lessard (2011); Nóvoa (1992, 1995, voltada para as práticas pedagógicas. A
2002, 2008, 2013); Zeichner (1998); Mar- autora sinaliza uma prevalência da valori-
celo Garcia (1999, 2001, 2009, 2010, 2011); zação das práticas cotidianas como espaço
para citar alguns entre muitos professores/ legítimo de construção de saberes e, por
as-pesquisadores/as que se dedicam a in- conseguinte, observa-se como marca des-
vestigar a temática. se período a produção que evidencia os sa-
beres escolares e docentes. Na virada dos
Sobre formação docente, Candau (1987) anos 2000, nota-se uma importante mu-
aponta que, até a metade da década de dança no foco das pesquisas: o professor
1970, a educação recebia muita influência ganha centralidade. Lüdke e André (1986)
da tecnologia educacional e da psicologia trazem uma contribuição importante para
comportamental e a dimensão técnica da se pensar a pesquisa em educação e as di-
formação de professores era muito evi- versas possibilidades do aporte qualitativo
denciada. Nesse contexto, caberia ao pro- para o campo. Em outro trabalho, André
fessor organizar os objetivos, estratégias, (2008) aponta uma significativa mudança
seleção de conteúdos e avaliação dentro

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nos temas de pesquisa em Educação e ale- pois é a partir das certezas e dos condicio-
ga que, nesse contexto, os cursos de for- nantes da experiência prática que os pro-
mação ficam em segundo plano e o profes- fessores julgam sua formação universitária
sor ganha destaque. A partir dessa breve anterior. A conhecida expressão ‘choque
contextualização para entendimento da de realidade’ é retomada pelo autor ao
própria configuração do campo de pesqui- evidenciar que geralmente nesse período
sa, depreende-se uma mudança de foco o professor se sente despreparado para,
que privilegia o professor como centro de sozinho, enfrentar as condições difíceis e
interesse de pesquisa. cotidianas. Ainda considerando as contri-
buições de Tardif (2012), nos valemos da
Buscamos, ainda, as contribuições de afirmativa de que a trajetória social e pro-
Marcelo Garcia (1999, 2010) sobre a for- fissional dos docentes é marcada também
mação de professores, acerca do conhe- por custos existenciais. Para ele, são traços
cimento em relação a aprender a ensinar. distintivos para esse profissional aspectos
Tecendo uma série de considerações a res- relacionados à formação profissional, à in-
peito da pesquisa do aprender a ensinar serção na profissão, ao choque com a reali-
e os processos formativos que envolvem dade, à aprendizagem na prática, à desco-
o conhecimento gerado e adquirido pe- berta de seus limites e à negociação com
los docentes, o autor nos provoca quando os outros.
nos remete à reflexão sobre a formação

   
docente inicial, de principiantes e sobre Para tratar especificamente do tema
o próprio desenvolvimento profissional. professores iniciantes recorremos ao estu-
Elege dois eixos de análise, sendo o pri- do de Papi e Martins (2010) sobre a pro-
meiro relacionado à formação inicial, que dução acadêmica realizada no Brasil entre
para ele ganha destaque nesse momento 2005 e 2007. Segundo as autoras, a produ-
formativo, pois esse é o período da expe- ção com esse enfoque específico ainda se
riência docente que está em contato com revela incipiente e privilegia principalmen-
as práticas de ensino. Conclui que os resul- te os processos constitutivos da prática do
tados indicaram que a maioria dos alunos professor iniciante. As pesquisas tratam de
estagiários refletiu sobre aspectos de sua questões ligadas à socialização docente e
conduta em classe e sobre os resultados seus saberes, à construção de sua identi-
dos alunos. E de acordo com os pressupos- dade, às dificuldades e aos dilemas viven-
tos defendidos pelo autor, o segundo eixo ciados, evidenciando a centralidade do
está diretamente relacionado à formação professor nesse processo. Segundo elas,
dos principiantes e à iniciação profissional. ainda persiste uma lacuna para estudos
Para ele, nesse período invariavelmente que apontem aspectos relacionados à for-
são confrontadas as concepções dos alu- mação específica e diferenciada de profes-
nos-professores/as e professores-profes- sores na condição de iniciantes. Por essa
sores, além do espaço-tempo escolar em razão, entendemos que o objeto proposto
que estão expostos os sujeitos escolares à possa trazer elementos que contribuam
situação da aprendizagem. para o debate sobre as políticas de inser-
ção de professores iniciantes nas redes de
Na mesma direção, Tardif (2012) reflete ensino.
sobre o fato de que o início da carreira é
acompanhado também de uma fase crítica, Entendemos que o período inicial da

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docência não apenas significa um momen- docente apresenta uma complexidade em


to de aprendizagem do ofício de ensinar, função das relações estabelecidas, das
em função do contato com alunos. Signi- responsabilidades com os pais, alunos,
fica, também, um importante momento colegas, pelas expectativas em relação ao
de socialização profissional, da inserção na trabalho a ser desenvolvido e dos resulta-
cultura escolar, da interiorização das nor- dos que são esperados pela comunidade.
mas, valores institucionais, preceitos, com- Dessa forma, poderíamos defender que
portamentos, procedimentos. Algo que se um período de orientação, acompanha-
efetiva no local de trabalho do professor e, mento e apoio ao profissional ingressan-
por acontecer na escola, propicia o desen- te seria perfeitamente aceitável em qual-
volvimento de competências profissionais. quer outra ocupação especializada, mas a
docência exige uma atenção especial. Os
Como fundamentação, utilizamos as professores trazem suas experiências que,
formulações teóricas de Nóvoa (2008) e algumas vezes, são subestimadas, como as
Garcia (2009), que defendem a condição expectativas, angústias, realizações pes-
de desenvolvimento profissional docente soais e familiares.
em substituição aos termos formação ini-
cial/formação continuada em função das Nessa perspectiva, o presente traba-
características do caso a ser analisado. Tra- lho vai se justificando ao recorremos às
zemos, ainda, o conceito de inserção de- contribuições de Garcia (2009, 2011),

   
fendido por Vonk (1996), como a transição quando nos alerta sobre a forma como, na
do professor em formação até constituir-se maioria dos casos, são recebidos os pro-
num profissional autônomo e como parte fessores iniciantes, sem apoio e, muitas
do processo contínuo de desenvolvimento vezes, tendo que lecionar nas turmas mais
profissional dos professores. Entendemos difíceis. Na mesma linha, temos o estudo
que o período da Residência Pedagógica de Vaillant (2009), que também aponta que
referia-se ao período diferenciado de atua- professores iniciantes nas redes de ensino
ção profissional, um período pré-definido atuam em condições muito difíceis e, por
de encontros de reflexão sobre a prática vezes, com pouca ou nenhuma orientação
docente e atuação em parceria com um e acompanhamento. Assim, não se perce-
professor regente, e não uma etapa ou be um cuidado com o desenvolvimento das
avaliação dentro do estágio probatório. habilidades e competências para realiza-
ção de tarefas com tamanha complexida-
Como sinaliza Avalos (2009), os docen- de por parte dos professores ingressantes.
tes se sentem mais capacitados em deter- Darling-Hammond et al. (1999) sinalizam
minadas áreas do que em outras, num con- para a forma como cuidamos da inserção
texto de confiança muito variável no que de novos membros. Enfocam que, em
diz respeito à formação inicial. Concreta- outras profissões, os iniciantes vão conti-
mente, deparam-se com sinais diversos, nuar aprofundando seus conhecimentos
oriundos de uma realidade de trabalho al- e habilidades, geralmente orientados por
tamente influenciada pelos contextos so- profissionais mais experientes, com mais
cial e político. Para a autora, ainda que haja conhecimento, enquanto que, no magis-
um relativo consenso de que, em qualquer tério, há uma expectativa de que os novos
profissão, exista um grau de dificuldade professores sobrevivam ou abandonem
para o iniciante na carreira, o trabalho com pouco apoio e atenção.

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Vivemos em uma sociedade que credi- Minas Gerais – (UFMG) para as formações,
ta à educação um valor fundamental e a por acreditar que o trabalho desenvolvido
importância de cada sociedade está dire- pelo referido centro de estudos, naque-
tamente vinculado ao nível de formação le momento, era o que mais se adequava
de sua comunidade e, nesse sentido, tor- à proposta curricular vigente. O material
na-se importante atentar para a forma- pedagógico organizou o processo de alfa-
ção do professor. Nessa perspectiva, é betização e letramento em três anos, com
essencial pensar nas formas de garantir a orientações claras e sugestões de ativida-
permanência dos melhores professores na des que propiciam a consolidação de capa-
docência e que esses profissionais tenham cidades necessárias para aquisição da leitu-
condições de continuar a aprender durante ra e escrita. Essa parceria foi estabelecida
sua carreira (GARCIA, 2009). Para Nóvoa por intermédio do Ministério da Educação
(2002), o professor adquire um enfoque - MEC que ofereceu o curso com recursos
privilegiado na retórica da implementa- do Plano de Ações Articuladas – PAR, sem
ção e sucesso das políticas educacionais, ônus para o município. A duração do cur-
a partir do discurso produzido por várias so foi de 60 horas, garantida a certificação
organizações internacionais que enfati- com a chancela do MEC, da Secretaria de
zam uma nova “centralidade” dos profes- Educação Básica e do CEALE.
sores, referindo-se mesmo à necessidade
Para pensar no modelo de formação pro-

   
de “trazer outra vez os professores para o
retrato”. posto pela Residência Pedagógica, recorre-
mos às ponderações de Imbernón (2010)
quando ressalta que a formação assume
A Residência Pedagógica em
um papel que transcende a mera atualiza-
Niterói ção científica, pedagógica e didática. Para o
Entendemos que a Residência Peda- autor, a formação deve constituir-se numa
gógica, implementada na Rede Municipal alternativa, numa possibilidade de criação
de Educação de Niterói no ano de 2011, de espaços de reflexão, partilha onde se
possa constituir-se num objeto de análise aprenda também a conviver com a mudan-
pertinente para o campo de pesquisa. Esse ça, com o imprevisível, com a incerteza. Na
modelo contribui com elementos que insti- mesma perspectiva, Cavaco corrobora a
gam e viabilizam a proposta aqui em deba- ideia de que a transição é sempre, para todo
te. O objeto de investigação deste artigo profissional, um período contraditório. De
está centrado na análise do oferecimento acordo com a autora, a inserção no mundo
de formação em serviço, no primeiro ano do trabalho e a consolidação da autonomia
de atuação docente na referida rede de en- pode, por um lado, ser entendida como a
sino, com vistas ao desenvolvimento pro- confirmação de uma mudança para a vida
fissional docente. adulta, por outro, é também um momento
de tentativa de conciliação entre projetos,
Para viabilizar a iniciativa da Residência expectativas e a busca pelo equilíbrio entre
Pedagógica, a Fundação Municipal de Edu- esses polos, no sentido de manter “o sonho
cação de Niterói estabeleceu uma parceria que dá sentido aos seus esforços” (CAVA-
com o Centro de Alfabetização Leitura e CO, 1999, p. 163).
Escrita (CEALE), vinculado à Faculdade
de Educação da Universidade Federal de Nóvoa (2002) afirma que os professores

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se formam ao longo da vida escolar e a Pedagógica (RP) para os concursados


aprendizagem da docência extrapola o do- aprovados para Professor Regente I, em
mínio de técnicas e metodologias. Esse ofí- concurso realizado em 2010. Os profes-
cio não se aprende estritamente nos espa- sores docentes devidamente habilitados
ços formais e deve ser refletido, estudado, para atuarem nas séries iniciais do Ensino
questionado. Isso pressupõe considerar o Fundamental, durante o primeiro ano de
professor como um sujeito capaz de tomar regência, concomitante ao período do es-
decisões dentro de um contexto profissio- tágio probatório, atuaram como profes-
nal concreto, plenamente capaz de com- sores adjuntos. Os professores ingressan-
partilhar seus saberes com seus pares e tes deveriam experienciar um período de
fortalecer a capacidade reflexiva do grupo. inserção preferencialmente relacionado à
Como nos lembra Fontoura (2011a), por atuação profissional na escola e percebe-
vezes professores iniciantes temem expor rem esse período como importante para
suas dificuldades aos novos colegas, o que a construção de um ethos profissional que
poderia fragilizá-los diante dos compa- propiciasse o fortalecimento docente pe-
nheiros da escola. Favorecer a comunica- rante as demandas cotidianas (LAUREA-
ção entre os colegas, através da criação de NO, 2014).
espaços de diálogo, pode vir a ser uma real
oportunidade para colocarmos em prática No ano de 2011, a Rede Municipal de
Niterói era composta por 43 escolas que

   
aquilo que, embora disseminado na litera-
tura, ainda dista muito do que acontece no contavam com grupos de 1º Ciclo. Foram
interior das escolas. feitas adequações quanto ao quantitati-
vo de turmas atendidas pelos professores
No contexto nacional, a partir de mea- residentes de acordo com a escolha dos
dos da década de 1990, houve uma sensí- professores. Após definidas as escolas e
vel expansão de oferta de programas ou grupos que seriam contemplados com o
cursos de educação continuada. A Lei de projeto, iniciava-se a modulação dos pro-
Diretrizes e Bases da Educação Nacional fessores residentes em relação aos grupos
(BRASIL, 1996) contribuiu para que o po- de referência. Assim, o segundo passo foi
der público viabilizasse propostas efetivas distribuir, dentro do 1º Ciclo, uma modula-
de formação continuada e trata esse tema ção de 1(um) professor residente para cada
com destaque em vários de seus artigos. dois grupos de 1º ano e 1(um) professor re-
A obrigação dos sistemas de ensino de sidente para cada três ou quatro grupos
promoverem a valorização dos profissio- de 2º e 3º ano. O professor residente or-
nais da educação é tratada no Artigo 67 e ganizaria seu horário no acompanhamen-
traz, em seu inciso II, a obrigatoriedade do to das turmas em parceria com o profes-
aperfeiçoamento profissional continuado, sor regente, sendo que os dois professores
citando, inclusive, o licenciamento periódi- sairiam em momentos combinados para os
co remunerado, da mesma forma que ex- encontros para estudo e avaliação de for-
plicita, no Artigo 87, o dever de cada muni- ma alternada.
cípio de realizar programas de capacitação
para todos os professores em exercício. Após a convocação e comprovação das
exigências legais para preenchimento de
A Rede Municipal de Educação de Ni- vaga, foi realizada escolha a partir da or-
terói adotou o modelo de Residência dem de classificação. De acordo com o

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relatório divulgado, foram disponibilizadas 1. A formação de professores deve assu-


vagas de atuação em todas as 43 escolas mir uma forte componente práxica,
da rede municipal, que ofereciam o 1º ci- centrada na aprendizagem dos alunos
e no estudo de casos concretos, tendo
clo, na modalidade Ensino Fundamental. como referência o trabalho escolar;
Os professores residentes foram informa-
2. A
 formação de professores deve passar
dos de que essa primeira escolha seria pro- para “dentro” da profissão, isto é, deve
visória e pelo período enquanto durasse a basear-se na aquisição de uma cultura
RP. Dos 174 professores convocados, 127 profissional, concedendo aos professo-
atuaram como residentes. res mais experientes um papel central
na formação dos mais jovens;
A análise da RP tem deixado pistas que 3. A formação de professores deve dedicar
sugerem o que orientou essa prática. Elen- uma atenção especial às dimensões pes-
camos alguns itens que foram explicitados soais da profissão docente, trabalhando
nos relatórios e entrevistas realizadas. Para essa capacidade de relação e de comu-
fins de tematização (FONTOURA, 2011b), nicação que define o tacto pedagógico;
organizamos os dados de forma a contem- 4. A formação de professores deve valori-
plar o grau de importância atribuída pelos zar o trabalho em equipe e o exercício
colectivo da profissão, reforçando a im-
envolvidos às especificidades do projeto.
portância dos projectos educativos de
Nessa perspectiva, apresentamos as ca- escola;
racterísticas sinalizadas: a) Oportunização

   
da formação dos professores ingressantes Desta forma
dentro do horário de trabalho; b) Proposi- 5. A
 formação de professores deve estar
ção de atividades que possibilitaram aos marcada por um princípio de responsa-
professores envolvidos em dar visibilidade bilidade social, favorecendo a comuni-
cação pública e a participação profissio-
aos seus trabalhos, permitindo a troca en- nal no espaço público da educação. (p.
tre seus pares, principalmente professores 28).
regentes e residentes; c) Análise das pro-
duções dos alunos, de forma colaborativa; Os Professores Residentes foram alo-
d) Reflexão constante das práticas docen- cados nas Unidades Escolares atendendo
tes com foco na melhoria da aprendizagem à modulação já citada neste estudo, ini-
dos alunos, a partir do planejamento dos cialmente 1 professor residente para 2 GR
conteúdos que eles deveriam aprender; e) do 1º ano do ciclo e 1 professor residente
Contar com uma assessoria pedagógica. para cada 2 ou 3 grupos dos 2º e 3º anos
Identificamos, genericamente, que a pro- do 1º Ciclo. No entanto, de acordo com os
posta de trabalho estava baseada em três relatórios referentes ao projeto, nota-se
pilares: formação continuada em serviço, que foram feitas adaptações à proposta
assessoria pedagógica e monitoramento/ inicial de modulação em função dos ques-
avaliação. tionamentos e sugestões das equipes de
articulação pedagógica (EAP) das escolas.
Um de nossos autores de referência, Em algumas unidades escolares os profes-
Nóvoa (2008), indica cinco propostas que sores residentes priorizaram a atuação nos
podem favorecer a criação de espaços para grupos de 3º ano de escolaridade por per-
discussão, trocas e, principalmente, refle- ceberem que esses grupos mereciam mais
xão da prática pedagógica. Para o autor, atenção em função das dificuldades evi-
denciadas nos diagnósticos e, sobretudo,

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nos relatórios do ciclo e nas avaliações rea- encaminhamento de um problema de pes-


lizadas pela EAP da unidade escolar e, prin- quisa, do próprio trabalho de campo e das
cipalmente, do professor regente. Assim, a contribuições da investigação.
Residência Pedagógica na Rede Municipal
de Educação de Niterói, conforme relató- Quanto às estratégias para analisar as
rio da Coordenação de 1º Ciclo, concentrou entrevistas, referenciamos a formulação
esforços na formação dos professores in- de Fontoura (2011b) sobre tematização e
gressantes no âmbito da Alfabetização no estabelecemos, como etapas da análise, os
sentido ampliado. pontos elencados pela autora: transcrição
de todo o material coletado de forma oral
Vale destaque para o modo e atuação, (entrevistas gravadas); leitura(s) atenta(s)
não intencional, que esse grupo de pro- para conhecimento de todo o material,
fessores residentes conseguiu imprimir deixando as impressões e intuições fluí-
na rotina das escolas. Por compartilharem rem, inicialmente, para depois ir precisan-
de momentos diferenciados de encontro, do os focos; a demarcação do considerado
não só entre si como entre professores relevante, delimitando o corpus de análise,
residentes de uma escola específica, mas sob forma de exploração do material, ini-
também com colegas de outras escolas cialmente com recortes do texto em uni-
frequentemente conseguiram propor al- dades de registro; levantamento dos te-
gumas atividades e ações que contribuí- mas, sinalizando nos textos os trechos que

   
ram para um protagonismo dos professo- evidenciam essa seleção, com atenção aos
res ingressantes. aspectos referentes à coerência dos temas
selecionados; semelhanças; pertinência;
Para fins de análise e como procedimen- exaustividade; definição de unidades de
to metodológico, elegemos uma aborda- contexto; esclarecimento ao leitor do tra-
gem qualitativa, nos termos enunciados tamento dos dados, a partir da separação
por Bogdan e Biklen (1994) para evidenciar das unidades de contexto do corpus e in-
uma preocupação com os participantes da terpretação propriamente dita, cotejando
Residência Pedagógica. A entrevista se- à luz dos referenciais teóricos.
miestruturada foi escolhida por permitir a
obtenção de “dados comparáveis entre os Em contato inicial, convidamos profes-
vários sujeitos”, deixando os entrevistados soras que fizeram parte da RP para partici-
“mais à vontade e falarem livremente so- parem da pesquisa, esclarecendo o objeti-
bre os seus pontos de vista”, mas sempre vo da mesma e os procedimentos que iriam
com a direção que o pesquisador lança necessitar de suas contribuições para rea-
através do seu roteiro. (BOGDAN; BIK- lização do estudo em questão. Elegemos
LEN, 1994, p. 136). 6 professores que ingressaram na Rede
Municipal de Educação de Niterói, após no
Fontoura (2011b) adverte que os dados concurso público de 2010 para Professor
não falam por si numa pesquisa qualitativa Regente I - que atua nas séries iniciais do
e sempre temos que problematizar o que Ensino Fundamental - e que foram convo-
encontramos. Segundo a autora é a par- cados na 1ª chamada, em 08 de janeiro de
tir do diálogo, entre a teoria e os achados 2011, assumindo na condição de profes-
da pesquisa mediatizados pela metodolo- sor residente em fevereiro do mesmo ano.
gia, que se torna possível a construção e o O tempo de atuação profissional variava

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entre 1 ano e 25 anos de magistério. Foram graduadas e trazemos a seguir informa-


escolhidos interlocutores com formação ções que consideramos pertinentes sobre
acadêmica diferenciada: graduação em Le- cada uma delas.
tras, História, Pedagogia, Geografia. Entre
E1: Professora da rede estadual de edu-
os 127 professores que atuaram como pro- cação, desde 1994, atuando como profes-
fessores residentes, selecionamos sujeitos sora regente das séries iniciais e também
que atendiam às seguintes características: como Diretora Adjunta durante 4 anos.
Formada em Pedagogia pela UFF e com
I) 
Primeira matrícula, sem experiên- especialização em Orientação Escolar. In-
cia profissional comprovada; gressou na Rede Municipal de Educação
Niterói e continua na mesma escola em
II) 
Primeira matrícula na rede pública que atuou como professora residente.
com experiência na rede privada; Permaneceu trabalhando com grupos de
alfabetização.
III) 
Segunda matrícula na rede pública E2: Experiência profissional na rede pri-
(podendo ser a primeira matrícula vada e na rede municipal. No Concurso
na rede estadual); de 2010 ingressou na segunda matrícula.
Graduada em Letras – Português/Litera-
IV) 
Segunda matrícula na rede pública tura na UERJ e especializada em Literatu-
municipal com intervalo menor que ra Infanto-Juvenil. Atualmente, acumula
as duas matrículas na mesma Unidade de
10 anos entre as duas convocações;

   
Educação, mas nos informa que quando
V) 
Segunda matrícula na rede pública atuou como professora residente preferiu
atuar em escolas diferentes.
municipal com intervalo maior que
10 anos entre as duas convocações. E3: Experiência profissional na rede muni-
cipal de educação de São Gonçalo, desde
A definição desses sujeitos não se cons- 1996. Formada em Letras Português-Li-
titui numa escolha em que lhes é atribuída teratura pela UERJ/FFP e atualmente cur-
sando a especialização em Gestão Escolar.
uma característica especial, ou proximida- Desde que ingressou na rede Municipal de
de afetiva, mas sim como um representati- Educação de Niterói atua com os grupos
vo de uma comunidade. De certo que essa do 1º ano de escolaridade.
escolha traz também um paradoxo. Para E4: A professora atua na rede municipal
Michelat (1982), ainda que as entrevistas do Rio de Janeiro com grupos de Educa-
revelem as particularidades, pois são di- ção Infantil. Interrompeu seus estudos na
rigidas aos indivíduos, através de suas vi- universidade pública onde cursava Letras
Português-Inglês na UERJ/FFP alegando
vências, de suas características individuais, impossibilidade de conciliar os estudos,
em função de suas personalidades, o que responsabilidades domésticas e o traba-
se pretende é atingir o social. lho. Retomou os estudos e planeja concluir
o curso em uma universidade privada ain-
As entrevistadas estão identificadas da no ano de 2015. Tem acompanhado os
pela letra E, acrescida de um numeral, en- alunos do 1º ciclo. Iniciou como residente
tre 1 e 6, para caracterizá-las. As 6 profes- no 1º ano de escolaridade, em 2012 acom-
panhou como regente o 2º ano de escolari-
soras que participaram da pesquisa nos
dade, em 2013 o 3° ano. Em 2014 reiniciou
informaram que estudaram em escolas o trabalho com o grupo de alfabetização.
públicas durante a sua escolarização bási-
E5: Professora da rede estadual de educa-
ca e deram prosseguimento aos estudos ção, desde 1998. Na rede privada traba-
em nível superior. Todas as educadoras são lhou por mais de 15 anos com grupos de

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alfabetização. Graduada em História pela recebi meu certificado cinza do CEALE foi
UNIVERSO. Permanece na mesma unida- uma emoção, parecia minha formatura, foi
de de educação em que atuou como pro- linda a cerimônia. Eu nem sabia o que era
fessora residente. CEALE, mas estudando a gente foi vendo
que os trabalhos são muito voltados pro pro-
E6: Formada em Pedagogia pela UFF, atu-
fessor de sala de aula, pro chão da escola.
almente está cursando a Especialização
Me emociono, sinto saudade.
em Educação Básica. Ingressou na rede
municipal de educação de Niterói sem ne- Uma das entrevistadas, ao ser indagada
nhuma experiência profissional anterior. sobre quais foram os aspectos mais mar-
A seguir, apresentamos alguns dos tre- cantes na RP, nos revela aspectos interes-
chos de falas das participantes, relaciona- santes. O primeiro ponto está relacionado
dos aos temas elencados para o estudo em ao tempo de atuação como professora re-
tela. No caso da Residência Pedagógica, gente na rede municipal de Niterói e a rela-
identificamos uma recorrência ao fato de ção estabelecida com os demais professo-
serem designadas pelo termo Residente res durante a implementação da RP.
e de como esse lugar estava marcado por E2: Eu não entendia umas posturas. Te-
uma visão da diferenciação: nho 19 anos de rede na minha primeira ma-
trícula, nunca pude fazer curso nenhum
E5: As residentes, era assim que chama-
dentro do horário de trabalho. Ao todo
vam, nunca fui professora, eu era a residen-
são 23 anos de magistério alfabetizando.
te... chama lá a residente, era prá marcar

   
Trabalhei em escola particular muito tra-
mesmo, eu nem ligava. O que mais me
dicional, sempre alfabetizei. Todo ano na
marcou foi que todo mundo tratava a gen-
primeira reunião já ficava resolvido que o
te bem, de repente começaram a falar que
primeiro ano ia ser meu. Só sai pra fazer
a gente tinha um monte de privilégio, fi-
curso dentro do horário de trabalho quem
cava toda semana estudando, que a gen-
não está em sala de aula: pedagogo, sala
te ”tava” muito mal acostumada. Além
de recurso, informática, professor de sala
do planejamento de quarta-feira, ainda
de aula não é liberado, só quando é aquela
saía mais um dia, que era uma vida boa.
formação obrigatória, que tá no calendá-
Isso me assustou, todo mundo começou
rio ou aquela do início do ano. Eu adorei ter
a ficar hostil, as residentes isso, as resi-
uma formação só prá mim, prá me receber,
dentes aquilo, em alguns momentos me
era como se estivesse começando, era tudo
senti pressionada. Até concordava com as
novo, até a reação de umas colegas que de
colegas e ficava me explicando, dizendo
repente, começaram a dizer que eu tinha
que não tinha culpa. Tinha o grupo marca-
regalia.
do dentro da escola. Não entendo o moti-
vo, somos todas professoras, com a mes- Tratando dos aspectos colaborativos, tra-
ma formação, de repente tudo começou a zemos a fala de uma das entrevistadas que
marcar essa história de residente. Deixe
de ser XXXX e passei a ser a professora re- nos chamou atenção sobre o tipo de tarefa
sidente do grupo tal. Quem defendia, pas- que geralmente lhe era atribuída. Quando
sou a atacar a gente, as próprias colegas. perguntada sobre como descreveria sua atu-
Em relação à certificação dos encontros ação na sala de aula, atuando com a profes-
de formação durante a RP, trazemos a fala sora regente, ela nos informa que:
de uma das entrevistadas: E5: No começo foi meio difícil, a profes-
sora achava que eu estava ali para ser
E4: Eu recebi certificado por cada hora estagiária, ficar observando e anotando,
estudada, cada hora mesmo, todos os dedurando o que ela estava fazendo de er-
encontros, reuniões, palestras, foi cer- rado. Depois que viu que estava lá prá tra-
tificado pela coordenação, mas quando balhar, prá ajudar, a coisa mudou. A gente

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participava junto do planejamento, a gente da rede municipal de educação de Niterói,


conversava sobre as crianças, preparava o em sua grande maioria de forma democrá-
material junto, mas na sala de aula eu fi-
cava sentada no fundo, Ela dava aula e eu
tica, denota que o funcionamento cotidia-
corrigia caderno, ficava com os alunos com no escolar está diretamente associado a
dificuldade, ajudava a colar papel, meio uma fragilidade. Identificamos no trecho
uma ajudante mesmo. Só quando a coorde- acima que não só a influência dos diretores
nação começou a mandar tarefas isso teve seria essencial, mas a prevalência de um
que parar, a gente tinha que entregar um
relatório dizendo o que tinha feito na se-
modo de agir que não gerasse conflito com
mana, era chato, mas era bom, as direto- os professores regentes.
ras não gostavam, as professoras também
E1: Eu estava chegando e não queria me
não gostavam muito, mas não podiam fi-
expor, não ia ficar arrumando confusão.
car jogando a gente de um lado pro outro.
No começo achava que as coisas estavam
Tá certo porque esse negócio de discutir,
meio confusas, mas depois entendi que
discutir, mas ninguém propõe nada. Tinha
era melhor eu ficar quieta, não era bom
que ler, mas tinha que registrar e fazer ati-
ficar sendo o centro das atenções, afinal já
vidade com as crianças, dá muito trabalho.
era residente. Tinha medo de ficar rotulada.
Sabemos que o trabalho docente é mui- Era melhor pensar no meu aluno.
to influenciado pelas decisões e posturas E6: Parecia que ninguém sabia o que estava
das equipes diretivas das unidades esco- acontecendo, ninguém parecia entender o
lares. Os processos de aprimoramento co- que as residentes tinham que fazer, me sen-

   
tia uma alienígena. Tinha gente na escola
letivo, que adotam inovações e dinâmicas que chamava a gente de articulador, uma
de mudanças nas instituições, dependem colega falava: ela é aquilo, articulador,
muito do suporte da direção das escolas. mais um... no começo não gostei mesmo,
A percepção de que a implementação das acho que a direção e a pedagoga tinham
políticas públicas ou projetos educacio- que entender o que estava acontecendo.
Foi difícil, mas eu fui bem recebida pelas
nais dependem, sobretudo, da concessão professoras.
de seus superiores, pode contribuir para
uma desconfiança por parte dos professo- Uma das entrevistadas que trabalha
res, como podemos ver na fala coletada na com Educação Infantil em outro municí-
pesquisa: pio destaca a importância do momento
do planejamento coletivo e do respeito à
E3: O problema é quando chega na esco- modulação.
la, não tem isso de trabalho planejado, de
relatório, disso ou daquilo. De cara já fi- E4: Mas não dá prá comparar aqui se res-
cou claro que eu só ia fazer o trabalho de peita modulação, tenho horário de planeja-
residente se nenhum professor faltasse. mento, tenho tempo e material. Tem muito
Eu ficava pra lá e prá cá, até em turma de problema, mas ainda dá prá ver uma luz
Educação Infantil eu fiquei. Ninguém fica no fim do túnel. Dá prá conversar, alguém
questionando a direção da escola. Teve sempre tem uma sugestão. Na verdade faz
semana que eu quase não ficava na turma. parte da nossa escolha, professor tem que
É melhor ir tentando entrar no grupo. buscar aprender, melhorar, não tem como
Eu via logo que não adiantava arrumar eu não me aperfeiçoar, voltei prá faculdade
problema, nem com a direção nem com os porque tenho que concluir meu curso.
professores mais antigos.
Nesse sentido, concordamos com Ca-
Tal situação, descrita por uma das en- vaco (1999) quando afirma que se apren-
trevistadas ao perceber esse sistema nor- de com as práticas do trabalho, intera-
mativo, hierarquizado e ainda que, no caso gindo com nossos pares, enfrentando as

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situações e propondo soluções para os o apoio, numa forma de encorajamento


problemas. Aqui, trazemos a fala de uma para muitos jovens professores, é muito
das entrevistadas, quando questionada so- importante e desenvolve-se na maioria
bre a relevância dos encontros semanais: das vezes a partir de afinidades pessoais.
Uma das entrevistadas, ao ser perguntada
E1: Eu gostava das formações, sempre
num encontro a gente sabia o que se- sobre quais seriam os pontos positivos da
ria tratado no outro. Algumas pessoas implementação da RP, respondeu:
pesquisavam, levavam as produções das
crianças, a gente analisava, cada um dava E3: Quando a gente começa a trabalhar
uma sugestão, mas tinha uma pauta defi- é sempre difícil. Quando eu assumi minha
nida além disso, não era só pensar, pensar, primeira matrícula foi horrível. Eu tinha
refletir. Não tinha essa de identificar se é acabado de completar 18 anos. Tinha saí-
pré-silábico, silábico alfabético, identifi- do do pedagógico, do Curso Normal, muito
cou, e daí? Faz o que com esse aluno, isso crua. Eu tinha colegas que no primeiro ano
era sempre um buxixo. Sempre tem o pes- do Normal pareciam que sempre tinham
soal que só fica citando autor, não tinha dado aula na vida, sabiam falar, se apre-
isso, tinha que propor alguma coisa e usar sentar, a gente via isso no estágio. Eu não,
a teoria prá reforçar. Conseguimos muitas eu era muito tímida, muito quieta. Estava
coisas, mas é claro que não tem milagre. horrorizada. Quando assumi minha matrí-
Tem trabalho e tem colaboração, a gente cula me deram logo uma turma de primeiro
só ensina a quem quer aprender. Isso vale ano, cheia de alunos repetentes, fora da ida-
também prá nós, professoras e adultas. de. Meu Deus... Eu tinha aluno de 12 anos,

   
de 13, com criança de 7 anos. Minha sala de
Encontramos na pesquisa fortes indí- aula era tão quente que eu cheguei a des-
cios de partilha, de que espaços de cola- maiar uma vez. Era forrado com um plás-
tico preto e aquilo era uma estufa. Só não
boração e de aproximação são desejados
larguei porque precisava muito, ou sei lá,
pelos professores; no entanto percebemos achava que era normal aquilo, até porque
também uma busca pela manutenção da escola pública não era como hoje. Hoje a
individualidade docente. Notamos sinais gente tem muita coisa. Nem se compara,
que nos indicam que há uma predisposição a quem tem a oportunidade de começar
assim. A Residência Pedagógica te coloca
para se planejar em conjunto e a percep-
dentro da escola de outro jeito. Você tem
ção que uma postura mais colaborativa tempo prá se adaptar, conhecer o ambien-
promove melhores resultados. Segundo te, se aproximar das turmas, dos colegas,
Tardif e Lessard (2011), essa ajuda ou au- criar vínculo com a escola.
xílio se constitui em interações que, em De um outro prisma, poderíamos am-
geral, não implicam a presença do colega pliar essa noção do individualismo, refle-
na classe. Geralmente a coparticipação re- tindo que por vezes o docente é levado a
fere-se somente ao momento do planeja- construir a autoimagem como o centro
mento do ensino, à preparação de material da ação. O professor é o total responsável
pedagógico ou até mesmo à proposição de pelo bom andamento das aulas e controle
projetos escolares. Nesse sentido, os auto- total dos grupos em que atua, dessa for-
res sinalizam que os professores iniciantes ma, aqui nesse contexto, solidão é sinôni-
geralmente se beneficiam da ajuda dos mo de autonomia, de responsabilidade e
professores experientes na elaboração de de vulnerabilidade (TARDIF e LESSARD,
suas aulas, na preparação de material pe- 2011).
dagógico, nas orientações sobre os modos
de agir e de trabalhar. Ainda informam que E3: Foi bom prá mim ser residente, nunca
alfabetizei na vida, aprendi bastante, mas

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tinha dia que era difícil. Eu preferia ter mi- profissional, num continuum de apropria-
nha turma, fechar minha porta e dar minha ções e reflexões sobre a teoria e a prática.
aula. Aí eu pensava que também não seria
bom porque como ia dar conta de uma turma
Nessa perspectiva, apostamos que Pro-
de 1º ano? Ah... eu fiquei muito frustrada, gramas de Iniciação à Docência podem
porque o concurso aqui em Niterói, não é se constituir em reais possibilidades de
como no Rio, separado para Educação In- apoio e acompanhamento ao professor
fantil, sempre gostei de educação infantil ingressante. A pesquisa do modelo de in-
e o concurso não faz diferença. Além de
não assumir minha turma, ainda tinha que
serção profissional docente, denominado
ser com o primeiro ciclo. Não sabia nada Residência Pedagógica, nos revelou que
de alfabetização, meu curso normal não não é simples transformar as experiências
foi bom nesse aspecto, minha professora individuais e coletivas em conhecimento
no último ano ficou de licença médica di- profissional. Estabelecer relações entre
reto, tudo muito solto. Eu queria ter minha
sala, minha turma
a formação de professores e os projetos
educativos das escolas torna-se indispen-
Uma das entrevistadas, que afirmou sável ao se propor uma ação efetiva de for-
não gostar das turmas de primeiro ano, mação docente.
por não saber alfabetizar, e que por isso
tinha se assustado com a RP, apresenta o Concordamos com Nóvoa (2008) quan-
seguinte depoimento: do defende que a docência deve ser com-
preendida como algo coletivo, não só no

   
E3: Continuo trabalhando com o primeiro
plano do conhecimento, mas também
ciclo, este é meu terceiro ano em Niterói
e continuei trabalhando no primeiro ci- no plano da ética, pois entendemos que
clo. Gosto muito dos meus pequenos, adoro não há uma formação que vá dar conta
a minha turma e ver eles aprendendo tudo, de todas as demandas colocadas cotidia-
lendo tudo é a melhor coisa do mundo. Na namente. Parafraseando o autor, não há
verdade é o que compensa, né? A gente aca-
respostas para o conjunto de dilemas que
ba relevando um monte de coisas por causa
deles. Terminei minha faculdade ano passa- os professores são chamados a resolver
do e quero fazer uma Pós em Alfabetização numa escola marcada pela diferença cultu-
de classes populares... Penso bastante em ral e pelo conflito de valores. Por isso é tão
tudo o que vou fazer, planejo, porque eu importante assumir uma ética profissional
era mais arrogante, achava que era só o
que se constrói no diálogo com os outros
meu trabalho que fazia com que as crian-
ças aprendessem, porque sou dedicada e colegas. A formação deve constituir-se
comprometida eles iam aprender, hoje não numa alternativa, numa possibilidade de
é bem assim, é tanto problema que não dá criação de espaços de reflexão, de convi-
prá resolver sozinho, não dá prá fazer tudo. vência e debate.
Sempre lembro das capacidades de Alfa-
betização que devem ser desenvolvidas, Identificamos algumas facetas eviden-
tenho consciência, do que já foi feito, tenho ciadas pela pesquisa, a saber: a) a opor-
acompanhado o grupo. Esse ano voltei pro
primeiro ano e se a gente se der bem vou
tunização da formação dos professores
continuar com ele até o terceiro. ingressantes dentro do horário de traba-
lho; b) a proposição de atividades que pos-
CONSIDERAÇÕES FINAIS sibilitaram aos professores envolvidos dar
Diante do exposto, consideramos que visibilidade aos seus trabalhos permitindo
o conhecimento pedagógico vai se cons- a troca entre seus pares; c) a análise das
truindo e reconstruindo ao longo da vida produções dos alunos, numa perspectiva

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colaborativa; d) a reflexão das práticas do- favoreça o encontro, os momentos de par-


centes e) a possibilidade de contar com um tilha, de troca de saberes, insistir na pers-
acompanhamento pedagógico. pectiva de fortalecer que é a escola o lugar
da formação dos professores, de análise
A pesquisa evidenciou que a categori- partilhada das práticas, enquanto rotina
zação professor residente representou não sistemática de acompanhamento, de su-
apenas uma forma de identificação dos pervisão e de reflexão sobre o trabalho
professores que estavam vinculados à Re- docente.
sidência Pedagógica, mas sobretudo cria-
va-se um status de diferenciação, a partir Fontoura (2011a) ajuda a refletir sobre
da definição por ato burocrático, também esse aspecto ao considerar que pensar e
criou-se uma identidade, não só individual, praticar a formação de professores/as na
mas também coletiva. A noção de profes- perspectiva da construção coletiva impli-
sor residente estava vinculada à ideia de cam no investimento na criação de um es-
um professor que segue um estatuto dife- paço de confiança mútua, atentando para o
renciado, no sentido de possuir atributos cuidado e respeito com que o próprio grupo
que o definem como um profissional com se coloca em relação uns aos outros. Para
especificidades que lhe garantem um sta- tal, entendemos que se deva levar em conta
tus de distinção (positiva) em um determi- a perspectiva do professor, tentar assimilar
nado momento e que se altera em função e entender suas razões e considerá-las para

   
da percepção do grupo de que nem todos que haja um debate franco e profícuo a fim
podem se beneficiar das mesmas estra- de favorecer uma convivência assinalada
tégias para desenvolverem seu trabalho pela partilha e colaboração mútua.
e essa relação desencadeia uma reação
estigmatizadora. Finalmente, mesmo sem considerar que
a Residência Pedagógica tenha o poder
De maneira bem sistemática, identifica- de resolver toda a problemática da alfa-
mos nas falas que o ingresso nas redes de betização, ou das questões que envolvem
ensino se configura como um momento de o sucesso/insucesso dos alunos nas séries
grandes conflitos, entremeado de percep- iniciais, consideramos que é uma proposi-
ções conflitantes acerca do seu papel na ção que destaca a importância da atenção
instituição e no novo grupo. Percebemos aos professores ingressantes nas redes de
que, independente do tempo de atuação ensino. Refletimos sobre a capacidade do
profissional docente, seja na rede pública ou grupo de professores na busca pelas rotas
privada, não há eliminação das dificuldades de fuga e criação de espaços alternativos
impostas no ingresso às redes de ensino. para fomentar uma postura dialética, num
esforço real de colaboração. Nossa con-
Como vimos, Cavaco (1990) afirma que tribuição, com este estudo, é a de lançar
os primeiros anos da profissão, a entrada luzes sobre possibilidades de um proces-
no mundo do trabalho é, simultaneamen- so de formação que realmente considere
te, uma confirmação social e uma promes- os sujeitos envolvidos e que tenha uma
sa de acesso à autonomia econômica e à perspectiva ancorada no educacional e no
possibilidade de construir um projeto de social.
vida próprio, período de dúvidas e de an-
gústias. Torna-se necessária uma ação que

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