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brasileiro é
comparado com os
regimes de outros
cinco países que,
assim como o Brasil,
produzem
hidrocarbonetos em
águas profundas:
Angola, Austrália,
Estados Unidos,
Noruega e Reino
Unido.
A seção sobre o
sistema angolano
fornece indicações
sobre o regime que
se pretende
implantar no Brasil
para as áreas do
pré-sal e
estratégicas.
A análise mostra
como as principais
ferramentas fiscais
funcionam,
interagem e
impactam tanto a
rentabilidade de um
projeto de petróleo
quanto as receitas
governamentais.
Arte da capa e contracapa: Daniel Gill Barbosa
Índice
1
"A arte da tributação consiste em depenar o ganso de modo a se obter a maior quantidade possível
de penas com a menor quantidade possível de grasnidos." (Jean-Baptiste Colbert, ministro de Estado
e da economia do rei Luís XIV, França)
1-2 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Capítulo 1 - INTRODUÇÃO
Era para ter sido um livro sobre o regime fiscal brasileiro para o petróleo,
mas, na medida em que os assuntos foram se desdobrando, a comparação
com outros países tornou-se inevitável e o livro internacionalizou-se.
Desenvol Aban-
Licença Exploração Avaliação Produção
-vimento dono
2.1.2 Exploração
2.1.3 Avaliação
2.1.4 Desenvolvimento
2.1.5 Produção
2.1.6 Abandono
1
Operating expenditures (Opex).
2
Capital expenditures (Capex).
2-8 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
A Figura 2-8 é um modelo simplificado, construído com base nas seis etapas
acima mencionadas, dos fluxos de caixa antes da tributação de um campo de
petróleo. Esta visualização do empreendimento constitui o primeiro passo da
análise de como o regime fiscal interage com os aspectos econômicos de um
projeto de exploração e produção de petróleo.
Assinatura Plano de
do contrato Desenvolvimento
Receitas
Figura 2-8 - Estrutura temporal das receitas e dos custos (sem escala)
3
Abandonment expenditures (Abex).
2-9 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
2.3 Implicações
O segundo aspecto é que os projetos de óleo e gás são, por sua natureza, de
longo prazo, de capital intensivo, em que a maior parte dos custos de
investimento é incorrida no início do empreendimento. Há um lapso de tempo
significativo, frequentemente de muitos anos, entre a descoberta de
petróleo e o início da produção. Assim, as companhias petrolíferas têm que
aguardar um longo período até obter um retorno para seus investimentos.
Esse período denomina-se ‘payout’.
VF = VP x (1 + i)n
onde:
Figura 3-1
= valor futuro;
VF
VP = valor presente ou principal;
i = taxa de juros ou taxa de capitalização e desconto1;
1
A letra “i” da taxa de juros vem de interest (Inglês), interés (Espanhol), interesse (Italiano) e
intérêts financiers (Francês).
3-12 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
VP = VF / (1 + i)n = VF x [1 / (1 + i)n]
O VF mede qual seria o valor do 'dinheiro disponível hoje' numa data futura,
ao passo que o VP mede qual seria o valor de um dinheiro a ser
disponibilizado no futuro caso estivesse disponível hoje. Em ambas as
situações se aplicam taxas para fins de capitalização e de desconto.
Inflação
Uma vez que existe inflação, o poder de compra dos consumidores ficará
reduzido se houver demora em receber o dinheiro. Os valores expressos na
moeda do dia são valores correntes ou nominais. Os valores corrigidos para
a moeda de uma determinada data, para se eliminar os efeitos da inflação,
denominam-se valores reais.
Incertezas
Para passar um fluxo de caixa (FC) expresso em valor real para nominal, ele
deve ser capitalizado em n períodos, usando-se a taxa de inflação (inf):
Para passar um fluxo de caixa (FC) expresso em valor nominal para real, ele
deve ser descontado em n períodos, usando-se a taxa de inflação (inf):
FCLt = Rt – Ct - Tt
onde:
• FCLt é o fluxo de caixa líquido no período t;
'Government take'
80 70
0 1 2
100
80 70
0 1 2
100
Taxa de desconto = 6%
-100 80/(1,06)1
75 70/(1,06)2
62
-100 + 75 + 62 = +37
VPL = +37
2
As saídas de caixa incluem também a tributação paga ao governo.
3-19 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
120 140
0 1 2
200
Projeto A: VPL = +25
270 220
0 1 2
390
Projeto B: VPL = +37
300 350
0 1 2
600
Projeto C: VPL = -38
3
Hurdle rate.
4
Weighted average cost of capital (WACC).
5
Equity cost.
6
Debt cost.
3-21 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
120 140
0 1 2
200
O valor presente líquido (VPL) em função da taxa de desconto (i) é dado por:
3-23 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
0% 60
5% 41
10% 25
15% 10
18,9% 0
20% -3
25% -14
30% -25
VPL
70
60
50
TIR = 18,9%
40
30
20
10
-
-10 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
-20
-30
3.3.6 'Payout'
FC Acumulado
Ano Fluxo de Caixa FC Acumulado descontado
(10%)
1 (50) (50) (45,5)
2 (100) (150) (128,1)
3 10 (140) (120,6)
4 20 (120) (106,9)
5 80 (40) (57,3)
6 50 10 (29,0)
7 40 50 (8,5)
8 30 80 5,5
9 20 100 14,0
10 10 110 17,8
'Payout' (anos) 5,75 7,4
onde:
7
Também denominado Profitability Index (PI) ou NPV Index.
3-26 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Investimento A Investimento B
0 (500) - Data Zero
Ano 1 1 200 (15)
2 200 (20)
3 200 (5)
4 200 25
5 200 20
6 200 15
7 - 10
8 - 5
9 - 4
10 - 2
VP Capex 500 34
VPL Total 371 14
VPL Total/VP Capex 74% 42%
5.000
4.000
3.000 Receita
2.000 Custo
Tributação
1.000
Investimento
0 Poços de Avaliação
0 1 2 3 4 5 Poço Exploratório
-1.000
-2.000
-3.000
onde:
onde:
-450
1500
V P L ou V M E
1000 152
500
0
0 20 40 60 80 100 80 60 40 20 0
-500
Probabilidade de sucesso exploratório Probabilidade de sucesso da avaliação
-150
Fluxo
Ano Poço Poços de Investimento Custo Receita Tributação Caixa
Exploratório Avaliação Operacional Descontado
0 -150 -300 -450
1 -2.000 -1.818
2 -500 1.650 0 950
3 -500 2.750 -475 1.334
4 -500 2.200 -850 581
5 -500 1.650 -575 357
Totais -150 -300 -2.000 -2.000 8.250 -1.900 953
3-31 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Figura 3-11
A TIR é a taxa de desconto para a qual o VPL de uma dada série de fluxos
de caixa é zero. O investidor está preocupado, em primeiro lugar, com o
retorno que obterá para o seu investimento. Assim, ele não relutará em
investir numa jurisdição com um elevado 'government take', desde que
obtenha uma TIR satisfatória para o seu capital.
É alguém
Qual é o maior
resolver calcular
risco no seu
a sua taxa de
projeto?
retorno.
Figura 3-12
4-34 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Para tanto, escolhemos um campo bem grande, com 850 milhões de barris de
petróleo recuperáveis. Esse tamanho foi escolhido porque algumas figuras
fiscais só se aplicam a grandes campos ― a participação especial existente
no Brasil é uma delas.
'Nosso Campo'
Reserva recuperável 850 MMBbls1
Período de exploração 4 anos
Período de desenvolvimento 9 anos
Vida produtiva 20 anos
1
MMBbls = milhões de barris (M = mil unidades, MM = um milhão de unidades, Bbls = barrels = barris).
2
Floating Production Storage Offloading.
4-36 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Injeção de gás
Injeção d’água
Custo diário de perfuração: $500.000 por dia
Vazão inicial de cada poço produtor: 15.000 barris por dia
Taxa de declínio: 10% por ano
Custo aproximado de cada poço: $100 MM
Com base nas informações acima, vamos construir o fluxo de caixa antes da
tributação para o 'Nosso Campo'.
Inflação
Vamos considerar os valores da Tabela 4-1 como tendo sido obtidos no ano 1
do projeto, ou seja, os custos ali indicados estão em valores (milhões de
dólares) constantes do ano 1. Para trabalhar com dólares do dia, ou dólares
correntes, utilizaremos uma taxa média de inflação a ser aplicada aos
custos do ano 1.
onde:
Ccorrente é o custo em moeda corrente do ano em consideração;
Cconstante é o custo em moeda constante do ano de referência (ano 1);
inf é a taxa média anual de inflação (3% ao ano);
t é a diferença de tempo em anos entre o ano da moeda constante
(ano 1) e o ano da moeda corrente (ano em consideração).
3
A expressão 'current dollar' é usada nos Estados Unidos, enquanto no Reino Unido usa-se 'money of
the day'. Ambas se referem ao valor nominal ou corrente da moeda. Quando a moeda é referenciada a
uma determinada data, trata-se do valor real na moeda do ano de referência ('constant dollar'). Em
geral, esse ano de referência é o primeiro ano do projeto, quando as estimativas de custos são feitas.
4-38 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
A Tabela 4-2 mostra como foi feita a conversão dos custos de moeda
constante do ano 1 para a moeda corrente de cada ano. Para tanto, foi
utilizada a fórmula apresentada, considerando uma inflação média estimada
de 3% ao ano.
Dessa maneira, foi construída a Tabela 4-3 ― enquanto a Tabela 4-1 mostra
os custos do 'Nosso Campo' em valores constantes do ano 1, a Tabela 4-3
apresenta os custos do 'Nosso Campo' em valores correntes ou nominais de
cada ano.
Cenário de Preços
Pt = 75 x (1 + 3%)(t-1)
onde:
Pt é o preço corrente do petróleo no ano t;
75 é o preço do petróleo no ano 1 (ano base);
3% é a taxa média anual de inflação.
Figura 4-3
Por ora, vamos calcular a taxa interna de retorno (TIR) do fluxo de caixa da
Tabela 4-4. Trata-se da TIR antes da tributação. Para tanto, calcularemos o
VPL do projeto para uma série de taxas de desconto e construiremos um
gráfico com os pares de valores obtidos. A data de referência para o
desconto dos fluxos de caixa será 1° de janeiro do ano 1. A taxa de
desconto que anular o VPL será a TIR do projeto pré-tributação.
4-42 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Custo
CM
P R S T
Q N
M
X Y Z
CAMPOS DESENVOLVIDOS
Figura 5-1- Preço de venda (P) versus custo marginal de produção (CM)
A renda econômica
está por cima e
acima do lucro
normal
Renda
Econômica
Retorno
do Capital
Receita
Custo de
Bruta
Produção
Custo de
Desenvol-
vimento
Custo de
Exploração
Teoria do Agente-Principal
1
Na Austrália, os projetos de gás da plataforma noroeste estão sujeitos a royalties federais e os
projetos no continente a royalties estaduais.
2
As áreas de desenvolvimento conjunto entre a Austrália e o Timor Leste utilizam o regime de
partilha da produção.
6-49 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
6 - SISTEMAS DE LICITAÇÃO
1
Money left on the table.
6-51 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
2
‘Winner's curse’.
6-52 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Chega a hora da licitação e cada companhia faz sua oferta. Ofertando $10
milhões de bônus, a Companhia A cai fora da competição. A Companhia B não
tem chance com seus $5 milhões. A Companhia C comemora por ter pagado
$13 milhões por uma área que acredita valer $20 milhões.
6.4 Conclusões
Não se deve esperar que um sistema licitatório por bônus possa extrair a
renda econômica de forma precisa. Em muitas circunstâncias, a renda
econômica ex post divergirá da renda estimada antes dos trabalhos
exploratórios e de avaliação. Tais diferenças podem decorrer de resultados
inesperados dos trabalhos de exploração, sem falar da imprevisibilidade da
movimentação dos preços de petróleo.
Nesse particular, os sistemas licitatórios por bônus são mais neutros, muito
embora possam ocorrer casos da proposta vencedora ter o menor custo
exploratório, mas seu sucesso decorrer não da eficiência, mas do fato do
vencedor ter sido mais otimista com relação à probabilidade de encontrar
reservas ou ao cenário vislumbrado para os preços do petróleo.
7-55 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Capítulo 7
RYT
7.1 Conceito
A forma mais tradicional de tributação do petróleo é o royalty. Ele constitui
a recompensa do senhor da terra por permitir a explotação de um recurso
sobre o qual exerce a propriedade.
7.4.3 Regressividade
A característica regressiva do royalty pode fazer com que projetos tidos
como lucrativos antes de sua aplicação não mais o sejam após sua incidência.
Tal característica faz com que o royalty seja potencialmente danoso aos
campos de menor porte.
1
Department of Trade and Industry (DTI).
7-59 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
2
Deep Water Royalty Relief.
3
Royalty Suspension Volume.
7-60 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
7.5.3 Noruega
Na Noruega, até 1972 o royalty foi aplicado à alíquota fixa de 10%. Após
1972, passou-se a utilizar uma escala progressiva, na faixa de 8% a 16%,
dependendo da produção. A partir de 1° de janeiro de 1986, o royalty foi
abolido para todos os novos campos licenciados.
7.5.4 Angola
Dois diferentes regimes fiscais se aplicam à produção angolana. O contrato
de partilha da produção vem sendo aplicado à produção na plataforma
continental, ao passo que um regime de concessão tem sido aplicado à
produção na Província de Cabinda.
4
NYMEX price.
7-61 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
7.5.5 Austrália
Na Austrália são cobrados royalties pelos estados na lavra terrestre e em
águas costeiras, enquanto que o royalty federal se aplica à lavra marítima
correspondente ao projeto da Plataforma Noroeste.
7.6 Conclusão
O royalty é um contraponto aos impostos com fulcro nos lucros em vários
sentidos, sendo um deles no que diz respeito à antecipação de receitas.
Os royalties de alíquota fixa devem ser usados com moderação. Eles são
instrumentos fiscais primitivos e insensíveis às mudanças que ocorrem na
renda econômica decorrentes dos movimentos de preços ou das variações de
custos, pelo que não são eficientes para coletar a renda econômica.
8.2 Alíquota
8.3 Depreciação
1
A contribuição social sobre o lucro líquido incide sobre a mesma base de cálculo do imposto de
renda.
8-63 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Por outro lado, gastos cujo efeito ocorre no curto prazo são deduzidos das
receitas geradas no mesmo período em que são incorridos. Eles são
lançados, juntamente com as receitas, em contas de resultado do período
contábil. O resultado líquido (lucro ou prejuízo) de cada período é então
2
A amortização se refere à perda de valor de ativos intangíveis, em contraponto à depreciação, que
se aplica aos ativos tangíveis.
3
A exaustão indica a redução de valor de uma reserva à medida que os recursos naturais são
produzidos e vendidos.
4
Em inglês o acrônimo utilizado é DD&A = Depreciation, depletion and amortization
8-64 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Pelo exame da fórmula acima, percebemos que, dado um item de custo, caso
seja possível acelerar (aumentar) a sua depreciação, estar-se-á reduzindo a
base de cálculo e, consequentemente, o valor do imposto.
5
Em Inglês usa-se a expressão 'capitalize' para indicar a 'ativação' de um gasto e a expressão
'expensed' para descrever o tratamento dado aos gastos operacionais.
8-65 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Companhia
Bloco de
Bloco de
exploração A Campo de
exploração B Campo de Refinaria E
($100) petróleo C
($200) petróleo D +300
+250
+350
Base de cálculo do imposto de renda = - 100 – 200 + 250 + 350 + 300 = +600
No Reino Unido, as companhias que ainda não têm base tributável para dela
deduzir seus custos exploratórios, de avaliação e de desenvolvimento podem
transferir tais prejuízos, de um período contábil a outro, acrescidos de uma
taxa de juros de 6% (seis por cento) ao ano, por um período máximo de seis
anos. Essa medida está em vigor desde 1° de janeiro de 2006.
Tabela 8-1 - Métodos de depreciação de alguns custos de capital para fins de imposto de renda
Países
Tipo de custo
Brasil Estados Unidos Reino Unido Austrália Noruega
Bônus de assinatura Amortizar pelo método N/A N/A N/A
das unidades produzidas
Geologia e geofísica Amortizar ao longo da vida
do campo pelo método da
Poços exploratórios Amortizar 100% Amortizar 100%
linha reta ou das unidades Amortizar 100% no 1°ano
secos no 1° ano no 1° ano
produzidas
Poços exploratórios Amortizar 20% do custo
bem sucedidos em 7 anos (MACRS); 24%
Amortizar /
Poços de Amortizar pelo método em 5 anos (linha reta); e
depreciar
desenvolvimento das unidades produzidas7 56% no 1° ano6 Amortizar /
100% no 1°ano Amortizar /
Depreciar em 10 anos depreciar em 15
Instalações de Depreciar em 7 anos pelo depreciar em 6
(fixas) ou 20 anos anos pelo
produção método MACRS anos pelo método
(flutuantes) pelo método método da linha
(plataformas) (Sistema Modificado de da linha reta
da linha reta reta (6,67% ao
Recuperação Acelerada (16,67% ao ano)
Instalações Depreciar em 10 anos pelo ano)
de Custos)
submarinas método da linha reta
6
Alternativamente o método das unidades produzidas pode também ser usado.
7
Alternativamente pode-se usar o método da linha reta ao longo da vida do campo.
9-70 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
1
E. Cary Brown, professor de economia do Massachusetts Institute of Technology, publicou em 1948
um documento sobre um imposto sobre o fluxo de caixa.
9-71 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
líquido ― com total aporte de recursos por parte do governo quando o fluxo
de caixa líquido for negativo.
Mas nem por isso a idéia do senhor Brown passou despercebida e deixou de
ser utilizada. Um regime fiscal que se aproxima bastante da tributação do
fluxo de caixa é o regime norueguês.
Em geral, esse imposto tem muitas atrações, não somente pela sua
neutralidade, mas também dada a comparativa facilidade de se obter um
mecanismo sem distorções e automaticamente adaptável às mudanças
9-72 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
9.2.1 Noruega
Além disso, os prejuízos também podem ser vendidos para companhias com
receitas na plataforma continental.
2
praticamente imediato de 78% dos custos exploratórios . Esse
ressarcimento não inclui os custos financeiros e é limitado ao prejuízo
líquido verificado no ano.
O sistema fiscal para o petróleo desse país foi projetado para ser neutro,
de modo que um projeto de investimento que for rentável antes da
tributação também será rentável após a tributação. A neutralidade do
sistema norueguês reside no fato de que a fração de custos suportada pelo
governo é igual à fração das receitas que ele captura. Essa simetria implica
num sistema fiscal de fluxo de caixa que não distorce decisões econômicas
por parte das companhias de petróleo.
2
Petroleum Tax Act, Section 3 c (PTA S 3 c).
3
Ross Garnaut e Anthony Clunies Ross publicaram em 1975 um artigo no The Economic Journal que
abriu uma discussão global sobre a tributação da renda econômica dos recursos minerais. Em 1983,
ambos publicaram o livro The Taxation of Mineral Rent, Clarendon Press, Oxford.
9-74 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Muitos autores sustentam ser o RRT uma ferramenta fiscal apropriada para
coletar a renda econômica sem distorcer as decisões de investimento. E não
havendo distorção das decisões de investimento, para a felicidade dos
ministros de fazenda, altas alíquotas do RRT podem ser aplicadas.
Como o imposto tem por alvo a renda econômica, não é tarefa fácil
arrecadar grandes somas do imposto e, ao mesmo tempo, preservar a sua
neutralidade.
9-75 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Inibição da exploração
Período de apuração
'Ring fence'
4
As exceções a essa regra são os projetos de gás da plataforma noroeste, que estão sujeitos a
royalty e imposto de renda federal, os projetos no continente, que estão sujeitos aos royalties
estaduais, e as áreas de desenvolvimento conjunto com o Timor Leste, que estão submetidas ao
regime de partilha da produção.
9-78 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
5
LTBR = Long Term Bond Rate = taxa de juros de longo prazo da Austrália.
9-79 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Custos de abandono
1
Production Sharing Contract ou Production Sharing Agreement.
10-81 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
contrato. A forma de divisão pode ser (i) fixada previamente pela legislação,
(ii) negociada caso a caso ou (iii) objeto de licitação.
Mais tarde a própria Indonésia também modificou seu sistema para incluir o
imposto de renda. Os regimes atuais são, na realidade, regimes híbridos.
Os sistemas com base na produção não conseguem lidar bem com situações
de mudanças inesperadas na renda econômica decorrentes de alterações de
preços do petróleo. Por essa razão, nos contratos mais recentes a divisão do
Petróleo Lucro é função da taxa interna de retorno do projeto até o período
contábil imediatamente anterior (exemplo na Tabela 10-2).
10-83 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Figura 10-3
2
Em determinadas circunstâncias, mesmo com a divisão do Petróleo Lucro sendo uma função da taxa
de retorno, não há garantias de progressividade. Kjell Løvås e Petter Osmundsen demonstraram isso
no estudo ‘Tendências e conflitos de escolha na tributação do petróleo’. Quando os aumentos da taxa
de retorno proporcionados pelos aumentos de preços são de pequena monta, eles não são suficientes
para que haja mudança de faixa na escala. Com isso, os percentuais da divisão do Petróleo Lucro
permanecem inalterados com as mudanças de preços e não se obtém a progressividade no sistema.
10-84 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Contratos de
Concessão Partilha
Serviços
Todos os tipos, mas
Tipos de projetos Todos os tipos Todos os tipos usualmente não-
exploração
Proprietário das Companhia ou Governo (Cia Estatal Governo (Cia Estatal
instalações consórcio de Petróleo) de Petróleo)
Transferência de Na importação ou Na importação ou
Não há
titularidade das no início de no início de
transferência
instalações atividades atividades
Produção bruta Petróleo Custo +
Propriedade dos
menos Petróleo Lucro da Nenhuma
hidrocarbonetos
royalties companhia
Transferência de Ponto de entrega ou
titularidade dos Na cabeça do poço Ponto de medição Nenhuma
hidrocarbonetos fiscal
Direito da
Usualmente Nenhum
companhia sobre a Tipicamente ≈ 90%
de 50-60% (por definição)
produção
Participação do
Sim, não usual Sim, usual Sim, muito comum
governo
Controle do governo Muito pouco Maior controle Máximo controle
10.3 Angola
Figura 10-4
3
Multiplicador ou prêmio de investimento.
4
Profit oil split.
5
State equity.
6
Cost oil.
10-87 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Nos primeiros contratos, a parcela do Petróleo Lucro que cabia a cada uma
das partes (governo e companhia) era determinada a partir de uma escala
progressiva baseada na produção acumulada. Os percentuais de divisão do
Petróleo Lucro para cada faixa da tabela eram negociáveis contrato a
contrato.
A Tabela 10-1 mostra uma divisão típica do Petróleo Lucro que foi utilizada
para campos a profundidades inferiores a 100 metros de coluna d’água.
7
Uplift = X%, significa que (100% + X%) dos custos de capital são recuperáveis.
8
Profit oil.
10-88 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
A Tabela 10-2 mostra uma divisão típica do Petróleo Lucro usada nos
contratos mais recentes. O modelo de contrato de partilha da produção
admite até cinco diferentes divisões do Petróleo Lucro. Os percentuais irão
variar, portanto, de contrato a contrato. Ao se candidatar para obter uma
licença em águas profundas, as companhias devem especificar os valores de
taxa de retorno e a repartição do Petróleo Lucro entre o governo e a
companhia para cada um dos cinco níveis.
Para fins de cálculo desta TIR, que constitui a entrada na Tabela 10-2, o
fluxo de caixa líquido da companhia é definido como sendo formado pela
seguinte sequência: Petróleo para Recuperação de Custos da companhia mais
a parcela do Petróleo Lucro da companhia menos o Imposto sobre o
Rendimento do Petróleo (IRP) menos os gastos de desenvolvimento e os
custos operacionais.
onde:
Embora tal imposto tenha lá seu apelo inicial, uma análise completa revela
muitos problemas.
10.4.1 ‘Gold-plating’
Os contratos de partilha da produção levam a companhia contratada a
assumir os riscos nas fases de exploração e de desenvolvimento. O governo
tem, entretanto, interesse em assegurar que esses custos sejam mantidos
baixos porque, quanto menores eles forem, mais petróleo estará disponível
para fins de partilha.
Os locais chegaram
para o treinamento.
Não parecem nada
Hva er det? Kan jeg
amistosos!
få se sertifikatet
øyeblikkelig?
Figura 10-5
11-94 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Uma vez exercida a opção, o governo paga a sua parcela dos custos de
desenvolvimento e operacionais da data da declaração de comercialidade em
diante como qualquer outro sócio. Dessa forma, o governo é 'carregado'
durante a fase de exploração e de avaliação.
11.6 Conclusões
O grau de participação do governo no gerenciamento abrange uma ampla
faixa. O efeito financeiro de um sócio governo é semelhante àquele de
qualquer outro sócio, com poucas, embora significantes, exceções. Primeiro,
o governo é usualmente carregado durante a fase de exploração e pode ou
não reembolsar a companhia pelos custos de exploração pretéritos.
1
‘Back-in‘.
2
O termo utilizado quando isso ocorre é ‘heads up’ ou de cabeça erguida, em contraponto ao
carregamento.
11-96 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Reino Unido
Noruega
Angola
3
State’s Direct Financial Interest (SDFI)
12-98 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
O regime fiscal brasileiro data de 1997, ano em que a Lei do Petróleo foi
promulgada, mas a aplicação ocorreu somente no ano seguinte. O Brasil
segue a maneira usual de tributação das companhias sob um regime de
concessão, usando uma combinação de imposto de renda, royalty e uma
tributação especial sobre o petróleo, denominada participação especial1. O
royalty e a participação especial são aplicados no nível do campo, ao passo
que o imposto de renda se aplica no nível da companhia.
12.2 Royalty
1
Além desses três componentes principais, o regime contempla ainda o pagamento do bônus de
assinatura e de uma taxa anual de aluguel de área.
12-99 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
A PE foi criada para capturar os lucros dos grandes campos e também dos
mais rentáveis. Campos menores foram blindados da incidência da PE
através da estrutura de alíquotas. O gatilho da PE é acionado quando os
campos passam a produzir mais de 10 mil barris por dia, se localizados em
terra; 21 mil barris por dia, se localizados em águas rasas (< 200m); ou 31
mil barris por dia, se localizados em águas profundas (> 200m)2.
2
Esses limites são maiores e decrescentes nos três primeiros anos de produção.
12-100 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Além disso, as alíquotas são baseadas numa escala progressiva que é função
do nível de produção de cada trimestre do ano calendário. À medida que a
produção cresce, a alíquota da PE aumenta tendendo para um máximo de
40%. A alíquota também diminui com a produção, devendo-se observar que,
uma vez atingido o limite mínimo, não há mais incidência da PE.
3
PIS e COFINS são contribuições sociais, mas a palavra tributo está sendo usada aqui abrangendo
todas as formas de exação.
12-102 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Saldo pago ao
Tributação sobre as Governo
vendas de (A-B)
hidrocarbonetos
(A) Tributação Indireta
Recuperável (B) Receita Bruta da Produção (C)
Tributação Indireta
Não Recuperável (D)
Custos Custos de
Efetivos Exploração,
(D + E) Desenvolvimento e
Operacionais
(E)
Royalty (F)
Superficiário (G)
Aluguel
de Área (H)
Bônus (I)
P&D (J)
Provisão de
Abandono (K)
Prejuízo de períodos
anteriores (L)
Receita
Líquida da
Produção
(Base da PE)
(M)
M = C – (D + E + F + G + H + I + J + K + L)
Receita bruta
4
Não são recuperáveis: CIDE, II, IPI, IRRF e ISS.
5
PIS e COFINS podem ser compensados com outros tributos federais, como o imposto de renda.
6
Tributação sobre vendas domésticas de petróleo e gás natural compreende o ICMS, PIS e COFINS.
7
Tributação da renda das pessoas jurídicas (34%) = imposto de renda (25%) + CSLL (9%)
12-104 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Sempre que a ANP divulga a listagem mensal dos Preços de Referência, ela
diz expressamente que tais preços não incluem ICMS, PIS e COFINS.
Outro aspecto importante a frisar é que, uma vez que a PE tributa o lucro
do campo, aqueles volumes produzidos de hidrocarbonetos que não geram
lucro não devem ser considerados no cálculo da Receita Bruta de Produção.
É o caso dos volumes de gás queimado, qualquer que tenha sido a razão da
queima. Como o gás que é queimado não é vendido, ele não gera receita
alguma; tampouco lucro.
Adições à receita
Deduções
Mecanismo de
Ativado depreciação
Dedutível
Despesa
Tipo de
Custo
Figura 12-5
Não dedutível
12-105 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Custos de exploração
8
Portaria ANP n° 10/99, artigos 31 a 34, § 1°.
12-106 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Quem se der ao trabalho de examinar tal listagem não vai encontrar o ativo
'poço' por lá. Uma razão óbvia explica isso: como são ativos fixos, os poços
não são objeto de comércio entre diferentes países e, consequentemente,
não foram listados pelo Sistema Harmonizado.
9
Decreto 3000, de 26/03/1999.
10
Decreto 3000/99, art. 309, § 3°.
12-107 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Custos de desenvolvimento
Percentual Prazo
Item Exemplos
(%) (anos)
Sondas de perfuração 5% 20
Edifícios 4% 25
Tubulações 10% 10
Veículos operados
10% 10
remotamente (robôs)
12-108 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Custos operacionais
Outros ‘custos’
Outras deduções
Superficiário
Aluguel de área
Bônus
É interessante observar que tal dedução, além de não estar prevista na Lei
do Petróleo, representa uma exceção à regra do 'ring fence', pois os temas
objeto dos programas podem abranger toda a cadeia petrolífera do ‘poço ao
posto’, não estando restritos às atividades de exploração e produção, nem
tampouco ao projeto em consideração.
Provisão de abandono
11
Lei 9478/97, art. 50, § 1º - ‘A participação especial será aplicada sobre a receita bruta da
produção, deduzidos os royalties, os investimentos na exploração, os custos operacionais, a
depreciação e os tributos previstos na legislação em vigor’.
12-110 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Compensação de prejuízos
Esse mecanismo faz com que a PE somente seja exigível quando uma RLP
positiva for obtida.
12.4 Tributos
Petróleo
PIS COFINS ICMS
Venda para mesmo estado Sim Sim Sim
Venda para outro estado Sim Sim Não
Exportação Não Não Não
Gás Natural
PIS COFINS ICMS
Venda para mesmo estado Sim Sim Sim
Venda para outro estado Sim Sim Sim
Exportação Não Não Não
onde:
Por outro lado, quando o ICMS não incide sobre a venda de petróleo
(exportação ou venda para o Estado B), a companhia não tem como
recuperar o ICMS que pagou sobre as compras de materiais e equipamentos.
Esse ICMS não recuperável passa a ser um custo a mais a onerar a
companhia.
14
O petróleo e o gás natural estão fora do campo de incidência do IPI.
12-115 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
A Tabela 12-7 indica quais tributos são recuperáveis e quais não são.
Circunstancialmente, o ICMS ora é recuperável ora não é. O IPI e o ICMS
já foram comentados. Vamos aos demais.
Repetro
15
Ainda que essa estadia seja muito longa e dure muitos anos ...
12-116 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Materiais e equipamentos
P0 = 100
Base de cálculo
P0 x (1+IPI%)/
ICMS 148,31
{1-[ICMS%x(1+IPI%)]-PIS%-COFINS%}
P0 /
IPI, PIS e COFINS 141,24
{1-[ICMS%x(1+IPI%)]-PIS%-COFINS%}
Impostos e contribuições sociais
ICMS 19% 19% x 148,31 = 28,18
IPI 5% 6% x 141,24 = 7,06
PIS 1,65% 1,65% x 141,24 = 2,33
COFINS 7,60% 7,60% x 141,24 = 10,73
Tributação total 48,31
12-117 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
P0 = 100
Base de cálculo
II P0 100,00
IPI P0 + II 114,00
P0x{1+ICMS%x[II%+IPI%x(1+II%)]} /
PIS e COFINS 135,32
[(1-PIS%-COFINS%)x(1-ICMS%)]
(P0 + II$ + IPI$ + PI$ + COFIN$)/
ICMS 157,40
(1 - ICMS%)
Impostos e contribuições sociais
II 14% 14% x 100,00 = 14,00
IPI 5% 5% x 114,00 = 5,70
PIS 1,65% 1,65% x 135,32 = 2,23
COFINS 7,60% 7,60% x 135,32 = 10,28
ICMS 16% 16% x 141,24 = 25,18
Tributação total 57,40
Tanto o petróleo quanto o gás natural podem ser vendidos dentro e fora do
Brasil sem controle de preços. Porém, para fins de cálculo das participações
governamentais previstas na Lei do Petróleo (royalty e PE), os preços estão
sujeitos a certas normas.
16
Matéria pendente de regulação complementar.
17
Há exceções quando o custo é associado com o projeto do campo.
12-119 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Há duas regras para se fixar o Preço Mínimo, sendo uma regra principal e a
outra suplementar.
18
ppm = partes por milhão = 0,0001%
12-121 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
A B C
Rendimentos, % Destilado Destilado Destilado
A+B+C=100%
Leve Médio Pesado
Brent Datado 39,20% 44,90% 15,90%
D E F
Óleo
Gasolina Diesel
Preços, $/b Combustível Platt’s
10 ppm 10 ppm
1%
59,60 61,87 44,10
A B C
Rendimentos, % Destilado Destilado Destilado
A+B+C=100%
Leve Médio Pesado
Tupi 32,14% 27,69% 40,17%
D E F
Óleo
Gasolina Gasóleo
Preços, $/b Combustível Platt’s
10 ppm 0,1%
3,5%
59,60 58,98 41,86
Brent datado
Gasoduto de Transporte
Estação
City Gate
(*) Gasoduto de transferência
de uso exclusivo do concessionário
Estação
City Gate
2º. Exemplo: Alguns campos de pequeno porte no Brasil são operados por
companhias não refinadoras, ditas independentes. Dado o pequeno volume de
óleo produzido, isto é, por falta de escala, essas companhias não conseguem
exportar sua produção, restando-lhes vender o óleo para a Petrobras,
detentora, por força de quase 50 anos de monopólio, de praticamente todas
as refinarias do país. Num regime de oligopsônio, o comprador impõe seu
preço ao vendedor. Assim, o preço de venda nessas condições também não
atende às exigências ‘arm’s lenght’ para ser utilizado para fins de royalty e
de PE.
Os regimes mais simples serão analisados primeiro. A cada novo regime um novo
elemento fiscal será introduzido. Começaremos com um único elemento fiscal e
terminaremos com cinco elementos fiscais.
Assim, iniciaremos com um regime bem simples, o do Reino Unido, com apenas um
elemento fiscal, o imposto de renda.
Todos os cinco regimes mencionados até aqui são de concessão. O sexto e último
regime é um contrato de partilha da produção nos moldes empregados em Angola. O
13-127 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Tax’ - VAT (Reino Unido) e, nalgumas situações, o próprio ICMS (Brasil). Em geral,
na tributação das vendas de petróleo pelo imposto sobre o valor agregado, o fluxo
de caixa da companhia não é afetado.
LR = linha reta.
UP = unidades produzidas.
1
CO2 Tax.
2
Price cap.
3
Withholding Tax.
14-129 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Figura 14-1
FC = R – OPEX – CAPEX – RYT – PRT - IR
onde:
RYT é o royalty;
IR é o imposto de renda.
FC = R – OPEX – CAPEX – IR
4
O PRT (Petroleum Revenue Tax) foi abolido para os novos campos a partir de 16/03/1993.
14-130 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Analisamos o 'Nosso Campo' sob o regime do Reino Unido aplicável aos campos cujo
desenvolvimento foi aprovado após 1993, isto é, com a incidência apenas do imposto
de renda (normal e complementar) à alíquota combinada de 50%.
Para fins de imposto de renda, os ativos (Capex) são tratados da mesma forma que
os custos operacionais, isto é, são 100% depreciados no ano em que forem
incorridos5. Assim, os cálculos são bem mais simples e diretos.
5
First Year Allowance (FYA) = 100%
14-131 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
$ Milhões
A Produção Preço Receita Custos Depreciação Imposto Custos Fluxo Caixa
n Petróleo Petróleo Bruta Operac. Renda Capital Líquido
o MMb/ano $/b A B C D E F
1 - 75 - - - - 20 -20
2 - 77 - - - - 52 -52
3 - 80 - - - - 212 -212
4 - 82 - - - - 219 -219
5 - 84 - - - - 395 -395
6 - 87 - - - - 1.160 -1.160
7 - 90 - - - - 1.397 -1.397
8 32 92 2.944 246 4.894 - 1.439 1.259
9 44 95 4.180 253 469 631 469 2.827
10 55 98 5.390 261 483 2.323 483 2.323
11 66 101 6.666 269 497 2.950 497 2.950
12 75 104 7.800 277 512 3.506 512 3.506
13 73 107 7.811 285 185 3.671 185 3.671
14 65 110 7.150 294 - 3.428 - 3.428
15 59 113 6.667 303 - 3.182 - 3.182
16 53 117 6.201 312 - 2.945 - 2.945
17 48 120 5.760 321 - 2.720 - 2.720
18 43 124 5.332 314 - 2.509 - 2.509
19 39 128 4.992 308 - 2.342 - 2.342
20 35 132 4.620 300 - 2.160 - 2.160
21 31 135 4.185 294 - 1.946 - 1.946
22 28 140 3.920 288 - 1.816 - 1.816
23 25 144 3.600 282 - 1.659 - 1.659
24 23 148 3.404 276 - 1.564 - 1.564
25 21 152 3.192 270 - 1.461 - 1.461
26 18 157 2.826 264 - 1.281 - 1.281
27 17 162 2.754 259 1.078 709 1.078 709
D = 50% x (A – B – C)
A TIR pós-tributação, mostrada na Figura 14-2, é 42% ao ano. Era 54% ao ano
antes da tributação.
VPL, $MM
Taxa VPL Pós VPL Pré
1.000
0% 42.800 85.600 TIR = 42%
5% 19.503 39.344 800
10% 9.475 19.441
15% 4.800 10.145 600 TIR = 54%
20% 2.478 5.503
25% 1.266 3.056 400
30% 611 1.710
200
35% 249 944
40% 46 499
0
45% -67 235 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
50% -128 77 -200
55% -159 -17
60% -173 -73 -400
65% -176 -105 Pós-tributação Pré-Tributação
6
A resposta está com o Chancellor of the Exchequer.
15-133 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Capítulo 15 - AUSTRÁLIA
15.2 PRRT
O imposto sobre a renda do recurso petrolífero (PRRT) é o mecanismo de
tributação básico usado na Austrália para os projetos de petróleo e gás. Ele já foi
descrito no capítulo nove.
1
As exceções a essa regra são os projetos de gás da plataforma noroeste, que estão sujeitos a royalty e
imposto de renda federal, os projetos no continente, que estão sujeitos aos royalties estaduais, e as áreas de
desenvolvimento conjunto com o Timor Leste, que estão submetidas ao regime de partilha da produção.
2
Petroleum Resource Rent Tax (PRRT).
15-134 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Base de cálculo
Os gastos que não sejam de capital, tais como as despesas operacionais, são
dedutíveis no período em que forem incorridos.
No ano em que o abandono ocorre, se a base tributável for maior do que os custos
de abandono, a totalidade dos custos de abandono é deduzida. Caso contrário, o
governo concede um crédito tributário de 40% sobre o excesso dos custos de
abandono em relação à base tributável.
Fórmula de cálculo
onde:
$ Milhões
Ano Receita Custos Custos Depreciação PRRT Imp. Renda Fluxo Caixa
Bruta Operacionais Capital 30% Líquido
A B C D E F G
1 - - 20 - - - -20
2 - - 52 - - - -52
3 - - 212 - - - -212
4 - - 219 - - - -219
5 - - 395 - - - -395
6 - - 1.160 - - - -1.160
7 - - 1.397 - - - -1.397
8 2.944 246 1.439 393 - 691 568
9 4.180 253 469 353 - 1.072 2.386
10 5.390 261 483 385 1.807 881 1.958
11 6.666 269 497 418 2.360 1.086 2.454
12 7.800 277 512 452 2.804 1.280 2.927
13 7.811 285 185 465 2.936 1.238 3.167
14 7.150 294 - 465 2.742 1.095 3.019
15 6.667 303 - 465 2.546 1.006 2.812
16 6.201 312 - 465 2.356 921 2.613
17 5.760 321 - 465 2.176 840 2.424
18 5.332 314 - 465 2.007 764 2.247
19 4.992 308 - 465 1.874 704 2.107
20 4.620 300 - 465 1.728 638 1.954
21 4.185 294 - 465 1.556 561 1.774
22 3.920 288 - 465 1.453 514 1.665
23 3.600 282 - 143 1.327 554 1.436
24 3.404 276 - 112 1.251 530 1.347
25 3.192 270 - 80 1.169 502 1.251
26 2.826 264 - 46 1.025 447 1.090
27 2.754 259 1.078 1.090 567 251 599
E = M da Tabela 15-2
F = 30% x [ A – ( B + D + E ) ]
Figura 16-1
16.2 Bônus
Foi considerado o pagamento de um bônus de assinatura de US$100 milhões, a ser
amortizado com base no método das unidades produzidas.
16.3 Royalty
A alíquota atual do royalty no Golfo do México, tanto para águas rasas quanto para
águas profundas, está fixada em 18,75% desde março de 2008. O volume isento de
royalty é função do volume acumulado de produção de petróleo e depende da
profundidade média da água onde se localiza o campo. Em nossa análise,
consideramos um volume isento de 16 milhões de barris. Assim, não há pagamento
de royalty para os primeiros 16 milhões de barris produzidos. A partir dessa
produção, o royalty incide à alíquota de 18,75%.
muitos ativos, o sistema MACRS1, que acelera a recuperação dos custos (Tabela
16-1).
Anos MACRS
1 14,29%
2 24,49%
3 17,49%
4 12,49%
5 8,92%
6 8,92%
7 8,92%
8 4,46%
Total 100,00%
1
Modified Accelerated Cost Recovery System.
16-141 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
$ Milhões
Receita Bônus Custos Custos Depreciação Royalty Imp. Renda Fluxo Caixa
Ano Total Operacionais Capital 35% Líquido
A B C D E F G H
1 - 100 - 20 - - - -120
2 - - - 52 - - - -52
3 - - - 212 - - - -212
4 - - - 219 - - - -219
5 - - - 395 - - - -395
6 - - - 1.160 - - - -1.160
7 - - - 1.397 - - - -1.397
8 2.944 - 246 1.439 257 276 758 225
9 4.180 - 253 469 280 784 1.002 1.672
10 5.390 - 261 483 384 1.011 1.307 2.328
11 6.666 - 269 497 507 1.250 1.624 3.026
12 7.800 - 277 512 635 1.463 1.899 3.649
13 7.811 - 285 185 641 1.465 1.897 3.979
14 7.150 - 294 - 571 1.341 1.731 3.785
15 6.667 - 303 - 518 1.250 1.609 3.505
16 6.201 - 312 - 466 1.163 1.491 3.235
17 5.760 - 321 - 422 1.080 1.378 2.981
18 5.332 - 314 - 378 1.000 1.274 2.744
19 4.992 - 308 - 343 936 1.192 2.556
20 4.620 - 300 - 307 866 1.101 2.353
21 4.185 - 294 - 272 785 992 2.114
22 3.920 - 288 - 246 735 928 1.969
23 3.600 - 282 - 220 675 848 1.795
24 3.404 - 276 - 202 638 801 1.689
25 3.192 - 270 - 184 599 749 1.575
26 2.826 - 264 - 158 530 656 1.376
27 2.754 - 259 1.078 1.227 516 263 638
A TIR após a tributação é 35%, enquanto era 54% antes da tributação. O VPL
descontado à taxa de 10% ao ano é US$9.030 milhões. Antes da tributação, o VPL
era US$19.441 milhões.
Capítulo 17 - NORUEGA
1
Special Petroleum Tax (SPT) ou Special Tax (ST) ou Hydrocarbon Tax (HCT).
17-144 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
'Ring fence'
Base de cálculo
Custos de exploração
Depreciação
'Uplift'
Compensação de prejuízos
Abandono
Para fins de abandono, cada um dos seguintes itens constitui uma unidade
em separado: plataforma, instalações submarinas, plataforma utilizada como
alojamento e instalações para estocagem e manuseio de petróleo.
Base de cálculo
onde:
$ Milhões
A Receita Custos Custos Depreciação I.Renda SPT Part. Gov. Flx Cx
n Bruta Oper. Capital I.Renda SPT 28% 50% 30% Cia
o A B C D E F G H I
1 - - 20 - - - - -6 -14
2 - - 52 - - - - -16 -36
3 - - 212 - - - - -64 -148
4 - - 219 - - - - -66 -153
5 - - 395 - - - - -119 -277
6 - - 1.160 - - - - -348 -812
7 - - 1.397 - - - - -419 -978
8 2.944 246 1.439 876 1.237 510 730 6 13
9 4.180 253 469 882 1.279 853 1.324 384 897
10 5.390 261 483 962 1.395 1.167 1.867 484 1.129
11 6.666 269 497 1.045 1.515 1.499 2.441 588 1.373
12 7.800 277 512 1.131 1.278 1.790 3.123 630 1.469
13 7.811 285 185 1.161 1.287 1.782 3.119 732 1.708
14 7.150 294 - 358 447 1.820 3.204 550 1.282
15 6.667 303 - 280 332 1.704 3.016 493 1.151
16 6.201 312 - 199 213 1.593 2.838 437 1.020
17 5.760 321 - 116 116 1.490 2.661 386 901
18 5.332 314 - 31 31 1.396 2.494 338 790
19 4.992 308 - - - 1.312 2.342 309 721
20 4.620 300 - - - 1.210 2.160 285 665
21 4.185 294 - - - 1.089 1.946 257 599
22 3.920 288 - - - 1.017 1.816 240 559
23 3.600 282 - - - 929 1.659 219 511
24 3.404 276 - - - 876 1.564 206 482
25 3.192 270 - - - 818 1.461 193 450
26 2.826 264 - - - 717 1.281 169 395
27 2.754 259 1.078 1.078 1.078 397 709 94 218
2
(*) Inclui a participação do governo de 30%.
18-149 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Capítulo 18 - BRASIL
18.2 Bônus
Foi considerado o pagamento de um bônus de assinatura de US$100 milhões,
dedutível para fins de imposto de renda, mas não dedutível para fins de PE.
18.3 Royalty
Figura 18-2
1
No regime aduaneiro especial (REPETRO) a tributação federal é suspensa. Há incidência do ICMS (3%)
estadual sobre a plataforma.
18-150 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
O cálculo da tributação do capital é muito complexo para ser tratado aqui e daria
assunto para outro livro.
Além dos custos acima e dos royalties, serão deduzidos da receita bruta o
investimento com pesquisa e desenvolvimento (1% da receita bruta) e a provisão
de abandono. A provisão de abandono será distribuída em igual número de
parcelas ao longo da vida do campo.
A principal componente dos custos dos poços são serviços prestados por residentes e por não residentes.
Uma parcela significativa da tributação de serviços não é recuperável. O percentual usado de 10% é apenas
indicativo da ordem de grandeza da tributação não recuperável para poços de petróleo.
18-151 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Ano Receita Custos Deprec. Trib. Prov. Royalty P&D Base de Alíquota Participação
Oper. Indireta Aband. Cálculo Especial
A B C D E F G H I J
1 - - - - - - - - - -
2 - - - - - - - - - -
3 - - - - - - - - - -
4 - - - - - - - - - -
5 - - - - - - - - - -
6 - - - - - - - - - -
7 - - - - - - - - - -
8 2.944 246 448 8 54 294 - 1.894 - -
9 4.180 253 424 13 54 418 42 2.976 5,4% 161
10 5.390 261 486 19 54 539 54 3.977 13,7% 546
11 6.666 269 565 27 54 667 67 5.017 22,0% 1.103
12 7.800 277 658 36 54 780 78 5.917 24,1% 1.429
13 7.811 285 672 38 54 781 78 5.903 23,7% 1.400
14 7.150 294 633 34 54 715 72 5.348 21,7% 1.161
15 6.667 303 604 31 54 667 67 4.942 19,9% 981
16 6.201 312 574 28 54 620 62 4.550 17,9% 815
17 5.760 321 550 26 54 576 58 4.176 16,1% 674
18 5.332 314 324 23 54 533 53 4.031 14,2% 572
19 4.992 308 304 21 54 499 50 3.756 12,6% 473
20 4.620 300 285 19 54 462 46 3.454 10,6% 366
21 4.185 294 265 17 54 419 42 3.094 9,0% 280
22 3.920 288 250 16 54 392 39 2.881 7,9% 227
23 3.600 282 236 14 54 360 36 2.618 6,4% 168
24 3.404 276 226 13 54 340 34 2.460 5,2% 129
25 3.192 270 216 12 54 319 32 2.288 4,6% 105
26 2.826 264 201 11 54 283 28 1.985 3,7% 74
27 2.754 259 196 10 54 275 28 1.931 3,3% 65
Ano Receita Custos Deprec. Trib. Bônus Royalty P&D PE Base de Imp.Renda
Oper. Indireta Cálculo 34%
A B C D E F G H I J
1 - - - - - - - - - -
2 - - - - - - - - - -
3 - - - - - - - - - -
4 - - - - - - - - - -
5 - - - - - - - - - -
6 - - - - - - - - - -
7 - - - - - - - - - -
8 2.944 246 326 8 5 294 - - 2.065 702
9 4.180 253 374 13 5 418 42 161 2.914 991
10 5.390 261 435 19 5 539 54 546 3.531 1.200
11 6.666 269 515 27 5 667 67 1.103 4.013 1.365
12 7.800 277 608 36 5 780 78 1.429 4.587 1.560
13 7.811 285 622 38 5 781 78 1.400 4.602 1.565
14 7.150 294 583 34 5 715 72 1.161 4.286 1.457
15 6.667 303 554 31 5 667 67 981 4.060 1.380
16 6.201 312 524 28 5 620 62 815 3.835 1.304
17 5.760 321 500 26 5 576 58 674 3.601 1.224
18 5.332 314 273 23 5 533 53 572 3.557 1.210
19 4.992 308 254 21 5 499 50 473 3.382 1.150
20 4.620 300 234 19 5 462 46 366 3.187 1.084
21 4.185 294 215 17 5 419 42 280 2.914 991
22 3.920 288 200 16 5 392 39 227 2.753 936
23 3.600 282 185 14 5 360 36 168 2.549 867
24 3.404 276 176 13 5 340 34 129 2.431 826
25 3.192 270 166 12 5 319 32 105 2.282 776
26 2.826 264 151 11 5 283 28 74 2.010 684
27 2.754 259 146 10 5 275 28 65 1.966 668
99.394 5.676 7.040 419 100 9.939 965 10.728 64.527 21.939
H = J da Tabela 18-1
I=[A–(B+C+D+E+F+G+H)]
J = 34% x I
18-153 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
$ Milhões
Ano Receita Custos Custos Trib. Bônus Royalty P & D Participação Imposto Fluxo
Oper. Capital Indireta Especial Renda Caixa
A B C D E F G H I J
1 - - 20 2 100 - - - - -122
2 - - 52 5 - - - - - -57
3 - - 212 21 - - - - - -233
4 - - 219 22 - - - - - -241
5 - - 395 9 - - - - - -404
6 - - 1.160 34 - - - - - -1.194
7 - - 1.397 55 - - - - - -1.452
8 2.944 246 1.439 57 - 294 - - 702 206
9 4.180 253 469 47 - 418 42 161 991 1.799
10 5.390 261 483 48 - 539 54 546 1.200 2.258
11 6.666 269 497 50 - 667 67 1.103 1.365 2.649
12 7.800 277 512 51 - 780 78 1.429 1.560 3.113
13 7.811 285 185 19 - 781 78 1.400 1.565 3.499
14 7.150 294 - - - 715 72 1.161 1.457 3.451
15 6.667 303 - - - 667 67 981 1.380 3.269
16 6.201 312 - - - 620 62 815 1.304 3.088
17 5.760 321 - - - 576 58 674 1.224 2.907
18 5.332 314 - - - 533 53 572 1.210 2.650
19 4.992 308 - - - 499 50 473 1.150 2.512
20 4.620 300 - - - 462 46 366 1.084 2.362
21 4.185 294 - - - 419 42 280 991 2.160
22 3.920 288 - - - 392 39 227 936 2.038
23 3.600 282 - - - 360 36 168 867 1.887
24 3.404 276 - - - 340 34 129 826 1.798
25 3.192 270 - - - 319 32 105 776 1.689
26 2.826 264 - - - 283 28 74 684 1.494
27 2.754 259 1.078 - - 275 28 65 668 381
99.394 5.676 8.118 419 100 9.939 965 10.728 21.939 41.510
A TIR após a tributação é 33% ao ano, enquanto era antes 54%. O VPL
descontado à taxa de 10% ao ano é US$8.306 milhões. Antes da tributação, o
VPL era US$19.441 milhões.
VPL, $MM
Taxa VPL Pós VPL Pré 1.000
0% 41.510 85.600
5% 18.102 39.344 800
10% 8.306 19.441
600 TIR = 54%
15% 3.888 10.145
20% 1.776 5.503 TIR=33%
400
25% 723 3.056
30% 185 1.710 200
35% -93 944
40% -234 499 0
45% -301 235 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
50% -328 77 -200
55% -334 -17
-400
60% -328 -73
65% -316 -105 -600
Pós-tributação Pré-Tributação
Capítulo 19 - ANGOLA
Figura 19-1
1
Price Cap.
19-157 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
19.3 Bônus
Assumiremos também que a companhia pagou um bônus de assinatura de
$100 milhões pelos direitos de lavra. O bônus de assinatura é integralmente
suportado pela companhia e não é recuperável como Petróleo Custo nem
dedutível no cálculo do imposto sobre os rendimentos do petróleo (IRP).
2
‘Uplift’ ou prêmio de 50%.
19-158 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
19.8 ‘Gold-plating’
No 13° ano do projeto, a companhia investiu $148,0 milhões na perfuração
de poços. Nesse período, a divisão do petróleo lucro foi 80%:20% em favor
do governo. Ao incorrer nesse custo de $148,0, a companhia fez jus a uma
recuperação de custos de $222,0 devido ao ‘uplift’ (150% x $148,0). O
acréscimo de custos provocou uma redução do petróleo lucro da companhia
de $29,6 (= 20% x $148,0), mas, em contrapartida, o imposto sobre os
rendimentos do petróleo (IRP) foi reduzido em $14,8 (= 50% x $29,6).
Somando-se os custos (-) e as receitas (+) da companhia, obtém-se:
$ Milhões
A Receita Custos Prov. Deprec. C. Totais a Limite de Recuperação Encalhes
n Oper. Aband. C.Cap. Recuperar Recuper. de Custos
o A B C D E F G H
1 - - - - - - - -
2 - - - - - - - -
3 - - - - - - - -
4 - - - - - - - -
5 - - - - - - - -
6 - - - - - - - -
7 - - - - - - - -
8 2.355 197 - 1.504 1.701 942 942 759
9 3.344 202 - 1.587 1.790 1.338 1.338 1.211
10 4.312 209 - 1.732 1.941 1.725 1.725 1.427
11 5.333 215 - 1.881 2.097 2.133 2.133 1.391
12 6.240 222 - 588 810 2.496 2.201 -
13 6.249 228 - 503 731 2.500 731 -
14 5.720 235 - 358 593 2.288 593 -
15 5.334 242 - 209 452 2.133 452 -
16 4.961 250 - 56 305 1.984 305 -
17 4.608 257 - - 257 1.843 257 -
18 4.266 251 - - 251 1.706 251 -
19 3.994 246 - - 246 1.597 246 -
20 3.696 240 152 - 392 1.478 392 -
21 3.348 235 135 - 370 1.339 370 -
22 3.136 230 122 - 352 1.254 352 -
23 2.880 226 109 - 334 1.152 334 -
24 2.723 221 100 - 321 1.089 321 -
25 2.554 216 91 - 307 1.021 307 -
26 2.261 211 78 - 290 904 290 -
27 2.203 207 74 - 281 881 281 -
$ Milhões
A B C 25% 40% 60% 80% 90% I
Ano Petróleo Noção de Fluxo
Lucro Imp. Renda Base 115% 125% 130% 140% 140%
25%
1 - - - - - - - - 25%
2 - - - - - - - - 25%
3 - - -170 -170 -170 -170 -170 -170 25%
4 - - -175 -370 -387 -396 -413 -413 25%
5 - - -316 -742 -800 -830 -894 -894 25%
6 - - -928 -1.781 -1.928 -2.007 -2.179 -2.179 25%
7 - - -1.118 -3.166 -3.528 -3.727 -4.168 -4.168 25%
8 1.413 530 124 -3.517 -4.286 -4.722 -5.712 -5.712 25%
9 2.006 752 1.512 -2.532 -3.844 -4.626 -6.484 -6.484 25%
10 2.587 970 2.100 -812 -2.706 -3.914 -6.978 -6.978 25%
11 3.200 1.200 2.720 1.787 -662 -2.367 -7.049 -7.049 40%
12 4.040 1.212 2.781 4.836 1.954 -296 -7.087 -7.087 60%
13 5.518 1.104 1.459 7.020 3.901 1.073 -8.464 -8.464 80%
14 5.127 513 871 8.944 5.747 2.266 -10.978 -10.978 80%
15 4.882 488 697 10.983 7.881 3.643 -14.673 -14.673 80%
16 4.656 466 521 13.151 10.372 5.257 -20.021 -20.021 80%
17 4.351 435 435 15.559 13.400 7.270 -27.594 -27.594 80%
18 4.014 401 401 18.294 17.151 9.852 -38.230 -38.230 80%
19 3.747 375 375 21.413 21.814 13.182 -53.147 -53.147 80%
20 3.304 330 483 25.108 27.750 17.620 -73.923 -73.923 80%
21 2.978 298 433 29.307 35.121 23.339 -103.059 -103.059 80%
22 2.784 278 400 34.103 44.301 30.741 -143.882 -143.882 80%
23 2.546 255 363 39.582 55.740 40.326 -201.072 -201.072 80%
24 2.402 240 340 45.859 70.015 52.764 -281.160 -281.160 80%
25 2.246 225 316 53.054 87.835 68.910 -393.308 -393.308 80%
26 1.971 197 276 61.288 110.069 89.858 -550.355 -550.355 80%
27 1.922 192 266 70.748 137.853 117.082 -770.231 -770.231 80%
Cada uma das 5 colunas seguintes à coluna do fluxo base (C) corresponde ao
fluxo base acumulado capitalizado às taxas de 15%, 25%, 30%, 40% e 40%,
respectivamente. Quando o fluxo base acumulado se torna positivo, a taxa
de desconto correspondente foi atingida e o gatilho da Tabela 19-2 é
acionado; a divisão do petróleo lucro sobe um degrau na Tabela 19-2.
19-163 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
$ Milhões
Bt = At x Dt-1
Ct = At – Bt
19-164 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
$ Milhões
A B C D E F G H I
A Saldo Carregamento Receita Saldo Juros Pagto Saldo Carregto
n Inicial Exp. Des. Líquida Médio Carregto Final do Estado
o
1 - 4 - - 2 0 - 4 4
2 4 10 - - 9 1 - 15 10
3 15 - 42 - 37 3 - 61 42
4 61 - 44 - 83 7 - 111 44
5 111 - 79 - 151 12 - 202 79
6 202 - 232 - 318 25 - 460 232
7 460 - 279 - 599 48 - 787 279
8 787 - 288 407 727 58 407 726 -119
9 726 - 94 597 474 38 597 260 -504
10 260 - 97 783 49 4 361 - -264
11 - - 99 979 - - 99 - -
12 - - 102 1.202 - - 102 - -
13 - - 37 1.229 - - 37 - -
14 - - - 1.243 - - - - -
15 - - - 1.151 - - - - -
16 - - - 1.061 - - - - -
17 - - - 979 - - - - -
18 - - - 903 - - - - -
19 - - - 843 - - - - -
20 - - - 781 - - - - -
21 - - - 704 - - - - -
22 - - - 657 - - - - -
23 - - - 600 - - - - -
24 - - - 566 - - - - -
25 - - - 528 - - - - -
26 - - - 463 - - - - -
27 - - - 451 - - - - -
$ Milhões
Ano Petróleo Petróleo Custo Deprec. Fluxo Caixa Base Base de Imp.Renda
Custo Lucro Oper. Total Carregto Primária Cálculo 50%
A B C D E F G H
1 - - - - 4 -4 - -
2 - - - - 10 -10 - -
3 - - - - 42 -42 - -
4 - - - - 44 -44 - -
5 - - - - 79 -79 - -
6 - - - - 232 -232 - -
7 - - - - 279 -279 - -
8 942 1.060 197 1.447 -119 478 - -
9 1.338 1.505 202 1.587 -504 1.556 1.339 670
10 1.725 1.940 209 1.732 -264 1.988 1.988 994
11 2.133 2.400 215 1.881 - 2.436 2.436 1.218
12 2.201 2.424 222 588 - 3.814 3.814 1.907
13 731 2.207 228 503 - 2.207 2.207 1.104
14 593 1.025 235 358 - 1.025 1.025 513
15 452 976 242 209 - 976 976 488
16 305 931 250 56 - 931 931 466
17 257 870 257 - - 870 870 435
18 251 803 251 - - 803 803 401
19 246 749 246 - - 749 749 375
20 392 661 240 - - 813 813 407
21 370 596 235 - - 731 731 365
22 352 557 230 - - 679 679 339
23 334 509 226 - - 618 618 309
24 321 480 221 - - 581 581 290
25 307 449 216 - - 541 541 270
26 290 394 211 - - 473 473 236
27 281 384 207 - - 458 458 229
H = 50% x G
19‐166 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
$ Milhões
O 'government take'
descontado a 10% ao ano é
US$16.242 milhões
(= 19.441 – 3.199) ou 84% 3
(16.242/19.441).
3
Inclui 20% de participação do governo.
20-168 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
A Tabela 20-1 resume os principais termos fiscais dos seis países analisados
e a Tabela 20-2 mostra os valores dos três principais indicadores
econômicos utilizados para medir o desempenho dos regimes fiscais de cada
país.
Reino
País Angola Austrália Brasil EUA Noruega
Unido
Partilha
Regime da Concessão Concessão Concessão Concessão Concessão
produção
Bônus e Programa Programa Programa
Licitação termos do de Bônus Bônus de de
contrato trabalho trabalho trabalho
Participação
20% - - - 30% -
do governo
Royalty - - 10% 18,75% - -
Imposto de
50% 30% 34% 35% 28% 50%
renda
Imposto
especial s/ - 40% 0% - 40% - 50% -
petróleo
100%
Government Take @ 10%
80% Angola
Austrália
60% Brasil
Estados Unidos
40%
Noruega
Reino Unido
20%
0%
20% 25% 30% 35% 40% 45%
TIR (%)
30.000
25.000
20.000
Partic. Gov
15.000 VPL Cia
Tributação
Custos Gov
10.000
Custos Cia
5.000
-
Angola Austrália Brasil EUA Noruega Reino
Unido
Da mesma forma, pode não parecer correto comparar dois regimes fiscais
quando um tem bônus de assinatura e o outro não. Porém, simplesmente
ignorar o bônus também seria um grande equívoco. Por essa razão, nos
regimes que o utilizam (Brasil, Estados Unidos e Angola) o bônus foi
considerado. Foi adotado um mesmo valor para os três países. A ordem de
grandeza do bônus foi escolhida de forma a não interferir drasticamente
nos resultados.
Capítulo 22 - PRÉ-SAL
Muita atenção está sendo dada nos dias de hoje ao novo sistema fiscal a ser
adotado pelo Brasil. Grandes descobertas verificadas nos últimos anos na
camada do pré-sal levaram o governo brasileiro a puxar o freio de
arrumação para repensar o assunto.
Outro risco que o Brasil corre, desta feita ao incluir o regime de partilha da
produção no seu cardápio de sistemas fiscais, pode ser explicado por duas
leis, a de van Meurs2 e a de ‘van Peta’.
1
O sistema ‘ideal’ proposto por Johnston compreendia um esquema de partilha da produção com base
na taxa de retorno, com 50% de limite para recuperação de custos, com bônus, sem royalty, sem
tributação do investimento, com ‘ring fencing’, com a aplicação do mecanismo ‘tax in lieu’ e uma
participação de 10% do governo, carregado até a confirmação da descoberta.
2
Pedro van Meurs, geólogo e economista holandês radicado no Canadá, especialista em regimes
fiscais.
22-178 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
não se pode dizer com relação a Angola, que possui um cardápio sortido:
concessão e partilha.
3
Na Austrália a administração do imposto cabe ao Australian Taxation Office (ATO) e na Noruega a
apuração é feita pelo Oil Taxation Office (OTO), cabendo a revisão ao Oil Tax Board (OTB).
4
Vamos ver o que vem por aí.
179 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Acrônimo Descrição
ANP Agência Nacional do Petróleo
b/d Barril por dia
BTU British Termal Unit (unidade de energia térmica)
CAPEX Custo de Capital (Capital Expenditure)
cf Pé cúbico (cubic foot)
CIDE Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico
CIF Custo, Seguro e Frete (Cost, Insurance and Freight)
CNPJ Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas
COFINS Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social
CONFAZ Conselho Nacional de Política Fazendária
CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
E&A Exploração e Avaliação
E&P Exploração e Produção
FCD Fluxo de Caixa Descontado
FCL Fluxo de Caixa Líquido
FOB Livre a Bordo (Free On Board)
Unidade Flutuante de Produção, Estocagem e Transbordo
FPSO
(Floating Production Storage Offloading)
G&G Geologia e Geofísica
Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços
ICMS Interestaduais e Intermunicipais de Transporte e de
Comunicação
II Imposto de Importação
Instrução Normativa expedida pela Secretaria da Receita
IN-SRF
Federal
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados
IR Imposto de Renda
IRRF Imposto de Renda Retido na Fonte
IRPJ Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas
IRP Imposto sobre os Rendimentos do Petróleo (Angola)
ISS Imposto sobre Serviços
M 1.000 (mil)
m3 Metro cúbico
180 Tributação do petróleo no Brasil e em outras jurisdições
Acrônimo Descrição
Mboepd 1.000 barris de óleo equivalente por dia
MF Ministério da Fazenda
MM 1.000.000 (milhão)
MMb Milhões de barris
NPV Net Present Value
OPEX Custo Operacional (Operating Expenditure)
PE Participação Especial
Contribuição Social para o Programa de Integração Social do
PIS
Trabalhador
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PRT Petroleum Revenue Tax (Reino Unido)
PRRT Petroleum Resource Rent Tax (Austrália)
REPETRO Regime Aduaneiro Especial para a Indústria do Petróleo
RYT Royalty ou Royalties
R&D Pesquisa e Desenvolvimento (Research and Development)
SPT Special Petroleum Tax (Noruega)
SRF Secretaria da Receita Federal
TIR Taxa Interna de Retorno
VPL Valor Presente Líquido
CONVERSÕES ÚTEIS
1 m3 = 6,29 barris
1 m3 = 35,3 cf
BIBLIOGRAFIA
Carol Nackle
*StatoilHydro ASA
(http://siteresources.worldbank.org/INTOGMC/Resouces/fiscal_systems_
for_hydrocarbons.pdf)
Participou de
projetos na África
do Sul, em Angola,
nos Estados Unidos,
em Moçambique e na
Noruega.
Trabalhou na
Petrobras, na
Secretaria da
Receita Federal do
Ministério da
Fazenda e na
Agência Nacional do
Petróleo.