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Processo Civil I

Direito Processual Civil:


• Função jurisdicional do Estado – o seu exercício consiste na prestação da atividade de realização do
Direito no caso concreto.
• O direito dos cidadãos a obter do Estado essa prestação – direito à jurisdição/direito de ação.
• Instrumento pelo qual se exerce a atividade jurisdicional e o direito de ação.

No Direito Português vigora o Princípio da Proibição da autotutela privada – artigo 1 do CPC.


[justiça pelas próprias mãos. Não podemos fazer valer para exigir em direito (proibição da autodefesa). A
pessoa não pode por si só agir de um modo a tentar solucionar de forma direta o litígio].

Autotutela:
Quando as partes solucionam as suas contendas de maneira direta, sem a intervenção de um
terceiro estranho à própria lide. Ex. Caso o devedor não pague uma dívida, o credor poderia se apropriar de
um bem dele de valor equivalente ao crédito.
Atuação do agente no sentido de solucionar de forma direta o litígio que impõem alguém, sem
intervenção de um estranho à própria situação. Ex. Alguém dever-me e a apropriar-me de um bem
equivalente, vou a casa de quem me deve e aproprio-me de um relógio xpto para fazer com que a dívida
fique pague, NÃO É POSSÍVEL! Autotutela é proibida. Artº 1 CPC.

Exceto:
• Ação direta- Art.336º CC;
• Legítima defesa-Art.337º CC;
• procedimentos cautelares- Art.362º e ss CPC (acautelar qualquer situação, ou seja, se alguém
suspeitar que o seu direito vai ser colocado em risco pode lançar em mão às providencias
cautelares. Exemplos: embargos de obra: vizinho construí um muro demasiado alto e esta a emergir
para a nossa propriedade, se for com uma ação normal essa ação vai levar-me meses/ano, quando
for obter a sentença já não produz efeitos, devido ao meu vizinho ter concluído a sua obra. Então
como ele está a ameaçar esse perigo, posso lançar mão de embargo de norma obra que é
precisamente uma providência cautelar. Com este procedimento cautelar é muito mais rápido. Vou
ter uma decisão num espaço de curto tempo, assim o vizinho é obrigado a demolir o muro, por
vezes em mês e meio/dois meses. A partir do embargo ele tem de parar a obra, o que é ótimo, e
para alem disso ele depois tem de parar assim como está sujeito a demolir.)

Artº 362 CPC “Sempre que alguém mostre fundado receio de que outrem cause lesão grave e
dificilmente reparável ao seu direito, pode requerer a providência conservatória ou antecipatória
concretamente adequada a assegurar a efetividade do direito ameaçado.” Em face da violação ou ameaça
de violação da norma, o titular do interesse por ela tutelado poderá desencadear os mecanismos previstos
para a garantia da sua efetividade (recurso processual do Código Processo Civil).
Esses mecanismos são o recurso às normas DPC. Nós temos de nos socorrer do CPC. Se nos
sentirmos o nosso direito violado ou ameaçado dessa violação, aquilo que a lei determina é que uma vez
que nos proíbe da autotutela nós vamos como titulares do direito/interesse, vamos ter de desencadear
mecanismos que existem para que nos possamos garantir a efetividade da realização desse nosso direito,
para que se tornem efetivos.
As normas do DPC regulam:
• A atuação dos sujeitos de Direito Privado nos tribunais com vista à realização em concreto dos seus
direitos subjetivos.
• A atuação dos tribunais destinada à realização em concreto do Direito Privado.

As normas regulam a atuação não só do Tribunal, mas também dos sujeitos privados (regulam
atuação dos sujeitos.)
Se eu recorrer a estas normas, irá regular a atuação do visado e de ambas as partes. Ou seja nós
vamos ter estas normas efetivamente a regular a atuação, não só do tribunal mas também na atuação dos
sujeitos do D.Privado. Quando se fala em sujeitos de direito há uma relação jurídica que se estabelece entre
as partes. Exemplo: A e B têm uma relação jurídica. Imaginamos que o A é o titular do direito subjetivo. A
este direito subjetivo corresponde ao dever/sujeição. Quando falamos nas normas estas vão regular a
atuação dos sujeitos do direito dos tribunais com vista a realização dos direitos subjetivos. Porquê que as
normas regulam isto mesmo? Porque tem de ser este sujeito têm de lançar mão aos mecanismos para
poder efetuar o seu direito.
Mas quando este indivíduo lança a mão aos mecanismos do PC para fazer valer o seu direito, do
outro lado tem de estar forçosamente um outro sujeito e este é o sujeito do dever ou da sujeição. Ao A nós
vamos chamar ao nosso “Autor” e ao B vamos chamar “Réu”. Quando estamos a falar de procedimento
cautelar já não falamos de “autor” nem de “réu” iremos chamar “requerente” (da providência) e “requerido”
(da providência).
Iremos ter uma relação tripartida, ou seja, iremos ter “as partes” (Autor, Réu e tribunal) [parte- é
aquele que pede ou contra quem pede um juízo. Partes são os sujeitos parciais, interessados no desfecho
da demanda. São aqueles que pedem ou contra quem é pedida uma providencia jurisdicional. Denominam-
se como autor e réu.]. Atuação dos Tribunais destinados à realização em concreto do direito privado. Os
Tribunais têm a função do Estado (privado). O Estado exerce a junção jurisdicional.

O Estado tem várias funções, uma delas é jurisdicional, ou seja, ele tem de assegurar que os
Tribunais estejam preparados para as decisões e nós possamos recorrer aos mesmos. Por tanto, o Estado
determina no Art.220º CRP que a função jurisdicional é atribuída aos Tribunais, e como os Tribunais estão a
exercer uma função do Estado aparece o tal ius imperiu, daí a obrigatoriedade não só destas normas como
também a obrigatoriedade e a vinculação das decisões. As decisões dos Tribunais são para cumprir, sendo
que, o resultado para que tende a atividade processual constitui decisão (a sentença), e esta tem poder
vinculativo. É por isso que temos e falamos em Direito Público.

“Processo”:
• Transmite-nos a ideia de um determinado percurso da realização continua e prolongada de
uma atividade. traduz uma sequência de atos/operações que apresentam uma certa
unidade; um modo de proceder. O desenrolar de atos.

instaurar um processo petiçao inicial

Quando entra a petição inicial em Tribunal este é o primeiro dos atos, o tal encadeamento de atos,
a tal sequência de atos, as tais operações. Esses atos iniciam todos com a chamada “Petição Inicial”.
Processo em sentido jurídico para a solução de um litigio

Quando falamos em Sentido jurídico vamos mais além, não ficamos só pela tal sequência de atos,
com o tal método que é sempre o mesmo.
É uma sequência de atos destinados à justa composição por um órgão imparcial de autoridade
(tribunal) de um litígio/ de um conflito de interesses, para pôr fim chegar á sentença (Em processo
declarativo não há decisões coletivas). (A sentença tem força vinculativa quando transita em julgado).
Tínhamos o A a praticar os atos, neste caso começa pela petição inicial, mas não chega isso, o A tem
de ter em vista a justa composição do litigio. Quer que se solucione aquele litígio, aquele conflito que o
impõem ao B. Mas também não chega só. Temos que tentar a tal relação tripartida, então falta-nos aqui o
Tribunal ( a tal autoridade). Vai ser decidido por um órgão imparcial da autoridade que é o Tribunal. Tendo
um resultado. Sendo que, o resultado para que tende a atividade processual constitui a decisão – Sentença.

Em sentido jurídico
✓ é ir mais além;
✓ justa composição, querer solucionar;
✓ a decisão compete um órgão imparcial.

Montalvão Machado “O direito processual civil é o conjunto das regras e dos comandos normativos que
acompanham a vida de uma ação em tribunal, desde que ela é instaurada até ser proferida decisão que lhe
ponha termo.”

D.P.C: trata-se de uma disciplina jurídica que regula o conjunto de atos e formalidades destinados a tutelar
situações jurídicas subjetivas, dando expressão á posição das partes (o titular do direito subjetivo e do
dever jurídico), com vista á decisão do tribunal.

Caraterísticas do Direito Processo Civil


• É um ramo de direito público, Porque se destina a conseguir a justa composição de um litígio entre
os individual- poderia parecer, à luz de um primeiro raciocínio, que se tratava de um ramo direito
privado- contudo, o DPC regula o exercício da função jurisdicional pelos tribunais (Art.202º nº1
CRP)- uma função pública na qual o Estado aparece investido de soberania impondo uma autêntica
subordinação às partes o que explica e justifica o caráter vinculativo das decisões judiciais.
É ao Estado que cabe a função jurisdicional. Como é uma função pública – ius imperium.
Doutra maneira não poderia ser até por causa do caráter vinculativo das decisões judiciais-
sentenças vinculam as partes. A partir do momento que transita em julgado tem força vinculativa.
Enquanto não transitar em julgado, vamos aguardar a decisão do Tribunal Superior. Na situação de
haver um transito em julgado, não há dúvida que se torna vinculativa e as partes são obrigadas a
cumpri-las nos precisos termos em que são condenados.

• É um direito instrumental, porque está ao serviço do direito privado, “funcionando” como


instrumento de aplicação concreta deste á realidade e ao dia-a-dia.
Exemplo: Art.1311º CC prescreve que: “O proprietário pode exigir judicialmente de qualquer
possuidor ou detentor da coisa o reconhecimento do seu direito de propriedade e a consequente
restituição do que lhe pertence.” Ora, os direitos e os deveres estão genericamente desenhados no
CC, mas se os deveres forem violados e houver necessidade de recorrer aos tribunais para fazer
valer os respetivos direitos, caberá ao DPC fornecer ao titular destes o modo de os executar
judicialmente. O direito processual não teria sentido ou existência se faltasse o direito substantivo-
de onde resulta a norma a respeitar. No CC estão os direitos e os deveres, mas quanto esses direitos
são violados utilizamos o CPC para recorrer ao tribunal. Pois só com o direito objetivo vamos aplicar
o substantivo. O CPC materializa então esse D.Privado.
• DPC- D. objetivo
• CC- D. subjetivo

Princípios Estruturantes do Direito Processual Civil


• Garantia do Acesso aos Tribunais;
• Princípio do Dispositivo;
• Princípio do Inquisitório;
• Princípio do Contraditório;
• Princípio da Igualdade das partes;
• Princípio da Cooperação;
• Princípio da Economia Processual;
• Dever de Gestão Processual.

Art.2º nº2 do CPC- “ A todo o direito, exceto quando a lei determine o contrário, corresponde a ação
adequada a fazê-lo reconhecer em juízo1, a prevenir ou reparar a violação dele e a realizá-lo coercivamente2,
bem como os procedimentos necessários para acautelar3 o efeito útil da ação.”

1-
fazer reconhecer o Dto. Em juízo- declarativo
2-
realiza-lo coercivamente- ação executiva
3-
procedimentos para acautelar- procedimentos cautelares.
A lei atribui assim aos interessados a possibilidade de obterem a composição do litígio propondo a ação
adequada.

I. Garantia do Acesso aos Tribunais


A CRP garante que ninguém pode ver o seu direito de aceder à Justiça e ao direito negado não ter
condições económicos para o fazer. Art.20º nº1 CRP, determina que: “A todos é assegurado o acesso ao
direito e aos tribunais para defesa dos seus direitos e interesses legalmente protegidos, não podendo a
justiça ser denegada por insuficiência de meios económicos.”
Visa assegurar (na CRP) que a ninguém é dificultado ou impedido, em razão da sua condição social
ou cultural ou por insuficiência de meios económicos, o conhecimento e o exercício ou a defesa dos seus
direitos. O acesso ao Direito e à Justiça é uma responsabilidade do Estado. Assegurar os cidadãos do acesso
ao direito e aos tribunais (é uma garantia básica da democracia), para defesa dos seus direitos e interesses
legítimos.
Para tornar efetiva a garantia do acesso à via jurídica – foi publicada a lei que regula o Acesso ao
Direito e aos Tribunais. A lei garante o apoio ao cidadão no acesso à justiça quando demonstre insuficiência
económica.
Lei nº 34/2004– Art.8º: Insuficiência económica “Encontra-se em situação de insuficiência aquele
que não tem condições objetivas para suportar pontualmente os custos de um processo.
Acesso ao direito:
• Ter direito ao conhecimento do Direito;
• Consulta jurídica;
• Se a nossa pretensão é viável do ponto de vista jurídico.
Acesso ao tribunal:
• Direito á ação judiciária;
• Direito a agir.

A Proteção Jurídica
• Reveste-se as seguintes espécies:
1. Consulta Jurídica;
2. Apoio Jurídico.
O Acesso ao direito e aos tribunais é feito em Portugal por meio da informação jurídica e da
proteção jurídica.

1. Consulta Jurídica
Compreende o esclarecimento técnico sobre o direito aplicável ao caso concreto.

2. Apoio Judiciário
i) Dispensa de taxa de justiça e demais encargos com o processo;
ii) Nomeação e pagamento da compensação de patrono;
iii) Pagamento da compensação de defensor oficioso;
iv) Pagamento faseado de taxa de justiça e demais encargos com o processo;
v) Nomeação e pagamento faseado da compensação de patrono;
vi) Pagamento faseado da compensação de defensor oficioso;
vii) Atribuição de agente de execução.

Regulamento das Custas Processuais


Art.1º RCP Regras Gerais:
“1- Todos os processos estão sujeitos a custas, nos termos fixados pelo presente Regulamento.
2- Para efeitos do presente Regulamento, considera-se como processo autónomo cada ação, execução,
incidente, procedimento cautelar ou recurso, corram ou não por apenso, desde que o mesmo possa dar
origem a uma tributação própria.”
Art.3º RCP:
“1- As custas processuais abrangem a taxa de justiça, os encargos e as custas de parte.”
Art.5º RCP:
Unidade de Contas- “1- A taxa de justiça é expressa com recurso à unidade de conta processual (UC)”;
Atualmente UC = 102,00 €.
Art.6º Regras Gerias (RCP):
“1- A taxa de justiça corresponde ao montante devido pelo impulso processual do interessado e é fixada em
função do valor e complexidade da causa de acordo com o presente Regulamento, aplicando-se, na falta de
disposição especial, os valores constantes da tabela i-A, que faz parte integrante do presente Regulamento.”

DUC- Documento Único de Cobrança


As custas processuais abrangem a taxa de justiça, os encargos e as custas de parte.
As custas de parte são as despesas que cada parte efetivou no processo (abarcando a taxa de
justiça) e que tenha direito a ser reembolsada pela parte vencida. Reembolso pago á parte vencedora.
Os encargos correspondem às despesas concretas a que haja lugar no processo (custos CTT,
comunicações telefónicas, as compensações a testemunhas, retribuições de peritos, etc.)
Princípio do Dispositivo
• O início da atividade jurisdicional depende do impulso das partes – é ao autor que incumbe solicitar
a tutela jurisdicional, sem que o juiz se lhe possa substituir nesse impulso processual inicial – isso
mesmo resulta do Art.3º nº1 CPC [“ O tribunal não pode resolver o conflito de interesses que a ação
pressupõe sem que a resolução lhe seja pedida por uma das partes e a outra seja devidamente
chamada para deduzir oposição. “]
• Afirma-se por oposição ao principio do inquisitório ou da oficialidade (proc.penal) detendo o Estado,
logo que exista noticia da pratica de um crime a iniciativa de instaurar o processo penal e de
averiguar oficiosamente os factos que interessam ao apuramento da verdade.

No dispositivo o que é decisivo é a vontade das partes.


No inquisitório o que releva no processo é a vontade do juiz.

Manifesta-se particularmente em três vertentes:

1. As partes determinam o início do processo;


É o princípio do pedido, cabe à parte o impulso processual- o Art.3º consagra expressamente tal
expressão deste princípio. A função jurisdicional só é exercida no seguimento de um requerimento
apresentado pelo titular do direito. A iniciativa nunca poderá pertencer ao juiz.

2. As partes têm a possibilidade do objeto do processo; (causa com que faz)


Às partes cabe, em exclusivo, a determinação do objeto do processo, constituído por dois
elementos, sobre os quais possuem completa disponibilidade: o pedido e a causa de pedir.
Isso resulta:
i) Art.5º nº1;
ii) Art.522º d) e e);
iii) Art.572º c).

Consequência da disponibilidade das partes sobre o objeto do processo, a sentença comporta dois
limites:
✓ Um Limite Mínimo: Segundo o qual ao juiz compete resolver todas as questões submetidas pelas
partes à sua apreciação, com exceção daquelas cuja decisão esteja prejudicada pela solução dada a
outras (constituindo causa de nulidade da sentença por omissão de pronúncia, a não apreciação de
qualquer uma dessas questões) – Art.615º nº1 d) 1ª parte.

✓ Um Limite máximo ao conhecimento do juiz:


→ A proibição de apreciação de questões que as partes não tenham suscitado, a menos que sejam de
conhecimento oficioso – Art.615º nº1 d) 2ªparte.
→ A impossibilidade de o juiz condenar em quantidade superior – Art.615º nº1 e) 1ªparte ou em
objeto diverso do pedido – Art.615º nº1 e) 2ª parte.

O desrespeito por este limite máximo, constitui igualmente causa de nulidade da sentença por
excesso de pronúncia ou por conhecimento de um pedido diferente do formulado.
3. As partes têm a possibilidade do termo do processo, podendo desistir, confessar ou transigir.
Art.283º e ss CPC;
A liberdade das partes colocarem termo ao processo, à atividade jurisdicional, podendo dispor
livremente do pedido, determinando o conteúdo da sentença de mérito, através da confissão, desistência
do pedido ou transação- Art.283º nº1; Art.284º; Art.285º nº1; Art.286º nº2 ; Art.289º nº1 e nº2; como da
continuação do processo, podendo pôr-lhe termo através da desistência da instância- Art.283º nº2;
Art.285º nº2 e Art.286º nº1.

Princípio da Inquisitório
Atenta:
• a natureza pública do processo civil;
• os interesses públicos inerentes à administração da justiça e ao funcionamento dos tribunais;
• o interesse da prevalência da justiça substantiva sobre a justiça adjetiva, vão sendo muitos os
retoques introduzidos ao princípio do dispositivo.

Por essa razão, o Princípio do Inquisitório tem vindo a conquistar gradualmente terreno ao Princípio
do dispositivo, Art.411º.

As alterações no processo civil têm tomado o juiz cada vez mais interventor, no sentido de superar
falhas da atividade processual das partes.
Também a jurisprudência tem caminhado nesse sentido, resultando muitas vezes a anulação da
decisão do tribunal da 1ª instância, de forma a que venha a ser suprido o que uma das partes não alegou,
não requereu ou não comprovou.
A filosofia do NCPC (Novo Código Processo Civil), é também de uma intervenção paternalista do Juiz,
em homenagem à prevalência do Princípio do Inquisitório, determinou novo recuo do Princípio do
Dispositivo.

Veja-se o Art.590º nº2


“Norma que determina que o juiz providencia oficiosamente pelo suprimento da falta de
pressupostos processuais suscetíveis de sanação, determinando a realização dos atos necessários à
regularização da instância, ou quando a sanação depende de ato que deva ser praticado pelas partes,
convidando estas a praticá-lo.”

Principio do Dispositivo Principio do Inquisitório


são as partes que dispõem do processo tendo o ≠ cabe ao juiz a iniciativa e direçao do
seu poder a delimitação do que deve ser
decidido processo

Segundo o princípio do dispositivo as partes detêm o ónus processual, é às partes a quem incumbe
a iniciativa ou impulso de colocar em marcha a atividade do tribunal para resolução do conflito de
interesses. Às partes cabe também a formulação do pedido e a alegação do facto que lhe serve de
fundamento.
Sobre o princípio do inquisitório, este projeta-se essencialmente na fase da instrução da causa: as
partes devem submeter-se às inspeções necessárias, responder ao que lhes for perguntado e facultar o que
lhes for requisitado.
Princípio do Contraditório

Este princípio acha-se plasmado no Art.3º nº1 2ªparte do NCPC.


Que determina que o tribunal não pode resolver o conflito de interesses que lhe ´r solicitado por
uma das partes, sem que a outro seja chamada a deduzir oposição- oportunidade de defesa- para isso o réu
é citado para contestar a ação contra si intentada- Art.569º nº1 e assim dá-se o cumprimento ao Princípio
Contraditório.
É um princípio basilar do processo, presentemente ultrapassa a conceção clássica (ligada ao
exercício do direito de resposta), pois assume-se atualmente como uma garantia de participação efetiva
das partes no desenvolvimento de todo o processo.
Assim, o desígnio principal do princípio do contraditório deixou de ser a defesa, no sentido de
oposição ou resistência à atuação de outrem, para passar a incidir ativamente no desenvolvimento do
processo.
Impondo-se, por isso, como regra e em consequência, a audição da parte.
Decorrência do princípio da igualdade das partes (Art.4º), segundo o qual as partes têm direito, ao
longo de todo o processo, a lançar mão dos meios de defesa legalmente admissíveis.
Já a exclusão do princípio do contraditório é sempre excecional, só se verificando quando a
audição da parte contrária ponha em causa o efeito útil da atividade judicial, seja pela delonga da decisão,
seja por dela poder redundar para a parte contrária uma exoneração ao efeito da decisão. Art.366º nº1 CPC
[“O tribunal ouve o requerido, exceto quando a audiência puser em risco sério o fim ou a eficácia da
providência.”] e Art.393º nº1 CPC [“Examinadas as provas produzidas, o arresto é decretado, sem audiência
da parte contrária, desde que se mostrem preenchidos os requisitos legais.”]

Segundo este princípio, o juiz não deve decidir qualquer questão, de direito ou de facto, mesmo que
de conhecimento oficioso, sem que as partes tenham tido a possibilidade de sobre elas pronunciarem-
porque só assim se assegura a participação efetiva das partes no desenvolvimento do litígio e na busca da
justiça da decisão.
Este princípio tem consagração legal não só na fase dos articulados, mas em todas as fases do
processo incluindo no julgamento e no recurso.
É denominado a “trave mestra” - do sistema processual civil. Permite a cada uma das partes
“deduzir as suas razões (de facto ou de direito), oferecer as provas e controlar as provas do adversário”.
Quando não for possível responder por escrito, será dada à parte a oportunidade de o fazer
oralmente- Art.3º nº4.

Princípio da Igualdade das Partes


Art.4º CPC- “O tribunal deve assegurar, ao longo de todo o processo, um estatuto de igualdade
substancial das partes, designadamente no exercício de faculdades, no uso de meios de defesa e na
aplicação de cominações ou de sanções processuais.”
determina que, as partes devem ser consideradas como detentoras dos mesmo direitos e onerados com os
mesmos deveres, achando-se numa posição de plena paridade entre si e perante o tribunal. Assim, terão
idênticas possibilidades de alcançar a justiça a que têm direito.

Este princípio tem consagração constitucional – Art.13º nº1 CRP “Todos os cidadãos têm a mesma
dignidade social e são iguais perante a lei. “- dispondo este preceito que todos os cidadãos têm a mesma
dignidade social e são iguais perante a lei.
Significa, portanto, uma igualdade de posição com os sujeitos processuais. Princípio da igualdade
das partes e do contraditório estão intimamente associados. Com efeito, o 2º deriva do 1º, já que
assegurará um tratamento igualitário das partes num processo. E ambos os princípios derivam do Princípio
do Estado de direito encerrando “uma particular garantia de imparcialidade do tribunal perante as partes.”

Princípio da Cooperação
Art.7º CPC:
Traduz-se no dever, de todos os sujeitos processuais, de adotar condutas, de acordo com boa-fé e
lealdade, cooperando com maior eficiência e transparência do processo. É recíproco nas relações que se
estabelecem entre as partes e entre estas e o tribunal impondo-se ainda a terceiros.
Este princípio é fundamental à dinâmica do processo e está intimamente ligado ao dever de gestão
processual, de que falaremos mais à frente, pois ao exercer os deveres de cooperação, o juiz está, no fundo,
a gerir o processo, eliminando os formalismos desnecessários, facilitando e estimulando os formalismos
desnecessários, facilitando e estimulando o envolvimento das partes no procedimento e esclarecendo
dúvidas quanto às questões suscitadas, de forma a garantir a justa composição do litígio, de forma célere e
eficaz.

Teixeira de Sousa, em “Introdução ao Processo Civil”, assinala que, do ponto de vista do tribunal, o
princípio da cooperação impõe quatro deveres funcionais:
I) de esclarecimento– Art.7º nº2 CPC
II) de prevenção– Art.590º nº2 b) CPC e Art.59º nº1 c) CPC;
III) de consulta – Art.3º nº3 CPC;
IV) de auxílio das partes– Art.7º nº4 CPC.

Limites: os constantes no Art.417º nº3 CPC que legitimam a recusa em obedecer: Art.7º nº3 CPC. A
licitude da recusa tem fundamento no Art.32º nº8 CRP que determina a nulidade de todas as provas
obtidas mediante tortura/ coação/ofensa da integridade física ou moral da pessoa/abusiva intromissão na
vida privada, no domicílio, na correspondência ou nas telecomunicações. Art.7º nº4 CPC … Art.417º nº1 CPC
O dever de cooperação impõe-se não só às partes, mas a todas as pessoas.

Consequência da recusa em colaboração


Será condenado em multa- Art.417º nº2 CPC-“Aqueles que recusem a colaboração devida são
condenados em multa, sem prejuízo dos meios coercitivos que forem possíveis; se o recusante for parte, o
tribunal aprecia livremente o valor da recusa para efeitos probatórios, sem prejuízo da inversão do ónus da
prova decorrente do preceituado no n.º 2 do artigo 344.º do Código Civil.”

O que não afasta a possibilidade de o tribunal utilizar meios coercitivos – o juiz pode ordenar a
apreensão de documentos, Art.432º e 433º CPC, ou ordenar que a testemunha faltosa sem justificação
compareça sob custódia – Art.508º nº4 CPC- “O juiz ordena que a testemunha que sem justificação tenha
faltado compareça sob custódia, sem prejuízo da multa aplicável, que é logo fixada em ata.”

Recusa da parte
E que torne inviável a realização da diligência através dos meios coercitivos– o tribunal apreciará
livremente o valor da recusa para efeitos probatórios. Ex: numa ação de investigação de paternidade o pai
se recusa a sujeitar-se ao exame hematológico, com vista a apurar a filiação. Se a parte contrária tiver
culposamente tomado impossível a prova do onerado, inverter-se o ónus da prova Art.417º nº2 CPC
“Aqueles que recusem a colaboração devida são condenados em multa, sem prejuízo dos meios coercitivos
que forem possíveis; se o recusante for parte, o tribunal aprecia livremente o valor da recusa para efeitos
probatórios, sem prejuízo da inversão do ónus da prova decorrente do preceituado no n.º 2 do artigo 344.º
do Código Civil.” conjugado com o Art.344º nº2 CC “Há também inversão do ónus da prova, quando a parte
contrária tiver culposamente tornado impossível a prova ao onerado, sem prejuízo das sanções que a lei de
processo mande especialmente aplicar à desobediência ou às falsas declarações.”- passando a caber À parte
que culposamente criou essa impossibilidade à contraparte.
Quando o recusante for parte, pode ainda ser condenado em multa, como litigante de má-fé –
Art.542º nº1 e nº2 c):
(“1 - Tendo litigado de má-fé, a parte é condenada em multa e numa indemnização à parte contrária,
se esta a pedir.
2 - Diz-se litigante de má-fé quem, com dolo ou negligência grave: c) Tiver praticado omissão grave
do dever de cooperação.”)

Princípio da economia processual

Consiste em procurar obter o máximo resultado da atividade processual desenvolvida. Ou seja,


procura-se com o mínimo esforço processual possível alcançar a resolução do máximo de litígios. Com o
que, se pretende reduzir o número de processos (é a ideia que norteia a figura da coligação – Art.36º CPC:
“1- É permitida a coligação de autores contra um ou vários réus e é permitido a um autor demandar
conjuntamente vários réus, por pedidos diferentes, quando a causa de pedir seja a mesma e única ou
quando os pedidos estejam entre si numa relação de prejudicialidade ou de dependência.
2- É igualmente lícita a coligação quando, sendo embora diferente a causa de pedir, a procedência dos
pedidos principais dependa essencialmente da apreciação dos mesmos factos ou da interpretação e
aplicação das mesmas regras de direito ou de cláusulas de contratos perfeitamente análogas.
3 - É admitida a coligação quando os pedidos deduzidos contra os vários réus se baseiam na invocação da
obrigação cartular, quanto a uns, e da respetiva relação subjacente, quanto a outros.” ).

A obtenção de determinado resultado processual deve afetar-se os meios necessários e suficientes


e não mais do que esses.
Como emanações deste princípio temos:
• Art.130º CPC- proibição de atos inúteis- “Não é lícito realizar no processo atos inúteis.”
• Art.131º nº1 CPC- redução das formalidades dos atos ao essencial- “Os atos processuais têm a
forma que, nos termos mais simples, melhor corresponda ao fim que visam atingir.”
• Art.534º nº1 CPC- quanto às custas- “A responsabilidade do vencido no tocante às custas não
abrange os atos e incidentes supérfluos, nem as diligências e atos que houverem de repetir-se por
culpa de algum funcionário judicial, nem as despesas a que der causa o adiamento de ato judicial
por falta não justificada de pessoa que devia comparecer.”

Dever de gestão processual


Durante um longo período de tempo, o processo civil português foi dominado pela legalidade das
formas de processo (que visava a salvaguarda dos direitos das partes contra a intervenção arbitrária do juiz).
Pelo que, a marcha da ação judicial e a forma e conteúdo dos atos processuais não podiam ser alterados
pelo juiz em função do caso concreto.
Embora assegurasse a certeza e a segurança jurídicas, este padrão introduzia uma componente de
rigidez. A reforma de 95/96, consagrava já o princípio da adequação formal, com vista a introduzir
flexibilidade, mas ficou abaixo das expetativas. No NCPC a gestão processual surge como um dos princípios
fundamentais do processo civil.
De acordo com o Artº 6 CPC
“1- Cumpre ao juiz, sem prejuízo do ónus de impulso especialmente imposto pela lei às partes, dirigir
ativamente o processo e providenciar pelo seu andamento célere, promovendo oficiosamente as diligências
necessárias ao normal prosseguimento da ação, recusando o que for impertinente ou meramente dilatório e,
ouvidas as partes, adotando mecanismos de simplificação e agilização processual que garantam a justa
composição do litígio em prazo razoável.

2- O juiz providencia oficiosamente pelo suprimento da falta de pressupostos processuais suscetíveis de


sanação, determinando a realização dos atos necessários à regularização da instância ou, quando a
sanação dependa de ato que deva ser praticado pelas partes, convidando estas a praticá-lo.”

Confere ao juiz os poderes de praticar os atos necessários ao prosseguimento da ação, recusar o


que for impertinente ou dilatório, de adotar mecanismos de simplificação e agilização do processo e,
ainda, de providenciar pelo suprimento da falta de pressupostos processuais sanáveis.
Consubstancia-se na direção ativa e dinâmica do processo, tendo em vista, quer a rápida e justa
resolução do litígio, quer a melhor organização dos trabalhos no tribunal. A satisfação do dever de gestão
processual destina-se a garantir uma mais eficiente tramitação da causa e a satisfação do fim do processo.
Este princípio concede ao juiz o poder- mas mais do que um poder um DEVER- de simplificar e
agilizar o processo com vista à atual tendência para substituir um processo rígido por um processo mais
flexível. Visando essencialmente uma diminuição de custos, tempo e complexidade do procedimento.

E traduz-se num aspeto substancial- a condução do processo -e num aspeto instrumental- a


adequação formal (Art.547º CPC: “O juiz deve adotar a tramitação processual adequada às especificidades
da causa e adaptar o conteúdo e a forma dos atos processuais ao fim que visam atingir, assegurando um
processo equitativo.”

Na vertente da adequação formal o juiz pode:


• Dispensar atos previstos na lei (ex. elaboração dos temas da prova);
• Alterar o momento para a prática dos atos (ex. admissão de depoimento de testemunhas antes da
audiência final).

Este princípio visa a resolver a seguinte equação processual: “Uma decisão justa, com os menores
custos, a maior celeridade e a menor complexidade possíveis no caso concreto.”

Art.193 nº3:
O juiz tem o dever de corrigir oficiosamente o erro na qualificação do meio processual utilizado pela
parte, determinando que se siga os termos processuais adequados.
[compete ao autor indicar a forma de processo, na petição inicial (art.552º nº2, c)), mas se este não
escolher a forma adequada, o juiz irá corrigi-la, não se anulando os atos processuais anteriormente
praticados que puderam ser aproveitados (art.193 nº1) ]

Art.257º
Com a finalidade de agilizar, o juiz pode ordenar a apensação de ações, a requerimento de qualquer
das partes.
Art.511º nº4
Atendendo á natureza e extensão dos temas de prova ode o juiz admitir a inquirição de
testemunhas para alem do limite previsto.

Art.531º
O juiz pode excecionalmente aplicar uma taxa de justiça sancionatória quando a ação, oposição,
requerimento, recurso, reclamação ou incidente seja, manifestamente improcedente e a parte não tenha
agido com a prudência ou diligencia devida.

Art.547º “adequação formal “


“…adotar a tramitação processual adequada ás especificidades da causa “. O juiz poderá dispensar a
prática de atos processuais que se revelam desnecessários, pode também substituir atos processuais por
outros, que se revelam mais adequados ás especificidades da causa ou inclusive adicionar atos não
previstos.
Tem também, o dever de adaptar o conteúdo e a forma dos atos processuais ao fim que visam
alcançar.

Art.590º nº1 c)
Findos os articulados, o juiz deve determinar a junção de documentos com vista a permitir a
apreciação de exceções dilatórias ou o conhecimento, no todo ou em parte, do mérito da causa do
despacho Saneador.

Art.591º nº1 g)
Ou quando a realização deste tenha sido dispensada (art.593 nº2d)) programar, após audição dos
mandatários, os atos a realizar na audiência final, no âmbito da audiência previa, a partir dessa
programação compete-lhe dirigir os trabalhos e assegurar que estes decorrem de acordo com a mesma-
602 nº2 a) .
Tem em vista uma eficiente gestão de agendas, do tribunal e dos demais intervenientes e inclusive
das testemunhas.

Irrecorribilidade das decisões de simplificação ou de agilização processual

Art.630 nº2: estabelece a irrecorribilidade das decisões de simplificação ou de agilização processual


proferidas nos termos do art.6 nº1, salvo se contenderem com os princípios da igualdade ou do
contraditório, com aquisição processual de factos ou com admissibilidade de meios probatórios.
Assegura a implementação do Dever de Gestão na prática judicial, pois confere segurança ao juiz,
evita atrasos e retrocessos decursivos do recurso.

Art.195 nº1,
Se o juiz não cumprir uma atuação decursiva do Dever de Gestão Processual, essa omissão
constituirá uma nulidade, quando seja suscetível de influir no exame ou na decisão da causa.

➢ Todavia,
O reforço do poder no juiz, não deve levar a qualquer desequilíbrio na sua atuação. Sendo
imperioso que se mantenha a consciencialização da natureza publica do processo civil, e mormente que
com a sua atenuação seja o garante da tutela jurisdicional de direitos subjetivos privados e
consequentemente satisfaça o interessa publico de administração da justiça.
Poder que impõe ao juiz uma atuação vinculada justa e equitativa para ambas as partes envolvidas
no processo.
Não podendo o juiz com a sua atuação pôr em causa a equidistância relativamente ás partes, por
forma a não por em causa a imparcialidade, que deve ser o pilar fundamental da tua função.

Classificação das ações


A lei distingue entre várias espécies de ações:
I. Quanto ao objeto;
II. Quanto á forma;
III. Quanto aos interesses em discussão.

I. A classificação das ações quanto ao objeto

As ações são divididas em duas grandes espécies: As ações são declarativas (AçD) ou executivas
(AçE).
As ações declarativas visam obter uma declaração sobre a titularidade de um direito ou a existência
de um facto por onde o tribunal, dito de outro modo, visam obter a solução- existência ou inexistência de
um direito subjetivo- da situação concreta que serve de base ao pedido

II. Classificação das ações quanto á forma- art.546º

Isto é, quanto á tramitação técnica e processual a que têm de submeter-se. Com o NCPC passou a
existir apenas a distinção entre Processo Comum (PC) e Processo Especial (PE).

III. Classificação das ações quanto aos interesses em discussão


• Processos de jurisdição litigiosa
• Processos de jurisdição voluntária

Classificação das ações- art.10º


Este artigo distingue os vários tipos de pedidos que o autor formula na instauração do processo,
tendo em conta o seu fim (cfr. Epigrafe do artigo)
O nº1 do artigo concretiza a distinção entre ações declarativas e ações executivas.

Classificação das ações quanto ao objeto

Nesta ação (AçD)- o autor pretende que o tribunal profira uma declaração final de direito, ou seja,
que profira uma sentença que ponha cobro ao conflito que o separa do réu e que dessa forma resolva
definitivamente o litígio.

Nas ações executivas (AçE), o credor requer a reparação do direito violado, isto é, a reintegração do
direito violado mediante a realização coerciva de uma prestação, uma coisa ou um facto, que lhe é devida.
Nestas se requer a tomada de providencias materialmente adequadas á reparação efetiva do direito violado.
Art.10º nº6 indica os seus fins: pagamento de quantia certa, entrega de coisa certa ou prestação de um
facto.

Hipótese:
A é credor de B- pela importância de 1.000,00 €, contudo B, recusa-se a pagar, A intenta AçD contra
B e, assim obtém sentença declarando a ação procedente e condenando o B a pagar a A a quantia em causa.
Mas isso quer dizer que B, irá cumprir?
Não! Pois a AçD esgota-se como essa sentença- com a declaração decisória. Se B, não cumprir
voluntariamente, o credor A, terá de intentar uma ação executiva- requerendo as providencias adequadas á
realização coativa da obrigação devida- serão desencadeados mecanismos processuais destinados a
assegurar ao credor o efeito do recebimento da quantia.
A distinção entre AçD e AçE equivale á diferença entre o simples declarar e executar, entre o “dizer”
e o “fazer”. No processo declarativo é declarada a vontade concreta da lei- já o processo executivo visa a
execução dessa vontade.
Contudo, nem sempre á ação declarativa se segue a ação executiva, por exemplo:
• Se o reu cumprir voluntariamente a obrigação.
• AçE pode ser instaurada sem precedência da AçD- pois a lei reconhece a determinados documentos
força bastante para por si só, desencadearem a AçE, são os chamados Títulos Executivos- art.103º
nº1b), c) e d).

Nas ações declarativas- Art.10º nº2 e 3, a lei distingue consoante a finalidade da pretensão entre
ações:
1. De simples apreciação;
2. De condenação;
3. Constitutivas.

I. Ação declarativa de simples apreciação

Esta ação destina-se a obter o reconhecimento da existência (simples apreciação positiva) ou


inexistência (simples apreciação negativa) de um direito ou de um facto jurídico, por meio de uma decisão
judicial vinculativa- art.10º nº3 a).
O pressuposto desta espécie de ações é a afirmação de uma situação de incerteza que exija
clarificação.
O que justifica este tipo de ação é a necessidade de reagir contra uma situação de incerteza acerca
da existência ou inexistência de um direito ou de um facto.
O autor apenas solicita que o tribunal aprecie essa situação de incerteza jurídica e ponha cobro a tal
insegurança- declarando se tal direito (ou facto) existe ou não, conforme o que peticiona. Esta ação visa
assim, obter unicamente a declaração da existência ou inexistência de um direito ou de um facto- o autor
satisfaz-se com essa declaração, não pretende que o tribunal vá mais além dela. Por isso, o preceito
emprega o adverbio “unicamente”. Logo, as decisões proferidas no seu âmbito não são exequíveis- na
verdade, nada há que possa ser executado.

Podem ser positivas ou negativas:


• São positivas- quando o autor pretende que o tribunal declare a existência de um direito ou de um
facto.
• São negativas- quando se pretende obter a declaração de inexistência de um direito ou de um
facto- neste caso, não é o autor que se arroga determinado direito, mas sim o reu.

Ex.
Para ter acesso á vila pública, António passa há anos por um terreno que é propriedade de
benjamim, seu vizinho; este, a dado momento começa a afirmar publicamente que aquela travessia é feita
por mera tolerância e favor.
António entende que assim não é, e que o prédio por onde vem atravessando está, na verdade,
onerado com um direito de servidão de passagem a favor do seu prédio.

Ora, esta situação de dúvida jurídica e de desconformidade de opiniões acerca do titulo a que se
processa aquela passagem é suscetível de causar prejuízo a António, e isso pode levá-lo a propor uma ação
tendente a pôr cobro ao diferendo. Nesta ação, António vai pedir que o tribunal aprecie simplesmente a
questão e declare que o prédio de benjamim está, na verdade, onerado com o direito de servidão de
passagem, isto é, vai pedir que se declare a existência de determinado Direito.

Para o efeito, António vai instaurar uma Ação Declarativa de Simples Apreciação Positiva. Pois
benjamim não violou nenhuma obrigação a cujo cumprimento estivesse adstrito, nem António pede em
tribunal que ele seja condenado a cumprir seja o que for. António apenas solicita que o tribunal ponha
cobro àquele estado de dúvida acerca do pretenso direito de servidão de passagem e declare por sentença
que ele existe.

Outra hipótese.

Carlota vem referindo publicamente ser titular de um direito de crédito sobre David, direito que, no
entender deste, não existe. Perante essa afirmação pública, David pode propor uma ação pedindo
simplesmente que se declare a inexistência desse direito de crédito invocando por carlota.
Neste caso, David lançaria mão a uma Ação Declarativa de Simples Apreciação Negativa.

O que justifica as ações de simples apreciação negativa é a chamada arrogância extrajudicial por
parte do reu, expressa na afirmação da titularidade de um direito ou da existência de um facto, arrogância
que prejudica o autor, ainda que esse prejuízo possa não ser imediato ou material.
No último exemplo, David sente-se prejudicado por constar publicamente que deve determinada
quantia a Carlota. É esta arrogância extrajudicialmente por parte do réu (carlota) que introduz nas Ações de
Simples Apreciação Negativa uma especialidade na repartição do ónus da prova.

Ónus da prova

Nestas ações não cabe ao autor alegar e provar (pela negativa) que o direito ou o facto não existe,
competindo antes ao réu, que vinha alardeando extrajudicialmente a existência desse direito ou desse facto,
alegar e provar (pela positiva) a sua existência- art.343º nº1 CC.
Este particular regime da ação declarativa de simples apreciação negativa justifica-se pela
circunstância de ser muito difícil, se não impossível, fazer a prova (negativa) da inexistência de um direito ou
de um facto. Os factos, com ocorrências do quotidiano percetível por qualquer um, são demonstráveis pela
sua existência, isto é, pela positiva.
Daí que- e retomando o último exemplo apresentado- não recaia sobre David (autor) a prova de qe
nada deve a carlota (ré), sendo exatamente sobre esta que impede o ónus da alegação e prova dos factos
constitutivos do direito de crédito do qual, extrajudicialmente, se arroga titular.

 Nos outros tipos de ação, a alegação e prova dos factos constitutivos do direito que se pretende
fazer valer em juízo compete precisamente àquele que o invoca, ou seja ao autor- art.342º nº1 CC.

II. Ação de condenação

O autor pretende uma decisão que, reconhecendo a existência de um direito, ordene ao reu a
realização de uma prestação destinada á reintegração do mesmo- art.10º nº2 e 3 b).
Nestas ações o autor do pedido, na sequência do juízo declarativo, pretende que, em sua
consequência, o tribunal condene o réu á prestação de uma coisa ou de um facto.
Há um comando destinado ao réu para que este cumpra algo.
O pedido pode ser cumulativo, declaração e condenação; ou limitar-se ao pedido de condenação do
réu, pelo que o juízo de apreciação da violação de um direito é um pressuposto lógico do juízo condenatório
pretendido.

A sentença de condenação pressupõe uma prévia declaração da existência do direito- mas o


tribunal não se fica por aqui como sucede nas ações declarativas de simples apreciação pois emite ainda
uma ordem destinada a reintegrar o direito violado.
O autor pretende mais do que a declaração do seu direito e por isso, pede também a condenação
doo reu.
Ex.
A emprestou a B determinada quantia em $, que o mutuário se obrigou a restituir em casa
convencionada. Se B não cumprir a obrigação assumida, o credor pode instaurar uma obrigação alegando os
factos constitutivos do seu direito e pedindo que o tribunal- reconhecida que seja a existência do seu direito
de crédito- condene o réu na restituição de quantia devida.

Ex.
C e D ocupam determinado prédio urbano, sem autorização e contra a vontade de E, leu legítimo
dono- perante esta atuação ilícita E pode instaurar uma ação (de reivindicação do seu direito de
propriedade art.1311º CC) contra C e D abusivos ocupantes, invocando a titularidade do seu direito de
propriedade e a violação do mesmo, cometida pelos réus, e pedindo que- reconhecido que seja esse seu
direito e essa alegação violada- os réus sejam condenados a entregar-lhe o prédio.

III. Ações constitutivas

O autor pretende obter, através do tribunal, um efeito jurídico Novo que terá origem na decisão e
vai alterar a esfera jurídica do réu, independentemente da sua vontade. O Novo Efeito Jurídico nasce
diretamente por via da decisão judicial (se verificados os pressupostos que o condicionam).
Por outras palavras, a sentença cria um Novo estado jurídico que pode consistir na criação,
modificação ou extinção de uma relação ou situação jurídica.

Em função disso, podemos falar em ações:


• Constitutivas propriamente ditas- visam a criação de uma Nova relação ou situação jurídica;
• Modificativas- através das quais o autor pede a modificação de uma relação jurídica existente;
• Extintas- através das quais o autor pede a extinção de uma relação jurídica existente.

Ações constitutivas propriamente ditas


ex.
• Ação destinada a constituir uma servidão de passagem- Art.1550º CC;
• Ação de preferência- art.1410º CC;
• Ação de investigação de paternidade ou maternidade.

Ações constitutivas modificativas


Ex.
• Ação tendente á mudança de uma servidão-art.1568º CC;
• Ação de simples separação judicial de bens-art.1767 CC- há uma modificação na relação
matrimonial.

Ações constitutivas extintas


Ex.
• Ação de divórcio proposta por um dos cônjuges contra o outro- art.1773º CC- o autor pede a
extinção da relação matrimonial;
• Ação de resolução do contrato de arrendamento pelo senhorio- art.1083º nº2 CC.

Estas ações (constitutivas)- são o instrumento processual adequado ao exercício de certos direitos
potestativos precisamente aqueles cuja realização apenas se consegue através de uma decisão judicial.
Nestas ações o juiz, pela sentença, constitui, modifica ou extingue direitos e deveres que, apesar de
fundados em direitos e deveres anteriores, só nascem com a sentença.
[direito potestativo é o poder conferido a uma pessoa de introduzir uma alteração na esfera jurídica
de outra pessoa- criando, modificando ou extinguindo direitos- sem a cooperação desta.]
Salienta-se:
A divisão das ações declarativas em 3 espécies não implica que estas devam ser estudadas como
“compartimentos estanques” na medida em que na mesma ação podem cumular-se diversas pretensões
(até de natureza diferente) desde que observados determinados requisitos- os previstos nos art.555º e 37º
Podem assim existir ações declarativas com natureza mista, como sucede no caso do despejo, que
tem por finalidade resolver um contrato de arrendamento (constitutiva extintiva) e despejar alguém
(condenatória).

Com efeito, é possível cumular na mesma ação dois ou mais pedidos de condenação.
→ Pedir que o réu seja condenado a pagar determinada quantia e entregar certo objeto, como
também é possível cumular um pedido constitutivo com o pedido de condenação.
→ Pedir na mesma ação o despejo do reu e a condenação deste ao pagamento de rendas em divida.

 Síntese

Todas as ações declarativas visam o reconhecimento da existência ou inexistência de um direito,


todas importam um juízo valorativo face á existência ou não de um determinado direito.

Traço diferenciador
No que vem a seguir a esse reconhecimento (ou não reconhecimento) do direito, (comum em
princípio a todas elas) - é que reside o traço diferenciador.
Se, além do reconhecimento da existência do seu direito, o autor pretende que o tribunal condene
o réu á reintegração do direito violado, pela prestação de uma coisa ou de um facto, a ação diz-se de
condenação.
Se, além do reconhecimento da existência do direito invocado, o autor pretende a produção dos
efeitos jurídicos correspondentes (isto é, a constituição de uma nova relação, a modificação ou extinção de
uma relação anterior) a ação é constitutiva.
Se o autor não pretende mais do que a declaração formal de existência ou inexistência do direito, a
ação é de simples apreciação.

II. Classificação das ações quanto á forma. Art.546º

“Processo comum e processos especiais:


1- O processo pode ser comum ou especial
2- O processo especial aplica-se aos casos expressamente designados na lei; o processo comum é
aplicável a todos os casos a que não corresponda processo especial.”

Isto é, quanto à tramitação técnica e processual a que têm de submeter-se. Com o NCPC passou a
existir apenas a distinção entre Processo Comum (PC) e Processo Especial (PE).

→ Nº1 do art.546º- diz-nos que o processo pode ser comum ou especial.


→ Nº2 do citado normativo dá-nos a indicação direta da aplicação do processo especial- este aplica-se
apenas aos processos que a lei designa e trata como tal.

No âmbito de aplicação do processo comum é definido a contrário sensu. Todavia, não podemos
olvidar/ esquecer o estatuído no art.547º… pelo qual o juiz deverá adotar a tramitação processual
adequada às especificidades da causa e adaptar o conteúdo e a forma dos atos processuais ao fim que
visam atingir.
Do que decorre, que em lugar de uma forma única do processo, podemos ter uma multiplicidade
delas, passando a tramitação processual a depender em última análise do que o juiz entender.
→ Os PE são os processo-exceção e o PC é o processo-regra.
→ A existência de um PC e de vários PE decorre do entendimento do legislador no sentido de que a
discussão em juízo de determinadas matérias, pela natureza ou especificidade destas, exige uma
tramitação processual própria e distinta da consagrada no PC.
→ Os PE estão reunidos no livro V do CPC- art.878º a 1081º.

Exemplos:
• Ação declarativa especial prevista no decreto lei nº269/98. 01.09
• Ação destinada a regular o exercício das responsabilidades parentais
• Processo de insolvência
• Processo de inventário

III. Classificação das ações quanto aos interesses em discussão


• Processos de jurisdição litigiosa (contenciosa)
• Processos de jurisdição voluntária (graciosa)

A ação judicial supõe, em regra, a existência de um conflito de interesse privado, um litigio entre as
partes- e é a necessidade de resolver esse litigio que justifica o recurso á via judicial. Conflito que as partes
“trouxeram” a juízo e que será solucionado pela respetiva sentença. Ex. ação de dívida, ação de
reivindicação da propriedade, ação de despejo…
São os chamados processos de jurisdição litigiosa ou contenciosa

Contudo, existem ações que não visam resolver um conflito de interesses, antes regular
judicialmente um interesse comum a ambas as partes.
Ex. ação de regulação das responsabilidades parentais e ação de fixação judicial de prazo.
São chamados processos de jurisdição voluntária ou graciosa.

Dos processos de jurisdição contenciosa, os processos de jurisdição voluntária caracterizam-se


pela ausência do litígio e do conflito.
No exemplo dado (regulação das responsabilidades parentais) o que está em causa é o superior
interesse do menor, interesse que ambos os progenitores querem ver tutelado (e, por isso, lhes é comum),
mas sobre o qual têm perspetivas e posições distintas.

PJV (processo e jurisdição voluntária) - atentas as suas características, implicam uma tramitação
especial- pelo que são classificados, quanto á forma, como processos especiais. (art.986º a 1081º)

Características dos processos de jurisdição


A. Vigora o princípio da livre atividade investigatória do tribunal
B. Impera o princípio da equidade
C. Decisões que ponham termo aos PJV não são soluções jurídicas e futuramente indiscutíveis.

A. Vigora o princípio da livre atividade investigatória do tribunal


O tribunal, para alem de poder conhecer factos alegados pelas partes e dos que resultam da
instrução, pode investigar outros factos que sejam relevantes para a resolução da questão, podendo
ordenar inquéritos e recolher as informações que julgue convenientes- art.986º nº2.
B. Impera o princípio da equidade
O juiz pode decidir como lhe parecer mais adequado e oportuno- art.987.

Do que sucede no PJL, em que o tribunal está inteiramente submetido a critérios de legalidade
estrita (respeitando o princípio da obediência á lei, previsto no art.8º nº2).

C. Decisões que não são soluções jurídicas e futuramente indiscutíveis


As resoluções proferidas nos PJV podem ser alteradas com fundamento em circunstâncias
supervenientes- art.988º nº1.
Isto é, não possuem o caracter da inalterabilidade e da irrevogabilidade que encontramos nas
sentenças dos PJL. Nestes processos, não é obrigatório a constituição de advogado, exceto na fase de
recurso- art.986º nº4.

Procedimentos cautelares

art.2º nº2, parte final refere a pretensão destinada a requerer:


“os procedimentos necessários para cautelar o efeito útil da ação”
A lei processual designa-se como Providencias Cautelares e acham-se regulados nos art.362º a 409º.

Pode ser caracterizado como sendo um processo judicial, semelhante e complementar a uma ação
judicial (embora a sua função não seja a de composição definitiva do litígio), visando obter uma decisão
provisória que acautele um determinado direito, de feição a que a demora normal do processo principal
não o torne inútil.
A sua função é a de assegurar o resultado prático de uma ação, suspendendo a eficácia de um ato
jurídico sempre que o seu prosseguimento possa colocar em causa os direitos de um sujeito, evitando
prejuízos graves ou antecipando a realização do direito de forma a garantir, na medida do possível, a
celeridade do processo e princípio da segurança jurídica.
Assentam numa justificação de ordem temporal, pois o proferimento de uma decisão final é algo
que pode demorar algum tempo, mesmo que todos os prazos sejam respeitados e, esse tempo de demora
pode acarreta consequências tais que a decisão que vier a ser proferida já não tenha qualquer efeito útil.
Esta demora do julgamento pode criar um estado de perigo “ periculum in mora”, porque pode
expor o titular do direito a danos irreparáveis, suscetíveis de comprometer o benefício e a eficácia da
sentença.
As providencias cautelares que são decretadas realizam uma função preventiva, pois destinam-se a
prevenir a lesão de um direito.

Ex.
Suponha que, atendendo á delapidação de bens pelo devedor, o credor está em risco de perder a
sua garantia patrimonial.
O arresto de bens do devedor (art.391º nº1; art.619º nº1 CC) visa assegurar que a ação
condenatória proposta pelo credor contra o devedor ainda que seja útil, pois os bens arrestados podem ser
penhorados e vendidos.
Assim, acautela-se não é a violação de um direito, mas a utilidade da tutela definitiva.

Vários são os procedimentos cautelares que se acham especificados no CPC:


• Restituição provisória de posse- art.377º a 379º
• Suspensão de deliberações sociais- art.380º a 383º
• Alimentos provisórios- art.384º a 387º
• Arresto- art.391º a 396º
• Embargo de obra nova-art.397º a 402º
• Arrolamento- art.403º a 409º
Características do procedimento cautelar

O procedimento cautelar é instrumental relativamente a uma ação principal e por isso mesmo,
dependente dessa mesma ação (art.364º) [exceto nas situações em que seja decretada a inversão do
contencioso].
Isto é, será sempre dependente da causa que tenha como fundamento o direito acautelado ou a
acautelar. E caducará se a ação não vier a ser proposta dentro de 30 dias ou se for julgada improcedente
(art373º).

O procedimento cautelar pode ser preliminar ou incidente da ação


• Quando requerido antes (como preliminar da ação principal), o procedimento será apensado ao da
ação principal logo que esta seja proposta (art.364º nº2).
• Quando requerido na pendencia da ação principal (como incidente desta) corre como apenso desta
ação principal- art.364º nº3.

Requisitos legais para o decretamento do procedimento cautelar comum:

I. A aparência de existência de um direito.


II. Existência de um fundado receio de que outrem cause uma lesão nesse direito durante a
natural demora da resolução definitiva do litígio (periculum in mora).
III. A gravidade dessa lesão
IV. A natureza dificilmente reparável dessa mesma lesão.
V. A concreta adequação da providencia cautelar para assegurar a efetividade do direito em causa.
VI. A não abrangência, por qualquer processo cautelar nominado, da providencia que se visa obter.
VII. Que o prejuízo resultante para o requerido da providencia cautelar em causa não exceda
consideravelmente o dano que com ela o requerente pretende evitar.

Instrumentalidade e provisoriedade das providencias cautelares

Em regra, a providencia é dependente de uma ação, proposta ou a propor pelo requerente, que
tenha por fundamento o direito acautelado- pelo que a medida decretada é instrumental e provisória, e
que caducará se a ação principal não for proposta ou se vier a ser julgada improcedente.
Mas esta instrumentalidade e provisoriedade envolve, em bastantes casos, uma duplicação
desnecessária de atos e meios destinados a resolução do litigio.

O que conduziu á consagração do regime da inversão do contencioso.

Que permite que a providencia decretada se possa consolidar com a composição definitiva do litígio.

A inversão do contencioso e consolidação da decisão

Até ao NCPC, a decisão proferida no procedimento cautelar era sempre provisória, porque
destinada a durar somente enquanto não fosse proferida decisão definitiva na ação principal já proposta ou
a propor posteriormente.
A lei nº41/203, de 26 de junho, que procedeu á alteração do CPC introduziu algumas alterações, das
quais se destaca a inversão do contencioso instituída no art.369º.
Assim, atualmente os procedimentos cautelares podem deixar de depender da ação principal que
teria por fundamento o direito acautelado, se for decretada a inversão do contencioso.
Este mecanismo permite que o juiz tenha a possibilidade de, a pedido do requerente da providencia
cautelar, decidir sobre a existência do direito acautelado, o que dispensa o requerente da instauração de
uma ação principal declarativa, para o reconhecimento do mesmo.

Quer dizer que a providencia cautelar decretada pode consolidar-se como composição definitiva do
litigioso e, portanto, o requerente fica dispensado de propor a ação respetiva.
O art.369º, essa dispensa só é possível se verifiquem conjuntamente 3 requisitos:

1. A matéria de facto provada no procedimento cautelar permita ao juiz formar a convicção segura
acerca da existência do direito acautelado;
2. Que a natureza da providencia decretada seja adequada a realizar a composição definitiva do litígio;
3. A inversão do contencioso seja requerida.

O 1º- resulta de o requerente não se ter limitado a apresentar prova sumária do direito que se
arroga e da ameaça que sobre este direito impede.
O requerente tem de ir alem do mínimo exigido pelo art.365º nº1 para uma decisão provisória- tem
de se preocupar em fazer prova suficiente para formar a convicção do juiz acerca do direito a acautelar.

O 2º- é necessário ter em conta que nem sempre a providencia é de molde á composição definitiva
do litigioso. Art.376º nº4.
Estão excluídas as PC de cariz conservatório o arresto e o arrolamento.

O 3º- a dispensa do ónus de propor a ação principal não depende da iniciativa do juiz.
Deve ser solicitada pelo requerente através de requerimento- apresentado até ao encerramento da
audiência final- art.369º nº2.
O requerimento está sujeito ao contraditório do requerido.

Invertido o contencioso é ao requerido que incumbe, em certo prazo, intentar a ação principal, se
não quiser que a decisão cautelar se transforme em decisão definitiva, resolvendo definitivamente o litígio
em questão.
Quer isto dizer que se o requerido não intentar a ação principal a providencia cautelar decretada
resolverá definitivamente o litígio.
Assim, é ao requerido que cabe deixar a providencia cautelar tornar-se definitiva, eliminando a sua
instrumentalidade.
Importa salientar que a decisão de inversão do contencioso não converte os efeitos da providencia
cautelar em definitivos, apenas dispensa, o requerente, da propositura da ação principal e, coloca do lado
do requerido o ónus de intentar a ação principal.
Assim, o efeito da consolidação da providencia cautelar decretada em composição definitiva do
litígio, só sucederá se:
• o requerido não intentar a ação principal.
• Se intentada a ação principal, o processo estiver parado por mais de 30 dias por negligencia do
autor (requerido no procedimento cautelar);
• O reu for absolvido da instância (requerente do PC)
• Art.371º nº2

Já se o requerido propuser a ação e esta for julgada procedente- a providencia decretada caducará
depois da decisão transitar em julgado. Art.371º nº3.
Ação de impugnação do direito acautelado. O requerido (providencia cautelar) irá impugnar o
direito sobre cuja existência o juiz considerou haver convicção segura, aquando a inversão do contencioso.

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