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Autoria: Associação Brasileira de Psiquiatria
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Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
OBJETIVO:
Atualizar sobre as especificidades na detecção precoce e abordagem do usuário de
inalantes.
CONFLITO DE INTERESSE:
Nenhum conflito de interesse declarado.
Introdução
- Grupo I
Solventes voláteis: butano, propano, tolueno, cloreto de metila,
acetato de etila, tetracloroetileno (encontrados em sprays diversos,
tintas, removedores de manchas, liquido para correção de texto,
desengraxantes, colas, cimento de borracha);
- Grupo II
Oxido nitroso (encontrado no gás hilariante, anestésicos,
aerossois).
- Grupo III
Voláteis nitritos de Áquila, ciclohexil, nitrito de butila,
álcool isopropilico, nitrito isobutil (encontrados em poppers,
limpadores de cabeçote, purificadores de ar e odorizadores de
ambiente).
1. Como incide o uso e qual é a preva- influenciar variações tanto nas razões para
lência de dependência? uso quanto nos diferentes contextos de uso
de inalantes não têm sido devidamente exa-
O uso de inalantes tem sido largamente minadas em estudos científicos que permitam
reconhecido como uma droga de abuso muito comparabilidade entre os diversos países6(B).
comum entre os adolescentes 6(B) 7,8(D). A
idade média de experimentação é entre os 14 Vários estudos epidemiológicos, em diferen-
e 15 anos, mas parece haver uma diminuição tes países (Brasil, México, Paraguai, Espanha,
da idade de experimentação em populações Canadá, Nova Zelândia, Austrália, Chile, Co-
mais vulneráveis, tais como “meninos de rua”, lômbia, Nicarágua) do mundo têm apontado
adolescentes com transtornos do humor ou de que o uso, abuso e a dependência de substâncias
ansiedade, em conflito com a lei, onde a expe- inalantes são especialmente prevalentes entre
rimentação tende a ser ainda mais precoce, aos adolescentes e crianças muito jovens, com uma
7-9 anos9,10(A)6(B)7(D). variedade de desfechos e consequências negativas
para esta população15,16(A)6,17(B)7(D).
Os meninos usuários são mais prevalen-
tes que as meninas, variando de 74,2% a Nos Estados Unidos da America (EUA),
84,6%11(A)6(B). Ocorre mais em indivíduos os quatro grandes levantamentos populacionais
com baixo desempenho escolar, com baixo nível que investigaram o uso, abuso e dependência de
socioeconômico e socialmente marginalizados, substâncias voláteis como o National Survey on
com famílias desestruturadas sem supervisão Drug Use and Health (NSDUH), Youth Risk
parental, envolvidos com álcool e outras drogas, Behavior Survey (YRBS), Monitoring the Future
com histórico de abuso sexual12(B). (MTF) e o National Epidemiologic Survey and
Related Conditions (NESARC) apontam taxas
Entre as principais razões para o uso que variam em média de 12% a 19% de preva-
destas substâncias pelos adolescentes citam- lência de uso na vida, com mais de 22 milhões
se: a curiosidade, o acesso fácil, por diversão de americanos com histórico de abuso destas
ou a busca de relaxamento, a ideia de que substâncias11(A)6(B).
esta droga não é perigosa, para esquecer os
problemas, por tristeza, aborrecimento ou Apesar da considerável prevalência e dos
ansiedade, por pressão dos seus pares, para importantes danos à saúde física e mental
impressionar terceiros, por estar com raiva associadas ao uso de inalantes, alguns autores
de alguém ou de si mesmo, por problemas têm chamado a atenção para o fato de que
familiares, e porque gosta desta droga mais o uso, abuso e a dependência de inalantes é
do que outras13(B). Acontece também para uma “epidemia silenciosa”, que ainda é pouco
se juntar as pessoas que estão usando no compreendida, negligenciada e “esquecida
mesmo ambiente, assim como por ter ouvido como um problema de droga”, tanto do ponto
alguém falar sobre os efeitos prazerosos dos de vista de estudos sobre boas praticas clínicas
inalantes 14(B). Possíveis fatores culturais como de políticas baseadas em evidências
e diferenças étnicas e regionais que podem científicas12(B)18,19(D).
Talvez uma das explicações para esta escassez substâncias, pelos danos associados. A transição
de interesse se deva ao fato de que as substâncias do uso experimental para um típico padrão de
pertencentes a este grupo em sua maioria não abuso e /ou dependência em geral ocorre de
são consideradas como drogas ilegais apesar de forma bastante rápida e progressiva, em média
produzirem efeitos psicoativos1(D). Não sendo um ano após o início do uso23(B).
consideradas substâncias ilegais, acabam sendo
de fácil acesso, de baixo custo e fácil armaze- Já no Brasil, os primeiros levantamentos
namento pelo usuário em casa, como é o caso sobre o consumo de drogas entre estudantes
da acetona ou lata de cola, pois não produzem de idades entre 12 a 18 anos foram feitos pelo
grandes conflitos quando encontradas pelos Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas
familiares3(D). Além disso, não existe fisca- Psicotrópicas (CEBRID) em 1987. Os achados
lização formal por parte de autoridades, nem do último levantamento feito em 27 capitais
mesmo políticas restritivas de venda na maioria brasileiras mostraram que os solventes foram as
dos países, é disponível e acessível6(B)20(D). drogas com maior uso na vida (exceto tabaco e
álcool). Teresina (PI) apresentou a maior por-
Portanto, parece de suma importância a centagem com 19,2% e a menor foi em Aracajú
observação clínica por parte dos profissionais com 6,4% dos estudantes fazendo uso na vida
da saúde em vários ambientes de saúde (espe- de solventes. O Brasil teve o maior uso na vida
cialmente os serviços de emergência), a fim de de solventes com 15,4% não sendo ultrapassado
aumentar não somente a identificação precoce por nenhum outro país, tanto das Américas
deste tipo de usuário, mas também de aumentar quanto da Europa24(A). Em relação às crianças
acesso e avaliação de tratamentos já que existe em situação de rua, o CEBRID encontrou no
imensa carência de evidência científica sobre o último levantamento índices muito elevados de
que realmente é eficaz para usuários desta classe consumo de substâncias: 44,4% já experimen-
de droga de abuso21,22(A). taram algum solvente (cola, loló, thinner, entre
outros)10(A).
Dos 14.103 escolares (entre 9ª e 12ª séries)
avaliados nos EUA em 2007, 13,3% tinham ex- Embora a incidência de uso de inalantes
perimentado substâncias inalantes6(B). Estudos seja maior entre as crianças e os adolescentes,
epidemiológicos sobre inalantes encontraram adultos com baixo nível sócio econômico as-
uma tendência ao aumento da incidência de uso sociado a problemas sociais, encarceramento,
entre as mulheres tanto de países desenvolvidos comorbidades psiquiátricas e poliusuários de
quando em desenvolvimento7(D). outras drogas de abuso7(D).
porém como observado em outros países como nos bailes e carnaval de rua são do ano de 1906,
os EUA, por exemplo, existe sub-grupos onde como um produto aromatizador, comercializado
estas taxas podem ser consideradas endêmicas, em frasco sob pressão para brincadeiras de esgui-
especialmente se a dependência de inalantes char o produto nos outros foliões, causando uma
co-ocorre com algum outro transtorno mental sensação fria, agradável e perfumada. Foi am-
grave, com outros transtornos por uso de subs- plamente usado nas décadas de 30 e 40 quando
tâncias psicoativas e em indivíduos com traços essas brincadeiras foram dando lugar ao uso do
e comportamentos antissocial15(A)6(B). lança perfume como droga de abuso os quais os
indivíduos utilizam lenços molhados embebidos
RecomendaçãoO uso na vida de inalan- pelo líquido seguido de aspiração para obtenção
tes na população mundial está entre 12% a de uma sensação de euforia e entorpecimento.
19%16(A) e no Brasil atinge 6%, principalmente Após vários casos de morte, principalmente por
por crianças e adolescentes, com dependência parada cardíaca, o uso do lança perfume acabou
estimada de 0,2% da população brasileira15(A). sendo proibido no Brasil pelo Presidente Jânio
A investigação deve ser adotada de forma sis- Quadros em 1961. Como a sua produção e co-
temática por todos os profissionais que estão mercialização são livres em países vizinhos como
envolvidos na abordagem deste grupo populacio- Argentina e Paraguai o produto acaba sendo
nal, principalmente nas crianças em situação de contrabandeado para o Brasil, principalmente
rua onde o consumo pode chegar a 44,4%10(A). em épocas de carnaval. No Brasil festas de carna-
val popularizaram a utilização do lança-perfume
2. Existem grupos de usuários com rituais e uma carência de estudos sobre o assunto não
específicos de consumo sem desenvol- consegue quantificar quantos abusadores tornam
ver a dependência? se dependente3(D).
e encaminhamento para o tratamento formal lantes no DSM IV, sobre prevalência, curso,
em diversos serviços destinados a usuários de subtipo, condições de saúde física e mental,
substâncias. Isto auxilia a melhorar o trabalho idade específica, gênero e características so-
em rede dos sistemas de saúde diminuindo ciodemográficas, o que sugere a necessidade
as recidivas de vistas ao PS que são settings de uma revisão sobre a temática que até bem
de efetividade sabidamente reconhecida para pouco tempo, questionava a própria evidência
intervenções com estes usuários, porém com da existência de tolerância e de uma verda-
custo elevado21(A). deira síndrome de abstinência a inalantes,
assim como a ampliação da discussão sobre
Pesquisa que avaliou a utilização dos servi- a utilização do diagnóstico dimensional
ços e barreiras para iniciar o tratamento entre versus o categorial, principalmente para
usuários de inalantes revela que 15% deles adolescentes 31(B)7,28(D).
relatam pelo menos uma barreira de acesso e/
ou dificuldade ao tratamento, entre estas razões Entretanto, novas evidências, apontam
estavam à impossibilidade de pagar por servi- para a necessidade da inclusão do critério
ços de tratamento, a ideia de que seria forte o de síndrome de abstinência relacionada aos
bastante para lidar com essa situação sozinho, inalantes na nova versão do DSM V, uma
vergonha ou simplesmente não queriam ir bus- vez que estudo de base populacional apontou
car ajuda29(D). que 47,8% das pessoas que preencheram
critérios para dependência de inalantes re-
Recomendação lataram experimentar três ou mais sintomas
O manejo da intoxicação aguda por inalantes de abstinência relacionados aos inalantes
dependerá da sintomatologia, mas geralmente clinicamente significativos. Ao comparar a
são pouco grave27(D), porém necessitam de abstinência de inalantes com cocaína observa-
tratamento de emergência21(A). se prevalência significativamente maior de
sintomas com inalantes, do tipo hiperssonia
4. Quais são os sinais e sintomas da sín- (63,6%), cansaço (55,4%), náusea (46%).
drome de dependência e de abstinência Entre os sintomas menos comuns relatados
e como iniciar o tratamento? estão: convulsão (2,4%), comer mais e ganhar
peso (4,8%) e sonhos vívidos (7,7%).
Existem controvérsias entre os pesqui-
sadores ao descrever o quadro típico de uso Existe uma grande necessidade de extensão
e dependência de inalantes, pois a confiabi- de pesquisas relacionadas ao tratamento do uso,
lidade e validade dos critérios diagnósticos abuso e dependência de inalantes, uma que vez
da dependência presentes no Diagnostic and que na literatura há poucos estudos publicados
Statistical Manual, 4th edition (DSM-IV) estudando os efeitos de potenciais medicações
quando comparada com outras substâncias no tratamento desta condição, assim como es-
são baixas 30(D). Esta escassez de conheci- tudando estratégias bem sucedidas de modelos
mento está refletida na mínima descrição de tratamento psicossociais dirigidos para este
dos transtornos relacionados ao uso de ina- público2,7(D).
Os potencias medicamentos a serem utili- esta medicação antagonize este complexo recep-
zados para este grupo de substâncias indicados tor. Dois são os medicamentos com este perfil: o
pelos autores, basearam-se no conhecimento dos ondasetron (4 mg/dia) é e a mirtazapina (30
efeitos dos neurotransmissores que mediam os a 45 mg/dia)2,19(D).
efeitos reforçadores dos inalantes, e, por conse-
guinte, poderiam ajudar os usuários a alcançar Ao analizar a utilização de serviços e
a abstinência2(D). As dosagens terapêuticas as barreiras para tratamento de usuários de
mencionadas abaixo não foram ainda avaliadas inalantes em uma amostra populacional de
para o uso/ abuso/dependência de inalantes, 43.093 pessoas acima de 18 anos nos EUA
mas sim para a primeira ou principal indicação criou-se um modelo de 12 passos, tais como
das medicações descritas19(D). Entre as pos- Narcóticos Anônimos (NA) e Alcoólicos
sibilidades terapêuticas medicamentosas para Anônimos (AA) estratificando em que nível de
dependentes de inalantes citam-se: dificuldade o usuário de inalantes encontra-se:
desde não quero utilizar nenhum serviço, tenho
- Antipsicóticos atípicos: Clozapina- 200 muita vergonha de conversar sobre isto com
a 500 mg/dia, olanzapina (5 a 20 mg/dia), rispe- alguém até estou forte o suficiente para lidar
ridona (4 a 8 mg/dia) e quetiapina (300 a 900 com isso sozinho. Os achados parecem sugerir
mg/dia) estariam relacionadas a possibilidade que futuras intervenções desenhadas para este
de redução do uso de inalantes pelo bloqueio do público devem incluir a combinação de estraté-
circuito de recompensa dopaminérgico mesocor- gias com o modelo de grupos de mútua ajuda.
tical estimulado pelos inalantes2,19(D). (Perron, Mowbray e col21(A).
A maioria dos estudos sobre as morbida- 6. Quais são as complicações mais graves?
des psiquiátricas do uso agudo de inalantes
foi feita em amostras de adolescentes e O sistema nervoso parece ser o mais comu-
adultos jovens e mostrou uma correlação mente associado a danos devido ao uso crônico
com uso agudo de inalantes e diversos com- de inalantes, porém outros órgãos e sistemas
portamentos de risco durante a intoxicação também podem sofrer lesões como sistema he-
aguda, tais como: manter relação sexual sem matológico, o fígado, rins, pulmões e coração.
proteção, envolvimento em brigas, compor- Os transtornos neurotóxicos produzidos podem
tamentos antissociais, maior probabilidade se assemelhar a alterações metabólicas, doenças
de experimentação e uso de outras drogas desmielinizantes, alterações nutricionais e doen-
de abuso assim como ideação e tentativa de ças degenerativas. Por exemplo, pacientes com
suicídio 9(A)6(B)18(D). histórico de uso crônico de tolueno apresentam
nos achados neurológicos quadro muito seme-
A administração contínua de forma lhante à esclerose múltipla32(D).
crônica de solventes e inalantes tem estreita
relação de associação com sintomas psicóticos, Na exposição ocupacional, indivíduos são
transtornos do humor e de ansiedade. Entre tipicamente expostos aos solventes nos proces-
os grupos mais vulneráveis de usuários de sos de trabalho que utilizam essas substâncias.
inalantes, observam-se maior risco para uso Essa exposição pode ser continuada ao longo da
de drogas injetáveis, HIV, suicídio, desenvol- jornada de trabalho e/ou acidental. A categoria
vimentos de outros transtornos psiquiátricos, profissional de pintores tem sido sistematica-
principalmente delinquência e transtornos de mente associada a sintomas neuropsiquiátricos
personalidade6(B)7(D). atribuídos à exposição ocupacional a solventes.
Com relação à exposição ocupacional a sol-
Do ponto de vista clínico, o uso crônico ventes descreve-se o quadro de encefalopatia
de inalantes está associado a dano cerebral, tóxica crônica cujos critérios diagnósticos
tais como: prejuízo de memória, compro- foram propostos em 1985, quando um grupo
metimento cognitivo, perda auditiva e da de trabalho da Organização Mundial de Saúde
(OMS) apresentou critérios diagnósticos e abuso de solventes têm sido desenvolvidos com
uma classificação para encefalopatia tóxica modelos animais (Ex: roedores) em virtude da
crônica (ETC). Ainda há controvérsias nestes dificuldade em se estudar as populações expos-
critérios diagnósticos, mas eles sido utilizados tas. Como os solventes são lipofílicos, passam
para avaliações de auxílios doença, auxílios facilmente a barreira placentária ocasionando
acidente, aposentadorias por invalidez e pen- aumento do risco de aborto espontâneo e
sões (“benefícios”) concedidos pelos sistemas malformações fetais. Roedores expostos a
previdenciários de diversos países33(B). solventes como o tolueno tiveram crias com
baixo peso ao nascer e malformações impor-
A neuroimagem (Tomografia computado- tantes como anormalidades crânio-faciais,
rizada e Ressonância Magnética) raramente malformação em dedos ou mesmo a supressão
apresenta algum achado específico em pacientes destes, além de redução da ossificação do
que usaram por curto período de tempo ou em esqueleto34(B)35(D).
doses baixas, mas o uso crônico poderá levar
a: mudanças difusas da substancia branca, No entanto, alguns relatos em amostras
gânglios basais e tálamo com sinais de baixa clínicas mostram a ocorrência de uma síndro-
intensidade32(D). Pessoas que foram expostas me neonatal semelhante àquela encontrada em
a concentrações extremamente altas terão efei- gestantes usuárias de álcool, com crianças com
tos não específicos como os apresentados em anormalidades principalmente com baixo peso
encefalopatias: quadro com déficit cognitivo, ao nascer32,36(D).
ataxia cerebelar, espasticidade, miopatias. Duas
síndromes neurotóxicas mais especificas podem Têm sido encontradas algumas alterações,
ser observadas nestes casos: ototoxicidade e decorrentes da exposição ao tolueno, no sistema
neuropatia periférica32(D). ginecológico e reprodutor, das quais se destacam
distúrbios menstruais, aumento na incidência
Recomendação de prolapso uterino e da parede vaginal, mal-
Os transtornos neurotóxicos produzidos formações fetais e distúrbios do crescimento
podem se assemelhar a alterações metabó- fetal. Os recém-nascidos apresentam alterações
licas, doenças desmielinizantes, alterações dismórficas como microcefalia e retardo no cres-
nutricionais e doenças degenerativas e são os cimento. Já o oxido nitroso tem sido associado
mais graves32(D). a capacidade de produzir diminuição do cresci-
mento do esqueleto e aumento do crescimento
7. Quais são as repercussões do uso na de vísceras dos fetos expostos a esta substância
gravidez e no recém nascido? durante a gestação32(D).
8. Existem prejuízos nos filhos de usu- A maioria dos estudos sobre estas substân-
árias crônicas? cias presentes da literatura científica são estudos
restrospectivos e dados de estudos cross section
Estudos que fizeram seguimento de crianças que não podem estabelecer causalidade (Garland
cujas mães usaram tolueno na gravidez, mos- et al, 2011)6,37(B). Por outro lado, existem
traram que estas tinham atraso no desenvolvi- autores que especulam modelos empíricos pre-
mento intelectual e físico, comprometimento ditores de frequência de uso de inalantes entre
da linguagem, sintomas de hiperatividade e adolescentes, baseado no perfil da maioria dos
disfunção cerebelar, tendo várias semelhanças abusadores, os quais incluem marginalização,
com a síndrome fetal alcoólica34(B). pobreza, isolamento social e diversos ouros
desafios familiares e intrapessoais, levando à
Recomendação etiologia do uso com a interação de “genes
Existem na literatura científica casos des- patogênicos’ até as primeiras experiências de
critos de anormalidades em recém-nascidos adversidade da vida destes indivíduos (Garland
e subsequente comprometimento no desen- , Howard et al,2011)37(B)18(D).
volvimento de filhos de mulheres que usaram
cronicamente solventes34(B). Recomendação
Não foi encontrado evidência de estudos
9. Há evidências que os fatores genéti- que tenham avaliado o papel da genética no uso
cos tenham papel no uso crônico? crônico de solventes e inalantes.
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