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Tema/Delimitação temática
De fato, uma vasta literatura (escrita ou não) produzida acerca dos valores, práticas e
pressupostos de uma cultura cortês é notória. Das trovas medievais cantadas pelos jograis,
passando às canções de gesta e finalmente culminando naquele que seria o gênero mais
popular e que melhor traduziria os anseios de seu público-alvo: o roman[romance]medieval.
Por se tratar de uma narrativa descritiva, rica em digressões dos mais variados aspectos da
vida cotidiana do medievo, observamos nos romansa necessidade que os seus autores viam
em melhor descrever sobre as próprias experiências, seus desejos e fantasias imbricados no
imaginário e nas imagens que os medievais possuíam sobre si mesmos.1
Os retratos masculinos e femininos presentes neste corpo textual nos darão uma
imagem de como a sociedade medieval e seus literatos (as) buscavam nos tipos de
comportamentos, nas relações de sensibilidade, estética e sociabilidade entre damas e
1
Para uma maior avaliação acerca da estrutura do romane de seu “triunfo” na sociedade medieval europeia, cf.
ZUMTHOR, Paul. A letra e a voz: a “literatura” medieval. Trad.: Amálio Pinheiro (Parte I); Jerusa Pires
Ferreira (Parte II), São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 265-286.
2
cavaleiros da corte, representar por meio da literatura o convívio socialentre esses agentes
históricos. Pois como atesta Johan Huizinga:
[...] não é só na literatura e nas belas-artes que o anseio pelo amor encontra a sua
forma, a sua estilização. A necessidade de dar estilo e formas nobres ao amor
também encontra um amplo campo para se desenvolver nas próprias formas de vida:
no dia a dia da corte, nos jogos de salão, nas brincadeiras e no esporte. Também aí o
amor é constantemente sublimado e romantizado; nisso a vida imita a literatura, mas
esta, em fim de contas, acaba aprendendo tudo da vida. A visão cavaleiresca do
amor, no fundo, não surgiu na literatura, mas na vida. Nas verdadeiras condições de
vida é que se achava o motivo do cavaleiro e de sua amada." (HUIZINGA, 2011:
115-116)
Dizem que a França do século XII “inventou” o Amor na Europa. Decerto, o cenário
francês para a divulgação do ideal cortês do amor era propício devido à conjuntura de sua
organização social e política.2Tal realidade na virada do século XI para o XII se justificava
2
O “amor” na literatura cortesã francesa surge como fruto das experiências sociais e políticas derivadas
diretamente das práticas exercidas por seus idealizadores: os príncipes e senhores feudais. A construção do “fino
amor”, do trato cortês e suas mais variadas manifestações literárias fizeram-se presentes no contexto de
autoafirmação de uma nobreza ascendente e também de uma preocupação com a divulgação dos ideais de
conduta desse grupo. As cortes medievais da Normandia, de Anjou e do condado da Aquitânia concentraram em
seus muros todo um aparato estrutural propício à criação de uma literatura mais sensível e cortesã destinada ao
apaziguamento das tensões envolvendo a cavalaria incipiente e seu trato às damas medievais. Além disso, pesa-
se o fato da nobreza buscar uma maior afirmação como grupo social privilegiado existente no sistema feudal,
haja vista queo estatuto jurídico da nobilis, após séculos de jugo régio por parte dos carolíngios (séculos VIII-X),
tendeu a fechar-se sobre si mesmo como estatuto definido. Tal fato não seria suficiente para confirmar sua
superioridade social. Era preciso se impor também por meio da criação de um estilo de vida, de um código de
conduta e de práticas que retratassem as qualidades inerentes a esse grupo. Dessa forma, os escritos corteses, as
canções, os romances e os poemas épicos imbuíram-se de uma carga mais fina e polida no que tange à vida
cotidiana das cortes medievais. Para uma maior reflexão acerca do processo de consolidação do estatuto da
nobilismedieval, cf. BLOCH, Marc. Os nobres como classe de fato. In: _____. A sociedade feudal.
Reimpressão. Trad.: Liz Silva. Lisboa: Edições 70, 2012, p. 336-345, cap. I. E sobre a organização em torno da
elaboração de uma literatura sensível às nuances das cortes, cf. DUBY, Georges. Heloísa, Isolda e outras damas
no século XII. In: ______. As damas do século XII. Trad.: Paulo Neves e Maria Lúcia Machado. São Paulo:
Companhia de Bolso, 2013, p. 75-77.
3
devido à política sobre os casamentos e na manutenção da linhagem das casas nobres nestas
províncias.
3
Duby aponta que esse tipo de produção literária “transmitia uma moral, a moral que pretendiam propagar os
príncipes mecenas, os quais, para essa finalidade, sustentavam em sua casa os poetas e montavam os poemas
como espetáculo. [...] Pois esses romances são espelhos em que se refletem as atitudes de seus ouvintes. Eles a
refletem bastante fielmente porque, como as vidas de santos, tinham por missão, distraí-los, ensiná-los a se
conduzir bem; [...] Os apaixonados e apaixonadas por essa literatura tendiam a copiar suas maneiras de pensar,
4
Observa-se então que o Amor Cortês descrito nesta literatura pode ser definido como o
conjunto de comportamentos, expressões e ritos que foram característicos das relações
afetivas entre os cavaleiros e damas das cortes europeias. Em boa medida, trata-se do um ideal
cortesão para o amor, em que se imprimiu a retórica, os símbolos e os gestos em torno da
sensibilidade, docilidade, elegância e refinamento, alinhados aos valores cavaleirescos e à
imponência da nobreza enquanto estamento social, que marcaram profundamente as práticas e
representações de homens e mulheres do período.
Ser refinado, polido, virtuoso e educado. Em uma só palavra: ser cortês. De início,
nota-se que essa ideologia é predominantemente masculina e conjurada diretamente com um
grupo social específico que compunha a corte medieval: a cavalaria. Os juvenesmedievais, os
jovens cavaleiros eram os representantes de uma estrutura feudal que se apoiava estritamente
no matrimônio e território.Duby aponta que os anseios dessa juventude se pautavam na
iminência de uma união com uma dama e a consequente elevação do estatuto de juvenepara o
de senior:
agir e sentir[grifo nosso]”. Uma literatura refinadamente aristocrática em sua maioria. Destinada à nobreza que a
patrocinava.Ibid., p. 76-77.
4
DUBY, Georges. O Roman de la Rose. In: ______. Idade Média, idade dos homens: do amor e outros
ensaios. Trad.: Jônatas Batista Neto. São Paulo: Companhia de Bolso, 2011, p. 69-70.
5
Finalizado e publicado no final do século XII (há controvérsias sobre a data exata da publicação, que oscila
entre 1182-1186), o Tractatus de Amore, no original em latim, é um tratado filosófico sobre o amor escrito por
André leChapelain[André Capelão], clérigo francês estabelecido no condado de Champagne sob a tutela de
Henrique I (1126-1181) à época. A obra de André consiste em um verdadeiro manual das práticas masculinas e
femininas que são desempenhadas sobre o tema do amor, ensinando desde o modo de portar-se diante de um
cortejo, à maneira correta de se iniciar um diálogo sobre o amor e até mesmo aconselhando como os amantes
devem reagir perante os obstáculos que sua paixão por ventura venha desencadear.Pouco ou quase nada se sabe
acerca da vida de André Capelão. O termo capelão sugere que o mesmo tenha sido um clérigo francês – o que
5
Problematização/Justificativa
Diante do quadro exposto acerca do contexto histórico específico do surgimento do
Amor Cortês e suas expressões nas cortes medievais, André no seu Tractatuso define como
“[...] uma paixão natural que nasce da visão da beleza do outro sexo e da lembrança obsedante
dessa beleza” (CAPELÃO, 2000:5), mostrando que um dos olhares acerca do que seria o
amor para os medievais, era pautado no contato visual direto entre o enamorado e sua
amante.7
Decerto, tal definição de André pode ser mais esclarecida quando a visualizamos em
um dos romances medievais mais famosos: o Roman de la Rose8, quando o protagonista do
Roman se depara com a alegoriada Beleza e passa a descrever suas formas passionalmente:
Possuía todas as boas qualidades pois não era nem escura nem morena, antes tão
resplandecente quanto a lua, que faz com que todas as estrelas se assemelhem a
pequenas velas. A pele tinha a frescura do orvalho, e ela era tão modesta quanto uma
noiva, tão branca quanto um lírio, com um rosto macio e delicado. [...] Juro por
Deus que meu coração se enche de grande doçura sempre que recordo as formas
perfeitas de cada um dos seus membros, tudo porque não havia no mundo mulher
denota certo domínio dos estudos clássicos citados ao longo de seu tratado e também a crítica quase que velada
aos comportamentos femininos. Cf. BURIDANT, Claude. “Introdução”. In: CAPELÃO, André. Tratado do
Amor Cortês. Introdução, tradução do latim e notas de Claude Buridant e tradução de Ivone Castilho Benedetti.
São Paulo: Martins Fontes, 2000.
6
Sobre as virtudes que a prática do “amor delicado” suscita, Capelão comenta que “(...) o amor faz um homem
grosseiro e sem educação brilhar de elegância; até a um homem de baixíssimo nascimento ele pode conferir
nobreza de caráter; enche o orgulhoso de humildade, e graças a ele o amante acostuma-se a prestar com prazer
serviços aos outros. Que coisa extraordinária o amor: permite que tantas virtudes brilhem no homem e confere
tantas qualidades a todos os seres, quaisquer que sejam” Ibid., p. 12-13.
7
André ressalta ainda a importância desse contato visual para a manutenção sentimento amoroso entre os
amantes, afirmando também que os cegos não propícios à prática do Amor visto que “(...) um cego não enxerga
e, por essa razão nada pode provocar reflexões obsedantes em seu espírito: o amor, não pode, portanto, nascer
nele (...)” Ibid., p. 15. Para uma maior reflexão acerca do papel incisivo que o sentido da visão possuía para os
medievais e também sobre uma maior sensibilidade estética tangente à beleza, consultar ECO, Umberto. “A
sensibilidade estética medieval”. In: ____. Arte e Beleza na Estética Medieval. Trad.: Mario Sabino, Rio de
Janeiro: Record, 2010, p. 17-40.
8
O Roman de la Rose [Romance da Rosa] é um poema em verso originário do século XIII que está dividido em
duas partes de diferente autoria. A primeira parte do Roman é escrita na década de 1230, quando Guillaume de
Lorris poeta francês e cortesão do rei de França, elabora cerca de 4000 versos para seu poema, descrevendo que
nele “estará contida toda a arte do amor”. A segunda parte do Roman é retomada e terminada por Jean de Meung
poeta e literato francês que a escreve por volta de 1268-1285, dando sua contribuição para cerca de 17000 versos
ao poema. As duas partes do poema diferem quanto à estrutura narrativa e também quanto às concepções de
mundo dos autores. Se na primeira parte Lorris dedica seus versos a um sonho alegórico do amor cortês, Meung
em sua parte descreve minuciosamente quase todos os aspectos da vida medieval, passando desde as relações
amorosas até mesmo ao sistema jurídico do medievo. Entretanto, ambas as partes focam sua ideia principal na
narrativa cortesã e na descrição dos efeitos que o “fino amor” provoca naqueles que por ele são atingidos. Para a
obra em prosa do Roman de la Rose ver LORRIS, Guillaume; MEUN, Jean. O Romance da Rosa. Trad.:
Lucília Maria de Deus Mateus Rodrigues. Lisboa: Publicações Europa-América, 2001.
6
mais bela. Resumindo, era jovem e loura, simpática e agradável, delicada e elegante,
de formas esguias e modos animados e atraentes. (LORRIS; MEUN, 2001: 22)
Seria esse contato visual inicial força suficiente para acender uma paixão voraz,
arrebatadora? Capelão (2000: 8) afirma que:
[...] quando vê que uma mulher é digna de ser amada e convém a seu gosto, o
homem logo começa a desejá-la em seu coração; depois, quanto mais ele pensa nela,
mais se abrasa de amor por ela, até que seu pensamento seja de todo invadido por
esse amor.
Ou era necessário que a figura masculina por sua vez realizasse feitos heroicos que o
qualificassem para estar perto de sua almejada dama? O Amor Cortês exige que aqueles que
estão sob seu “domínio” provem ser dignos de ostentá-lo. Na narrativa do romande Tristão e
Isolda, ao ser acusado de adultério com a rainha pelos barões de Mark, Tristão prontamente se
defende e oferece sua vida pela da amada, colocando a segurança e o bem-estar de Isolda
acima de seu próprio, um típico modelo de cortesia: a subordinação do amante (homem) à sua
donzela:
Belo tio, não é por mim que vos imploro. Que me importa morrer? Certamente não
fosse o medo de vos encolerizar, eu venderia caro esta afronta aos covardes que, sem
a vossa salvaguarda, não teriam a ousadia de tocar meu corpo com suas mãos; mas,
por respeito e por amor a vós, entrego-me à vossa mercê: fazei de mim o que
quiserdes. Eis-me aqui, senhor, mas tende piedade da rainha! [...] Piedade para
rainha, pois se existir um homem em tua casa bastante audaz para sustentar essa
mentira de que a amei com amor culpável, encontrar-me-á de pé diante dele em
campo fechado. Sire, misericórdia para ela, em nome do Senhor Deus!9
9
A história de Tristão e Isolda deve suas origens às lendas celtas transmitidas por meio da tradição oral do
noroeste da Europa. Diferentes versões narram a história dos dois amantes, e a partir do século XI temos as
primeiras versões literárias do conto escritas por poetas normandos. A versão em prosa do poemaL’ histoire de
Tristan et Iseult[A história de Tristão & Isolda] aqui utilizado é aquele cuja forma mais definitiva se deu pelas
mãos do poeta normando Béroul, escrito entre 1160 e 1190 em francês antigo cuja adaptação ao francês moderno
foi empreendida por Joseph Bédier, historiador literário e erudito da literatura medieval no século XIX. Cf.
BÉDIER, Joseph. O Romance de Tristão e Isolda. 5ª ed. Trad.: Luis Claudio de Castro. São Paulo: Martins
Fontes, 2012, p. 52.
7
gregorianos já mencionados. No duelo dessas duas vertentes, figuras como São Bernardo de
Claravalbuscavam exortar uma cavalaria mais “virtuosa” em detrimento de uma consumida
pelas vaidades carnais e individuais. Em seu tratado exortando à Ordem do Templo (1119-
1312) no advento da Segunda Cruzada (1147-1149), São Bernardo expõe suas críticas à
cavalaria cortês10:
What then, o knights, is this monstrous error and what this unbearable urge which
bids you fight with such pomp and labor, and all to no purpose except death and sin?
You cover your horses with silk, and plume your armor with I know not what sort of
rags; you paint your shields and your saddles; you adorn your bits and spurs
with gold and silver and precious stones, and then in all this glory you rush to your
ruin with fearful wrath and fearless folly. Are these the trappings of a warrior or are
they not rather the trinkets of a woman? Do you think the swords of your foes will
be turned back by your gold, spare your jewels or be unable to pierce your silks? [...]
Then why do you blind yourselves with effeminate locks and trip yourselves up with
long and full tunics, burying your tender, delicate hands in big cumbersome sleeves?
Above all, there is that terrible insecurity of conscience, in spite of all your armor,
since you have dared to undertake such a dangerous business on such slight and
frivolous grounds (CLAIRVAUX, 2000: 47).11
Outro exemplo de modelo perfeito de cavaleiro cortês e de seus dotes nos é dado por
Chrétien de Troyes12 em seu Ivain, le Chevalier au Lion quando descreve a imponência e a
distinção de Gawain:
10
São Bernardo (1090-1153) foi um abade francês da ordem cisterciense e um dos doutrores da Igreja.
Responsável pela reformulação da Ordem de Cister, ajudou na consolidação dos ideais monásticos e ascéticos no
âmbito das ordens religiosas cristãs.O tratado aqui mencionado foi escrito no século XII (entre 1120 e 1136, não
se sabe ao certo) por São Bernardo direcionado ao líder e co-fundador da Ordem dos Cavaleiros Templários,
Hugo de Payens, sobretudo para elevar o moral dos templários durante a Segunda Cruzada. Os templários
questionavam se estaria correto que uma ordem religiosa se envolvesse em combate militar, contrariando assim
os dogmas e pressupostos da religião cristã. São Bernardo divide o tratado em duas partes: na primeira compara
os cavaleiros templários aos cavaleiros comuns, e critica estes por se deixarem levar pela vaidade, luxúria e
violência gratuita, colocando assim os templários em um patamar superior de virtude. Na segunda parte, São
Bernardo descreve os lugares sagrados da Terra Santa e exorta a nova cavalaria cristã a agir como os guardiões
da herança sagrada do Cristianismo. Cf. CLAIRVAUX, Bernard of. De Laude Novae Militiae ad Milites Templi
Liber [Do Elogio à uma Nova Cavalaria]. In: BARBER, Malcolm (org.). In Praise of the New Knighthood: A
treatise on the knights templar and the holy places of Jerusalem. Trad. Latin: Conrad Greenia. Collegeville:
Cistercian Publications, 2000.
11
“Que são, então, ó cavaleiros, este erro monstruoso e esta vontade insurgente que os impelem a lutar com tanta
pompa e fervor, sem nenhum propósito exceto a morte e o pecado? Vocês cobrem seus cavalos com seda e
emplumam suas armaduras com vários tipos de trapo que desconheço; pintam seus escudos e suas selas;
adornam as rédeas e suas esporas com ouro, prata e pedras preciosas e, em seguida, com toda essa glória se
apressam para sua ruína com uma fúria temível e loucura desmedida. São estes os equipamentos de um guerreiro
ou não são eles, por sua vez, as bijuterias de uma mulher? Pensam vocês que as espadas de seus inimigos serão
detidas por seu ouro, defletidas por suas joias e incapazes de penetrar suas sedas? [...] Então por que cegar-vos
com trajes efeminados, embaraçar-se com longas túnicas, e envolver suas fracas e delicadas mãos em grandes
véus? Acima de tudo, há uma terrível insegurança de consciência, mesmo com todo seu equipamento, uma vez
que se atreveram a empreender tão perigoso assunto com razões menores e frívolas” Tradução nossa.
12
Chrétien de Troyes (1135?-1183) foi um poeta francês responsável por diversas obras características da
literatura cortês como Ivain, le Chevalier au Lion [Ivain, o cavaleiro do leão], Lancelot, le Chevalier de la
Charrete e uma versão perdida da história de Tristão e Isolda. Para uma coletânea em português de suas obras,
8
Aquele que foi senhor dos cavaleiros e que sobre todos teve renome deve ser
chamado sol. Digo isso de sireGawain, por quem a cavalaria é toda iluminada como
o sol da manhã. Ele dardeja seus raios e dá claridade a todos em todos os lugares
onde se espalha. (TROYES, 1991: 233)
Isolda tem seus vivos, seus belos amores, e Tristão junto dela, à vontade, de dia e de
noite; pois, assim como é costume entre os grandes senhores, ele dorme no aposento
real, entre os íntimos e os fiéis. Isolda, no entanto, treme. Por que tremer? Não
mantém ela secretos seus amores? Quem suspeitaria de Tristão? Quem, pois,
suspeitaria de um filho? Quem a vê? Quem a espia? Qual a testemunha? (BÉDIER,
2012: 34.)
Capelão (2000: 7) em seu Tractatusaponta que “uma vez correspondido o amor, as
angústias que surgem que surgem não são por menores; porque cada um dos dois amantes
teme perder, pela ação de um terceiro, aquilo que conquistou com tanto esforço [...].”A
ambiguidade dessas imagens masculinas e femininas apresentadas na literatura cortês poderia
servir como ponto de partida para uma maior discussão acerca do papel dos “jogos” amorosos
na vida social do medievo.
inclusive o conto de Ivain, ver TROYES, Chrétien. Romances da távola redonda. São Paulo: Martins Fontes,
1991.
9
O amor cortês fruto desua própria construção histórica como objeto de pesquisa na
produção historiográfica brasileira – e cearense -, está localizado em um terreno ainda árido.
As discussões temáticas sob este viés ainda estão em fase de desenvolvimento. Decerto
existem trabalhos sobre o mesmo, mas poucos, comparado a outros temas mais abordados
pela historiografia. Deste modo, a retomada de um impulso para elucidar tal temática aos
olhos de uma percepção de mudança comportamental vivenciada por homens e mulheres no
medievo, denotaa inserção histórica doamor cortês como objeto passível de discussão, sendo
pertinente com a proposta aqui apresentada.
Objetivos
Objetivo geral:
Compreender a influência do Amor Cortês na construção de uma cultura escrita medieval a
demarcar posturas sociais aos homens e mulheres no espaço das cortes.
Objetivos Específicos:
1) Discutir o cenário das cortes medievais francesas, buscando uma maior compreensão
acerca de seu processo de formação e organização sociopolítica;
2) Apreender as relações entre as forças sociais e o imaginário medieval presentes nas cortes
e como as representações literárias do amor cortês foram relevantes para configurar
posturas e padrões entre homens e mulheres;
3) Analisar a finalidade dessa literatura medieval como vetor de propagação dos ideais
corteses na sociedade feudal e sua respectiva repercussão no cenário das cortes.
Referencial Teórico
10
[...] Possuem uma energia própria que convence que o mundo, ou o passado, é
realmente o que elas dizem que é. Produzidas em suas diferenças pelas
desigualdades que fraturam as sociedades, as representações, por sua vez, as
produzem ou as reproduzem. Conduzir a história da cultura escrita escolhendo como
pedra angular a história das representações, é, logo, aliar a potência dos textos
escritos através dos quais elas serão lidas ou ouvidas, com as categorias mentais,
socialmente diferenciadas, impostas por elas e que são as matrizes de classificações
e julgamentos.
A utilização da cultura escrita como aporte teórico para o estudo das representações
femininas e masculinas nos romansmedievais é pertinente seguindo a discussão proposta pela
História Cultural, cuja principal assertiva é senão a aproximação e incorporação da produção
de uma cultura presente na própria linguagem e nos discursos proferidos por seus produtores
– intelectuais ou leigos – nos diversos substratos da vida social, além de buscar observar nos
próprios textos literários e nessa cultura escrita propriamente dita, “mecanismos de produção
de objetos culturais” (DUBY, 2011: 147).13
Ainda sobre essa cultura escrita, ressaltemos ainda sobre sua força na atmosfera
mental do período e sobre sua circulação nos variados lugares sociais do mundo feudal. Para
tanto, adotaremos o conceito de “energia social” que tais textos possuíam quando produzidos,
lidos e até mesmo relatados de forma oral aos que não tinham acesso às letras.14
Segundo Stephen Greenblatt, podemos identificar tal energia social:
13
“A história cultural se propõe a observar no passado, entre os movimentos de conjunto de uma civilização, os
mecanismos de produção de objetos culturais. [...] Entre os fatores da produção cultural (pondo de lado o que
constitui sua matéria-prima), alinha-se uma herança, um capital de formas no qual cada geração se nutre. O
principal interesse da história literária, da história das artes e da história da filosofia é inventariar essas formas,
mostrar como essa reserva se empobrece ou dilata, como ela se transforma [...]. Cf. DUBY, Op. cit., p. 147-148.
14
Grande parte da população medieval não era alfabetizada, entretanto a existência de uma cultura escrita não
implicava a inexistência de uma cultura letrada. Ambas possuem suas especificidades, mas suas ligações
estavam sobretudo em como a literatura cortesã difundia-se e alcançava homens e mulheres num contexto tão
variado cultura e socialmente quanto o do Ocidente medieval.
11
Tendo suas bases ancoradas em uma realidade social, a literatura cortesã aqui
analisada age como um reflexo do convívio social de homens e mulheres da corte medieval ,
imaginados e representados nos escritos dessa temporalidade.Sobre o imaginário medieval,
Hilário Franco Júnior o classifica como sendo“um sistema de imagens que exerce função
catártica e construtora de uma identidade coletiva ao aflorar e historicizar sentimentos
profundos do substrato psicológico de longuíssima duração”17.
Franco Júnior deixa claro que este imaginário não recobre as funções e noções de
mentalidade e da representação. Para o medievalista brasileiro a mentalidade tende a
compreender o complexo de emoções e dos arcaísmos presentes no cérebro humano. O
imaginário,por sua vez, atuaria como sendo “o agente decodificador destes arcaísmos e
15
“[...] apenas indiretamente, por seus efeitos: é manifestada na capacidade de certos traços verbais, aurais e
visuais de produzir, moldar e organizar experiências coletivas físicas e mentais. Por isso, é associada a formas
repetíveis de prazer e interesse, com a capacidade de despertar inquietação, dor, medo, o bater do coração, pena,
riso, tensão, alívio, maravilha. Em seus modos estéticos, a energia social necessita possuir um mínimo de
previsibilidade – suficiente para fazer viável simples repetições – e um mínimo de alcance: o suficiente para ir
além de um único criador ou consumidor de uma comunidade, ainda que restrita. Ocasionalmente, e geralmente
estamos interessados em tais ocasiões, a previsibilidade e alcance serão bem mais abrangentes: números maiores
de homens e mulheres de classes sociais diferentes e de crenças distintas serão induzidos a explodir de tanto rir
ou chorar, ou de experimentar uma complexa mistura de ansiedade e exaltação. Ademais, as formas estéticas da
energia social são usualmente caracterizadas por um mínimo de adaptabilidade – o bastante para fazê-las
sobreviverem, ao menos, às constantes mudanças nas circunstâncias sociais e nos valores culturais que fazem
declarações comuns evanescerem. Enquanto a maioria das expressões coletivas são movidas de seu lugar
original para um novo local ou temporalidade e estão mortas na chegada, a energia social codificada em certas
obras de arte continua a gerar uma ilusão de vida por séculos”. Cf. GREENBLATT, Stephen. The Circulation of
Social Energy. In:__________. Shakespearean Negotiations: The circulation of social energy in renaissance
England. California: UniversityofCalifornia Press, 1988, p. 6. Tradução nossa.
16
Chartier (2011: 281) vai além, afirmando que este conceito não está preso à noção de um “reflexo frágil” do
meio social do qual é fruto. Para ele “é a partir da hipótese da „realidade de representação‟, ou, dito de outra
forma, da força social das percepções do mundo social” que aquilo que é real é demonstrado pelas mesmas.
17
FRANCO JÚNIOR, Hilário. O fogo de Prometeu e o escudo de Perseu: reflexões sobre mentalidade e
imaginário. In:______. Os três dedos de Adão: ensaios de mitologia medieval. São Paulo: Editora da USP,
2010, p. 73.
12
também como representante dos mesmos, que como objetos de estudo são historicamente
variáveis” (FRANCO JÚNIOR, 2010: 77).
Discutir sobre o Amor Cortês como objeto historicamente construídoé também buscar
um trato mais apurado quando se trata de tentar colocá-lo nos meandros de uma historiografia
suscetível à presença de uma imaginação histórica ligada às representações do real, como
defendido por Johan Huzinga (1872-1945)18.
Bloch (1987: 332) via nos textos literários sobre o Amor Cortês uma forma dos
homens e mulheres satisfazer seus desejos e fantasias “assaz brutalmente”, em narrativas que
diziam bastante sobre “os modos de agir e pensar produzidos naquilo que se faz de espírito”
na vida medieval.Duby enxergava por sua vez um amor mais “cruel”, – ainda que cortês – um
jogo, uma verdadeira “justa” entre damas e cavaleiros filhos de uma sociedade de corte que
buscava por intermédio do estabelecimento de um conjunto de práticas e posturas refinadas,
reforçar as estruturas feudais20e apaziguar as contradições inerentes dentro do seio da cultura
18
Cf. HUIZNGA, Johan. El elemento estético de lasrepresentaciones históricas. In: Prismas, Revista de História
Intelectual, n. 9, 2005, p. 106.
19
O termo aqui utilizado brinca com o afinco e a dedicação aplicada aos estudos sobre o Amor Cortês por seus
pesquisadores. Numa passagem do Roman de la Rose o protagonista é surpreendido pelo Deus do Amor que o
subjuga e o incita a prestar-lhe homenagem, seguramente tornando-se seu senhor e este seu vassalo apto a seguir
o caminho cortês da arte de amar, que apesar de árdua, trará a melhor de todas recompensas ao final de sua
“justa”: “[Deus do Amor] - Vassalo, foste capturado! Não existe forma de te defenderes ou de escapares. Rende-
te e não ofereças resistência. Quanto mais depressa te renderes, mais depressa te será concedida clemência. [...]
Não podes lutar contra mim, e quero que saibas que o orgulho e a maldade a nada te levarão. Obedece aos meus
desejos e rende-te, de forma pacífica e mostrando boa vontade. [...] Qualquer homem que entre ao meu serviço
tem de ser educado e nobre. Servir-me constitui sempre algo de pesado e de doloroso, mas, ainda assim,
concedo-te semelhante honra, pelo que te deves considerar feliz por teres um amo tão bom e de tão grande
renome. Pois o Amor transporta consigo as bandeiras e os estandartes da Cortesia e é tão amável e nobre, de
modos tão gentis e excelentes, que o homem que se esforçar por o servir e honrar acabará por se libertar de toda
a vileza e maus hábitos” Cf. LORRIS; MEUN. Op. cit., p. 36.
20
Para Duby, a Idade Média central (séculos X-XIII) foi caracterizada pelo processo de “feudalização” do
Ocidente, marcado pela dissociação do Império Carolíngio (séculos VIII-X) e a consequente descentralização do
“Estado” existente até então em diversas porções territoriais autônomas de agora em diante. O historiador
13
[...] o lugar natural dessa formação [da cavalaria medieval] era a “corte”, a
residência do senhor [...]. Acolher, alimentar em sua casa os filhos de seus
feudatários constituía, com efeito um de seus primeiros deveres, um dos que eram
impostos pelo contrato vassálico. Um dever e um direito: era uma das formas de sua
generosidade, era também o seguro meio de garantir, sobre a geração em ascensão, o
domínio de seus sucessores. [...] A corte era, de início, apenas isso. Uma espécie de
colégio, a escola da cavalaria. Mas essa escola era muito longa, a maioria não saía
jamais dela. (DUBY, 2011: 82-83)
Sobre as convenções do fino amor, Huizinga (2011: 197) afirma que “é na literatura
que podemos aprender sobre as formas do amor na época, mas precisamos tentar imaginar
como elas funcionavam na própria vida”. O historiador neerlandês ainda dedica seus esforços
para propor a tese de que as expressões do Amor Cortês não estariam presas somente ao
universo literário romanesco. Segundo ele, “elas pertenciam à vida real” e, por conseguinte,
tinham a intenção de serem aplicadas “à vida aristocrática, ou pelo menos, às conversas”
(HUIZINGA, 2011: 199).
Diante dos aparatos teóricos aqui apresentados, buscaremos um maior diálogo no que
tange aos conceitos e discussões visualizados durante a digressão proposta. O manuseio e a
utilização adequada dos autores trabalhados demonstram que o quadro teórico é calcado em
grande parte pelas maiores referências no campo dos estudos medievais, correlacionando as
produções intelectuais de cada autor para a discussão aqui proferida sobre a temática cortesã
do amor no medievo.
Referencial Metodológico/Fontes
A utilização da narrativa literária como fonte histórica denota uma maior oportunidade
dos historiadores em alargar seu corpo documental, traçar novas problemáticas e propor novas
abordagens consonantes com a proposta empreendida pelo manifesto da “Nova História
Cultural” iniciada Marc Bloch, LucienFebvre, Fernand Braudel e por autores ligados ao
movimento conhecido como Annales. A maior variedade na análise dos objetos históricos
passa por uma “revolução documental” demonstrando que:
comenta que “[...] Num momento em que o Estado começava a libertar-se do emaranhado feudal, em que, na
euforia provocada pelo crescimento econômico, o poder público se sentia novamente capaz de modelar as
relações sociais. [...] Pois era um meio de reforçar o domínio da autoridade soberana sobre essa categoria social,
então a mais útil talvez à reconstituição do Estado, mas a menos dócil, a cavalaria. O código do „amor delicado‟
servia, com efeito, aos objetivos do príncipe, de duas maneiras. Porque, de início, ele realçava os valores
cavalheirescos, ele afirmava no domínio das ostentações, das ilusões, das vaidades, a preeminência da cavalaria
[...].O jogo do amor, em primeiro lugar, foi educação na medida. [...] Convidando a reprimir os impulsos, ele era
em si um fator de calma, de apaziguamento” DUBY, Op. cit., p. 73-75.
14
A escolha por utilizar tal recurso para análise da temática cortês do amor possui seu
valor ao demonstrar a sociedade feudal de modo único e original, destacando muitas vezes um
reflexo das atitudes cotidianas na elaboração dos textos divulgados. História e literatura
possuem próximos de si o recurso estrutural da narrativa, obedecendo, logicamente, suas
especificidades.
Para além disso, o historiador em diálogo direto com suas fontes deve-se ater para o
fato de que:
[...] o documento não é qualquer coisa que fica por conta do passado, é um produto
da sociedade que o fabricou segundo as relações de força que aí detinham o poder.
Só a análise do documento enquanto monumento permite à memória coletiva
recuperá-lo e ao historiador usá-lo cientificamente, isto é, com pleno conhecimento
de causa. (LE GOFF, 2012: 519-520)
A “linguagem das cortes”21 criada por intermédio desta literatura será analisada mais
precisamente por meio dosromansque trarão à tona dentro de sua estrutura narrativa uma
maior variedade dos “jogos” amorosos da corte disputados entre os amantes. Utilizaremos
traduções para o português dos romansselecionados para uma maior compreensão destes
jogos amorosos, que serão: O Romance de Tristão e Isolda [L’histoire de Tristan et Iseult];
21
A produção de uma literatura nas línguas vernáculas é característica do século XII. O francês, língua materna
da maioria das obras sobre o Amor Cortês é caracterizada como a linguagem preferida das cortes, - em
contraposição ao uso do latim empreendido pelos clérigos - um idioma do qual os nobres se entretém, com uma
roupagem romanesca, que dá origem ao nome de um dos gêneros literários mais difundidos na medievalidade,
responsável pela narração de uma sucessão de aventuras: o romance. Uma outra questão sobre o caráter dessa
literatura é a própria divisão existente quanto ao seu espaço de nascimento, visto que o francês arcaico tinha suas
variantes, seus dialetos. Uma divisão notável pode ser percebida quanto às langues d’oile as langue d’oc, formas
de se dizer o “sim” em francês. As primeiras tinham suas raízes no norte do território francês, e eram utilizadas
sobretudo em obras de cunho religioso, mesmo que ainda empregadas em romances. As segundas foram línguas
essencialmente poéticas, de caráter mais secular, e por sua vez utilizadas com maior frequência nos escritos
corteses dos séculos XII e XIII (como o occitano e o provençal). Interessante destacar que uma produção literária
dedicada ao tema cortesão do amor tinha suas próprias especificidades de acordo com as variantes geográficas
existentes no período, denotando que a produção de uma cultura escrita cortês era fruto de tais agentes históricos
específicos.
15
Duby (2013: 11) comenta que a literatura dos séculos XII-XIII “procurava impor um
conjunto de imagens exemplares” e que além disso “representa o que a sociedade quer e deve
ser.”Mesmo que essa literatura não represente um retrato fidedigno dos aspectos amorosos no
cotidiano das cortes principescas, os romansatuam diretamente como sendo os baluartes de
um “triunfo” literário e linguístico que consolida o uso da língua vernácula – aqui, o francês –
como meio de reforçar a estrutura cultural e social característica do processo de afirmação e
consolidação das cortes medievais como lugares sociais autônomos do mundo feudal.23
22
Hilário Franco Júnior (2010: 85-86) aponta que os signos do imaginário e sua linguagem específica – as
imagens - são uma “construção mental, realizada a partir de estímulos dos sentidos (seres, objetos, locais,
sensações) ou do aparelho visível/psíquico (visões, sonhos, memória) que implica certa relação com o mundo e
certa leitura do mesmo, materializadas na palavra e/ou na escrita [grifo nosso]”.
23
Sobre a estrutura narrativa do romane processo de sua construção histórica no medievo dos séculos XII-XIII,
cf. ZUMTHOR, Op. cit., p. 265-286.
16
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17
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