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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

MINISTÉRIO DAS FINANÇAS


AUTORIDADE TRIBUTÁRIA

ESTUDO DO IMPACTO DO DESARMAMENTO TARIFÁRIO NA


ARRECADAÇÃO DE RECEITAS FISCAIS

SECÇÃO I
PARTE INTRODUTÓRIA

1.1 INTRODUÇÃO

As Autoridades moçambicanas estão empenhadas na implementação do Protocolo


Comercial da SADC que, em 2008, determina a implementação de uma Zona de Livre
Comércio entre os Estados Membros. Neste contexto e, para possibilitar a determinação dos
efeitos resultantes desta decisão a nível fiscal, a Autoridade Tributária (AT) decidiu levar a
cabo um estudo com vista ao apuramento do impacto daí adveniente.

Este estudo visa a obtenção de elementos, formulação de hipóteses e produção de


recomendações que permitam à AT avaliar as alternativas para optimização da cobrança das
receitas necessárias para o Orçamento Geral do Estado, decidir sobre as melhores opções a
adoptar e propor medidas de política de natureza fiscal e aduaneira para auxiliar o Governo
no processo de tomada de decisões, tendo em vista mitigar o efeito fiscal do desarmamento
tarifário.

A receita aduaneira é uma das principais fontes de financiamento das despesas do Estado
em Moçambique, sendo de vital importância a compreensão da magnitude da perca de
receita, como resultado de desarmamento pautal nas categorias B1, B21 e B22 a partir de
Janeiro de 2008.

O trabalho está dividido em seis secções incluindo a presente secção introdutória. A


segunda secção apresenta a metodologia. A terceira secção descreve o comportamento das
importações e das receitas aduaneiras sobre o comércio internacional. A quarta secção
apresenta a previsão das importações e receitas para o período compreendido entre 2008 a
2010. A quinta secção discute os cenários alternativos de compensação. E, finalmente, a
sexta secção apresenta as conclusões e recomendações do estudo.

1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO

2
O Protocolo Comercial da SADC, assinado em Maseru aos 24 de Agosto de 1996, estabelece
um novo quadro que regula a cooperação económica entre os Estados Membros da região e
tem como objectivo promover o comércio e o desenvolvimento intra-regional, eliminando
gradualmente as barreiras tarifárias e não tarifárias ao comercio. Para tal, os países
membros comprometeram-se a levar a cabo a liberalização do comércio de bens e serviços,
com vista ao aumento da produção e de produtividade, investimento nacional,
transfronteiriço e estrangeiro bem como a diversificação e industrialização da produção
tendo em vista o desenvolvimento económico sustentável da região, bem ainda a
simplificação e harmonização dos procedimentos aduaneiros na importação, exportação e
trânsitos de mercadorias, bem como, da nomenclatura pautal.

O processo de integração económica regional da SADC tem um calendário definido nos


seguintes termos: falar do plano interposto de desenvolvimento e da cimeira dos chefes de
Estado que definiram esse calendário.

2008 – Zona de Livre Comércio

 Pressupõe a livre circulação de mercadorias internamente produzidas ou as


consideradas originárias dentro da Comunidade SADC, de acordo com os critérios
definidos nas Regras de Origem estabelecidas no Protocolo Comercial; livres de
direitos aduaneiros mas sujeitas a Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) e
Imposto sobre o Consumo Específico na importação (ICE), se aplicável;

2010 – União Aduaneira

3
Esta fase pressupõe a adopção de:

 Uma Pauta Aduaneira única na qual se aplica uma taxa externa comum;
 Um fundo/cofre de receita aduaneira comum e critérios de partilha da receita
cobrada, tendo como pressupostos, por exemplo, o seguinte:

 Nível de importação intra-regional de cada Estado Membro;


 PIB e;
 Rendimento per capita.

2015 – Mercado Comum

Esta fase será a forma de integração a um nível superior de uma União Aduaneira, pois, para
além da abolição de tarifas e barreiras comerciais entre os Estados Membros e da
harmonização das políticas aduaneiras, também haverá livre circulação de mão-de-obra e
capital, harmonização de políticas laborais e de comercio.

2016 – União Económica

Nesta fase, os Estados membros prevêem a harmonização e, até mesmo, a unificação das
políticas monetárias e fiscais assim como a existência de um Banco Central comum,
prevendo-se ainda a convertibilidade obrigatória e ilimitada das diferentes Moedas da
região.

Moçambique como signatário deste Protocolo, já vem implementando o mesmo desde


Setembro de 2001, momento a partir do qual as mercadorias da Categoria A 1 conforme
classificadas na Pauta Aduaneira, foram imediatamente liberalizadas.

1
Mercadorias com liberalização imediata a partir de 2001.

4
No início deste processo e, em conformidade com os desígnios do Protocolo Comercial da
SADC, Moçambique estabeleceu o seu calendário para a redução e/ou eliminação gradual
dos direitos de importação na região rumo à sua abolição total até 2015. Para tal, alterou-se
a Pauta Aduaneira adoptando duas ofertas, uma Básica para a África do Sul e a outra
Diferenciada para os restantes Membros da SADC. O motivo da diferenciação das ofertas
prende-se com a necessidade de contrabalançar a dimensão da economia sul-africana em
relação à dos restantes Membros da SADC de modo a reduzir o seu impacto nas pequenas
economias.

Como se pode depreender, o desarmamento tarifário resulta numa perda de receitas por
parte do Estado, uma vez que os direitos aduaneiros deixam de ser cobrados para um
considerável número de produtos e, ao mesmo tempo, como consequência outros
fenómenos se antevêem susceptíveis de contrapor tais perdas, facto que justifica a
necessidade da elaboração deste estudo, bem como, de cenários alternativos que
compensem esta situação.

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O Estudo compreende o período entre 2008 e 2010, dado ser esse período relativamente ao
qual se encontram definidas as projecções macroeconómicas, nomeadamente o Cenário
Fiscal de Médio Prazo e o Mapa Fiscal.

1.4 OBJECTIVOS DO ESTUDO

 Determinar os impactos sobre a receita fiscal decorrentes do desarmamento


tarifário;

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 Avançar cenários alternativos compensatórios das ofertas efectuadas por
Moçambique no âmbito do desarmamento tarifário.

1.5 RESULTADO ESPERADO

Do estudo espera-se recomendações sobre medidas de politica fiscal e aduaneira passíveis


de ser adoptados para a compensação da oferta de Moçambique na implementação do
Protocolo Comercial, tendo em vista a optimização de cobrança da receita fiscal e a
consequente redução do défice orçamental.

1.6 METODOLOGIA BÁSICA DO ESTUDO

Para a elaboração do estudo, ao nível da AT, foi constituído um Grupo de Trabalho


subdividido em: Subgrupo de Execução, Subgrupo de Monitorização e outro de Supervisão,
para permitir maiores sinergias e alcance dos objectivos preconizados.

Este Grupo recorreu também ao apoio técnico de outros quadros da AT, considerando os
trabalhos por eles realizados e as técnicas aplicáveis.

Serão considerados os seguintes meios e instrumentos de investigação:

 Pesquisa bibliográfica e documental;


 Recolha de informação em fontes primárias (DGA e DGI), oficiais (INE e BM) e MIC;
 Pesquisa na Internet;
 Discussão intra-grupo dos contributos a fornecer/obter de cada elemento ou de
entidades exteriores ao grupo, quando possível.

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SECÇÃO II
COMPORTAMENTO DAS IMPORTAÇÕES E DA RECEITA
ADUANEIRA SOBRE O COMÉRCIO INTERNACIONAL2

2.1 IMPORTAÇÕES POR REGIÃO DE ORIGEM

A origem das importações realizadas por Moçambique pode ser agrupada em quatro
grandes grupos de regiões, nomeadamente RSA, a SADC excluindo a RSA, União Europeia
(UE) e Resto do Mundo. No período compreendido entre 2001 e 2007, o volume total de
importações realizadas corresponde a 220.716,36 milhões de Meticais da nova família
(mdm), sendo 49.5% provenientes da SADC, 15.5% da União Europeia e 35% do Resto do
Mundo, conforme mostra a Tabela 1.

Fonte: TIMS

A mesma tabela espelha a evolução anual das importações provenientes das regiões acima
descritas com a indicação dos pesos, isto é, a contribuição de cada região em cada ano.
Pode-se observar que do volume total das importações provenientes da SADC, 93% são
provenientes da RSA.

2
Embora o horizonte temporal considerado neste estudo seja de 2001 a 2007, a análise da receita aduaneira
apenas irá até 2006 devido à fiabilidade dos dados.

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Importa referir que das três regiões, a SADC é o principal parceiro comercial de
Moçambique, ao absorver em média, cerca de 50% das importações totais.

Relativamente à região da SADC, as importações totais anuais no período em análise


evoluíram de 7.286,21 mdm, até atingirem o pico de 28.119,15 mdm em 2006, tendo-se
verificado um crescimento acentuado de 2004 a 2006, conforme mostra a tabela 1.

8
2.2 ESTRUTURA DAS IMPORTAÇÕES E USO DAS PREFERÊNCIAS

De acordo com a Tabela 2, observa-se desde 2002 um aumento contributivo das


importações da banda dos 5% no total das importações devido essencialmente à
importação de combustíveis e outros bens de capital.

No entanto, a partir de 2005 verifica-se uma troca de posição na estrutura das importações
entre as bandas tarifárias de 7.5% e 5%, passando esta última (bens de capital) a contribuir
com mais de 30% do total das importações (o maior contributo).

Este facto aponta para uma tendência de menor colecta de direitos aduaneiros no conjunto
das duas bandas com eventuais implicações no conjunto do Imposto sobre o Comércio
Externo.

Importa referir que a banda dos 7,5% tem um peso substancial devido à importação do
arroz, produto quase que tradicional na alimentação das populações urbanas e peri-
urbanas.

Neste período, foram registadas as seguintes reduções tarifárias publicadas no Boletim da


República:

 Redução da tarifa geral de 35% para 30% – Decreto 30/99 de 24 de Maio;

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 Redução da tarifa geral de 30% para 25% – Decreto 39/2002 de 26 de Dezembro e
Redução de um conjunto de tarifas incidentes sobre diversas mercadorias
classificadas na categoria A de liberalização imediata no âmbito da implementação
do protocolo comercial da SADC;

 Redução da tarifa de 25% para 20% em 2006 para as mercadorias da categoria B1 e


C1 do quadro de desarmamento pautal da região da SADC e RSA aprovado pelo
Decreto 25/2001 de 28 de Agosto;

 Redução da tarifa geral de 25% para 20% 2007 Lei 3/2007 de 7 de Fevereiro.

Ademais, verificou-se a introdução de importação de mercadorias mediante a apresentação


do certificado de origem conforme previsto no protocolo comercial da SADC com vista ao
benefício da redução tarifária pelo uso da taxa preferencial.

Fonte: TIMS

De acordo com a Tabela 3, o uso das tarifas preferenciais pelos países da SADC aponta para
uma cifra média de 5%, tendo a RSA registado uma média de 4% para as suas exportações e
18% para os restantes membros, o que significa que os restantes 95% de valor CIF foram
verificados na importação de mercadorias que não apresentaram certificado de origem,
pese terem sido importados dos países signatários do protocolo, tendo por inerência a este

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facto pago todas as imposições devidas como se de mercadoria proveniente de fora da
região se tratasse.

Tendo em conta a Figura 1, deve-se notar que o uso da preferência em termos de


percentagem é maior nas importações dos outros membros da SADC do que para as da RSA,
pese embora este tenha maior expressão regional na sua oferta do que os outros.

Fonte: Estimativas com base nos dados do TIMS

Isto sugere duas possibilidades:

 Que a maioria das mercadorias importadas da RSA para Moçambique não são
originárias de lá;
 Que nível de uso da certificação das mercadorias importadas é baixo (por falta de
informação/divulgação?).

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2.3 RECEITA ADUANEIRA

Para o propósito deste estudo, considera-se receita aduaneira como o somatório dos
Direitos Aduaneiros, Imposto sobre o Consumo Específico sobre as Importações (ICE) e
Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) nas importações, posteriormente deduzidos das
respectivas isenções fiscais3.

Tabela 4. Receita Aduaneira (RA) cobrada de 2001 a 2007 (em mdm)

Fonte: TIMS

3
Importa referir que, embora as isenções a curto reduzam as receitas potenciais, a médio/longo prazo podem
gerar externalidades positivas sobre o nível da actividade económica mediante uma estrutura de custos
reduzida, com implicações directas sobre o nível de arrecadação da receita.

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Durante o período de 2001 a 2006, a receita aduaneira cobrada foi de 50.884.14 mdm,
sendo 56.2% referentes à contribuição do IVA, cabendo aos direitos aduaneiros 34.4% e ao
9.4% ao ICE, tal como pode ser observado na Figura 2.

Da receita aduaneira, 53.8% é proveniente do comércio com a região da SADC, 15.5% da UE


e 30.6% do Resto do Mundo.

A receita total resultante do comércio com os Países da SADC, representou 27.399,36 mdm.
Deste valor, 94.6% provém das importações com a África do Sul.

Fonte: Estimativas com base nos dados do TIMS

No caso específico da região da SADC, o IVA é o imposto que mais contribui para a receita
aduaneira com cerca de 47%, seguido pelos direitos aduaneiros com cerca de 30.5% e do ICE
com 7.4%.

2.3.1 Contribuição da Receita Aduaneira para a Receita Fiscal, Estatal e PIB nominal

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Quanto à contribuição da receita aduaneira para as Receitas Fiscais, em 2001, esta era de
cerca de 45.4%, mantendo-se nos anos seguintes uma tendência decrescente, com excepção
de 2004 (47.4%), até atingir 43.6% em 2006.

Em termos da contribuição da Receita Aduaneira para as receitas do Estado, em 2001 esta


era de cerca de 42.1%, mostrando o mesmo comportamento do rácio anterior, até
contribuir em cerca de 35.1% para a Receita do Estado, conforme pode ser observado na
Figura 3.

Fonte: Estimativas com base nos dados do TIMS

Por outro lado, os direitos aduaneiros têm tido um peso, embora irregular, crescente no PIB
nominal. Como pode-se observar na Figura 3, a sua contribuição era de cerca de 5.03% em
2001, evoluindo até 5.33% em 2006.

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2.3.2 Contribuição dos direitos aduaneiros provenientes da SADC para a Receita Fiscal,
Estatal e PIB nominal

De uma maneira geral, conforme mostra o Anexo 1, os direitos aduaneiros arrecadados no


comércio com a SADC contribuíram em média para a receita aduaneira em cerca de 17%,
dos quais 63.3% são referentes à contribuição das categorias B1, B21 e B22 4.

Fonte: Estimativas com base nos dados do INE

A sua contribuição para as receitas fiscais tem vindo a verificar uma tendência decrescente,
embora irregular, desde 2001. De facto, o seu peso nas receitas fiscais situa-se em 2006 em
7.49%. Em termos médios, os direitos aduaneiros contribuíram em cerca de 7.43% para as
receitas fiscais do Estado.

Quanto à contribuição dos direitos aduaneiros colectados no comércio da SADC para as


receitas do Estado, em termos médios esta foi de cerca de 6.53%, tal como pode-se observar
na Figura 4. A sua tendência também é decrescente.

4
A partir de Janeiro de 2008, estas categorias passarão à taxa zero em termos de direitos aduaneiros.

15
No período considerado, o peso dos direitos aduaneiros no PIB nominal demonstra uma
tendência crescente, sendo este em termos médios de 0.85%.

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SECÇÃO III
PREVISÃO DAS IMPORTAÇÕES E RECEITAS PARA O PERIODO
COMPREENDIDO ENTRE 2008-2010

3.1 PROCESSO DE DESARMAMENTO

De uma forma geral, o desarmamento tarifário (para além das mercadorias que foram
classificadas no âmbito do protocolo da SADC como parte integrante da categoria A de
liberalização imediata) cuja implementação teve início em 2002, vem incidindo
maioritariamente sobre a tarifa máxima de direitos aduaneiros aplicada sobre os bens de
consumo que na estrutura tarifária em termos de valor CIF representa normalmente perto
de 15% do valor CIF total, ocupando o terceiro lugar depois dos bens de capital – 35% e
intermédios – 32%, como se pode observar da Tabela 2.

De sublinhar que existem dois processos de desarmamento tarifário. Um que decorre sobre
a capa de desarmamento, mas corresponde à redução da tarifa máxima geral para os
restantes países fora da SADC, e outro que respeita aos países signatários do protocolo da
SADC.

Importa referir que o período de implementação do protocolo comercial da SADC é distinto


para a República da Africa do Sul (até 2015) e restantes membros signatários (até 2012),
fundamentalmente em relação às categorias C1, C21, C22 e C23.

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3.1.1 O que o Estado abre mão em termos da receita teórica com o desarmamento
tarifário

Neste capítulo analisaremos a perda de receita teórica entendida como aquela que resulta
directamente da metodologia dos cálculos baseados na técnica tributária aduaneira vigente,
ou seja calculo dos impostos devidos previstos na pauta aduaneira sobre o seguinte
procedimento em cascata:

(A) Direitos aduaneiros = Valor CIF × Tarifa de direitos aduaneiros


(B) ICE = (Valor CIF+(A)) × Taxa do ICE
(C) IVA = (Valor CIF+(B)) × Taxa do IVA(17%)
Valor total das Imposições = A + B + C

Denota-se que a base tributária principal é o valor CIF da mercadoria; única para o calculo
dos direitos aduaneiros e acrescida para os restantes em forma de cascata.

De salientar que no caso de a mercadoria sofrer uma protecção especial, ou seja, a pauta
aduaneira prever uma sobretaxa a pagar, o procedimento é o mesmo logo a seguir aos
direitos aduaneiros por aí em diante até à sua inclusão no total das imposições a pagar (o
IVA o último imposto a ser calculado). No entanto, existem casos, embora raros, de
mercadorias que apenas pagam direitos aduaneiros e outras que não pagam algum imposto.

A pauta aduaneira prevê 5 (cinco) bandas tarifárias nomeadamente 0%, 2,5%, 5%, 7,5% e
20% geralmente para produtos básicos ou essenciais como medicamentos, matérias-primas,
bens de capital, produtos semi-acabados ou intermédios e bens de consumo ou supérfluos
respectivamente.
A tarifa máxima foi a que sofreu as reduções que vimos anteriormente desde 1999 de 35%
para 30% e a última verificada este ano (2007) de 25% para 20%. Sendo de destacar que as
importações desta banda tarifária correspondem a próximo dos 15% do valor total CIF.

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Assim, perante uma redução tarifária de 25% para 20%, uma mercadoria que tenha que
pagar a taxa máxima de direitos, IVA e ICE teríamos a seguinte situação descrita na tabela
abaixo consoante a taxa de imposto de consumo específico sobre os produtos importados a
pagar para cada 100 meticais de valor CIF.

Valor Dir ice iva mt


CIF tx Valor tx valor tx valor Total
100 25,0% 25 0,0% 0 17,0% 21,25 46,25
100 20,0% 20 0,0% 0 17,0% 20,40 40,40
Dif 0 5,0% 5 0,0% 0 0,0% 0,85 5,85

100 25,0% 25 15,0% 18,75 17,0% 24,44 68,19


100 20,0% 20 15,0% 18 17,0% 23,46 61,46
Dif 0 5,0% 5 0,0% 0,75 0,0% 0,98 6,73

100 25,0% 25 30,0% 37,5 17,0% 27,63 90,13


100 20,0% 20 30,0% 36 17,0% 26,52 82,52
Dif 0 5,0% 5 0,0% 1,5 0,0% 1,11 7,60

100 25,0% 25 40,0% 50 17,0% 29,75 104,75


100 20,0% 20 40,0% 48 17,0% 28,56 96,56
Dif 0 5,0% 5 0,0% 2 0,0% 1,19 8,19

100 25,0% 25 65,0% 81,25 17,0% 35,06 141,31


100 20,0% 20 65,0% 78 17,0% 33,66 131,66
Dif 0 5,0% 5 0,0% 3,25 0,0% 1,40 9,65

Para cada 100 meticais de valor CIF duma mercadoria que tenha que pagar direitos
aduaneiros e IVA, o Estado perde 5,85 mt, correspondendo 5 mt de direitos e 85 centavos
de IVA. Sendo que o valor dos direitos a perder mantêm-se constante (5 mt) para cada caso
de ICE diferente a pagar, o valor do ICE e do IVA vai alterando devido a variação da taxa do
ICE ao efeito cascata sobre o IVA que é o último imposto a ser calculado com reflexo sobre o
valor global a perder pelo Estado, evoluindo até alcançar os 9,65 mt correspondentes a 5 mt
de direitos, 3,25 mt de ICE e 1,40 mt de IVA para uma mercadoria que tenha a pagar a
máxima taxa de ICE 65%.

Com efeito, tomando em consideração somente as mercadorias que pagam Direitos


aduaneiros e IVA, atendendo que estas correspondem a 95% do valor total CIF das

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mercadorias importadas e os restantes 5% pagam com o ICE, de Junho a Dezembro 2002
com a redução de 30% para 25% o estado perdeu teoricamente próximo de 0.4 milhões de
meticais actuais com a importação de 6.6 milhões de meticais de valor CIF de conformidade
com a nossa tabela de estrutura de importações.

Valor Dir ice iva mdm


CIF tx Valor tx valor tx valor Total
6,6 30,0% 2,0 0 0 17,0% 1,5 3,43
6,6 25,0% 1,6 0 0 17,0% 1,4 3,05
Dif 0 5,0% 0,3 0 0 0 0,06 0,386

Em 2006 com a redução de 25% para 20% para a região da SADC o Estado perdeu 20,3
milhões de meticais (mdm) líquidos de isenções com a importação de mercadorias no valor
de 347,01 mdm. Correspondendo 17,4 mdm em direitos e 2,95 mdm em IVA.

20
Dir ice iva mdm
CIF tx Valor tx valor tx valor Total
347,01 25,0% 86,8 0 0 17,0% 73,7 160,49
347,01 20,0% 69,4 0 0 17,0% 70,8 140,19
Dif 0 5,0% 17,4 0 0 0 2,95 20,300

Já no corrente ano (2007) de Março a Agosto com a redução de 25% para 20% o Estado
perdeu preliminarmente liquido de isenções 210 milhões de meticais com a importação de
mercadorias no valor de 3.606,74 mdm, correspondendo 180,3 mdm de direitos e 30,7
mdm de IVA, o equivalente a receita de uma semana em média colectada pelas Alfândegas.

Dir ice iva mdm


CIF tx Valor tx valor tx valor Total
3.606,74 25,0% 901,7 0 0 17,0% 766,4 1.668,12
3.606,74 20,0% 721,3 0 0 17,0% 735,8 1.457,12
Dif 0 5,0% 180,3 0 0 0 30,66 210,994

Prevendo-se que alcance potencialmente (antes de Isenções) os 584 milhões de meticais


com a importação de 9.984,4 mdm equivalente a perto de 15% do total CIF previsto
(67.777,3 mdm). correspondendo 499,2 de direitos e 84,9 de IVA até ao final do ano.

Dir ice iva mdm


CIF tx Valor tx valor tx valor Total
9.984,4 25,0% 2496,1 0 0 17,0% 2121,7 4.617,76
9.984,4 20,0% 1996,9 0 0 17,0% 2036,8 4.033,68
Dif 0 5,0% 499,2 0 0 0 84,87 584,085

A diferença proporcional nestes números deriva do facto de se tratar de uma redução geral
da tarifa máxima associado ao incremento das importações particularmente de bens de
consumo e em certa medida da assimetria de informação. Por outras palavras os detentores
e usuários (funcionários aduaneiros e despachantes) da informação aduaneira (Lei,
regulamentos e procedimentos) constituíam um grupo restrito, tendo sido aberto o
mercado por via de concurso público para licenciamento da actividade de despachante
aduaneiro no ano de 2005.

21
Estes factos concorrem obviamente para a redução do peso do imposto sobre o comércio
externo no conjunto das receitas fiscais e no contributo para o PIB a preços correntes
decrescendo de 2.2% em 2000 para 1.8 em 2006.

22
3.2 PROJECÇÃO 2008-2010

Pressupostos:

 Os valores de 2005, 2006 e 2007 são valores efectivos sendo o de 2007,o planificado;
 Uso do Modelo Comercial de Equilíbrio Parcial com recurso à classificação pautal do
SH a 8 dígitos para assegurar homogeneidade dos produtos e assumpção das
Elasticidades de oferta constantes;
 O crescimento das importações derivado do aumento do rendimento e a taxa de
inflação são valores assumidos no quadro macro: 20% para as importações até 2006
e 5% para os restantes anos; e 5% em média para a inflação;
 Não são consideradas importações dos Grandes Projectos, Electricidade e Isenções;
 Os cenários são tratados por país de importação e por uso da preferência tendo em
conta a condicionante de certificação atendendo às regras de origem do perfil do
protocolo da SADC;
 A receita do Imposto sobre o Consumo Específico sobre a Produção Nacional é
tratada em separado dado depender da capacidade de resposta face à procura
interna e internacional;
 Os valores estão milhões de Meticais da nova família.

O protocolo da SADC prevê no seu quadro de implementação do desarmamento tarifário


para Moçambique que em 2008 todas as mercadorias da categoria B1, B21 e B22 para
ambos os grupos da RSA e dos restantes países membros da região passam a taxa 0% de
direitos aduaneiros. Constituindo deste modo uma zona de comércio livre.

Sobre estas mercadorias incidem actualmente as taxas de 20%, 7,5% e 5% respectivamente.


Sendo assim, teríamos:

23
24
25
3.2.1 Estimativa da perda de receita resultante do desarmamento pautal

Para o final de Dezembro de 2007 até finais do terceiro trimestre de 2008 está previsto para
a região da SADC a redução das taxas de direitos aduaneiros das mercadorias das categorias
B1, B21 e B22 de 20%, 7,5% e 5% para 10%, 4% e 3%, respectivamente.

Através da nossa planilha de cálculo do nosso modelo, teremos:

Dir Ice Iva mdm


cif tx Valor tx valor tx valor Total
74,7 20,0% 14,9 0 0 17,0% 15,2 30,2
74,7 10,0% 7,5 0 0 17,0% 14,0 21,4
Dif 0 10,0% 7,5 0 0 0 1,27 8,74

61,6 7,5% 4,6 0 0 17,0% 11,3 15,9


61,6 4,0% 2,5 0 0 17,0% 10,9 13,4
Dif 0 3,5% 2,2 0 0 0 0,4 2,5

849,9 5,0% 42,5 0 0 17,0% 151,71 194,2


849,9 3,0% 25,5 0 0 17,0% 148,82 174,3
Dif 0 2,0% 17,0 0 0 0 2,89 19,89
Total 15,5% 26,63 0,00 4,53 31,15

No global, espera-se perder perto de 31,15 millhões de meticais sendo 26.63 de direitos e
4.53 mdm de IVA.

Com a criação da zona de comércio livre na região, no início de Janeiro de 2008, os países
membros da SADC reduzirão as tarifas e outras barreiras ao comércio nas trocas entre si,
passando 85% das mercadorias produzidas na região a circular livremente, sob condição das
regras de origem estabelecidas no protocolo comercial da SADC, cabendo a cada Estado
determinar a sua própria política tarifária nas relações comerciais com os países não
membros.

26
O impacto na receita aduaneira derivado desse facto será de 57,67 mdm sendo 49,29 de
direitos e 8,38 mdm de IVA.

Dir Ice iva


CIF tx Valor tx Valor tx valor Total
79,1 10,0% 7,9 0 0 17,0% 14,8 22,7
79,1 0,0% 0,0 0 0 17,0% 13,4 13,4
Dif 0 10,0% 7,9 0 0 0 1,34 9,26

67,7 4,0% 2,7 0 0 17,0% 12,0 14,7


67,7 0,0% 0,0 0 0 17,0% 11,5 11,5
Dif 0 4,0% 2,7 0 0 0 0,5 3,2

1.289,0 3,0% 38,7 0 0 17,0% 225,71 264,4


1.289,0 0,0% 0,0 0 0 17,0% 219,14 219,1
Dif 0 3,0% 38,7 0 0 0 6,57 45,25
Total 17,0% 49,29 0,00 8,38 57,67

27
SECÇÃO IV
CENÁRIOS ALTERNATIVOS DE COMPENSAÇÃO

As projecções do quadro fiscal para o ano de 2008 partem do pressuposto de que a


economia moçambicana vai experimentar uma taxa de crescimento estável, inflação
controlada a um dígito e uma estabilidade cambial.

Com efeito, prevê-se que a taxa de crescimento real do PIB esteja nos 7,0 % para o exercício
de 2008. A inflação média anual rondará nos 5,7% e a taxa de câmbio médio será de 28,24
Mtn.

Através de medidas de alargamento da base tributária, consolidação de reformas da


Administração Tributária e de combate a evasão fiscal a receita do Estado registará um
aumento 0,5 PP do PIB em 2008, passando o rácio de 15,0% para 15,50%.

No mapa fiscal, destacam-se as receitas fiscais, não só pelo peso que representam na
estrutura da receita do Estado, mas, sobretudo pela evolução que regista no presente ano.

Integram este tipo de receitas, entre outras, os impostos sobre o rendimento de pessoas
Singulares e Colectivas (IRPS e IRPC) e o IVA.

Em 2008, o Governo prosseguirá com a consolidação da implementação das reformas na


área dos impostos internos, desenvolvendo acções que permitam uma maior captação de
receitas do Estado na área dos impostos sobre a Actividade Económica Nacional, procurando
desta forma, reduzir o impacto negativo, resultante do próximo passo no processo de
desarmamento tarifário, a acontecer em 2008, com cerca de 85% das importações a verem
as suas tarifas reduzidas a zero, a nível do comércio regional.

28
Assim, serão desenvolvidas as seguintes acções que deverão garantir a arrecadação de mais
receitas do Estado:

 Consolidação da Autoridade Tributaria de Moçambique;

 Expansão e consolidação do sistema de informatização dos impostos no âmbito da


melhoria da gestão e simplificação de procedimentos na prestação de serviços da
Administração Tributária aos contribuintes, através da e-tributação, da rede de
cobrança e da janela única electrónica – Bussiness Case;

 Prosseguimento das campanhas de licenciamento dos contribuintes informais que


operam nos mercados – diminuindo o GAP entre a receita potencial e a efectiva a
nível do IRPS 2ª Categoria;

 Implementação dos Tribunais Fiscais e consolidação dos tribunais aduaneiros,


criando maior celeridade no desfecho dos processos e na recuperação das dívidas;

 Criação de novas áreas fiscais, tendo em vista a colocação da Administração


Tributária, o mais próximo possível do contribuinte criando comodidade para o
contribuinte – alargamento da base tributária;

 Continuação da atribuição do Número Único de Identificação Tributária (NUIT) aos


contribuintes, estando previstos para 2008 a atribuição de mais 150 mil NUITs –
alargamento da base tributária em IRPS e IRPC

 Criação de mais duas lojas do contribuinte, nas zonas Centro e Norte, visando
proporcionar maior informação sobre a actividade tributária aos contribuintes, no
âmbito da Educação Fiscal;

29
 Fortalecimento das actividades de fiscalização, em particular e IVA, IRPS e IRPC -
incremento na realização de auditorias pré seleccionadas e redução das auditorias
abrangentes;

 Criação do Gabinete de Gestão dos Grandes Contribuintes (cuja primeira fase se


encontra já em execução, através da criação do grupo de controlo dos
megaprojectos), para assegurar a regularidade no cumprimento fiscal dos maiores
pagadores;

 Fortalecimento do controlo pós desembaraço – impostos do comércio exterior;

 Implementação do Decreto 36/2000, que regula o controle de mercadorias em


circulação, com intuito de recuperação de receita evadida;

 Racionalização das isenções concedidas;

 Com o desarmamento tarifário, a parte dos direitos que era deduzida, na


determinação da base tributável, como custo, deixa de o ser, aumentando essa
base, e por tabela as receitas em IRPC e IRPS;

 Reforço das medidas de execução fiscal sobre os devedores de maior prazo e dívida
mais elevada – programação de um número específico de hastas públicas;

 A edição de um regime excepcional de pagamento de dívidas tributárias já em


processo de contencioso fiscal, para contribuintes que apresentem comprovadas
dificuldades financeiras;

 A entrada em funcionamento de uma nova carteira de empreendimentos,


resultante de novos investimentos de grande porte, quais sejam:

30
o Procana – produção de bio combustíveis
o Areias pesadas de Moma
o Produção de ferro a partir das areias pesadas do Chibuto
o Companhia Vale do Rio Doce Moçambique
o Construção da refinaria de petróleo em Nampula
o Shopping Maputo Center.

Projectos de Lei em preparação, com provável impacto nas receitas

Existem vários projectos/propostas de lei, que estão prontos para serem submetidos à
Assembleia da República, logo no início de 2008, cujo impacto poderá significar um
incremento na arrecadação de receitas:

 Imposto sobre o Consumo Específico sobre a produção nacional: aumento das taxas
incidentes na Cerveja, de 30% para 50%, e das incidentes no tabaco para 75%;

 Criação de um imposto/regime novo, para tributação de pequenos contribuintes –


micro e pequenas empresas em IVA e IR’s

 Proposta de alteração do código de IVA com objectivo de racionalização dos


benefícios fiscais

 Proposta de alteração do código de IRPS e do IRPC, em que juros, rendimentos


gerados por títulos de dívida pública e os títulos cotados na Bolsa de valores de
Moçambique, passarão a ser tributados

31
SECÇÃO V
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Do estudo levado a cabo, pode-se tirar algumas ilacções importantes, nomeadamente:

 O uso da preferência é baixo, representando um peso cada tendencialmente menor


nas importações totais de Moçambique. Importa referir que as razões para tal
comportamento ainda estão por ser determinadas;
 Verifica-se uma queda da receita global de 2007 a 2010 resultante da redução tarifá
de direitos aduaneiros;
 As maiores perdas de receita resultarão da redução das taxas gerais máximas, pelo
que as reduções das taxas verificadas e a verificar-se não terão um impacto
significativo na receita aduaneira, fiscal, do Estado e por fim, no PIB;
 O IVA aumenta a receita como resultado do aumento das importações. No entanto,
não é suficiente para compensar a redução dos direitos aduaneiros, que por sua vez,
reduzem a sua base tributária (em cascata);
 O impacto final depende do nível do aumento das importações e da inflação;
 O uso do tratamento preferencial pela RSA poderá influenciar e determinar o nível
da queda na receita;
 Existe a necessidade de racionalizar o uso das isenções actualmente concedidas às
importações, dado que as mesmas reduzem a receita aduaneira. Esta redução
representa, em termos médios, cerca de 20% da receita potencial.

Portanto, é fundamental:

 Prosseguir com o objectivo de aumento da receita em função do PIB (5%);


 Publicitar a necessidade de obtenção do Certificado de Origem com vista a obter
maiores benefícios através do comércio;

32
 Adoptar medidas de alargamento da base tributária que passam pela
implementação de reformas na área dos impostos internos;
 Consolidar a Administração Tributária;
 Combate à evasão fiscal.

ANEXOS

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Fonte: TIMS

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Fonte: TIMS

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Fonte: TIMS

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Fonte: TIMS

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Fonte: TIMS

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Fonte: TIMS

39
Fonte: TIMS

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