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Centro Universitário Una

Edmilcio Eustáquio

Emilly de Matos

Miriã Santos

Thaís Crislay

William Lima

CONTADOR MINEIRO: A BUSCA POR UM PROFISSIONAL COMPETITIVO

Belo Horizonte
2018
Centro Universitário Una

Edmilcio Eustáquio

Emilly de Matos

Miriã Santos

Thaís Crislay

William Lima

CONTADOR MINEIRO: A BUSCA POR UM PROFISSIONAL COMPETITIVO

Trabalho apresentado como Requisito na


avaliação do Curso de Ciências contábeis do
Centro Universitário UNA, para o Projeto
Interdisciplinar.

Professora Orientadora: Maria Alice Mendes


Arcebispo

Belo Horizonte

2018
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................4
2. CONTABILIDADE: TRAJETÓRIA HISTÓRICA NO BRASIL.....................5
2.1 Contabilidade em Minas Gerais..............................................................6
3. PERFIL DO PROFISSIONAL E SUAS ATRIBUIÇÕES...............................7
4. METODOLOGIA..........................................................................................10
4.1 Pesquisa Bibliográfica............................................................................10
4.2 Pesquisa Qualitativa...............................................................................11
4.2.1 Entrevista.....................................................................................12
5. ANÁLISE DOS DADOS...............................................................................13
6. CONCLUSÃO...............................................................................................21
7. REFERÊNCIAS............................................................................................23
8. ANEXOS.......................................................................................................25
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1. INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos a Contabilidade passou por inúmeras mudanças e a


função do contador mudou ao longo da história, ele deixou de ser visto apenas como
um guarda livros e passou a desempenhar um papel importante nas organizações
ao produzir e gerenciar informações úteis que auxiliem os gestores e demais
usuários da Contabilidade a tomar as melhores decisões para suas empresas.

Nesse sentido o profissional contábil precisou buscar e aperfeiçoar


competências e habilidades para os novos desafios da profissão. Estar atento às
mudanças do mercado, ser um profissional competitivo, executar seu trabalho com
excelência e ética profissional são alguns desses desafios.

Este trabalho tem como objetivo traçar o perfil ideal de um profissional de


contabilidade diante do mercado atual, que está cada vez mais competitivo. Para
alcançar esse objetivo, foram realizadas pesquisas bibliográficas e pesquisa de
campo. Foram coletados dados diversos que tornaram possível uma análise
confrontando os conceitos bibliográficos com a realidade dos contadores e
conhecendo melhor sua área de atuação.
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1. CONTABILIDADE: TRAJETÓRIA HISTÓRICA NO BRASIL

A Contabilidade existe desde o começo da civilização e por um grande


período foi considerada como a arte da escrituração mercantil, segundo Marion em
seu livro Introdução a Teoria da Contabilidade desde os povos mais primitivos, a
Contabilidade já existia em função da necessidade de controlar, medir e preservar o
patrimônio familiar e até mesmo, em função de trocar bens para maior satisfação
das pessoas. Ao longo do tempo a Contabilidade teve suas técnicas específicas
aperfeiçoadas e especializadas, tornando-se de grande importância para a
sociedade em geral.

No Brasil a Contabilidade teve início com a colonização portuguesa, e com a


edição do Código Comercial Brasileiro foi regulamentada e o profissional dessa área
era conhecido como guarda-livros. A profissão se desenvolveu e em 1915 foi
fundado o Instituto Brasileiro de Contadores Fiscais, a primeira entidade de
contadores do país. No ano seguinte ocorreu a fundação das Associações dos
contadores de São Paulo e o Instituto de Contabilidade no Rio de Janeiro. Em 1924
foi realizado no Rio de Janeiro o 1° Congresso Brasileiro de Contabilidade em que
foi iniciada a campanha para a regulamentação da profissão de Contador, e ela foi
regulamentada em 1930, no governo provisório liderado por Getúlio Vargas. A
profissão foi crescendo e se tornou de grande importância para a economia do país
e foi criado o Conselho Federal de Contabilidade – CFC, através do Decreto-Lei
9.295 de 27 de maio de 1946 e, em seguida, foram criados os conselhos regionais
em vários Estados para a consolidação do CFC.

Ao longo da história muitos contadores influenciaram o rumo da economia e


contribuíram para o progresso da sociedade. Grandes responsáveis pela ascensão
da profissão foram: Luca Bartolomeo de Pacioli, pai da Contabilidade moderna que
criou a teoria contábil do débito e crédito; Eliseu Martins, um dos mais influentes
contabilistas do Brasil, representante na escola americana de Contabilidade; Antônio
Lopes de Sá, escritor que mais editou arquivos e livros no Brasil e na Itália e que
criou também a maior corrente cientifica sobre Contabilidade; Ana Maria Elorrieta,
eleita uma das 50 pessoas mais influentes na área de Contabilidade pelo Global
Accountancy Power 50; Warren Allen, por seis anos esteve presente no IFAC
(Conselho da Federação Internacional de Contadores), sendo hoje seu atual
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presidente; e João Lyra Tavares, criou o dia do contabilista. Estes contadores


servem de grande inspiração para os profissionais que almejam o sucesso.

Nesse sentido a profissão é uma das que mais crescem no mundo, e será
uma das que estarão em alta no ano de 2018, no Brasil, de acordo com a colunista
Bárbara Bigarelli, da Época Negócios. No Brasil são mais de 500 mil profissionais
registrados. Isso mostra que ao longo dos anos a profissão tem ganhado o seu
devido reconhecimento.

2.1 CONTABILIDADE EM MINAS GERAIS

Um grande marco para a Contabilidade em Minas gerais foi a criação do


Conselho Regional de Contabilidade de Minas Gerais – CRC-MG, através do
Decreto-lei 9.295 de 1946. Ele significou o resultado de um longo processo que a
classe contábil, através de suas lideranças, realizou junto aos poderes públicos e a
sociedade para conquistar um órgão colegiado que representasse a regulamentação
da profissão. O CRC-MG tem como papel principal orientar, disciplinar e fiscalizar,
legal, técnica e eticamente o exercício da profissão contábil em todo o Estado. Além
disso, está integrado com o Conselho Federal de Contabilidade que tem como foco
o desenvolvimento de ações que fortaleçam e valorizem a profissão.

Um dos grandes nomes da Contabilidade no Brasil foi Antônio Lopes de Sá,


um mineiro, que alcançou uma carreira de grande sucesso e é reconhecido
internacionalmente pelo seu trabalho. Juarez Domingues Carneiro, que foi um dos
presidentes do Conselho Federal de Contabilidade – CFC prestou uma homenagem
a Antônio Lopes de Sá e evidenciou sua importância para o desenvolvimento da
Contabilidade:

“Dia 7 de junho de 2010. O mundo contábil perde um dos seus mais


ilustres filhos: Antônio Lopes de Sá. O seu carisma e a sua inteligência,
que contribuíram tão fortemente para a Contabilidade, deixarão, não só a
saudade, mas a certeza de que seu legado irá influenciar as futuras
gerações. Mineiro, cruzeirense, Contador, administrador, economista e
doutor em Letras e Ciências Contábeis, Lopes de Sá foi detentor de várias
honrarias e prêmios nacionais e internacionais e, em 1988, recebeu a
maior condecoração: a Medalha Mérito Contábil João Lyra, além de
indicação ao prêmio Nobel da Paz.” (Juarez Domingues, 2010)

A Contabilidade em Minas, assim como em todo Brasil, tem crescido e


sua importância está cada vez mais evidente. Os avanços da tecnologia e a
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globalização mudaram o papel do contador, que mais do que nunca, precisa


desenvolver suas habilidades a fim de contribuir positivamente para o sucesso das
organizações e também da profissão. Lopes de Sá em seu artigo A Contabilidade
Científica em um mundo globalizado, fala a respeito dessas transformações:

“Estamos vivendo transformações diárias que mudam a concepção do trato


com os capitais dos empreendimentos. A velocidade com que as decisões
devem ser processadas transformou a atmosfera administrativa de nossos
dias e também a da Contabilidade, como fonte que esta é de orientação e
produção de modelos de comportamento dos capitais. O mundo dito
globalizado, exige novas teorias, novos procedimentos do contabilista, e isto
está sendo levado a sério por diversos líderes culturais e profissionais,
modificando a face do conhecimento. Agora, mais que nunca, para a
universalidade da vida dos capitais exige-se a universalidade do
conhecimento e este só se alcança pelos caminhos da ciência. ” (Lopes de
Sá, 2006).

3. PERFIL DO PROFISSIONAL E SUAS ATRIBUIÇÕES

Segundo Antônio Lopes de Sá:

“Contabilidade é a ciência que estuda os fenômenos patrimoniais,


preocupando-se com realidades, evidências e comportamentos dos
mesmos, em relação a eficácia funcional das células sociais. ” (Lopes de
Sá, 2010.)

A função do contador mudou ao longo da história, agora ele desempenha um


papel ainda mais importante nas organizações ao produzir e gerenciar informações
úteis que auxiliem os gestores e demais usuários da Contabilidade a tomar as
melhores decisões para suas empresas. Isso é bem salientado por Marion que
destaca:

“O objetivo principal da contabilidade é prover seus usuários de informações


úteis e oportunas para a tomada de decisão. Em outras palavras, a função
principal da contabilidade reside em ser instrumento útil para a tomada de
decisões pelo usuário, tendo em vista a entidade.” (Marion, 2009.)

São grandes os desafios para se destacar no mercado, para tanto é


necessário possuir não só a formação acadêmica, mas também uma série de
habilidades. A primeira característica importante de um contador é ser organizado.
Devido a sua rotina e uma variedade de informações, o contador organizado terá
mais facilidade em analisar vários dados e não se perder no meio deles. A segunda
habilidade importante seria o raciocínio logico rápido e com habilidade em números,
pois os algarismos sempre vão estar presentes nessa profissão e lidar bem com eles
8

é de uma grande importância. A profissão exige seriedade, responsabilidade e ética,


pois é necessário manter sigilo e ter competência para oferecer informações de
forma confiável.

Como o contador gerencia processos que são efetivos para vários setores,
saber se comunicar é de extrema importância para essa profissão. Para que o
contador tenha uma carreira de sucesso é imprescindível que se atualize
constantemente, para ter um destaque e sempre oferecer algo a mais para sua
profissão, pois a alta competitividade do mercado exige isso. É preciso conhecer
toda a teoria da Contabilidade, a legislação e os códigos tributários. Esses
conhecimentos norteiam todo o exercício da profissão, mas entender sua aplicação
prática é ainda mais necessário. Saber reunir, interpretar, processar e filtrar todos os
dados contábeis da empresa são competências essenciais para que o contador
possa ajudar a nortear as decisões futuras de um negócio. O Conselho Regional de
Contabilidade de Minas Gerais dá suporte para os contadores no exercício da
profissão, promovendo a educação continuada, através de cursos e eventos
dirigidos à categoria.

A área de atuação de um profissional de Contabilidade é ampla, podendo


exercer diversas funções dentro da organização. São elas:

 Contador: encarregado de trabalhar com a área patrimonial, econômica e


financeira.
 Auditor: é responsável pela análise minuciosa da aplicação dos recursos
financeiros.
 Controller: extrair e consolidar informações relevantes, fidedignas e
tempestivas, gerando relatórios para auxiliar a tomada de decisões dos
gestores.
 Perito contábil: deve manter adequado o nível de competência profissional,
atualizado sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade, especialmente as
aplicáveis a perícia.
 Analista financeiro: análise de investimentos, análise de crédito e análise de
desempenho.
 Gestor de empresas: estar à frente de grandes organizações uma vez que
são profundos conhecedores de finanças, custos e fluxo de caixa.
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 Consultor: prestar consultorias em planejamento tributário, comércio exterior,


Contabilidade internacional, Contabilidade de custos, tecnologia da
informação, análise financeira, entre outros.

Além dessas áreas, muitos são os que se beneficiam da cultura contábil e de


suas tecnologias e aplicações científicas. Estão como usuais e principais:

 Orientação para investidores e para o mercado de capitais.


 Orientação para credores e instituições de crédito.
 Orientação social e trabalhista.
 Análises científicas para modelos de comportamento da riqueza para ensejar
decisões administrativas.
 Modelos para prosperidade.
 Controles governamentais de fiscalização e auditoria fiscal.
 Instrumentos de provas judiciais e perícia contábil.
 Previsões de ocorrências e efeitos orçamentários.
 Explicação de fatos patrimoniais e análises contábeis.
 Investigações sobre a regularidade de gestão.
 Dados e pesquisa social e econômica.
 Orientações sobre o meio ambiental natural.
 Investigação e determinação sobre o valor intelectual no capital.

4. METODOLOGIA
A metodologia cientifica é uma ferramenta muito utilizada para a realização de
trabalhos científicos, e pode ser definida como o estudo dos métodos reconhecidos
pela ciência ou dos instrumentos necessários para execução de uma investigação
sobre um tema ou um problema específico. Para fazer o levantamento dos dados
pertinentes ao trabalho utilizou-se o método de pesquisa. Lakatos e Marconi definem
a pesquisa da seguinte forma:

“A pesquisa, portanto, é um procedimento formal, com método de


pensamento reflexivo, que requer um tratamento cientifico e se constitui no
caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais.”
(Lakatos e Marconi, 2007, p.138)
O desenvolvimento de um projeto de pesquisa depende de um planejamento
que compreende a preparação, onde devem ser definidos os objetivos, a forma
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como ela deverá ser realizada e a equipe de trabalho; as fases da pesquisa, quando
é feita a escolha do tema, o levantamento de dados e a seleção de métodos e
técnicas; a execução da pesquisa em que é realizada a coleta de dados, análise e
interpretação dos dados e conclusões; e por fim um Relatório da Pesquisa que pode
ser descrito como uma exposição geral da pesquisa, de forma clara, simples e
objetiva e que envolve desde o planejamento até as conclusões, e deve incluir
também a metodologia empregada.

Segundo Lakatos e Marconi (2007, p.157) “toda pesquisa implica o


levantamento de dados de variadas fontes, quaisquer que sejam os métodos ou
técnicas empregadas.” O material utilizado como fonte de pesquisa garante o
conhecimento amplo sobre o tema, e também orienta quanto à melhor forma de
conduzir a pesquisa.

Para alcançar o objetivo proposto no trabalho foi utilizada a pesquisa de


campo que pode ser definida da seguinte forma.

“Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir


informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se
procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou,
ainda, de descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles.” (Lakatos e
Marconi, 2007, p.169)

4.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica, que pode ser definida
como uma síntese geral sobre trabalhos já realizados que são capazes de fornecer
dados significativos sobre o tema proposto. Lakatos e Marconi fazem uma
observação interessante sobre a pesquisa bibliográfica e sobre sua contribuição:

“A pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou


escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob
novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras.”
(Lakatos e Marconi, 2010, p.166)

Para iniciar qualquer pesquisa de campo, deve ser realizada uma análise de
fontes documentais que possam ser utilizadas como base para a investigação
proposta. Esses documentos podem ser classificados como fontes primárias (dados
históricos, bibliográficos, estatísticos, arquivos oficiais, etc.); e fontes secundárias
11

(Imprensa em geral e obras literárias), conforme argumenta Lakatos e Marconi.


(2007, p.143)

A pesquisa bibliográfica realizada tornou possível uma melhor percepção e


compreensão do tema proposto para o trabalho. Essa etapa foi composta de um
estudo sobre a Contabilidade, sobre sua história de maneira geral, sobre como ela
se desenvolveu no Brasil e mais especificamente em Minas Gerais. Com a
realização dessa pesquisa bibliográfica também foi possível estabelecer inicialmente
o perfil de um profissional de Contabilidade, conhecer e compreender as possíveis
áreas de atuação e as mudanças que ocorreram ao longo do tempo na profissão e
na forma como é vista pela sociedade.

4.2 PESQUISA QUALITATIVA

O método qualitativo é muito importante na investigação cientifica, e tem um


foco maior no caráter subjetivo do tema analisado, preocupa-se em analisar e
interpretar os aspectos mais profundos e permite uma avaliação mais detalhada
sobre as investigações, hábitos, comportamentos, atitudes entre outros. Conforme
afirmação de Richardson a pesquisa qualitativa “pode ser caracterizada como a
tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características
situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas
quantitativas de características ou comportamentos”. (Richardson, 1999, p.90)

Nesse método o mais importante não é a quantidade de dados que vão ser
obtidos como resultado, mas a compreensão do comportamento de determinado
grupo e da sua realidade. Isso fica bem evidenciado na seguinte afirmação de
Menga:

“O estudo qualitativo é o que se desenvolve numa situação natural; é


rico em dados descritivos, tem um plano aberto e flexível e focaliza a
realidade de forma complexa e contextualizada.” (Menga, 1986, p.18)

A pesquisa qualitativa emprega várias técnicas e a escolha da melhor técnica


depende do tipo de investigação que se pretende realizar. Para atender aos critérios
estabelecidos foi utilizada a técnica de entrevista, para que fosse possível um
contato direto com indivíduos que atuam diretamente na área da Contabilidade que
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é o tema abordado no trabalho, e também com o ambiente em que ela se


desenvolve.

4.2.1 ENTREVISTA

De acordo com Lakatos e Marconi a Entrevista pode ser descrita como:

“Um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de


dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um
problema social. Trata-se, pois de uma conversação efetuada face a
face, de maneira metódica; proporciona ao entrevistado, verbalmente
a informação necessária.” (Lakatos e Marconi, 2010, p.179)

A entrevista é uma importante ferramenta de pesquisa, ela tem como objetivo


principal coletar informações do entrevistado sobre determinado tema e permite
obter dados mais precisos, dados reais sobre esses que muitas vezes não são
encontrados em fontes bibliográficas ou documentais.

O tipo de entrevista utilizado foi à entrevista estruturada onde o entrevistador


segue um roteiro previamente estabelecido. O roteiro de entrevista pode ser definido
como um guia, um questionário com perguntas formuladas e selecionadas de acordo
com o objetivo da entrevista. A utilização desse roteiro de entrevistas tornou possível
um melhor aproveitamento do tempo da entrevista e um maior foco em assuntos
considerados mais relevantes para a pesquisa.

Foram escolhidos dois profissionais que atuam na área contábil para serem
entrevistados, e antes das entrevistas foi feita uma pesquisa rápida sobre os
entrevistados na rede social de negócios LinkedIn, para obter informações sobre a
formação acadêmica e trajetória profissional dos mesmos. As entrevistas foram
realizadas no Campus da UNA Linha verde. A primeira entrevista foi realizada no dia
17 de Abril de 2018 e teve duração de 00h27min31seg (vinte e sete minutos e 31
segundos). A segunda entrevista foi realizada no dia 2 de Maio de 2018 e teve
duração de 00h20min27seg (vinte minutos e vinte e sete segundos).

Várias ferramentas podem ser utilizadas para registrar as respostas dos


entrevistados, entre elas a gravação de áudio que foi escolhida por garantir maior
fidelidade e veracidade das informações repassadas durante a entrevista. As
entrevistas foram transcritas de forma precisa conforme as respostas das
profissionais escolhidas.
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No próximo tópico será abordada a análise dos dados que é uma parte
importante do processo, pois se trata da interpretação e compreensão do significado
dos dados coletados durante a pesquisa o que pode ser confirmado na seguinte
afirmação de Lakatos e Marconi:

“Na análise, o pesquisador entra em maiores detalhes sobre os dados


decorrentes do trabalho, a fim de conseguir respostas ás suas
indagações, e procura estabelecer as relações necessárias entre os
dados obtidos e as hipóteses formuladas. Estas são comprovadas ou
refutadas, mediante a análise.” (Lakatos e Marconi, 2003, p.168)

5. ANÁLISE DOS DADOS

Analisando a trajetória profissional das entrevistadas Noemi Gomides e Maria


José denominadas como “Entrevistada 1” e “Entrevistada 2” respectivamente,
constatou-se que um dos maiores desafios enfrentados é ser um profissional ético.
O Código de Ética Profissional do Contador - CEPC representou o alcance de uma
meta que se tornou marcante no campo do exercício da profissão. Desenvolver a
capacidade de análise de dados também é outro desafio. Essa competência é
necessária para que as informações sejam repassadas aos usuários das
demonstrações contábeis de forma correta, e representem a realidade da entidade.
Na pesquisa bibliográfica que foi realizada, os autores evidenciam essas
características como essenciais para o profissional da Contabilidade.

“A velocidade com que as decisões devem ser processadas, transformou a


atmosfera administrativa de nossos dias e também a da Contabilidade,
como fonte que esta é de orientação e produção de modelos de
comportamento dos capitais. O mundo dito globalizado, exige novas teorias,
novos procedimentos do contabilista...” (Lopes de Sá, )

Na pesquisa de campo as entrevistadas confirmam isso:


“Eu chamo muita atenção para correta conciliação de contas, averiguação,
fazer de forma consistente, já que o nosso trabalho de redigitação de dados
diminuiu, nós temos que ter esse cuidado maior com a conciliação(...)”
Entrevistada 1, em 24/04/2018
“Os maiores desafios na profissão é você ser ético, permanecer com sua
ética. Porque é muito tentador as pessoas te conduzirem a fazer as coisas
erradas, então em qualquer profissão, não só na contabilidade, tem esses
desvios.” Entrevistada 2, em 02/05/2018

Toda profissão exige empenho, dedicação e desenvolvimento de habilidades


e competências. Conhecer a história da Contabilidade e seus principais marcos é
muito importante para a formação do profissional contábil, como afirmam as
entrevistadas:
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“E no primeiro dia eu fui para sala de aula sem saber o que era
contabilidade, nem fazia ideia e eu tive a alegria de ter um professor que no
meu primeiro dia de aula ele encantou. No primeiro dia de aula ele trouxe
um painel que a gente tem lá no conselho, que mostra a história da
contabilidade, desde o tempo antigo até hoje e foi mostrando a importância,
e aquilo mexeu comigo, me tocou. A partir de então eu virei fã, virei fã dele
e da disciplina. Esse primeiro impacto com o que é, coma história é muito
importante.” Entrevistada 1, em 17/04/2018
“Eu quero chegar lá no meu chefe. E meu chefe era um contador. Aí eu
falei, vou estudar e fiz vestibular e me tornei uma contadora.” Entrevistada
2, em 02/05/2018

Com a pesquisa da história da Contabilidade, viu-se que houve um grande


avanço no que tange as informações levantadas pelo contador e a maneira que
essas informações são utilizadas. As empresas passaram a ver a importância de se
ter uma Contabilidade mais gerencial, usar os números e relatórios da Contabilidade
para tomadas de decisões e para análises do desenvolvimento da organização.
Entrevistada 1 deixa isso bem claro ao dizer quando foi perguntada sobre o que ela
considera como relevante na trajetória da profissão:

“Tudo tem sua evolução. Como eu gosto de uma contabilidade mais


gerencial, mais informativa, mais útil, eu acho que o grande marco foi a Lei
11.638/2007. Apesar de que a nossa contabilidade até 2007, já era uma
contabilidade baseada em princípios, em normas, que realmente buscava o
melhor entendimento do que é o patrimônio da empresa, quando a Lei
11.638/2007 fez a adequação da nossa contabilidade ao padrão
internacional, hoje a gente tem lançamentos contábeis que vão fazer com
que o ativo, o passivo de uma empresa, refletirem exatamente o físico o real
valor-patrimônio da entidade.” Entrevistada 1, em 17/04/2018

O contador no início da trajetória profissional normalmente encontra


dificuldades para se colocar no mercado de trabalho. As empresas exigem
experiência e bastante conhecimento na área, mas isso não pode ser encarado
como ponto negativo, uma vez que a área financeira está sendo cada vez mais
requisitada. É preciso ter foco e buscar sempre se atualizar com as mudanças da
profissão. A Entrevistada 1 também encontrou dificuldades no início da carreira, mas
conseguiu sua colocação no mercado de trabalho.

“O maior obstáculo que eu tive, vou ser bem sincera, o maior obstáculo que
eu tive inicialmente, foi virar contadora, foi atuar diretamente na área.”
Entrevistada 1, em 17/04/2018

O profissional contábil precisa sempre buscar o aperfeiçoamento de suas


habilidades, e aprimorar seus conhecimentos com relação às mudanças da lei e de
15

tudo o que se diz respeito à profissão. Isso deve ser feito para que possa prestar seu
serviço com excelência. Como disse Lopes de Sá em seu artigo, é exigido do
profissional contábil que ele busque o conhecimento através da ciência.

“Agora, mais que nunca, para a universalidade da vida dos capitais exige-se
a universalidade do conhecimento e este só se alcança pelos caminhos da
ciência.” Lopes de Sá

A entrevistada 1 busca aperfeiçoamento e o conhecimento para executar seu


trabalho da melhor maneira possível. Mas acima de tudo ressalta que deve-se amar
o que se faz para obter resultados satisfatórios:

“Procuro realizar meu trabalho com o máximo de qualidade possível. A


profissão contábil permite a atuação nas mais diversas áreas, mas
independente de qual for a escolhida, temos que investir em nosso
aperfeiçoamento constante, e acima de tudo, amar o que se faz”.
Entrevistada 1, em 17/04/2018

Para preparar melhor os discentes para o mercado de trabalho, seriam


necessárias aulas mais práticas nas faculdades. A parte teórica é muito importante,
mas a contabilidade exige do profissional muitas rotinas que poderiam ser mais
trabalhadas dentro das universidades, conforme afirma a Entrevistada 1:

“Vejo as faculdades se preocupando cada vez mais com a formação dos


discentes. Talvez mais aulas práticas, com uma estrutura mais
interdisciplinar, possam favorecer mais a formação. “ Entrevistada 1, em
17/04/2018

Considerando o número de profissionais no ramo de Contabilidade, é


necessário ser um excelente profissional para que possa se manter e ser destaque
na profissão, conforme é afirmado pelas entrevistadas:

“Bom, os profissionais de contabilidade têm duas vertentes: os profissionais


que são atuantes, que se esforçam, que são exemplos de profissionais, e
vão ter profissionais que infelizmente ainda não investem em educação
continuada. É uma realidade que está mudando bastante, mesmo porque o
próprio conselho hoje, já exige uma atualização maior por parte do
profissional até para vigorar uma norma que todo contador que assina os
demonstrativos, vai ter que fazer uma prova também, não o exame de
suficiência que vocês vão fazer quando se tornarem contadores, mas um
exame para verificar se ele está se dedicando a educação continuada (...). ”
Entrevistada 1, em 17/04/2018
“É a expectativa de você estar contribuindo para o desenvolvimento
econômico da sociedade.” Entrevistada 2, em 02/05/2018
16

Um profissional de destaque não pode se limitar apenas ao conhecimento na


área contábil, além disso, deve também ter noções sobre outras áreas.

“(...) para você trabalhar no Departamento Pessoal você não


necessariamente precisa ser formado em contabilidade, mas enquanto
contado você vai fazer os registros contábeis da folha de pagamento, então
é uma habilidade que você precisa buscar. Outro conhecimento que você
precisa: a Economia de uma maneira geral, a parte tributária é essencial (...)
“ Entrevistada 1, em 17/04/2018

“Psicologia. Você tem que saber conviver com os outros, entender as


pessoas. “ Entrevistada 2, em 02/05/2018

Para se sustentar num mercado altamente competitivo, o desenvolvimento de


habilidades e competências na área se tornam imprescindíveis, conforme relatam:

“Uma coisa que melhorou muito foi meu raciocínio lógico. Eu não sei se
vocês se lembram de quando vocês entraram na faculdade vocês tinha o
mesmo raciocínio rápido igual tem agora? Muda! Gente como muda. E a
contabilidade faz isso. Como eu leciono em vários cursos e várias
disciplinas, eu percebo que os alunos de contábeis eles desenvolvem o
raciocínio muito mais rápido do que os de outras disciplinas, porque é
exigido isso de nós, então é uma habilidade muito bacana que a gente
desenvolve, é fantástica a mudança que a gente percebe é incrível.
“Entrevistada 1, em 17/04/2018

“Estou tendo paciência, sonho, não estou parando, não estou desanimada
dos sonhos. As vezes dá vontade de xingar, de largar tudo para o lado, mas
aí você volta dorme e começa tudo de novo. Então é paciência, ética,
perseverança, acreditar que vai dar certo, e trabalhar antenada aos
acontecimentos do dia a dia”. Entrevistada 2, em 02/05/2018

De acordo com as entrevistadas, o mercado de trabalho, apesar da crise


econômica, não sofreu redução tão significativa comparado com as demais
profissões. Isso fica evidente nessas afirmações:

“A situação no mercado de trabalho mesmo num momento de crise a área


contábil foi uma das que menos sofreu, nós tivemos inclusive pesquisa
sobre isso. Teve redução? Sim. Mas não drasticamente como a gente tem
hoje engenheiros sem trabalho, médicos, advogados, foi um fator favorável
para a contabilidade. ” Entrevistada 1, em 17/04/2018
“Sim, você pode olhar aí nas estatísticas, qual é o índice das profissões,
aonde que o contador está enquadrado, tem o desemprego para o
engenheiro, o advogado, todos. Tem contador desempregado? Tem, eu
reconheço, mas em proporção as outras atividades, nós estamos bem
abaixo. E outra coisa o contador tem várias funções, você pode ser um
funcionário, prestar um concurso, ser controler, auditor, consultor, tanto na
área privada quanto na área pública. ” Entrevistada 2, em 02/05/2018

Devido à falta de fiscalização e influência dos Conselhos de Contabilidade,


uma das maiores dificuldades da profissão, é a cobrança de honorários. Conforme
destaca a Entrevistada 1:
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“Uma das grandes dificuldades é a cobrança de honorários, porque


infelizmente nós temos pessoas trabalhando, atuando e que fazem uma
negociação antiética em relação a honorários. Mas é importante lembrar
que a gente tem um Código de Ética, e tem um dos itens do Código de Ética
que fala exatamente sobre isso: é vedado ao profissional contábil, fazer
aviltamento de honorários.” Entrevistada 1, em 17/04/2018

Sabe-se, portanto, que o contador é a pessoa responsável por fazer o registro


contábil de uma empresa, acompanhar os dados e indicar qual regime tributário a
instituição deve seguir e orientar quanto ao pagamento de impostos e a divisão de
recursos entre os sócios (BRITO, 2007). O campo de atuação contábil é amplo,
oferecendo oportunidades de emprego e de realização profissional, tanto
independente, como na empresa, no ensino e em órgãos públicos. Desta forma, a
área de atuação do contador se torna ampla e oferece inúmeras alternativas de
trabalho. Ele é peça fundamental na estrutura de qualquer organização, pois precisa
sempre interagir com as demais áreas da organização (comercial, jurídica,
financeira, societária, tributária, etc.) para que possa contribuir de maneira a afastar
potenciais riscos contábeis, fiscais e até mesmo de ordem trabalhista. Durante a
entrevista a pergunta feita às entrevistadas envolvia a questão da área de atuação
do contador e qual delas teria maior campo de trabalho. As respostas obtidas deixa
claro que os campos podem ser diversificados:

“Eu vejo a Societária crescendo muito, a Contabilidade Societária


com o foco gerencial, então não só você transformar aqueles
números em informações, mas você saber repassar.” Entrevistada 1,
em 17/04/2018
“Na de Tributária. Nesse país, nessa insegurança que nós vivemos,
Tributária.” Entrevistada 2, em 02/05/2018

A Contabilidade é fundamental para o funcionamento de uma empresa. Ela


permite conhecer e calcular de forma correta os impostos e o preço de venda de
seus produtos. Além disso, evita possíveis problemas com o recolhimento de tributos
e vai além, ao permitir o uso de importantes ferramentas financeiras como o fluxo de
caixa. Mas para isso é necessário conhecimento e, só um contador será capaz de
realizar com êxito. De longa data, contadores e responsáveis pela gestão de
empresas se convenceram que a amplitude das informações contábeis vai além do
simples cálculo de impostos e atendimento de legislações comerciais,
previdenciárias e legais. O profissional da Contabilidade exerce um papel de
extrema importância quanto à organização da empresa, à estruturação contábil e ao
18

planejamento fiscal financeiro, além de ser capaz de medir o retorno do capital


investido. Nesse sentido, as entrevistadas reforçam:

“Acho que 100% da informação gerada na contabilidade é útil para a


empresa. Cabe ao gestor saber usar a informação, cabe ao contador
repassar essa informação. Então nada na contabilidade você perde. Toda
informação você consegue colocá-la como útil para o gestor.” Entrevistada
1, em 17/04/2018
“Tudo. Você manipula tudo. Você tem tudo, pessoal, fiscal, financeiro, você
tem o estratégico da empresa, o planejamento da empresa, tudo.”
Entrevistada 2, em 02/05/2018

Um bom programa deve tornar as tarefas operacionais do escritório mais


simples, e otimizar o tempo de trabalho e o de toda equipe. Por isso, um aspecto
que deve ser observado na hora de escolher um sistema de gestão contábil é se ele
atende às necessidades relacionadas às obrigações que devem ser cumpridas. De
acordo com as entrevistadas, é fundamental um sistema eficiente, o que fica claro
nos trechos a seguir:

“(...) um sistema que tenha uma parametrização eficiente e pessoas que


tenham uma visão sistêmica com certeza otimizam os processos. ”
Entrevistada 1, em 17/04/2018

“(...) tenho que pensar uma forma de eliminar trabalhos repetitivos, um


exemplo é inserção manual de uma nota fiscal então eu tenho que ter
ferramentas no meu escritório para que eu importe o XML, que eu busque
sem o cliente ter que me mandar, cupom fiscal eu já importo da memória do
cupom fiscal, eu já importo este sistema eu já trago as informações ai eu só
vou verificar se está correto ou não. ” Entrevistada 2, em 02/05/2018

O interesse social do profissional de Contabilidade deve ser defendido e


aplicado pelo órgão de defesa da Contabilidade, pelo conselho de fiscalização
profissional, que possui a obrigação de instituir mecanismos para a defesa da
sociedade usando as normas contábeis para tal. As entrevistadas têm opiniões
diferentes em relação a este assunto: a entrevistada 1 acredita que o Conselho
Regional de Contabilidade tem feito um bom trabalho e o Conselho Federal também,
mas a entrevistada 2 diz que os Conselhos Regionais e Federais precisam caminhar
mais, pois são fechados nas operações e que deveriam ser mais atuantes.

“(...) O Conselho Regional tem feito um trabalho bem atuante e o Federal


também é importante porque foi o Federal que trabalhou bem firme no
processo de adequação a convergência das Normas Internacionais. Então
ambos fazem um bom trabalho, fora outras características que são
importantes.” Entrevistada 1, em 17/04/2018
“Precisa caminhar mais. Já tivemos grande avanço, mas o Conselho de
Classe ainda tem que mudar as questões. Eles estão muito fechados nas
19

operações. Eu acho que o Conselho tinha que ser mais atuante, participar
mais.” Entrevistada 2, em 02/05/2018

Hoje apenas o curso de graduação ou técnico não garante a excelência do


profissional. Mudanças na legislação, informatização de sistemas, dentre outros
aspectos, obrigam o profissional contemporâneo a estar sempre atento e disposto a
aprender. Nesse sentido, quem deseja ser profissional de Contabilidade, deve ficar
atento:

“Paciência para quem está começando, pois em toda profissão o começo é


difícil. Muitos pensam que ao fazer uma graduação, já irão de cara ter o
sucesso almejado. Mas os caminhos podem ser rápidos ou morosos.
Também é necessário o aperfeiçoamento constante. Nunca achar que sabe
tudo. Nunca saberemos, aprendemos todos os dias. ” Entrevistada 1, em
17/04/2018

O Profissional de Contabilidade deve cumprir o Código de Ética do


profissional contábil, a fim de estimular a execução da lei e, sobretudo, conscientizar
o profissional no que tange a honestidade, integridade e ética, que são os princípios
a serem seguidos pelos contadores, sobretudo para garantir a transparência nos
procedimentos contábeis e zelar pela moralidade da classe. Ele nunca deve abrir
mão de seus princípios. A ética profissional deve também substituir o egoísmo, o
individualismo e a competição entre os profissionais por um comportamento amigo e
solidário, pois é a única maneira de alcançar um crescimento individual e coletivo. A
ética está relacionada à opção entre o bem e o mal, por isso cabe ao profissional
saber de suas escolhas e atitudes, pois cada uma reflete num resultado que pode
ser o diferencial do profissional no mercado de trabalho.

“(...) então tem coisas que acontecem no dia a dia que está escrito no nosso
Conselho de Ética, que as vezes muitas pessoas não utilizam. Eu já perdi
emprego, e eu ganhava muito bem, por não fazer coisas que feriam a minha
ética, mas tem pessoas que não tem essa personalidade. Por isso que eu
falo, o que é ético para mim, nem sempre é para você. ” Entrevistada 2, em
02/05/2018

Com a análise da trajetória histórica da Contabilidade, é possível perceber


que ela se modificou de acordo com a evolução da sociedade. Hoje, mais do que
nunca, o contador tem papel fundamental neste processo, diante das mudanças que
afetam não só o mercado contábil, mas toda a forma de trabalho tradicional
conhecido. É evidente que o contador de hoje não pode apenas efetuar as
escriturações contábeis ou o famoso débito e crédito, o profissional deve ter uma
20

visão gerencial, e ampliar seu conhecimento acerca da Contabilidade para que


possa dar o suporte necessário às empresas e praticar o seu marketing
organizacional e pessoal. O volumoso aumento na oferta de cursos de nível superior
no Brasil, à implantação de novas formas de avaliá-los e a necessidade das
organizações por profissionais aptos a operar instrumentos de gestão cada vez mais
sofisticados exigem dos bacharelandos em Ciências Contábeis a busca por novos
conhecimentos. É importante que o ensino das Ciências Contábeis evolua de forma
intensa, para garantir a formação de profissionais competentes e qualificados, que
possam acompanhar o desenvolvimento dessa ciência. Conforme mencionado, as
entrevistadas acreditam que a Contabilidade não vá se extinguir, e que muitas
pessoas buscam a Contabilidade ao notar sua relevância no cenário atual.

“(...) tem tudo para caminhar haja vista que como eu estou a muitos anos
em sala de aula, eu percebo muitos alunos de outras graduações que vem
ou fazer uma segunda graduação em contábeis ou trocam a graduação.
Muita gente busca a contabilidade.” Entrevistada 1, em 24/04/2018
“Não acho que a Contabilidade vá desaparecer. Vai ter avanços, melhores
ferramentas, mas desaparecer nunca.” Entrevistada 2, em 02/05/2018
21

6. CONCLUSÃO

O presente trabalho teve como objetivo analisar, através de uma pesquisa


de campo junto as entrevistadas, a trajetória profissional, o perfil e a visão do futuro
da Contabilidade.

Verificou-se neste trabalho a percepção das contadoras participantes da


entrevista sobre o nível de contribuição da graduação e da prática profissional para
um melhor desenvolvimento e preparo para o mercado de trabalho, observou-se que
as entrevistadas acreditam em maior sucesso de aprendizado e conhecimento
unindo a parte teórica a prática. Todavia a prática profissional nas Universidades
contribui mais para a qualificação e ressaltam que o interessante é aproximar a
prática profissional da graduação para que as habilidades que qualificam o
profissional contábil sejam desenvolvidas já na graduação.

Outro ponto abordado na entrevista foi a importância do Contador para o


cliente e o que ele espera. Esperam do profissional de contabilidade que estejam
sempre atualizados frente ás constantes mudanças, para que desta forma possam
auxiliá-los de maneira adequada, com responsabilidade e ética nas informações. As
entrevistadas ressaltaram que as atividades realizadas pelos profissionais devem ter
comprometimento, iniciativa, pontualidade, desempenho ético das funções, zelo e
domínio do assunto, podendo assim agilizar o trabalho e minimizar os erros e
prejuízos para os clientes.

Hoje em dia o contador deve sempre estar se atualizando, pois seu perfil
realmente mudou. O avanço tecnológico trouxe diversos benefícios, mas também
várias alterações no conceito de se fazer contabilidade, desta forma o contador deve
sempre estar em busca de novos conhecimentos e aprimorar suas técnicas para
conseguir ser um bom profissional. A tecnologia trouxe muita praticidade no
exercício da profissão, pois hoje os sistemas de informações auxiliam em muito o
processo de contabilização. Desta forma, em vez de gastar seu tempo fazendo
lançamentos demorados, o contador pode desenvolver habilidades gerenciais e
conseguir fazer cruzamento de dados, montando relatórios para auxiliar a
administração nas suas decisões. A área de atuação para quem está no mercado
contábil, conforme estudo, é muito ampla. Deve sempre se aprimorar, se
especializar, buscar se encaixar com este novo perfil e ter ética.
22

Conclui-se que os profissionais de contabilidade e gestores estão cientes dos


desafios que encontram no mercado de trabalho que se dão através da grande
carga tributária e as mudanças constantes na legislação, onde dificulta o
entendimento por parte dos clientes. Diante disto, pode-se identificar através deste
trabalho que para conseguir alcançar o sucesso na profissão precisa de dedicação,
competência, responsabilidade, comportamento ético e estar sempre em busca de
novos aprendizados e aprimorar os conhecimentos já existentes.
23

7. REFERÊNCIAS

MARION, José Carlos. Contabilidade Básica. 10.ed. São Paulo, 2009.

LOPES DE SÁ, Antônio. Teoria da Contabilidade. 5.ed. São Paulo, 2010.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Introdução a teoria da


Contabilidade: para o nível de graduação. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2009.

BRASIL, BLB. 8 Competências profissionais que todo bom contador deve


buscar. Mai. 2017. Disponível em:
<http://portal.blbbrasilescoladenegocios.com.br/competencias-profissionais/> Acesso
em 08 mar. 2018.

LOPES DE SÁ, Antônio. A contabilidade científica em um mundo globalizado.


Nov. 2006. Disponível em:
<http://antoniolopesdesa.com.br/?s=A+Contabilidade+Cient%C3%ADfica+em+um+
mundo+globalizado&x=0&y=0/> Acesso em 09 mar. 2018.

BRASIL, BLB. Carreira de Contabilista: tipos de cargos, dicas de cursos e


especializações. Jul. 2017. Disponível em:
<http://portal.blbbrasilescoladenegocios.com.br/carreira-de-contabilista-tipos-de-
cargos-dicas-de-cursos-e-especializacoes/> Acesso em 09 mar. 2018

FONSECA. Ana Flávia Da. Qual o Perfil do Profissional de Ciências Contábeis?


Mar. 2017. Disponível em: <http://blog.unipe.br/graduacao/qual-o-perfil-do-
profissional-de-ciencias-contabeis> Acesso em 09 mar. 2018.

BRASIL, BLB. 7 Grandes Contabilistas para se inspirar. Mar. 2016. Disponível


em:<http://portal.blbbrasilescoladenegocios.com.br/7-grandes-contabilistas/> Acesso
em 08 mar. 2018.

Conselho regional de Contabilidade de Minas Gerais. História do CRCMG.


Disponível em: <http://www.crcmg.org.br/conteudo/ver/id/16/historia-do-crcmg>
Acesso em 28 mar. 2018

Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo. Antônio Lopes de Sá: um


ícone da Contabilidade Mundial. Jun. 2010. Disponível em: <https://crc-
24

sp.jusbrasil.com.br/noticias/2290475/antonio-lopes-de-sa-um-icone-da-contabilidade-
mundial> Acesso em 28 mar. 2018.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de


metodologia científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2010.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia


científica: ciência e conhecimento científico, métodos científicos, teoria, hipótese
e variáveis, metodologia jurídica. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2004.
25

8. ANEXOS

Roteiro de entrevista

1. Para você o que significa ser um profissional de contabilidade?


2. Como descrever sua experiência no setor contábil?
3. Você sofreu alguma influência de alguém para optar pela profissão?
4. Que fatos você considera relevante na trajetória da profissão?
5. No início da carreira de um contador, qual é o obstáculo mais comum que ele
pode encontrar?
6. Qual é o segmento da contabilidade que você mais gosta de atuar?
7. Quais desafios você tem enfrentado em um cenário de mudanças
constantes?
8. Quais são as vantagens e desvantagens da profissão?
9. O mercado de trabalho para o contabilista é favorável no cenário atual?
10. Qual o perfil ideal para um profissional contábil?
11. Você desenvolveu habilidades para exercer a profissão?
12. Quais atributos pessoais são importantes para ser um profissional de
destaque na profissão?
13. O mercado de trabalho está cada dia mais competitivo, qual diferencial você
considera importante para um profissional que deseja um lugar de destaque?
14. Para você o domínio em uma língua estrangeira, em especial o inglês, é um
diferencial ou um requisito para um contabilista?
15. Além de um profundo conhecimento na própria área, quais outras áreas o
profissional precisa ter uma noção?
16. Qual a área de atuação que o profissional contábil tem maior campo de
trabalho?
17. Novas obrigações e adiamentos são comuns no meio contábil. O profissional
está preparado para lidar com essas mudanças?
18. Como você escolhe as melhores ferramentas para os processos contábeis?
Quais são os critérios?
19. Para você como foi o aprendizado dos contadores diante das Normas
Internacionais e das constantes mudanças na legislação?
20. Em sua opinião qual a importância da contabilidade para uma empresa?
21. Por que uma empresa precisa organizar e manter sua contabilidade?
26

22. De que forma a crise econômica que estamos vivendo está atingindo os
escritórios de contabilidade?
23. Como é possível o contador precificar seus serviços? Quais são os
mecanismos usados em cálculos?
24. Os órgãos reguladores da profissão, o Conselho Federal de Contabilidade e
os Conselhos Regionais, fazem um bom trabalho no sentido de valorizar o
profissional contábil?
25. Você participa de algum conselho, projeto relacionado à área?
26. O que você destaca hoje no código de ética?
27. O que você faria de diferente se tivesse começado hoje na vida acadêmica?
28. O que poderia ser mais explorado na faculdade para que saísse mais
preparado para o mercado?
29. Como faz para equilibrar vida profissional e vida pessoal?
30. Em que sentido você tem investido na sua formação para ser um profissional
competitivo?
31. Qual dica você daria para quem deseja ser um profissional da contabilidade?
32. Como a contabilidade contribuiu para o seu desenvolvimento pessoal?
33. Qual a visão que você tem do futuro para a contabilidade?
27

Entrevista 1: Noemi Gomides

Contadora. Docente dos cursos de Graduação em Ciências Contábeis e Graduação em


Administração de Empresas. Pós-Graduada em Gestão e Controladoria. Mestrado
Profissional em Administração. Atuação focada nos seguintes temas: Normas Internacionais
de Contabilidade e Contabilidade Pública.

BLOCO 1

Trajetória Profissional

1. Como você descreve sua experiência no setor contábil? Que desafios


maiores você enfrentou ou tem enfrentado no exercício da profissão?
Noemi: Na verdade, hoje o lançamento é uma atividade que não é a principal mais
do contador, porque se você trabalha numa empresa que tem a contabilidade
interna, normalmente o sistema é parametrizado. Então eu atuei como contadora
numa fundação, então nós implantamos o sistema financeiro e uma abinha do
sistema financeiro a gente já fazia o link com as contas contábeis. A partir do
momento que o financeiro fazia o lançamento correto, vamos supor de um
pagamento, ele já baixava no contábil a conta cliente e já mandava o valor para o
banco. Então a parametrização é muito importante e diminuiu bem a questão do
retrabalho, de você fazer novamente esses lançamentos. No entanto, muitas
pessoas acreditam que ali está tudo funcionando 100%, então ali eu chamo muita
atenção pra correta conciliação de contas, averiguação, fazer de forma consistente,
já que o nosso trabalho de redigitação de dados diminuiu, nós temos que ter esse
cuidado maior com a conciliação, porque na hora que você faz os demonstrativos,
que você elabora o seu balanço, sua DRE, sua DFC, sua DMPL, vem exatamente
da condensação desses dados que você gerou nesses lançamentos. Então a gente
tem que estar muito atento a isso. Uma coisa importante, eu estava até conversando
com os alunos na semana passada, eles não são alunos do curso de Contábeis eles
são alunos do curso de Gestão, mas sempre eu busco mostrar a importância da
contabilidade. Então eu gerava os demonstrativos, lá na fundação – uma fundação
de veterinária, da Escola de Veterinária da UFMG. O gestor de lá, ele entende de
animais, mais não entende de números. Então quando eu apresentava pra ele um
resultado positivo de 300.000 (trezentos mil), pra ele que tem uma outra atividade,
28

totalmente diversa da minha ele entendia que esses 300.000 (trezentos mil) era
dinheiro em caixa. Então cabe ao contador agora explicar para os gestores que esse
lucro que a gente tem é econômico, que ele está diluído em ativos e que é
necessário fazer uma melhor gestão, porque as pessoas normalmente, os leigos em
contabilidade, eles confundem lucro com dinheiro em caixa. Então o contador tem
que demonstrar isso, tem que colocar isso de forma mais clara, porque pra quem
está recebendo a informação, o dono da empresa ou o gestor de onde você
trabalha, ele não tem o conhecimento contábil que nós temos, então nós temos que
ter esse papel, não só entregar aquele monte de balanço, planilhas e tudo sem uma
explicação coerente.

2. Você sofreu alguma influência de alguém para optar pela profissão?


Noemi: No meu primeiro dia de aula na graduação, eu não sabia o que era
contabilidade. Eu não tinha noção. Eu atuo na área financeira desde os 18 (dezoito)
anos de idade. O meu primeiro emprego foi caixa contábil. Olha só! E eu nem sabia
o que era contabilidade, mas meu cargo era caixa contábil, eu achava bonito, mas
não sabia o que era. Como eu trabalhava em uma outra fundação, eu tenho uma
longa experiência com fundações, eu recebi uma bolsa de estudos pra fazer a
graduação e como eu sempre trabalhei na área financeira, anos e anos trabalhando
em área financeira, eu falei: Bom, o que está mais paralelo é a contabilidade, e na
época não tinha tantos tecnólogos, gestão financeira como hoje. E no primeiro dia
eu fui pra sala de aula sem saber o que era contabilidade, Nem fazia ideia e eu tive
a alegria de ter um professor que no meu primeiro dia de aula ele encantou. No
primeiro dia de aula ele trouxe um painel que a gente tem lá no conselho, que
mostra a história da contabilidade, desde o tempo antigo até hoje e foi mostrando a
importância, e aquilo mexeu comigo, me tocou. A partir de então eu virei fã, virei fã
dele e da disciplina. Esse primeiro impacto com o que é, coma história é muito
importante. É importante porque muitos vão fazer a disciplina contabilidade, eu
leciono contabilidade pra turma de Administração, pra turma dos Tecnólogos, então
eu tenho aluno de Marketing que fazem contabilidade e eu estou sempre buscando
mostrar pra eles a importância da contabilidade e eu tenho obtido sucesso. Porque
no final do semestre eles falam: Nossa não imaginava que era isso tudo, então eu
estou sempre buscando, a gente precisa fazer isso pra valorizar a nossa profissão.
29

3. Que fatos você considera relevante na trajetória da profissão?


Noemi: Tudo tem sua evolução. Como eu gosto de uma contabilidade mais
gerencial, mais informativa, mais útil, eu acho que o grande marco foi a Lei
11.638/2007. Apesar de que a nossa contabilidade até 2007, já era uma
contabilidade baseada em princípios, em normas, que realmente buscava o melhor
entendimento do que é o patrimônio da empresa, quando a Lei 11.638/2007 fez a
adequação da nossa contabilidade ao padrão internacional, hoje a gente tem
lançamentos contábeis que vão fazer com que o ativo, o passivo de uma empresa,
refletirem exatamente o físico o real valor-patrimônio da entidade. Isso é tão
importante, eu sempre chamo muita atenção pra isso. No caso do ativo, um exemplo
o ativo imobilizado, em que você aplica hoje o impairment, você traz esse ativo a um
valor justo. Então imagina até 2007, empresas que não faziam isso e poderiam ter lá
no seu ativo imobilizado um valor astronômico em ativos e que na verdade, se você
fosse olhar, era só carcaça. Então você apresente para o usuário da informação um
balanço virtuoso, mas que a realidade patrimonial é totalmente diferente. Esses
lançamentos de ajuste de adequação a uma maior transparência pra mim foi o
grande marco. Não desmerecendo toda história até 2007, mas de 2008 para cá a
contabilidade mudou muito e tem muito mais a mudar, tem muita coisa acontecendo
já.

4. No início da carreira de um contador, qual é o obstáculo mais comum que ele


pode encontrar? Qual é o segmento da contabilidade que você mais gosta de atuar?
Noemi: O maior obstáculo que eu tive, vou ser bem sincera, o maior obstáculo que
eu tive inicialmente, foi virar contadora, foi atuar diretamente na área. Porque como
eu era analista financeira, eu era subgerente de setor de uma fundação de grande
porte, pra deixar toda aquela gestão financeira, eu fazia muitas viagens, eu
representava a fundação perante outras fundações, pra poder exatamente dar
treinamento, eu tive a dificuldade de sair do financeiro e ir pra contabilidade, porque
ia dar aquele corte, muito dramático. Então no dia que eu saí dessa fundação, eu
trabalhei lá 11(onze) anos, a partir daí é que eu fui trabalhar com um grande amigo
meu como contadora, e assim parece coisa boba, mas quando você faz seu primeiro
débito e crédito você nunca esquece. E foram anos e anos trabalhando como
contadora, tanto de escritório contábil em outra fundação, foi a de veterinária, na
prefeitura de Santa Luzia eu era contadora publica da Secretaria de Educação. E a
30

partir daí fui só crescendo. Eu só não aprofundei na área fiscal, porque realmente
como a área contábil ela teve muita modificação, até o meu mestrado, a minha
dissertação de mestrado é baseada nessa modificação das Normas Contábeis,
Então a minha especialidade é a Contabilidade Societária e a Contabilidade Pública.
Quando você fala em societária você abarca praticamente quase tudo exceto a parte
tributária, e essa eu deixo para os mais espertos. Dá pra quebrar o galho, mas
prefiro não me aprofundar porque a legislação muda todo dia.

22. O que você faria de diferente se tivesse começado hoje na vida acadêmica?
Noemi: Todos os caminhos trilhados por mim, mesmo que sem programação, me
renderam frutos e realização profissional. A escolha da minha formação contábil não
foi programada, mas foi uma grata surpresa tudo o que ela me proporcionou.

23. O que poderia ser mais explorado na faculdade para que saísse mais
preparado para o mercado?
Noemi: Vejo as faculdades se preocupando cada vez mais com a formação dos
discentes. Talvez mais aulas práticas, com uma estrutura mais interdisciplinar,
possam favorecer mais a formação.

24. Como faz para equilibrar vida profissional e vida pessoal?

Noemi: Hoje me dedico exclusivamente à docência. É uma profissão que demanda


um tempo extraclasse excessivo. Muitas vezes não temos domingos nem feriados.
Mas com jeito e programação, dá pra ter uma vida pessoal ainda ativa.

26. Como a contabilidade contribuiu para o seu desenvolvimento pessoal?

Noemi: Todo o meu caminho profissional foi baseado em muito trabalho e estudos.
Hoje posso dizer que grande parte do patrimônio que obtive veio como fruto da
minha formação profissional.

27. Em que sentido você tem investido na sua formação para ser um profissional
competitivo?
31

Noemi: Procuro realizar meu trabalho com o máximo de qualidade possível. A


profissão contábil permite a atuação nas mais diversas áreas, mas independente de
qual for a escolhida, temos que investir em nosso aperfeiçoamento constante, e
acima de tudo, amar o que se faz.

BLOCO 2

Perfil do profissional: habilidades e Competências

5. Para você o que significa ser um profissional de contabilidade?


Noemi: Bom, os profissionais de contabilidade têm duas vertentes: os profissionais
que são atuantes, que se esforçam, que são exemplos de profissionais, e vão ter
profissionais que infelizmente ainda não investem em educação continuada. È uma
realidade que está mudando bastante, mesmo porque o próprio conselho hoje, já
exige uma atualização maior por parte do profissional até pra vigorar uma norma que
rodo contador que assina os demonstrativos, vai ter que fazer uma prova também,
não o exame de suficiência que vocês vão fazer quando se tornarem contadores,
mas um exame para verificar se ele está se dedicando a educação continuada.
Então a profissão contábil hoje está exigindo muita dedicação, muita atualização,
você não pode mais ser aquele contador preso atrás da mesa sem estar de frente
com seu cliente e mostrar pra ele o real valor da contabilidade. Porque enquanto a
gente adotar essa postura a gente não ai ter a profissão valorizada. Então precisa
mudar o perfil do contador, ele ser mais atuante, mais dinâmico pra poder melhorar
nossa profissão.

8. Em sua opinião, Qual o perfil ideal para um profissional contábil?

Noemi: Hoje, várias coisas têm que ser revistas. Pode parecer bobo o que eu vou
falar, mas o profissional contábil tem que se preocupar mais com a parte de
comunicação, seja a comunicação verbal com seu cliente, porque na verdade nós
temos o poder de informação, e não adianta eu ter esse poder de informação se eu
não sei transmitir a informação, então seja na parte verbal ou na parte escrita, nós
temos que ter um cuidado. As pessoas estão esquecendo-se de ler e escrever. Eu
32

dou aula de auditoria, é uma das disciplinas que eu leciono, uma área também que
eu gosto muito, que eu também me aperfeiçoei muito nela, e quando o auditor
elabora o hoje chamado relatório de opinião que já foi chamado de parecer, ele tem
que ter uma formalidade. Nós quando vamos passar um relatório gerencial, temos
que ter uma formalidade na escrita, então a gente precisa melhorar muito. Hoje a
comunicação pra nós é fundamental. Eu sou instrutora do Conselho, eu sou
instrutora do Sindicato, então a gente tem que desenvolver muito a comunicação.
Hoje isso é fundamental, fora o raciocínio lógico, analítico que a gente tem que ter e
sem contar a ética.

9. Que habilidades e competências você acredita ter desenvolvido para exercer a


profissão?

Noemi: Uma coisa que melhorou muito foi meu raciocínio lógico. Eu não sei se
vocês se lembram de quando vocês entraram na faculdade vocês tinha o mesmo
raciocínio rápido igual tem agora? Muda! gente como muda. E a contabilidade faz
isso. Como eu leciono em vários cursos e várias disciplinas, eu percebo que os
alunos de contábeis eles desenvolvem o raciocínio muito mais rápido do que os de
outras disciplinas, porque é exigido isso de nós, então é uma habilidade muito
bacana que a gente desenvolve, é fantástica a mudança que a gente percebe é
incrível.

10. O mercado de trabalho está cada dia mais competitivo, qual diferencial você
considera importante para um profissional que deseja um lugar de destaque? Quais
atributos pessoais são importantes para ser um profissional de destaque na
profissão?
Noemi: Não ser tímido, tem pessoas que morrem de vergonha de falar, de
conversar. Mas tem jeito, eu era uma pessoa extremamente tímida. Na graduação
eu não apresentava trabalho, eu fazia o trabalho, mas não apresentava, isso foi
melhorando com a formação acadêmica que eu fui tendo, a graduação, pós-
graduação, o mestrado. A gente começa a conviver com tantas pessoas, então isso
é inerente mesmo do crescimento profissional, em qualquer atividade que vocês
forem exercer vocês vão adquirir essa habilidade também.
33

11. Para você o domínio em uma língua estrangeira, em especial o inglês, é um


diferencial ou um requisito para um contabilista?
Noemi: É um diferencial, porque quem vai atuar no ramo da auditoria, as grandes
empresas de auditoria sempre contratam trainees e uma das exigências é o inglês.
Eu já tive alunos que chegaram até a última etapa de processo de seleção e não
passaram por causa do inglês. Então é muito importante. Isso se tem na auditoria.
Eu já passei por situações também de ter que explicar, porque numa fundação você
recebe várias verbas, seja aqui do Brasil ou do exterior e eu já tive que sentar com
financiadores do projeto do exterior para explicar como está sendo a movimentação
da verba da pesquisa aqui no Brasil, na época eu estava atuante com o meu inglês,
então deu pra atender. Tudo que você não pratica você perde o contato, mas eu
estou sentindo realmente muita falta de me dedicar, eu cheguei a fazer 5 anos de
inglês, mas eu preciso praticar mesmo a conversação, isso faz falta.

12. Além de um profundo conhecimento na própria área, quais outras áreas o


profissional precisa ter uma noção?
Noemi: Primeira coisa que eu percebo: a parte financeira, essa é fundamental, isso
é muito importante, tanto que vocês têm várias disciplinas da área financeira. Como
a Contabilidade financeira trabalha em conjunto muitas vezes, é muito importante.
Fora o financeiro você pode ter noções também de outros setores que vão impactar
diretamente até vocês, por exemplo, Departamento Pessoal. Pra você trabalhar no
Departamento Pessoal você não necessariamente precisa ser formado em
contabilidade, mas enquanto contado você vai fazer os registros contábeis da folha
de pagamento, então é uma habilidade que você precisa buscar. Outro
conhecimento que você precisa: a Economia de uma maneira geral, a parte tributária
é essencial, porque muitas vezes o cliente chega até você e pergunta o que eu
posso fazer pra reduzir o imposto? Nós não temos como reduzir impostos. Pra você
dar uma resposta de eu não tenho o que fazer você tem que ter um embasamento
pra falar que você não pode.
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BLOCO 3

Desafios da Contabilidade

5. O que você percebe como positivo e negativo no exercício da profissão? O


mercado de trabalho para o contabilista é favorável no cenário atual?

Noemi: Vantagem: tem um monte. Primeira coisa é a questão do emprego. A


situação no mercado de trabalho mesmo num momento de crise. A área contábil foi
uma das que menos sofreu, nós tivemos inclusive pesquisa sobre isso. Teve
redução? Sim. Mas não drasticamente como a gente tem hoje engenheiros sem
trabalho, médicos, advogados, foi um fator favorável para a contabilidade. Outra
questão que é interessante, é quando você atua em uma contabilidade e você tem
esse princípio de fazer uma contabilidade perfeita e demonstrar isso para o seu
cliente, isso é muito importante, porque ai você vende o seu trabalho corretamente.
A dificuldade, uma das grandes dificuldades é a cobrança de honorários, porque
infelizmente nós temos pessoas trabalhando, atuando e que fazem uma negociação
antiética em relação a honorários. Mas é importante lembrar que a gente tem um
Código de Ética, e tem um dos itens do Código de Ética que fala exatamente sobre
isso: é vedado ao profissional contábil, fazer aviltamento de honorários, ou seja,
reduções drásticas com o intuito de prejudicar o outro, então se a gente se sentir
prejudicado, temos o dever, o direito e o dever de acionar o Conselho de
Contabilidade, o Conselho Regional de Contabilidade. Esse é um desafio. Um
desafio ainda é a valorização, nós temos um longo caminho a percorrer, embora eu
tenha visto muitas mudanças. Então esses são os desafios. O desafio principal de
todos que eu falo pra vocês agora: nunca achem que vocês sabem tudo, porque a
gente nunca sabe tudo, nunca. Enquanto professora, eu tenho 13 (treze) anos já de
sala de aula, como contadora eu estou indo pra mais de 15 (quinze) anos, sempre
tem alguma coisa que eu preciso correr atrás de aprender, eu gosto de dar aula
porque os alunos as vezes me perguntam coisas que eu não sei, me obriga a ir e
questionar e procurar saber e quando eu retorno eu volto com um conhecimento a
mais. Então eu estou sempre aprendendo coisas novas, a gente não pode ter medo
disso, porque as pessoas acham vou formar, fazer uma pós-graduação e acabou,
vou saber tudo, dentro de um escritório de contabilidade a gente vivencia muito isso,
pessoas que ficam paradas, que não querem aperfeiçoar e acham: eu não preciso,
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eu já ouvi isso, eu já sei tudo, mas não, a gente nunca sabe. Então esse é um
desafio, você saber admitir com humildade que o conhecimento é eterno, a
aquisição do conhecimento é eterna.

6. Quais desafios você tem enfrentado em um cenário de mudanças


constantes?
Noemi: São muitos os desafios. A profissão contábil demanda um aperfeiçoamento
constante. A área tributária muda com muita frequência e as novas normas de
contabilidade societária exigem que o profissional reveja as práticas até então
adotadas e tenha uma mente aberta para as mudanças. Então, resumidamente,
podemos dizer que o grande desafio é se manter atualizado, e ainda estar em dia
com os compromissos da profissão.

15. De que forma a crise econômica que estamos vivendo está atingindo os
escritórios de contabilidade?
Noemi: Na crise todo mundo sofreu, independente do ramo todo mundo sofreu um
pouco. Os escritórios tiveram uma drástica redução em carteira de clientes porque
com a crise muitas empresas fecharam. Com a empresa fechando, cabe ao
escritório manter os que ainda ficaram com ele e fazer novas captações. Então foi
um dos grandes desafios que os escritórios sofreram, mas que já está melhorando
também.

16. Como é possível o contador precificar seus serviços? Quais são os


mecanismos usados em cálculos?
Noemi: Sim. Nós temos uma tabela de honorários, normalmente o SEES contábil
ele sempre divulga, que é o sindicato dos profissionais de contabilidade, ele divulga
uma tabela com valores médios e que pode ser por porte de empresa, ou pelo
número de funcionários se você vai fazer só a folha de pagamento em função do
número de funcionários. Então tem várias de formas de você precificar, mas de
forma coerente e justa.

17. Novas obrigações e adiamentos são comuns no meio contábil. O profissional


está preparado para lidar com essas mudanças?
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Noemi: Pelo que percebo e até mesmo mediante pesquisa que realizem em minha
dissertação de mercado, ainda há muita resistência para tantas mudanças que
surgem. O profissional, imerso em suas rotinas do dia a dia, acaba tendo um tempo
escasso para as atualizações. Mas é necessário rever tudo isso, pois só assim
poderemos efetivamente ser considerados profissionais relevantes no mercado.

BLOCO 4

Visão da Contabilidade

13. Qual a área de atuação que o profissional contábil tem maior campo de
trabalho?
Noemi: Eu vejo a Societária crescendo muito, a Contabilidade Societária com o foco
gerencial, então não só você transformar aqueles números em informações, mas
você saber repassar. A parte tributária que sempre foi a parte querida, digamos
assim, de quem trabalha na área, na verdade ela é querida porque é muito
requisitada, se você deixa de enviar uma obrigação acessória, tem multa. Se paga
imposto errado, tem multa. Então o foco das atenções, é na Contabilidade tributária.
Mas hoje realmente a Societária ela está se fazendo muito exigente, porque o
Conselho, hoje a gente não dispõe de uma fiscalização eficaz no que diz respeito à
parte Societária, mas está caminhando para isso. Então está chegando o momento
dos contadores voltarem mais a aperfeiçoar nessa área.

14. Em sua opinião qual a importância da contabilidade para uma empresa?


Noemi: Acho que 100% da informação gerada na contabilidade é útil para a
empresa. Cabe ao gestor saber usar a informação, cabe ao contador repassar essa
informação. Então nada na contabilidade você perde. Toda informação você
consegue colocá-la como útil para o gestor.

18. Como você escolhe as melhores ferramentas para os processos contábeis?


Quais são os critérios?
Noemi: É de extrema importância definir um sistema ERP que atenda as demandas
seja da organização contábil, ou quando a contabilidade é interna nas organizações.
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Um sistema que tenha uma parametrização eficiente e pessoas que tenham uma
visão sistêmica com certeza otimizam os processos.

19. Para você como foi o aprendizado dos contadores diante das Normas
Internacionais e das constantes mudanças na legislação?
Noemi: Conforme citado anteriormente, é preciso vencer a resistência diante de
tantas mudanças.

20. Os órgãos reguladores da profissão, o Conselho Federal de Contabilidade e


os Conselhos Regionais, fazem um bom trabalho no sentido de valorizar o
profissional contábil? Você participa de alguma atividade no CRC?
Noemi: O Regional, eu falo pelo Regional que é o que eu tenho mais proximidade,
ele tem feito um bom trabalho, oferece muitos cursos. Por exemplo, se vocês
quiserem fazer um curso de 8 (oito) horas, sobre vários temas que eles oferecem,
vocês pagam o valor irrisório, então é um benefício muito grande. Para o Pessoal do
interior também, nós viajamos para o interior para ministrar cursos, então a gente
está levando a informação contábil. O Conselho Regional tem feito um trabalho bem
atuante e o Federal também é importante porque foi o Federal que trabalhou bem
firme no processo de adequação a convergência das Normas Internacionais. Então
ambos fazem um bom trabalho, fora outras características que são importantes.

21. Por que uma empresa precisa organizar e manter sua contabilidade?
Noemi: A contabilidade oferece uma gama de informações gerenciais que ainda não
é utilizada em sua plenitude pelos usuários. A grande maioria dos gestores ainda
não vê a contabilidade como geradora de informações, mas sim como geradora de
guias. A partir do momento em que essa visão mude, com certeza teremos uma
valorização da profissão.

26. Qual dica você daria para quem deseja ser um profissional da contabilidade?
Noemi: Paciência para quem está começando, pois em toda profissão o começo é
difícil. Muitos pensam que ao fazer uma graduação, já irão de cara ter o sucesso
almejado. Mas os caminhos podem ser rápidos ou morosos. Também é necessário o
aperfeiçoamento constante. Nunca achar que sabe tudo. Nunca saberemos,
aprendemos todos os dias.
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28. Qual a visão que você tem do futuro para a contabilidade?


Noemi: A minha visão mistura com a vontade, com a esperança de nossa profissão
ser mais valorizada, mas tem tudo para isso, tem tudo para caminhar haja vista que
como eu estou a muitos anos em sala de aula, eu percebo muitos alunos de outras
graduações que vem ou fazer uma segunda graduação em contábeis ou trocam a
graduação. Muita gente busca a contabilidade e por mais que formem pessoas,
sempre nos temos muitos alunos entrantes no curso de graduação em contabilidade.

Entrevista 2: Maria José Arleo Rezende Zampier

Possui graduação em ciências contábeis pela Faculdade Ciências Econ. Cont. e Adm de
Visconde do Rio Branco (1993) e curso técnico-profissionalizante pela Escola de 1º e 2º
graus João XXIII(1986). Atualmente é PROFESSOR da Escola Técnica Coopentec de Belo
Horizonte, CONTADORA da E&M Assessoria Contábil Ltda. CONTADORA do EXERCÍCIO
DA CONTABILIDADE NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE e
PROFESSOR AUXILIAR da Minas Gerais Educação S/A. Tem experiência na área de
Administração, com ênfase em Ciências Contábeis.

BLOCO 1

Trajetória do Profissional

2. Como descrever sua experiência no setor contábil? Quais os maiores desafios


que você já enfrentou?

Maria José: os maiores desafios na profissão é você ser ético, permanecer com sua
ética. Porque é muito tentador as pessoas te conduzirem a fazer as coisas erradas,
então em qualquer profissão, não só na contabilidade, tem esses desvios. Por se
tratar de prestar um serviço que visa o crescimento de uma empresa ou de uma
organização, paralelamente você tem um compromisso de mexer com apuração
tributos. Então você tem aí a parte do FISCO e a parte societária. E aí, conviver com
esses dois conflitos é bem difícil.
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3. Você sofreu alguma influência de alguém para optar pela profissão?

Maria José: Na realidade não tinha pretensão nenhuma de ser contadora. Meu
sonho era ser médica veterinária ou agrônoma. Mas há 51 anos, agronomia e
veterinária eram tidas como extremamente masculina, aí a família se reuniu e não
me deixou seguir. Medicina era muito caro, como é ainda hoje, não mudou muito. E
meus pais não tinham condições de me bancar. E disseram: olhe, minha filha, você
tem que trabalhar. E eu comecei a trabalhar. Só que eu comecei a trabalhar como
auxiliar de vendas, serviços administrativos. E eu pensei assim, mas eu vou ficar a
vida inteira trabalhando nisso, não vou não! Eu quero chegar lá no meu chefe. E
meu chefe era um contador. Aí eu falei, vou estudar e fiz vestibular e me tornei uma
contadora.

BLOCO 2

Perfil do Profissional: Habilidades e Competências

1. Para você o que significa ser um profissional de contabilidade?

Maria José: é a expectativa de você estar contribuindo para o desenvolvimento


econômico da sociedade.

5. Qual a área você mais gosta de atuar?

Maria José: Quando eu iniciei minha carreira, quando eu estava lá como assistente
auxiliar, eu tive a oportunidade de verificar todos os setores, tanto da parte
administrativa, da parte fiscal, contábil, folha, da parte de abertura e fechamento,
alteração contratual. Então isso, como eu passei por todos os setores, eu me
identifiquei mais com o fiscal. Porque não é aquela coisa monótona. Toda hora tem
uma coisa diferente, na época. Porque agora a contabilidade tem bastantes coisas
diferentes. E a questão também da contabilidade em SINE. Então eu gosto muito
dessas duas áreas. Tanto é que 90% das vezes eu estou fazendo curso nessas
áreas.

9. Qual é o perfil ideal para um profissional contábil?


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Maria José: Ser perseverante, porque a profissão não é só flores. Ter ética, estar
sempre em volta de conhecimento e principalmente ser paciente, ser comunicativo,
ter postura, porque você trabalha em um ambiente de negócios então você tem que
ter aquela postura, aquele sigilo profissional. Isso é extremamente importante para
nossa profissão.

10. Quais habilidades e competências você acredita ter desenvolvido para exercer a
profissão?

Maria José: Estou tendo paciência, sonho, não estou parando, não estou
desanimada dos sonhos. As vezes dá vontade de xingar, de largar tudo pro lado,
mas ai você volta dorme e começa tudo de novo. Então é paciência, ética,
perseverança, acreditar que vai dar certo, e trabalhar antenada aos acontecimentos
do dia a dia.

11. O mercado de trabalho está cada vez mais competitivo, qual diferencial você
considera importante para um profissional que deseja um lugar de destaque?

Maria José: Inovar. Hoje você tem que inovar. Você tem que ser perspicaz naquilo
que você está fazendo, você tem que procurar soluções dentro da legislação, dentro
do seu ambiente, alternativas para você e para o seu negócio e para o negócio
daqueles pra quem você presta serviço. Empreender-se. E reinventar todo dia.

13. Para você o domínio da língua estrangeira, em especial o inglês, é um diferencial


ou um requisito para um contabilista?

Maria José: Olha, eu acredito mais não no requisito, embora com a normatização,
com a entrada do Brasil no grupo de países que adotam o mesmo tipo de
contabilização, é um referencial, porque a contabilidade aqui, quando você vê a
conta caixa, lá no ativo circulante, tem o mesmo significado lá no Japão, na Ásia,
uniformizou. É interessante saber uma língua? É, porque nós estamos numa
globalização, mas eu acho que é uma prerrogativa, um referencial, embora muitos já
estão colocando isso nas questões pré-requisito. Tem grandes empresas que já
estão pedindo um contador com mestrado e pra você fazer o Mestrado você tem que
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ter a noção do Inglês ou do Espanhol. Então na minha opinião, eu não gostaria que
isso fosse um pré-requisito na seleção no dia a dia, mas a sociedade está impondo
isso.

14. Além do profundo conhecimento na própria área, quais outras áreas o


profissional precisa ter noção?

Maria José: Psicologia. Você tem que saber conviver com os outros, entender as
pessoas.

BLOCO 3

Desafios do Profissional

4. No início da carreira de um contador, qual é o obstáculo mais comum que ele


pode encontrar? Qual é o segmento da contabilidade que você mais gosta de atuar?

Maria José: Olha, na minha época, como eu já estava dentro de um processo


empresarial, eu não tive dificuldades. Eu fiz estágio lá, eu tive o apoio do meu chefe,
que eu sabia que ele ia aposentar que ele já estava a mais tempo lá, que eu ia
assumir aquele cargo. Uma competição saudável, não é aquela competição de um
derrubar o outro. Então, nessa questão eu não vi nenhum problema. Atualmente,
vocês tem muita dificuldade na questão da colocação de estágio, de se iniciar.
Porque a maioria, como eu, também teve que trabalhar e ao mesmo tempo custear
sua faculdade. Então é muito mais difícil hoje. Você passa por um processo seletivo
muito maior que pede de você um conhecimento que talvez naquela época, naquele
período você não tem. Então hoje é muito mais complexo nessa questão do estágio,
de se iniciar. E quando você consegue, você tem que se desdobrar muito mais, ir
além do que você tem embasamento dentro da faculdade. Na faculdade, você tem
uma visão acadêmica, você tem um pouco de visão prática, te induz mais para área
de pesquisa, de trabalhos, de elaborações de empreendedorismo, do que realmente
vocês tem muita prática. E as práticas que tem na faculdade, elas deveriam ser mais
intensas do que no mercado exige.
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6. Quais os desafios você coloca atualmente com essas mudanças tanto na parte
contábil quanto fiscal?

Maria José: O maior desafio, e isso em todas as profissões, é o avanço


tecnológico. Ele está aí, veio e vai ficar. A cada passo ele vai agregar maior valor.
Sempre falo que, hoje nós temos que ter o conhecimento, saber mexer nessas
tecnologias para nosso próprio benefício. E você tem a primazia de ser inteligente,
um ser que pensa. E um ser que pensa busca sempre alternativas de gerenciar. Eu
acabei de falar com os alunos que, vocês tem que olhar além da parede, além da
cor branca da parede, você tem que olhar além. E olhando além, você tem soluções
que vão te levar a um sucesso, crescimento profissional e pessoal. Então não pode
ficar estagnado. Na nossa área tem que gostar de ler, gostar de trabalhar em
equipe, que a gente precisa trabalhar em equipe, porque você trabalha com
interpretação de lei, de dados. Então ler em voz alta e quando ler, te abre um leque
de pensamentos. Então o grande desafio é de conciliar a tecnologia, não tenham
medo pois ela não vai substituir o contador. Você tem que saber o primordial, saber
verificar se aquela ferramenta está calculando certo, funcionando bem.

7. O que você percebe como positivo e negativo no exercício da profissão?

Maria José: positivo tem dois: o lado social e o lado pessoal. Então sempre que
você vai decidir, dá aquele frio na barriga. Vou fazer o que? Quando você ingressa,
quando está fazendo um curso, você tem que apaixonar, depois você tem que
passar a gostar e amar, tem que amar o que você faz. Ai você diz ai professora tem
muita gente que fala que o amor acaba, acaba porque você deixou acabar, você não
trabalhou. Qual é o alimento do contador? Estar sempre em sintonia com o que está
no mercado, as tendências. Por isso que a gente vê um pouco de Economia,
Estatística, Leis, a questão Societária, você tem que estar antenado, você estando
antenado não vai ter nenhum problema profissional.

8. O mercado de trabalho para o contabilista é favorável no cenário atual?

Maria José: Sim, você pode olhar ai nas estatísticas, qual é o índice das profissões,
aonde que o contador está enquadrado, tem o desemprego para o engenheiro, o
advogado, todos. Tem contador desempregado? Tem, eu reconheço, mas em
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proporção as outras atividades, nós estamos bem abaixo. E outra coisa o contador
tem várias funções, você pode ser um funcionário, prestar um concurso, ser
controler, auditor, consultor, tanto na área privada quanto na área pública. Se você
for falar de separar cada atividade, um perito vai dar umas 20 funções. Por isso que
a gente vê várias coisas no nosso curso. Vemos matérias de Administração, de
Economia, Interpessoais para sermos profissionais completos, por isso vemos várias
áreas no curso. E isso te dá essa competitividade, essa adaptação a esses diversos
segmentos da nossa profissão.

16. Novas obrigações e adiamentos são comuns no meio contábil. O profissional


está preparado para lidar com essas mudanças?

Maria José: Vocês jovens muito mais do que eu com 51 anos de idade. Porque
vocês têm a facilidade da tecnologia, então vocês estão mais antenados com essas
mudanças.

BLOCO 4

Visão da Contabilidade

15. Qual a área de atuação o profissional contábil tem maior campo de trabalho?

Maria José: Na de Tributária. Nesse país, nessa insegurança que nós vivemos,
Tributária.

17. Como você escolhe as melhores ferramentas para os processos contábeis?


Quais são os critérios?

Maria José: Olha, hoje em dia não só eu como tenho um escritório de contabilidade
tenho que pensar uma forma de eliminar trabalhos repetitivos, um exemplo é
inserção manual de uma nota fiscal então eu tenho que ter ferramentas no meu
escritório para que eu importe o XML, que eu busque sem o cliente ter que me
mandar, cupom fiscal eu já importo da memória do cupom fiscal, eu já importo este
sistema eu já trago as informações ai eu só vou verificar se está correto ou não. É
mais na questão de auditoria do que propriamente de execução. Então essas
ferramentas a gente tem que ter. Um bom sistema, ter uma boa consultoria, uma
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IOB, CENOFISCO, LESPER, questão de ICMS, ter acesso sempre aos sites da
Receita Federal, do Estado, da Prefeitura, do INSS, para você ver o que está
mudando. Então essas são as bíblias do Imposto de Renda do Regulamento do IPI,
as legislações do Pis e do Cofins até virar regulamento e assim vai, regulamento da
Previdência.

18. Para você como foi o aprendizado dos contadores diante das Normas
Internacionais e das constantes mudanças na legislação?

Maria José: Falta a interpretação dos CPCs, nós ainda temos um grande caminhar,
já estamos em um ponto bem avançado nas grandes empresas que são auditadas,
nas médias um pouco, mas na pequena e média está muito atrás. Então que está
área que suporta as pequenas e médias empresas que geram muitos empregos,
você pode classificar que é primários, ou seja, que são aquelas pessoas que não
tem estudo igual vocês estão em busca mas que geram emprego. e esses
empresários que tem um sonho, que são demitidos, pega aquele investimento, que
aposentam, que tem um sonho, de abrir um negócio, eles não tem estrutura. Pode
ser um mega diretor de uma empresa, mas a parte operacional, a parte de fazer, ele
já esqueceu porque ele sabia só administrar, ele pensava em mandar nos outros,
essa leva da sociedade empresarial precisa muito do contador. Por isso que vocês
tem essa infinidade de disciplinas de TIDIR, PI, de trabalhos externos, para que
vocês possam auxiliar essas pessoas. E ai cabe um pouco da psicologia pra você
ganhar essa pessoa, essa confiança e o seu reconhecimento posterior na profissão.
Na profissão nada é fácil, é construir um tijolo de cada dia. Nunca começa construir
do teto, do telhado para o chão e ai se você chegar nesse patamar em qualquer
lugar você não vai ter sucesso. Então construa um tijolinho e vai colocando, e o
sucesso virá.

19. Qual a importância da contabilidade para uma empresa?

Maria José: Tudo. Você manipula tudo. Você tem tudo, pessoal, fiscal, financeiro,
você tem o estratégico da empresa, o planejamento da empresa, tudo. O
administrador pega esses dados que você faz o levantamento, e faz o que? Projeta,
faz projeção. O contador ajuda nisso, a preocupação não é mais lançar notas, pois,
o sistema já faz isso, nós importamos e verificamos.
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20. Mediante a crise econômica que a gente está passando, você acredita que ela
atingiu os escritórios de contabilidade?

Maria José: Sim, quem sustenta nossos escritórios? São as empresas, os


prestadores de serviços, as organizações. E se elas tem dificuldade financeira,
consequentemente nós temos também.

21. Os órgãos reguladores da profissão, o Conselho Federal de Contabilidade e os


Conselhos Regionais, fazem um bom trabalho no sentido de valorizar o profissional
contábil?

Maria José: Precisa caminhar mais. Já tivemos grande avanço, mas o Conselho de
Classe ainda tem que mudar as questões. Eles estão muito fechados nas
operações. Eu acho que o Conselho tinha que ser mais atuante, participar mais.
Como nós somos, desde 2007, o órgão que determina e estrutura toda parte
contábil, ele deveria ser mais atuante igual a OAB é.

22. O que você destaca hoje no código de ética?

Maria José: Ética é muito pessoal, porque ética para mim não é ética para você. O
que eu quero para mim, eu não desejo para você. Então por aí, é muito pessoal. E
você tem diversos fatores que te levam a ter uma atitude que para uns é antiético e
para outros nem tanto. Imagine você sendo pai de família, saiu de manhã para
procurar emprego. Deixou seus filhos, sua esposa e chegar em casa sem
alimentação. O que é ético para você? Então tem coisas que acontecem no dia a dia
que está escrito no nosso Conselho de Ética, que as vezes muitas pessoas não
utilizam. Eu já perdi emprego, e eu ganhava muito bem, por não fazer coisas que
feriam a minha ética, mas tem pessoas que não tem essa personalidade. Por isso
que eu falo, o que é ético para mim, nem sempre é para você.

23. Qual a visão você tem do futuro para a Contabilidade?

Maria José: não acho que a Contabilidade vá desaparecer. Vai ter avanços,
melhores ferramentas, mas desaparecer nunca. Vai haver mudanças e só vai
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permanecer no mercado aquele que souber empreender, que tiver boas ideias,
dentro do contexto que foi nossa formação.

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