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Nos últimos três anos, o Brasil tem sido palco de uma guerra entre facções

criminosas, que cruzam as fronteiras norte e sul do país na disputa pelo domínio das
rotas do tráfico internacional. O conflito gerou alianças e dissidências entre grupos
regionalizados, no Norte e Nordeste as facções locais se aliaram contra a assimilação
advinda do Sudeste, que teve como resultado o aumento do número de homicídios e
massacres nas unidades prisionais dessas regiões. Como resposta do Estado a tais
situações, foram implementadas intervenções militares e penitenciárias, que aliadas à
mentalidade retributivista, reforçaram a legitimação de uma política de extermínio e
encarceramento em massa da população periférica brasileira, composta
majoritariamente por indivíduos de cor/etnia negra e em situação de vulnerabilidade
econômica.
Nesse contexto, a aprovação de leis e medidas de combate ao crime e à
violência, expressões da política de recrudescimento penal, se tornaram promessas de
campanha de inúmeros candidatos da extrema direita, eleitos nas eleições de 2018. É
partir desse cenário que chegamos a 2019, com mais de 700 mil pessoas presas, o maior
número já registrado na história do país; uma queda de 24% no número de homicídios,
que expressa mais o poder local das facções do que alguma eficácia de políticas
públicas; e o aumento de grupos de extermínio e milícias, que ganham cada vez mais
espaço e influência política.
Em meio a esse panorama tão caótico e peculiar, a teoria criminológica é
forçada a ir além das barreiras disciplinares, e principalmente das barreiras territoriais.
Quando não só a extrema direita, mas o crime organizado se espalha pelas veias abertas
da América do Sul, se faz cada vez mais necessário a comparação dos nossos diversos
contextos, sejam eles regionais ou nacionais.
Por isso, fazem-se necessárias as seguintes indagações: Como a teoria
criminológica pode nos ajudar a elucidar esses diferentes fenômenos? Quais os estudos
sobre crime e prisão estão sendo produzidos no Brasil e na América do Sul, e a que
resultados eles chegaram? Quais outros fenômenos criminológicos são observados e
discutidos nas diferentes localidades do Cone Sul?
Nesse sentido, tomando como referência tais considerações, esta edição da
Revista Transgressões: ciências criminais em debate pretende reunir trabalhos que
abordem temáticas inseridas no âmbito da teoria criminológica, tais como estudos que
versem sobre sistema de justiça criminal, sistema socioeducativo, sistema carcerário,
saúde no cárcere, criminalização da pobreza, extermínio da juventude negra, violência
contra a mulher e temas congêneres, produzidos a partir do contexto sulamericano.
Primando pela interdisciplinaridade, aceitaremos trabalhos de diversas áreas do
conhecimento, tais como Direito Penal, Direito Processual Penal, Psicologia,
Sociologia, Antropologia, Ciência Política, Estudos Urbanos e demais ramos afins.
Os trabalhos a serem avaliados para a composição da 13ª edição da Revista,
que será publicada em novembro de 2019, devem ser submetidos no sítio eletrônico
acessível através do endereço ​https://www.periodicos.ufrn.br/transgressoes até o dia 18
de setembro de 2019. Tendo em vista que o nosso fluxo de submissões é contínuo, os
demais trabalhos enviados após este prazo serão considerados para edições futuras. Em
caso de dúvida, erro ou problema envolvendo a submissão de trabalhos, o autor poderá
procurar ajuda junto à Comissão Editorial através do endereço de e-mail:
transgressoesrevista@gmail.com​.

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