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ACÓRDÃO
Documento: 619118 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 01/08/2006 Página 1 de 6
Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 35.203 - SP (2004/0061528-0)
RELATÓRIO
É o relatório.
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Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 35.203 - SP (2004/0061528-0)
EMENTA
VOTO
De fato, o bem jurídico protegido pela lei ambiental diz respeito a áreas cujas
dimensões e tipo de vegetação efetivamente integrem um ecossistema. A lei de regência não
pode ser aplicada para punir insignificantes ações, sem potencial lesivo à área de proteção
ambiental, mormente quando o agente se comporta com claro intuito de proteger sua propriedade,
no caso, com simples levante de cerca, em perímetro diminuto, vindo com isso, inclusive, a
resguardar a própria floresta nativa.
No mesmo sentido é o parecer ministerial, in verbis:
"A ordem comporta guarida. Os fundamentos que dão suporte a
esta interposição revestem-se de inquestionável plausibilidade jurídica, pois
o caso em discussão põe em evidência questões que já restaram pacificadas
no ordenamento jurídico pátrio.
No campo do direito penal do meio ambiente, o princípio da
insignificância deve ser aplicado com temperamentos, uma vez que não
basta a análise isolada do comportamento do agente causador do dano,
como medida para avaliar a extensão da lesão. É preciso levar em
consideração os efeitos ocasionados no contexto em que praticado o ato
ilícito.
No caso em discussão, verifica-se, ao compulsar os autos que o
paciente realizou “bosqueamento” em área equivalente a 0,6 hectares, sem
a correspondente licença ambiental, em região tipo como “Área de Proteção
Ambiental”.
Ocorre que, o alegado “bosqueamento” significa o corte parcial da
vegetação para a colocação de cercas, com a finalidade de proteção da
propriedade do paciente, não ocorrendo, com isso, supressão da referida
vegetação protegida por lei.
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O próprio Auto de Infração Ambiental, acostado às fls. 78, assim
expõe: “Relação de produtos/mercadorias (especificação e quantidade): Não
houve apreensão. Por tratar-se de vegetação de pequeno porte.” E o Laudo de
Vistoria (fls. 185) dispõe: “O Sr. Antônio Martins Artem, proprietário do terreno
de 7.000m² situado na confluência das Vias das Tulipas e Via das Palmas,
realizou o bosqueamento da vegetação e a retirada de entulho nesta área, sendo
por isso autuado pela PFM.”
Constata-se de plano, a pequena proporção em que se deu o ato do
agente, dando ensejo à aplicação do princípio da insignificância. É
destituída de razoabilidade decisão no sentido de condenar o paciente nos
termos da denúncia ora em apreço. Não foram constatados resultados
substancialmente danosos no contexto aferido.
Como bem afirma o impetrante, não houve prejuízo ao meio
ambiente, nem sequer perigo de prejuízo ao equilíbrio natural, mormente
diante da extensão de 0,6 hectares, pertencentes ao paciente, em relação à
Área de Proteção Ambiental de Cabreúva. Não foi atingido o bem jurídico
tutelado pela lei que prevê o tipo penal." (fls. 302/304)
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
Relatora
Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ
Presidenta da Sessão
Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. BRASILINO PEREIRA DOS SANTOS
Secretário
Bel. LAURO ROCHA REIS
AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : EURO BENTO MACIEL FILHO E OUTRO
IMPETRADO : PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO
DE SÃO PAULO
PACIENTE : ANTÔNIO MARTINS ARTEM
ASSUNTO: Penal - Leis Extravagantes - Crimes Contra o Meio Ambiente (lei 9.605/98)
SUSTENTAÇÃO ORAL
SUSTENTAÇÃO ORAL: DR. EURO BENTO MACIEL FILHO (P/PACTE)
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Após o voto da Sra. Ministra Relatora concedendo a ordem, pediu vista,
antecipadamente, o Sr. Ministro Gilson Dipp."
Aguardam os Srs. Ministros Arnaldo Esteves Lima e Felix Fischer.
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HABEAS CORPUS Nº 35.203 - SP (2004/0061528-0)
VOTO-VISTA
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1. No momento em que o acusado aceita livremente a proposta
ministerial consubstanciada na suspensão condicional do processo (art. 89
da Lei n.º 9.099/95), conseqüentemente, renuncia ao interesse de agir,
sendo impossível buscar o trancamento da ação penal, via habeas corpus,
com fundamento na falta de justa causa para sua existência.
2. Ordem denegada.”
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Como bem ressaltado pelo Ministério Público Federal e pela Ministra Relatora, a
legislação ambiental visa a coibir condutas que sejam capazes de lesar, efetivamente, o
ecossistema, seja em razão das dimensões da área atingida, seja em virtude do tipo de vegetação
que nela existe.
Na hipótese dos autos, a ação do paciente limitou-se a realizar “bosqueamento”,
ou seja, supressão de parte da vegetação nativa em área de sua propriedade, cuja dimensão é de
0,6 hectares, com o intuito de levantar uma cerca, um alambrado.
Não se pode concluir, então, que a conduta do paciente tenha atingido o bem
jurídico tutelado pela legislação do meio ambiente.
A propósito, eis os trechos do Auto de Infração Ambiental (fl. 78) e do Laudo de
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Vistoria (fl. 185), destacados também pela Subprocuradoria-Geral da República:
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
Relatora
Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ
Presidenta da Sessão
Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. GILDA PEREIRA DE CARVALHO
Secretário
Bel. LAURO ROCHA REIS
AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : EURO BENTO MACIEL FILHO E OUTRO
IMPETRADO : PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO
DE SÃO PAULO
PACIENTE : ANTÔNIO MARTINS ARTEM
ASSUNTO: Penal - Leis Extravagantes - Crimes Contra o Meio Ambiente (lei 9.605/98)
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo no julgamento, a Turma, por unanimidade, concedeu a ordem, nos termos
do voto da Sra. Ministra Relatora."
Brasília, 12 de junho de 2006
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