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Abordagem da Violência na Atenção Domiciliar

UNIDADE I - INTRODUÇÃO

Em Introdução, veremos os conceitos gerais referentes à violência, sua definição e tipologia. Em seguida,
analisaremos o impacto da violência na saúde, o motivo pelo qual tornou-se uma questão de saúde pública e seus
custos.

Estudaremos também a família e sua relação com a equipe da Atenção Domiciliar como elemento fundamental no
cuidado do dependente e veremos como a deficiência torna o indivíduo mais vulnerável à violência.

Por fim, estudaremos as estratégias de prevenção e proteção da Equipe de AD, com foco na notificação e na
importância do trabalho intersetorial.

Nesta unidade, falaremos sobre conceitos gerais no que diz respeito à violência na Atenção Domiciliar.

Veja, na história a seguir, a reunião de uma equipe de Atenção Domiciliar. Clique nos botões com a seta para avançar
as cenas ou revê-las.
1. Conceitos Gerais

1.1. Conceito de violência

Afinal, o que é violência?

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a violência como o uso intencional da força física ou do poder, real ou
em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha
grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.
(KRUG et al., 2002, p.5)

De acordo com Minayo e Souza (1998), a violência é representada por ações humanas que ocasionam danos físicos,
emocionais, morais e espirituais.

A violência é uma construção social, pois é um fenômeno biopsicossocial relativo aos processos históricos e a vida em
sociedade. E considerá-la como fenômeno social importa em compreender sua perspectiva cultural, política, social e
econômica.
1.2. Tipologia (tipos e natureza)

Existem diversos tipos de violência. Para analisarmos essa classificação, utilizaremos a tipologia adotada pelo
Ministério da Saúde bem como outras categorias apontadas por pesquisadores da área.

Observe o gráfico a seguir e passe o mouse nos locais indicados com a lupa para conhecer os tipos de violência,
abordados pelo Ministério da Saúde.

 AUTOPROVOCADA - Este tipo de violência abrange tentativas de suicídio, suicídio, autoflagelação,


autopunição e automutilação.

o COMPORTAMENTO SUICIDA - O comportamento suicida está relacionado a tentativa de acabar com a vida e a
automutilação, que pode ser grave (amputar os próprios dedos, por exemplo), estereotipada (bater a cabeça,
morder-se ou arrancar os cabelos) ou superficial.

o SUICÍDIO - O suicídio se caracteriza pela morte provocada pela própria vítima e alcançada por meio da
elaboração de um plano e seus meios.

 INTERPESSOAL - Ocorre nas formas de comunicação e de interação cotidianas, podendo ser:

o INTRAFAMILIAR - Ocorre entre os membros da própria família, entre pessoas que têm grau de parentesco ou
vínculos afetivos.

o COMUNITÁRIA - É praticada entre pessoas sem laços de parentesco, conhecidos ou desconhecidos. Está
relacionada à concentração de riquezas, à falta de oportunidades, à desigualdade e ao desemprego. O
desrespeito humano, a desagregação familiar e as injustiças sociais também são fatores causais.

 COLETIVA - em geral cometida por grandes grupos ou pelo Estado. É caracterizada por qualquer distinção,
exclusão ou restrição baseada, por exemplo, em origem racial/étnica e social, que tenha o propósito ou o
efeito de anular ou prejudicar o exercício de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político,
econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio da vida pública. Ela pode ocorrer nos seguintes
âmbitos:<h1>Sociais,Políticos e Econômicos.
Para conhecer as definições das naturezas da violência, clique em:

 Violência Física
 Violência Sexual
 Violência Psicológica
 Negligência

1.3. Outras definições

Existem outras definições apontadas por autores como Minayo (1994 e 2004).
São elas:

 Abandono – “Desamparo do indivíduo por uma pessoa responsável por seu


cuidado ou com custódia legal.”

 Abuso econômico – “Apropriação indevida de bens ou dinheiro afetando a


saúde emocional e a sobrevivência da família.”

 Autonegligência – "Conduta da pessoa idosa que ameaça sua saúde e


segurança pela recusa ou fracasso de prover a si própria os cuidados adequados."

 Violência institucional – “Maneira privilegiada de reprodução das relações


assimétricas de poder, de domínio, de menosprezo e de discriminação."

 Violência estrutural
– “Ocorre pela desigualdade social. É naturalizada nas manifestações de pobreza, de
miséria e de discriminação.”.

2. O Impacto da violência na saúde

<http://atencaobasica.org.br/comunidades/melhor-em-casa>
2.1. Por que a violência é uma questão de saúde pública?

Apesar de não ser específica da área da saúde, a violência é reconhecida como um problema de saúde pública porque
é nesse campo em que se exterioriza de forma mais evidente, ultrapassando o âmbito da justiça e da polícia.

Os diversos dados epidemiológicos comprovam essa natureza social e cultural da violência, especialmente no contexto
social brasileiro. Segundo estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o custo total com violências foi
de 90 bilhões de reais em 2004, ou seja, 5% do PIB brasileiro.

2.2. Custos da violência

As consequências da violência como danos, lesões e traumas têm altos custos para o indivíduo e família tais como
perda de vida, prejuízos econômicos ou de produtividade bem como para o sistema de saúde, que possui gastos
maiores com emergência, assistência e reabilitação.

BRICEÑO-LEÓN (2002) estima que cerca de 3,3% do PIB brasileiro foram gastos com custos diretos da violência,
aumentando para 10,5% quando se consideram os custos indiretos e transferências de recursos. Observe esses
dados na figura a seguir:
3. Família
Você sabe em que local é maior o índice de violência?

Observe os gráficos, a seguir, e reflita sobre:

 o local onde ocorre a maior parte das situações de violência;


 a faixa etária e o sexo das vítimas que sofrem violência.

Ao entrar no domicílio as equipes se confrontam com a violência, mesmo não relacionada diretamente ao paciente,
mas ao núcleo familiar em que ele está inserido.

3.1. Abordagem familiar

A atenção domiciliar, por ser realizada na residência do paciente, expõe as equipes à realidade social na qual a família
está inserida. Por isso, é importante que os profissionais estejam aptos a identificar e atuar mesmo que o paciente em
questão não seja a vítima da violência.

Outra questão consiste na tomada de decisão sobre quem assume os cuidados do paciente. De fato, esta decisão
segue a dinâmica de cada família. Por exemplo, existem diversas situações em que a família não consegue assumir os
cuidados sozinha, gerando um contexto potencial de descuido e abandono.

A intervenção e o tratamento do problema a longo prazo, em geral, são tarefas das equipes de Atenção Domiciliar e
da Rede de Serviço Social.

<http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/cad_vol2.pdf>
1.2. Atenção Domiciliar X Família

A equipe de Atenção Domiciliar deve cuidar da família. Segundo o Ministério da Saúde, isso implica em:br>

 conceber a família em seu espaço social, privado e doméstico;


 respeitar o movimento e a complexidade das relações familiares;
 ter atitudes de respeito e valorização das características peculiares daquele convívio humano
 preservar os laços afetivos das pessoas e fortalecer a autoestima;
 construir ambientes mais saudáveis para a pessoa em tratamento envolve, além da tecnologia médica, o
reconhecimento das potencialidades terapêuticas presentes nas relações familiares.

4. Dependência X Vulnerabilidade

Um tópico que merece destaque é a violência contra as pessoas com deficiência, pois:

 apresentam maior vulnerabilidade, ou sejam, são as que mais sofrem violência;


 sofrem os mesmos tipos de violência que as demais pessoas sem deficiência;
 possuem menor probabilidade de obter ajuda da polícia, proteção jurídica ou cuidados preventivos.

Além disso, esta prática está associada a fatores sociais, culturais e econômicos da coletividade que vê a deficiência
como algo negativo.
4.1. Mecanismos de prevenção

O poder público deve buscar a implantação de mecanismos de


prevenção e enfrentamento da violência contra a pessoa com
deficiência tais como: ampliar os canais de denúncia;

 incluir a pessoa com deficiência na rede de ensino;


 estabelecer planos de enfrentamento à violência contra a pessoa com
deficiência nos âmbitos estadual municipal e distrital;
 criar e fortalecer os conselhos de direitos estaduais, municipais e distrital;
 implantar a notificação de violências contra a pessoa com deficiência no
SUS;
 divulgar os direitos das pessoas com deficiência;
 construir centros integrados de prestação de serviços às vítimas de
violência, com apoio psicológico e social.

5. Estratégias

A partir de agora, veremos como um profissional de AD deve proceder diante


dessa situação. Para isso, apontaremos, brevemente, as estratégias de
proteção e prevenção, que são:

 a notificação;
 o trabalho intersetorial com as demais redes de apoio.

5.1. Notificação

Em 2009, o Ministério da Saúde implantou no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), a


notificação da violência doméstica, sexual e outros tipos.

Contudo, ainda percebe-se a subnotificação dos casos de violência pelo sistema de notificação de óbito e de
internação. Por exemplo, em relação à morbidade hospitalar, as consequências de agressões e traumas são pouco
computadas porque não incluem os casos atendidos nas emergências, prontos-socorros e as internações atendidas
em unidades não conveniadas pelo SUS.
5.1.1. Notificação x denúncia

Ao contrário da denúncia, a notificação não pretende identificar o agressor ou acusá-lo, mas acolher a vítima e sua
família, promovendo as ações de proteção além de coletar dados para melhorar o sistema de acolhimento e de
combate à violência, ampliando suas políticas públicas.

5.1.2. Fluxo de Comunicação

A ficha de notificação, devidamente preenchida pela equipe de AD, segue um fluxo de comunicação, conforme
representado a seguir:

5.2. A importância do trabalho intersetorial na condução adequada nas situações de violência

A situação de violência requer a intervenção de uma política intersetorial. As instituições, os organismos e os serviços
que compõem a rede de proteção e defesa de direitos estão definidas pelos marcos legais. No entanto, o
fortalecimento e a efetivação de suas ações é um processo dinâmico que se constrói por meio do diálogo e do
dinamismo dos agentes envolvidos com a questão.

5.3. Rede de Proteção

O que é a rede de proteção social?

De acordo com a Política Nacional de Assistência Social, a inserção na Seguridade Social, da qual fazem parte a
saúde, a previdência e a assistência social, aponta também para seu caráter de política de proteção social articulada a
outras políticas do campo social, voltadas para a garantia de direitos e de condições dignas de vida. A proteção social
deve garantir as seguintes seguranças:
 sobrevivência (de rendimento e de autonomia);
 acolhida;
 convívio ou vivência familiar.

5.3.1. Modelo de Rede de Proteção

Na seção anterior, propusemos que você, com sua equipe, identificasse seus parceiros – os órgãos e as instituições
que promovem a proteção social e a garantia dos direitos dos cidadãos – e construísse o mapa da rede de sua
localidade.

Agora, observe um modelo de rede de proteção que atende aos diversos grupos – crianças, adolescentes, homens e
mulheres adultos, população LGBT e idosos:

6. Atribuições do Profissional da Atenção Domicilia

Como devemos agir diante das situações de violência?


6.1. Resiliência

Você reconhece a importância de fortalecer a resiliência das vítimas da violência?

7. Síntese

Chegamos ao final da Introdução à Violência em Atenção Domiciliar e até agora


vimos:

 O conceito de violência e sua tipologia.


 O impacto da violência na saúde.
 A família como principal ambiente vulnerável à violência.
 A relação entre a equipe de AD e a família.
 A violência contra a pessoa com dependência.
 A notificação como instrumento de prevenção e proteção.
 A importância do trabalho intersetorial.

Propomos agora que você reflita sobre como transpor esses conhecimentos teóricos
para sua atividade individual e sua ação integrada aos profissionais que compõem a
equipe de AD.

Em seguida, que tal exercitar seus conhecimentos com a realização de alguns


exercícios?

UNIDADE II – PARTICULARIDADES NA ABORDAGEM DA VIOLÊNCIA AOS DIFERENTES GRUPOS POPULACIONAIS

Na unidade anterior, abordamos os conceitos gerais da violência. Nesta unidade, analisaremos os aspectos específicos
referentes a violência sofrida por crianças, adolescentes, homens e mulheres adultos, população LGBT e idosos. Em
seguida, trataremos da atuação do profissional da AD com foco na identificação, manejo e encaminhamento no
sentido de prevenir a violência e proteger as vítimas. Por fim, estudaremos a violência a que a equipe de AD está
exposta ao entrar nas comunidades, onde o tráfico de drogas influencia fortemente nos casos de violência.

Deste modo, teremos quatro temáticas:

 Violência e criança
 Violência e adolescente
 Violência de gênero
 Violência e idoso
Violência e criança

1. Importância do tema

Por que é importante tratar a violência contra a criança na Atenção Domiciliar?

Ao contrário das mortes por causas naturais, que diminuíram nos últimos 30
anos, as mortes de crianças por causas externas estão crescendo de forma
acelerada. Isso se deve ao crescimento significativo das situações de violência no
Brasil.

O que preocupa não é somente a magnitude, mas a aceitação e a tolerância


dessa pandemia social.

Quando vamos às casas realizar o atendimento, identificamos a


violência contra crianças ou fechamos nossos olhos?

1.1. Definição de criança

Antes de tratarmos da violência contra a criança, precisamos saber como definir este grupo.

A divisão em ciclos de vida, adotada pelo Ministério da Saúde, visa atender às especificidades nas fases de
crescimento e desenvolvimento da criança e o início da puberdade.

Observe a classificação etária da infância pelo ECA e pelo Ministério da Saúde:

1.2. Registro de dados

Outro ponto importante diz respeito à dificuldade de se obter dados precisos, pois
nem todas as lesões são encaminhadas ao serviço de saúde e, muitas das que são
levadas, não são notificadas.

Os dados de mortalidade por causas externas são apenas a ponta de um iceberg,


em que a base, bem maior e escondida, são os dados de morbidade. Ou seja,
quando procuramos investigar o caso que envolve a situação de saúde de uma
criança, descobrimos uma família inteira que precisa ser cuidada.
2. No cotidiano da AD

Para iniciarmos o estudo sobre a abordagem da violência contra a criança, leia o caso a seguir:

2.1. Refletindo o caso

Com base na leitura, reflita as seguintes questões:

 Você identifica alguma situação de violência? Qual tipo?


 Que outros problemas você identifica?
 Quais as ações prioritárias?
 Quais profissionais seriam destacados para acompanhar esta família?
 Que problemas emocionais e sociais você identifica?
 Que outras informações você considera importantes para conduzir este caso?
2.2. Aspectos relevantes identificados

Neste caso, podemos apontar os seguintes aspectos:

2.3. Procedimentos adequados

Ao analisar esse caso, em específico, recomenda-se o seguinte passo a passo para o profissional da AD:
3. Atuação do Profissional da AD

Qual é a melhor forma de atuar em casos de violência?

Nós, profissionais da Atenção Domiciliar, devemos notificar as situações de violência com o objetivo de proteger a
criança e sua família. Já a denúncia e a punição do agressor cabem à justiça e seus equipamentos.

3.1. Identificação

Como identificamos a violência contra a criança em um atendimento domiciliar?

É necessário ter muito cuidado durante a investigação de um suposto ato


violento. Devemos considerar:

 os valores morais envolvidos;


 as consequências;
 o contexto sociocultural.

Uma mesma ação pode representar algo diferente em contextos distintos. Por exemplo,
uma criança cujos pais efetuaram escarificação em seu corpo pode ser uma expressão
cultural, como no caso dos indígenas, ou uma mutilação abusiva, quando o objetivo é ferir
sem trazer "benefícios" para a criança naquele grupo social.

3.1.1. Dificuldades na identificação

A violência contra a criança não é um problema novo para nós, profissionais de saúde, que vivemos em contato com
essa realidade. Contudo, o problema é identificado, principalmente, quando a agressão provoca repercussões graves
para o desenvolvimento da criança e as relações familiares.

3.1.2 Identificação precoce

Os motivos para a falta de identificação dos sinais e dos sintomas das violênciassão vários, dentre eles estão:

 a falta de conhecimento dos profissionais;


 as limitações no processo de atendimento, em que as lesões são tratadas sem questionamento;
 uma dimensão ética que é representada pelo medo ou a recusa de se envolver com o que é considerado “um
problema de família”.

É indispensável identificar, precocemente esses sinais.


3.2. Criação de estratégias

Nossa participação, como profissionais da saúde no atendimento à violência, no âmbito domiciliar, não se encerra
com a notificação.

Ainda no acolhimento, antes de notificar, devemos começar a identificar e a contatar os equipamentos que comporão
a rede de proteção.

3.3 Articulação da Rede

A violência contra a criança requer a intervenção de uma política intersetorial. A rede intersetorial de proteção se
organiza em um conjunto ampliado de instituições definidas pelos marcos legais.

No contexto da violência contra a criança, destacamos alguns Órgãos. Passe o mouse sobre eles para conhecê-los:

Rede Serviços de Saúde

Os serviços de saúde são compostos por hospitais, postos de saúde e unidades de saúde da família.
Nestes espaços, é oferecido a continuidade do acompanhamento de saúde.

Rede Conselhos Tutelares

O Conselho Tutelar foi instituído pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), tendo suas atribuições definidas no
artigo 136.

Ele possui a missão de zelar para que as crianças tenham acesso aos seus direitos, tendo a responsabilidade de
verificar se a família, a comunidade, a sociedade em geral e o Poder Público estão assegurando com absoluta
prioridade a efetivação dos direitos das crianças, cobrando esse cumprimento.

Dentre algumas atribuições do Conselho Tutelar estão:


 - atender à criança e ao adolescente que tiveram seus direitos ameaçados ou violados;

 - atender e aconselhar pais e responsáveis das crianças que tiverem seus direitos ameaçados ou violados,
podendo aplicar-lhes medidas;

 - requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança,
representando junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações.

Rede Central de Assistência Social

Os centros de assistência social são:

CRASS – Centro de Referência Especializado em Assistência Social


É o principal equipamento onde são desenvolvidas ações socioassistenciais de proteção social básica, sendo o
primeiro acesso das famílias aos direitos socioassistenciais e, portanto, à proteção social.

CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social


Destina-se a pessoas em situação de risco pessoal ou social, de caráter mais complexo, se diferenciando da proteção
básica por se tratar de um atendimento dirigido às situações de ameaça ou violação de direitos.

Rede Vara da Infância e Juventude

As Varas de infância e juventude têm como competências:

 - garantir medidas de proteção, defesa e atendimento à criança;


 - orientar e apurar irregularidades em instituições.

De acordo com o que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Justiça da Infância e Juventude tem
competência para:

 - impor medida socioeducativa a adolescente diante da prática de ato infracional;


 - realizar pedidos de adoção;
 - implementar ação que vise compelir a União, Estado ou Município a oferecer atendimento médico a criança
ou adolescente;
 - promover ação de alimentos em favor de crianças e adolescente que estejam com direito violado por
omissão dos pais ou responsável;
 - realizar pedidos de destituição do poder familiar.

Rede Ministério Público

O Ministério Público é um órgão independente e não pertence a nenhum dos três Poderes – Executivo, Legislativo e
Judiciário. Possui autonomia na estrutura do Estado e não pode ser extinto ou ter suas atribuições repassadas a outra
instituição.

Suas competências são:

 fiscalizar o cumprimento das leis que defendem o patrimônio nacional e os interesses sociais e individuais;
 fazer controle externo da atividade policial;
 promover ação penal pública e expedir recomendação sugerindo melhoria de serviços públicos.
4. Síntese

Chegamos ao final do estudo sobre violência contra a criança e alguns aspectos são
relevantes:

 O ECA constitui um dos instrumentos jurídico-legais mais completos no que se refere


à legislação de proteção à população infanto-juvenil e contribuiu para:
o revelar a amplitude de demandas que a violência tem colocado para a saúde
pública;
o identificar as falhas das políticas sociais, ao não atingirem seus objetivos no
atendimento integral à criança e ao adolescente.
 Nós, profissionais da equipe de AD, temos em nossas atividades diárias a
possibilidade de colaborar com o atendimento integral às crianças e suas famílias de modo a:
o prevenir;
o identificar;
o proteger.

Propomos agora que você reflita sobre como transpor esses conhecimentos teóricos
para sua atividade individual e sua ação integrada aos profissionais que compõem a
equipe de AD.

Em seguida, que tal exercitar seus conhecimentos com a realização de alguns exercícios?

Violência e adolescente

1. Importância do tema

A violência que envolve os adolescentes afeta a saúde do grupo, mas não é uma questão exclusiva da saúde pública,
pois trata-se de um fenômeno sócio-historico. Para esse segmento social, a violência urbana é prevalente.

Segundo Minayo (2006), a violência contra os adolescentes:


1.1. Definição de Adolescente

Vejam as definições para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde (MS) e o Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA):

 OMS e MS: a adolescência é o período entre 10 e 20 anos.


 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): a adolescência é o período dos 12 aos 18 anos.

1.2. Profissional da AD x adolescentes vítimas de violência

Vivemos em um país onde as imensas desigualdades econômicas, sociais e culturais são evidentes. Uma parcela
significativa de adolescentes vive uma realidade marcada pela pobreza e pela privação de bens e serviços, o que os
torna mais vulneráveis às situações de violência.
1.3. Causas externas

Outro ponto fundamental no que tange a Violência em Adolescentes na


Atenção Domiciliar refere-se ao acompanhamento de jovens sequelados
por causas externas.

Um percentual significativo da casuística da AD nesta faixa etária refere-se


a vítimas dos seguintes elementos:

 violência urbana;
 acidentes em geral;
 acidentes de trânsito.

Na próxima lição, analisaremos um estudo de caso na AD, que aborda esse


tema.

2. No cotidiano da AD

Como devemos agir diante das situações de violência?

2.1. Refletindo o caso

Em seu cotidiano de trabalho você já vivenciou alguma situação semelhante a do Jairo?

A violência urbana, assim chamada por ocorrer prioritariamente nas grandes cidades, refere-se às formas de
violências tipificadas pela lei penal:

 assassinatos;
 lesões por arma de fogo;
 sequestros;
 roubos;
 crimes contra a pessoa ou patrimônio.

Ela provoca efeitos fragiliza as relações sociais e prejudica a qualidade de vida nos grandes centros urbanos.
2.2. Jovens: principais atores da violência urbana

Você sabe qual a relação entre os jovens e a violência urbana?

Podemos dizer que a realidade brasileira aponta os jovens como sendo os principais atores no cenário da violência
urbana. Quando traçamos o perfil dos jovens que são diretamente atingidos pela violência urbana, podemos afirmar
que, em sua grande maioria, são homens, negros ou pardos, com baixa escolaridade e moradores de periferia.

Alguns autores afirmam que são muitas as questões que compõem e estruturam a violência urbana, no entanto, as
variáveis idade e gênero são consenso, mundialmente. Ou seja, homens jovens assumem o protagonismo nas
questões relacionadas à violência urbana.

2.3. Ações de enfrentamento à violência urbana

A despeito de toda a complexidade e multicausalidade desses fenômenos, a violência


urbana e os acidentes são passíveis de serem prevenidos e evitados.

Essa compreensão demanda do setor saúde estratégias e ações articuladas com a


rede de proteção social e com os demais setores governamentais e não
governamentais para o enfrentamento das situações de violência e a promoção de
saúde.

3. Atuação do Profissional da Atenção Domiciliar

Vamos retornar à história de Jairo e tratar do compromisso da equipe de saúde em assisti-lo adequadamente:
Podemos perceber que a situação de Jairo, que foi vítima da violência urbana, extrapola as sequelas do crime em si. A
nova condição do adolescente impactou toda a dinâmica familiar, tornando-o mais vulnerável nas relações
interpessoais que estabelece no seu cotidiano.

A seguir, abordaremos um passo a passo no atendimento das situações de violência.

3.1. Acolhimento

Diante de uma situação de violência, primeiramente, devemos


acolher.

O acolhimento, segundo a política de humanização do Sistema Único de


Saúde, significa: adotar uma postura ética e responsável, de forma
independente de sua categoria , ao se deparar com as demandas de um
indivíduo.

É fundamental assumir uma postura empática, de respeito e valorização


das histórias narradas, demonstrando clara implicação com os problemas
relatados.

3.3. Atitudes profissionais positivas

Quais são as atitudes que devemos ter?

 Respeitar a singularidade de cada vítima e família.


 Garantir o atendimento integral ao adolescente.
 Estimular o adolescente e sua família a adotarem estratégias de proteção, a
partir do momento que a violência se tornar pública.
 Demonstrar segurança durante o atendimento para fortalecer a o vínculo e a
confiança.
 Analisar, sempre em equipe, as soluções possíveis para situações de violência
suspeitas ou confirmadas.
 Explicar ao adolescente e à família os próximos passos e ações da equipe.
 Decidir o melhor momento e a forma de comunicação com o Conselho Tutelar.
3.4. Atitudes profissionais negativas

Algumas atitudes devem ser evitadas porque podem prejudicar o processo:

 Demonstrar sentimento de desaprovação, raiva, desconfiança ou


indignação.
 Assumir postura preconceituosa.
 Transformar a anamnese em inquérito policial.
 Tentar resolver o caso sozinho.
 Analisar, sempre em equipe, as soluções possíveis para situações de
violência suspeitas ou confirmadas.
 Explicar ao adolescente e à família os próximos passos e ações da
equipe.
 Decidir o melhor momento e a forma de comunicação com o Conselho
Tutelar.

3.5. Rede de Proteção Social

As Instituições, os Órgãos e os Serviços que compõem a rede de proteção e defesa de direitos do adolescente já
estão definidos pelos marcos legais. No entanto, o fortalecimento e a efetivação de suas ações é um processo
dinâmico, que se constrói por meio do diálogo e do dinamismo das pessoas envolvidas.

Rede Conselhos Tutelares

O Conselho Tutelar foi instituído pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), tendo suas atribuições definidas no
artigo 136.

Ele possui a missão de zelar para que as crianças tenham acesso aos seus direitos, tendo a responsabilidade de
verificar se a família, a comunidade, a sociedade em geral e o Poder Público estão assegurando com absoluta
prioridade a efetivação dos direitos das crianças, cobrando esse cumprimento.

Dentre algumas atribuições do Conselho Tutelar estão:

 - atender à criança e ao adolescente que tiveram seus direitos ameaçados ou violados;

 - atender e aconselhar pais e responsáveis das crianças que tiverem seus direitos ameaçados ou violados,
podendo aplicar-lhes medidas;

 - requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança,
representando junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações.

Rede Central de Assistência Social

Os centros de assistência social são:

CRASS – Centro de Referência Especializado em Assistência Social


É o principal equipamento onde são desenvolvidas ações socioassistenciais de proteção social básica, sendo o
primeiro acesso das famílias aos direitos socioassistenciais e, portanto, à proteção social.

CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social


Destina-se a pessoas em situação de risco pessoal ou social, de caráter mais complexo, se diferenciando da proteção
básica por se tratar de um atendimento dirigido às situações de ameaça ou violação de direitos.
Rede Vara da Infância e Juventude

As Varas de infância e juventude têm como competências:

 - garantir medidas de proteção, defesa e atendimento à criança;


 - orientar e apurar irregularidades em instituições.

De acordo com o que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Justiça da Infância e Juventude tem
competência para:

 - impor medida socioeducativa a adolescente diante da prática de ato infracional;


 - realizar pedidos de adoção;
 - implementar ação que vise compelir a União, Estado ou Município a oferecer atendimento médico a criança
ou adolescente;
 - promover ação de alimentos em favor de crianças e adolescente que estejam com direito violado por
omissão dos pais ou responsável;
 - realizar pedidos de destituição do poder familiar.

Rede Ministério Público

O Ministério Público é um órgão independente e não pertence a nenhum dos três Poderes – Executivo, Legislativo e
Judiciário. Possui autonomia na estrutura do Estado e não pode ser extinto ou ter suas atribuições repassadas a outra
instituição.

Suas competências são:

 fiscalizar o cumprimento das leis que defendem o patrimônio nacional e os interesses sociais e individuais;
 fazer controle externo da atividade policial;
 promover ação penal pública e expedir recomendação sugerindo melhoria de serviços públicos.

3.6. Manejo

Um ponto fundamental na abordagem da violência é a criação do vínculo de confiança com o adolescente e sua
família a fim de estabelecer o diagnóstico e planejar as condutas.

Para isso, o profissional de saúde necessita ser competente para seguir o fio da história contada pelo adolescente e
pela família bem como dar sentido a sua linguagem simbólica, manifestada por palavras, gestos, emoções e sinais
inscritos nos corpos.

Nesta seção, ressaltaremos alguns aspectos que poderão sugerir a existência de situações de violência. Eles estão
agrupados em:
3.6.1 Indicadores corporais

3.6.2. Comportamento do adolescente

3.6.3. Características da família ou companheiro


3.7. Premissas para a identificação de sinais e sintomas

Cabe ressaltar que, acima de todos os sinais e sintomas, o que deve prevalecer é o vínculo estabelecido com o
usuário. Esse encontro com os adolescentes e familiares deve ser pautado no respeito, confidencialidade e confiança.

Os sinais e sintomas devem servir de alerta para a equipe, mas com muito cuidado para que não haja uma verdadeira
“caça às bruxas”, visto que eles podem não ter relação com situações de violência.

Por outro lado, há dinâmicas violentas vividas por alguns adolescentes que não deixam marcas físicas e nem
comportamentais.

4. Síntese

Chegamos ao final do estudo sobre Violência contra o adolescente, em que vimos os


seguintes tópicos:

 A importância do tema violência no contexto dos adolescentes.


 A violência urbana tanto provocada como sofrida pelos jovens.
 A atuação do profissional da AD no enfrentamento da violência contra os jovens.
 O passo a passo para a abordagem adequada, com foco em:
o acolhimento;
o atendimento multidisciplinar;
o atitudes positivas e negativas;
o redes de proteção social;
o manejo.

Propomos agora que você reflita sobre como transpor esses conhecimentos teóricos
para sua atividade individual e sua ação integrada aos profissionais que compõem a
equipe de AD.

Violência de gênero
1. Importância do tema

Por que abordaremos a violência de gênero?

Contudo, destacamos algumas observações a respeito do uso do termo “violência de gênero”. Veja:

 tem sido ampliado para incorporar a grande gama dos atos de violência que as mulheres sofrem de seus
parceiros, membros da família e outras pessoas fora da família;
 está relacionado à tentativa de dar destaque às desigualdades entre homens e mulheres que criam condições
de vulnerabilidade à violência;
 também se refere à violência praticada contra homossexuais ou contra ou entre homens, ou seja, qualquer
tipo de violência em que o gênero contribui para que essa violência seja exercida.
1.1. Conceito de gênero

Gênero é um conceito criado para a análise das desigualdades entre


homens e mulheres.

Existem muitas teorias que explicam como os comportamentos


femininos e masculinos são internalizados pelos sujeitos. Porém,
todas elas consideram tais comportamentos como não naturais, mas
aprendidos por um conjunto de crenças, normas e instituições
sociais.

Quando tratamos as relações de gênero, falamos das relações de


poder na medida em que as relações existentes entre masculino e
feminino são desiguais e determinam como os sujeitos devem se
comportar. Essa diferença está relacionada à violência.

1.2. Mulheres em situação de violência

Segundo o Mapa da Violência de 2012 (WAISELFISZ, 2012), o


SINAN registrou em 2011, 70.270 atendimentos do sexo feminino
por violências. Veja os resultados ao lado.

1.2.1 Consequências para a saúde da mulher

A violência contra a mulher, além de ser um grave problema social e de saúde, está associada à vulnerabilidade em
relação à saúde sexual e a saúde reprodutiva, principalmente, no que diz respeito à infecção pelo HIV.

Em um relacionamento no qual a mulher sofre violência, dificilmente ela se sentirá com o poder de negociar o uso do
preservativo com o parceiro.

Muitas mulheres relatam que os efeitos da violência emocional ou psicológica persistem por muito mais tempo que o
físico e que suas consequências são mais devastadoras, uma vez que mina sua autoestima e sua capacidade de sair
da relação violenta em que vive.

Assista ao vídeo produzido pelo Ministério da Saúde, como campanha para o dia internacional da mulher, em que
mulheres infectadas pelo HIV comentam o desafio que enfrentam no dia a dia.

https://www.youtube.com/watch?v=pk_YYNFNwuM

Fonte: Dia da Mulher 2013 - A vida pode ser positiva. Com ou sem aids. Disponível em: aids.gov.br/mulheres/2013.
Acesso em: 20 mai. 2013.

1.3. Homens em situação de violência

Os homens também podem sofrer violência?

Sim. Mas na maioria dos casos, o uso da violência por parte da mulher é provocado pelo contexto do relacionamento
do casal e se trata de uma resposta à violência cometida contra elas por seus próprios parceiros.
1.3.1. Violência urbana x homens

No âmbito domiciliar, é mais comum encontrar homens que sofreram violência nas ruas.

Você reconhece a razão dessa prevalência?

O uso da violência para a resolução de conflitos ou como uma questão de honra é algo aceito entre os homens, por
conta dos padrões de gênero.

Assista ao vídeo Minha vida de João – Parte I e reflita sobre esse assunto. Depois, se desejar, você pode visitar o site
do Promundo, indicado abaixo, e assistir aos demais vídeos.

https://www.youtube.com/watch?v=QIelPL7Yedw

Fonte: Minha vida de João – Parte I.


Disponível em: promundo.org.br/audiovisuais/para-jovens-e-adultos/dvd-minha-vida-de-joao/. Acesso em: 16 mai. 2013.

1.4. População LGBT em situação de violência

Você sabia que a violência de gênero também afeta a população LGBT?

As normas de gênero descrevem comportamentos considerados próprios para homens e mulheres. Deste modo,
promovem pouca tolerância com as pessoas que não se comportam da forma esperada.

Homens e mulheres que demonstram interesse por pessoas do mesmo sexo ou comportamento de gênero
considerado não adequado para seu sexo podem sofrer:
1.4.1. Indicadores de violência contra LGBT

Durante a concentração da Parada da Diversidade, uma pesquisa revelou:

 Os entrevistados que já foram vítimas de algum ato de discriminação por causa de sua orientação sexual:
o Em 2006, em Pernambuco: 70,8%
o Em 2005, em São Paulo: 72,1%
o Em 2004, no Rio de Janeiro: 64,8%

 A modalidade de discriminação mais frequente:


o Entre amigos e vizinhos: 41,7%

 Locais de exclusão e discriminação:


o a escola ou a faculdade: 33,5%
o família: 29,7%

Fonte: Carrara, S. [et al] Política, Direitos, Violência e Homossexualidade:


Pesquisa 5ª Parada da Diversidade – Pernambuco 2006. Rio de Janeiro: CEPESC, 2007.
2. No cotidiano da AD

Na lição anterior, estudamos as relações de poder pelas quais a desigualdade determina o comportamento dos
sujeitos, criando condições de vulnerabilidade à violência.

Nesta lição, analisaremos um caso clínico que se encaixa em nosso estudo. Leia o caso a seguir:

2.1. Refletindo sobre o caso

Com base na leitura do caso clínico, procure refletir sobre as seguintes questões:

 Que tipos de violência provavelmente sofre Juliana? A que esta relacionada essa violência?
 O que o profissional da atenção básica poderia fazer nessa situação, para ajudar Juliana?
3. Atuação do Profissional da Atenção Domiciliar

É muito comum que as vítimas de violência em casa não relatem sua situação aos profissionais que as atendem ou
busquem os serviços com a queixa da violência.

A seguir, analisaremos cada uma dessas etapas.

3.1. Identificação

Para identificar uma situação de violência, é preciso estar atento não somente para a doença como para as relações
vividas dentro daquele núcleo familiar.

3.1.1. Sinais e sintomas

Existem sinais que nos ajudam a reconhecer que uma pessoa está passando por uma situação de violência?

Sim, o Caderno de Atenção Domiciliar (vol 2, cap 7) sugere que, para isso, nossa equipe de AD utilize todas as
oportunidades de contato com a família e com a pessoa.

Veja os exemplos de sinais e sintomas apresentados no Caderno:


 Lesões não explicadas em diferentes estágios de evolução.
 Abandono de pacientes dependentes com recursos adequados.
 Demora em identificar lesão e solicitar cuidado em saúde.
 Disparidade de relatos da pessoa enferma e do cuidador.
 Explicações vagas ou pouco plausíveis de ambas as partes.
 Visitas frequentes às urgências por exacerbações de doenças crônicas mesmo diante de uma assistência
médica adequada e dos recursos apropriado.

3.1.2. Questões para confirmação da suspeita de violência

Deste modo, devemos aproveitar um momento em que estejamos sozinhos com a pessoa que se encontra em
condição de vulnerabilidade para confirmarmos ou excluirmos a suspeita.

Veja algumas questões abordadas pelo Caderno de Atenção Domiciliar que podem nos auxiliar nesse processo:

 Alguma vez alguém te maltratou ou te feriu em sua casa?


 Alguém já pegou suas coisas sem o seu consentimento?
 Em alguma situação você já se sentiu ridicularizado ou ameaçado?
 Você tem medo de alguém em sua casa?
 Alguém já te obrigou a assinar documentos que não entendia ou foi obrigado a fazer coisas que não queria?
 Com frequência você se sente abandonado ou permanece sozinho por muito tempo, não podendo contar com
ninguém no momento em que precisa?
 Você já foi tocado fisicamente sem sua permissão?
 Você já ficou por algum período com fome, sede, sem cuidados de higiene pessoal ou sem os seus
medicamentos?

3.2. Manejo

Manejo implica em criar estratégias e uma delas consiste em romper o silêncio, tarefa complicada para quem vive
uma situação de violência.

Alguns fatores podem inibir a denúncia:

 dependência financeira;
 dependência de cuidado;
 relação de afeto com o agressor.
3.3. Encaminhamento (Articulação da rede)

A fase do encaminhamento envolve articular a rede de proteção social para reduzir a violência.

Segundo o Caderno de Atenção Domiciliar, nós, profissionais da AD, além de cuidar dos pacientes no domicílio, temos
o seguinte papel:

3.3.1. Rede de Proteção – Mulheres

A Rede de Proteção para mulheres em situação de violência abrange:

<https://sistema3.planalto.gov.br//spmu/atendimento/atendimento_mulher.php>
3.3.1.1. Lei Maria da Penha

Precisamos compreender como a legislação protege as mulheres para saber orientá-las adequadamente.

No Brasil, desde 2006, as mulheres contam com mais um mecanismo de proteção às mulheres que sofrem de
violência doméstica, um reconhecimento pelo governo brasileiro das lutas dos movimentos de mulheres.

Você conhece a Lei 11.340/06 – Lei Maria da Penha?

Assista ao vídeo em que Maria da Penha relata a importância de sua história na luta contra a violência doméstica:

https://www.bbc.co.uk/portuguese/videos_e_fotos/2012/11/121123_maria_da_penha_as.shtml

Fonte: BRASIL, Lei 11.340, de 07 de agosto de 2006. Fonte: IMP - Instituto Maria da Penha.

3.3.2. Rede de Proteção – Homens e População LGBT

Quanto aos homens que sofrem de violência, não há serviços especializados, mas eles podem buscar ajuda em qualquer
delegacia.

4. Síntese

Chegamos ao final desta unidade. Em violência de gênero, analisamos os seguintes


tópicos:

 a importância da abordagem do tema violência de gênero;


 as relações de poder e sua relação com a violência;
 a violência contra a mulher praticada pelo próprio parceiro;
 as consequências da violência para a saúde da mulher;
 a violência urbana como tipo prevalente sofrido pelo homem;
 a violência contra a população LGBT e sua relação com as normas de gênero;
 a atuação do profissional da AD em relação a situação de violência;
 a importância da identificação da violência a partir dos sinais e sintomas;
 o manejo com foco no rompimento do silêncio;
 o processo de encaminhamento a partir da articulação da rede de proteção social.

Propomos agora que você reflita sobre como transpor esses conhecimentos teóricos para sua atividade individual e
sua ação integrada aos profissionais que compõem a equipe de AD.

Em seguida, que tal exercitar seus conhecimentos com a realização de algumas atividades?
Violência e idoso
1. Importância do tema

Você sabia que a violência contra o idoso é um tema recente?

A temática da violência contra a pessoa idosa é recente em termos de estudos e pesquisas.


No Brasil, o tema ganhou maior evidência a partir dos anos 90, especialmente após as políticas de proteção ao idoso
(que serão abordadas na lição 4).

1.1. Dados notificados sobre violência

Observe os dados abaixo coletados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) a respeito das
notificações de violência contra pessoas acima de 60 anos no período de 2009 a 2013.
Você conhece os dados do SINAN referentes a sua região?
Acesse: http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/tabnet/dh?sinannet/violencia/bases/violebrnet.def

Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan


1) Dados de 2010 atualizados em 29/07/2013.
2) Dados de 2011 atualizados em 29/07/2013.
3) Dados de 2012 atualizados em 29/07/2013, sujeitos à revisão.
4) Dados de 2013 atualizados em 29/07/2013, dados parciais.

1.1. Dados notificados sobre violência

1.2. Envelhecimento x área da saúde

Nesta unidade, estamos tratando da violência contra o idoso. Para tratarmos desse assunto, é fundamental
compreendermos o envelhecimento e nosso papel no cuidado da saúde do idoso.

Assista ao vídeo a seguir que trata do envelhecimento, o que esse fenômeno representa para a sociedade e os
desafios que traz para a área da saúde:

https://www.youtube.com/watch?v=9CO1P_oBsn8

Fonte: Papel do profissional de saúde da família na saúde do idoso.


Disponível em: http://ares.unasus.gov.br. Acesso em: 20 mai. 2013.

2. Atuação do Profissional da Atenção Domiciliar


3.
2.1. Identificação

Como identificamos a violência?

Para que as situações de violência sejam reconhecidas e, por conseguinte, minimizadas, é fundamental que haja
vínculo entre equipe de AD, idoso e família, construindo uma rede de proteção e segurança.

2.1.1. Sinais e sintomas


2.2. Encaminhamento

Ao identificar a violência, não deixe de notificar e acionar a rede de proteção social!

2.3. Manejo

No atendimento domiciliar não podemos apenas identificar a violência, mas também criar estratégias para prevenção.
2.3.1. Papel da equipe no enfrentamento das situações de violência

Para enfrentar a situação de violência, é fundamental contemplar algumas atribuições tais como:

Estar capacitado para reconhecer a situação de violência...


... compreendendo a complexidade desses eventos e identificando os diferentes tipos de violência e as estratégias
mais adequadas para seu enfrentamento.

Acolher as situações e integrar a equipe multiprofissional para a tomada de decisões...


... considerando a necessária construção de rede, evitando assumir posições meramente pontuais e precipitadas.

Compartilhar a tomada de decisções e agir de maneira cuidadosa...


... para evitar expor o idoso a maior risco, possibilitando um ambiente de proteção e orientações.

Oferecer suporte e orientação familiar...


... identificando as famílias em condições de vulnerabilidade.

Articular suporte comunotário e institucional...


... mapear a rede socioassistencial e de saúde na perspectiva de ampliação dos cuidados, integralidade da atenção e
de proteção aos direitos da pessoa idosa.

Encaminhamento para os órgãos e setores necessários...


... reconhecendo os fluxos de cada localidade e território.

Comunicar e notificar a ocorrência...


... considerando a comunicação como uma responsabilidade sanitária, no sentido de garantir registros
epidemiológicos sobre os agravos à saúde provenientes de situações de violência e a notificação como uma
responsabilidade legal, no caminho de construção do aparato jurídico e institucional de proteção aos direitos do idoso.

2.3.2. Papel da equipe na prevenção da violência

E para prevenir a violência, o que devemos fazer?

Devemos apoiar o cuidador por meio das seguintes atitudes:

 Orientar – realizar atividade educativa de orientação sobre o processo


de adoecimento, esclarecendo as tarefas dos cuidados domiciliares e
auxiliando o cuidador nas dúvidas e dificuldades.
 Apoiar – estimular a solidariedade familiar e comunitária.
 Reforçar – reforçar os direitos do idoso e de ação para sua garantia.

3. Panorama da legislação
 1994 - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8842.htm
 1996 - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1948.htm
 1999 - http://dtr2004.saude.gov.br/susdeaz/legislacao/arquivo/Portaria_1395_de_10_12_1999.pdf
 2003 - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm
 2006 -
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/2528%20aprova%20a%20politica%20nacional%20de%20saud
e%20da%20pessoa%20idosa.pdf
 2006 - http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/prtgm399_20060222.pdf

4. Refletindo o estudo da violência contra o idoso

Vimos que a violência contra o idoso é uma temática complexa, suas pesquisas são recentes e os fatores envolvidos
nesta situação são diversos, ou seja, implicam no processo de envelhecimento e nas demandas ocasionadas por esse
processo.

Assista ao vídeo em que as Professoras-Autoras desta unidade, comentam a abordagem da violência contra a pessoa
idosa no contexto da atenção domiciliar.

https://www.youtube.com/watch?v=b-C7-jy24uA
Fonte: Violência contra o idoso. Acesso em: 10 set. 2013.

5. Síntese

Chegamos ao final da Violência em Atenção Domiciliar contra o idoso e até agora


vimos:

 A importância do tema da violência contra o idoso


 Os tipos mais prevalentes de violência contra o idoso.
 A atuação do profissional na prevenção e proteção com foco em:
o Identificação.
o Encaminhamento.
o Manejo.
 As leis que protegem e asseguram os direitos do idoso.

Neste momento, propomos que você reflita sobre como transpor esses conhecimentos teóricos para sua atividade
individual e sua ação integrada aos profissionais que compõem a equipe de AD.

Avance para a próxima seção e realize sua atividade para verificar seus conhecimentos.
5. Estudo Dirigido

Chegamos ao final do nosso estudo sobre violência contra o idoso.

Que tal exercitarmos os conhecimentos que você adquiriu?

Nossa atividade será a partir de um estudo de caso e não somará nota.

Após a leitura do caso, serão propostas algumas questões para reflexão. Mas não se preocupe, pois ao final,
apresentaremos as respostas comentadas.

Preparado? Boa Sorte!

5.1. No cotidiano da AD
5.2. Questões

5.2. Aspectos a serem considerados


UNIDADE III – VIOLÊNCIA E ATENÇÃO DOMICILIAR

Em Violência e Atenção Domiciliar, abordaremos brevemente o cenário atual da violência urbana nas
comunidades bem como seu impacto na segurança das equipes de AD.

Em seguida, apresentaremos orientações sobre a atuação do profissional de AD nas comunidades e nos domicílios.
Também destacaremos alguns fatores de atenção e prevenção a fim de minimizar os riscos.

Por fim, analisaremos o protocolo de segurança dos profissionais da AD.

1. Cenário atual

Como a violência nas comunidades afeta a atuação dos profissionais da Atenção


Domiciliar?

O cenário de violência, instalado e vivenciado pela população, apreende, cada vez


mais, as equipes de saúde, principalmente, as equipes da Atenção Primária e dos
Serviços de AD.

Isso ocorre pela aproximação desses serviços com os problemas das comunidades
e a extensão do cuidado em saúde para o domicílio.

1.1. Influência do tráfico de drogas

A situação é mais evidente nos grandes centros e aglomerados de pessoas, com a presença de todas as formas de
violência:

 agressão interpessoal;
 discriminação dos diversos tipos;
 criminalidade;
 abusos contra crianças, mulheres, idosos e deficientes.

Neste contexto, destacamos a grande influência das atividades do tráfico de drogas nessas áreas.

1.2. Violência contra os profissionais da AD

Outro fator de violência, reconhecido na atenção domiciliar, é o comportamento


agressivo dos cuidadores e dos usuários da AD em relação aos profissionais.

Esses comportamentos são, muitas vezes, relacionados ao próprio ambiente e às


condições de vida a que essas pessoas são expostas diariamente.

Há casos em que os profissionais também se sentem violentados e expostos aos


mesmos riscos em que os usuários se encontram.
1.3. Para refletir

Diante desse cenário de violência, reflita sobre:

2. Como agir nas comunidades

A equipe de AD deve ter em mente o conceito ampliado de saúde, não devendo permanecer restrita às condições
relacionadas à doença ou sua prevenção.

Para atuar nesses casos, não basta somente conhecer a clínica, é necessário também desenvolver habilidades tais
como:

 boa comunicação;
 disponibilidade de tempo;
 dedicação;
 criação de vínculo com o paciente e sua família;
 escuta qualificada.

2.1. Fatores de atenção

Quando sua equipe atuar em locais com alto índice de violência urbana, é necessário que todos estejam atentos para
os seguintes fatores:

 Conhecer o perfil da população.


 Conhecer as lideranças locais.
 Estabelecer uma comunicação sincera e clara com a comunidade, explicando os objetivos do trabalho da
equipe.
 Conhecer as redes proteção social existentes no município.
 Garantir o reconhecimento dos profissionais das equipes de AD, pela população local.
2.2. Como minimizar os riscos

3. Como agir nos domicílios

Como você, profissional da AD, deve agir nos domicílios?


Qualquer profissional de AD que tenha recebido capacitação poderá identificar e notificar uma situação
de violência no domicílio.

3.1. Dicas de atuação

Como você, profissional de AD, não deve lidar somente da doença, siga as dicas para obter uma boa atuação:

 Buscar entender a origem e o contexto do caso.


 Evitar julgamentos e discriminações.
 Mapear com a equipe e rede de suporte social, as possibilidades de encaminhamentos, notificações e
soluções.
 Mapear potenciais riscos que a vítima ou a equipe pode correr: presença de armas, ameaças entre outros.
 Esclarecer que a violência é situação de alta ocorrência, tem caráter social e está associada a vários fatores,
por isso a equipe de AD não consegue solucionar o caso, isoladamente.
 Se houver situação de risco, fornecer informações para estabelecer um plano de segurança para a equipe e
usuário.

3.2. Protocolo de segurança dos profissionais

Você conhece o Protocolo de Segurança?

RELACIONANDO-SE COM A FAMÍLIA

 O profissional de AD sempre que possível deverá ligar para os pacientes no dia anterior à visita para notificá-
lo, ou a seu cuidador de que estará lá no dia seguinte, para o atendimento, se acontecer algo que impeça o
profissional de comparecer no horário agendado, o mesmo deverá comunicar o familiar ou paciente.

 O profissional deverá pedir ao cuidador que notifique o SAD, caso uma mudança repentina de planos ocorrer,
como uma hospitalização do paciente, ou o mesmo no caso de ter que sair, não estando em seu local de
residência.

 Nunca deve-se entrar em uma propriedade, sem antes anunciar a presença e se possível ter alguém que
resida no local para lhe dar supervisão, por mais que a equipe já tenha estado no local.

 Não deixe um paciente inconsciente ou desorientado sozinho.

CUIDANDO DO MATERIAL

 É expressamente proibido deixar seringas, materiais e ou medicamentos expostos dentro do carro, à


constatação disso está passível de advertência.

 Sempre tenha o equipamento e suprimentos médicos preparados antes de chegar à residência; não fique
muito tempo selecionando itens enquanto estacionado na rua em áreas consideradas de risco.
PROMOVENDO A SEGURANÇA DO TRABALHO

 O Motorista ou qualquer profissional que estiver responsável pela condução do veiculo, deverá verificar para
ter certeza de que se encontra em bom estado de manutenção, tem combustível o suficiente, está equipado
com pneu reserva, ferramentas para troca do pneu, equipamento de sinalização de emergência, extintor de
incêndio, equipamento de primeiros socorros.

 É expressamente proibido o profissional desviar o caminho de sua rota para resolver assuntos particulares.

 Sempre dirija com as portas travadas.

 Não estacione nas ruas e em lugares sem movimento para escrever ou fazer anotações clínicas, faça sempre
no domicilio do usuário ou na sede do SAD.

 Não use sapatos ou sandálias de salto alto quando estiver trabalhando.

 Não tente gerenciar um peso acima de sua capacidade fisica; solicite auxílio.

MANTENDO A ÉTICA

 Nunca aceite formas de suborno como presentes de pacientes.

 Nunca se torne um “membro da família”, mantenha uma postura amigável, gentil, mas sempre profissional.

 Não se envolva com os conflitos da família, a não ser que seja para defender a saúde e segurança do usuário
ou em um episódio de violência.

 Não brinque com os animais domésticos.

CUIDANDO DA SEGURANÇA DA EQUIPE

 Sempre saiba onde estão todas as saídas possíveis da residência.

 Notifique a equipe e seu coordenador se houver qualquer coisa que ocorrer anormal no domicilio durante o
atendimento.

 Notifique se houver qualquer menção de desejo de suicídio por parte do paciente ou qualquer outro
integrante da familiar.

 Observe a presença de fatores de risco para incêndio na residência de seu paciente.

 Sempre saiba o que fazer em caso de urgência e/ou emergência; não deixe para o último segundo.

 Não entre sozinho em uma residência se não a julgar segura.

 Quando, dentro de uma residência ao perceber uma situação suspeita, com descrição deve se retirar o mais
rápido possível. Se não puder sair ligue para a sede do SAD, e use uma palavra código para indicar que está
em perigo, uma palavra que já foi escolhida pela equipe para alertá-la de uma situação de necessidade de
auxilio.

 Use todos os sentidos para detectar situações perigosas.


4. Síntese

Chegamos ao final desta unidade. Em Violência e Atenção Domiciliar, vimos os


seguintes tópicos:

 o impacto da violência no dia a dia da equipe de AD;


 a influência do tráfico de drogas nas comunidades;
 o comportamento agressivo dos usuários da AD e seus cuidadores com a
equipe de AD;
 os fatores de atenção da equipe de AD na atuação dentro das comunidades;
 as recomendações sobre como minimizar os riscos de violência;
 as dicas de atuação dentro do ambiente familiar;
 o protocolo de segurança dos profissionais da AD.

Você ou sua equipe já sofreram alguma situação de violência dentro de uma


comunidade? Que boas práticas vocês adotam para minimizar os riscos de violência?

GLOSSÁRIO

-A
Autonegligência: Trata-se da conduta da pessoa idosa que ameaça sua saúde e segurança pela recusa ou fracasso de prover a
si própria os cuidados adequados. (BRASIL, 2004.)

-C
Casuística: Segundo o Aurélio, casuística deriva de casuísta e, no contexto da medicina, implica em registro de casos clínicos ou
cirúrgicos.
Suas outras acepções são:

1. Ét. Estudo dos casos de consciência, i. e., dos problemas concretos que se apresentam à ação moral.
2. Discussão e/ou análise dos casos feita mediante sutilezas e artifícios. (AURÉLIO, 2013)

-E
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): Dentre os principais objetivos da lei de 13 de julho de 1990 está o detalhamento
sobre direitos e deveres das crianças e dos adolescentes, pais, gestores públicos, profissionais da saúde e conselhos tutelares.
Além de estabelecer punições para maus tratos, o ECA contém políticas de atendimento e assistência e, inclui também medidas de
proteção e socioeducativas.

Muitos avanços foram ocasionados pelo Estatuto e entre eles está o aumento no número de denúncias de maus tratos e punições
aos agressores. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm

-L
Lei 11.340/06 – Lei Maria da Penha: assinatura de documentos internacionais compromete os países a gerarem respostas
locais para alcançarem suas metas. No Brasil podemos notar a criação de departamentos no governo, especializados nas questões
de gênero em que a violência contra a mulher é prioridade. No entanto, a resposta legal mais recente e completa, encontra-se na
Lei Maria da Penha.

A Lei Maria da Penha, sancionada em 07 de agosto de 2006, cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a
mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher.
Dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, altera o Código de Processo Penal, o
Código Penal e a Lei de Execução Penal.

A Lei recebeu esse nome em homenagem à biofarmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes que se tornou paraplégica
após receber um tiro de seu marido enquanto dormia. Meses depois, seu marido a empurrou da cadeira de rodas e tentou
eletrocutá-la no chuveiro. Após a denúncia, o agressor cumpriu apenas dois anos de prisão.
Apenas com a ajuda de ONGs, Maria da Penha conseguiu levar o caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos que
condenou o Brasil por negligência e omissão em relação à violência doméstica, tendo como uma das punições a recomendação
para que fosse criada uma legislação adequada a esse tipo de violência. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11340.htm

-L
Lei 12.461/2011: Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos serão objeto de notificação
compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária, bem como serão obrigatoriamente comunicados
por eles a quaisquer dos seguintes órgãos: autoridade policial, Ministério Público, Conselhos do Idoso.

-N
Negligência: Também conhecido como abandono, negligência é a omissão pela qual se deixou de prover as necessidades e
cuidados básicos para o desenvolvimento físico, emocional e social da pessoa atendida/vítima. Ex.: privação de medicamentos;
falta de cuidados necessários com a saúde; descuido com a higiene; ausência de proteção contra as inclemências do meio, como o
frio e o calor; ausência de estímulo e de condições para a frequência à escola. O abandono é uma forma extrema de negligência.
(OMS, 2002).

Notificação: A Ficha Individual de Notificação (FIN) é um registro que alimenta o Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (Sinan) auxiliam no planejamento da saúde, pois seus indicadores ajudam a definir prioridades de intervenção, além de
permitir que seja avaliado o impacto das intervenções.

Esse instrumento, pelo qual o ciclo de violência pode ser interrompido, deve ser preenchido pelos profissionais de saúde. Suas três
vias são encaminhadas ao serviço de Vigilância em Saúde/Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Município, às autoridades
competentes (Conselho Tutelar, Ministério Público, entre outros) e a última permanecendo na Unidade.

A ficha de notificação deverá ser encaminhada pela direção da instituição para que haja garantia do sigilo e da segurança dos
profissionais envolvidos.

Segundo a Portaria 104/2011, a notificação compulsória é obrigatória a todos os profissionais de saúde médicos, enfermeiros,
odontólogos, médicos veterinários, biólogos, biomédicos, farmacêuticos e outros no exercício da profissão bem como os
responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde e de ensino, em conformidade com os arts. 7º
e 8º, da Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975.

-O
Organização Pan-Americana da Saúde (OMS): A Organização Pan-Americana da Saúde é um organismo internacional de
saúde pública com um século de experiência, dedicado a melhorar as condições de saúde dos países das Américas. A integração às
Nações Unidas acontece quando a entidade se torna o Escritório Regional para as Américas da Organização Mundial da Saúde. A
OPAS/OMS também faz parte dos sistemas da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Organização das Nações Unidas
(ONU).

A Organização exerce um papel fundamental na melhoria de políticas e serviços públicos de saúde, por meio da transferência de
tecnologia e da difusão do conhecimento acumulado por meio de experiências produzidas nos Países-Membros, um trabalho de
cooperação internacional promovido por técnicos e cientistas vinculados à OPAS/OMS, especializados em epidemiologia, saúde e
ambiente, recursos humanos, comunicação, serviços, controle de zoonoses, medicamentos e promoção da saúde.

Todo esse esforço é direcionado para alcançar metas comuns, como iniciativas sanitárias multilaterais, traçadas pelos governos que
fazem parte da OPAS/OMS, sempre com uma atenção especial aos grupos mais vulneráveis: mães e crianças, trabalhadores,
idosos, pobres, refugiados e desabrigados. http://www.paho.org/bra/

-P
Parceiro íntimo: É o esposo, namorado, noivo ou qualquer outro homem com quem a mulher desenvolva relação íntimo-afetiva.

-R
Resiliência: O conceito de resiliência refere-se à capacidade individual de superação. É uma habilidade que o indivíduo
desenvolve para lidar e reagir às adversidades.

-V
Violência financeira: Também chamada de patrimonial, é o ato de violência que implica dano, perda, subtração, destruição, ou
retenção de objetos, documentos pessoais, bens e valores da pessoa atendida/vítima. Consiste na exploração imprópria ou ilegal,
ou no uso não consentido de seus recursos financeiros e patrimoniais. Esse tipo de violência ocorre, sobretudo, no âmbito familiar,
sendo mais frequente contra as pessoas idosas e mulheres. (OMS, 2002).

Violência física: Também denominada sevícia física, maus-tratos físicos ou abuso físico são atos violentos, nos quais se fez uso
da força física de forma intencional, não acidental, com o objetivo de ferir, lesar, provocar dor e sofrimento ou destruir a pessoa,
deixando, ou não, marcas evidentes no seu corpo. (OMS, 2002).
Violência psicológica: É toda forma de rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito, cobrança exagerada, punições
humilhantes e utilização da pessoa para atender às necessidades psíquicas de outrem. É toda ação que coloque em risco ou cause
dano à auto-estima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa. Esse tipo de violência também pode ser chamado de violência
moral, a exemplo do assédio moral. O bullying é outro exemplo de violência psicológica, que se manifesta em ambientes escolares
ou outros meios, como o cyberbullying. (OMS, 2002).

Violência sexual: É qualquer ação na qual uma pessoa, valendo-se de sua posição de poder e fazendo uso de força física,
coerção, intimidação ou influência psicológica, com uso ou não de armas ou drogas, obriga outra pessoa, de qualquer sexo, a ter,
presenciar, ou participar de alguma maneira de interações sexuais ou a utilizar, de qualquer modo a sua sexualidade, com fins de
lucro, vingança ou outra intenção. (OMS, 2002).

REFERÊNCIAS

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CRÉDITOS

GOVERNO FEDERAL Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Presidência da República Reitor


Ministério da Saúde Ricardo Vieiralves de Castro
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Vice-Reitor
Saúde (SGTES) Paulo Roberto Volpato Dias
Departamento de Gestão da Educação na Saúde Sub-Reitora de Graduação
(Deges) Lená Medeiros de Menezes
Secretaria Executiva UNA-SUS Sub-Reitora de Pós-graduação e Pesquisa
Monica da Costa Pereira Lavalle Heilbron
Sub-Reitoria de Extensão e Cultura
Regina Lúcia Monteiro Henriques

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