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Boa Vista, RR
2018
REBECA MARTINS DOS SANTOS
Boa Vista, RR
2018
Ao meu pai Osvaldo Rodrigues de
Oliveira e a minha família.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha mãe, pelo amor, incentivo e apoio incondicional ao longo da minha vida,
obrigada por não medir esforços para o meu bem-estar e sucesso. As minhas irmãs pelo
companheirismo, amor e toda paciência que tiveram comigo durante esses anos. A minha
conquista é também de vocês.
A minha parceira Tuany Natana Schafer, que me apoiou em todos os momentos, agradeço pelos
incentivos através de gestos e palavras e obrigada por ter lido atentamente esse trabalho e
contribuído com as correções.
Minha eterna gratidão ao meu orientador prof. Dr. Joel Carlos Moizinho e ao meu co-orientador
prof. Me. Renan José Costa Ribeiro, que me orientaram com dedicação, obrigada pela
orientação, paciência, amizade e apoio.
Aos verdadeiros amigos que fiz nesse curso, Emanoel Raimundo, Giovanna Monteiro, Victor
André, Vinicius de Melo e Nelma Gabriele, pelo companheirismo, convivência e força em todos
os momentos que passamos juntos.
A engenheira e amiga Tâmires Nathyara Neves pela amizade e apoio em todo os processos de
concretagem.
Aos laboratoristas da engenharia civil, Ketlen e Glebisson pelos auxílios que ajudaram a
concretizar esse estudo.
The construction industry is responsible to consume a large volume of raw materials, especially
the aggregates that generates a high impact in the environment. In this context, a several
researches arises using alternative materials which seek to minimize the environmental impacts
caused by the construction. The use of tire waste particles in concrete has been studied by
several researchers. This project proposed to analyses the mechanical properties of Portland
cement concrete elaborated from the replacement of part of the small aggregate by distinct
weight percentages of rubber tires from unusable and crushed tires. Were performed tests as:
Slump test, simple compression strength, diametral-compression strength and impact strength.
The measurements were made in four cement concrete traces: 1) cement concrete without
rubble tires (reference cement concrete); 2) cement concrete with 5% of rubble tires; 3) cement
concrete with 10% of rubble tires; and cement concrete with 15% of rubble tires. The results
have shown that the addition of rubble tires cause a reduction in the mechanical strength of the
concrete, and therefore can reduce the applications of this new material. The reference trace has
shown compressive strength of 26,35 MPa and diametral tensile strength of 2,77 MPa, at 28
days. The other traces with addition of 5%, 10% and 15% of rubber tires, at 28 days, have
shown mechanical strength of 13,39 MPa, 10,72 MPa and 8,37 MPa respectively. There was a
reduction of resistance to simple compression strength at 28 days of 49,2% when compared the
values obtained to: reference trace and with addition of 5% rubble tires. The addition of the
rubble tires also contributed to decrease of cement resistance to diametrical tensile strength
whose values obtained to addition of 5%, 10% and 15% of rubble tires were: 2,35 MPa, 2,00
MPa and 1,50 MPa, respectively. About impact strength test, the samples have shown better
capacity to absorb energy. In general, the cement concrete with addition of 10% of rubble tires
has shown satisfactory characteristics for use in: bicycle lanes, sidewalks, construction of wires,
etc. The advantage of applying rubber tire to concrete is that contributes to the recycling of
pollutant materials which are commonly disposed in environment.
Figura 2-4: Pneus: (a) descarte indevido de pneu, (b) amontoados em frente a uma borracharia
.................................................................................................................................................. 28
Figura 2-5: Estruturas do pneu que passam por processo de reforma ...................................... 30
Figura 2-7: Pontos de coleta de pneus inservíveis declarados, por estado ............................... 32
Figura 3-4: Ensaio de massa unitária: (a) agregado graúdo rasado, (b) areia rasada, (c) borracha
nivelada..................................................................................................................................... 49
Figura 3-6: Frasco de Chapman: (a) borracha decantando, (b) querosene utilizado ................ 50
Figura 3-10: Ensaio “Los Angeles”:(a) Tambor sendo esvaziado após ensaio, (b) esferas, (c)
material após ensaio.................................................................................................................. 56
Figura 3-11: Ensaio slump test: (a) preenchimento do molde, (b) adensamento da amostra, (c)
retirada do tronco ...................................................................................................................... 58
Figura 3-12: Moldagem de corpo de prova: (a) molde sendo completado, (b) adensamento da
camada, (c) rasamento com “colher de pedreiro ...................................................................... 59
Figura 3-13: Corpos de provas:(a) após moldagem, (b) em câmara úmida ............................. 60
Figura 3-14: Placas: (a) moldes para placas sobre compensado, (b) concreto em processo de
cura ........................................................................................................................................... 60
Figura 3-16:Ensaio de Compressão diametral: (a) prensa e corpo de prova submetido a força,
(b) corpo de prova depois de ensaio ......................................................................................... 63
Figura 3-18: Placas para ensaio impacto: (a) Cortes das placas, (b) placas com teor 15% de
borracha cortadas e identificadas .............................................................................................. 65
Figura 4-5:Concretos: (a) CRB10%, (b) Concreto CRB15%, (c) aspecto do concreto CRB15%
.................................................................................................................................................. 71
Figura 4-6: Resistência à compreensão média dos corpos de prova de concreto ..................... 74
Figura 4-8: Corpos de prova com RBP apresentando estrutura com fissuras .......................... 75
Figura 4-12: Placas após ruptura: (a) sem resíduos (b) com 15% de resíduos de borracha ..... 80
Figura 4-13: Placas com RBS rompidas: (a) com as partes juntas, (b) RBS unindo partes da
placa .......................................................................................................................................... 80
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS
km Quilometro
mm Milimetro
kg Quilograma
m³ metro cúbico
cm centímetro
g gramas
µm micrometro
tf tonelada força
J Joules
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 .......................................................................................................................... 17
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 17
CAPÍTULO 2 .......................................................................................................................... 20
CAPÍTULO 3 .......................................................................................................................... 43
3 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 43
3.1.4 Placas......................................................................................................................... 45
3.2.1.5 Ensaio massa específica, massa específica aparente e absorção de água do agregado
graúdo 52
3.2.3 Concreto com substituição parcial da areia por resíduos de Borracha de Pneu61
CAPÍTULO 4 .......................................................................................................................... 66
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................ 66
4.1.5 Massa específica, massa específica aparente, absorção de água e desgaste por
Abrasão “Los Angeles” do agregado graúdo ....................................................................... 69
CAPÍTULO 5 .......................................................................................................................... 81
5 CONCLUSÕES............................................................................................................... 81
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 84
17
CAPÍTULO 1
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, anualmente, são descartados mais de 30 milhões de pneus, dos quais a maior
parte é disposta em locais inadequados (IPT/CEMPRE, 2008). Os pneus quando se tornam
inservíveis, acarretam uma série de problemas sanitários e ambientais, dentre eles: servem
como local para procriação de mosquitos e outros vetores de doenças; representam um risco
constante de incêndio; quando queimados contaminam o ar com uma fumaça altamente tóxica
e deixa como resíduo um óleo que se infiltra e contamina o lençol freático; quando depositados
em aterros sanitários dificultam a compactação, reduzindo significativamente a vida útil dos
aterros.
Pesquisadores em todo mundo, vem buscando formas alternativas do reaproveitamento
de pneus inservíveis, sejam em concreto asfáltico, concreto de cimento, muros de contenção,
dentre outros. Atualmente, com o surgimento de novas tecnologias e a otimização dos recursos
utilizados, a construção civil permite elaborar e executar projetos que sigam as diretrizes da
sustentabilidade.
A composição e a produção dos blocos de concreto também passam por um processo de
avanço significativo, inclusive com a possibilidade de adição de resíduos de construção e
demolição (RCD) e de resíduos de borracha de pneu, os quais são utilizados em substituição
parcial ou total do agregado miúdo ou graúdo. Esta substituição é feita em função das
possibilidades e da finalidade do produto a ser obtido.
Uma boa forma de aproveitamento dos resíduos de pneus, como agregado miúdo, seria
na fabricação de calçadas para pedestre, ciclovias, sarjetas e na confecção de peças pré-
moldadas tipo meio fio, uma vez garantida a resistência mínima especificada por normas para
esses materiais de construção.
Por outro lado, a necessidade de compatibilizar o concreto convencional para receber a
modificação, por meio da adição de determinados aditivos e o custo industrial da modificação
podem onerar o custo do concreto borracha em relação ao preço do convencional em curto
prazo. Mas este custo a mais é plenamente justificável perante o seu benefício.
Segundo Turatsinze e Garros (2008), o concreto produzido com borracha reciclada
melhora algumas propriedades, incluindo melhor isolamento térmico e acústico, baixa
densidade e aumento na durabilidade do concreto.
18
1.1 OBJETIVOS
concreto. Além disso, esse capítulo retrata sobre os estudos relacionados ao concreto e suas
dosagens, apresentando o método de dosagem utilizado no trabalho.
No terceiro capítulo são apresentados os materiais e métodos utilizados para o
desenvolvimento da presente pesquisa.
No quarto capítulo são apresentados os resultados e análises dos mesmos.
No quinto capítulo estão as considerações finais e conclusões extraídas dos resultados
obtidos, bem como sugestões de pesquisas futuras abordando variáveis que podem
complementar os resultados obtidos neste trabalho.
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CAPÍTULO 2
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A construção civil, nos últimos anos, tem tido uma ampla participação no Produto
Interno Bruto Brasileiro (PIB) (SOUZA et.al, 2015). Segundo Rubens Menin, em entrevista ao
portal planalto, o setor da construção representa 8% do PIB e de acordo com o mesmo não há
crescimento econômico no Brasil sem o crescimento da indústria da construção civil (BRASIL,
2017).
Justifica-se o amplo impacto dessa indústria na economia do país pelo fato de suas
atividades se relacionar de forma direta com a economia, pois é uma fonte geradora de emprego,
renda e tributos (TEIXEIRA e CARVALHO, 2005). Conforme Walter Cover, presidente da
associação Brasileira da Industria de Materiais de Construção (Abramat), toda a estrutura da
construção emprega 13 milhões de pessoas, considerando empregos formais, informais e
indiretos (BRASIL,2016) Através da mesma, produz-se infraestrutura para os demais setores
econômicos por meio da instalação de portos, ferrovias, rodovias, sistemas de irrigação, energia
e comunicação, dentre outros serviços (TEIXEIRA e CARVALHO, 2005). Pode-se afirmar
então, que a construção civil é uma atividade complexa que gera meios de produção
(infraestruturas) e bens (imóveis residências e comerciais) (SENAI et.al. 2008).
Se por um lado o setor da construção contribui de forma ativa para o crescimento
econômico de um país, por outro, colabora com os impactos ambientais do mesmo. Estudos
realizados indicam que a construção civil mundial demanda de 40% da energia e um terço dos
recursos naturais; emite um terço dos gases de efeito estufa; consome 12% da água potável e
produz 40% dos resíduos sólidos urbanos (UNEP-SBCI, 2012).
De acordo com Vechi et.al (2016, p.2) as obras de construção:
21
[...] abrangem inúmeras etapas com ampla interação com o meio ambiente no qual
está inserida. Essas etapas podem variar desde a etapa de supressão vegetal,
movimentação do solo na fase de terraplenagem, consumo de recursos naturais para
execução dos elementos de concreto, geração de resíduos associados a diversas
atividades, até as atividades finais de acabamento.
Para Maxineasa e Tarunu (2013) todo o ciclo de vida de uma construção tem um impacto
ambiental significativo, desde a extração de matérias-primas até a geração e eliminação de
resíduos. Para complementar, Rocha Santos (2015, p.5) ressalta que:
escassas, principalmente junto aos grandes centros, contribuindo com os riscos de as mesmas
serem esgotadas.
Além da exploração dos recursos naturais, a geração de resíduos de construção e
demolição (RCD) alcança valores significativos. Pinto (1999) estimou que nas grandes cidades
brasileiras as atividades de canteiro de obras são responsáveis por aproximadamente 50% dos
resíduos da construção e demolição. O volume de entulho de construção e demolição gerado
pela construção civil chega a duas vezes o volume de lixo sólido urbano (CAPE, s.d). De acordo
com dados da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(ABRELPE, 2014) a quantidade de resíduos de construção e demolição coletada pelos
municípios brasileiros, comparando-se os anos de 2014 e 2013, aumentou 4,1%. Isto é, de
117.435 t/dia para 122.262 t/dia. Na região norte o aumento foi 4.280 t/dia para 4.539 t/dia, ou
seja, um índice de 0,252 kg/hab/dia para 0,263 kg/hab/dia.
Com o intuito de minimizar os impactos ambientais provocados pela construção, Levy
(2010) apud (BRAVO, 2014), sugere a reciclagem ou a reutilização dos resíduos de construção
formas adequadas de se reduzir a extração de matéria prima e diminuir a geração de resíduos.
Granzotto (2010), explica que a capacidade da cadeia da construção civil de reutilizar materiais
alternativos em obras se deve ao fato da construção civil utilizar grandes quantidades de
materiais com alto peso específico e baixo valor agregado. Ainda segundo a autora já é possível
averiguar dentro da construção civil a reciclagens de resíduos industriais. Dentre estes resíduos,
se encontram os resíduos de construção e demolição, resíduos da indústria de mármore e
granito, resíduos de casca de arroz, a borracha proveniente da recauchutagem de pneus ou de
seus descartes, entre outros.
chamaram pela primeira vez a atenção dos cientistas sobre as potencialidades contidas na
borracha usadas pelos nativos. Em 1745, em um relato de viagem, La Condamine voltou a falar
sobre a “resina elástica” apontando que quando fresca podia-se ter a forma que se queria para
o material e que a mesma era impenetrável à chuva. Dando ênfase em seu relato para o fato da
resina ter grande elasticidade (SANTOS, 1980).
Somente em 1839 esse material teve o grande passo técnico industrial com a descoberta
de vulcanização pelo norte-americano Charles Goodyear (SANTOS,2007). Goodyear
descobriu casualmente que aquecendo borracha e enxofre a altas temperaturas, as propriedades
da borracha eram melhoradas, originando a vulcanização (ANIP,2013). A borracha vulcanizada
não se deixava alterar pelo frio, calor, solventes comuns ou óleos (SANTOS, 2007).
Em 1845 Robert W. Thomson inventou o que se chamou de “cinto elástico” para rodas
e carruagens (SANTOS, 1980). De acordo com Francisco Jorge dos Santos esse cinto elástico
era um tubo feito de borracha e lona envolvida em couro. Segundo o referido ator “esse invento
foi o precursor da roda pneumática” (2007, pag. 177). Todavia, o inventor da pneumática foi o
escocês John Boyd Dunlop, que em 1888 costurou no triciclo de seu filho uma válvula a um
tubo de borracha e encheu esse tubo com ar, cobrindo com um pedaço de lona
(DUNLOPPNEUS, 2017).
No começo do século XX, a invenção de Dunlop passou a ser aplicada aos automóveis.
No final de 1913, Henry Ford inaugurou a primeira linha de montagem de automóveis para o
mundo, dando o início a popularização do automóvel. Dezoito anos depois, a empresa
americana Du Pont industrializou borracha sintética. Com este desenvolvimento a empresa
possibilitou que a indústria de pneus, dependente da borracha natural, aumentasse a quantidade
e a qualidade dos pneus (HANKOOK, s.d.). Com a utilização do pneu em larga escala, as
fábricas passaram a investir mais em sua segurança (ANIP,2013).
Hoje as borrachas utilizadas para fabricação dos pneus contêm variados componentes
sendo uma mistura de borracha sintética, borracha natural, óleos, enxofre, negro de fumo 1,
óxido de zinco, carbono, dentre outros componentes químicos, como mostra a Tabela 2.1
(MATTIOLLI et. al ,2009).
1
Material produzido pela combustão incompleta de derivados de petróleo. Usado como pigmento e reforçador nos
pneus de automóveis.
24
Os pneus podem ser feitos de duas maneiras distintas: o método radial e o método
convencional também conhecido como diagonal (GOBBI, 2002).
Segundo o referido autor, o método convencional foi desenvolvido no fim do século
XIX e consiste na sobreposição de lonas na carcaça do pneu como demonstrado na Figura 2.2.
Geralmente essas lonas são têxteis, dispostas diagonalmente formando ângulo de 45°. Pneus
fabricados por esse método são muito rígidos, porém com pouca estabilidade. São mais
propensos ao aquecimento durante a rodagem, apresentam maior possibilidade de furos, maior
consumo de combustível e maior emissão de poluentes.
O Método Radial foi desenvolvido pela Michelin em 1946 e consiste em dispor os fios
da carcaça perpendicularmente ao plano de rodagem, como demonstrado na Figura 2.2. O pneu
radial é composto também por uma armadura metálica para estabilizar a banda de rodagem.
Pneus fabricados por esse método possuem a carcaça flexível e graças à essa flexibilidade o
pneu absorve os choques, impactos e alterações nos relevos. São pneus com menor
compactação e menos agressão ao solo, apresentam maior produtividade, maior conforto para
usuário, pouca patinação e menor consumo de combustível (MICHELIN,2017).
26
O processo de produção de um pneu é uma atividade complexa, que vai desde a misturas
das matérias primas até a inspeção do pneu gerado como mostra o fluxograma da Figura 2.3.
Cada detalhe é estudado para alcançar sempre o melhor desempenho e qualidade, gerando pneus
com boas performances e que tenham grande durabilidade (CARVALHO, 2016); (ESCALA,
2017); (GOODYEAR, s.d).
Devido a isso, o pneu pode apresentar um tempo médio de vida muito longo variando
com o tipo e a utilização do mesmo. Pneu de passeio, por exemplo, podem rodar entre 40.000
e 50.000 km, já os pneus de camionete podem vir a rodar entre 60.000 e 70.000 km. Com um
tempo, o pneu começa a apresentar sinais de desgaste e envelhecimento, sendo necessário uma
análise cuidadosa do pneu, para saber se a vida útil do mesmo terminou. Após a sua vida útil
os pneus se tornam inservíveis (GOBBI, 2002).
27
Cerca de 1 bilhão de pneus chegam ao final de suas vidas a cada ano ao redor do mundo
(WBCSD, 2010)2. Conforme Heitzman (1992), todo ano os Estados Unidos descartam
aproximadamente 285 milhões de pneus, ou seja, mais de um pneu por habitante ao ano. Desse
total, 33 milhões de pneus são recauchutados e 22 milhões são reutilizados (revendidos). Os
outros 42 milhões são desviados para vários outros usos alternativos e os restantes de 188
milhões de pneus são despejados em estoques, aterros ou lixões ilegais em todo o país.
De acordo com informações da Associação Brasileira dos Revendedores de Pneus
(ABRAPNEUS) apud Miranda (2006) a produção anual de pneus no Brasil é da ordem de 40
milhões de unidades, sendo estimado um descarte de cerca de 25 milhões de pneus por ano. No
ano de 2016 as empresas associadas à ANIP produziram 67.870,35 milhões de unidades de
pneus (ANIP,2017). Segundo dados da ANIP 100 milhões de pneus inservíveis estão
2
World Business Council for Sustainable Development
28
espalhados pelo país em aterros, terrenos baldios, rios e lagos, causando enormes problemas de
ordem ambiental.
Os pneus são resíduos de difícil eliminação e não biodegradáveis. Não são materiais
considerados perigosos, no entanto, sua queima libera substâncias tóxicas e cancerígenas, como
dioxinas, por exemplo. Quando lançados em rios e nas cidades, os pneus represam a passagem
da água e podem causar alagamentos e transtornos à população (BNDES, 2007). Além disso,
os pneus contribuem para um problema de saúde pública, pois os mesmos servem de retenção
de água das chuvas, formando ambientes propícios à disseminação de doenças como a dengue
e a febre amarela (MIRANDA, 2006). A Figura 2.4 mostra o descarte indevido de pneus na
cidade de Boa Vista- RR.
Figura 2-4: Pneus: (a) descarte indevido de pneu, (b) amontoados em frente a uma borracharia
(a) (b)
Fonte: Santos, R.M (2017)
• Classe II A: não inertes: Resíduos que não se enquadram nas classificações de resíduos
classe I – Perigosos ou de resíduos classe II B – Inertes. Esses resíduos podem ter
propriedades de biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.
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Conforme estudo realizado por BERTOLLO, JUNIOR & SCHALCH (2002) apud
MATTIOLI et. al (2009), os pneus são classificados como Classe II A – não inertes, por
apresentarem teores de metais (zinco e manganês) no extrato solubilizado superiores aos
padrões estabelecidos pela NBR10.004/2004.
“O pneu é considerado um dos maiores passivos ambientais sólidos que existem. Ser
um passivo ambiental é dizer que seu armazenamento, no fim de sua vida útil, deve
ser extremamente controlado e, na medida do possível, possuir uma destinação final.
Ou seja, o pneu deve ser reciclado ou reutilizado, dentro de certos padrões
ambientais.” (ARAÚJO & SILVA, p. 2, 2005).
Em virtude de recolher e dar um fim ambiental adequado aos pneus, foi deliberada a
Resolução Conama No 258 de 19993, que estipulou que os fabricantes e importadores de pneus
fossem responsável pelo o recolhimento e destinação ambientalmente adequada dos pneus que
fabricam ou importam (BNDES, 2007). A resolução ainda proíbe o despejo inadequado de
pneus nos aterros sanitários, bem como no mar, rios, em terrenos baldios, margens de vias
públicas, e a queima a céu aberto (CONAMA, 1999). A única queima permitida é para obtenção
de energia efetuada por métodos insuscetíveis de causar danos à saúde humana ou meio
ambiente (MOTTA, 2008).
Ainda segundo a resolução para cada quatro pneus novos fabricados no país ou pneus
novos importados, as empresas fabricantes e as importadoras deverão dar destinação final a
cinco pneus inservíveis (CONAMA, 1999).
Nas Resoluções 258/99 e 301/02 CONAMA esclarece e classifica os pneus pelo seu
estado de uso da seguinte maneira:
3
À posteriori a resolução teve alguns acréscimos de detalhes com a resolução 301
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De acordo com a ANIP (2015) deve-se primeiro destinar os pneus inservíveis à pontos
de coleta. Em seguida os pneumáticos são transportados às empresas de trituração que os
transformam em pedaços de borracha nomeados chips. Esses elementos podem ser moídos com
separação do aço e tecido para gerar novos produtos como asfalto borracha, pisos, tapetes,
dentre outros. Outra maneira é destiná-los a cogeração energética, substituindo outros
combustíveis. A Figura 2.6 representa todo o ciclo de produção e destinação dos pneus.
Atualmente, de acordo com Morosini (2006) o Brasil dispõe das seguintes maneiras de
eliminar carcaças de pneus inservíveis:
perceberam que os blocos com os resíduos apresentaram melhor desempenho que o tijolo
cerâmico maciço.
Galvão et.al. (2008), testaram o desempenho físico-químico e mecânico do concreto
com borracha de estireno-butadieno4 reciclado de pneus com estudo de caso para aplicação do
resíduo como material de reparo (MR) da superfície do vertedouro da Usina Hidroelétrica
Mourão. Foram dosados traços para o concreto referência e com adição em peso de 5% (CAB
5), 10% (CAB 10) e 15% (CAB 15) de borracha. Os autores conseguiram averiguar que, a
adição do resíduo em substituição à massa de areia diminui a trabalhabilidade do concreto
resultante, atribuindo tal fator à borracha na forma de fibras e nas quantidades adicionadas.
Observaram também a redução na massa unitária, aumento no teor de ar aprisionado e perdas
na resistência mecânica à compressão. Constataram que a resistência a tração na flexão
diminuiu, sendo uma vantagem na redução da fissuração resultante, com necessidade de
aplicação de um esforço extra para a ruptura total do corpo de prova. Concluíram que, para o
uso em superfície hidráulica de barragens o CAB 5 é a melhor opção, com 22,1±0.6 MPA.
Albuquerque et. al. (2004), estudaram a adição de borracha de pneu no concreto
convencional (CCV) e no concreto compactado com rolo (CCR). Foram testadas amostras de
CCV e CCR com adição de borracha de três diferentes granulometrias, em teores de 5% a 25%
submetidas ou não ao tratamento superficial com aditivos. Para o CCV averiguaram que os
tratamentos realizados com os aditivos de base polimérica proporcionaram melhor desempenho
dos concretos, quando comparados com os contendo borracha sem tratamento superficial.
Porém, os autores destacaram que, fibras de borracha com até 10 mm de comprimento e os
grânulos com 1.5 mm e 0,42 mm de diâmetro quando incorporados ao concreto em teores de
até 10% não causaram prejuízo na resistência à compressão dos corpos sem tratamento
superficial. Para o CCR os autores observaram que, durante a realização das dosagens
necessitou-se de uma crescente quantidade de aditivo plastificante à medida que se aumentava
o teor de borracha e diminuía-se o tamanho das partículas. Notaram também que, a
trabalhabilidade do CCR diminui com o aumento do teor de borracha e com a redução do
tamanho das partículas da mesma. A resistência à compressão também diminuiu com o aumento
do teor da borracha, sendo de aproximadamente 30% em relação à referência para 5% de
borracha. Os autores concluíram que a queda da resistência mecânica do CCR com borracha
pode ser minimizada pelo tratamento das partículas de borracha com aditivo polimérico à base
de estireno-butadieno.
4
Borracha de Estireno Butadieno (SBR) é uma borracha sintética, um copolímero de estireno (CH 2=CH-C6H5) e
de butadieno (CH2=CH-CH-CH2).
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RBP demonstrou-se aceitável, pelo fato desse tipo de obra não exigir resistência elevada à
compressão.
Entende-se por dosagem de concreto o estudo pelo o qual são escolhidos os materiais e
os procedimentos para obtenção da melhor proporção (traço) entre cimento, agregados, aditivos
e adições, visando obter um material que supri à determinados requisitos físicos, químicos e
mecânicos (RECENA, 2015).
De acordo com o mesmo autor, a dosagem de concreto pode ser obtida através de
diversos roteiros difundidos como métodos de dosagens, podendo ser divididos em métodos
experimentais e métodos empíricos. A dosagem empírica é realizada com base em valores
médios de propriedades físicas e mecânicas dos materiais constituintes do concreto. Esses
valores são tabelados ou extraídos da experiência de uma instituição, um laboratório, do
profissional ou de bibliografia específica sobre o assunto.
No método experimental os materiais, que irão constituir o concreto, são testados em
laboratório, bem como o produto final.
No Brasil ainda não há normas que estabelecem como se deve ser realizado um estudo
de dosagem. Em consequência disso, vários pesquisadores e instituições propõem seus próprios
métodos. Podendo citar como exemplo , o método ABCP/ACI adaptado do método americano
ACI pelo engenheiro Públio Penna Firme Rodrigues, método de dosagem INT desenvolvido
por Fernando Luiz Lobo Carneiro do Instituto Nacional de Tecnologia, método de dosagem
ITERS proposto por Eládio Petrucci do Instituto Tecnológico do estado do Rio Grande do Sul,
método IPT/EPUSP elaborado por pesquisadores do Instituto Tecnológico do Estado de São
Paulo e em seguida adaptado pelos professores da Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo, dentre outros métodos utilizados e difundidos no país (TUTIKIAN e HELENE, 2011).
Ainda que, esses métodos sejam distintos entre si, todos possuem como objetivo o
cálculo de traços ou seja proporção em massa dos diversos constituintes em relação à massa do
cimento. Assim sendo, algumas atividades são comuns a todos, podendo citar a determinação
37
da resistência de dosagem exigida a uma determinada idade e a escolha do tipo do cimento que
irão determinar a relação água cimento (BOGGI, 2010).
➢ “Lei de Abrams”:
𝑓 𝑘1 Equação 2-1
𝑐𝑗= 𝑎/𝑐
𝑘2
➢ “Lei de Lyse”:
38
➢ Lei de Molinari”:
(1 + 𝑎) Equação 2-4
𝛼=
(1 + 𝑚)
Em que:
fcj: resistência à compressão axial, à idade j, em MPa;
a/c: relação água/cimento em massa, em kg/kg;
a: relação agregado miúdo seco/cimento em massa, em kg/kg;
p: relação agregado graúdo seco/cimento em massa, em kg/kg;
m: relação agregados secos /cimento em massa, em kg/kg;
α: teor de argamassa seca, deve ser constante para uma determinada situação, em kg/kg;
k1, k2, k3, k4, k5, k6: constantes que dependem exclusivamente dos materiais
(cimentos, agregados, aditivos);
➢ “Consumo de água/m³”:
39
Execução do traço referência com Produzir no laboratório o traço referência (Padrão) e estimar a
teor de argamassa α acrescidos da quantidade de água e do teor de argamassa necessários para
estimativa de perdas. Determinação obtenção das condições de trabalhabilidade exigidas
da nova relação a/c efetiva do traço
Helene e Terzian (1992) descrevem no Manual uma sequência de atividades que devem
ser seguidas no momento da execução dos traços, destacando algumas delas a seguir:
A imprimação da betoneira com uma porção de concreto de volume inferior a 6 kg com
traço 1:2:3 e a/c = 0,65. Depois aconselha-se emborcar a betoneira com a boca para baixo para
deixar o material excedente cair;
Introduzir os materiais na betoneira, sendo primeiro 80% da quantidade de água total,
posteriormente agregado graúdo, agregado miúdo, cimento, restante da água e, se for o caso,
aditivos;
Após a mistura dos materiais pela betoneira, verificar o aspecto do concreto e se é
possível realizar o ensaio do abatimento do tronco de cone. Caso a mistura não estiver com o
teor ideal, acrescentar cimento e areia, deixando a quantidade de agregado graúdo constante;
Realizar uma nova mistura de traço 1:5 para a determinação de todas as características
finais do concreto fresco: relação água/cimento, consumo por metro cúbico dos componentes,
massa específica do concreto fresco e abatimento do tronco de cone.
Os autores ainda indicam alguns procedimentos baseado em observações práticas que
podem ser efetuados para definição do teor ideal de argamassa. Alguns são descritos a seguir:
se então determinar o abatimento do tronco de cone. Caso a mistura não atinja a faixa
estabelecida acrescenta-se então quantidade de água suficiente;
CAPÍTULO 3
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Granulometria
Areia Módulo de Finura
Massa específica
Seleção dos materias
Massa Unitária
Brita Granulometria
Massa específica
Massa unitária
Cimento
Absorção
Los Angeles
Definição dos traços
Borracha Granulometria
Massa específica
Método
IPT/EPUSP Massa unitária
compressão e resultados
a tração
de prova
Resistência ao
impacto
3.1 MATERIAIS
Os materiais definidos para a realização deste trabalho foram o: agregado miúdo (areia),
agregado graúdo (brita), água, cimento e resíduos de borracha de pneu. Utilizou-se também
fôrmas prismáticas (placas) confeccionadas em madeira visando o ensaio de resistência ao
impacto.
3.1.1 Agregados
Determinação de massa
específica por meio do
DNER- ME 194/98 2
frasco de Chapman (areia e
borracha
Determinação da massa ABNT NBR NM 45
3
unitária (2006)
Massa específica, massa
específica aparente e NBR 53/2003 1
absorção (brita)
DNER-ME 035/98-
Abrasão Los Angeles 2
IPR/DNIT
Fonte: Santos, R.M (2018)
O agregado miúdo empregado na pesquisa foi a areia natural do rio, sendo proveniente
do município de Boa Vista-RR, extraída do rio Branco, adquirida no comércio local e
devidamente estocada no laboratório do NUPENG/UFRR.
O agregado graúdo utilizado foi o de origem granítica, comercializado como brita 1
com dimensões características de 9.5 mm a 19 mm. A brita foi adquirida no comércio local e
devidamente estocada no laboratório do NUPENG/UFRR.
45
3.1.2 Cimento
O cimento utilizado foi o cimento pozolânico CP IV-32. O mesmo por possuir mais
pozolona em sua composição torna-se mais durável e mais impermeável (ABCP, 2002).
Podendo ser aplicado em obras com ação de água corrente e meios agressivos como demonstra
o Quadro 3.1. Optou-se também por utilizar esse tipo pelo fato der ser um dos cimentos mais
difundidos na região.
3.1.3 Água
3.1.4 Placas
3.2 MÉTODOS
Preconizado pela norma ABNT NBR NM 248 (2003) o ensaio granulométrico visa
analisar a distribuição das dimensões das partículas dos agregados e concomitantemente as
porcentagens das diferentes frações do material.
As amostras de agregado miúdo e agregado graúdo para realização do ensaio foram
coletadas, quarteadas e secadas em estufa por um período de 24 horas. A amostra de borracha
foi secada em temperatura ambiente por um período de 72 horas.
Após a secagem, retirou-se duas amostras de cada material seco e determinou-se as
massas das mesmas, formando assim amostras para agregado miúdo, duas para o graúdo e duas
para borracha. A Tabela 3.2 expressa os valores das massas m1 e m2 dos insumos.
Massa unitária de um agregado é a relação entre sua massa não compactada e seu
volume. É um parâmetro relevante para transformar massa em volume quando se faz a dosagem
do concreto.
Para a determinação da massa unitária foi empregado um recipiente com dimensões de
33 cm por 32 cm por 20 cm (largura, comprimento e altura respectivamente), previamente
pesado identificado como mr (massa do recipiente). O agregado foi despejado no reservatório
com o auxílio de um balde a uma altura de 10 cm a 12 cm do topo do recipiente evitando a
compactação indesejada do agregado. O volume em excesso foi regularizado com uma régua
metálica, tomando como limite as bordas do recipiente conforme ilustra a Figura 3.4. Em
seguida, o recipiente foi pesado com o agregado nele contido para a determinação da massa da
amostra mais recipiente (mar).
49
Figura 3-4: Ensaio de massa unitária: (a) agregado graúdo rasado, (b) areia rasada, (c) borracha
nivelada
O ensaio foi realizado com amostra de agregado miúdo, agregado graúdo e borracha.
Importante ressaltar que, o mesmo foi realizado três vezes para cada amostra de insumo, pois a
posteriori trabalhar com o valor médio da massa unitária.
Para o agregado miúdo e a borracha o ensaio de massa específica realizado foi conforme
a norma DNER-ME 194/98 que prescreve que o teste deve ser efetuado utilizando um frasco
graduado próprio chamado de Chapman.
Separou-se 500 g de massa de agregado miúdo previamente seca e água destilada. No
frasco de Chapman foi colocada a água até uma medida determinada de 200 cm³, logo após
acrescentou-se 500g de agregado. Em seguida o frasco foi levemente agitado, aplicando-se
palmadas em seu fundo e em suas laterais com o intuito de eliminar eventuais bolhas de ar da
amostra. Após agitação, o aparelho foi posto em repouso sobre a bancada por 15 min, a leitura
do frasco (L) foi feita logo em seguida, como identificado na Figura 3.5. Deve-se salientar que,
para o ensaio com a borracha decidiu-se por usar quantidade menor de borracha, pois ao tentar
50
realizar o procedimento com 500g a mesma ficou muito aprisionada no bulbo superior
dificultando as eliminações de bolhas de ar. Optou-se então por adotar procedimento
semelhante a Selung (2010), onde em sua pesquisa substitui água por álcool, num volume de
250 cm³ e amostras de resíduos de 175g. O álcool foi substituído pelo querosene como
observado na Figura 3.6.
(a) (b)
Fonte: Santos, R.M (2018)
51
A massa específica do material (𝛾) foi então calculada pela seguinte expressão:
Agregado Miúdo:
Resíduos de Borracha:
Equação 3-3
175
𝛾=
𝐿 − 250
repouso, sem perturbação, sobre a bancada por um período de 1h afim de se determinar o nível
superior da suspensão argilosa.
Por fim, determinou-se o nível superior da areia. O resultado foi obtido de uma média
aritmética de três determinações, expresso em porcentagem e arredondando-se para o número
inteiro, através da equação 3.4. A Figura 3.7 ilustra a amostra em descanso.
Os procedimentos para o ensaio são preestabelecidos pela ABNT NBR NM 53:20, onde
os materiais necessários para os ensaios são: estufa capaz de manter a temperatura de 105 °C,
recipiente constituído de um cesto de arame, balança e peneira com abertura nominal de 4,75
mm.
A princípio a amostra foi preparada com o peneiramento, lavagem, secagem em estufa
por um período de 24 horas e esfriamento à temperatura ambiente por 3h. Vale ressaltar que, o
material passante pela peneira 4.75 mm não foi considerado para o estudo, sendo assim
descartado.
53
Figura 3-8: mostra envolvida no pano: (a) brita sobre pano absorvente e (b) enxugamento da amostra
(a) (b)
Fonte: Santos, R.M (2018)
O resultado da massa específica foi expresso em gramas por centímetro cúbico (g/cm³)
e determinado pela Equação 3.5 a seguir:
54
𝑚 Equação 3-5
𝑑= ∗𝛿
𝑚𝑠 − 𝑚𝑎 𝑡
Em que:
d: é a massa específica do agregado seco;
m: é a massa ao ar da amostra seca (g);
δt: densidade específica da água;
ms: é a massa ao ar da amostra em condição saturada, após enxugada (g);
ma: é a massa em água da amostra, submersa (g).
A massa específica real também foi expressada em gramas por centímetro cúbico e
estipulada pela equação 3.6:
𝑚𝑠 Equação 3-6
𝑑𝑠 = ∗𝛿
𝑚𝑠 − 𝑚𝑎 𝑡
Em que:
ds: massa específica do agregado na condição saturado superfície seca (g/cm³);
ms: é a massa ao ar da amostra em condição saturada, após enxugada (g);
ma: é a massa em água da amostra, submersa (g).
A massa específica aparente do agregado graúdo foi calculada pela equação 3.7 expressa
por:
𝑚 Equação 3-7
𝑑𝑎 =
𝑚 − 𝑚𝑎
Em que:
da: massa específica aparente (g/cm³);
m: é a massa ao ar da amostra seca (g);
ma: é a massa em água da amostra, submersa (g).
𝑚𝑠 − 𝑚 Equação 3-8
𝐴= ∗ 100
𝑚
Figura 3-10: Ensaio “Los Angeles”:(a) Tambor sendo esvaziado após ensaio, (b) esferas, (c) material após
ensaio
Foram dosados concretos pelo método IBRACON, apresentado no item 2.4.1, com duas
características diferentes: concreto convencional ou referência e com adição de fibras de
borracha. Antes de realizar a dosagem do concreto foram definidos primeiro alguns parâmetros
importantes que deveriam ser mantidos constantes durante a execução do experimento. São
eles:
Dessa forma, efetuou-se primeiro a dosagem para os traços: padrão, rico e pobre e depois
as dosagens de concreto com a incorporação dos resíduos de borracha. Há título de convenção,
para melhor apresentação dos estudos, o concreto padrão será convencionalmente chamado CP,
o pobre de CPO e rico de CRI, já o com substituição parcial de areia por resíduos de borrachas
será convencionalmente chamado de CRB5%, CRB10% e CRB15%.
Figura 3-11: Ensaio slump test: (a) preenchimento do molde, (b) adensamento da amostra, (c) retirada
do tronco
O slump foi determinado como ponto fixo para todos os ensaios, logo não atingindo o
slump desejado fez-se necessário o ajuste pelo fator água/cimento (a/c) de modo a proporcionar
a trabalhabilidade desejada de 10 cm. Para o primeiro concreto rodado necessitou-se a adição
de água e cimento. Para a adição, acrescentou-se primeiro a água fazendo a betoneira girar por
1 minuto, e somente em seguida o cimento foi adicionado. Após tal procedimento, o teste do
abatimento de tronco de cone foi realizado novamente.
59
Figura 3-12: Moldagem de corpo de prova: (a) molde sendo completado, (b) adensamento da camada,
(c) rasamento com “colher de pedreiro
(a) (b)
Fonte: Santos, R.M (2018)
Figura 3-14: Placas: (a) moldes para placas sobre compensado, (b) concreto em processo de
cura
(a) (b)
Fonte: Santos, R.M (2018)
61
3.2.3 Concreto com substituição parcial da areia por resíduos de Borracha de Pneu
Os preparos dos concretos com substituição ocorreram da mesma forma e sequência que
o concreto referência, fazendo apenas a substituição parcial de areia por borracha de pneu nos
teores de 5%, 10% e 15%. Desta forma no procedimento final de preparo, juntamente com a
areia e o restante da água, os resíduos de borracha foram adicionados.
A borracha incrementada na mistura não sofreu nenhuma alteração em seu formato, ou
seja, o material empregado não se apresenta com uma faixa granulométrica específica a ser
utilizada. Tentou-se aproveitar assim, os resíduos de borracha de forma como se encontra nos
depósitos de reciclagem, com o intuito de facilitar a incorporação deste resíduo ao concreto.
Contudo, ressalva-se que, antes de inserir os RBP na betoneira, os mesmos foram passados na
peneira de areia (70 cm), comumente conhecida como “peneira de pedreiro”. Isto, em virtude
de eliminar RBP com pedaços grandes.
Importante ressaltar que, a trabalhabilidade do concreto foi mantida fixa para o concreto
referência, mas para os concretos com resíduos de borracha não. Tomou-se essa decisão para
poder comparar o quanto os resíduos de borracha alteram na trabalhabilidade do concreto. Outro
motivo foi que, se houvesse acréscimo de água e cimento o concreto com borracha teria um
teor de argamassa diferente do concreto padrão.
4𝐹 Equação 3-10
𝑓𝑐 =
𝜋 ∗ 𝐷2
Em que:
fc = Resistência à compressão;
F = Força máxima alcançada;
D = Diâmetro do corpo de prova em mm.
2𝐹 Equação 3-11
𝑓𝑡,𝐷 =
𝜋∗𝐷∗𝐿
63
(a) (b)
Figura 3-18: Placas para ensaio impacto: (a) Cortes das placas, (b) placas com
teor 15% de borracha cortadas e identificadas
(a) (b)
CAPÍTULO 4
Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados obtidos nos ensaios realizados
com concreto convencional e concreto com adição de resíduos de borracha. Além disso, estão
apresentadas as caracterizações dos materiais utilizados bem como os resultados dos ensaios
apresentados no concreto em estado endurecido de acordo com a metodologia de trabalho sendo
discutidos os resultados apresentados.
4.1.1 Granulometria
100 100
AREIA FINA
AREIA MÉDIA
90 90
SILTE
AREIA GROSSA
PEDREGULHO
ARGILA
80 80
% RETIDA
70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
20 20
TOTAL
10 10
0 0,06 0,2 2 60 0
0,002 0,6
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
DIÂMETRO DAS PARTÍCULAS (mm)
Ao analisar o agregado miúdo estudado, percebe-se que este é classificado como uma
areia média uniforme e mal graduada, apresentando módulo de finura igual a 2,60 e diâmetro
máximo de 1,18 mm. O valor está dentro do módulo de finura de Zona Ótima, que segundo a
NBR 7211 (ABNT, 2005), varia de 2,20 a 2,90. Com base nessas informações é possível afirmar
que a areia natural utilizada é apta para a produção de concreto.
67
100 100
90 90
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
80 80
70 70
60 60
% RETIDA
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
0,06 0,2 0,6 60
0,001 0,002 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
100 100
AREIA MÉDIA
AREIA GROSSA
AREIA FINA
PEDREGULHO
ARGILA
SILTE
90 90
% QUE PASSA DA AMOSTRA TOTAL
80 80
70 70
60 60
% RETIDA
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
0 0,06 0
0,002 0,2 0,6 2 60
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
DIÂMETRO DAS PARTÍCULAS (mm)
A borracha apresentou o módulo de finura de 3,45 sendo esse valor encontrado dentro
do módulo da Zona Utilizável Superior que varia de 2,90 a 3,50 como preconizado pela norma
68
NBR 7211 (ABNT, 2005). Este valor está próximo aos resultados encontrados na literatura,
variando de 3,81, encontrado por Fazzan (2011), à 3,85 para Granzotto (2010), podendo chegar
a 3,14 (Silva Júnior, 2014).
Observa-se que, 80% da borracha usada estava compreendida entre as frações 2,00 mm
à 0,6 mm, faixa correspondente à fração de areia grossa. Ademais, a curva representa material
bem graduado e com uniformidade média, possuindo diâmetro máximo das partículas de
4,75mm e contendo em sua composição 1,78% de material pulverulento.
A massa unitária considerada foi obtida pela média das massas de cada agregado
dividido pelo volume do recipiente utilizado. Resultando valores apresentados na Tabela 4-1.
Massa unitária
Agregados (g) (g/cm³)
Areia 1,45
Brita 1,53
Borracha 0,39
Fonte: Santos, R.M (2018)
Como pode-se observar o valor da massa unitária do resíduo de borracha é menor que o
da areia, sendo assim, concretos com RBP terão menor densidade. Avaliando-se o valor
encontrado para massa unitária do RBP, pode se constatar que o mesmo é coerente com o
encontrado por outros autores como: Selung (2012), que encontrou o valor de 0,389 g/cm³,
Granzotto (2010) com valor de 0,468 g/cm³, Fioriti et.al.(2004) que obteve um valor de 0,27
g/cm³ e Silva Júnior (2014) que auferiu o valor de 0,39 g/cm³.
Para determinação da massa específica realizou-se duas vezes o ensaio e foi adotado o
valor médio das massas específicas correspondente à média dos valores obtidos, os resultados
são apresentados na Tabela 4.2 a seguir.
69
AMOSTRA 1 2 3
Altura Argila 8,6 8,6 9,6
Altura Areia 8 8 9
Equivalente de areia 93,02% 93,02% 93,75%
Média 93,27%
Fonte: Santos, R.M (2018)
O valor 93,27% obtido para o equivalente de areia indica praticamente uma areia pura,
contendo frações pequenas de argila.
4.1.5 Massa específica, massa específica aparente, absorção de água e desgaste por
Abrasão “Los Angeles” do agregado graúdo
De acordo com a norma NBR 7211 (ABNT, 2005) o agregado para concreto deve ser
composto por grãos de minerais duráveis, estáveis e limpos e que não interfiram no desempenho
e qualidade do concreto. A Tabela 4.4 mostra os resultados dos ensaios de massa específica,
real, desgaste por abrasão e absorção do agregado graúdo.
Perda por
Massa especifica do Massa especifica Absorção Abrasão
agregado seco real (g/cm³) (%) (%)
(g/cm³)
2,68 2,71 0,48 30,38
Fonte: Santos, R.M (2018)
70
A norma ainda preconiza que, o índice de desgaste deve-se ser inferior a 50%, em massa,
do material. Além disso, afirma que para agregados com absorção de água inferior a 1% o limite
de material fino pode ser alterado de 1% para 2%. Assim, os valores estão dentro do limite da
aceitabilidade segundo à referida norma.
Figura 4-5:Concretos: (a) CRB10%, (b) Concreto CRB15%, (c) aspecto do concreto CRB15%
(a) (b)
(c)
Observa-se uma perda de peso dos corpos de prova com o aumento dos percentuais de
resíduos no concreto. De modo geral, pode-se indicar o concreto borracha para elementos que
exijam um menor peso. Podendo citar por exemplo, uma possível aplicação dos resíduos de
borracha na confecção de telhas de concreto. Por outro lado, é importante enfatizar que, outros
fatores devem ser analisados, como a resistência à flexão e demais requisitos exigidos pela
Norma Brasileira ABNT 13858-2 denominada Telhas de Concreto – Parte 02: requisitos e
métodos de ensaios. Cintra (2008), em seu estudo utilizou pneu moído para fabricação de telhas
de concreto constatando que o resíduo tornou a telha 3% mais leve.
Em relação a resistência à compressão, constatou-se que, entre os traços ensaiados, o
resultado menos favorável foi obtido para o concreto com 15% de borracha, tendo o mesmo
atingido a resistência aos 28 dias de 8,37 MPa. Esse resultado, no entanto, atende às prescrições
da NBR 6136 para a confecção de blocos vazados de concreto para alvenaria. Satisfazendo a
resistência mínima exigida para os blocos de todas as classes da referida norma, como ilustrado
na Quadro 4.1. No entanto, é importante ressaltar que a resistência não é o único fator a ser
levado em relevância, outros fatores devem ser estudados para realmente comprovar o uso de
resíduos borracha em bloco vazadas de concreto para alvenaria.
73
30,00
26,35
24,54
25,00
20,14
20,00
fck (MPa)
15,00 13,39
10,54 10,72
10,00 8,76 8,37
6,59 5,72 7,23 6,74
5,00
0,00
3 dias 7 dias 28 dias
Idade de ruptura
Pode-se observar que o aumento dos percentuais de resíduos no concreto teve como
consequência queda significativa na resistência à compressão quando comparado o concreto
referência. Esse comportamento já era esperado, visto que o mesmo foi constatado por outros
trabalhos encontrados na literatura consultada.
Nos corpos de prova com idade de 28 dias, os concretos com incorporação de resíduo
de borracha de 5%, 10% e 15% em substituição a areia, apresentaram uma perda de resistência
de 49,19%, 59,31% e 68,23%, respectivamente, em relação ao concreto padrão. Um dos fatores
que podem ter afetado nesta perda de resistência é má aderência entre a pasta de cimento e a
borracha, como constatado nas literaturas. Além disso, atribui-se a perda de resistência ao
aumento do teor de ar incorporado nos concretos com RBP.
Para o estudo em questão acredita-se, baseada nas literaturas, que o formato da borracha
utilizada na pesquisa interferiu nos resultados da resistência à compressão. Segundo Shu &
Huang (2013), uma das abordagens para minimizar a perda de resistência nos concretos com
RBP é reduzindo o tamanho das partículas da borracha.
Apesar dos corpos com RBP terem menos capacidade de resistência à compreensão,
eles não apresentam ruptura frágil como os corpos de prova com concreto referencial que se
fragmentam em alguns pedaços como demonstrado na Figura 4.7 a seguir:
75
Figura 4-8: Corpos de prova com RBP apresentando estrutura com fissuras
C (Kg/m³) a/c
600 400 200 0 0,0 0,5 1,0 1,5
0 0
y = 16,46e-0,003x 2 2 y = 11,191x - 1,6397
R² = 0,9982 R² = 1
4 4
6 6
8 8
10 10
12 12
Consumo de cimento
Log. (Consumo de cimento) m (kg) m (kg) Abatimento 100 mm
5,00
4,50
4,00
3,50
fck (MPA)
3,00 2,77
2,35
2,50
2,00
2,00
1,50
1,50
1,00
CP CRB5% CRB10% CRB15%
Pode-se notar que também houve uma queda na resistência à compressão diametral
quando comparado o concreto sem resíduo com o concreto com incorporação de RBP,
apresentando uma tendência de redução da resistência quanto maior o percentual de borracha.
No entanto, verificou-se que as perdas chegaram a valores menores que as apresentadas na
resistência à compressão. Obteve-se um bom percentual de perda para CRB5%, sendo ele de
15,76% comparado a CP.
Averiguou-se que, os corpos com RBP quando submetidos a força, não se romperam
por completo, apresentando fissuramento reduzido, ao contrário do CP que obteve fissuras
maiores como demostrado na Figura 4.11. De acordo com Granzoto (2010) fibras de borracha
mantem as partes unidas do concreto, fazendo com que seja necessária uma aplicação de um
esforço extra para dividi-los ao meio.
Na Tabela 4.7 são apresentadas as médias dos resultados provenientes dos ensaios de
resistência ao impacto nas placas de concreto. Nas Tabelas 4.8, 4.9, 4.10 e 4.11 são apresentados
os valores individuais de cada placa dos concretos Padrão, CRB5%, CRB10% e CRB15%
respectivamente.
De acordo com os dados das Tabelas, verifica-se que foi necessário menor número de
impactos e, consequentemente, menor energia para a observação da primeira fissura das placas
de concreto sem resíduos, em relação às fissuras iniciais das placas com adição de resíduos de
borracha. De maneira geral, as placas de concreto contendo resíduos de borracha suportaram
bem a absorção de energia antes do seccionamento, se comparados com as sem resíduos. Sendo
que o melhor resultado se encontrou em placas com teores de 10% de resíduos de borracha. As
placas com teor de 5% não obtiveram valores distintos para a observação da primeira fissura
em relação às fissuras iniciais das placas padrão. No entanto, alcançaram uma energia de ruptura
um pouco maior, apontando que os resíduos de borracha contribuem para uma maior absorção
de energia.
Observou-se durante os ensaios que, as placas sem resíduos apresentaram
seccionamento total dos corpos de prova, enquanto que as placas com resíduos não ocorreram
80
esse seccionamento. As placas com resíduos se rompiam, mas não separavam por partes. As
Figuras 4.12 e 4.13 mostram as placas no momento de ruptura total. Analisando os resultados,
ao que tudo indica, as placas com borracha possuem bom potencial para aplicação em ambientes
que exijam baixa resistência mecânica, como, por exemplo, calçadas e praças.
Figura 4-12: Placas após ruptura: (a) sem resíduos (b) com 15% de resíduos de borracha
(a) (b)
Fonte: Santos, R.M (2018)
Figura 4-13: Placas com RBS rompidas: (a) com as partes juntas, (b) RBS unindo partes da placa
(a) (b)
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES
principalmente nos teores de 5% e 10%, . No entanto, devem ser realizados outros estudos com
o intuito de confirmar a viabilidade da utilização dos resíduos de borracha no concreto.
Do ponto de vista ambiental, constatou-se que é possível reaproveitar os pneus ao
término de sua vida útil, reduzindo assim o número de pneus no meio ambiente e
proporcionando um fim mais adequado a esses resíduos.
83
REFERÊNCIAS
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ambientais vigentes e processos de destinação final adequados. Porto Alegre: ENGEP,
2005. Disponível em: <www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2005_Enegep1004_1123.pdf>
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1 ed. São Paulo: [s.n.], 2015.
_______. ABCP. Manual de placas de concreto: Passeio Público. São Paulo:[s.n.], 2009. 32
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10 p.
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