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the journal, on 16/11/2010, with the following conditions: available under Creative Commons
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Recebido em 08/11/2010, aprovado em 08/09/2011, disponível em 31/05/2012
Avaliado pelo sistema double blind review
Editor científico: Elionor Farah Jreige ISSN: 1984-3925
Plano de Contas e Convergência aos Padrões Internacionais: Estudo Comparativo entre as Propostas dos Governos Brasileiro e Espanhol
resumo
Na Administração Pública, a relação de contas tem papel importante para o adequado registro dos atos e fatos, bem
como para a geração de informações, sendo desejável uniformidade na linguagem do plano de contas. Considerando
as ações do Brasil e da Espanha para a instituição de um plano de contas nacionalmente padronizado, este trabalho tem
por objetivo comparar as propostas de plano de contas discutidas pelos dois países e verificar se elas estão alinhadas
aos padrões internacionais da contabilidade aplicada ao setor público. Trata-se de ensaio baseado em pesquisa
bibliográfica e documental, que identificou como estes países vêm conduzindo o processo de convergência no setor
público com relação à estrutura de suas contas, tendo como referencial as Normas Internacionais de Contabilidade
Aplicadas ao Setor Público (IPSAS em inglês). A justificativa para o estudo está na comparação de propostas de
plano de contas de dois países pertencentes a continentes e blocos econômicos distintos, mas que possuem aspectos
culturais e até mesmo línguas (português e espanhol) semelhantes. O estudo mostrou que a proposta do Governo
brasileiro está mais alinhada aos padrões internacionais, e que, comparativamente, há diferenças significativas entre
esta e a proposta do Governo espanhol. Como o IFAC vem considerando tanto o Brasil como a Espanha em processo
de convergência, há de se discutir se a estratégia dos países em atender as suas tipicidades locais na construção dos
seus planos de contas não prejudicará o processo de adoção das IPSAS.
ABSTRACT
In Public Administration, the chart of accounts is considered important for public financial management, both for recording acts
and events and for generating information. In view of these usages and their importance, uniformity of language in the chart of
accounts is desirable. Given the respective efforts of the Brazilian and Spanish governments to establish nationally standardized
charts of accounts, the objective of this study was to compare the respective proposals of these governments with respect to chart
of accounts and verify their degree of convergence with the International Accounting Standards Applied to the Public Sector
(IPSAS). The countries compared belong to different economic blocs, but have similar languages and cultures (Portuguese and
Spanish). The study showed that the Brazilian Government’s proposal is more in line with international standards and that
there are significant differences between this proposal and that of the Spanish government. As the International Federation of
Accountants (IFAC) considers both Brazil and Spain to be in the process of convergence, discussion of whether the strategy of
these countries to respond to local peculiarities in their chart of accounts is appropriate is in order, as is consideration of and the
effect of this strategy on the process of adopting IPSAS.
apresentadas as contas, títulos e descrição O plano de contas também deve ser estru-
de cada uma, bem como os regulamentos e turado por meio de contas que expressam o pa-
convenções que regem o uso do plano e de trimônio de forma qualitativa e quantitativa.
suas contas integrantes do sistema contábil
da entidade, tendo como finalidade servir
Para Iudícibus et al (2006):
de guia para o registro e a demonstração
dos fatos contábeis. (Crepaldi, 2003, p. 70). Por aspecto qualitativo do patrimônio
entende-se a natureza dos elementos que o
Em razão de sua importância para a qua- compõem, como dinheiro, valores a receber
lidade da informação gerada pela Contabili- ou a pagar expressos em moeda, máquinas,
dade, a estrutura do Plano de Contas deve ser estoques de materiais ou mercadorias, etc.
A delimitação qualitativa desce, em verda-
cuidadosamente estudada. Segundo o Manual
de, até o grau de particularização que per-
de Contabilidade da FIPECAFI: mita a perfeita compreensão do componente
patrimonial. Assim, quando falamos em
A elaboração de um bom Plano de Contas “máquinas”, ainda estamos a empregar um
é fundamental no sentido de utilizar todo substantivo coletivo, cuja expressão poderá
potencial da Contabilidade em seu valor ser de muita utilidade em determinadas
informativo para os inúmeros usuários. análises.
Assim, ao preparar um projeto para de- O atributo quantitativo refere-se à expressão
senvolver um Plano de Contas, a empresa dos componentes patrimoniais em valores, o
deve ter em mente as várias possibilidades que demanda que a Contabilidade assuma
de relatórios gerenciais para uso externo e, posição sobre o que seja “Valor”, porquanto
dessa maneira, prever as contas de acordo os conceitos sobre a matéria são extrema-
com os diversos relatórios a serem produ- mente variados (Iudícibus et al., 2006, p. 73).
zidos. Se anteriormente isso era de grande
importância, atualmente, com os recursos
tecnológicos da informática, passou a ser Usualmente, para que o patrimônio da
essencial, pois tais relatórios propiciarão entidade seja identificado por intermédio de
a tomada de decisão mais ágil e eficaz por grupos de contas, estas são agrupadas con-
parte dos usuários (Fipecafi, 2006, p.38). forme suas características, para facilitar sua
análise e compreensão.
Assim, a elaboração de um Plano de Na área privada, as contas seguem a es-
Contas no Setor Público tem como objetivo o trutura estabelecida pela legislação societária,
controle, a uniformização dos registros contá- em consonância com as Normas Brasileiras de
beis, a evidenciação do patrimônio da entidade Contabilidade, e são classificadas em contas
e suas variações e a consolidação das contas patrimoniais (representativas de bens, di-
reitos e obrigações, cujos saldos são acumu-
para confecção de relatórios padronizados, pos-
lados) e em contas de resultado (representa-
sibilitando a geração de informações que efeti-
tivas de variações que afetam o patrimônio
vamente contribuam para o processo decisório
líquido da instituição, normalmente represen-
(gestores públicos) e para o conhecimento da
tadas sob a forma de receitas e despesas, que,
gestão da coisa pública (sociedade em geral). ao final de cada exercício, são encerradas). No
Segundo Viana (1976, p. 95), a estrutura Setor Público, além dessas, têm-se as contas
de um Plano de Contas deve compreender: (a) a de controle, utilizadas na contabilização de
intitulação de todas as contas necessárias e sua atos potenciais relacionados à gestão dos re-
disposição em sistema; (b) a enunciação das cursos públicos, que podem vir a afetar o pa-
funções atribuídas a cada uma das contas que trimônio da entidade.
compõem o plano, também conhecido como As contas patrimoniais evidenciam os
manual de contas; (c) o estabelecimento da ro- elementos diretamente relacionados com a
tina dos lançamentos, de acordo com o desen- mensuração da posição patrimonial financeira,
volvimento da gestão. e classificam-se em Ativos (bens e direitos),
Passivos (obrigações) e Patrimônio Líquido bradas em todos os registros dos atos e dos
(que compreende os recursos próprios da enti- fatos que afetam ou possam vir a afetar o pa-
dade). Já os elementos diretamente relacio- trimônio das entidades do setor público, de
nados à mensuração do desempenho na de- acordo com a sua natureza orçamentária, fi-
monstração de resultado (contas de resultado) nanceira, patrimonial e de compensação nos
são as receitas e as despesas. respectivos subsistemas contábeis;
e) As contas específicas que possibilitam a apu-
3 peculiaridades do plano de ração de custos;
contas do setor público f) A tabela de codificação de registros que iden-
tifique o tipo de transação, as contas envol-
A proposta de padronização do Plano de vidas, a movimentação a débito e a crédito e
Contas no Setor Público brasileiro, que se en- os subsistemas utilizados.
contra no Manual de Contabilidade Aplicada ao
Setor Público (STN, 2011) traz que o plano de 3.1 Aspectos legais
contas representa a estrutura básica da escritu-
ração contábil, formada por um conjunto de As normas gerais para elaboração e ge-
contas, previamente estabelecido, que permite renciamento do Plano de Contas no âmbito do
obter as informações necessárias à elaboração Governo Federal foram instituídas pela Ins-
de relatórios gerenciais e demonstrações contá- trução Normativa STN n. 08/1996, tendo como
beis, conforme as características gerais da enti- parte integrante a relação de contas, a tabela de
dade, possibilitando a padronização dos proce- eventos e a tabela de indicadores contábeis uti-
dimentos contábeis. lizados por todas as unidades gestoras que inte-
No âmbito do Governo Federal, o Plano gram o SIAFI. O gerenciamento do plano de
de Contas é padronizado em todas as entidades contas do Governo Federal é de responsabili-
públicas que utilizam o Sistema Integrado de dade do órgão central de contabilidade da
Administração Financeira – SIAFI - atingindo a União, que é a Coordenação-Geral de Contabili-
Administração Direta e Indireta de todos os Po- dade da Secretaria do Tesouro Nacional
deres. Alguns Estados e Municípios brasileiros (CCONT), estando autorizada a (STN, 1996):
dispõem de um sistema semelhante ao SIAFI,
intitulado Sistema Integrado de Administração a) Criar, extinguir, especificar, desdobrar, deta-
Financeira para os Estados e Municípios – lhar e codificar contas;
SIAFEM - cuja formatação original disponibili- b) Expedir instruções sobre a utilização do
zada em 2002 acabou sendo alterada ao longo Plano de Contas, compreendendo os proce-
dos anos para atender as tipicidades de cada dimentos contábeis pertinentes;
ente público, resultando, assim, em estruturas c) Promover as alterações e ajustes necessários
de plano de contas diferentes entre si. à atualização do plano de contas, observada
Segundo a STN (2011), a estrutura de um sua estrutura básica, incluindo a Tabela de
Plano de Contas deve manter sistema de infor- Eventos e os Indicadores Contábeis.
mação contábil refletido em plano de contas que
compreenda: Apesar de a Lei Complementar n. 101
a) A terminologia de todas as contas e sua ade- (2000) estabelecer em seu art. 50 que a edição de
quada codificação, bem como a identificação normas gerais para consolidação de contas pú-
do subsistema a que pertence, a natureza e o blicas é de competência da CCONT até que seja
grau de desdobramento, possibilitando os implantado o conselho de gestão fiscal (art. 67),
registros de valores e a integração dos sub- não é obrigatório que a estrutura do plano de
sistemas; contas padronizada no Governo Federal seja
b) A função atribuída a cada uma das contas; observada pelos entes subnacionais, prejudi-
c) O funcionamento das contas; cando, consequentemente, a consolidação das
d) A utilização do método das partidas do- contas nacionais ao longo dos anos.
3.2 Plano de contas em vigor no governo Contábeis, capazes de atender aos aspectos
federal brasileiro legais e fiscais.
CONTAS DE RESULTADO
3 – DESPESA 4 – RECEITA
Despesas Correntes Receitas Correntes
Despesas de Capital Receitas de Capital
5 – RESULTADO DIMINUTIVO DO EXERCÍCIO 6 – RESULTADO AUMENTATIVO DO EXERCÍCIO
Orçamentárias Orçamentárias
Extraorçamentárias Extraorçamentárias
Fonte: (STN, 2011)
de desdobrar-se em contas correntes, para auxi- Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Pú-
liar no controle e acompanhamento dos saldos blico (MCASP), a ser utilizado obrigatoriamente
pelo gestor público. (Lima & Castro, 2007, p.112). pela União, Estados e Distrito Federal, que atu-
almente encontra-se em sua quarta edição.
A parte IV do MCASP refere-se ao Plano
3.3 Necessidade de reestruturação
de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP),
onde são estabelecidos conceitos básicos, regras
Em 2003, na ausência de uma regulamen- para registro dos atos e fatos e estrutura con-
tação nacional a ser observada pelos entes sub- tábil padronizada, de modo a atender a todos os
nacionais quanto à estrutura de Plano de Contas, entes da Federação, e aos demais usuários da
o Ministério da Previdência Social (MPS) pu- informação contábil, permitindo a geração de
blicou a Portaria MPS n. 916 (MPS, 2003), deter- base de dados consistentes para compilação de
minando que todas as unidades gestoras dos estatísticas e finanças públicas.
regimes próprios de previdência social da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- 4 ESTUDO COMPARATIVO E ANÁLISE
pios brasileiros utilizassem uma estrutura única DE DADOS
de contas previamente estabelecida, afetando di-
retamente mais de 2.000 entes federativos. No âmbito internacional, a convergência
A determinação do MPS acabou interfe- cresce a cada dia nos governos locais, como no
rindo na consolidação das contas dos entes estudo realizado no Nepal por Adhikari e Mel-
subnacionais, pois, ao atender a exigência do lemvik (2011). No entanto, a convergência ainda
MPS, as contas da unidade gestora dos Re- é muito influenciada principalmente pelas re-
gimes Próprios de Previdência Social (RPPS) formas da nova administração pública (New Pu-
se apresentavam diferentes das contas do seu blic Administration – NPM) e pela necessidade
ente federativo. Objetivando minimizar o im- de accruals (Guthrie, 1998; Lapsley et al., 2009),
pacto dessa determinação, os Tribunais de os quais ainda possuem políticas muito diver-
Contas, como o do Estado do Rio Grande do gentes (ADAM, MUSSARI e JONES, 2011).
Sul, estabeleceram estrutura própria de Plano A convergência dos procedimentos contá-
de Contas (Res. TCE RS n. 766/2007), se- beis pelas International Public Sector Accounting
guindo, basicamente, a mesma estrutura de Standards – IPSAS - não é obrigatória; mas, de-
contas, utilizada no Governo Federal, padro- vido à globalização, tornou-se quase que inevi-
nizando os planos de contas dos municípios a tável. A composição de contas anuais de 16 pa-
eles jurisdicionados. íses do Organization for Economic Coordination
Este cenário reforçou a necessidade de and Development (OECD) e da Comunidade Eu-
uma ampla discussão nacional sobre o assunto, ropeia, estudados por Pina e Torres (2003), de-
que culminou com a instituição do Grupo de monstrou diversidade relevante entre os sis-
Trabalho Técnico, com a participação de repre- temas contábeis governamentais. Os autores
sentantes de diversos órgãos e entidades pú- ressaltam a importância da adoção do accrual
blicas de todo o Brasil (Portaria STN n. 136). basis como forma de padronizar e remodelar a
Dando continuidade a essa iniciativa, o Minis- contabilidade no setor público.
tério da Fazenda publicou em 2008 a Portaria Segundo Nascimento (2007), para o Inter-
nº. 184, autorizando a STN a desenvolver ins- national Public Sector Accounting Standards Board
trumentos que auxiliassem a convergência dos – IFAC a adoção das IPSAS pelos governos:
procedimentos contábeis até então adotados às
Normas Internacionais de Contabilidade e às [...] irá aprimorar a qualidade e a compara-
Normas Brasileiras de Contabilidade Apli- bilidade das informações financeiras divul-
cadas ao Setor Público (NBC T SP 16). gadas pelas entidades do setor público no
Após vários estudos, publicou-se, por mundo inteiro. O Comitê reconhece o direito
meio da Portaria STN n. 467/2009, o primeiro dos governantes e dos definidores de normas
algumas subclassificações: em contas a receber, na parte IV, que apresenta o novo Plano de
por exemplo, podem constar os tributos a re- Contas estruturado em oito classes de contas,
ceber e outras receitas derivadas, contas a re- sendo duas patrimoniais (Ativo e Passivo), duas
ceber de partes relacionadas e outros recebíveis. de resultado (Variação Patrimonial Diminutiva
Os estoques, por sua vez, podem ser subdivi- e Variação Patrimonial Aumentativa), duas de
didos, segundo a IPSAS 12 Estoques (Invento- controle orçamentário (Aprovação e Execução)
ries, em inglês), em rubricas como mercadorias, e duas de controle de atos potenciais (Controles
matéria-prima, produtos em elaboração e pro- Devedores e Controles Credores) (Quadro 3):
dutos acabados. (Nascimento, 2007).
As contas do Patrimônio Líquido devem Quadro 3 – Estrutura da Proposta do Plano de Contas
Nacional Brasileiro.
expressar o valor residual entre o Ativo e o Pas-
sivo, onde são indicados o capital, o superávit e CONTAS PATRIMONIAIS
1 – ATIVO 2 – PASSIVO
o deficit acumulado e eventuais reservas. As re-
Circulante Circulante
ceitas e despesas que se originam das atividades Não Circulante Não Circulante
operacionais devem distinguir-se das que se Patrimônio Líquido
originam da posse de ativos e do financiamento
CONTAS DE RESULTADO
das atividades da entidade.
3 – VARIAÇÃO 4 – VARIAÇÃO PATRIMONIAL
No caso das despesas, a subclassificação PATRIMONIAL AUMENTATIVA
tem como propósito revelar o custo e a recupe- DIMINUTIVA
ração dos custos de determinado programa, ati- Pessoal e Encargos Tributárias
Benefícios Sociais Contribuições
vidade e outros elementos da entidade, po- Uso de Bens e Serviços Serviços e Exploração de Bens
dendo ser agrupadas segundo a sua natureza, Financeiras Financeiras
Transferências Transferências
como, por exemplo: depreciação, compra de Tributárias e Outras Variações Patrimoniais
materiais, despesas de transporte e salários; ou, Contributivas Aumentativas
segundo sua função, por meio da classificação Outras Variações
Patrimoniais
das despesas conforme o programa ou a finali- Diminutivas
dade para que se destine.
CONTAS DE CONTROLE ORÇAMENTÁRIO
5 – CONTROLE DA 6 – CONTROLE DA
4.2 Proposta de plano de contas nacional APROVAÇÃO DO APROVAÇÃO DO
do governo brasileiro PLANEJAMENTO E PLANEJAMENTO E
ORÇAMENTO ORÇAMENTO
Para a concepção da proposta do plano de Planejamento Aprovado Execução do Planejamento
Orçamento Aprovado Execução do Orçamento
contas nacional do Governo brasileiro, a STN Inscrição de Restos a Execução de Restos a Pagar
instituiu o grupo de trabalho técnico com repre- Pagar
sentantes das mais diversas instituições gover-
CONTAS DE CONTROLE DE ATOS POTENCIAIS
namentais brasileiras, promovendo reuniões e
7 – CONTROLES 8 – CONTROLES CREDORES
debates com o objetivo de buscar uma estrutura DEVEDORES
de Plano de Contas que atendesse tanto aos pa- Atos Potenciais Execução dos Atos Potenciais
drões internacionais de Contabilidade com as A d m i n i s t r a ç ã o Execução da Adm.Financeira
Financeira Execução da Dívida Ativa
tipicidades próprias do Governo brasileiro. Dívida Ativa Execução dos Riscos Fiscais
O projeto do Plano de Contas Nacional foi Riscos Fiscais Controle de Custos
Custos Outros Controles
materializado em agosto de 2009, com a publi- Outros Controles
cação do volume IV – Plano de Contas Aplicado Fonte: Plano de Contas Aplicado ao Setor Público - Volume IV.
ao Setor Público (STN, 2009), que é parte do Ma-
nual de Contabilidade Aplicada ao Setor Pú- Comparativamente ao plano de contas em
blico, composto por tabela de atributos da conta vigor do Governo Federal, a mudança mais sig-
contábil, da relação de contas e da estrutura pa- nificativa trazida pela estrutura do Plano de
dronizada de lançamentos. O Manual encontra- Contas Nacional está nas contas de resultado,
-se em sua quarta edição e contempla o PCASP que passam a registrar apenas os fatos modifi-
cativos, mais adequados aos fundamentos da 28 de abril de 2010 (BOE 102, Sec I, p. 36960), foi
doutrina contábil. publicado o plano geral de contabilidade pú-
Os controles orçamentários também foram blica (PGCP), com o objetivo de padronizar os
preservados, ganhando classes de contas pró- critérios contábeis adotados pelas entidades da
prias (Controles da Aprovação do Planejamento e Administração Pública, a harmonização com os
Orçamento e Controles da Execução do Planeja- princípios utilizados pelas empresas privadas,
mento e Orçamento). As contas de compensação, como também a atualização com as normas in-
anteriormente classificadas no rol das contas pa- ternacionais, os quais serão exigidos a partir de
trimoniais, também receberam classes de contas 1º de janeiro de 2011.
específicas para controles de atos potenciais O Manual de Contas do Governo espa-
(Controles Devedores e Controles Credores). nhol é composto de cinco partes: marco concei-
Outro fator importante é a mudança na tual da contabilidade pública, normas de reco-
lógica contábil, que deixa de ser por sistema de nhecimento e avaliação, contas anuais, quadro
contas estanques e passa a ser por naturezas de de contas e definição e relação contábil. No
informação: patrimoniais (Classes 1, 2, 3 e 4), or- quadro de contas, são elencadas as contas utili-
çamentárias (5 e 6) e de controle (7 e 8). zadas na contabilização das transações reali-
Inicialmente, a padronização se dará até zadas. A quinta parte refere-se às definições e à
o quarto nível de desdobramento (Elemento), relação dos grupos, subgrupos e estrutura de
possibilitando que o próprio gestor promova contas (MEH, 2010) (Quadro 4):
os demais desdobramentos de acordo com a O quadro de contas do Governo espanhol
sua necessidade. é composto por 10 Classes de Contas, sendo
cinco patrimoniais (financiamento básico, ativo
4.3 Proposta de plano de contas geral do não corrente, existências e outros ativos em es-
governo espanhol tado de venda, credores e devedores e contas fi-
nanceiras), quatro de resultado (gastos por natu-
Conforme listado pelo IFAC, o Governo reza, ingressos por natureza, gastos imputados
espanhol está em processo de convergência às ao patrimônio líquido e Ingressos imputados ao
normas internacionais de contabilidade. Nessa patrimônio líquido) e uma classe de conta de
perspectiva, com relação ao plano de contas, em controle (Contas de Controle Orçamentário).
CONTAS PATRIMONIAIS
1 – FINANCIACIÓN BÁSICA 2 – ACTIVO NO CORRIENTE
Patrimonio.
Reservas.
Resultados.
Subvenciones y Ajustes por Cambio de Valor.
Provisiones a Largo Plazo.
Emprestitos y Otras Emisiones Análogas a Largo Plazo.
Inmovilizaciones Intangibles.
Deudas a Largo Plazo con Entidades del Grupo, Multigrupo y
Inmovilizaciones Materiales.
Asociadas.
Inversiones Inmobiliarias.
Deudas a Largo Plazo por Préstamos Recibidos y Otros Conceptos.
Inmovilizaciones Materiales e Inversiones Inmobiliarias en
Fianzas y Depositos Recibidos a Largo Plazo.
Curso.
Situaciones Transitorias de Financiacion.
Inversiones Financieras a Largo Plazo en Entidades del
Patrimonio.
Grupo, Multigrupo y Asociadas.
Reservas.
Otras Inversiones Financieras a Largo Plazo.
Resultados.
Fianzas y Depósitos Constituidos a Largo Plazo.
Subvenciones y Ajustes por Cambio de Valor.
Amortización Acumulada del Inmovilizado.
Provisiones a Largo Plazo.
Deterioro de Valor de Activos no Corrientes.
Emprestitos y Otras Emisiones Análogas a Largo Plazo.
Deudas a Largo Plazo con Entidades del Grupo, Multigrupo y
Asociadas.
Deudas a Largo Plazo por Préstamos Recibidos y Otros Conceptos.
Fianzas y Depositos Recibidos a Largo Plazo.
Situaciones Transitorias de Financiacion.
CONTAS DE RESULTADO
6 – COMPRAS Y GASTOS POR NATURALEZA 7 – VENTAS E INGRESOS POR NATURALEZA
Ventas e Ingresos por Inversiones Gestionadas
Compras. Variación de Existencias.
Variación de Existencias. Impuestos Directos y Cotizaciones Sociales.
Servicios Exteriores. Impuestos Indirectos.
Tributos. Tasas, Precios Públicos y Contribuciones Especiales.
Gastos de Personal y Prestaciones Sociales. Transferencias y Subvenciones.
Transferencias y Subvenciones. Ingresos Financieros.
Gastos Financieros. Beneficios Procedentes de Activos
Pérdidas Procedentes de Activos no Corrientes, Otros Gastos de no Corrientes, Otros Ingresos de Gestión Ordinaria e Ingresos
Gestion Ordinaria y Gastos Excepcionales. Excepcionales.
Dotaciones Para Amortizaciones. Trabajos Realizados para la Entidad.
Perdidas Por Deterioro. Excesos y Aplicaciones de Provisiones y de Pérdidas por
Deterioro.
8 – GASTOS IMPUTADOS AL PATRIMONIO NETO 9 – INGRESOS IMPUTADOS AL PATRIMONIO NETO
Ingresos por Valoración de Activos Financieros.
Perdidas por Valoración de Activos Financieros. Ingresos en Operaciones de Cobertura
Gastos en Operaciones de Cobertura. Ingresos por Valoracion del Inmovilizado no Financiero.
Gastos por Valoracion del Inmovilizado no Financiero. Ingresos por Subvenciones
Imputación de Subvenciones. Ingresos de Participaciones en el
Gastos de Participaciones en Entidades del Grupo, Multigrupo y Patrimonio de Entidades del Grupo,
Asociadas con Ajustes Valorativos Positivos Previos. Multigrupo y Asociadas con Ajustes
Valorativos Negativos Previos.
As contas contempladas na proposta Es- sim segregadas de forma distinta, sem corre-
panhola são singulares, com o fim de suprir lação com os outros planos de conta. Nas contas
seus objetivos particulares. Elas não estão total- patrimoniais, as cinco classes de contas rela-
mente alinhadas com as contas contempladas cionam-se quantitativamente com os outros
nas demonstrações contábeis das IPSAS, mas planos de contas, que normalmente também
possuem 5 classes. A diferença está no aspecto de contas foram segregadas em quatro grupos:
qualitativo dessas classes, pois a Espanha não patrimoniais, de resultado, de controle orça-
propõe a divisão exata entre contas do Ativo, mentário e de controle de atos potenciais, apre-
Passivo e Patrimônio Líquido. sentando os seguintes resultados (Quadro 5).
Com relação às contas de resultado, a pro-
Com relação à classe de contas patrimo-
posta espanhola traz quatro classes, diferente-
niais, verificou-se que a proposta do plano de
mente da proposta brasileira e das IPSAS, mas a
contas nacional brasileiro encontra-se alinhada
natureza das contas é a mesma, representando
com a estrutura de contas contemplada nas
apenas um maior detalhamento.
IPSAS, mas o mesmo não acontece com a pro-
No que se refere às contas de controle,
posta de plano de contas do Governo espanhol,
verifica-se que apenas uma classe aparece na
que traz uma classificação própria.
proposta do plano de contas do Governo espa-
Sobre as contas de resultado, a proposta
nhol, voltado para o controle orçamentário,
brasileira está de acordo com as contas contem-
contrariando o senso comum, que costuma
pladas nas IPSAS, apesar de trazer nomencla-
trazer mais desdobramentos. A proposta brasi-
tura própria (Variações Patrimoniais Ativas e
leira é mais robusta, trazendo também contas
Passivas). A proposta do Governo espanhol,
de controle para os atos potenciais.
por outro lado, traz quatro classes de contas de
resultado, com nomenclatura também distinta,
4.4 Quadro Comparativo mas é possível inferir que a diferença está no
maior detalhamento de tais contas, já que duas
Para verificar se o plano de contas na- delas equiparam-se a entradas ou receitas e as
cional a ser adotado pelo Governo brasileiro outras duas a saídas ou despesas.
está de acordo com os padrões internacionais de Em relação às contas de controle, a pro-
Contabilidade, foi efetuada análise entre a pro- posta do Governo brasileiro está alinhada ao
posta atualmente discutida no Brasil, a estru- disposto nas IPSAS. O Governo espanhol, da
tura de contas contemplada nas demonstrações sua parte, denominou essa classe de “ contas de
contábeis das IPSAS e o plano geral de contabi- controle orçamentário”, estabelecendo que seu
lidade pública do Governo espanhol. As classes uso será facultativo.
Financiamento básico
Ativo Circulante Ativo Circulante
Ativo não corrente
Ativo Não Circulante Ativo Não Circulante
Existências e outros ativos em estado
Patrimoniais Passivo Circulante Passivo Passivo Circulante
de venda Credores
Não Circulante Patrimônio Passivo Não Circulante
e Devedores Contas
Líquido Patrimônio Líquido
financeiras
Gastos por natureza
Variação Patrimonial
Diminutiva Venda e ingressos por
Receitas
Resultado natureza Gastos imputados
Despesas
Variação Patrimonial ao patrimônio líquido
Aumentativa Ingressos imputados ao patrimônio
líquido
Controles da Aprovação do
Controle Orçamento Aprovado Planejamento e Orçamento
Orçamentário Orçamento Executado Controles da Execução do Contas de Controle Orçamentário
Planejamento e Orçamento
Controles Devedores
Controle de Atos
Não Possui Não Possui
Potenciais
Controles Credores
Fonte: elaboração própria.