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MIGNOLO, Walter: Desobediência Epistêmica: a opção descolonial e o significado de

identidade em Política. In: Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: literatura, língua e


Identidade, n. 34. p. 287-324, 2008.

O argumento deste artigo se baseia em duas teses inter-relacionadas:

I - A primeira tese, a identidade NA política (melhor do que política de


identidade), é um movimento necessário de pensamento e ação no
sentido de romper as grades da moderna teoria política (na Europa
desde Maquiavel), que é - mesmo que não se perceba - racista e patriarcal
por negar o agenciamento político às pessoas classificadas como
inferiores (em termos de gênero, raça, sexualidade, etc).

II - A segunda tese se fundamenta no fato de que essas pessoas,


consideradas inferiores, tiveram negado o agenciamento epistêmico
pela mesma razão. Assim, toda mudança de descolonização política
(não-racistas, não heterossexualmente patriarcal) deve suscitar uma
desobediência política e epistêmica.

- O trabalho busca romper a moderna teoria politica europeia que, que mesmo que não
se perceba é racista e patriarcal. Assim deve-se suscitar uma desobediência política e
epistêmica.

A crítica ao paradigma europeu da racionalidade/modernidade é indispensável.


Ainda mais, é urgente. (Anibal Quijano, 1992)

QUIJANO, Anibal. Colonialidad y modernidade/racionalidade. In: BONILLA, Heaclio


(Org). En Los conquistados. 1492 y la población indígena de las América.. Quito:
Tercer Mundo-Libri Mundi Editors, 1992.

- Mignolo (2008, p. 288) observa que Quijano propõe a desobediência epistêmica. Sem
essa atitude, “permaneceremos no domínio da oposição interna aos conceitos modernos
e eurocentrados, enraizados nas categorias de conceitos gregos e latinos e nas
experiências e subjetividades formadas dessas bases, tanto teológicas quanto seculares”.
PARTE I

- “Identidade em politica” e não “politica de identidade” - A politica de identidade é


construída sob a marca do braço, heterossexual e masculino.

- A identidade em politica, em suma, é a única maneira de pensar descolonialmente (o


que significa pensar politicamente em termos e projetos de descolonização). Todas as
outras formas de pensar e de agir politicamente, ou seja, formas que não são
descoloniais, significam permanecer na razão imperial; ou seja, dentro da politica
imperial de identidades. (p. 290)

As identidades construídas pelos discursos europeus modernos eram raciais (isto é, a


matriz racial colonial) e patriarcais.

- A opção descolonial é epistêmica, ou seja, ela se desvincula dos fundamentos


genuínos dos conceitos ocidentais e da acumulação de conhecimento. Por
desvinculamento epistêmico não quero dizer abandono ou ignorância do que já foi
institucionalizado por todo o planeta (por exemplo, veja o que acontece agora nas
universidades chinesas e na institucionalização do conhecimento). Pretendo substituir a
geo- e a política de Estado de conhecimento de seu fundamento na história imperial do
Ocidente dos últimos cinco séculos, pela geo-política e a política de Estado de pessoas,
línguas, religiões, conceitos políticos e econômicos, subjetividades, etc., que foram
racializadas (ou seja, sua óbvia humanidade foi negada). Dessa maneira, por “Ocidente”
eu não quero me referir à geografia por si só, mas à geopolítica do conhecimento.
Consequentemente, a opção descolonial significa, entre outras coisas, aprender a
desaprender, á que nossos cérebros tinham sido programados pela razão
imperial/colonial. (p. 290)

- Uma das realizações da razão imperial foi a de afirmar-se como uma identidade
superior ao construir construtos inferiores (raciais, nacionais, religiosos, sexuais, de
gênero), e de expeli-los para fora da esfera normativa do “real”. Concordo que hoje não
há algo fora do sistema; mas há muitas exterioridades, quer dizer, o exterior construído
a partir do interior para limpar e manter seu espaço imperial. É da exterioridade, das
exterioridades pluriversais que circundam a modernidade imperial ocidental (quer dizer,
grego, latino, etc.), que as opções descoloniais se reposicionaram e emergiram com
força.
PARTE II

- Se no mundo moderno/colonial, a filosofia fez parte da formação e da transformação


da história européia desde o Renascimento europeu por sua população indígena descrita
como os cristãos ocidentais, tal conceito de filosofia (e teologia) foi a arma que mutilou
e silenciou raciocínios similares da África e da população indígena do Novo Mundo.
Por filosofia aqui eu entendo não apenas a formação disciplinar e normativa de uma
dada prática, mas a cosmologia que a realça. (p. 298)

- O pensamento descolonial é a estrado para a pluri-versalidade como um projeto


universal. O Estado pluri-nacional que os indígenas e os afros reivindicam fica nos
Andes, é uma manifestação particular do maior horizonte de pluri-versalidade e o
colapso de qualquer universal abstrato apresentado como bom para a humanidade
inteira, sua própria similaridade. Isto significa que a defesa da similaridade humana
sobre as diferenças humanas é sempre uma reivindicação feita pela posição privilegiada
da política de identidade no poder. (P. 300)

PARTE III

- Os argumentos descoloniais não eram argumentos baseados nas ciências sociais. Isso
porque eles não seguem uma “identidade disciplinar”. Isso é cair em um
jogo de identidade política (a identidade politica ocidental moderna eurocêntrica).

- Eurocentrismo não dá nome a um local geográfico, mas à hegemonia de uma forma


de pensar fundamentada no grego e no latim e nas seis línguas européias e imperiais da
modernidade; ou seja, modernidade/ colonialidade.

- O mundo moderno/colonial, e sua retórica moderna, justificando a economia


capitalista foi moldada pela “identidade disciplinar”.

- Os conceitos na história da filosofia europeia são mono-tópicos e uni-versais, não


pluri-tópicos e pluri-versais.
- Qualquer opção descolonial precisou lidar com a epistemologia de fronteira e o
pensamento de fronteira e duplas traduções como uma linha metodológica.

- Descolonial significa pensar a partir da exterioridade e em uma posição


epistêmica subalterna vis-à-vis à hegemonia epistêmica que cria, constrói, erege
um exterior a fim de assegurar sua interioridade (p. 304)

- Descolonial implica pensar a partir das línguas e das categorias de pensamentos


não incluídas nos fundamentos dos pensamentos ocidentais. (p. 305)

- Precisamos desatar o nó, aprender a desaprender, e aprender a reaprender a


cada passo (p. 305)

PARTE IV

- Os étnicos-latinos (ou seja, pessoas com descendência europeia na América do Sul e


no Caribe) são capturados na epistemologia da modernidade.

- Descolonização, ou melhor, descolonialidade, significa ao mesmo tempo:

a) desvelar a lógica da colonialidade e da reprodução da matriz colonial


do poder (que, é claro, significa uma economia capitalista); e

b) desconectar-se dos efeitos totalitários das subetividades e categorias de


pensamento ocidentais (por exemplo, o bem sucedido e progressivo
sujeito e prisioneiro cego do consumismo).

- Fraturas epistêmicas estão acontecendo pelo mundo (Foucalut “As palavras e as


coisas, Thomas Khun “A estrutura das revoluções científicas”), que vão além das já
descritas em autores tradicionais. A quebra epistêmica descolonial é algo mais. As
coisas começaram a mudar quando os povos indígenas ao redor do mundo clamaram
por sua própria cosmologia na organização econômica e do social, da educação e da
subjetividade; quando os afro-descendentes da América do Sul e do Caribe seguiram
um caminho semelhante; quando os intelectuais islâmicos e árabes romperam com a
bolha mágica da religião, da política e da ética do ocidente (p. 315)

- “La versant de-colonial” (ou a opção descolonial) está acontecendo em escala


global pela simples razão de que a lógica da coloniadade (ou seja, capitalismo,
formação de Estado, educação de uni-versidade, informação e mídia como
mercadori, etc.) tem e continua “nivelando o mundo” (p. 315)

- A interculturalidade deve ser entendida no contexto do pensamento e dos


projetos descoloniais. Ao contrário do multiculturalismo, que foi uma invenção do
Estado-nacio nos EUA para conceder “cultura” enquanto mantém
“epistemologia”, inter-culturalidade nos Andes é um conceito introduzido por
intelectuais indígenas para reivindicar direitos epistêmicos. A inter-cultura, na
verdade, significa inter-epistemologia, um diálogo intenso que é o diálogo do futuro
entre cosmologia não ocidental e ocidental. – INTERCULTURALIDADE vs.
MULTICULTURALIDADE.

PARTE V

- “Minha visão de modernidade não é definida como um período histórico do qual não
podemos escapar, mas sim como uma narrativa de um período histórico escrito por
aqueles que perceberam que eles eram os reais protagonistas. “Modernidade” era o
termo no qual eles espalhavam a visão heroica e triunfante da história que eles estavam
ajudando a construir. E aquela história era a história do capitalismo imperial e da
modernidade/colonialidade. (p. 316-317)

- O pensamento descolonial rejeita, desde o inicio, qualquer possibilidade de novos


resumos universais que irão substituir os existentes (liberais e seus “neos”, marxistas e
suas “neos”, cristãos e seus “neos”, ou islâmicos e seus “neos”), A era da abstração
“universal” chegou ao “fim”.

- Buscar uma “pluri-versidade” em vez de uma “uni-versidade”, organizada de acordo


com a cosmologia e a sabedoria (epistemologia) dos povos e das nações inigênas e
africanos.

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