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MM.

JUIZ DE DIREITO DA 9ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS ESPECIAIS DE DEFESA


DO CONSUMIDOR DA COMARCA DE SALVADOR/BA

Processo n. 0039713-37.2018.8.05.0001

EMPRESA BAIANA DE ÁGUAS E SANEAMENTO S/A — EMBASA —, sociedade de


economia mista inscrita no CNPJ sob o n. 13.504.675/0001-10, sediada à 4ª Avenida, n. 420,
Centro Administrativo da Bahia, Salvador/BA, CEP 41745-300, vem respeitosamente perante
V. Exa., através de seu advogado subscritor, apresentar sua

CONTESTAÇÃO

Em face da ação movida por MARIA CLARA DE OLIVEIRA GUMARAES, pelos fatos e
fundamentos jurídicos que passa a expor.

HABILITAÇÃO EXCLUSIVA DE ADVOGADO

A Embasa requer a habilitação exclusiva do advogado Jorge Kidelmir


Nascimento de Oliveira Filho, OAB/BA 30.291, com pedido expresso de que as comunicações
dos atos processuais sejam feitas exclusivamente em seu nome, sob pena de nulidade, à luz
do disposto no art. 272 do Código de Processo Civil.

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Assinado eletronicamente por: MARIA QUINTAS RADEL;
Código de validação do documento: 634be98a a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
DOS FATOS

A parte Autora afirma que, em 01/04/2015, como parte das obras de


construção do metrô de Salvador, a Companhia do Metrô da Bahia danificou uma grande
adutora que abastece alguns bairros de Salvador. Alega que reside em um desses bairros
afetados, e que ficou uma semana sem água, pois o fornecimento só foi restabelecido em
08/04/2015. Afirma que a situação foi notória, tanto que a Sucom autuou a Companhia do
Metrô por haver descumprido normas de segurança, pondo em risco a prestação de serviço
essencial para a população.
Ao final, requer indenização por danos morais.

DA INEXISTÊNCIA DE DEFEITO: CONSUMO DO IMÓVEL, NO


PERÍODO, FOI MAIOR DO QUE A MÉDIA!

O CONSUMO DA PARTE AUTORA AUMENTOU NO MÊS DO FATO!

A parte Demandante requer indenização por danos morais, alegando que


ficou desabastecido após 01/04/2015 em decorrência do notório rompimento de uma adutora,
causado pela Companhia do Metrô da Bahia em 01/04/2015. Afirma que o desabastecimento
ocasionou-lhe sérios transtornos, os quais constituem dano moral indenizável.
Infelizmente, precisamos mais uma vez chamar a atenção deste juízo para a
indústria do dano moral que se formou em torno do acidente causado pela Companhia do
Metrô em Abril/2015, e que, bem nutrida, já tenta até desbordar para outros fatos de menor
proporção. Centenas das pessoas que ingressaram com ações indenizatórias como esta não
sofreram absolutamente nenhum desabastecimento: muitos sequer moram em regiões
afetadas pela falta de água, tendo ingressado em juízo apenas para "jogar o barro na parede",
tentando lucrar na esteira das pessoas que realmente sofreram com o rompimento da
adutora.
Neste sentido, o consumo do imóvel da parte Autora teve alteração no
período do incidente narrado na Inicial — mas essa alteração foi para maior! O Histórico de
Consumo da parte Autora (anexo 01) demonstra que o consumo posterior a 01/04/2015
(fatura de referência de Maio/2015) foi maior do que o dos meses anteriores. Vejamos o
gráfico de consumo da parte Autora (destacamos a fatura que contém o consumo da semana
do incidente):

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Gráfico de Consumo - Matrícula 122653823
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mar/2016

jun/2016

nov/2016
dez/2016
ago/2015

ago/2016
O gráfico de consumo da parte Autora contraria suas alegações, pois
demonstra que o consumo do imóvel, no período impugnado, foi SUPERIOR à média de
consumo regular do imóvel. Ora, mm.! Se o imóvel tivesse ficado desabastecido durante
uma semana, deveria haver uma queda de um quarto do consumo em relação à média; por 15
dias, esse consumo deveria reduzir pela metade! Muito pelo contrário, o que podemos ver no
mês do rompimento da adutora é um consumo maior do que a média.
Mesmo que se aplique a inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII,
do CDC, as provas documentais constantes dos Autos demonstram que o consumo medido
está em consonância com o histórico de consumo do imóvel. Não houve diminuição do perfil
de consumo.
Diante do exposto, é completamente impertinente o pedido, visto que
O CONSUMO DO IMÓVEL AUMENTOU NO PERÍODO DO ACIDENTE CAUSADO PELA
CCR, o que demonstra que o Autor não foi afetado por desabastecimento! Por esta razão,
deve ser julgado improcedente o pedido.

DA CULPA EXCLUSIVA DE TERCEIRO — INTERESSE EGOÍSTA


DA COMPANHIA DO METRÔ

RESPONSABILIDADE OBJETIVA, RISCO DO NEGÓCIO, FORTUITOS INTERNO E


EXTERNO

O Código de Defesa do Consumidor, art. 14, § 3º, II, lembra que não há
responsabilidade do fornecedor por acidentes de consumo quando o fato for causado por culpa
exclusiva de terceiro — o que é o caso dos autos, como passamos a demonstrar.

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Ao ponderar a responsabilidade objetiva consumerista e suas excludentes —
das quais nos importa agora a culpa exclusiva de terceiro —, precisamos ter em mente os
conceitos de risco do negócio e de fortuito interno ou externo.
Num Estado de Direito que preza — ainda que minimamente — pelo bem
estar social, há uma dicotomia entre a livre iniciativa comercial e o bem estar social. Nenhuma
atividade humana é perfeita e isenta de erros; o mesmo ocorre com a indústria e com os
serviços. Estatisticamente, é inevitável que os produtos e serviços oferecidos no mercado
eventualmente apresentem mau funcionamento ou até mesmo causem acidentes danosos
para os consumidores. Em outras palavras: inevitável e estatisticamente, os produtos e
serviços oferecidos no mercado de consumo constituem um certo risco à coletividade,
um risco social.
Para se contrapor a isso, a lei pressupõe que o empreendedor tem maiores
condições técnicas de calcular, prever e evitar essas eventualidades — por isso, estabelece
que o empreendedor deve assumir esse risco. Trata-se do risco do negócio: o fornecedor
deve minimizar o risco e evitar os danos, e inserir a estatística de falhas do seu produto
ou serviço no seu cálculo empresarial, compensando, assim, o risco social com o risco do
negócio, e este com o preço do seu produto.
A partir deste raciocínio, o problema é de RAZOABILIDADE.
Alguns fatores e agentes são intrínsecos ao produto ou serviço: mesmo não
sendo ação direta do fornecedor, fazem parte da cadeia de fornecimento, ou são
razoavelmente previsíveis, e devem ser previstos no cálculo empresarial. É o que se chama
fortuito interno.
Outros agentes e fatores não fazem parte da cadeia de fornecimento e
tampouco se poderiam prever e evitar razoavelmente. Estes são casos de fortuito
externo, para os quais se vislumbra uma excludente do risco do negócio.
Nesta linha do fortuito externo, importa para nós, neste discurso, a culpa
exclusiva de terceiro.
Pode acontecer de um terceiro, completamente estranho à cadeia de
produção, forçar demasiadamente a fronteira do risco do negócio, causando, por culpa
exclusiva sua e de forma além da razoabilidade do cálculo empresarial, um acidente de
consumo. Neste caso, exclui-se a responsabilidade do fornecedor porque a ação do terceiro
exacerbou o risco razoável do negócio.
É o que nos diz Rizzatto Nunes:

Da mesma maneira como ocorre com o produto, também aqui é necessário que seja
terceiro mesmo, pessoa estranha à relação existente entre o consumidor e o prestador
do serviço, relação que é estabelecida pela aquisição do serviço.
Se a pessoa que causou o dano pertencer ao ciclo de produção do serviço — porque
serviço também tem seu ciclo próprio de produção —, executado pelo prestador
responsável, tal como seu empregado, seu preposto ou seu representante autônomo,
ele continua respondendo. Essa hipótese, a par de passível de ser estabelecida por

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interpretação do sistema de responsabilidade estatuída, tem, conforme já observamos,
correspondência na regra do art. 34 ("O fornecedor do produto ou serviço é
solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes
autônomos"), bem como naquelas outras também já apontadas do parágrafo único do
art. 7º e nos §§ 1º e 2º do art. 25.
[...]
Então, perguntamos, qual seria o fato de terceiro que realmente excluiria a
responsabilidade, quebrando o nexo de causalidade? O fato produzido por terceiro
capaz de evitar a responsabilidade tem de ser aquele, não só inevitável, como
também que não faça parte do risco da atividade, isto é, que não tenha qualquer
relação com a atividade do fornecedor. [...]

A hipótese corresponde com precisão ao caso dos autos.


É desnecessário ressaltar que o rompimento da adutora causado pela
CCR no em 01/04/2015 foi incidente completamente externo, não tendo nenhuma relação
com o serviço prestado pela Embasa (estavam realizando obras da construção do metrô de
Salvador, que nada têm a ver com o saneamento básico).
Além disso, como passaremos a esclarecer, a Embasa acompanhou o
incidente e prestou as orientações devidas; contudo, a CCR contrariou deliberadamente as
orientações dos engenheiros da Embasa, o que desborda absolutamente do razoável,
arremessando o caso para fora das fronteiras da possibilidade de cálculo empresarial de
risco — consagrando, portanto, a culpa exclusiva de terceiro como excludente de
responsabilidade, nos termos do art. 14, § 3º, II, do CDC.

DOLO EVENTUAL: CCR IGNOROU AS NORMAS TÉCNICAS DE ENGENHARIA E AS


ORIENTAÇÕES DOS ENGENHEIROS DA EMBASA POR MOTIVO TORPE

Como já dissemos acima, a ação deliberadamente negligente da CCR


(tomaríamos de empréstimo o conceito de dolo eventual) elevou o risco de ocorrência
de um acidente ao infinito — mais precisamente, a este infinito fático que denominamos
realidade.
Para piorar, o dolo eventual da CCR tem um motivo torpe, espúrio e
muito claro: cumprir o prazo de construção a qualquer custo, escusando-se da falta de
planejamento dela própria — e, lamentamos constatar, destruindo o trajeto do
abastecimento de água de parte relevante da cidade sem nenhum escrúpulo.
O rompimento da adutora não foi um incidente decorrente do desgaste
natural ou de causas fortuitas da natureza (os quais seriam fortuitos internos, razoavelmente
previstos no cálculo do risco empresarial da Embasa). Muito pelo contrário: a Embasa orientou
a CCR, esclareceu os limites das atividades que poderiam ser realizadas na região, e mesmo
assim, a Companhia do Metrô, sem fiscalizar adequadamente sua equipe, deliberadamente
aplicou pressão demasiada sobre a tubulação, realizando um aterro fora das normas técnicas
e transitando com veículos e maquinário pesado na faixa proibida.

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Não há que se falar em fortuito interno, nem em risco do negócio,
quando a ação dolosa ou negligente de terceiro realiza um risco que sequer existia!
Quanto à comprovação da ação dolosa — ou no mínimo negligente — da
Segunda Ré, requeremos a realização de perícia; além disso, trazemos o RELATÓRIO DE
APURAÇÃO DO ACIDENTE COM A ADUTORA DN 1.200, anexo a esta Contestação.
O referido relatório demonstra que foram fornecidas diversas orientações
para a CCR Metrô, em e-mails e reuniões, com estudos técnicos esclarecendo a carga
suportada pela adutora e a delimitação das faixas em que a adutora está instalada.
Portanto, ao executar as obras no local da referida adutora, a CCR tinha
conhecimento da existência e do posicionamento da rede, tendo executado serviços na
faixa da tubulação sem autorização ou aprovação da EMBASA, realizando um aterro no
local, que adicionado ao tráfego de veículos pesados e equipamentos diversos, com
suas respectivas vibrações, ocasionou o rompimento da tubulação.
Para piorar a situação, a altura e a localização do aterro realizado
contra as especificações técnicas dificultaram o reparo mais ágil da rede, por falta de
condições propícias.
A negligência da CCR é notória, reconhecida pela parte Autora na inicial. A
conduta irresponsável da Companhia do Metrô também foi verificada pela Secretaria
Municipal de Urbanismo. A SUCOM autuou a CCR por haver desobedecido as
condicionantes do item 1 dos alvarás de autorização n. 8619 e 6805, causando o rompimento
da adutora principal da Embasa, pondo em risco a segurança e integridade dos operários das
propriedades vizinhas e do público.

CONCLUSÃO

Forte na sua importante função social, e consciente da importância do


serviço que presta à sociedade, a Embasa — apesar de não ter motivado o dano na adutora e
não ter responsabilidade sobre os prejuízos apontados pela parte Autora — empreendeu
esforços imediatos para reparar o dano no local do incidente e regularizar o abastecimento de
água dos bairros afetados.
Assim, está claro que: a uma, a empresa Contestante não concorreu para a
ocorrência de qualquer dano causado à parte Autora por eventual desabastecimento; a duas, a
Embasa prestou a orientação técnica necessária à CCR, a qual, agindo com dolo eventual,
decidiu apostar na sorte; a três, não se pode falar que o rompimento foi risco do negócio, pois
a negligência (ou dolo eventual) da CCR criou um risco que sequer existia, fortuito este
completamente externo e impassível de ser computado no cálculo do risco empresarial.
Deste modo, resta evidenciado que o acidente aconteceu por negligência da
CCR Metrô Bahia, Segunda Ré — portanto, culpa exclusiva de terceiro, que exclui a
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responsabilidade da Embasa, nos termos do art. 14, § 3º, II, do CDC, razão pela qual eventual
indenização deve ser direcionada apenas à CCR.

DA INEXISTÊNCIA DE DEFEITO: PERMISSIVO LEGAL DE


INTERRUPÇÃO DO SERVIÇO

INEXISTÊNCIA DE VÍCIO: LEI 11.445/2007 PERMITE INTERRUPÇÃO NO SERVIÇO EM


SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA E PARA REALIZAÇÃO DE REPAROS

A parte Autora afirma que a interrupção no abastecimento de água em seu


imóvel durante uma semana causou-lhe danos morais indenizáveis.
Pela eventualidade, caso este juízo entenda que a parte Acionante foi
atingida pelo desabastecimento, ressaltamos que não houve defeito na prestação do serviço,
pois a Lei 11.445/2007 prevê a possibilidade de interrupção do serviço em situações de
emergência e por necessidade de efetuar reparos:

Art. 40. Os serviços poderão ser interrompidos pelo prestador nas seguintes
hipóteses:
I - situações de emergência que atinjam a segurança de pessoas e bens;
II - necessidade de efetuar reparos, modificações ou melhorias de qualquer
natureza nos sistemas;
III - negativa do usuário em permitir a instalação de dispositivo de leitura de água
consumida, após ter sido previamente notificado a respeito;
IV - manipulação indevida de qualquer tubulação, medidor ou outra instalação do
prestador, por parte do usuário; e
V - inadimplemento do usuário do serviço de abastecimento de água, do pagamento das
tarifas, após ter sido formalmente notificado.

Ora, mm.! O incidente do rompimento da adutora enquadra-se nas duas


hipóteses do art. 40, I e II.
Por um lado, é inegável que houve uma situação de emergência que
atingiu a segurança das pessoas afetadas. Por outro, nos locais em que houve
desabastecimento, este durou apenas o tempo estritamente necessário para realização
de reparos na adutora.
Como desenvolveremos melhor no próximo tópico, apesar do permissivo
legal de interrupção do serviço (emergência e necessidade de reparo), a Embasa não se
"recostou" na lei para agir de "corpo mole". Muito pelo contrário: agiu com a presteza
necessária, para corrigir o incidente com rapidez e minimizar os aborrecimentos que a CCR
causou à população afetada.
Além de diligenciar o conserto da adutora com a rapidez permitida pelo
estado da técnica, a Embasa, mesmo não sendo responsável pelo ocorrido, custeou diversas

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medidas mitigadoras dos transtornos, como carros-pipa e outras, que analisaremos nesta
Contestação em tópico específico.
Em síntese: o serviço de abastecimento foi prestado pela Embasa. Em
decorrência do incidente causado por culpa exclusiva de terceiro (o dolo eventual da CCR),
houve interrupção do abastecimento em algumas localidades. Imediatamente, a Embasa
empregou todos os meios disponíveis para a resolução ágil do problema e minimização dos
transtornos causados pela CCR, até a efetiva normalização do abastecimento.
Em análise perfunctória e açodada, tendemos a increpar a Embasa por
qualquer desabastecimento, e considerar que qualquer falta de água é uma impropriedade na
prestação do serviço — e, portanto, um vício. Contudo, isso não é verdade: a Lei 11.445/2007,
que estabelece normas gerais para o saneamento básico, revela o óbvio: às vezes, o
serviço precisa ser interrompido por questões técnicas, pela necessidade de reparos,
por emergências (como é o caso dos autos). Não se pode considerar que ocorreu
impropriedade na prestação do serviço quando a Embasa, abarcada por permissão legal
expressa, interrompe o serviço (inevitavelmente) para realizar reparos em danos
causados por terceiros!
Diante do exposto, e à luz da Lei 11.445/2007, art. 40, I e II, há permissão
legal expressa para realização de reparos e situações de emergência, razão pela qual não
houve defeito na prestação dos serviços.
Portanto, improcedente o pedido do Autor contra a Embasa, nos termos do
art. 14, § 3º, I, do CDC.

DA MITIGAÇÃO DOS ABORRECIMENTOS: MEDIDAS TOMADAS PELA


EMBASA EM PROL DOS CONSUMIDORES

Trata-se de acidente causado por culpa exclusiva de terceiro (culpa lato


sensu, mas que na verdade é um dolo eventual, pois a CCR descumpriu as normas técnicas
de segurança deliberadamente) Mesmo havendo culpa exclusiva de terceiro, a Embasa —
ciente de suas responsabilidades sociais e visando prestar um serviço de excelência,
adimplindo seu sempiterno compromisso de alta qualidade para com seus consumidores —
tomou diversas medidas de mitigação dos transtornos causados pela execrável desídia da
CCR.
De imediato, foi realizada manobra na rede, desviando parte da água
produzida nas Estações de Tratamento de Água do Sistema Bolandeira para os bairros que
foram atingidos pela adutora DN 1200.

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Esta providência conseguiu minimizar o desabastecimento causado pela
desídia da CCR, fazendo que com o abastecimento, embora diminuído, só passasse por uma
interrupção geral nos momentos específicos do reparo da adutora.
Além disso, conforme a Nota Técnica anexa, a Embasa adotou, dentre
outras, as seguintes medidas para mitigar os transtornos causados pela CCR:

 Disponibilizou canais de atendimento (call center, lojas de atendimento,


home page), para registro das reclamações e prestação de esclarecimentos;
 Divulgou de maneira contínua, nas mídias escrita, falada e televisiva, as
principais informações relativas ao desabastecimento na cidade de Salvador;
 Disponibilizou 40 (quarenta) carros pipa, para abastecimento emergencial
a hospitais, clínicas, áreas de segurança pública e comunidades em situação crítica;
 Incrementou em 11,2% a produção em Estações de Tratamento de Água
do Sistema Bolandeira;
 Realizou manobras, por meio de abertura e fechamento de diversos
registros, permitindo o abastecimento, em algumas horas do dia, em parte dos bairros
atingidos, etc.

Como afirmamos anteriormente, apesar do permissivo legal de


interrupção do serviço no caso de emergência e de necessidade de reparo, a Embasa
não utilizou a lei como escudo para agir "de corpo mole". Muito pelo contrário: agiu com a
presteza necessária, para corrigir o incidente com rapidez e minimizar os aborrecimentos que a
CCR causou à população afetada.
Além de diligenciar o conserto da adutora com a rapidez permitida pelo
estado da técnica, a Embasa, mesmo não sendo responsável pelo ocorrido, custeou
diversas medidas mitigadoras dos transtornos, enumeradas neste tópico, o que deixa
ainda mais claro o que já foi afirmado: após o incidente ocorrido por culpa exclusiva de
terceiro, não houve defeito na prestação do serviço, mas sim interrupção emergencial do
serviço para reparos na adutora, com expressa permissão legal.
Portanto, os pedidos formulados pela parte Autora devem ser julgados
improcedentes em relação à Embasa, por inexistência de defeito.

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LIBELO CONTRA A CORRUPÇÃO: COMBATE À INDÚSTRIA DO DANO
MORAL FORMADA AO REDOR DO ACIDENTE DA CCR

Não é sem grande dor no coração que precisamos chamar atenção e pedir a
parceria deste juízo para uma situação grave que se tem formado ao redor do incidente
causado pela CCR.
Têm chegado ao nosso conhecimento notícias de fatos altamente
atentatórios à ética, praticados por advogados que se especializaram em explorar ao
máximo o acidente da CCR: barracas montadas em festas populares para angariar
clientela; ingresso de ações sem ciência precisa do cliente, e sem que ele tenha
assinado procuração (e curiosamente, havendo nos autos procuração assinada); uso de
testemunhas profissionais instruídas ad hoc, especialistas em mentir para o juízo;
alegações de desabastecimento por pessoas que nunca tiveram problema e só querem
auferir algum lucro ilícito.
Condutas como estas ilustram problemas muito graves, que se
refletem em âmbito muito mais amplo do que um ou outro processo judicial.
O contexto político brasileiro atual demonstra uma massificação midiática de
escândalos de corrupção, cometidos por políticos e por toda sorte de agentes públicos e
particulares. Estes escândalos têm despertado um senso de ferocidade do povo contra a
corrupção — uma vigília feroz mas vazia, hipócrita.
Leandro Karnal, pensador brasileiro, sempre que palestra sobre corrupção,
presta tributo a tantos outros pensadores sociais e nos diz que os governantes são um reflexo
do povo. A corrupção não é um fenômeno que se gerou espontaneamente e acontece
isoladamente nas altas esferas do poder: muito pelo contrário, ela é uma implicação recíproca,
e atinge as altas esferas do poder como reflexo das ações na nossa vida cotidiana. O político
que cede a propostas indecorosas e vende sua influência não adquiriu nenhum "gene da
corrupção" ao vencer o pleito eleitoral. Ele não ganhou um módulo de corrupção junto com a
diplomação no cargo para o qual foi eleito. O caminho da corrupção não é isoladamente
descendente, e sim principalmente ascendente.
Os cidadãos comuns (como o advogado escritor deste texto e as pessoas
que o leem) estamos acostumados com as pequenas ilicitudes, com as pequenas tentativas de
lesar a coisa pública (ou seja, lesar o próximo) em benefício próprio; a microcorrupção está
em nosso dia-a-dia. Nós furamos a fila sob o pretexto de que é "só uma informação". Nós
dirigimos na faixa dos ciclistas, ou na via exclusiva para ônibus, para não dar aquela volta tão
grande, porque é "só uma roubadinha inocente". Nós estacionamos na vaga de idosos e
deficientes porque "é rapidinho e não tem outra vaga". Nós pagamos um despachante que tem
conhecidos que vão agilizar um serviço público. Nós, morando na área da comarca X,

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ajuizamos ações na comarca Y, manobrando normas de competência para que seja julgada na
vara em que trabalha o servidor conhecido, ou julgado pelo juiz amigo. Nós fraudamos um
hidrômetro para pagar menos água, mas usamos eufemismos e evitamos chamar de fraude ou
de roubo porque fraudar e roubar é coisa de corruptos e criminosos.
Nós fazemos tudo isso porque corrupto é sempre o outro, criminoso é
sempre o outro, nunca nós mesmos.
O político, o policial, o servidor e o juiz hipotéticos não se corromperam
quando adquiriram o cargo: eles apenas obtiveram um nível de influência maior; e seus atos,
feitos com o mesmo jeitinho, passam a ter uma área de influência maior e, portanto, mais
devastadora.
Daí o vazio fundamental da indignação popular contra a corrupção: o
indivíduo que se reveste de ufanismo cidadão e vai para uma passeata reclamar contra a
direita ou contra a esquerda é o mesmo indivíduo que dá a velha carteirada (se apresenta
como autoridade para ser atendido em primeiro lugar ou intimidar o interlocutor, em situações
nas quais a função exercida é irrelevante); que fura a fila do mercado; que ajuíza ações
sucessivas em comarca transversa para ser julgada por um amigo; que perfura o hidrômetro
ou faz gato para pagar menos.
A corrupção macro tem uma relação de implicação recíproca com a
corrupção micro; uma estimula e causa a outra.
Diante deste panorama, quando o Judiciário passa a mão pela cabeça, ou
facilita uma conduta que se refugiou, canhembora, além das fronteiras da ética, está
corroborando a prática da microcorrupção.
Por esta razão, a empresa Demandada apela para a compreensão cidadã
deste juízo, para que ajude a tornar o Brasil um país melhor e mais honesto e para que este
nobilíssimo juízo não corrobore nem estimule a prática da microcorrupção —
compreendendo que existe uma indústria multimilionária do dano moral referente ao
acidente causado pela CCR, e diligenciando para conhecer pessoalmente as partes,
ouvir com mais rigor e especial cuidado as testemunhas e manter os olhos abertos de
uma maneira geral.
Nesta vereda, é importante um olhar cuidoso para o presente processo,
evitando que ocorra um simulacro de justiça!

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INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS IN RE IPSA — PERMISSIVO LEGAL

A parte demandante alega que a interrupção do serviço em momento de


emergência, pelo tempo necessário à realização de reparo na rede, necessários por causa de
conduta de terceiro (CCR Metrô), causou-lhe danos morais indenizáveis.
Contudo, mm., como já afirmamos fartamente acima, é caso de culpa
exclusiva de terceiro — CCR Metrô, que pois a CCR ignorou as orientações da Embasa e
destruiu a adutora que abastece parte relevante da cidade com dolo eventual, pelo
motivo espúrio de não pagar multa administrativa pelo atraso na obra
Mesmo assim, e apesar dos obstáculos, a Embasa tomou diversas medidas
para mitigar os transtornos à população e realizou os reparos necessários de forma célere. A
interrupção nos serviços ocorreu pelo permissivo legal do art. 40, I e II, da Lei
11.445/2007, segundo o qual é lícita a interrupção da prestação do serviço no caso de
emergências que comprometam a segurança de pessoas e também para realização de
reparos no sistema.
Com todo respeito às opiniões divergentes, consideramos inaceitável
defender a existência de responsabilidade da Embasa, pois as ações da Embasa foram
céleres e comprometidas com a qualidade do serviço e prezaram por seu restabelecimento o
mais rápido possível.
Portanto, não há responsabilidade da Embasa, razão pela qual deve ser
rejeitado o pedido de danos morais formulado em face desta.

DO REQUERIMENTO DE PROVAS

DEPOIMENTO PESSOAL DA PARTE AUTORA

No caso dos autos, é imprescindível o depoimento pessoal da parte Autora.


Como já dissemos acima, foi criada uma indústria do dano moral após o acidente causado pela
CCR em Abril/2015, a qual desbordou para outros fatos de muito menor repercussão, e tem
engendrado ações em nome de pessoas que sequer têm ciência do ajuizamento das mesmas!
Além disso, como já afirmamos, o consumo do imóvel não apresentou
alteração relevante no mês em que ocorreu o incidente, razão pela qual requeremos o
depoimento pessoal da parte Autora.

4ª Avenida, nº 420 - Centro Administrativo da Bahia (CAB) - CEP 41.745-300 - Salvador, Bahia
www.embasa.ba.gov.br
Assinado eletronicamente por: MARIA QUINTAS RADEL;
Código de validação do documento: 634be98a a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
CONCLUSÃO

Diante do exposto, requer a este juízo:

1) No curso da instrução, o depoimento pessoal da parte Autora;


2) No mérito, que seja julgado improcedente o pedido em relação à
Embasa, tendo em vista que houve culpa exclusiva de terceiro (pois a CCR ignorou as
orientações da Embasa e destruiu a adutora que abastece parte relevante da cidade com dolo
eventual, pelo motivo espúrio de não pagar multa administrativa pelo atraso na obra), bem
como pela inexistência de defeito (pois a lei permite a interrupção do fornecimento em
emergências e para realizar reparos, o que a Embasa fez com celeridade).

Nestes termos, pede deferimento.


Salvador, 28 de junho de 2018,

Maria Quintas Radel


OAB/BA 30.260

4ª Avenida, nº 420 - Centro Administrativo da Bahia (CAB) - CEP 41.745-300 - Salvador, Bahia
www.embasa.ba.gov.br
Assinado eletronicamente por: MARIA QUINTAS RADEL;
Código de validação do documento: 634be98a a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.

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