OS TRATORES ESTÃO PRONTOS PARA DERRUBAR A COMUNIDADE DO
CAJUEIRO, EM SÃO LUÍS-MA!
Manifestamos nossa indignação contra a IMINENTE AMEAÇA DE
DESPEJO FORÇADO DE MORADORES DA COMUNIDADE DO CAJUEIRO para a construção de um porto privado da empresa WPR São Luís Gestão de Portos e Terminais Ltda (atual TUP Porto São Luís S/A) – pertencente ao grupo W Torre – em São Luís-MA, em enorme operação de despejo programada pela PM MA para ocorrer a qualquer momento a partir da manhã dessa segunda-feira, 12.08.2019. Denunciamos a existência de inúmeras arbitrariedades que subsidiam as medidas que estão sendo ordenadas contra a população tradicional do Cajueiro, pretendendo destruir suas casas, suas vidas e produzir consequências irreparáveis e irreversíveis. Estão mobilizados mais de 180 PMs para o trágico despejo, sem direito a qualquer contrapartida ou reassentamento. Em sequência, dentro de poucas semanas, deverão ser despejadas mais 80 famílias para construção da via de acesso ao terminal portuário. O território Cajueiro é composto por cinco pequenos núcleos: Parnauaçu, Andirobal, Guarimanduba, Morro do Egito e Cajueiro. Parnauaçu (exatamente onde se pretende construir o porto) está no perímetro da Reserva Extrativista de Tauá-Mirim, que, por sua vez, possui sentença protegendo seus habitantes contra atos de desapossamento, em sede da ação civil pública no 0036138-02.2013.4.01.3700 (8ª Vara Federal de São Luís-MA), movida pelo Ministério Público Federal, o que está sendo desconsiderado. Diversas estratégias ilícitas foram utilizadas pela empresa desde 2014: destruição arbitrária de casas na véspera do Natal de 2014; cooptação e desmobilização de moradores; utilização de milícia privada; impedimento de livre circulação em vias públicas; desmatamentos; aterramento de mangues e igarapés; entre outros. Diante das agressões da empresa à posse dos moradores do Cajueiro, a Defensoria Pública do Estado, em 2014, ajuizou Ação Civil Pública em sua defesa (ACP n. 46221- 97.2014.8.10.0001 – Vara de Interesses Coletivos e Difusos de São Luís-MA), tendo obtido sentença que proíbe a empresa portuária de quaisquer atos que impeçam o livre exercício da posse pelas/os moradoras/es do Cajueiro. Tal sentença continua em vigor, mas a empresa e o Governo do Maranhão tentam silenciar a sua existência. A decisão de reintegração de posse que buscam cumprir agora, portanto, conflita com tal sentença da ACP que protege a posse para a população do Cajueiro. A iminente operação de despejo forçado provém de um interdito proibitório movido em 2014 pela empresa portuária contra a União dos Moradores do Cajueiro. Em julho de 2019, foi concedida liminar contra a associação. Ainda que haja moradores afetados pela decisão que sequer são associados a ela (o que impede seu direito de defesa) e mesmo existindo decisão judicial conflitante, o Governo do Estado pretende realizar o despejo em operação-surpresa sem esclarecimento do dia exato em que ocorrerá, causando clima de terror entre os moradores. Há recursos no TJ MA enfrentando essas e outras graves ilegalidades, mas o poder econômico da empresa tem garantido apoio inclusive da Secretaria Estadual de Direitos Humanos para que a operação de despejo seja cumprida imediatamente, para criar-se um fato consumado e irreversível: a destruição da comunidade do Cajueiro. Assim, exigimos que o Governo do Maranhão suspenda, EM CARÁTER DE URGÊNCIA, a operação de reintegração de posse programada para ocorrer a qualquer momento a partir da manhã da segunda-feira, 12 de agosto de 2019, para CARTA PÚBLICA URGENTE EM DEFESA DO CAJUEIRO
que sejam elucidados todos os aspectos existentes em recursos judiciais em
tramitação no Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão.
Em 11 de agosto de 2019, assinam:
MPP – Movimento de Pescadores e Pescadoras
Central Sindical e Popular CSP – CONLUTAS GEDMMA – UFMA Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu do Maranhão , Pará, Piauí e Tocantins – MIQCB Justiça nos Trilhos Articulação Internacional de Atingidas e Atingidos pela Vale Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular NAJUP Negro Cosme – UFMA Coletivo Margarida Alves de Assessoria Popular Justiça Global Movimento Águas e Serras de Casa Branca, Brumadinho NERA – Núcleo de Estudos e Pesquisa em Questão Agrária – UFMA Centro de Defesa da Vida e Direitos Humanos Carmem Bascaran – IBASE Comissão Pastoral da Terra – CPT-MA Comissão de Direitos Humanos da OAB – MA Associação Agroecológica Tijupá NEGO – Núcleo de Estudos Geográficos- UFMA MAB Movimento dos Atingidos por Barragens MID Movimento em Defesa da Ilha MSP Movimento de Saúde pelos Povos Conselho Indigenista Missionário – CIMI – MA FEAB – Federação dos Estudantes de Agronomia do MA CÁRITAS Levante Popular da Juventude UNIQUITA – União dos Quilombos de Anajatuba ACESA – Ação Comunitária de Educação em Saúde e Agricultura Associação dos Produtores Rurais Quilombolas de Santa Rosa dos Pretos – Itapecuru Mirim MOQUIBOM - Movimento Quilombola do Maranhão Associação de Moradores do Residencial Eugênio Pereira Clube de Mães da Pindoba CEAFRO Maria Firmina – UFMA Coletivo de Mulheres Ufmistas