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Nilson Aguilar
1 - Introduç ão
Seja em nosso cotidiano, seja nos jornais, rá dio e televisão, deparamo-nos com inúmeras questõ es
econô micas, como:
• aumentos de preços;
• períodos de crise econô mica ou de crescimento;
• desemprego;
• setores que crescem mais do que outros;
• diferenças salariais;
• crises no balanço de pagamentos;
• vulnerabilidade externa;
• valorização ou desvalorização da taxa de câmbio;
• dívida externa;
• ociosidade em alguns setores de atividade;
• diferenças de renda entre as vá rias regiõ es do país;
• comportamento das taxas de juros;
• déficit governamental;
• elevação de impostos e tarifas públicas.
Esses temas, já rotineiros em nosso dia-a-dia, são discutidos pelos cidadãos comuns, que, com altas
doses de empirismo, têm opiniõ es formadas sobre as medidas que o Estado deve adotar. Um
estudante de Economia, de Direito ou de outra á rea pode vir a ocupar cargo de responsabilidade em
uma empresa ou na própria administração pública e necessitará de conhecimentos teóricos mais
sólidos para poder analisar os problemas econô micos que nos rodeiam diariamente.
O objetivo do estudo da Ciência Econô mica é analisar os problemas econô micos e formular
soluçõ es para resolvê-los, de forma a melhorar nossa qualidade de vida.
2 - Conceito de Economia
A palavra economia deriva do grego oikonomía (de óikos, casa; nómos, lei), que significa a
administração de uma casa, ou do Estado, e pode ser assim definida:
Os economistas estudam a forma com que os indivíduos, os diferentes coletivos, as empresas de
negócios e os governos alcançam seus objetivos no campo econô mico.
Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem)
empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los
entre as vá rias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. Estuda
os processos de produção, distribuição, comercialização e consumo de bens e serviços. Bem como
as variaçõ es e combinaçõ es na alocação dos fatores de produção (terra, capital, trabalho,
tecnologia), na distribuição de renda, na oferta e procura e nos preços das mercadorias. Estuda
também como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos escassos, que poderiam ter
utilizaçõ es alternativas, para produzir os mais variados tipos de bens.
Essa definição contém vá rios conceitos importantes, que são a base e o objeto do estudo da Ciência
Econô mica:
• escolha;
• escassez;
• necessidades;
• recursos;
• produção;
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Fundamentos de Economia - Apostila 1 - Prof. Nilson Aguilar
• distribuição.
Em qualquer sociedade, os recursos produtivos ou fatores de produçã o (mão-de-obra, terra,
matérias-primas, dentre outros) são limitados. Por outro lado, as necessidades humanas são
ilimitadas e sempre se renovam, por força do próprio crescimento populacional e do contínuo
desejo de elevação do padrão de vida. Independentemente do grau de desenvolvimento do país,
nenhum deles dispõ e de todos os recursos necessá rios para satisfazer todas as necessidades da
coletividade. Tem-se então um problema de escassez: recursos limitados contrapondo-se a
necessidades humanas ilimitadas.
Em função da escassez de recursos, toda sociedade tem de escolher entre alternativas de produção e
de distribuição dos resultados da atividade produtiva entre os vá rios grupos da sociedade. Essa é a
questão central do estudo da Economia: como alocar recursos produtivos limitados para satisfazer
todas as necessidades da populaçã o.
Evidentemente, se os recursos não fossem limitados, ou seja, se não existisse escassez, não seria
necessá rio estudar questõ es como inflação, desemprego, crescimento, déficit público,
vulnerabilidade externa e outras. Mas a realidade não é assim, e a sociedade tem de tomar decisõ es
sobre a melhor utilização de seus recursos, de forma a atender ao má ximo das necessidades
humanas.
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4 - Divisão do estudo econômico
A aná lise econô mica, para fins metodológicos e didá ticos, é normalmente dividida em quatro á reas
de estudo:
a. Microeconomia ou teoria de formaçã o de preços: Examina a formação de preços em mercados
específicos, ou seja, como consumidores e empresas interagem no mercado e como decidem os
preços e a quantidade para satisfazer a ambos simultaneamente. Estuda o comportamento de
cada “molécula econô mica” do sistema, por meio de preços e quantidades relativas, ou seja,
estuda o comportamento das unidades de consumo representadas pelos indivíduos e pelas
famílias; as empresas, suas produçõ es e custos; a produção e o preço de diversos bens, serviços
e fatores produtivos. Para exemplificar, pode-se citar a aná lise do funcionamento de empresas.
b. Macroeconomia: Estuda/ analisa a determinação e o comportamento dos grandes agregados
nacionais, como o produto interno bruto (PIB), investimento agregado, a poupança agregada, o
nível geral de preços, entre outros. Seu enfoque é basicamente de curto prazo (ou conjuntural), e
busca explicar como a economia opera sem a necessidade de compreender o comportamento de
cada indivíduo ou empresa que dela participam. Preocupa-se com o comportamento da
economia como um todo, por meio de preços e quantidades absolutos. Faz parte dela os
movimentos globais nos preços, na produção ou no emprego. Têm como objeto de estudo as
relaçõ es entre os grandes agregados estatísticos: a renda nacional, o nível de emprego e dos
preços, o consumo, a poupança e o investimento totais.
c. Economia internacional: Analisa as relaçõ es econô micas entre residentes e não-residentes do
país, as quais envolvem transaçõ es com bens e serviços e transaçõ es financeiras.
d. Desenvolvimento econô mico: Preocupa-se com a melhoria do padrão de vida da coletividade ao
longo do tempo. O enfoque é também macroeconô mico, mas centrado em questõ es estruturais e
de longo prazo (como progresso tecnológico, estratégias de crescimento).
5 - Multidisciplinaridade da Economia
Embora a Economia tenha seu núcleo de aná lise e seu objeto bem definidos, ela tem correlação com
outras ciências. Afinal, todas estudam a mesma realidade, e evidentemente há muitos pontos de
contato, onde são estabelecidas relaçõ es entre a Economia e outras á reas do conhecimento. Outra
boa justificativa para esta relação com outras disciplinas envolve buscar mais instrumental de
trabalho.
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estabelece entre a produção de bens e serviços e os fatores de produção utilizados no processo
produtivo. Daí surge a necessidade da utilização da Matemá tica e da Estatística como ferramentas
para estabelecer relaçõ es entre variá veis econô micas. A Matemá tica toma possível escrever de
forma resumida importantes conceitos e relaçõ es de Economia e permite aná lises econô micas na
forma de modelos analíticos, com poucas variá veis estratégicas, que resumem os aspectos
essenciais da questão em estudo.
Tomemos como exemplo uma importante relação econô mica: "O consumo nacional está
diretamente relacionado com a renda nacional". A expressão diz que o consumo (C) é uma função
(f) da renda nacional (RN). Ou seja, dada uma variação na renda nacional (RN), teremos uma
variação diretamente proporcional (na mesma direção) do consumo agregado (C). Como as relaçõ es
econô micas não são exatas, mas probabilísticas, recorre-se à Estatística. Em Economia tratamos de
leis probabilísticas. Na relação vista anteriormente, conhecendo o valor da renda nacional num
dado ano, não obtemos o valor exato do consumo, mas sim uma estimativa aproximada, já que o
consumo não depende só da renda nacional, mas de outros fatores (como condiçõ es de crédito,
juros, patrimô nio).
Se a Economia tivesse relaçõ es matemá ticas, tudo seria previsível. Porém, não existem no mundo
econô mico regularidades como equivalência entre massa e energia (leis de Newton). Na Economia,
o "á tomo" aprende, pensa, reage, projeta, finge. Imagine como seria a Física e a Química se o á tomo
pudesse aprender: aquelas regularidades desapareceriam. Os á tomos pensantes logo se agrupariam
em classes para defender seus interesses: teríamos uma "Física dos á tomos proletá rios", "Física dos
á tomos burgueses" e outros. Contudo, a Economia apresenta muitas regularidades, sendo que
algumas relaçõ es são inviolá veis. Por exemplo:
• o consumo nacional depende diretamente da renda nacional;
• a quantidade demandada de um bem tem uma relação inversamente proporcional com seu preço,
tudo o mais constante;
• as exportaçõ es e as importaçõ es dependem da taxa de câmbio.
A á rea da Economia que está voltada para a quantificação dos modelos chama-se Econometria, que
combina teoria econô mica, Matemá tica e Estatística.
Lembremo-nos, porém, de que a Matemá tica e a Estatística são instrumentos, ou ferramentas de
aná lise necessá rias para testar as proposiçõ es teóricas com os dados da realidade. Permitem colocar
à prova as hipóteses da teoria econô mica, mas são meios, e não fins em si mesmas. A questão da
técnica nos deve auxiliar, mas não predominar, quando tratamos de fatos econô micos, pois esses
sempre envolvem decisõ es que afetam relaçõ es humanas.
d. Economia e Política
Começou com a Grécia e Roma antiga, onde os estudiosos procuravam entender a economia, a ética
e a ciência política com a finalidade de desenvolver estudos sobre a agricultura, comércio, indústria,
tributos, escravatura, organização sócio-política, moeda, valor, juros, salá rios. Mais tarde, na Idade
Média, buscou-se também estudar a organização do estado e do relacionamento entre dirigentes e
dirigidos.
No ocidente atual, a relação entre a economia e a ciência política foi acentuada a partir da grande
depressão causada pela crise da bolsa de valores de NY (1929), ocorrendo uma modificação da
estrutura do sistema capitalista.
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A Economia e a política são á reas muito interligadas, tornando-se difícil estabelecer uma relação de
causalidade (causa e efeito) entre elas. A política fixa as instituiçõ es sobre as quais se
desenvolverão as atividades econô micas. Nesse sentido, a atividade econô mica se subordina à
estrutura e ao regime político do país (se é um regime democrá tico ou autoritá rio). Porém, por outro
lado, a estrutura política se encontra muitas vezes subordinada ao poder econô mico, Citemos apenas
alguns exemplos:
• política do "café com leite", antes de 1930, quando Minas Gerais e São Paulo dominavam o
cená rio político do país;
• poder econô mico dos latifundiá rios;
• poder dos oligopólios e monopólios;
• poder das corporaçõ es estatais,
e. Economia e História
Não é a principal fonte da analise econô mica, mas auxilia bastante a acompanhar as mudanças e
transformaçõ es culturais, a conhecer melhor o passado, entender o presente e antecipar o futuro.A
pesquisa histórica é extremamente útil e necessá ria para a Economia, pois facilita a compreensão do
presente e ajuda nas previsõ es. As guerras e revoluçõ es, por exemplo, alteraram o comportamento e
a evolução da Economia. Por outro lado, também os fatos econô micos afetam o desenrolar da
História. Alguns importantes períodos históricos são associados a fatores econô micos, como os
ciclos do ouro e da cana-de-açúcar no Brasil, e a Revolução Industrial, a quebra da Bolsa de Nova
York (1929), a crise do petróleo, que alteraram profundamente a história mundial. Em última
aná lise, as próprias guerras e revoluçõ es são permeadas por motivaçõ es econô micas.
f. Economia e Geografia
A Geografia não é o simples registro de acidentes geográ ficos e climá ticos. Ela nos permite avaliar
fatores muito úteis à aná lise econô mica, como as condiçõ es geoeconô micas dos mercados, a
concentração espacial dos fatores produtivos, a localização de empresas e a composição setorial da
atividade econô mica. Atualmente, algumas á reas de estudo econô mico estão relacionadas
diretamente com a Geografia, como a economia regional, a economia urbana, as teorias de
localização industrial e a demografia econô mica.
Estuda divergências ou diferenças do comportamento econô mico (instituiçõ es econô micas, formas
de organização da atividade produtiva) de país para país e as vezes de região para região em um
país.
g. Economia e Sociologia
Analisa a interação social, os comportamentos entre os grupos, sua mobilidade e estratificação
(formação de classes sociais), condiçõ es de vida, níveis de organização, e cultura da sociedade.
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6 - Crescente interesse pela economia e desenvolvimento econômico:
Eventos recentes que influenciaram os estudos da economia mundial:
• Grande depressã o de 30: estudiosos da economia buscaram encontrar caminhos para a
estabilização ocorrida em virtude da quebra da bolsa de NY (1929);
• 1936: John Maynard Keynes postula a moderna teoria da aná lise econô mica, onde propunha que
as políticas econô micas adotadas não funcionavam adequadamente, e sugeria que o Estado
deveria intervir como regulador da Economia.
• 1945: 55% da capacidade industrial voltada para armamentos (na época era considerado muito
mais lucrativo e tinha grande demanda); também houve um grande despertar para o crescimento
de povos subdesenvolvidos (foi motivado principalmente pela facilitação das economias
internacionais e também pela busca do bem-estar);
• 1946: invenção do Eniac (Pensilvânia University) – equipamento pesando 30 tons, com a
capacidade de fazer cá lculos balísticos complexos.
• Década de 50 e 60: busca pelo crescimento econô mico por países subdesenvolvidos:
o Desenvolvimento econô mico = condição de bem estar (apesar de muitas vezes o bem-
estar não estar relacionado ao progresso)
o Globalização em fase acelerada no começo da década de 50.
o As naçõ es pobres sofriam com a explosão demográ fica, desequilíbrio ecológico,
exploração desequilibrada e consumo destrutivo.
• 1969: criação da primeira infra-estrutura global de comunicaçõ es e os respectivos protocolos
(ARPANET – o precursor da Internet).
• 1985: instauração da Perestroika (que significa reconstrução, reestruturação) foi, em conjunto
com a Glasnost, uma das políticas introduzidas na União Soviética por Mikhail Gorbachev, em
1985. Ganhou a conotação de “reestruturação econô mica”. (Gorbachev sentiu que a economia
da União Soviética estava decaindo, e percebeu que o sistema socialista, apesar de não ter de
ser substituído, certamente necessitava de uma reforma - uma das idéias principais era a de
reduzir a quantidade de dinheiro gasta na defesa nacional).
• Fim de 1989: queda do Muro de Berlim e reunificação das Alemanhas Oriental e Ocidental.
• 1990: operadores privados começaram a criar as suas próprias infra-estruturas, e as restriçõ es à
comercialização da Internet foram totalmente abolidas, aparecendo a World Wide Web, o
desenvolvimento dos browsers, a diminuição de custos de acesso, o aumento de conteúdos,
entre outros fatores, fizeram com que a Internet tivesse um crescimento exponencial.
• Fim de 1991: decretado o fim da URSS.
• 1992: estabelecido o Tratado da União Européia (normalmente conhecido como Tratado de
Maastricht), ou mercado único europeu (que nada mais é do que uma união aduaneira), com
uma moeda única (o euro, adotado por 13 dos 27 estados membros) e políticas agrícola, de
pescas, comercial e de transportes comuns.
• fim do século XX: surgimento da questão crucial sobre a aceleração do crescimento econô mico
das economias periféricas. Globalização acelerada principalmente depois do tremendo avanço
tecnológico das telecomunicaçõ es, dos computadores em rede e da Internet.
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Demanda Oferta
Famílias
Fluxo Real da Empresas
Oferta
Economia Demanda
Famílias
Fluxo Monetário Empresas
da Economia
Remuneração dos fatores de produção
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9 – Definiç ão de Escassez
Escassez envolve não somente aquilo que existe em pouca quantidade disponível, mas sim, pessoas
desejando muito mais do que pode ser satisfeito com os recursos disponíveis (não confundir com
pobreza, pois até os ricos desejam mais). Resumindo, o bem para ser escasso precisa ser
primeiramente desejá vel, e a escassez é a fonte de toda escolha.
• Escassez de recursos produtivos/ ou fatores de produçã o (mo., terra, matérias-primas, etc.)
bens limitados por conta da necessidade humana de elevação do bem-estar ou do padrão de
vida humano e do excessivo crescimento populacional.
• Escolha: as pessoas são obrigadas a fazerem escolhas, quando existe escassez, pois as
pessoas devem escolher qual o uso que será realizado e qual não será realizado (custo de
oportunidade).
10.1 - Utilidade total e utilidade marginal: Ao final do século passado, alguns economistas
elaboraram o conceito de utilidade marginal e dele derivaram a curva da demanda e suas
propriedades. Com isto, tem-se que a utilidade total tende a aumentar quanto maior a quantidade
consumida do bem ou serviço. Entretanto, a utilidade marginal, que é a satisfaçã o adicional (na
margem) obtida pelo consumo de mais uma unidade do bem, é decrescente, porque o consumidor
vai perdendo a capacidade de percepçã o da utilidade proporcionada por mais uma unidade do
bem, chegando à saturaçã o.
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O chamado paradoxo da á gua e do diamante ilustra a importância do conceito de utilidade marginal.
Por que a á gua, mais necessá ria, é tão barata, e o diamante, supérfluo, tem preço tão elevado?
Ocorre que a á gua tem grande utilidade total, mas baixa utilidade marginal (é abundante), enquanto
o diamante, por ser escasso, tem grande utilidade marginal.
U S U
Q Q
Legendas:
U – Utilidade
Q – Quantidade
S – Satisfaç ão
10.2 - Teoria Cardinal: Os economistas Gossen (1854), Jevons (1871) e Walras (1874)
acreditavam que a utilidade era uma característica mensurá vel das mercadorias, ou seja, poderia ser
medida. Acreditavam também que a utilidade era uma qualidade "aditiva", isto é, a satisfação do
consumidor era a soma das utilidades obtidas no consumo dos bens e serviços de sua cesta de
mercadorias. A Teoria Cardinal supunha que a utilidade podia ser medida cardinalmente.
Exemplificando, uma xícara de café daria ao seu consumidor 3 unidades de utilidade, ou 3 "utis".
Se, juntamente com a xícara de café, o consumidor comesse um pedaço de pão que lhe fornecesse 4
"utis", a satisfação total do consumidor seria 3 "utis" do café somadas às 4 "utis" do pão, isto é, 7
"utis". O fato de a utilidade total do consumidor do nosso exemplo ser de 7 "utis" ilustra a
propriedade aditiva da utilidade.
Basicamente, duas críticas podem ser feitas à teoria cardinal da utilidade. A primeira refere-se à
mensuração da utilidade. Por ser uma qualidade avaliada subjetivamente, pois depende da escala de
utilidade estabelecida pelo consumidor para cada bem, o que impossibilita a generalização dessa
forma de mensuração. A segunda crítica diz respeito à propriedade aditiva da utilidade. Sabemos
que existem alguns bens que, quando consumidos ao mesmo tempo, têm uma utilidade maior do
que quando consumidos isoladamente. Nesse caso, não é possível somar as utilidades de cada bem
para se obter a utilidade total. Assim, uma pessoa que come um prato de arroz com feijão, por
exemplo, está obtendo uma utilidade bem maior do que se consumisse o arroz e o feijão
separadamente.
Resumindo, a utilidade é medida em “utis”, não é influenciada pelo consumo de outros bens e a
utilidade é a somatória da utilidade medida de cada bem separadamente (p.ex., macarrão com
molho é analisado separadamente). A utilidade total da cesta de mercadorias (que é o conjunto de
diversos bens e serviços que o consumidor adquire com sua renda) seria igual à soma das
utilidades de cada bem em separado.
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10.3 - Teoria Ordinal: Os economistas Edgeworth (1881), Antonelli (1886), Fischer (1892) e
Pareto (1906) contornaram os principais problemas da teoria cardinal e deram à teoria do
comportamento do consumidor a forma que conhecemos hoje. Essa formulação é conhecida como
Teoria Ordinal do comportamento do consumidor. Inicialmente, esses economistas reconheceram
que a utilidade não é uma qualidade aditiva e passaram a estudá -la como sendo decorrente do
consumo de todos os bens simultaneamente. Dessa forma, a quantidade consumida de um bem
interfere na utilidade de outro bem. Por exemplo: geralmente, as pessoas tomam café com açúcar,
numa dada proporção, mas se for colocado muito açúcar no café, ele ficará tão ruim que não será
consumido, perdendo, conseqüentemente, sua utilidade.
Por outro lado, convencidos de que a utilidade dos bens, apesar de incontestá vel, é uma qualidade
de avaliação subjetiva, os quatro economistas abandonaram a idéia de medi-la cardinalmente,
através de "utis". Antes, reconhecendo que o consumidor prefere alguns bens e serviços a outros,
introduziram uma ordem de preferência para qualificar a utilidade. Assim, pode-se dizer que um
bem tem mais utilidade do que outros, mas não se estabelece a quantidade de utilidade
correspondente de cada um. Para a teoria ordinal, portanto, se uma pessoa prefere chá a café, o chá ,
para essa pessoa, tem mais utilidade do que o café. Mais uma vez, é importante ressaltar que a
teoria ordinal apenas ordena os bens, não lhes atribuindo nenhuma quantidade de utilidade.
Os conceitos de Teoria Ordinal e Cardinal estudados dão-nos uma idéia do esforço feito pelos
economistas para tentar encontrar os fundamentos da teoria do consumidor, isto é, os motivos que
levam uma pessoa a comprar determinados bens e em certas quantidades. Cronologicamente, surgiu
primeiro a Teoria Cardinal, que foi logo refutada e abandonada, vindo, em seguida, a Teoria
Ordinal, que se mantém até hoje como fundamento da teoria do consumidor.
11 – Tipos de Bens:
Um bem representa qualquer coisa que tenha utilidade, podendo satisfazer uma necessidade ou
suprir uma carência. Os BENS apresentam utilidade para a satisfação das necessidades, podendo ser
escassos ou abundantes.
Tipos de bens:
a) Bens Econô micos: São os bens escassos, e em decorrência disso, possuem preço.
b) Bens complementares: precisam de uma combinação com outro bem para satisfazer uma
necessidade. (café com açúcar, automóvel com gasolina, etc)
c) Bens de Giffen: ocorrem quando há uma relação direta entre o preço e a quantidade procurada,
isto é, para aumentos de preço, há aumentos de quantidade procurada (p.ex.: artigos de luxo).
d) Bens inferiores: um bem é inferior quando existe uma relação inversa entre a quantidade
procurada do bem e a renda do consumidor (ou a renda média de grupos de consumidores, em
estudos de mercado).
e) Bens Durá veis: categoria de bens que tem utilidade durante um período de tempo. Abrange os
bens de consumo durá veis e os de capital.
• Bens de capital e/ou produçã o: servem para a produção de outros bens, especialmente os
bens de consumo, tais como má quinas, equipamentos, material de transporte e instalaçõ es de
uma indústria.
• Bens de consumo durá veis: são bens que prestam serviço durante um período de tempo
relativamente longo (Ex.: má quina de lavar roupa ou automóvel).
• Bens de consumo nã o-durá veis: são bens que são usados somente uma vez (ex.: alimentos)
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f) Bens Intermediá rios: São bens manufaturados ou matérias-primas processadas que são
empregados para a produção de outros bens finais (ex.: lingote de aço que será usado para fazer
uma peça de um automóvel).
g) Bens Livres: São bens abundantes na natureza, e não possuem preço, satisfazem as necessidades
e suprem as carências sem custo algum (ex.: o ar e luz do sol).
h) Bens ordiná rios: são aqueles bens cuja curva de demanda obedece a lei de demanda (quanto
menor o preço, maior a quantidade procurada e vice-versa).
i) Bens públicos: são os bens ou serviços passíveis de serem usados por todos, não importando
quem paga por seu consumo ou utilização (justiça, saúde, educação, segurança publica,
rodovias, etc.).
j) Bens Salá rio: Conjunto de bens que em cada país constitui a cesta de consumo bá sico do
trabalhador, segundo seu padrão de vida. São formados pelos artigos de primeira necessidade
para o trabalhador e p/ a família, como os alimentos, o vestuá rio, a habitação, o transporte e os
serviços de educação e saúde (o salá rio mínimo deve ser suficiente para proporcionar essa
quantidade mínima de bens). São os bens de consumo dos trabalhadores, ou de consumo
popular.
k) Bens Substitutos: são aqueles bens cuja quantidades demandadas respectivas alteram-se em
sentido contrario, dada uma variação do preço de um deles. P.ex., o aumento do preço do café
reduz sua quantidade demandada e aumenta a quantidade demandada do chá .
l) Bens superiores: ocorrem quando se observa uma relação direta entre a quantidade procurada
do bem e a renda do consumidor (ou a renda média de grupos de consumidores, em estudos de
mercado)
m) Fatores de produçã o (FP): Também chamados de recursos de produção da economia, são
compostos pelos recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), terra, capital e
tecnologia. Cada FP tem uma remuneração específica:
Exemplos de FP e suas remunerações:
Fator de Produção: Remuneração:
Trabalho Salá rio
Capital Juros
Terra Aluguel
Tecnologia Royalty (ies)
Capacidade empresarial Lucro
12 – Introduç ão à Microeconomia:
Também chamada de “Teoria dos Preç os”, é responsá vel pela aná lise da formação de preços no
mercado, ou melhor, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o preço e a
quantidade de determinado bem ou serviço em mercados específicos.
Sua preocupação é a formação de preços de B&S (p.ex. soja, automóveis) e de FP (salá rios,
aluguéis, lucros)
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• Teoria dos Custos de Produção
• Oferta de Mercado
c) Aná lise das Estruturas de Mercado:
• Oferta e Demanda (O&D) – determinam preço e quantidade de equilíbrio de um bem ou
serviço (só que o mercado é competitivo).
• Na aná lise da estrutura de mercado avaliam-se os efeitos da O&D, tanto no mercado de bens
e serviços (B&S), como no mercado de Fatores de Produção (FP).
d) Estruturas do mercado de B&S:
• Concorrência perfeita (estrutura em que ocorre a incapacidade de influenciar preços do
mercado, pois existe livre movimentação dos ofertantes e é indiferente para o comprador
comprar de um ou de outro ofertante);
• Concorrência imperfeita ou monopolista (situação em que duas ou mais empresas possuírem
controle sobre os preços, sem ficar sujeito a concorrência de substitutos perfeitos um do
outro, e os ofertantes podem influenciar a demanda e os preços);
• Monopólio (situação em que uma empresa domina a oferta de determinado bem ou serviço,
que não tem substituto);
• Oligopólio (concentração da propriedade em poucas empresas de grande porte, e estas
detêm o controle da maior parcela ofertada no mercado).
e) Estruturas do mercado de FP:
• Concorrência perfeita
• Concorrência imperfeita
• Monopsô nio (estrutura de mercado em que existe apenas uma empresa compradora de
determinada matéria-prima ou produto primá rio)
• Oligopsô nio (poucas empresas de grande porte, são as compradoras de determinada matéria-
prima ou produto primá rio)
Obs.: Aqui, a procura de FP se chama demanda derivada, porque a demanda de insumos (mo,
K) está condicionada (ou deriva) pela procura do produto final da empresa no mercado de B&S.
f) Teoria do Equilíbrio Geral:
• Leva em conta as inter-relaçõ es entre todos os mercados (usa de muita abstração,
envolvendo cá lculos complexos e diversos modelos matemá ticos).
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bens precisa da TVU pois somente os custos de produção (TVT) não bastam para explicar o
comportamento, necessitando também dos gostos, há bitos, renda e etc.
Escala de procura
Preç o Quantidade
demandada
1,00 11.000
3,00 9.000
6,00 6.000
8,00 4.000
10,00 2.000
Curva de Procura
Função demanda: Qd=F[P]
è na equação, mostra-se que a quantidade é função do preço (ou seja, a qtde. depende do preço).
A inclinação da curva é negativamente inclinada, por conta do efeito substituição (quando o preço
do bem aumenta, o consumidor procura outro bem que satisfaça a sua necessidade) e do efeito
renda (quando aumenta o preço, a qtde demandada diminui por conta da perda de poder aquisitivo).
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As outras variá veis que afetam a procura de um bem ou serviço são: bens inferiores (se o
consumidor ficar mais rico, irá diminuir a demanda por carne de segunda, substituindo-a por carne
de primeira), bem de consumo saciado (a demanda não é afetada pela renda, como por exemplo, o
arroz e feijão, farinha e sal), preço de outros bens (bens substitutos ou concorrentes – p.ex. aumenta
o preço da carne, aumenta a procura por peixe ou frango), e os bens complementares (p.ex.:qtde de
automóveis e o preço da gasolina ou do seguro).
Obs.: demanda é diferente de qtde. demandada: demanda é a curva ou toda a escala, e qtde.
demandada é um ponto especifico dessa curva.
15 – Oferta de Mercado:
Pode-se conceituar oferta como as vá rias quantidades que os produtores desejam oferecer ao
mercado em determinado período de tempo. Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende
de vá rios fatores; dentre eles, de seu próprio preço, do preço (custo) dos fatores de produção e das
metas ou objetivos dos empresá rios ofertantes.
Diferentemente da função demanda, a função oferta mostra uma correlação direta entre quantidade
ofertada e nível de preços, coeteris paribus. É a chamada lei geral da oferta.
A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem deve-se ao fato de que,
coeteris paribus, um aumento do preço de mercado estimula as empresas a elevar a produção; novas
empresas serão atraídas, aumentando a quantidade ofertada do produto.
Além do preço do bem, a oferta de um bem ou serviço é afetada pelos custos dos fatores de
produção (matérias-primas, salá rios, preço da terra), por alteraçõ es tecnológicas e pelo aumento do
número de empresas no mercado.
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Escala de oferta
Preç o Quantidade
ofertada
1,00 1.000
3,00 3.000
6,00 6.000
8,00 8.000
10,00 10.000
Curva de oferta
Função ou equação da oferta: Qo=F[P]
è Pela lei geral da oferta, a curva é diretamente proporcional entre quantidade e preços (CP), ou
positivamente inclinada, pois o aumento dos preços estimula a elevação da produção e a qtde
ofertada (e essa oferta é afetada pelos custos dos FP, por alteraçõ es tecnológicas, e pelo aumento de
empresas no mercado.
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16 – Equilíbrio de Mercado:
A interação das curvas de demanda e de oferta determina o preço e a quantidade de equilíbrio de um
bem ou serviço em um dado mercado. Ou seja, quando ocorre o cruzamento entre as curvas de
oferta e demanda, o preço de equilíbrio de mercado é estabelecido.
Observe a tabela abaixo e compare com o grá fico da próxima pá gina:
Preç o Qo Qd situaç ão
1,00 11000 1000 excesso de procura/ escassez de oferta
3,00 9000 3000 excesso de procura / escassez de oferta
6,00 6000 6000 Equilíbrio entre oferta e procura
8,00 4000 8000 excesso de oferta / escassez de procura
10,00 2000 10000 excesso de oferta / escassez de procura
Legendas: Qo – Quantidade ofertada
Qd – Quantidade demandada
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excesso de demanda acabe. O novo equilíbrio se dará ao preço PI e quantidade QI (ponto B).
Da mesma forma, um deslocamento da curva de oferta afetará a quantidade de mercado e o preço de
equilíbrio. Suponha, para exemplificar, que haja uma diminuição dos preços das matérias-primas
usadas na produção do bem X. Conseqüentemente, a curva de oferta do bem X se deslocará para a
direita, e, por raciocínio aná logo ao anterior, o preço de equilíbrio se tornará menor e a quantidade
maior.
No ponto C, se o trabalhador escolheu 2hs para cada produto, produzirá 7 cadeiras e 14 bancos.
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• Qualquer ponto em cima da
curva significa que a
economia irá operar a plena
capacidade (ou ponto de
eficiência, ou pleno
emprego), usando todos os
fatores de produção (FP)
disponíveis.
• No ponto Y, a economia está
operando com capacidade
ociosa ou desemprego (FP
subutilizados ou ponto de
ineficiência).
• O ponto Z ultrapassa a
capacidade de produção
possível, pois a economia
dispõ e de recursos
insuficientes para obter essa
quantidade de bens (pontos
inatingíveis).
• O formato cô ncavo da CPP mostra que acréscimos iguais na produção envolvem decréscimos
proporcionais ou maiores.
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