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MANUAL DE CAPACITAÇÃO
TEOLÓGICA PARA
DIÁCONOS
Belém
2019
Manual de Capacitação Teológica para Diáconos – Carlos Matias – Bach. em Teologia. (91) 98044-3509.
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ÍNDICE
1. PREFÁCIO 3
3. O SIGNIFICADO DO BATISMO 9
8. MALDIÇÃO HEREDITÁRIA 32
Manual de Capacitação Teológica para Diáconos – Carlos Matias – Bach. em Teologia. (91) 98044-3509.
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PREFÁCIO
É com muita alegria e gratidão a Deus que vos apresento meu Manual de Capacitação
Teológica para Diáconos. Agora em sua 2ª edição revisada e ampliada, incluí os
capítulos de “Soteriologia” e “A Arqueologia e as Profecias”, além de acréscimos
significativos em “O Significado do Batismo” e “Dons Espirituais e Ministeriais”.
Fruto de um ano pesquisas, este manual autodidata tem como meta principal propiciar
um preparo teológico mínimo àqueles diáconos que – assim como em At 6:1-6 – foram
escolhidos para servir à igreja. Além de evitar a implosão e impedir o desvirtuamento
das doutrinas e dos valores cristãos no seio da igreja, nosso objetivo é proporcionar --
em uma linguagem acessível, clara e concisa -- o acesso ao conteúdo de algumas
matérias ministradas em cursos teológicos a quem ainda não teve a oportunidade de
frequentar um curso livre ou faculdade de Teologia.
Como soldados de Jesus, que venhamos usar de forma ousada, habilidosa e harmônica
o conhecimento do evangelho, que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele
que nele crê. Precisamos desconstruir todos os argumentos contrários ao
conhecimento do único Deus vivo e verdadeiro, resultando com isto levar todo
pensamento cativo à obediência de Cristo.
Por fim, que possamos corrigir com mansidão os que se opõe à verdade, na esperança
de que Jesus, finalmente, lhes conceda um verdadeiro e fervoroso arrependimento,
para glória de Deus Pai. Manter a noiva de Cristo incorruptível é o que Deus espera de
nós. Paulo adverte que devemos manejar bem a Palavra da verdade, logo, nosso maior
desafio hoje, sem dúvida, é regatar o pentecostalismo clássico dos pioneiros Daniel
Berg e Gunnar Vingren e potencializá-lo com o ensino teológico, portanto mãos à obra
e bons estudos.
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No A. T. temos exemplos de pessoas que tentaram cultuar a Deus do seu jeito e ele
não aceitou, a começar pelas religiões pagãs que ofereciam os filhos e se retalhavam,
dentre outras coisas que Deus nunca pediu, tampouco ordenou ao seu povo que o
fizessem em homenagem a ele (Dt 18:9-14). A Lei de Deus regula o culto no Antigo
Testamento mais do que qualquer outra área da vida. Por isso, devemos prestar mais
atenção no que diz respeito ao nosso culto a Deus, do que outras coisas importantes
da vida como: “que carreira devo seguir? ” Ou “com quem vou me casar? ” Isso mostra
que o princípio por trás do Princípio é consistente e correto.
Vejamos como Deus tratou o princípio regulador do culto, por exemplo, com Nadabe e
Abiú. Eles trouxeram um fogo estranho que o Senhor Jeová não tinha ordenado, um
foguinho maravilhoso para incrementar e abrilhantar o culto, mas o que foi que Deus
fez? Fogo neles, foram consumidos! (Lv 10:1-10).
Houve muita confusão durante a Reforma Protestante porque todos estavam de acordo
que o culto católico estava errado com o uso e adoração de imagens, venda de
indulgências, uso de velas, dentre outras coisas, mas quando chegou na questão da
vestimenta dos pregadores uma ala achava que o pastor deveria usar uma veste
especial diferente da do povo porque a bíblia não proibia, contudo outros diziam que
não porque a bíblia não manda.
Hoje muitos questionam: Afinal pode acender vela? Pode ter ministério de dança? Pode
ter “festa country” no mês de junho para rivalizar com a festa de São João? E Jogo de
luz? Raio laser? Gelo seco? Pode-se usar o fundo musical na hora de mensagem para
“ajudar” o Espírito Santo a convencer o pecador? Infelizmente há muitas igrejas que
defendem que “se não está proibido pode tudo”, o que é muito perigoso. A questão é
que essas inovações já descaracterizaram o cristianismo local em muitas igrejas e
comunidades devido ao sincretismo religioso exagerado pela mistura de costumes e
doutrinas mutuamente excludentes e incongruentes entre si.
Então o espírito do cristão deve perguntar se o que estamos fazendo no culto está na
bíblia e pode ser provado na Escritura? Se não pode então não deveria estar no culto,
não deve ser admitido. Temos na bíblia exemplo de pessoas que ofereciam a Deus
animais aleijados, doentes ou até mesmo roubados (Ml 1:13).
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Nos três primeiros mandamentos do decálogo temos alguns dos primeiros princípios
reguladores do culto revelados por Deus ao seu povo de como devemos adorá-lo e
servi-lo, portanto o culto verdadeiro é aquele que é feito de acordo com os princípios
de Palavra de Deus (Êx 20:1-7). Que princípios são estes? Deus é espírito e importa
que o adoremos em espírito e em verdade (Jo 4:22-24).
Outra dúvida que surge é: As mulheres são proibidas de falar no culto? (1 Co 14:34-
35). Com base na compreensão do contexto do N.T. é difícil conceber que todo e
qualquer ministério seja negado às mulheres. Se em 1 Co 11.5 é permitido que as
mulheres podem orar e profetizar, então aqui devemos entender a proibição como o
abuso de tal liberdade. Ter de perguntar ao marido na igreja significaria falar em voz
alta, pois ele se sentava do outro lado da congregação.
O resultado disso é que vivemos em uma época de implosão de valores, vemos isto em
muitos países, em instituições de ensino, partidos políticos, etc., e –- mais
recentemente — em igrejas. Há um esforço consciente de setores ligados a teologia
liberal para redefinir a igreja, não mais como comunidade da Palavra e corpo de Cristo,
do batismo e da ceia, mas como uma comunidade de pessoas com interesses comuns
e mesmos interesses religiosos.
Argumentam que não é correto estarmos presos a um sistema de ética definido por um
livro escrito a dois mil anos atrás e áreas como arrependimento, expiação, cruz,
ressureição e fé são descartadas sem nenhum pudor. O liberalismo teológico, o
cessacionismo e a teologia da prosperidade distorceram a doutrina bíblica.
Os chamados cristãos liberais tendem a adotar seja qual for a prática adotada pela
sociedade que os cerca, além disso, muitos conceitos bíblicos são considerados coisas
ultrapassadas e que não tem mais serventia para a sociedade moderna. Para eles, o
cristianismo não é um dogma a ser crido, mas um modo de viver e conviver, um
caminho de vida portador de uma mente aberta para o diálogo politicamente correto
com posições contrárias. São movimentos como esses que tentam influenciar nosso
culto, nossa adoração, nossas doutrinas e costumes (1 Co 14:37).
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Argumentam que a única chamada ética cristã é crer em Deus e contanto que creiamos
em Jesus basicamente podemos fazer o que quisermos com nossa vida. Se pecarmos,
não temos com que nos preocupar porque o sangue de Jesus nos purifica de todo o
pecado e está tudo bem. A justificação também é enfatizada em detrimento da
santificação, pois se todos os nossos pecados já foram perdoados, então não existe
razão para nos preocuparmos com o pecado.
Ademais, quando a pregação é fraca em uma igreja e a mensagem não alcança o efeito
desejado, outra coisa precisa preencher esse vazio, esse espaço, e é aí que surgem
as diversas práticas mundanas e sincretistas com o objetivo de “incrementar”, ou de
“abrilhantar” o culto, transformando-o muitas vezes em um verdadeiro programa de
animação de auditório ou em uma comédia stand-up.
O conceito de culto
Estes são os elementos que compõem o culto a Deus. Estes elementos, contudo,
devem ser realizados da maneira correta, ou seja, com ordem e decência (1 Co cap.
11-14:). O culto deve ser feito de uma forma que conduza as pessoas a terem um
encontro íntimo e pessoal com Cristo (Jo 14:23).
O culto deve ser espiritual, centrado na Palavra de Deus e tem que ter como objetivo
glorificar a Deus e edificar a igreja (Rm 12:1-2). Isto é o que encontramos no ensino
geral das Escrituras de como devemos cultuar a Deus segundo a sua vontade, portanto
tudo aquilo que estiver em contradição com estas recomendações é invenção humana,
pura tradição e doutrina dos homens e não deve ser aceito no seio da igreja (At 20:29-
31; 1 Tm 6:3-5). É fundamental considerar que tudo o que engloba a fé genuinamente
cristã está amparado em um relacionamento íntimo e pessoal com Deus.
Se o culto é oferecido a Deus então tudo que a gente faz deve ser voltado a Deus, a
Jesus Cristo. Os hinos, os cânticos, a leitura da Escritura tem que apontar para Deus,
as orações devem ser feitas a Deus e a pregação da Palavra tem que mostrar quem é
Deus: os seus planos, suas promessas, o seu infinito amor para conosco.
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Tudo no culto deve apontar para a obra vicária, para o sacrifício único e suficiente, para
o sangue do Cordeiro de Deus derramado por nós, pois a morte de Cristo satisfez as
exigências da Lei quanto à morte pelos nossos pecados.
Não devemos inventar nada indo além do que está escrito, mas devemos procurar na
bíblia o que Deus já revelou para que nós o adoremos do jeito que ele quer e não do
jeito que a gente imagina. Não somos livres para introduzir no culto formas de adoração
estranhas ao que está escrito na bíblia. A bíblia é o princípio que vai nortear o culto a
Deus. Tudo o que for contrário a bíblia não deve ser admitido no culto.
No pentecostalismo brasileiro a emoção de uma forma geral muita das vezes virou o
nosso ídolo. Ninguém sente o mover do Espírito a menos que um irmão chore, outro
caia duro no chão ou o pregador dê uma “rajada de línguas estranhas”. De fato, nosso
desafio de nos mantermos fiéis à trindade no culto evangélico pentecostal não é tarefa
fácil. Os nossos pioneiros fizeram um bom trabalho nos seus dias; resta fazermos o
mesmo.
Em vista disso, também é comum em muitas igrejas dirigentes de louvor que forçam as
pessoas a levantarem as mãos, pularem e ficarem de pé. Há também os pregadores
de constrangem às pessoas a interagirem com a pessoa ao lado e ficarem fazendo
repetições de tudo que eles fazem e dizem, isso também não deixa de ser uma forma
de ataque à nossa liberdade de culto e consciência. A consciência do crente não pode
ser cativa senão às sagradas escrituras.
A Bíblia transcende culturas e épocas, por isso devemos continuar removendo os ídolos
dos nossos cultos e continuar protegendo a liberdade culto e consciência do rebanho,
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sempre observando o prescrito na escritura pelos apóstolos e por nosso Senhor Jesus
Cristo. Prescrito quer dizer que devemos ter embasamento bíblico para tudo que
venhamos a utilizar no nosso culto público porque é o que nos diferencia dos católicos
e das demais igrejas adeptas do cessacionismo e do mercantilismo da fé.
O princípio regulador é bem bíblico e pode ser usado de uma forma equilibrada,
ajudando as igrejas locais a serem contextualizadas e ainda assim manterem suas
raízes no ensino geral da Palavra de Deus. O culto deve ser racional, pois tem que
passar pela nossa mente e pelo nosso entendimento (1Co 14:14-20).
É aí que as nossas emoções são afetadas, quando choramos, quando nos alegramos,
quando sentimos tristeza pelos nossos pecados, enfim tudo isso somente após termos
tido o entendimento de Deus e da sua presença, porque vimos a sua glória e
percebemos a grandeza do evangelho e de Deus (Is 6:1-5; Rm 12:1-2).
Devemos rejeitar todo e qualquer sincretismo religioso. A igreja é quem tem que
influenciar o mundo, mas em não poucos ministérios o inverso está acontecendo, ou
seja, a filosofia e o modo de vida do mundo é que tem influenciado e servido de padrão
de vida e valores, inclusive na adoração do culto, com a introdução de práticas
católicas, espíritas, umbandistas, humanistas e até superstições.
A Palavra tem que ser o centro do culto e da adoração e tem que ocupar o lugar principal
e de destaque. Ao contrário do que muitos ministros dizem – sem medir suas palavras
– o momento mais importante do culto não é quando recolhemos os dízimos e ofertas,
mas sim a exposição do evangelho, que é o poder de Deus para salvação de todo
aquele que nele crê (Mt 23:19).
O resultado de tanta inovação e sincretismo religioso é que muitas igrejas precisam
voltar às suas origens, porque perderam a ortodoxia e o fervor, pois só cresceram em
números, mas não em qualidade. Cada vez mais as pessoas estão se “convencendo”
a se tornarem cristãs ao invés de se converterem a Cristo e para mudar isso precisamos
de uma teologia bíblica banhada com óleo, com unção, com fervor, comprometida com
a necessidade de um novo nascimento, de uma mudança de mentalidade, de frutos
verdadeiramente dignos de arrependimento.
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O SIGNIFICADO DO BATISMO
Batismo: Ordenança ou Sacramento?
O sacramentum era o juramento que o soldado romano prestava de obedecer ao seu
comandante, ainda que a preço da sua morte. Semelhantemente, o batismo é um
sacramento, no sentido de representar um voto de aliança com Cristo, o nosso
salvador.
O batismo, portanto, como sacramento é um ato sagrado em que o ‘mandamento” e a
“promessa” divina estão unidos a sinais ou elementos visíveis prescritos pelo próprio
Deus para dar, confirmar ou aumentar a graça e, quando devidamente realizado, resulta
em edificação e fortalecimento espiritual para os crentes.
O batismo cristão é a imersão do crente na água como sinal de sua anterior entrada
para a comunhão da morte e ressurreição de Cristo, ou seja, em sinal de sua
regeneração por intermédio de sua união com Cristo (Mt 28:19; Rm 6:3-5; Cl 2:11-12).
O próprio Cristo reconheceu que a comissão de João Batista fora recebida diretamente
de Deus (Mt 21:25; Jo 1:25) e ao se submeter ao batismo de João, Cristo deu
testemunho da obrigação do batismo (Mt 3:13-17). Essa submissão só pode ser
explicada com base no fato de que “Deus o fez pecado por nós” (2 Co 5:21). O batismo,
portanto, é uma lei inviolável e irrevogável da igreja (Jo 4:1-2; Mt 28:19-20).
A única diferença entre o batismo de João e o dos nossos dias é que João batizava
baseado na profissão de fé de um Salvador que ainda estava por vir, enquanto o
batismo agora ministrado baseia-se na profissão de fé de um Salvador que já veio. O
ministério de João Batista foi preliminar e serviu como preparação dos homens para o
recebimento de um batismo mais espiritual e profundo.
Os elementos de verdade contidos no batismo são: 1- confissão dos pecados e
humilhação por causa dele, como merecimento pela morte; 2- declaração da morte de
Cristo pelo pecado e da aceitação da obra substitutiva da parte do crente; 3- o
reconhecimento de que a alma se tornou participante da vida de Cristo e agora vive
nele e para Ele.
O ato do batismo cristão indica que o crente deixou de andar pelo caminho da
autossuficiência pecaminosa e passou a andar pelo “novo caminho” (Rm 6:4), da
mesma maneira que, após sua ressurreição, Jesus estava andando em uma nova
maneira de viver. Assim, o crente é exortado a “andar no Espírito” (Gl 5:16), e não mais
a andar segundo a carne. O “andar dignamente” (Rm 13:13) é mais bem compreendido
quando contrastado com o andar indigno de quem vive em orgias, bebedices,
imoralidades, dissoluções, contendas e ciúmes.
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Não sabemos se Jesus batizou ou não os seus discípulos, mas o que se sabe é que a
tarefa de imergir, desde o começo ou desde algum tempo mais tarde, foi delegada por
Jesus aos seus discípulos (Jo 4:1-2). O ofício de Jesus era batizar com o Espírito Santo,
e aos seus discípulos foi deixado o encargo de administrar o ato simbólico.
Paulo chegou a esclarecer que Cristo não o enviou a batizar, mas sim a pregar o
evangelho. Como explicar essas suas palavras, se o batismo faz parte integrante do
evangelho? É simples, o batismo deve ser aplicado a pessoas salvas e não a fim de
salvar os perdidos. O batismo como sacramento em si não transmite graça (salvação)
ao participante do mesmo, sendo, contudo, uma expressão representativa da
obediência do mesmo à vontade de Deus.
Ordenança: A palavra vem do latim, de ordo (inis), relativa a ordinari, "ordenar". Daí, é
que se deriva a palavra ordinans (antis), "ordenança", significando "uma regra
autoritária, um decreto, uma lei, um rito religioso, uma disposição ou posição, um
desígnio”.
O catolicismo romano, por sua vez, considera as ordenanças como conferindo graça e
produzindo santidade, pois acreditam que são “meios físicos” de constituir e manter
uma união com Cristo. Também acreditam em sete sacramentos, que são: ordenação,
confirmação, matrimônio, extrema-unção, penitência, batismo e eucaristia.
As ordenanças prescritas por Jesus, contudo, são apenas o Batismo e a Ceia. Na
teologia da igreja católica romana existe o também “batismo de desejo”, que no caso
de ser impossível batizar, considera-se batismo o desejo de ser batizado, desde de que
haja contrição (arrependimento pleno, dor profunda por se haver ofendido a Deus) e
amor perfeitos.
Nas igrejas pentecostais, o batismo em águas é considerado uma ordenança deixada
por Cristo à igreja. Evita-se o uso do termo sacramento, aplicado ao batismo em águas
como forma de não se confundir com o que é ensinado pela igreja católica a respeito
dos sacramentos.
No Novo Testamento, vemos que os apóstolos foram ordenados pelo Senhor (Jo
15:16). Em At 6:6 os diáconos foram ordenados para o serviço de socorro aos
necessitados. Nesse aspecto, a ordenação é um rito de consagração ou separação de
obreiros. A ordenança tem o sentido de "ordem", "mandamento", "determinação", logo,
o sacramento pode ser entendido como uma ordenança.
Como o batismo em águas foi determinado por Jesus (Mc 16.16), os evangélicos em
geral assumem que esse rito sagrado é uma ordenança especial, deixada por Cristo à
sua igreja. A ideia do batismo como sacramento, no sentido exagerado que lhe fora
dado, levou certos crentes do quarto e do quinto séculos a entenderem o rito batismal
como um sacramento que transmite a salvação da alma, como os católicos ainda
acreditam.
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Com isso, querem dizer que uma pessoa não pode ser salva se não for batizada, nem
mesmo uma criança inocente, por isso batizam recém-nascidos. Tal sentido, aplicado
ao batismo, não tem fundamento no ensino geral das escrituras (Ef 2:8-9).
O batismo e a santa ceia não são absolutamente necessários para a salvação, mas são
obrigatórios em vista do preceito divino. A negligência voluntária do seu uso ocasiona
a falência espiritual como acontece em toda desobediência persistente a Deus (Lc 7:30;
Jo 6:53;1Co 11:30). Ambos não originam a fé, mas a pressupõem e são ministrados
onde se supõe a existência da fé (At 2:41; 16:14,15,30,33; 1Co 11:23-32).
Algumas igrejas enfatizam que a coisa essencial que é simbolizada no batismo não é
a morte e ressurreição com Cristo, mas a purificação e limpeza dos pecados. É verdade
que o batismo também que é um símbolo óbvio de lavagem e limpeza e que as águas
do batismo simbolizam a limpeza e purificação dos pecados, como efeito da morte e
ressurreição com Cristo, mas somente se realizado devidamente (imersão) resulta em
edificação e fortalecimento espiritual aos partícipes (Cl 2:12).
Paulo fala da "lavagem da regeneração “, embora a palavra batismo não seja usada
nesta passagem é certamente verdade que há uma purificação dos pecados, que
ocorre no momento da conversão (Tt 3:5-6). A nossa implantação no corpo de Cristo
se torna efetiva pelo batismo. No batismo encontramos graça para subjugar o velho
homem e fortalecer-nos do novo, mantendo nosso voto batismal (Rm 6:3-6).
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Dizer que a lavagem dos pecados é o único fato (ou até mesmo o mais essencial)
ilustrado no batismo não representa fielmente o ensinamento do Novo Testamento. O
importante nesta questão é não perder de vista o significado e a beleza do batismo,
que ocasionam bênçãos para a igreja, já que o batismo nas águas pressupõe a
regeneração efetuada pelo Espírito Santo.
A quem a igreja deve batizar?
Na Nova Aliança é apropriado que os bebês não sejam batizados porque o batismo é
dado apenas para aqueles que dão provas de fé salvadora genuína, porque os
membros da igreja baseiam-se na realidade espiritual e não nos filhos biológicos. As
crianças têm natureza humana pecaminosa e são nascidas já em corrupção, portanto
perdidas em pecado (Rm 7:17-18; 8:20; Sl 51:5; 1 Tm 2:4-5), logo, a bíblia não indica
em nenhum momento que elas são sem pecado ou dignas do batismo, mas que sua
receptividade para o ensino é de humildade, intensa avidez e demonstram confiança
sincera que ilustram os traços necessários para a admissão no reino de Deus e seu
Cristo (Mt 19:14).
Dizer que a regeneração vai acontecer no futuro, quando a criança tiver idade suficiente
para vir à fé salvadora, como justificativa para o batismo é absurdo, porque é incerto se
a criança será regenerada no futuro, pois algumas crianças que são batizadas nunca
confessam a Cristo como Senhor e Salvador. Logo, o batismo simboliza o fato de que
a regeneração interna já aconteceu e não o contrário.
A bíblia declara expressamente que as criancinhas também podem crer (Mt 18:1-6),
por isso ensina que tanto adultos como crianças – desde que já possuam maturidade
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para tal -- podem ser batizados (Is 7:14-16; At 10:44-48). Sua fé também não é uma
mera “fé potencial”, mas fé real, salvífica, também capaz de alcançar as promessas de
Deus oferecidas no batismo (1 Jo 2:12-14), assim, o batismo no Novo Testamento é um
sinal do nascer de novo, do ser purificado do pecado e o início da vida cristã, portanto
é conveniente reservar este sinal para aqueles que dão provas de que a fé cristã e o
arrependimento são uma realidade em suas vidas.
Por fim, uma implicação prática do pedobatismo é que aqueles que foram submetidos
a ele venham supor que já foram regenerados e, portanto, não sentem a necessidade
e urgência de um novo nascimento, de uma ação regeneradora e transformadora pelo
Espírito Santo, resultando com isso membros não convertidos, perdidos dentro da
igreja.
Batismo pelos mortos: Analisando 1 Co 15:29. Não se pode afirmar que o batismo
possa ser realizado em favor daqueles que já morreram sem essa ordenança ou
sacramento. Este tipo de batismo era praticado por alguns hereges que, embora Paulo
não aprovasse, apenas cita o que eles tinham feito como um argumento contra suas
crenças, pois se submetiam a ele por não crerem na ressureição.
Quem pode batizar?
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legislativo, mas somente executivo, portanto, só a autoridade que impôs as leis pode
modificá-las ou revogá-las, caso contrário a igreja estaria acima tanto das Escrituras
como de Cristo, como se procede no catolicismo (Mt. 5:19).
Somente a imersão satisfaz o desígnio da ordenança:
1. Porque só ela pode simbolizar a natureza radical da mudança efetuada na
regeneração – da morte espiritual para a vida espiritual.
2. Porque apenas a imersão pode estabelecer o fato de que essa mudança se deve
à entrada da alma em comunhão com a morte e ressurreição de Cristo.
Métodos usados para o batismo
Imersão: Os batistas e evangélicos pentecostais em geral aceitam a ideia de que o
batismo deve ser feito por imersão (mergulhar em água), seguido de emersão (sair da
água), visto que esse ato simboliza o "sepultamento/ressurreição" do batizando. Tal
entendimento tem base em Rm 6:3-5.
Para isto, necessária se faz uma autêntica confissão de fé, mediante a qual a pessoa
a ser batizada confirma sua convicção de ser um verdadeiro discípulo de Cristo, já tendo
entregado sua vida e ele e aceitando-o como único e suficiente salvador (Jo 3:4-8).
Desta forma, entendemos que a fórmula trinitária é a mais correta e adequada para
batismo.
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O batismo na história
A instituição do batismo é uma ordem imperativa de Deus (Jo 1:33), que deve ser
observada até Jesus vir buscar sua igreja, contudo no mundo antigo e na época do N.T.
o batismo não era uma coisa inteiramente nova. Algumas religiões pagãs dispunham
de batismos por elas mesmas estabelecidos, contudo estes são de feitura humana e,
portanto, ineficazes.
Tornar-se muçulmano é um processo simples: tudo que uma pessoa tem que fazer é
dizer uma frase chamada testemunho de fé (shahada), que é pronunciada como: eu
testemunho “la ilaha illa allah, muhammad rasoolu allah”
Essas palavras árabes significam “não há verdadeiro Deus (divindade), exceto allah, e
muhammad (maomé) é o mensageiro (profeta) de Deus”. Uma vez que uma pessoa diz
o testemunho de fé (shahada) ela se torna muçulmana. A palavra “muçulmano” significa
“aquele que se submete a vontade de Deus”.
Judaísmo
Uma cerimônia de conversão será marcada. Ela irá envolver um banho como ritual (a
imersão total do corpo em um mikveh), e se for um homem não circuncisado, precisará
passar pela circuncisão. Escolhe-se um nome em hebraico, porém o nome civil não é
abandonado.
Crianças nascidas antes da conversão dos pais não são consideradas judias. Se elas
quiserem ser judias, elas terão que passar pela conversão depois que chegarem à
idade de treze anos. Crianças nascidas de uma mulher depois de ter se convertido judia
são judias automaticamente.
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O apóstolo Paulo afirma que Cristo, a nossa páscoa, foi sacrificado por nós (1 Co 5:7).
João Batista havia anteriormente identificado Jesus como o verdadeiro Cordeiro de
Deus (Jo 1:25), antecipando que o seu corpo partido e o seu sangue derramado seriam
oferecidos para a redenção de seu povo.
Jesus instituiu a ceia do Senhor, como segue: enquanto comiam, Jesus tomou o pão,
abençoou-o. Em seguida, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo:
Bebei dele todos vocês. Este é o meu sangue da aliança que é derramado por muitos
para remissão dos pecados. Digo-lhes que não beberei deste fruto da videira, a partir
de agora, até o dia em que beberei o vinho novo convosco no reino de meu Pai (Mt
26:26-29). Paulo acrescenta as seguintes frases da tradição que ele recebeu: este é o
cálice da Nova Aliança no meu sangue; fazei isso, sempre que o beberdes, em memória
de mim (1 Co 11:23-25).
Advertências e instruções
A igreja primitiva observava a prática da refeição em comum, conhecida como ágape
ou “festa do amor”, a qual precedia a Ceia do Senhor, todavia na igreja de Corinto as
desordens a transformaram em uma caricatura da verdadeira Ceia. Paulo os advertiu
severamente que quando eles se reuniam “não é para comer a ceia do Senhor”, pois
se deleitavam na bebedeira em plena luz do dia, descaradamente transformando as
refeições de comunhão cristã em festas de bebedeira. Além da divisão preconceituosa
entre pobres e ricos, não havia compartilhamento de comida, contrariando o costume
da refeição em comum.
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O apóstolo adverte que embora a ceia seja o clímax da comunhão espiritual da festa
ágape, não pode se transformar em uma farra. A censura de Paulo à falta de amor e
ao espírito de divisão não é principalmente por ofensa contra os irmãos na fé, mas
contra a pessoa de Cristo que é simbolizada nos elementos da ceia.
Ele também estava presente em seu corpo ressurreto nas refeições posteriores à
ressurreição. Por outro lado, ele não tem estado presente fisicamente desde a sua
ascensão. Isto significa que Jesus está ausente quando da celebração no compartilhar
do pão e do vinho? Claro que não, pois ele mesmo afirmou que estaria presente, mas
em espírito e em verdade (Jo 14:23; Mt 18:18-20).
Ceia e Expiação
Durante a Santa Ceia, nenhuma nova expiação é feita, por exemplo, para a culpa
temporal do pecado pós-batismal (Hb 7:27). O sacrifício em si não é repetido. Antes,
ele é recordado e concede a garantia de que o próprio Deus tem se lembrado de seu
povo em cumprimento à promessa da Nova Aliança.
O sacrifício único de Cristo não necessita nem de repetição, nem de suplementação;
sua função específica é enfatizar a historicidade do que ocorreu e a sua atual relevância
(Hb 9:25-28). As palavras e atos de Cristo são plenos de significado, pois nos mostram
a própria visão de Jesus em relação à sua morte e era pelo seu sacrifício expiatório que
ele desejava ser lembrado.
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Unção com óleo: É o ato de derramar óleo sobre alguém ou sobre algum objeto, com
o objetivo de torná-lo consagrado a Deus ou de buscar a cura divina sobre o enfermo.
A unção dos objetos sagrados: O ato de ungir os objetos com o "azeite da santa
unção" dava-lhe um caráter sagrado (Êx 30:26-29; 40:9-11). Não podiam ser utilizados*
para outras finalidades. Belsazar foi castigado por ter feito uso dos vasos sagrados do
templo do Senhor (Dn 5.2-5; 26-28).
A unção dos sacerdotes: Os sacerdotes, após ungidos, eram considerados santos,
devendo dedicar-se ao serviço do Senhor. Hoje somos todos sacerdotes reais pela
unção espiritual (1 Pe 2:9). A unção dos reis: O azeite era derramado sobre eles, na
consagração para o cargo, como servos de Deus. Saul (1 Sm 10:1); Davi (1 Sm 16:13;
2 Sm 2:4; 11:7). Jeú (2 Rs 9.1,3). Salomão (1 Rs 1:39). A unção dos profetas: Elias
ungiu Eliseu (1 Rs 19:16).
A unção no Novo Testamento
A unção com óleo: Literalmente, há duas passagens relativas à unção com óleo (Mc
6:13; Tg 5:14)
A unção no sentido espiritual: No N.T. a palavra unção (do gr. Chrisma) só ocorre
três vezes (1 Jo 2:20,27). O verbo ungir (chrío) aparece cinco vezes (Lc 4:18; Tt. 4:27;
20:38; 2 Co 1:21; Hb 1:9). Já o adjetivo christós (Cristo) ocorre mais de 500 vezes, em
diversas referências (Mt 1:1 e Ap 22:21)
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Os apóstolos foram ungidos: Pedro era ungido de tal modo que as pessoas
colocavam os doentes sob sua sombra para que fossem curados (At 5:15-16). De
Paulo, levavam-se "lenços e aventais" e "as enfermidades fugiam deles" (At 19:11-12).
Os crentes fiéis são ungidos: Mas o que nos confirma convosco em Cristo, e o que
nos ungiu é Deus, o qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos
corações (2 Co 1.21- 22; Ef 1:3).
A unção dos enfermos
Os discípulos ungiam: É a única referência nos evangelhos sobre esse trabalho dos
discípulos. A unção com óleo era algo muito comum, embora Jesus não o utilizasse
como elemento auxiliar em suas curas (Mc 6:13). A unção pelos presbíteros: Tiago
ensina como agir quando um crente está doente, orientando que os presbíteros sejam
chamados para orarem por ele e ungindo com óleo em nome de Jesus (Tg 5:14).
Que partes do corpo podem ser ungidas? Normalmente, deve-se ungir a cabeça do
doente. No A.T. sempre a unção era sobre a cabeça (Sl 23:5; 133:2) a mulher pecadora
ungiu os pés de Jesus, mas não em caso de enfermidade. Atualmente há certas
práticas utilizadas por alguns de ungir inclusive as partes íntimas das pessoas
enfermas. Isto é falta de sabedoria ou malandragem mesmo em português claro!
A unção e o pecado
Tiago examina a relação que às vezes existe entre doença e pecado. Nem toda doença
tem relação direta com o pecado (Jo 5:14; 9:3), mas o pecado pode causar a doença
(1 Co 11:29-30; Ap 2:22). Se o pecado está realmente implícito, então deve ser tratado
antes. Tiago assegura aos seus leitores de que tais pecados serão perdoados.
Conclusão: A unção espiritual deve fazer parte da vida dos crentes e em especial da
vida dos obreiros. A oração pelos enfermos deve ser prática comum em todas as igrejas
cristãs, se possível em todas os cultos. Sempre há pessoas necessitadas de receber a
oração da fé, com o recurso da unção com óleo. Esta deve ser feita não apenas como
mero ritual, mas como um gesto de fé no poder do nome de Jesus.
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Há também livros que foram definitivamente perdidos, como o Livro das Guerras do
Senhor (Nm 21:14), o Livro de Jasar (Js 10:13; 2 Sm 1:18), Livros dos Registros
Históricos de Salomão (1 Rs 11:41), História do Profeta Ido (2 Cr 13:22), Crônicas do
Profeta Natã e Crônicas de Gade, o vidente (1 Cr 29:29).
A igreja católica considera a bíblia protestante como uma bíblia católica incompleta,
pois os protestantes, segundo eles, não aceitam os livros de Tobias, Judite, Sabedoria,
Eclesiástico, Baruque, 1 e 2. Macabeus, bem como os capítulos 10 a 16 de Ester e os
capítulos 13 e 14 do livro de Daniel, pois julgam que estas partes não são canônicas
ou inspiradas por Deus.
O que a bíblia fala sobre tradições?
Devemos ter cuidado com as filosofias e tradições do mundo (Mt 2:1-11), a fim de
retermos as tradições que foram ensinadas, mas segundo as escrituras, pois não pode
haver contradição, como os fariseus que davam mais valor às tradições do que à Lei
(Mc 7:5-13;2 ts 2:15).
Jesus não proibiu aos discípulos quebrar tradições, mas justificou dizendo que tais
tradições eram apenas humanas e, no caso dos fariseus, a aplicação delas muitas
vezes tinha como único objetivo a rejeição dos mandamentos de Deus. Se as tradições
contradizem as escrituras, devem cessar! (Mt 15:9)
A tradição na igreja católica
A igreja católica defende a tradição oral da liturgia como superior ou de mesma
autoridade que a escritura sagrada, pois diz que os ensinos de Jesus estão na bíblia e
na tradição. A igreja católica afirma que os protestantes não têm nenhuma ligação com
a igreja dos apóstolos, pois, para eles, Pedro foi o primeiro papa.
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Para a igreja católica a Palavra de Deus não é só a bíblia, mas a bíblia é a Palavra de
Deus, porque ela é infalivelmente inspirada. Para a igreja romana, por mais sagrado e
inspirado que seja um livro, ele não pode conter toda a Palavra, pois muitas coisas que
Jesus ensinou não foram escritas e essas coisas constituem a tradição da igreja (Jo
21:25).
Segundo ensinam, não se pode saber com certeza que livros contem na realidade a
doutrina de Cristo, nem qual o seu verdadeiro sentido, a não ser pelo ensino da tradição
católica. Ignoram, com estes ensinos, o mandamento de Jesus, afirmando que
nenhuma tradição pode invalidar a Escritura Sagrada (Mc 7:5-13).
Segundo a tradição católica Maria foi:
História
Poesia
Profecia
Novo Testamento: seus 27 livros escritos foram escritos em grego e num espaço de
cerca de 50 anos. Sua mensagem principal se refere à obra redentora de Jesus Cristo
e à igreja cristã primitiva, mas também oferece preciosos mandamentos sobre a vida
com Deus.
Pode ser dividido em 3 partes:
Evangelhos.
Epístolas.
Profecia.
Que são livros apócrifos?
Os apócrifos são escritos excluídos do cânon bíblico, quer os autores dos livros fossem
conhecidos ou não. Alguns dos livros tem erros históricos e representam ética e teologia
em desacordo com o ensino geral das Escrituras. A exclusão dos apócrifos pelos judeus
farisaicos já havia ocorrido na época do historiador Flávio Josefo (37-100 d.C.) e
nenhum livro dos apócrifos é citado diretamente no N.T.
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Os livros apócrifos aceitos pelos católicos são os seguintes: Tobias, Judite, Sabedoria
de Salomão, Eclesiástico ou Sirácida, Baruque, Epístola de Jeremias, primeiro e
segundo Macabeus e os acréscimos a Ester (6 capítulos) e a Daniel (2 capítulos: a
oração de Azarias, a canção dos três jovens e as histórias de Suzana e de Bel e do
dragão).
Conteúdo dos apócrifos do N.T.
Tobias - (200 a.c.) - é uma história novelística que retrata a vida do judeu no cativeiro
e sobre a bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo
Rafael. Ensina a justificação pelas obras (4:7-11; 12:8), mediação dos santos (12:12),
superstições (6:5, 7-9, 19), e até um anjo que engana Tobias e o ensina a mentir (5:16-
19).
Ensinam que esmolas e boas obras limpam pecados e salvam a alma: Tobias 12:8, 9 -
“a esmola livra da morte (eterna), e é a que apaga os pecados, e faz encontrar a
misericórdia e a vida eterna”; nos livros apócrifos os anjos mentem (Tobias 5:15-19) -
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peço-te que me digas de que família e de tribo és tu? O anjo Rafael disse-lhe: ..., mas
para que te não ponhas em cuidados, eu sou Azarias, filho do grande Ananias.
Baruque - (100 a.C.) - é um lamento sobre a queda de Jerusalém que confessa a culpa
de Israel e promete uma restauração de uma maneira profética. Apresenta-se como
sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa exortação aos judeus
quando da destruição de Jerusalém. A data é muito posterior, quando da 2ª. destruição
de Jerusalém, antes de Cristo. Seu principal erro é o ensino da intercessão pelos mortos
(3:4).
Eclesiástico é uma coletânea variada de sábios provérbios que trata de todas as áreas
da vida. Provérbios é o paralelo canónico mais próximo. O livro termina com o “louvor
dos pais” que examina os méritos dos valores do A.T.
Eclesiástico - (180 a.c.) - é muito semelhante ao livro de Provérbios, não fosse as tantas
heresias: justificação pelas obras (3:33,34), trato cruel aos escravos (33:26 e 30; 42:1
e 5), incentiva o ódio aos samaritanos (50:27 e 28). Justificação pelas obras:
(eclesiástico 3:33) - ... A esmola resiste aos pecados (Hb 9:11,12,22; 1 Pe 1:18, 19;
Rm.3:20, 24 e 29).
Sabedoria de Salomão - (40 a.D.) - livro escrito com finalidade exclusiva de lutar contra
a incredulidade e idolatria do epicurismo (filosofia grega na era cristã). Apresenta: o
corpo como prisão da alma (9:15), doutrina estranha sobre a origem e o destino da
alma* (8:19 e 20), salvação pela sabedoria* (9:18). Consiste de uma literatura do tipo
sabedoria, na qual se zomba da idolatria e se louva a sabedoria. O destino dos justos
e dos ímpios é contrastado.
Adições a Daniel: cap.13: a história de Suzana - nesta lenda Daniel salva Suzana num
julgamento fictício de falsos testemunhos. Cap.14: Bel e o dragão – fala sobre a
necessidade da idolatria; cap. 3:24-90 - o cântico dos 3 jovens na fornalha.
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Judite - (150 a.C.). É a história de uma heroína judia viúva e formosa que salva sua
cidade enganando um general inimigo e decapitando-o. Grande heresia é a própria
história onde os fins justificam os meios. Judite não pode ser histórico porque contém
erros evidentes, por exemplo, a suposição de que Senaqueribe era filho de Salmaneser
(1:15) em vez de Sargão II, e que Nínive foi tomada por Nabucodonosor e por Assuero
(14:15) em vez de Nabopolassar e por Ciaxares.
Os dois livros dos Macabeus são assim denominados por causa do apelido do mais
ilustre filho de Matatias, Judas, chamado o Macabeu – O Martelo. Não constam na
bíblia hebraica e são considerados apócrifos pelos judeus e pelas igrejas protestantes.
Nenhum dos sete livros apócrifos aceitos pelos círculos do catolicismo romano está
citado no N.T
Paulo faz três citações de autores gregos [Minos At 17:28; Thais de Menandro 1 Co
15:33; Epimênedes Tt 1:12]. A última referência fala do autor cretense como um profeta,
mas todas as três citações foram obviamente feitas com propósitos ilustrativos e suas
fontes não são consideradas como divinamente inspiradas.
Em Judas 14 existe uma citação do livro de Enoque, onde está escrito que Enoque
profetizou a condenação dos pecadores. Aqui também podemos afirmar que Enoque
foi citado apenas com o propósito de ilustrar e confirmar. O texto de Enoque é duvidoso
pois ele existe somente em uma única tradução, exceto em relação a algumas partes
encontradas nas cavernas próximas ao Mar morto. Ele não foi aceito pelos judeus como
um texto oficial, divinamente inspirado e nunca apareceu em qualquer relação cristã ou
enumeração de livros canônicos.
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Teologicamente, divide-se a Lei em três partes: a lei civil, a lei cerimonial e a Lei Moral,
conforme a seguir:
1. A Lei Civil ou Judicial: Eram aplicações especificas da lei para Israel enquanto
nação, é a legislação dada à sociedade ou ao Estado de Israel, por ex.: os crimes
contra a propriedade e suas respectivas punições e também instalar parapeitos
nos topos das casas para evitar que alguém caísse. Estas leis perderam a sua
força com a passagem de Israel enquanto nação.
2. A Lei Religiosa ou Cerimonial: Regulava o sacerdócio, os sacrifícios, comidas
puras e impuras, as cerimonias no santuário do tabernáculo e, posteriormente,
no templo. Os sacrifícios e cerimonias são tipos e figuras de Cristo e passaram,
perderam a força de lei com o rasgar do véu porque a lei cerimonial foi cumprida
na manifestação pessoal de Cristo.
3. A Lei Moral: Não é anulada, pelo contrário, são explicadas e reforçadas porque
tem princípios vigentes antes mesmo da queda e foram reveladas
gradativamente por Deus. Representa a vontade de Deus para com o homem,
no que diz respeito ao seu comportamento e seus deveres principais.
Sobre a Lei civil, temos: Disse-lhes então: Dai, pois, a César o que é de César, e a
Deus o que é de Deus (Lc 20:25), mostrando a separação entre o governo humano e o
divino, nesta nova era, que é diferente da de Israel. Na prática, devemos nos comportar
como se tudo o que fizermos levasse a assinatura de Jesus.
Sendo assim, bem sabemos que Jesus disse: Não cuideis que vim destruir a lei ou os
profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir. (Mt 5:17). Então, quando Jesus veio, Ele
cumpriu toda a Lei Divina, tanto à sombra da lei cerimonial (sacrifício único e perfeito,
sacerdócio eterno, etc.) e da lei civil (assumindo o reinado messiânico, etc.), como a
Lei Moral.
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A lei cerimonial são questões como: forma de governo, circuncisão, “carne de porco”,
sacrifícios, quem pode ser sacerdote, etc. Estas leis se referiam à maneira como Deus
lidava com o pecado, centralizando-se no santuário, em sacrifícios de sangue e no
ministério sacerdotal. A lei cerimonial é de grande valia porque prenuncia a importância
de Jesus e da natureza de sua obra vicária.
Para os judaizantes crer em Cristo não era suficiente, diziam que era necessário
também obedecer a lei cerimonial para ser salvo. Abraão, contudo, foi justificado pela
fé antes mesmo de ser circuncidado e é apenas pela fé que os antigos foram
justificados.
Estas vertentes da lei foram abolidas, como podemos constatar: “Porque mudando-se
o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei” (Hb 7:12). Lendo o
contexto, percebe-se que a lei ao qual o autor de Hebreus se refere é a lei que constitui
sacerdotes, ou seja, a lei cerimonial. Jesus, pela sua morte na cruz, cumpriu a lei
cerimonial ele expiou os nossos pecados e nos reconciliou com Deus.
A lei moral reflete o caráter de Deus e tem origem mesmo na criação, visto que a morte
reinou desde Adão até Moisés. Se há a morte, então há pecado; portanto a lei mosaica
de certa forma já estava ali presente, ou seja, o suficiente da lei moral de Deus já estava
escrito no coração dos homens para torná-los culpados e sem desculpa diante de Deus.
Foi a primeira e a que Deus escreveu em pedras para sempre no monte Sinai e
estabelece importantes princípios que abrangem todos os atos e relacionamentos
humanos. Logo, não foi abolida, porque nem o pode ser, pois é um reflexo do caráter
Santo de Deus e é o caráter divino que define algo como pecado.
Nesse sentido, pensavam que qualquer que fosse a resposta de Jesus iriam indispô-lo
com um grupo ou com outro. Jesus, entretanto, não cita nenhum mandamento
específico do decálogo, mas faz referência, conjuntamente, a dois trechos conhecidos
das escrituras (Dt 6:5 e Lv 19:18), fornecendo um resumo dos dez mandamentos,
conforme a seguir:
Jesus, portanto, não descarta a lei, pois ele foi o exemplo de cumprimento dela e aqui
ele a resume, utilizando declarações do próprio Antigo Testamento. O seu ensino
expande o entendimento anterior que se possuía da lei. O homem odeia Deus e odeia
também a lei; de modo que o homem precisa da lei moral revelada a ele de uma
maneira mais clara, mais permanente.
Deus está interessado não apenas no cumprimento externo da lei - naquele
evidenciado aos circunstantes, mas naquele cumprimento que procede de uma
profunda convicção interna: do amor tanto por Deus quanto pelo próximo. Esta é a regra
para a sociedade em geral e o critério pelo qual todo homem será julgado, pois traz
convicção de pecado e mostra a necessidade que temos de um salvador, mostrando
como devemos viver tendo sido salvos por Cristo, expressando assim nosso amor por
ele.
Esse é o cumprimento que surge de uma vida transformada, tocada e operada pelo
Espírito Santo de Deus. O verdadeiro amor a Deus se demonstra em ações concretas
que o agradam pelo cumprimento de suas diretrizes, como está escrito: "Se me amais,
guardareis os meus mandamentos"(Jo 14:15). A forma de demonstrarmos amor para
com o nosso próximo é demonstramos respeito através do preenchimento de nossas
obrigações para com os nossos semelhantes, ou seja, pelo cumprimento dos
mandamentos.
Não estar debaixo da lei significa que não estamos debaixo da lei enquanto um caminho
para a salvação pelo mérito próprio. Não são nossas obras que irão nos salvar; mas
sim a graça presente de Deus que irá nos salvar. Assim, todo crente (judeu ou gentio)
deve cumpri-la e só conseguimos cumpri-la através do poder regenerador e santificador
do Espírito Santo. No NT não existe mais diferença entre judeu e gentio, todos estão
debaixo da mesma condenação, todos têm acesso a Deus em um Espírito e todos têm
que cumprir a mesma lei, a lei de Cristo, que é a divina lei moral.
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a guarda do sábado foi uma “sombra das coisas futuras”, mas a realidade está em
Cristo.
Cada um desses princípios contidos nos dez mandamentos é restabelecido num outro
contexto no Novo Testamento, exceto, é claro, o mandamento para descansar e cultuar
no sábado”. Jesus não fazia distinção entre leis morais e leis cerimoniais, no entanto é
possível fazer esta divisão para melhor compreensão. Ele afirmou que não veio anular
a lei, mas cumpri-la (Mt 5:17) e em seguida, cita o sexto mandamento, “não matarás”
(v.21); o sétimo, “não adulterarás” (v.27); o nono, “não dirás falso testemunho” (v.33);
cita Levítico 24:20 “olho por olho, dente por dente”; cita Levítico 19:18 sobre o “amor ao
próximo”, logo, a “lei” a que Jesus se referiu não diz respeito somente aos dez
mandamentos, mas abrange todas as leis: moral, civil e cerimonial.
A principal proibição bíblica em relação ao sábado era contra o trabalho nesse dia
específico (Êx 20:10), contudo o A.T. não define detalhadamente o trabalho, mas proíbe
especificamente acender fogo (Ex 35:3), juntar lenha (Nm 15:32), carregar peso (Jr
17:21.), viajar (Êx 16:29) e fazer negócios (Am 8:5; Ne 10:31; 13:15-19) também eram
atividades proibidas.
Com o desenvolvimento da Sinagoga durante o período intertestamentário, o sábado
tornou-se um dia de adoração e estudo da lei, assim como um dia em que cessava o
trabalho. O início do legalismo e das mesquinhas restrições na obediência ao sábado,
ocorreram durante esse período, por esse motivo Jesus declarou que o sábado havia
sido feito para o homem e não o homem para o sábado (Mc 2:27-28).
Os fariseus regulamentaram o sábado, como por exemplo: definiram quantos kg
poderiam carregar, quanto tempo o fogo poderia ficar acesso, qual a distância que
poderiam percorrer, etc...
Um exemplo é o caminho de um sábado. Essa expressão é usada em Atos 1:12 para
expressar o local em que aconteceu a ascensão do Monte das Oliveiras. Este local
estava situado à distância de um sábado de Jerusalém, isto é, a distância que um judeu
poderia viajar em um sábado sem infringir a lei. Essa distância de 2000 côvados ou
1000 metros foi calculada com base em Josué 3:4, onde foi dito que a arca viajou 2000
côvados à frente do acampamento israelita. Como os judeus tinham permissão de ir ao
tabernáculo no sábado, essa distância foi fixada como a distância da viajem de um
sábado.
O homem não pôde, pela lei, livrar-se da morte do pecado. Ninguém, até hoje,
conseguiu cumprir fielmente toda a vontade de Deus expressa na lei, por isso Cristo
veio para nos livrar das exigências e penalidades da lei, visto que não estamos mais
debaixo da lei, mas debaixo da graça (Rm 6:14). Como o Filho do Homem é Senhor até
do sábado, ele tinha e tem o direito de mudar o dia (do último dia da semana para o
primeiro) que sua Igreja deveria e deve guardar e assim ele o fez, a fim de torná-lo o
dia da celebração de sua ressurreição.
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MALDIÇÃO HEREDITÁRIA
O Brasil é o maior reduto espiritista do mundo e grande parte da população já se
envolveu pelo menos uma vez com o mundo dos espíritos e com isto deram direito a
estas entidades de entrarem em suas vidas e famílias mesmo que de forma
inconsciente (1 Co 10:18-21).
Há hoje muitos livros, campanhas, seminários, estudos e até retiros espirituais sobre o
assunto, mas qual a verdade bíblica sobre isso? Para aqueles que creem na maldição
hereditária, mesmo os crentes em Jesus estão sujeitos as terríveis consequências dos
pecados e das maldades praticadas pelos seus ancestrais: Doenças, vícios, problemas
financeiros, no trabalho, pecados sexuais, etc. (Êx 20:5), mas a bíblia ensina isso? Para
quebrar a maldição hereditária afirmam ser necessário que o crente “amarre” o valente
e o “expulse” da vida de uma pessoa ou de uma família.
Os pecados dos pais influenciam os filhos para o mal e certos pecados atraem castigos
que afetam os descendentes, como a pobreza e algumas enfermidades que são
resultado da imoralidade (2 Cr 7:13-15). Isso não significa, contudo, que os filhos sejam
culpados pelos pecados de seus pais. Deve-se observar que a passagem das
iniquidades de uma geração para outra se faz com aqueles que o "aborrecem"
A “batalha espiritual”
Esse texto de Gálatas deixa claro que com a morte de Cristo, os que o aceitam ficam
livres da maldição que era prevista para aqueles que viviam no pecado, mas o
aceitaram como salvador. A visitação da maldade por Deus, sobre a terceira e quarta
geração é para os que aborrecem a Deus e não para os nascidos de novo (Rm 8:1).
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Não devemos ver a morte dos crentes como castigo de Deus ou como resultado de
uma pena que se aplica a nós por nossos pecados.
É verdade que o salário do pecado é a morte, mas a pena de morte não se aplica a
nós, pecadores redimidos, não em termos de morte física, tampouco em termos de
morte espiritual ou separação de Deus.
A morte completa nossa união com Cristo
Nossa obediência a Deus é mais importante do que preservar as nossas vidas (At
20:24).
O que acontece quando morremos?
As almas dos crentes vão imediatamente para a presença de Deus: a morte é a
cessação temporária da vida corporal e a separação entre a alma e o corpo.
Uma vez que o crente morre e seu corpo físico é enterrado, no momento da morte a
alma (ou espírito) do crente vai imediatamente para a presença de Deus com alegria (2
Co 5:8; (Fl 1:23). Jesus disse ao ladrão que estava morrendo na cruz ao lado dele: “em
verdade te digo que hoje mesmo estarás comigo no paraíso (Lc 23:43).
Existe purgatório?
Purgatório: Todos que morrem na graça e comunhão com Deus, mas ainda
imperfeitamente purificados, têm a garantia da salvação eterna; mas após a morte
passam por uma purificação, de forma a obterem a santidade necessária para entrarem
no gozo dos céus. A igreja dá o nome de purgatório a essa purificação final. (Catecismo
Católico Romano, pág.268 – parágrafos # 1030 e 1031).
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A bíblia não ensina a doutrina do purgatório: O fato de que as almas dos crentes
vão imediatamente para a presença de deus significa que não há tal lugar como o
purgatório.
Há uma explícita contradição neste ensino, pois como pode alguém estar na graça e
comunhão com Deus e, ao mesmo tempo, viver na prática do pecado? (1Jo 1:6-9).
A “base bíblica” do purgatório
Há um problema ainda mais sério com esta doutrina, pois ela ensina que devemos
acrescentar algo à obra redentora de Cristo, implicando que para nós a morte de Jesus
não foi suficiente para pagar a pena pelos nossos pecados. O sacrifício único de Cristo
não necessita nem de repetição nem de suplementação (Hb 7:27; 1 Pe 3:18).
A igreja católica romana tem encontrado apoio para esta doutrina no livro apócrifo de 2
Macabeus, vejamos:
Judas Macabeu, (o líder das forças judaicas) coletadas cerca de duas mil peças de
prata e as enviou a Jerusalém para serem oferecidas em sacrifício pelo pecado. Ele fez
uma ação nobre e justa, com vista a ressurreição. Se ele não tivesse acreditado na
ressurreição dos soldados mortos teria sido desnecessário e inútil orar por eles. Mas,
como ele tinha em mente que aqueles que morreram piedosamente esperando uma
grande recompensa, sua intenção era santa e piedosa. Para esta oferta fez o sacrifício
para os mortos, que Deus vai perdoar seus pecados (2 Macabeus 12:42-45)
A doutrina do sono da alma
Esta doutrina ensina que quando os crentes morrem, vão para um estado de existência
inconsciente e só vão “despertar” quando Cristo voltar e os ressuscitar para a vida
eterna (Ec 9:5). Quando as escrituras representam a morte como um "sono" é
simplesmente uma expressão metafórica usada para indicar que a morte é apenas
temporária para os crentes, como o sono é temporário.
Jesus falou da morte de Lázaro, mas seus discípulos pensaram que ele estava falando
do sono natural. Então lhes disse claramente: "Lázaro está morto '" (Jo 11:12-13). Uma
expressão metafórica para ensinar que a morte é temporária.
Ap 6:9-11 e 7:9-10 também mostra claramente que as almas ou espíritos daqueles que
morreram vão imediatamente para o céu.
Quando Jesus responde aos saduceus lembra-lhes que Deus disse: "Eu sou o Deus de
Abraão, Isaac e Jacó", e então disse: "Ele não é Deus de mortos, mas de vivos" (Mt
22:32), implicando que Abraão, Isaac e Jacó estavam vivos, mesmo naquele momento
e que Jeová era o seu Deus.
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O fato de que as almas dos crentes vão imediatamente para a presença de Deus
significa que não devemos orar pelos mortos. O ensino de 2 Macabeus 12: 42-45
contraria o ensino geral das Escrituras. Além disso, não há indícios de que esta prática
era realizada pelos crentes do Novo Testamento.
A recompensa final de todos os seres humanos é e sempre será de acordo com suas
ações realizadas nesta vida (Ap 22:12; 2 Co 5:10). Rezar pelos mortos é difundir a falsa
esperança que o destino deles pode ser alterado após a morte (Hb 9:27).
A vela na liturgia católica
A vela é muito utilizada nos mais diversos ritos da igreja católica
Batismo: iluminação pela graça de Deus.
Missa: representa o sacrifício de Cristo.
Na devoção: fazer algum pedido, promessa, agradecer benção.
Acender velas pelos mortos é um modo de, simbolicamente, desejar-lhes a luz, a luz
eterna, que é Deus. Pelo mesmo motivo já citado de que não devemos orar pelos
mortos, a crença de acender vela para os mortos não encontra amparo no ensino geral
das Escrituras.
A vela na liturgia judaica
Para os Judeus, o rei Salomão (Sl 20:27) comparou a alma do homem a uma vela, por
este motivo a alma tem proveito do acendimento das velas, pois é atraída pela luz da
vela, já que são da mesma espécie, apesar de que a luz da vela é física e a luz da alma
é uma luz espiritual pura e simples. Por isto na hora que a pessoa se encontra num
estado terminal, deve-se acender uma vela para acompanhar a saída da alma.
A menorá (castiçal) era acesa no templo sagrado, em favor das almas do povo judeu
que faleceram. Para os judeus, acender uma vela para o falecido causa um grande
prazer para a alma, além de ajudar em seu julgamento e ascensão espiritual.
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A maioria das palavras tem muitos significados, alguns literais e outros figurados. Para
interpretar corretamente a bíblia, deve-se ter conhecimento dos significados que as
palavras adquiriram no passar dos anos e do sentido que os autores bíblicos as usaram.
Traduzir as escrituras de maneira excessivamente literal pode obscurecer ao invés de
lançar luz ao texto sagrado, pois traduzir literalmente uma expressão que só faz sentido
na língua original em nada edifica ao leitor, caso este não conheça o seu real
significado.
Quando aparece um colchete em sua tradução, o que está sendo dito é apenas que a
passagem em questão aparece no texto das traduções antigas, que é o tradicional
majoritário (receptus), mas é omitida nos textos que levam em conta os manuscritos
mais antigos (texto crítico). Os manuscritos variam em alguns pequenos pontos e
naqueles em que a diferença é maior, absolutamente nenhuma doutrina básica do
cristianismo é comprometida. Sugestão: ter várias versões para comparação.
A NVI USA O TEXTO CRÍTICO ALMEIDA CORRIGIDA O MAJORITÁRIO
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Em Êx 4:22 Deus refere-se a Israel como seu filho. Israel passou 40 anos no deserto
sendo ensinado, mas falhando em aprender que "nem só de pão vive o homem, mas de
toda palavra que procede da boca de Deus. “
Jesus, o verdadeiro filho, agora passa 40 dias no deserto e mostra que ele aprendeu a
lição. Toda a passagem está entrelaçada com as questões relacionadas com o período
do Êxodo.
Jesus é apresentado como o filho obediente, perseverante e submisso à palavra de
Deus. Isto torna-se o principal tema do evangelho de Mateus.
Indicadores literários
As inclusões terminam e começam uma seção com palavras semelhantes ou idênticas
a fim de enfatizar certas a importância de certas questões. As bem-aventuranças
começam e terminam com a mesma recompensa (porque deles é o reino dos céus). Elas
definem as regras do reino (Mt 5:1-10).
O sermão da montanha começa com as palavras “não penseis que vim destruir a lei ou
os profetas”, e conclui: ...porque esta é a lei e os profetas (Mt 7:12).
Esta inclusão sugere que o sermão do monte é uma declaração das escrituras do A.T.
(a lei e os profetas) à luz da vinda de Jesus e o que significam na vida dos cristãos.
PRIMEIRA REGRA
É preciso, o quanto seja possível, tomar as palavras em seu sentido usual e
comum:
Expressões peculiares do idioma hebreu, chamadas hebraísmos, precisam ser
consideradas para se determinar o verdadeiro sentido usual e comum das palavras.
Porque toda carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra (Gn 6:12) carne em
sentido de pessoa e caminho no sentido de costumes, modo de proceder ou religião.
Não há quem faça o bem, escreveu Paulo (Rm. 3:12).
Se alguém vem a mim, e não aborrece a seu pai, e mãe . . . não pode ser meu discípulo
(Lc 14:26). Explicação: quem ama seu pai e sua mãe mais do que a mim, não é digno
de mim" (Mt 10:37).
Alguns textos indicam um sentido figurativo, por exemplo, quando Paulo mostra o sentido
alegórico de um texto (Gl 4.22-26)
SEGUNDA REGRA
É de todo necessário tomar as palavras no sentido que indica o conjunto da frase:
Mas somente tinham ouvido dizer: aquele que antes nos perseguia agora prega a fé que
antes procurava destruir? (Gl. 1:23). O que significa fé neste contexto?
Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?" (Hb 2:3). O que
significa salvação na frase? (Boas novas do evangelho).
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A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens (Tt 2:11). Graça aqui se
usa no sentido do ensino do evangelho.
Caia sobre nós o seu sangue, e sobre nossos filhos! (Mt 27:25). Que significa?
Jesus disse a Pedro: dar-te-ei as chaves do reino dos céus (Mt 16:19). Deve-se, pois,
tomar em sentido figurado, simbolizando as chaves, autoridade; a autoridade de ligar e
desligar ou perdoar e reter pecados (Mt 18:15-18), que em outra ocasião também deu
aos demais discípulos (Jo 20:23; Mt 18:18).
Quando a bíblia menciona os olhos, mãos e ouvidos ou as asas de Deus (Sl 34.15; Is 5;
Sl 91.4), isso não significa que ele possua características físicas – Deus é espírito (Jo
4.24). Da mesma maneira, é impossível que ele seja literalmente uma rocha material (Sl
42.9).
Todos os significados secundários (alegóricos) são dependentes do significado literal.
Não é possível identificar o que textualmente se refere a Deus enquanto não soubermos
o que é literalmente verdade.
Quando a lei diz: não matarás! Ela não só proíbe o homicídio, mas também a raiva, o
ódio e a intolerância (1 Jo 3:15; 4:20).
TERCEIRA REGRA
É necessário tomar as palavras no sentido indicado no contexto, a saber, os
versículos que precedem e seguem ao texto que se estuda.
Grande é este mistério. Que mistério? O contexto o explica: mas eu me refiro a Cristo e
à Igreja (Ef 5:32).
Tiago 5:14-16, que o enfermo "chame os presbíteros da igreja, e estes farão oração
sobre ele, ungindo-o com óleo", entendemos pelo contexto que se trata da cura do corpo
e não da saúde da alma, como pretendem os católicos que, deixando de lado o contexto,
como de costume, imaginam encontrar aqui apoio para a extrema-unção.
Falando Jesus do cego de nascença, disse: "nem ele pecou, nem seus pais”, mas de
nenhum modo Jesus disse que eles não houvessem pecado; pois existe no contexto
uma circunstância que limita o sentido da frase a que não haviam pecado para que
sofresse de cegueira como consequência (Ez 18:20), segundo erradamente pensavam
os discípulos (Jo 5:14; 9:1-3).
QUARTA REGRA
É preciso tomar em consideração o objetivo ou desígnio do livro ou passagem em
que ocorrem as palavras ou expressões obscuras:
Em (Rm 3:28 e Tg 2:24; Paulo combate e refuta o erro dos que confiavam nas obras da
Lei mosaica como meio da justificação, desprezando a fé em Cristo;
Tiago, por sua vez, combate o erro de alguns desordenados que se contentavam com
uma fé imaginária, descuidando e rechaçando as boas obras.
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Daí que Paulo trata da justificação pessoal diante de Deus, enquanto Tiago se ocupa da
justificação pelas obras diante dos homens. O ser justificado (declarado sem culpa) o
homem criminoso à vista de Deus, realiza-se tão-somente pela fé no sacrifício de Cristo
pelo pecado e sem as obras da lei; porém o ser justificado (declarado sem culpa) à vista
do mundo ou da igreja, realiza-se mediante obras palpáveis e não somente pela fé que
é invisível (Jo 3:8).
Que Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre (Hb 13:8). Jesus andou sobre a água
nos dias de sua carne; Jesus é o mesmo ontem, hoje e para sempre; portanto, ele
caminha sobre a água hoje em dia? A questão é que o autor de hebreus não está
afirmando um princípio que pode ser aplicado a todos os contextos da vida de Jesus.
QUINTA REGRA
É necessário consultar as passagens paralelas
Quando o conjunto da frase ou o contexto não bastam para explicar uma palavra
duvidosa, procura-se às vezes adquirir seu verdadeiro significado consultando outros
textos em que ela ocorre.
Ex: escritos de Paulo, Pedro, demais apóstolo, N.T. e finalmente A.T.
Em Gálatas 6:17, Paulo diz: "trago no meu corpo as marcas de Cristo." que eram essas
marcas? (2 Co 4:10; 11:23-25) na verdade eram marcas ou sinais dos suplícios sofridos
pelo evangelho de Cristo.
Na carta aos Gálatas 3:27, diz o apóstolo dos batizados: "de cristo vos revestistes". Em
que consiste estar revestido de Cristo? Em Rm 13:13-14 e Cl 3:12-14 o estar revestido
de Cristo consiste em ter deixado as práticas carnais, como a luxúria, dissoluções,
contendas e ciúmes; consiste em adornos espirituais ou morais próprios do cristianismo
simples, santo e puro (1 Pe 3:3-4).
Deus se arrepende? (Rm 23:19) a palavra arrepender-se no novo testamento é usada
constantemente no sentido de mudar de mente o pecador (Mt 3:7-8), isto é, no sentido
de mudar de opinião, de convicção íntima, de sentimento, enquanto no antigo testamento
tem significados tão diferentes que unicamente o contexto pode esclarecer (Jr 18:7-10;
Gn 6:5-6; Ez 18:7-10).
Paralelos de ideias: para conseguir ideia completa e exata do que ensina a escritura
consultam-se não só as palavras paralelas, mas os ensinos, as narrativas e fatos
contidos em textos ou passagens esclarecedoras que se relacionem ao o texto em
questão.
Jesus ao dizer: sobre esta pedra edificarei a minha igreja (Mt 16:19), constitui ele e a
Pedro como fundamento da igreja? (Mt 18:18; Mt 21:42-44; 1 Pe 2:4-8). É claro que não,
“porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus
Cristo" (1 Co 3:10, 11).
Porque o amor cobre multidão de pecados (1 Pe 4:8). Como explicar este texto? (1 Co
13 e Cl 1:4) compreendemos que a palavra amor é usada aqui no sentido de amor
fraternal (Pv 10:12).
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Estes dons não devem ser considerados talentos naturais, mas sim manifestações
sobrenaturais do próprio Espírito Santo (1 Co 12:7). São uma dotação especial do
Espirito aos homens. Nenhum crente, por mais modesto que seja, está desprovido de
dons dados por Deus.
Os dons espirituais diferem dos frutos do Espírito (Gl 5:22-23), contudo também as
funções ministeriais estão relacionadas entre os dons que Deus deu aos homens
especificamente para o aperfeiçoamento dos santos, visando a edificação do corpo do
Cristo (Ef 4:8-13; 1 Tm 3:1-2,8;). Assim, o propósito único e principal da outorga desses
dons é glorificar a Deus e seu Cristo, bem como a edificação da igreja (1 Co 12:3).
Os dons no Antigo Testamento
Em Nm 11:24-30. O ato de profetizar foi concedido aos setenta anciãos escolhidos para
ajudar Moisés quando de sua designação para lhes credenciar autoridade na função,
sendo esta de governar e não de profetizar, por este motivo nunca mais tornaram a fazê-
lo. Aí vemos no arraial de Israel o sinal da vinda do Espírito Santo profetizado assim
como em outras passagens das Escrituras (Jl 2:8).
Os dons no Novo Testamento
No Novo Testamento, os dons de Deus estão disponíveis para que a igreja promova
manifestações do Espírito e do poder de Deus para o bem comum (1 Co 12:7). Todos os
crentes têm acesso direto a Deus através de Jesus Cristo e, consequentemente, podem
receber os dons do Espírito Santo.
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Com base no próprio N.T., os dons espirituais, em alguma forma de manifestação, devem
existir em todos os séculos, pois são os meios do crescimento espiritual·, conforme se
sabe com base em Efésios 4, Romanos 12 e 1 Coríntios 12-14. Reduzir esses dons
espirituais a um fenômeno que ocorreu somente no primeiro século é dar-lhes um papel
muitíssimo inferior àquilo que diz o próprio ensino contido na Palavra de Deus.
Além disso, exegeticamente não tem como dizer que esses dons cessaram, desde que
sejam manifestações que estejam de acordo com o que está na bíblia (1 Co 14:29). Uma
análise mais cuidadosa não sustenta essa tese cessacionista, pois Pedro em seu
discurso (At 2:16-17, 21; 38-39) ratifica que a promessa (profecia de Joel) pertence a
vós, a vossos filhos e a todos os que estão distantes (Jl 2:28-29).
Também Paulo diz aos coríntios (1 Co 1:7) que a posse dos dons espirituais e sua
posição na história da redenção aguarda o retorno de Cristo, sugerindo que os presentes
(dons) são dados à igreja para o período entre a ascensão de Cristo e seu retorno, ou
seja, cessarão apenas no advento da parousia, na culminação desta era. Da mesma
forma, Paulo espera o tempo do retorno de Cristo e diz: “quando, no entanto, chegar o
que é perfeito, o que é imperfeito será extinto” (1 Co 13:10), indicando que estes dons
"imperfeito" (v 8-12) são válidos até a volta de Cristo, quando será substituído por algo
muito maior, que é o pleno conhecimento de Deus e seus inescrutáveis mistérios.
Sugerir que a perfeição se refere à conclusão do cânon das escrituras não tem nenhum
apoio no uso bíblico de “perfeito” e em nenhuma de suas formas cognatas. “O que é
perfeito” não pode ser uma referência à conclusão do cânon das escrituras, pois
somente a segunda vinda de Cristo marcará o fim do exercício da profecia, das línguas,
da ciência e os demais “imperfeitos”, logo, como se pode admitir que esses dons foram
temporários e restrito aos tempos dos apóstolos? É fato que não há novas revelações,
no que tange à revelações de mesma autoridade da bíblia, mas o dom de línguas, de
cura e os demais dons não são, tampouco representam, conteúdo novo ou uma nova
revelação.
Paulo fala regularmente sobre os dons no seguinte contexto: Um corpo com muitos
membros, logo, ainda temos um corpo com muitos membros com diferentes dons ainda
nos dias de hoje também. Ele nos dá uma amostra com diferentes listas, focando em
diferentes tipos de ministérios e se as juntarmos elas incluem exemplos como caridade,
ensino, profecia, curas, condução à adoração, evangelismo, tudo isso são dons.
Paulo não faz qualquer distinção entre um tipo de dom e outro porque não devemos
menosprezar quaisquer outros dons, mas devemos receber bem todos os dons. Ele não
faz qualquer distinção entre dons sobrenaturais e aquilo que chamamos de dons
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potencialmente naturais, pois Deus está operando através de todos eles e se quaisquer
dos dons está faltando, isto machuca o corpo, seja mão, olho e assim por diante.
Visto que ainda somos um corpo e precisamos de todos os membros, presume-se, então,
que ainda precisamos de todos os dons, ainda que alguns afirmam que precisamos
apenas dos dons naturais. Além de tal distinção não existir na lista de Paulo, essa ideia
de que não precisamos de todos os dons, de que não precisamos dos dons
sobrenaturais, é descartada, em primeiro lugar, pela teologia de Paulo, pois tudo é
sobrenatural uma vez que todos esses dons são conferidos por Deus.
Em segundo lugar, essa ideia é enfraquecida por Ef 4:11-13, que afirma que os dons são
necessários para trazer aperfeiçoamento e unidade à igreja, além do mais os dons que
ele lista incluem não apenas mestres, mas também profetas, apóstolos, pastores,
doutores, não se referindo a um dos doze ou aos escritores do N.T. Paulo utiliza o termo
“apostolo” de uma maneira mais abrangente que isso.
Em todo caso, porém, ele não fala somente daquilo que chamamos de dons naturais,
mas também fala daquilo que chamamos de dons sobrenaturais, contudo esta é uma
distinção moderna completamente arbitrária, baseada em uma cosmovisão moderna. O
dom de profecia aparece em quase todas as listas de Paulo: Rm 12:6; 1 Co 12:28; Ef
4:11. No A.T. este era o ministério mais proeminente da Palavra de Deus e no N.T.
também vemos profetas no livro de Atos. Paulo diz às igrejas de Corinto que o ideal era
que houvesse várias pessoas profetizando em cada igreja. Ele fala que a profecia é
particularmente valiosa para edificar o corpo de Cristo, em 1 Co 14:3-4 ele estimula os
cristãos a buscarem esse dom e em 14:1, 39, e em 12:31 também por implicação.
Assim, mesmo se não soubéssemos da existência de profecias verdadeiras hoje,
obedecendo o ensino de Paulo, seríamos conduzidos a orar por isto na igreja, mas isto
não significa que todos tenham o mesmo nível. Rm 12:6 nos diz que temos esses dons
de acordo com a medida que nos é concedida. Moisés falava com Deus face a face e
não por sonhos ou parábolas (Nm 12:6-8) e nenhuma de suas palavras caiu por terra,
entretanto, não vemos todos os profetas do AT nesse nível e certamente não vemos nas
igrejas locais, mas alguns dizem: “Afirmar que o dom de profecia é para os dias de hoje,
ou que esse tipo de dom é para os dias de hoje, diminui a autoridade singular das
Escrituras”.
Bem, este argumento não encontra amparo nas escrituras, isto porque os profetas
profetizaram nos tempos bíblicos e isso não diminuía a autoridade das escrituras que já
existiam naquele tempo. Temos profetas cujas profecias não foram registradas nas
escrituras, como em 1 Rs 18, Obadias conta a Elias sobre como escondeu 100 profetas
na caverna, dividindo-os em 50, mas suas profecias não estão registradas nas escrituras.
1 Co 14 fala de profecias na igreja local que não estão registradas nas escrituras. Na
verdade, se o que Paulo diz é o ideal para a igreja de Corinto, se isto era comum na
igreja primitiva na época dos escritos de Paulo talvez houvesse 10.000 profecias na
igreja primitiva, sendo que a vasta maioria delas não está registrada nas escrituras.
A bíblia não contém a intenção de conter todas as profecias (Jo 21:25), ela contém outros
gêneros além de profecia, como história e assim por diante, portanto, não é a mesma
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coisa dizer que, se é profecia, deve estar na bíblia e, se não está na bíblia, não é profecia.
Este também não é um argumento bíblico.
Alguns dizem que se permitirmos profecias, permitiremos novas doutrinas, mas Hb 1:1-
2 nos mostra que Cristo é a revelação plena, esta é a maior revelação que teremos até
que Jesus volte e o conheçamos também como somos conhecidos, mas também lemos
nas escrituras que o Espírito Santo continua a nos ensinar Jo14:26; 16:12-14. Ele lhes
ensinará as coisas que vocês não podem entender agora e em 1 Jo 2:27 diz: Todos
vocês têm uma unção que vem de Deus.
A profecia não tem a intenção de introduzir novas doutrinas hoje, mas a ideia de que os
dons cessaram é uma nova doutrina que não é mencionada nas escrituras, pois trata-se
de uma doutrina pós-bíblica. Temos profecias ao longo de todas as escrituras, tanto no
antigo como no novo testamento, em nenhum lugar, porém, as escrituras sugerem uma
mudança nesse modus operandi. É como se alguém dissesse após o fechamento do
cânon das escrituras: Eu estava no meio de uma profecia, mas é 95 d.C.! A revelação
acabou de ser concluída em algum lugar e agora o cânon se fechou! Não posso concluir
minha profecia, que pena! ou durante a oração em línguas parasse da falar
repentinamente. A igreja estava em pleno fervor e exercício dos dons espirituais e de
repente o último apóstolo morreu, João, então acabou tudo: ensino, línguas, profecias,
ministério pastoral, tudo, porque afinal Paulo não faz distinção alguma de categorias de
dons.
Não há indicação em qualquer lugar das escrituras de que deveríamos esperar tal coisa.
Na verdade, o texto bíblico que às vezes é citado em relação a isso é 1 Co 13:8-10, mas
não funciona, eles dizem que os dons de profecia, línguas e conhecimento irão passar,
que eles passam de maneira conjunta. Em outra passagem em Coríntios, o
conhecimento inclui coisas que sabemos sobre Deus e talvez outros tipos de
conhecimento. E o dom de ensino, acabou? O texto diz que essas coisas irão passar
quando não precisarmos mais dessas coisas parciais, porque o conheceremos face a
face, o conheceremos na verdade até ao ponto como somos conhecidos.
Ele não está falando a respeito do cânon, pois ainda precisamos do dom de ensino, mas
sim falando sobre a segunda vinda de Cristo. No livro de Atos fala-se sobre o Espírito
ser derramado nos últimos dias. Não deixa nenhuma implicação de que o Espírito se
recolhe; há expressões que esse texto menciona referente a esse derramamento dos
últimos dias e não deveríamos pensar que aqueles foram os últimos dias, pois os últimos
dias de fato ainda não ocorreram.
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e outros, as curas e outros sinais os seguem para confirmar a mensagem que eles estão
proclamando.
Diversas vezes no livro de Atos nós encontramos uma oração por ousadia que vem
acompanhada de curas em At 4:29-30. Sinais atestam a mensagem da graça em Atos
14:3, portanto se estamos pregando o evangelho ainda hoje, poderemos esperar pelos
mesmos sinais. Ao pregar sobre o reino, Jesus demonstrou o reinado de Deus com
sinais. Paulo diz que sinais dramáticos acompanham seu evangelismo. Em Rm 15:19
nós ainda vemos os sinais presentes em todo o livro dos Atos, inclusive no final (At 28).
Agora, curas não precisam ser sinais, não precisam ser dramáticos, podem ser uma
resposta de uma oração que ocorre por meio de médicos, pode ser uma resposta de
oração que ocorre gradualmente, ainda são respostas de oração. Os sinais dramáticos
que acompanham o evangelho nós ainda os vemos nos dias de hoje nos lugares em que
o evangelho está abrindo novos caminhos.
Por que Deus trabalha de uma maneira ao longo da maior parte das escrituras em
diversas épocas e lugares, as vezes mais em uma época e lugar do que em outros, mas
em diversas épocas e lugares e de repente pararia de operar assim no final do primeiro
século, sem um aviso prévio? Não é mais bíblico que devemos seguir o mesmo padrão
que vemos ao longo das escrituras? Ou seja, que em várias épocas e lugares conforme
Deus julga melhor e o povo recebe bem o seu trabalho, o trabalho continua.
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O dom de serviço pode denotar um ministério específico de ensino, mas pode também
ser uma designação geral para os vários ministérios (1 Co 12:5-7). Os dons de serviço
listados por Paulo em Romanos 12 fazem menção à comunhão dos santos, pois quem
serve, necessariamente serve a alguém e este alguém é o corpo de Cristo (igreja). Paulo
declara que os dons recebidos de Deus devem ser usados com humildade, pois muitos
que têm dons são tentados a fazer alto conceito de si mesmos e a se acharem
importantes.
Paulo avisa que os tais devem se olhar com seriedade e evitar a vaidade. O fundamento
disso é o fato de os dons serem provenientes de Deus e fundamentais na
interdependência de todos como comunidade cristã. A contribuição ou a liberalidade
deve ser exercida com simplicidade, isto é, sem ostentação (2 Co 9:11-13; Tg 1:5) e
simplesmente por causa da necessidade.
O corpo de Cristo é formado por vários membros, com funções diferentes, mas isso não
significa que um é mais importante que o outro. Deus não quer que sejamos ignorantes
quanto aos dons espirituais, contudo cabe a cada um de nós buscar ao Senhor e nos
enriquecermos do seu conhecimento (Jr 9:23-24).
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Os dons devem ser usados cada qual no seu lugar; do contrário, não produzirão efeito.
O trabalho de diácono é um serviço no que concerne às coisas materiais, antes que às
espirituais, mas isto não quer dizer que somente deva dedicar-se as coisas materiais
(Rm 12:7-8).
Os dons espirituais são concedidos aos crentes pela graça de Deus e não por méritos
pessoais (2 Co 3:5; Rm 12:6; 1 Pe 4:10). Os dons são dados com a exclusiva intenção
divina de que todos recebam proveito deles (1 Co 12:7), todavia isso não significa que
todos têm um dom específico, mas há dons (meios pelos quais o espírito se torna
conhecido) que são dados (continuamente) para o que for útil (proveitoso, para
crescimento).
Não podemos proceder de modo arrogante e autoritário no exercício dos dons, mas com
humildade e temor a Deus, portanto, não devemos nos portar com orgulho, visando a
exaltação pessoal (Tg 4:6). Uma das principais problemáticas da igreja em Corinto era a
falta de amor, humildade e a imaturidade no uso dos dons espirituais, motivo detalhado
no cap. 13 da epístola.
Lembrando que os dons são concedidos pela graça (favor divino imerecido) mediante a
fé. As manifestações sobrenaturais pertencerem ao mundo espiritual e por conseguinte
parte da experiência religiosa do crente, por este motivo Paulo escreve aos coríntios a
fim de lhes dar a conhecer o cuidado e a importância no seu uso. Esta precaução era
devida ao fato de muitos crentes terem tido um envolvimento anterior com a idolatria e o
misticismo das religiões pagãs predominantes à época (At 8:9-24).
A bíblia traz os ensinos corretos sobre o uso dos dons e se há distorções neste campo,
estas acontecem porque algumas igrejas não ensinam o que a bíblia diz de forma
correta. Esta falha no quesito ensino é um dos motivos do surgimento do fanatismo
religioso, da corrupção doutrinária, dos movimentos (fogo) estranhos e muitas heresias
(At 20:29-30).
Paulo diz que se temos o dom de profecia, devemos utilizá-lo "em proporção à nossa fé"
(Rm 12:6), indicando que o dom pode ser mais ou menos desenvolvido em diferentes
indivíduos ao longo de um período de tempo. É por isso que Paulo adverte: não deixes
de desenvolver o dom (1 Tm 4:14), e pode dizer: reavives o dom de Deus que habita em
ti (2 Tm 1:6).
Timóteo deixou seu dom enfraquecer, por isso Paulo escreve a fim de incentivar seu
fortalecimento. Estes textos indicam que os dons espirituais podem variar em
intensidade. Na verdade, até mesmo muitas habilidades que achamos que são "naturais"
vêm de Deus (1 Co 4:7).
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Pode-se dizer que nem todos tem o dom de ensinar, mas por outro lado, dizemos que
há uma capacidade geral relacionada com o dom de ensinar que todos os cristãos têm
(Pv 22:6). Outra maneira de dizer isto é que pode não haver um dom espiritual com todos
os crentes, mas há alguma habilidade geral, semelhante a cada dom que todos os
cristãos têm.
Embora muitos acreditem que os irmãos agraciados com dons da parte de Deus são
super espirituais, isto não é sinal de superioridade espiritual, contudo estes dons são
recebidos pela graça e misericórdia divina e não por merecimento. A igreja de Corinto
tinha muitos dons espirituais, porém além de não os usar com sabedoria havia divisões,
inveja, imoralidade sexual e disputas judiciais na igreja, por isso Paulo os chama de
carnais (1 Co 3:1-3).
Não podemos escandalizar aqueles que não comungam a nossa fé. Como eles
compreenderão a mensagem do evangelho se em uma reunião não entenderem o que
está sendo falado? (1 Co 14:23-25; Rm 8:26-27). A verdade é que havia muito estrelismo
em Corinto, no entanto Deus levanta homens para edificarem espiritual, moral e
doutrinariamente a sua igreja.
A igreja é o “edifício de Deus” (1Co 3:9) e os ministros são os arquitetos e o fundamento
já está posto pelos apóstolos: Jesus Cristo (Is 28:16). Paulo adverte os líderes de hoje:
“mas veja cada um como edifica sobre ele, porque ninguém pode pôr outro fundamento,
além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Co 3:10-11).
Todos são importantes
O propósito da analogia de Paulo sobre o corpo com muitos membros é que Deus nos
colocou no corpo com essas diferenças, para que possamos depender um do outro (1
Co 12:12-26). Se a pessoa busca para descobrir os seus dons deve orar e pedir a Deus
sabedoria: “e se algum de vós tem falta de sabedoria, peça a Deus, que dá para todos
liberalmente, com grande alegria e será dado. Peça-a, porém, com fé não duvidando”
(Tg 1:5-6).
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As igrejas devem orar continuamente para que Deus permita que as pessoas descubram
seus dons e, em seguida, sejam capazes de usá-los. Aqueles que procuram receber
dons espirituais devem continuar a usar os dons que tem agora a fim de que Deus lhes
conceda mais (1 Co 14:13).
Todos podem receber
Temos de reconhecer que cada crente recebe dons espirituais (1 Co 12:7, 11; 1 Pe 4:10).
Até mesmo os cristãos imaturos podem receber dons espirituais do Senhor, isto é
evidente na igreja de Corinto, que teve uma abundância de dons espirituais (1 Co 1:7),
mas ainda era muito imatura em muitas áreas de conduta e doutrina (1 Co 3:1-3).
Quão forte tem de ser uma habilidade antes de chamá-la de um dom espiritual? A
escritura não responde a essa pergunta diretamente. São todos apóstolos? São todos
profetas? São todos mestres? Todos operam milagres? Têm todos o dom de curar?
Falam todos em línguas? Interpretam todos? (1 Co 12:29-30)
Nem todos os cristãos têm o dom de evangelismo, mas todos os cristãos têm a
capacidade de compartilhar o evangelho (Dt 6:7). Algumas pessoas dizem que hoje
muito poucos tem dons genuínos de cura, mas, no entanto, cada cristão pode orar a
Deus para a cura de amigos ou parentes que estão doentes. Nem todo cristão tem o dom
da fé, mas cada cristão tem um grau de fé e esta cresce na vida do cristão comum.
Dons ministeriais Ef 4:11; 1 Co 12:28
Paulo cita em efésios os dons (ofícios) mais relacionados à expansão, sustento e
edificação da igreja. Em coríntios a classificação em ordem de honra é a mesma de
efésios.
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Os que tem dom de prestar ajuda: Este dom sugere a ajuda particular aos fracos e
necessitados.
Os que têm dom de administração: A liderança era um dom indispensável no caso dos
anciãos.
A natureza geral dos dons
Qual é o propósito principal dos dons do Espírito Santo? São capacidades espirituais
concedidas com o propósito de edificar a igreja de Deus, por meio da instrução dos
crentes e para ganhar novos convertidos (Ef 4: 7-13; 1 Co 12:8-10).
O que é o batismo com o Espírito Santo?
O batismo com o Espírito Santo é uma experiência especial que o crente pode ter com
Deus e é, literalmente, um revestimento de poder, conforme prometido por Jesus (Lc
24:49; At 1:4-5). A ordem para esperar pela promessa do Pai em Jerusalém remete à
profecia de João Batista (Mt 3:11) e, mais atrás, às promessas de derramamento do
Espírito Santo feitas pelos profetas do A.T. (Jl 2:28-29; Is 32:15). As declarações de
Jesus sobre este batismo devem ser entendidas como causa e efeito, pois só pode haver
testemunho eficaz onde estiver o Espírito e, onde estiver o Espírito, seguir-se-á
testemunho eficaz em palavras, em obras (milagres), e na qualidade de vida e virtudes
daqueles que o receberam.
A distribuição das línguas de fogo, em que cada forma veio repousar sobre um dos
presentes, foi cumprimento da promessa do batismo de fogo, segundo lemos em Lc 3:16
e Mt 3:11. Este batismo de fogo contrasta com o batismo em águas, ministrado por João
Batista e que foi prometido pelo Senhor Jesus aos seus seguidores, como bênção
especial, para servir de símbolo especial, característico e distintivo de seu ministério. No
Pentecostes, o Espírito Santo veio mostrar o seu controle sobre a vida dos crentes com
manifestações visíveis através das línguas de fogo.
Alguns equivocadamente ensinam que o batismo de fogo difere do batismo com o
Espírito Santo, sendo o primeiro a punição eterna dos infiéis no fogo do inferno e o
segundo a habitação do Espírito Santo no crente no momento da conversão. Essa
interpretação do texto sagrado não se sustenta, pois João Batista foi incisivo em suas
palavras ao profetizar se referindo a Jesus: “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com
fogo” (Mt 3:11).
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Assim, o Espírito Santo veio no Pentecostes como línguas de fogo porque a promessa é
que Jesus viria e batizaria com o Espírito Santo e com fogo. Notemos que o texto diz
claramente e com fogo e não que ele vos batizará com o Espírito Santo ou com fogo,
de forma que as mesmas pessoas recebem tanto um quanto o outro no mesmo instante.
A afirmação de que o batismo com fogo é o oposto de batismo com o Espírito Santo é
frágil e completamente errônea e herética.
Verdadeiramente, a interpretação mais aceita é de que o fogo do vs. 11 indica o caráter
do batismo com o Espírito, pois o ministério do Espírito seria com fogo, assim como o
ministério de João foi com água. O modo como o Espírito veio no Pentecostes como
vento, dotado de força e poder, como um fogo impulsionado pelo vento, tem como efeito
a purificação do povo de Deus (na qualidade de fogo produziria a purificação) e a
transmissão de poder (usando a força do fogo). Logo, o fogo descreve o batismo
sobrenatural de Deus, em contraste com o símbolo da limpeza com água, pois o fogo do
Espírito renova o povo de Deus.
Na história bíblica Deus se revelou através do fogo. Foi assim no monte Sinai com a
sarça ardente e também no monte Carmelo com o profeta Elias, bem como quando
Salomão estava consagrando o templo e a presença de Deus veio em forma de fogo. A
bíblia também diz que o trono de Deus é fogo, que Deus é fogo, que Ele faz de seus
ministros labaredas de fogo.
O efeito espiritual desse fogo no crente é que ele ilumina, aquece, purifica e se alastra,
portanto, precisamos deste revestimento de poder (fogo). Em Lv 6 aparece cinco vezes
a exortação para não se deixar o fogo apagar sobre o altar, ou seja, é preciso alimentar
este fogo através da Palavra, da oração e da adoração, senão ele apaga.
Quando uma pessoa fica cheia (revestida) do Espírito Santo, tem vários efeitos:
Coragem – O crente perde a timidez, porque está completamente focado em Deus e
não nas opiniões de outras pessoas – (At 2:14; 5:29; 4:8, 31).
Capacitação – O Espírito Santo dá um poder superior para o ministério, a fim de ajudar
o crente no seu crescimento espiritual, na evangelização e no crescimento da igreja; o
crente poderá, além disso, receber dons espirituais (At 19:6).
Revelação – Essa experiência poderá ajudar o crente a encontrar a resposta para uma
dúvida, ou uma indicação de o que deve fazer, ou um novo significado de uma palavra
da bíblia para sua vida (At 20:22-23).
Dedicação – Por causa dessa experiência, o crente sente mais vontade de conhecer a
Deus e se dedicar mais à sua obra. A oração e o estudo da bíblia se tornam muito mais
significativos e eficazes, o que também resulta em uma nova alegria na adoração (At
5:41).
Jesus, logo após o Espírito Santo descer sobre ele em forma de pomba, após o batismo
de João, foi ao deserto para ser tentado, ou seja, ele também recebeu uma capacitação
especial antes de começar o seu ministério público (Mt 3:16 - 4:1; Lc 4:18; Is 61:1-2). Da
mesma forma ele recomendou não somente aos apóstolos, mas a todos que o seguiam
o seguinte: “ficai em Jerusalém até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24:49).
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Os apóstolos já haviam recebido o Espírito Santo antes do Pentecostes (Jo 20:19), mas
ainda não eram batizados por ele, por isso é importante entender que ter o Espírito Santo
não significa ser batizado com o Espírito Santo. No Pentecostes, portanto, eles
receberam a plenitude do Espírito Santo.
A prova disto é que o próprio Cristo advertiu aos discípulos para que “ficassem em
Jerusalém até que do alto fossem revestidos de poder”, porque “seriam batizados com o
Espírito Santo” não muito depois daqueles dias, na verdade a exatos dez dias após sua
ascensão (At 1:3), quando, finalmente, “receberiam poder” para testemunharem de
Cristo Jesus por toda a terra (At 1:8).
Podemos ratificar o batismo com o Espírito Santo como uma segunda benção, uma força
a mais, uma unção de revestimento de poder que nos fortalece espiritualmente para
enfrentarmos nossas lutas e dificuldades do viver cristão. Este poder também incrementa
a capacidade de desempenharmos nossa função como membros do corpo de Cristo,
produzindo um ardente desejo de conhecer e servir mais e melhor a Deus. Como já
vimos, o próprio Jesus lhes havia prometido poder para testemunhar tão logo fossem
batizados com o Espírito Santo (At 1:8).
O batismo com o Espírito Santo é o recebimento dele na sua plenitude. Essa experiência
nunca aconteceu na dispensação do velho testamento, pois o Espírito de Deus já tinha
se manifestado de variadas formas, mas nunca em sua plenitude.
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Esses dons são descritos como "a manifestação do Espírito", "dada a cada um, para o
que for útil” (isto é, para o benefício da igreja). Aqui temos a definição bíblica duma
"manifestação" do Espírito, a saber, a operação de qualquer um dos nove dons do
Espírito.
A palavra de sabedoria
Quando o rei sírio pensou em atacar o exército de Israel, o profeta já havia alertado a
todo o Israel (2 Rs 6:8-12). Este dom tem a finalidade de preservar a vida da igreja,
livrando-a de qualquer engano ou artimanha do maligno.
No Novo Testamento, esse dom foi manifestado quando Pedro revelou a mentira
de Ananias e Safira (At 5:1-11). O dom da palavra da ciência não é adivinhação,
mas conhecimento concedido sobrenaturalmente da parte de Deus (Jo 4:16-
19;29).
O discernimento de espíritos
Distinção entre os espíritos é a habilidade especial para reconhecer a influência do
Espírito Santo, do espírito humano ou espíritos demoníacos em uma pessoa.
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A palavra discernir significa julgar através de; distinguir. Ela denota o sentido de se
penetrar a superfície, desmascarando e descobrindo a verdadeira fonte das motivações
(Mt 10:26).
Ao longo das escrituras podemos destacar três origens das manifestações espirituais no
mundo: Deus, o homem e o diabo. Uma profecia ou línguas, por exemplo, pode ter
inspiração divina ou da mente humana ou ainda de origem maligna. A palavra de Deus
nos ensina que os espíritos devem ser postos à prova (1 Co 14:29; 1 Jo 4.1-4; Mt 7.15-
20).
Cristo nos resgatou da maldição do pecado quando morreu na cruz e isto se refere à
cura física e espiritual que Cristo adquiriu para nós (Mt 8:16-17; 1 Pe 2:24). Todos os
benefícios que Cristo conquistou só gozaremos na sua plenitude em sua segunda vinda
(Rm 8:23; 1 Co 15:19-23). Enquanto não recebermos o novo corpo imortal e incorruptível
estaremos sujeitos a toda sorte de doenças e males neste corpo físico (Rm 8:20-23).
O propósito dos dons de cura
Os dons de cura têm várias finalidades:
Primeiro eles funcionam como um "sinal" para confirmar a mensagem do evangelho e
mostrar que o reino de Deus é chegado (Mt 3:2; Jo 9:1-3).
Em seguida, trazem conforto para aqueles que estão doentes e mostra um atributo da
misericórdia de Deus para com os necessitados (Mt 9:20-22).
Em terceiro lugar, a saúde prepara as pessoas para o serviço, ao remover os
impedimentos para o ministério (Fl 2:25-27).
Em quarto lugar, a saúde oferece uma oportunidade para que Deus seja glorificado
quando as pessoas veem a evidência física de sua misericórdia, amor, sabedoria, poder
e presença (2 Rs 5:14-15).
Como a cura acontecia no N.T.?
Os métodos utilizados por Jesus e os discípulos para trazer a cura variam de caso para
caso, mas na maior parte do tempo incluía a imposição de mãos (Lc 4:40; Mt 9:18; Mc
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16:18). Outro símbolo físico do poder do Espírito Santo, usado no processo de curar era
a unção com óleo (Tg 5:14-15).
Como, então, devemos orar pela cura? Vivemos numa época em que o reino de Deus
está aqui, mas ainda não totalmente. Isto é um fato. Em cada caso individual é a vontade
soberana de Deus que decide o resultado e nosso papel é simplesmente perguntar e
esperar que ele responda (Rm 9:20; Lc 22:42).
A decisão de não usar medicamentos, nestes casos, deve ser uma decisão pessoal e
não imposta por outros. No entanto, às vezes não há um medicamento apropriado
disponível ou o remédio não funciona. Certamente devemos nos lembrar que Deus pode
curar quando os médicos e a medicina não podem.
Certamente devemos usar a medicação, caso disponível, porque Deus também criou
substâncias na terra que podem fazer a medicina com propriedades curativas. Assim, os
princípios ativos dos medicamentos devem ser considerados parte de toda a criação,
que Deus achou que era "muito bom" (1 Tm 5:23).
Como operam os dons de cura?
Aqueles com os "dons de cura” são aqueles que tem suas orações para a cura
respondidas com mais frequência e mais completamente do que os outros. Quando isso
se torna claro, a igreja deve agir com sabedoria neste ministério para incentivá-los e dar-
lhes mais oportunidades para orar pelos outros que estão doentes.
Devemos também perceber que os dons de cura podem incluir um ministério, não só em
termos de saúde física, mas psíquica e emocional. Isto também inclui a capacidade de
libertar as pessoas dos ataques demoníacos, porque isso também é chamado de "saúde"
nas escrituras (Is 57:15; Lc 4:18; 6:18).
Nenhum cristão tem autorização divina para “profetizar”, “determinar” ou “decretar” a cura
de quem quer que seja (2 Sm 7:1-5;1 Co 12:29; Mt 5:36). Jesus mandou orar e impor as
mãos, e não fazer “confissão positiva”, porque isso não tem previsão no texto bíblico e
nada mais é que mais um “modismo” da teologia da prosperidade.
A palavra de Deus recomenda que oremos pelos enfermos, porque a oração do justo
pode muito em seus efeitos, independe de se ter o dom de cura ou não (Tg 5.14-16)
Jesus nos ensinou que em seu nome deveríamos impor as mãos sobre os enfermos para
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que eles sejam curados (Mc 16:18), portanto nossa responsabilidade é orar pedindo a
cura. Quem sara o enfermo, de acordo com a sua soberana vontade, é Deus (At 3:1-6;
12,16; 2 Tm 4:20).
E se Deus não cura?
Devemos perceber que nem todas as orações para a cura são respondidas, pois em
alguns casos, devido a seus próprios propósitos soberanos, Deus vai decidir não curar
(2 Tm 4:20).
Quando Epafrodito foi visitar ao apóstolo Paulo, foi acometido de uma doença que o
colocou à beira da morte (Fp 2:27). Quando Deus escolhe não curar, mesmo quando
pedimos, então não há problema em dar graças em todas as circunstâncias (1 Ts 5:18).
Paulo recomenda a Timóteo que beba um pouco de vinho por causa de seu estômago
ruim e “das tuas frequentes enfermidades” (1 Tm 5:23).
Finalmente, Deus pode trazer uma santificação crescente através de uma doença e
sofrimento, da mesma forma que pode trazer santificação e crescimento na fé através
das curas milagrosas. Com Jó aprendemos uma importante lição de vida e fé mediante
severas provações da nossa fé (Jó 2:10; 42:5).
Operação de milagres
Este dom realiza obras extraordinárias além do poder humano. O dom de operação de
maravilhas altera a ordem natural das coisas consideradas impossíveis e impensáveis.
O dom da fé é a capacidade que o Espírito Santo concede ao crente para este realizar
coisas que transcendem à esfera natural da vida, objetivando sempre a edificação da
igreja.
Em 1Co 12:9 a palavra usada significa uma dotação especial do poder do Espírito. Jesus
afirmou que apenas um grão desta fé poderia remover uma montanha (Mt 17:20). O dom
da fé é algo específico, “é uma medida incomum de confiança no poder de Deus”.
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Línguas
Esta definição indica que o falar em línguas é fundamentalmente uma conversa dirigida
a Deus (uma oração ou um louvor), por isso é diferente do dom de profecia, que muitas
vezes consiste em mensagens que Deus dirige à igreja.
Assim, Paulo diz: "porque o que fala língua estranha não fala aos homens, senão a Deus;
porque ninguém o entende e em espírito fala de mistérios" (1 Co 14:2), e se um intérprete
não está presente no culto da igreja, Paulo diz que alguém com um dom de falar em
línguas deve manter "silêncio na igreja e falar consigo e com Deus" (1 Co 14:28), o que
na maioria das vezes não é o que acontece.
Que tipo de conversa é dirigida a Deus? Paulo diz: "se eu orar em línguas, o meu espírito
ora bem, mas minha mente fica infrutífera”, caso eu não ore para que a possa interpretar
(1 Co 14:14), portanto línguas não interpretadas não trazem nenhum benefício à igreja.
Há, contudo, muitos que torcem a Palavra de Deus e argumentam que em Pentecostes
os discípulos falaram em idiomas humanos e apenas com o único propósito de que os
judeus devotos da Dispersão que tinham ido a Jerusalém para a festa fossem
evangelizados, justificando, com isso, que as “outras línguas” foram restritas apenas à
era dos apóstolos e àquele evento apenas.
A lista de pessoas de quinze nações começa com o Leste: "Partos, medos, elamitas,
habitantes da Mesopotâmia", onde os judeus foram levados cativos para a Assíria e
Babilônia.
A lista prossegue oeste para a Judéia, e depois para o norte para a Ásia Menor:
Capadócia, do Ponto, da Ásia, da Frígia e da Panfília, de lá para o Norte da África (Egito,
partes da Líbia perto de Cirene, depois para Roma. Finalmente, a lista inclui dois lugares
muito distantes: Creta e Arábia.
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Confusão maior ainda seria se essas 120 pessoas estivessem orando nos 15 (quinze)
idiomas diferentes dos peregrinos, seria uma repetição do que aconteceu na torre de
Babel, ou seja, uma confusão onde ninguém se entenderia (Gn 11:6-9).
A suposição de que os discípulos falaram os idiomas nativos dos prosélitos uma única
vez e apenas com o propósito de que estes fossem alcançados pela mensagem do
evangelho não se sustenta pelos seguintes motivos:
1. Paulo afirma que quem fala em língua estranha não fala aos homens, mas a Deus
e ninguém o entende porque fala de mistérios (1 Co 14:2).
2. O apóstolo diz que “...o que fala língua estranha, ore para que possa interpretar”
(1 Co 14:13), portanto a interpretação, ou seja, o entendimento das línguas
depende unicamente de oração.
3. A bíblia não diz que eles falaram os idiomas nativos dos judeus que tinham ido à
festa presentes na multidão, mas sim que “cada um os ouvia na própria língua em
que era nascido”. Eles falaram em línguas não conhecidas literalmente, sim, mas
um milagre de audição fez com que cada estrangeiro os ouvisse em seu idioma
nativo (At 2:8).
Diante de todos esses fatos, concluímos que é apócrifo, espúrio e herético afirmar que
as línguas estranhas não são atuais com base em argumentos falhos, inconsistentes e
contrários ao ensino geral das escrituras. Os adeptos do cessacionismo forçam uma
interpretação totalmente distorcida e desprovida de qualquer elemento de verdade e
inspiração divina.
Outra coisa muito importante é esclarecer que o falar em línguas estranhas não é falar
na “língua dos anjos”, pois quando Paulo diz: “Ainda que eu falasse as línguas... dos
anjos”, ele está usando uma figura de linguagem, uma hipérbole. Na verdade, ele quer
dizer que “ainda que fosse possível, ainda que eu pudesse falar a língua dos anjos” ....
Ele prossegue sua figura de linguagem dramatizando: “conhecesse todos os
mistérios...entregasse meu corpo para ser queimado”. Tudo isto aponta para o fato que
o dom de falar em línguas não é falar o idioma dos anjos, mas literalmente em uma língua
não conhecida a qual somente pode ser compreendida por alguém que ore para que a
possa interpretar (1Co 14:13).
Interpretação de línguas
É uma habilidade sobrenatural, concedida pelo Espírito Santo, que torna o crente capaz
de interpretar, de tornar inteligível na sua própria língua, aquilo que foi falado em línguas
estranhas. Paulo advertiu aos irmãos de Corinto quanto ao uso deste dom que se não
há interprete a vontade de Deus não é revelada e a igreja não é exortada, consolada,
tampouco edificada. O dom de interpretação complementa o dom de profecia (1 Co
14.27-28).
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Nesta situação línguas sem interpretação são um sinal de juízo "para os descrentes”,
pois, ao ouvir no culto uma linguagem ininteligível, eles serão propensos a rejeitar o
evangelho. Assim, Deus usa um discurso ininteligível como um sinal de julgamento (Is
28:11; 1 Co 14:22-23).
Paulo diz que aquele que fala em línguas não fala aos homens, mas a Deus e ninguém
o entende, pois, em seu espírito fala mistérios (1 Co 14:2). Da mesma forma, diz que se
alguém fala em línguas sem interpretação não comunica nada a ninguém.
Por esta razão, o crente ao falar em línguas deve orar para ter o dom de interpretar o
que ele diz. Paulo diz: Porque se eu orar em línguas, meu espírito ora bem, mas minha
mente fica infrutífera. O que devo fazer então? Orar com o espírito, mas também com o
entendimento; cantar com o espírito, mas também com o entendimento. No entanto, na
igreja eu quero antes falar cinco palavras inteligíveis para instruir e servir aos outros, do
que dez mil palavras em línguas desconhecidas.
Alguns alegam que o falar em línguas deve ser sempre o falar idiomas humanos
conhecidos, como foi o que aconteceu em Pentecostes, mas ainda que o falar línguas
tenha ocorrido “supostamente” em idiomas humanos conhecidos uma vez nas Escrituras
com o fim de evangelização, não precisaria, necessariamente, acontecer sempre em
línguas conhecidas, senão não haveria o dom de interpretação, pois para isso Paulo
recomendaria escolas de idiomas e não oração.
Paulo vê esse tipo de oração como uma atividade que ocorre no mundo espiritual,
através da qual o nosso espírito fala diretamente com Deus, mas nossa mente de alguma
forma não entende o que pedimos. Isto mostra que Deus está acima de nosso
entendimento e que ele trabalha de maneira além da nossa compreensão (Is 55:8-9; Rm
8:26-27).
Há também os que acreditam que aqueles que falam em línguas perdem a consciência
do que acontece ao redor, perdem o autocontrole ou são forçados a falar contra a sua
vontade, contudo esta não é a verdade mostrada no Novo Testamento, pois mesmo
quando o Espírito Santo veio em sua plenitude no dia de Pentecostes, os discípulos
foram capazes de parar de falar em línguas para que Pedro pregasse à multidão (1
Co14:27-28).
Semelhantemente, Paulo disciplina uso do dom de profecia na igreja: “Mas, se a outro,
que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cala-se o primeiro” (1 Co 14:30). Logo,
tanto os que falam em línguas e/ou profetizam controlam o seu enunciado, ainda que
não possam não entender o que falam, no caso das línguas sem interpretação.
E quanto ao perigo de falsificação demoníaca?
Às vezes os cristãos têm medo de falar em línguas, perguntando se eles não entendem
sobre algo, isto pode levá-los a falar blasfêmia contra Deus ou dizer algo inspirado por
um demônio e não o Espírito Santo, todavia este receio não tem motivo de existir (1 Co
12:3).
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Em Rm 8:26-27: Paulo não explicita aqui o falar em línguas, contudo esta declaração
refere-se em geral à vida de todos os cristãos. Paulo não fala de algo que o Espírito faz
com total independência de nossa participação, mas em algo que nós e o Espírito Santo
fazemos em conjunto.
O dom de profecia
A profecia é o dom de transmitir a outros crentes em Cristo a verdade que Deus disse ao
profeta. O Novo Testamento mostra que este dom não deve ser definido como "prever o
futuro", ou "pregar uma mensagem do Senhor", tampouco “desejar bênçãos” na vida de
quem quer que seja fazendo “declamações”, mas sim como “dizer algo que Deus trouxe
espontaneamente à mente”.
Assim, profetizar não é desejar uma bênção ou coisas boas a uma pessoa, pois essa
não é a finalidade da profecia. A expressão “eu profetizo”, oriunda da teologia da
prosperidade, leva as pessoas a falarem em nome de Deus o que ele não falou ou
tampouco prometeu e não se dão conta do quão grave é falar em nome de Jeová o que
ele não mandou (Dt 18:20; Ez 13:6-7), ainda que aparentemente sejam coisas que
agradem a Deus (2 Sm 7:2-13).
Infelizmente, por falta de ensino da Palavra de Deus em muitas igrejas, aparecem várias
aberrações concernentes ao conceito incorreto deste dom, beirando inclusive à
banalização da expressão “profetizar” (1 Co 12:29). O dom de profecia deu lugar às
“profetadas” e hoje praticamente não se vê mais irmãs ou irmãos sendo usados por Deus
com o dom de profecia, mas apenas declamando o “bordão” da teologia da prosperidade
“eu profetizo!”. Isso simplesmente não existe na bíblia!
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acessíveis para serem espiritualmente julgados. Isto é uma prova de que realmente foi
levado à conversão e que Jesus e o Pai habitam nele (Jo 14:23).
Dom de profecia ou confissão positiva?
Confissão positiva: É a versão cristianizada do pensamento positivo (representada pela
teologia da prosperidade), que essencialmente substitui a fé em Deus pela habilidade de
ter fé em si mesmo. Diferente do conceito bíblico de fé (Hb 11:1), essa filosofia humanista
afirma que o simples fato de confessar positivamente o que se crê faz com que o desejo
confessado aconteça. Pregam que sua realidade atual ou sua vida é o resultado dos
pensamentos que você tem.
A confissão positiva prega trazer à existência o que declaramos com a nossa boca (Gn
1: 3; 3:5) e que a palavra do homem, assim como a bíblia, tem autoridade (Mt 5:36).
Aquilo em que você mais “pensa ou se concentra” se concretizará em sua vida,
independentemente de ser ou não a vontade de Deus, irá prevalecer a sua vontade (Pv
16:01). O problema é que a confissão positiva apresenta um conceito simplista da fé ao
defender que a benção financeira é o desejo de Deus para todos os cristãos e que a fé,
o discurso positivo e as doações irão sempre aumentar a riqueza do fiel.
Ademais, dá mais valor à palavra falada (declamações de fé) do que a oração e a Palavra
de Deus. Nas reuniões são incentivados apenas a “determinarem”, “profetizarem”, sobre
a sua vida e a de seu próximo, ignorando, desta forma, o meio mais eficaz de
comunicação com Deus: o instituto da ORAÇÃO. É a oração que move o braço de Deus!
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NOÇÕES DE HOMILÉTICA
Homilética: É a ciência que trata da análise, classificação, preparação, composição e
entrega de sermões. Sua função é oferecer recursos para que possamos convencer o
homem quanto à necessidade de arrependimento e fé em Jesus Cristo (Mt 28:20). O
pregador é o que interpreta e ensina as verdades divinas.
Um dos maiores erros que cometemos em relação à pregação é que nós perguntamos
como a pregação deve ser feita, antes de perguntarmos o que é pregação. Então muitas
pessoas começam a pregar sem saber o que é a pregação e aqueles que apenas são
ouvintes também não perguntam o que é a pregação.
Qual foi a primeira pregação pública de João Batista? Arrependei-vos, porque é chegado
o reino dos céus! Qual foi a primeira pregação pública de Jesus? Arrependei-vos, porque
é chegado o reino dos céus! (Mt 3:2; 4:17).
Evangelho é Jesus em todos os benefícios que fluem dele para nós, contudo nem toda
apresentação do evangelho é uma pregação, mas toda pregação é uma apresentação
do evangelho e o pregador é o embaixador em nome de Cristo (Lc 3:23-38).
Evite dois extremos: aceitar sem uma análise crítica as conclusões dos comentários e
bíblias de estudo ou chegar a suas próprias conclusões sem examinar pelo menos duas
ou mais obras de referência sobre o tema em estudo.
1- Para evangelizar os judeus eles teriam que entrar no seu campo de estudo – o A.
T. – que de fato era a única porta de entrada, apresentando a explícita relação
entre as profecias messiânicas e Jesus de Nazaré, o Cristo.
2- Qualquer tentativa de discurso baseado em uma retórica grega, geraria
argumentos rabínicos de que o Cristianismo era um fenômeno desagregador da
cultura judaica, causando a sua rejeição imediata.
3- Os primeiros pregadores, em sua maioria, ignoravam a retórica grega. Paulo e
Apolo de Alexandria eram algumas exceções.
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4- O descrédito da retórica homilética, devido aos falsos mestres que a usavam para
disseminar enganos, comprometidos apenas em alcançar o fim para o qual foram
pagos.
A pregação da Igreja Primitiva consistia na demonstração de que as promessas do A. T.
tinham seu cumprimento em Cristo, daí os pregadores recitarem passagens do A.T. e as
explicarem à luz da vida e obra de Jesus, o Messias.
Com o passar do tempo, a pregação cristã foi se tornando mais elaborada pelos
seguintes motivos:
Por outro lado, aquele que prega deve ter consciência de que o púlpito não é o lugar
para se externar as opiniões pessoas e subjetivas, mas sim para pregar a Palavra de
Deus.
Outra verdade que precisa ser ressaltada é que apesar de muitos de nós não sermos
“grandes” pregadores ou existirem pregadores infiéis, Deus fala: A Palavra de Deus é
mais poderosa do que nossa incompetência ou a infidelidade dos outros.
Requisitos essenciais à pregação eficiente
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Piedade: Não se requer de um pastor apenas cultura, mas também inabalável fidelidade
pela sã doutrina ao ponto de nunca se afastar dela.
Requisitos fundamentais ao sermão: O sermão antes de ser elaborado deve ter uma
estrutura em nossa mente. A estrutura é como uma planta na construção de um edifício.
Ponto: todo sermão deve seguir em torno de uma ideia central a qual serve de tese para
ser demonstrada ou como pressuposto que é aceito, não precisando de demonstração.
Este ponto deve atrair todos os argumentos para si e estar claro na mente dos ouvintes.
Proporção: O sermão não deve ter uma ênfase exagerada num determinado argumento
em prejuízo aos demais. Cada argumento deve ter o tempo necessário conforme a
relevância dele para o sermão, a fim de que não haja desproporção (Jo 14:6).
Movimento: o sermão deve ter ideias coordenadas que estão a caminho de uma
conclusão. Um sermão sem objetivo é apenas um monte de palavras e conceitos
isolados.
Fidelidade Textual: Para que isto seja feito é necessária uma interpretação cuidadosa
do texto bíblico, considerando o seu contexto. Para ser positiva, a pregação deve ser
uma explicação da Escritura.
Elemento didático: O sermão visa sempre ensinar os seus ouvintes e ao mesmo tempo
levá-los a assumir uma posição diante do que ouviram. O ensino que transmitimos em
nossos sermões devem provir do ensino bíblico. A igreja deve ser estimulada a aprender
a Palavra e o sermão é um meio para isso. O sermão deve ser, antes de tudo, instrutivo.
Observações sobre o sermão
O problema de muitos e até mesmo alguns de nós cristãos é que muitas vezes, sem
percebermos, trocamos os preceitos bíblicos por conselhos de revistas, por modismos
dos da televisão e mídias sociais. Substituímos a Bíblia pela Psicologia, Filosofia e até
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Devemos ter cuidado para não pregar apenas proposições teológicas ao invés de a
pessoa de Cristo. Pregar é anunciar um Cristo vivo para pecadores mortos em pecados
para que possam viver em Cristo. Não devemos pregar apenas proposições abstratas,
mas advertir, isto é pregar Cristo de forma sábia; advertindo e ensinando a todo homem
em toda a sabedoria, isto significa tornar o sermão acessível às necessidades das
pessoas que estão ouvindo; confortar quem precisa de conforto, admoestar os que estão
vivendo no pecado, levantar os desanimados, rebaixar os orgulhosos. Devemos
apresentar o mesmo Cristo a todos sabiamente e todos em todos os níveis.
O texto
Use sempre texto da bíblia: Isto exclui o uso dos livros apócrifos, hinos ou mesmo bons
livros evangélicos. O sermão sempre deve partir das Escrituras.
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Use texto que tenha sentido claro: Textos que apresentam uma série de controvérsias
quanto a sua interpretação devem ser evitados (1 Pe 3:19). O objetivo do sermão é
edificar, transformar, esclarecer e consolar. Se a pregação trouxer confusão na mente
dos ouvintes, qual terá sido seu benefício?
Não evite um texto simplesmente por ele ser muito conhecido: É nos textos mais
conhecidos e pela forma de abordá-los sem ficar apenas repetindo coisas já ditas e
repetidas “n” vezes que um pregador pode se destacar.
Evite textos muito extensos ou muito curtos: O texto muito extenso pode trazer certa
dificuldade em expor com clareza o que desejamos dentro do tempo delimitado. Um texto
curto, por sua vez, isolado de seu contexto pode fazer com que venhamos apenas a
expor nossa eloquência e não expor a Palavra de Deus. Pequeno ou grande o texto
deve, antes de tudo, ser primeiramente entendido dentro de seu contexto.
Evite alegorias na interpretação do texto: Não podemos alegorizar demasiadamente
o texto dando asas à nossa imaginação. O limite das analogias é limitado pelo próprio
uso bíblico. Quando divagamos além dos limites autorizados pela escritura corremos o
risco de fazer um estudo de Botânica, Zoologia, Medicina e até futebol, tudo menos um
estudo proveitoso da Palavra de Deus.
Não faça um tratado teológico a partir do texto: Muitas vezes somos tentados a querer
dizer tudo o que a escritura nos ensina sobre um assunto a partir de um texto, o que
além de impossível é pouco proveitoso para os ouvintes. A assimilação do que é falado
no púlpito é inversamente proporcional à duração do sermão (At 20:09).
Classificação dos sermões
Com referência à estrutura do texto, o sermão pode ser classificado como Temático,
Textual ou Expositivo.
Sermão Textual: É aquele cuja estrutura corresponde à ordem das partes do texto. O
tema e as divisões estão no texto ou são derivados dele. Neste caso o texto utilizado é
pequeno, não devendo ultrapassar 4 versículos. Neste caso o texto é que controla todos
os pontos a serem tratados no sermão.
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Exemplo:
Tema: As glórias do homem
Texto: Jeremias 9:23-24.
Título: A verdadeira glória
1 – Os que se gloriam na sua sabedoria Jr 9:23a
2 – Os que se gloriam na sua força Jr 9:23b
3 – Os que se gloriam na sua riqueza Jr 9:23c
4 – Aquele que se gloriar, glorie-se no Senhor! Jr 9:24
Sermão Expositivo: É aquele em que tema e as divisões são extraídos de um texto que
tenha mais de quatro versículos. Basicamente o que o distingue do sermão textual é a
extensão do texto bíblico utilizado. A pregação expositiva deve estar sintonizada com
todas as partes da Bíblia, formando um conjunto harmônico. Os apóstolos interpretavam
o A.T. e o aplicavam às necessidades de seus ouvintes.
Exemplo:
Tema: Milagre
Texto: 2 Reis 5:1-15.
Título: Como alcançar o milagre de Deus?
1 – O milagre de Deus não pode ser comprado v.5
2 – Não basta crer, é preciso crer da maneira correta v.11
3 – O orgulho impede o milagre v.12
4 – É necessário nos submetermos a vontade de Deus v.14
5 – É imprescindível agradecer e glorificar a Deus v.15
Introdução: É a porta de entrada ao assunto que vai ser tratado e tem como objetivo
despertar a atenção, o interesse e a simpatia dos ouvintes. O interesse alimenta a
atenção através de um tema que apresente relevância. Uma atitude pretenciosa ou
inadequada poderá criar um clima de antipatia por parte dos ouvintes, que criará
barreiras à sua apreciação.
A introdução deve ser breve, pertinente e ter uma ideia dominante. Deve conduzir
diretamente ao tema, pois se for muito longa pode criar uma insatisfação nos ouvintes
pelo fato de o pregador ficar fazendo delongas e não entrar logo no assunto.
Narração ou explicação: Tem o propósito de tornar mais claro o texto, realçando a
procedência da sua mensagem. Uma boa narração depende de um estudo criterioso do
texto e do contexto, além de uma boa exegese, dicionários e comentários bíblicos.
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Ser muito extenso: A narração é apenas uma parte do sermão, por isso se for muito
demorada cansará o auditório antes da mensagem propriamente dita.
Ser muito detalhado: Basta que usemos apenas o que for essencial à explicação do
assunto que vamos tratar. Devemos fazer uma seleção de apenas o que for relevante
para o sermão, ou seja, apenas aquilo que poderá ser aplicado para nossa edificação
espiritual.
Tema ou proposição:
Definição do tema: É o assunto sobre o qual você vai falar ou a tese que vai ser
defendida. A introdução conduziu-nos até o tema. Já no tema, encontramos o sermão
sintetizado, o qual será analisado através das divisões.
Diferença entre Título e Tema: Todo sermão deve ter um título e um tema. O título
indica o assunto; o tema é a proposição (tese) que vai ser tratada ou demonstrada. O
título, via de regra, é mais geral do que o tema, pois este tem o objetivo de esclarecer o
que vai ser demonstrado. O título funciona como um chamariz e o tema é de fato o
assunto a ser tratado. Ex: Título: Sacrifício; Tema: O sacrifício que Deus se agrada.
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Clareza: Além da fidelidade ao texto lido, o tema deve ser claro, exato e breve.
Uma ideia principal: Se a proposição tiver mais de uma ideia principal, ela não dará
uma unidade ao sermão.
Ser preferencialmente afirmativo: O tema deve ressaltar – de preferência – o que é
positivo; uma verdade que desejamos ensinar. Em alguns casos podemos fazê-lo
partindo de uma interrogação ou negação. Outra alternativa é utilizar parte do texto lido
como tema: “Como pode um homem nascer, sendo velho? ” Ou “Que farei, então, de
Jesus, chamado Cristo? ”.
O que evitar
O tema não deve ter um número excessivo de palavras: O tema deve facilitar a
memorização do assunto abordado no sermão, pois se for muito extenso irá dificultar sua
assimilação.
Um menor número de palavras não deve servir de justificativa para um tema muito
abrangente: O tema não deve prometer mais do que pode entregar. Temas como
“Graça”, “Pecado” ou “Amor” são excessivamente gerais para serem abordados num
sermão. Por outro lado, se falarmos de “A graça redentora Divina”; “O amor perdoador”
ou “As consequências do pecado”, estaremos delimitando o tema e o nosso tempo.
Argumentação: Esta é a parte que constitui o corpo do sermão, na qual vamos tratar do
tema anunciado.
Biblicidade: Os argumentos devem ser extraídos da bíblia, por isso a necessidade de
selecionar os textos bíblicos, pois a qualidade é mais importante que a quantidade.
Brevidade: Os argumentos devem ser expostos de tal forma que demonstre aquilo que
o tema se propõe a fazer. A demora excessiva em determinado ponto tende a cansar os
ouvintes, prejudicando sua compreensão.
Conclusivo: Os argumentos devem ser elaborados de tal forma que apresentem o
assunto de forma conclusiva, não cabendo resposta ao que foi apresentado.
Instrutivo: os argumentos devem ser instrutivos. O argumento profilático (preventivo) é
de suma importância para que haja uma assimilação natural e uma rejeição ao erro. A
melhor forma de ensinar é mostrar enfaticamente o correto.
Preceitos quanto à forma da argumentação
As divisões devem estar claras em nossa mente, caso contrário é melhor deixá-lo para
outra ocasião.
Os argumentos devem ser reduzidos em número: Usualmente três, contudo não há
uma obrigação quanto a isto.
Devem ser distintos: Cada um deve ser - necessariamente - um novo argumento e não
apenas a repetição do mesmo argumento de uma maneira diferente.
Devem ser naturais: Os argumentos ou divisões devem estar claramente no contexto
bíblico escolhido e estar relacionados entre si.
Devem ser completas: Isto se consegue através de uma demonstração completa do
assunto.
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Conclusão do sermão
É a parte final do sermão que inclui o objetivo proposto; é aqui que o pregador conduz o
ouvinte a fazer a vontade de Deus, portanto o pregador deve saber aonde quer chegar.
Espécies:
Apelo direto: O orador dirige-se individualmente aos ouvintes.
Implicações conclusivas: Esta é um misto no qual se recapitula parte do que foi falado,
desafiando o ouvinte a se posicionar mediante o que foi tratado. Deve responder ao
coração do ouvinte como a mensagem se aplica a si, à igreja e à sociedade da qual faz
parte.
Preceitos
A conclusão deve ser natural e apropriada: Deve estar de acordo com o que dissemos
no sermão, de forma natural e lógica. É o acabamento do sermão.
Ser breve: A brevidade é importante. Uma conclusão longa pode dar a impressão de
que o pregador não sabe como concluir o que começou ou vai iniciar uma outra pregação
sobre o mesmo tema.
Evite improvisos: O improviso pode ser uma armadilha destruidora de tudo o que foi
construído durante o sermão e o período de preparação.
Não faça nada que distraia os ouvintes: Devemos centralizar a atenção, não distrair.
Não use a mesma conclusão em todos os sermões: Se temos preferência por um tipo
de conclusão, isto não quer dizer necessariamente que devemos usá-la sempre, dia após
dia.
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As divisões do sermão
As divisões podem consistir em verdades ou princípios sugeridos pelo texto.
Por meio do método de abordagem múltipla podemos examinar o texto de João 3:16 de
diversos ângulos, veremos dois deles:
Exemplo Nº 1
Tema: Os característicos distintivos da dádiva de Deus
Texto: João 3:16
Título: A dádiva de Deus:
1 - É uma dádiva de amor: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira...”
2 - É uma dádiva sacrificial: “... que deu o seu Filho Unigênito ...”
3 - É uma dádiva eterna: “... não pereça, mas tenha a vida eterna”
4 - É uma dádiva universal: “... todo o.”
5 - É uma dádiva condicional: “... que crê...”
Exemplo Nº 2
Tema: Os aspectos vitais da vida eterna
Texto: João 3:16
Título: Os aspectos vitais da vida eterna
1 - Aquele que deu: “Deus”
2 - O motivo de ele dar: “amou ao mundo de tal maneira”
3 - O preço que ele pagou para dá-lo: “que deu o seu Filho Unigênito”
4 - A parte que temos nessa dádiva: “para que todo o que nele crê”
5 - A certeza de que a possuiremos: “não pereça, mas tenha a vida eterna”
As próprias palavras do texto podem formar as divisões do esboço, uma vez que elas se
refinam a um tema principal.
Exemplo Nº 3
Título: Caminho
Tema: O único Caminho para Deus
Texto: João 14:6
Para chegarmos até Deus iremos:
1 - Através de Jesus, o caminho.
2 - Através de Jesus, a verdade.
3 - Através de Jesus, a vida.
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O pregador deve estudar e preparar a mensagem como se tudo dependesse dele; buscar
força e poder na oração como se tudo dependesse de Deus. A oração tem sido o segredo
do êxito na preparação da boa mensagem.
É a oração que dá vida e poder à mensagem. Não a nada que possa substituir a oração
na vida do pregador, nem a cultura recebida, nem os muitos livros e as enciclopédias.
Quanto maior for a familiaridade com o Pai do céu, tanto melhor realizará a sua função
na terra.
Unção e pregação
A unção é uma das qualidades que distinguem a pregação cristã de todas as formas de
oratórias e discursos. A santidade é o segredo da unção e o resultado de uma vida de
oração, meditação na Palavra e serviço ao Reino de Deus.
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A DOUTRINA DO HOMEM
Esse termo é usado tanto na Teologia (homem em relação a Deus), como na Ciência
(História Natural da Raça, Psicologia, Sociologia, Ética, Anatomia, Fisiologia e História
Natural). O conhecimento dessa doutrina servirá de alicerce para entender melhor as
doutrinas sobre o ‘pecado’, o ‘juízo’ e a ‘salvação’, as quais se baseiam no homem.
Por que Deus criou o homem? Deus não precisava criar o homem, no entanto, Deus nos
criou para sua própria glória. Deus não precisa de nós por qualquer motivo (Ef 1:11-12),
Portanto, nosso objetivo de vida deve ser para cumprir a razão pela qual Deus nos criou,
que é glorificá-lo!
É errado para os seres humanos buscarem glória para si, o exemplo da morte do rei
Herodes Agripa I deixa isto claro (At 12:22-23). O homem não deve buscar a glória para
si mesmo (Gn 3:5; Jr 9:23-24; Gl 6:14).
Vejamos alguns conceitos sobre a origem do homem:
A bíblia claramente nos ensina que o homem foi uma criação especial de Deus. Nunca
existiu um símio ou qualquer outro ancestral ou um processo de evolução. Gênesis 1:26
– 27: “…Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem
e mulher os criou” Esse texto é categórico.
Os criacionistas possuem diferentes pontos de vista em relação aos dias da criação, mas
para alguém ser um criacionista é preciso acreditar que o registro bíblico é historicamente
verdadeiro, real e que Adão foi o primeiro homem.
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A criação do ser humano como homem e mulher revela a imagem de Deus em (1)
relações interpessoais harmoniosas, (2) diferença de papéis e autoridade e (3) igualdade
em termos de pessoalidade e de importância.
O homem, quando apareceu em cena, não era bruto, mas um ser autoconsciente e
autodeterminante, feito à imagem de seu Criador e capaz de decisão moral livre entre o
bem e o mal. Somos compelidos, então, a crer que o soprar nas narinas do homem o
folego da vida (Gn 2:7) da parte de Deus, apesar de ser uma criação mediata,
pressupondo matéria existente na configuração das formas animais, no entanto, foi uma
criação imediata no sentido de que somente um reforço divino do processo de vida tornou
a matéria em homem. Em outras palavras, o homem não veio a partir do bruto, mas por
intermédio do bruto (pó da terra) e o mesmo Deus imanente, que criou o bruto, criou o
homem.
À época, não havia incompatibilidade *genética, pois como Adão foi criado perfeito, as
falhas nos genes resultantes do pecado só surgiram séculos depois. Sara era meio-irmã
de Abraão, mas as subsequentes regulamentações para que não se casassem com um
parente ordenadas na lei mosaica ainda não eram vigentes. Ademais, a Paleontologia
moderna aceita como provável que, no começo da raça humana, havia maior diferença
entre irmãos e irmãs da mesma família do que atualmente (Gn 20:11-12; Lv 18:6-16).
O casamento entre irmãos e irmãs era inevitável no caso dos filhos do primeiro homem,
visto que a raça humana descendia de um só casal e, por conseguinte, pode-se justificar,
em face da proibição mosaica de tais casamentos baseados no fato de que os filhos e
filhas de Adão não representavam simplesmente uma família, mas a espécie humana e
que isso ocorreu enquanto não surgiram diversas famílias com laços fraternos e o amor
conjugal tornou-se distinto de outro e assumiu formas fixas e mutuamente exclusivas,
cuja violação é pecado.
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A história das migrações do homem em ambos os hemisférios tende a mostrar que houve
uma distribuição partindo de um único centro na Ásia Central, ademais, a Filologia aponta
para uma origem comum de todas as mais importantes línguas e não fornece nenhuma
evidência de que as menos importantes também não sejam derivadas. (Gn 11:1-9)
.
É juízo comum dos fisiólogos que o homem é uma só espécie, provas são: a identidade
essencial de todas as raças nas características cranianas, osteológicas e dentais; a
fertilidade de uniões entre indivíduos dos mais diversos tipos e a continuada fertilidade
do produto dessas uniões. Outras características comuns a todas as raças humanas,
além das já mencionadas acima são a duração da gravidez, a temperatura normal do
corpo, a frequência média da pulsação e a tendência às mesmas doenças.
O homem criado à imagem de Deus
O fato de o homem ser imagem de Deus distingue-o dos animais e de todas as outras
criaturas. Alguns consideram que em Gn 1:26-27 Deus fala com os anjos, mas isto seria
impossível, porque implicaria que os anjos foram co-criadores com Deus e que o homem
foi criado também à imagem dos anjos, o que é uma ideia antibíblica.
O fato de que o homem é feito à imagem de Deus significa que o homem é como Deus
e é o seu representante na terra. Os reis do antigo oriente muitas vezes eram vistos
como portadores da imagem de seus Deuses. As consequências imediatas da imagem
divina no ser humano foram a imortalidade e o domínio. Isso foi demonstrado na sua
habilidade de ter comunhão com Deus e tornou possível a encarnação da Palavra de
Deus (Jo 1:14).
A capacidade física que Deus nos deu para gerar e criar filhos que são como nós é um
reflexo do poder de Deus para criar seres humanos que são semelhantes a ele (Gn 5:3;
Ef 5:1). Em todas as formas em que Sete era como Adão eram uma parte de sua
semelhança com Adão e, portanto, seria a "imagem" de Adão. Da mesma forma, o
homem é como Deus, à sua imagem e semelhança.
É dessa semelhança com Deus que deriva o domínio do homem sobre as criaturas
(Gn1:26-28). As palavras imagem e semelhança são empregadas como sinônimos, uma
pela outra, portanto, não se referem a duas coisas diferentes (Gn 1:26-27; 5:1-3).
Somente imagem em Cl 3:10, e só semelhança em Tg 3:9.
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Ao criar o corpo do homem Deus fez uso de material preexistente. Na criação da alma,
porém, não houve uso de material preexistente, mas a produção de uma nova substância
(Ec 12:7; 2 Co 5:1-8). Cada alma individual deve ser considerada como uma imediata
criação de Deus, cuja ocasião não se pode determinar com precisão. As teses da história
da Teologia sobre a origem de alma são as seguintes:
Criacionismo: Concepção de que Deus cria uma nova alma para pessoa e a
envia ao corpo da pessoa em algum momento entre a concepção e o nascimento.
Traducionismo: Concepção que sustenta que a alma e o corpo da criança são
herdados dos pais no momento da concepção.
Os elementos constitutivos da natureza humana
Tricotomia e Dicotomia
Reconhece-se que a alma é, quanto à natureza, distinta do corpo e possui uma dignidade
e um valor bem além dos de qualquer organismo material. Num emprego mais preciso,
alma denota a parte imaterial do homem em seus poderes e atividades inferiores. Como
alma o homem é um indivíduo consciente e em comum com o bruto tem uma vida animal,
com apetite, imaginação, memória, entendimento.
O espírito, de outro lado, denota a sua mais elevada capacidade e faculdade. Como
espírito o homem relaciona-se com Deus e tem poderes da razão, consciência e livre
vontade que o diferencia do bruto e o constitui responsável e imortal.
Algumas pessoas acreditam que, além de corpo e alma, temos um terceiro elemento, o
espírito. O conceito de que o homem é feito de três partes (corpo, alma e espírito) é
chamado tricotomia (Hb 4:12; 1 Ts 5:23).
Outros acreditam que o espírito não é outra parte do homem, mas um sinônimo da alma
e que ambos são usados nas escrituras para falar sobre a parte imaterial do homem, ou
seja, a parte que vive depois que nosso corpo morre. A visão de que o homem é
composto de duas partes (corpo e alma/espírito) é chamada de dicotomia (Lc 1:46-47).
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Tricotomia: Algumas pessoas acreditam que, além de corpo e alma, temos um terceiro
elemento, o espírito. O conceito de que o homem é feito de três partes (corpo, alma e
espírito) é chamado tricotomia.
A alma é o elemento espiritual do homem, quais a alma se relaciona com a matéria,
incluindo seu intelecto, emoções e vontade e com o espírito e com Deus.
os seus diferentes elementos podem servir a
Deus ou serem entregues ao pecado (Rm
8:10; Jo 4:24). O espírito é o que mais
diretamente se relaciona com Deus (Hb
4:12; 1 Ts 5:23). O elemento de verdade na
tricotomia é simplesmente que o homem tem
uma triplicidade de dons, em virtude dos
Dicotomia: outros acreditam que o espírito não é outra parte do homem, mas um
sinônimo da alma e que ambos os são usados nas escrituras para falar sobre a parte
imaterial do homem, ou seja, a parte que vive depois que nosso corpo morre. A visão
de que o homem é composto de duas partes (corpo e alma/espírito) é chamada de
dicotomia.
Criado à imagem de Deus, o homem tem uma natureza racional e moral que não perdeu
com o pecado. No entanto, desde que o homem pecou, não é mais tão plenamente
como Deus como era antes. Sua pureza moral foi perdida e a natureza pecaminosa
não reflete a santidade de Deus. Deus fez o homem reto, porém eles buscaram muitas
astúcias (Ec 7:29).
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Quando o homem pecou, renunciou sua filiação e esta só pode ser restaurada e
realizada no sentido moral e espiritual por intermédio da obra expiatória de Cristo e do
poder regenerador do Espírito Santo (Jo 14:6; Ef 2:10-13). Porque todos homens são
naturalmente filhos de Deus não se segue que todos os homens sejam salvos. Muitos
que, por natureza, são filhos de Deus não são seus filhos espirituais, são apenas
“servos” que não ficam para sempre na casa (Jo 8:35).
Deus é o Pai deles, mas eles ainda não ‘foram feitos’ filhos dele (Mt 5:45). Logo, a
filiação em que o N.T. tão constantemente reside baseia-se unicamente na experiência
do novo nascimento. O homem ainda é a imagem de Deus. O novo testamento confirma
isso quando diz que as pessoas em geral, não apenas os crentes, são criados à imagem
de Deus (Tg 3:9).
Em Rm 2:14-15 temos, por um lado, a de fato, pois para eles a sua consciência
consciência claramente distinta tanto da é uma lei.
lei quanto da percepção desta, e por
outro, dos sentimentos morais de
aprovação ou desaprovação.
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Mordomia: Deus instruiu o homem a assumir o controle da terra e dominá-la (Gn 1:27-
28).
Diferente dos animais, o espírito do homem veio diretamente de Deus (Gn 1:20-24; 2:7;
1 Co 15:39).
A inteligência que dizemos que os animais têm, na verdade são seus instintos
adestrados pelo homem. O comportamento dos animais não é fruto de aprendizado
consciente e racional, pois se um animal adestrado voltar a conviver com outros não
adestrados, ele regride e se comporta conforme seus instintos naturais (Gn 1:26-28).
Os animais, portanto, são desprovidos de raciocínio, suas almas não passarão por
julgamento como os seres humanos, pois suas almas morrem com seus corpos físicos.
A morte física é a mesma tanto para o homem como para o animal, ambos vão para o
pó da terra, porém o homem tem uma alma imortal (espírito) e o animal não tem (Ec
12:7; 3:18-21).
Glossário:
Filologia: Estudo científico do desenvolvimento de uma língua ou família de línguas,
baseado em documentos escritos nessas línguas)
Fisiologia: É uma área de estudo da biologia responsável em analisar o funcionamento
físico, orgânico, mecânico e bioquímico dos seres vivos.
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TEOLOGIA SISTEMÁTICA
1. A DEFINIÇÃO DE DEUS
2. A EXISTÊNCIA DE DEUS
3. ATRIBUTOS
4. TRINDADE
5. PROVIDÊNCIA
1 A DEFINIÇÃO DE DEUS
Os usos errados do termo: Tanto escritores filósofos quanto teólogos são culpados
nesta área. Para Platão, Deus é a mente eterna, a causa do bem na natureza.
Aristóteles O considerava como “a primeira causa de todo ser”. Spinoza definiu Deus
como “a substância absoluta, universal, a causa real de cada e toda existência; e não
apenas a Causa de todo ser, mas a existência completa, da qual cada existência
especial é apenas uma modificação”. Leibniz dia que a razão final das coisas é
chamada Deus. Kant definiu Deus como sendo um Ser que, por sua compreensão e
vontade, é a causa da natureza; um Ser que tem todos os direitos e nenhuma
obrigação. Strauss identificou Deus como o Universum; Comte, com a humanidade e
Matthew Arnold, com a Corrente de Tendência que Causa a Retidão.
dependência e submissão, como a de um servo para com seu senhor ou de uma esposa
para com seu marido. Yahweh-Tsebaoth aparece frequentemente na literatura profética
pós-exílio (Is 1:9; 6:3; Sl 84:1). Alguns acham que o termo se refere à presença de Deus
junto aos exércitos de Israel nos tempos da monarquia (1 Sm 4:4; 17:45; 2 Sm 6:2),
mas um significado mais provável é o da presença de Deus junto às hostes dos céus,
os anjos, sem nenhum sentido marcial (Is 37:16; Os 12:4-5; Sl 80:6-8).
No novo Testamento o termo “Theos” toma o lugar de El, Elohim e Elyon. Os nomes
Shaddai e El-Shaddai se transformam em Pantokrator e Theos Pantokrator. As vezes
o nome ‘Yahweh” é substituído por “o Alfa e Ômega”, “que é, que era e que será”, “o
princípio e o fim”, “o primeiro e o último” (Ap 1:4; 8, 17; 2:8; 21:6; 22:13). Nas referências
restantes ele seguiu a Septuaginta, que substituiu Yahweh por Adonai, e depois por
Kurios (gr. kuros, poder). O nome Pater já é encontrado na Septuaginta para designar
a relação de Deus com Israel (Dt 32:6; Sl 103:13; Is 63:16; Jr 3:4,19; ml 1:6) e não
aparece apenas no novo Testamento, apesar de ser ali encontrado mais
frequentemente.
2. A EXISTÊNCIA DE DEUS
A História mostra que o elemento religioso de nossa natureza é tão universal quanto o
racional ou o social. Fr. Schmidt, diz: “Este ser supremo é encontrado entre todos os
povos das culturas primitivas, na verdade não da mesma forma ou com o mesmo vigor,
mas ainda assim suficiente proeminente em toda parte para tornar indubitável sua
posição de destaque. Admitimos que as revelações mais antigas de Deus têm sido
passadas de geração a geração, mas não cremos que esta é a explicação completa da
crença. A Bíblia declara que a lei de Deus está escrita no coração do homem (Rm 2:14-
16).
As tribos inferiores têm consciência, têm medo da morte, creem em bruxas, fazem
propiciação ou exorcizam os maus espíritos. Mesmo o adorador que chama a pedra ou
a árvore de deus, mostra que já tem a ideia de Deus. As raças e nações que, a princípio,
parecem destituídas de tal conhecimento, uniformemente, têm sido encontradas como
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o possuindo, de modo que nenhuma tribo de que temos conhecimento pode ser
considerada desprovida de um objeto de culto.
Nossa crença primitiva na obrigação moral ou, em outras palavras, nossa convicção de
que o direito tem autoridade universal, envolve a crença na existência de Deus.
Admitindo que o universo seja um todo moral, admitimos a existência uma vontade
absoluta, de cuja justiça o universo é uma expressão.
Não podemos provar que Deus existe, mas podemos mostrar que, para a existência de
qualquer conhecimento, pensamento, razão, consciência, o homem precisa admitir que
Deus existe. Não podemos provar Deus a partir da autoridade das Escrituras e daí
provarem as Escrituras, pois a própria ideia da Escritura como revelação pressupõe a
crença em um Deus que pode fazê-la. Não podemos derivar do relógio de sol nosso
conhecimento da existência de um astro deste tipo, pois o relógio de sol pressupõe o
sol e não pode ser entendido sem um prévio conhecimento deste. A voz do ego divino
não vem primeiro à consciência do ego do indivíduo a partir de fora, ao contrário, cada
revelação externa pressupõe a interna.
Deve ecoar vindo de dentro do homem algo ligado à revelação exterior para ser
reconhecido e aceito como divino. Sustentar que temos uma intuição racional de Deus
de modo nenhum implica que é impossível uma intuição presente de Deus. Tal intuição
presente talvez fosse característica do homem caído, entretanto convém lembrar que
a perda do amor a Deus obscureceu até mesmo a intuição racional, de modo que a
revelação da natureza nas Escrituras necessita ser despertada, confirmada e
aumentada através da obra do Espírito de Cristo no sentido de tornar conhecida. Assim,
a partir do conhecimento a respeito de Deus, conhecemos Deus (Jo 17:3; 2 Tm 1:12).
Por intermédio da intuição racional o homem sabe que o Ser absoluto existe. Seu
conhecimento daquilo que é progressivo, como progressivo é o conhecimento do
homem e da natureza. O conhecimento de uma pessoa torna-se conhecimento pessoal
por intermédio da verdadeira comunicação ou revelação. Em primeiro lugar, vem o
conhecimento intuitivo de Deus, o qual todo homem possui – a suposição de que existe
uma Razão, uma Força, uma Pessoalidade que torna correto o pensamento e possível
a ação. Em segundo lugar, vem o conhecimento do ser de Deus e os atributos que a
natureza e a Escritura fornecem. Em terceiro lugar, surge o conhecimento pessoal
vindo por meio da experiência, derivado da verdadeira reconciliação e
intercomunicação com Deus, através de através de Cristo e do Espírito Santo. Assim,
a experiência cristã verifica as reivindicações da doutrina pela experimentação,
transformando o conhecimento provável em conhecimento real.
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As Escrituras, portanto, não procuram provar a existência de Deus, mas, por outro lado,
tanto admitem quanto declaram que o conhecimento de Deus é universal (Rm 1:19-
21,28,32; 2:15). Deus embutiu a evidência dessa verdade fundamental na própria
natureza do homem de modo que em parte alguma há ausência de testemunho a seu
respeito. A primeira afirmação da bíblia não é que existe um Deus, mas que “no
princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1:1). A crença em Deus nunca foi e nunca
pode ser o resultado de argumento lógico. Platão diz que Deus sustenta a alma pelas
raízes dela, pelo que não precisa demonstrar à alma o fato de sua existência.
Explicações Errôneas
Tudo que o ser humano sabe acerca de Deus ele o sabe pela própria revelação que
Deus faz de si mesmo tanto no reino da natureza, como da graça. Seja através da obra
da criação e providência de Deus, seja através do seu santo livro, a bíblia. Daí falamos
com acerto de um conhecimento natural de Deus e de um conhecimento sobrenatural,
revelado ou cristão. Se Deus não se revelasse, o ser humano jamais o teria conhecido,
visto Deus ser a personalidade absoluta, perfeita e que habita na luz inacessível (1 Tm
6:16).
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Bíblia também reconhece que alguns negam esse sentimento interior de Deus e até
mesmo negam que Deus existe. O pecado leva as pessoas a pensar irracionalmente e
negarem a existência de Deus.
O ateísmo nega a existência de Deus, se bem que o ser humano, por natureza, tenha
conhecimento distinto de Deus (Rm 1:19; Sl 14:1). Ateus práticos: São simplesmente
pessoas não religiosas, pessoas que na vida prática não contam com Deus e vivem
como se Deus não existisse. Ateus teóricos: São em regra um tipo mais intelectual e
baseiam a sua negação num processo de raciocínio. Procuram provar que Deus não
existe usando para este fim aquilo que lhes parece argumentos racionais conclusivos.
O politeísmo divide Deus em muitas entidades divinas, embora o conhecimento de
Deus que o ser humano tem por natureza seja monoteísta. (Rm 1:20 “O seu eterno
poder”). O materialismo nega a realidade do espírito e ignora a distinção entre matéria
e o espírito, de forma que no materialismo não há Deus, nem alma humana e nem
imortalidade, mas só persistência da matéria e da força. O panteísmo é a doutrina
segundo a qual Deus é tudo e tudo é Deus, de modo nada existe fora de Deus. O
deísmo admite a existência de um Deus pessoal, que tenha criado o mundo e incutido,
ao mesmo, as Leis que o governam, porém ensina que, mais tarde, Deus se afastou do
mundo e o deixou entregue ao governo das Leis naturais. O pessimismo considera
mundo e a vida essencialmente maus e sustenta que o mundo, embora não sendo o
pior que podia ser, é suficiente mau, para ser pior do que se não existisse. A evolução
ateística nega a existência de Deus, afirma a eternidade da matéria e da força e atribui
o desenvolvimento do cosmo a forças puramente naturais.
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A evolução teística sustenta que Deus criou a matéria primordial e que, daí por diante,
a evolução tem sido o seu modus operandi no desenvolvimento dela até o estágio atual.
O agnosticismo ensina que não nos é possível saber se há ou não um Deus. O
positivismo ensina que só conhecer phenomena (fenômeno), porém não noumena (é
um objeto ou evento posto que é conhecido sem o uso dos sentidos), ou seja, a
essência das coisas; daí ser ele agnóstico (afirmam que ele pode ou não existir, mas
nós não somos capazes de saber com certeza) no que tange a Deus, à alma e à
substância das coisas.
Todas essas teorias antibíblicas são contrárias ao conhecimento natural de Deus que
as Sagradas Escrituras revelam ao ser humano de forma tão clara e enfaticamente.
(Rm 1:19-20,32; 2:14-15). O conhecimento natural de Deus é, também, de grande valor
porque o ser humano constrói as chamadas provas racionais da existência de Deus
para combater a incredulidade. Dessa forma, a prova ontológica argumenta da
existência da ideia de Deus no ser humano para a realidade da sua existência. A prova
cosmológica deduz que o mundo forçosamente teve uma causa primária anterior a
todas as causas secundárias que operam na natureza. A prova teológica argumenta
sobre os desígnios e a finalidade que se evidenciam na natureza e em toda parte. A
prova moral argumenta da existência da nossa constituição moral para a existência de
um Ser Supremo Moral. A prova histórica conclui, da história do ser humano, que
existe um divino Governante que conduz todas as questões pertinentes ao mundo para
um alvo que tem em mira.
Apesar de tudo, o conhecimento natural de Deus não basta para assegurar salvação
do ser humano, pois por ele só nenhum mortal jamais se salvou nem nunca ninguém
poderá salvar-se (At 4:12; Rm 10:17; Mc 16:15-16; Gl 3:11; 4:8; Ef 2:12; 4:18). O motivo
é porque o conhecimento natural de Deus não abrange o Evangelho (1 Co 2:7-10), mas
somente a Lei (Rm 2:14-15), seu resultado prático não vai além de uma consciência
culposa (Rm 1:20; 2:15), medo da morte (Hb 2:15), o estado de condenação (Gl 3:10).
O ser humano sabe por natureza que há um Deus justo e santo (Rm 1:21), mas não
sabe que as exigências eternas da sua justiça perfeita foram cumpridas pela obra
vicária de Cristo (1 Co 1:21). Sabendo por natureza que há um Deus, o ser humano
natural não sabe que esse Deus é gracioso para com sua criatura através de Cristo (1
Co 2:14-15; At 17:24-25).
A revelação especial é para o homem como uma criatura caída e pecadora. É dirigida
aos pecadores a quem deus escolheu para se fazer conhecido (Jo 15:16). Deus é,
antes de tudo, o sujeito que transmite conhecimento ao homem e só pode tornar-se
objeto de estudo do homem na medida em que este assimila e reflete o conhecimento
a ele transmitido pela revelação.
3 ATRIBUTOS DE DEUS
I. Definição do termo atributo
Os atributos de Deus são as características distintivas da natureza inseparáveis da
ideia de Deus e que constituem a base e apoio das suas várias manifestações às suas
criaturas. Chamamo-las atributos, pois somos compelidos atribuí-los a Deus como
qualidades ou poderes fundamentais ao seu ser para dar um relato racional de alguns
fatos constantes na auto revelação de Deus.
II. Relação dos atributos divinos com a essência divina
1. Os atributos têm uma existência objetiva: Eles não são meros nomes das
concepções humanas de Deus, as quais têm sua única base na imperfeição da
mente finita. São qualidades objetivamente distintas da essência divina entre si.
A noção nominalista de que Deus é um ser de simplicidade absoluta e de que
em sua natureza não há nenhuma distinção de qualidades ou poderes tende
diretamente ao panteísmo, pois nega toda a realidade das perfeições divinas.
2. Os atributos são inerentes à essência divina: Eles não são existências
separadas. São atributos de Deus. Enquanto nos pomos à perspectiva
nominalista que sustenta que eles são meros nomes com os quais, por
necessidade do nosso pensamento, revestimos a essência divina simples,
precisamos igualmente evitar o extremo realista oposto que faz deles partes
separadas de um Deus composto. Se representarmos Deus como composto de
tributos, colocamos em perigo a unidade de um Deus composto.
3. Os atributos pertencem à essência divina como tal: Eles devem distinguir-se
de outros poderes ou relações que não pertencem à essência divina
universalmente. As distinções pessoais na natureza do Deus uno não podem ser
denominadas atributos, pois cada uma dessas distinções pessoais não pertence
à essência divina como tal e universalmente, mas apenas à pessoa particular da
Trindade que tem seu nome enquanto, ao contrário, todos os atributos
pertencem a cada uma das pessoas. A criação, a preservação e o governo não
devem ser denominados de tributos, pois estes não são necessários ou
inseparáveis de Deus, mas acidentais porque Deus continuaria sendo Deus
ainda que ele nunca tivesse criado.
4. Os atributos manifestam a essência divina: A essência se revela somente por
intermédio dos atributos. Sem seus atributos ele é desconhecida e
incognoscível. Apesar de que somente podemos conhecer Deus como Ele se
nos revela por intermédio dos atributos, não obstante, em conhecendo tais
atributos, conhecemos o ser a quem eles pertencem. Todas as revelações de
Deus são as de si mesmo nos seus atributos ou por meio deles.
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Método racional. É tríplice: -- a) via negationis, ou por meio da negação, que consiste
em negar a Deus todas as imperfeições observadas nos seres criados; b) via
eminentiae, ou por meio do apogeu, que consiste em atribuir a Deus em grau infinito
todas as perfeições encontradas nas criaturas; c) via causalitatis, ou por meio da
causalidade que consiste em predicar a Deus os atributos requeridos nele para explicar
o mundo da natureza e da mente. O método racional explica a natureza de Deus a partir
de sua criação.
1. Espiritualidade, envolvendo:
a) Vida: Não podemos considerar a vida em Deus como um simples processo sem
sujeito, pois não podemos a vida divina sem um Deus que a viva (Jr 10:10; Jo 5:26).
b) Pessoalidade: As Escrituras apresentam Deus como um ser pessoal e isto significa
o poder de autoconsciência e autodeterminação (Êx 3:14; 1 Co 2:11; Ef 1:9).
c) Existência Própria: A existência de Deus está implícita no nome “Yahweh” (Êx 6:3) e
na declaração “Eu sou o que sou” (Êx 3:14), ambos significam que fazem parte da
natureza de Deus.
2. Infinitude, envolvendo:
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3. Perfeição, envolvendo:
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Os primeiros pais da igreja primitiva e primeiros os teólogos ainda não tinham uma
concepção clara, objetiva e bem fundamentada sobra a Trindade tanto nos escritos do
Antigo Testamento quanto do Novo Testamento. Muitos consideravam ser o Verbo da
mesma essência do Pai, outros, porém negavam a consubstancialidade do Filho com
o Pai, além de o Logos dever certa subordinação a este. O Espírito Santo não era objeto
importante de estudo, pois este era considerado como subordinado não só ao Pai, mas
também ao Filho.
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Atanásio sucedeu o bispo de Alexandria permanecendo neste ofício até seu falecimento
em 373, pois dedicou sua vida e sua principal obra -- Oração contra os Arianos -- na
luta contra o arianismo. Para ele a deidade de Cristo representava o principal
fundamento de fé cristã e nela a nossa única esperança de salvação, desagradando
desta forma tanto a comunidade judaica como aos pagãos. Exilado várias vezes por
defender suas convicções em relação a Jesus ele foi o primeiro a devotar atenção
especial ao Espírito Santo ao proclamar pela primeira vez a essência trinitária de Deus
O fato de que a mente humana não é capaz entender com facilidade uma doutrina não
significa que esta doutrina não seja verdadeira. A doutrina da trindade é um tanto
transcendental para a mente humana, pois matematicamente o homem natural não
pode compreender como pode haver três e ao mesmo tempo um só Deus sem
enveredar pelo caminho do tri teísmo.
A superioridade do homem torna-se evidente pelo fato de ele ter sido feito à imagem e
semelhança de Deus. Esta verdade também é demonstrada no seu domínio sobre toda
a criação dos seres viventes e muito mais na sua capacidade de se comunicar e ter
comunhão com Deus. Isso tornou possível a encarnação da Palavra de Deus.
A grande diferença entre ambos é que o homem é unipessoal, enquanto Deus é tri
pessoal. E esta existência tri pessoal é uma necessidade do Ser Divino, e em nenhum
sentido resulta de uma escolha feita por Deus, Ele não poderia existir em nenhuma
outra forma que não a forma tri pessoal.
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Se Deus for absoluta e simplesmente um, não pode haver nenhuma mediação ou
expiação, pois o abismo entre Deus e a mais exaltada criatura é infinito. Cristo não pode
aproximar-nos de Deus mais do que ele mesmo. Só alguém que é Deus pode
reconciliar-nos com Deus. Assim, também, apenas alguém que é Deus pode purificar
nossas almas. Um Deus que é só unidade, mas em quem não há pluralidade, pode ser
nosso juiz, mas, até onde podemos ver, não pode ser nosso salvador ou santificador.
No trinitarianismo, fala-se da essência de Deus como algo que está sujeito à distinção
em três pessoas, mas sem qualquer divisão que permita a distinção em três pessoas
diversas. Não há três deuses, nem meramente três modos de manifestação divina.
Antes, todas as pessoas são co-extensivas, co-iguais e co-eternas. O fato de haver três
pessoas na trindade não quer dizer necessariamente que há três deuses, nisto consiste
a diferença entre a Trindade e o tri teísmo. Na Trindade há distinção, porém sem
divisão, pois no trinitarianismo cada ente possui a mesma essência, ou seja, a mesma
homoousios.
Assim como em Cristo habita toda a plenitude da divindade, tal assertiva também é
verdade tanto para o Pai como para o Espírito Santo, nisto consiste a indivisibilidade
na essência de Deus. Toda a natureza e todos os elementos inerentes à deidade divina
estão presentes em cada uma das Pessoas da Trindade. Se houvesse divisão cada
uma das pessoas teria um terço da plenitude divina, o que não é verdade.
A doutrina da trindade necessita que alguns requisitos sejam cumpridos a fim de que
seja conceituada corretamente de forma inteligível. Estes são os três pré-requisitos que
devem ser considerados para que não haja nenhum dos diversos erros doutrinários ao
se conceituar a tri pessoalidade de Deus. A doutrina possui amparo desde que sejam
observados os seguintes pontos:
A fórmula batismal, dada por Jesus na Grande Comissão, revela claramente a trindade
e a unidade de Deus: “... batizando em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo...” (Mt
28:19). As três identidades são dadas como Pai, Filho e Espírito Santo, agrupadas em
nível de igualdade; a palavra “nome” não é repetida, indicando a unidade. A verdade
que Deus é três pessoas fica comprovada pelas obras pessoais de cada pessoa em
separado que a Escritura atribui não só ao Pai, mas também ao Filho e ao Espírito
Santo.
Ê certo que Paulo não tem o hábito de chamar Cristo de "Deus" assim diretamente;
reserva para Ele o título de "Senhor". Deste modo, "para nós há um só Deus, o Pai, de
quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo
qual são todas as cousas, e nós também por ele" (1 Co 8:6, RV, AA; ver 1 Co 12:3-6;
Ef 4:4-6). Todavia, para o apóstolo Paulo, Cristo é Aquele "em" quem, "por meio de"
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quem, e "para" quem foram criadas todas as coisas (Cl 1:16), em quem "habita
corporalmente toda a plenitude da Divindade" (Cl 2:9).
Sempre devemos estar lembrados de que o Espírito Santo é uma Pessoa, e não mera
influência. Ele é o "outro advogado" que o Pai enviou no nome do Filho, conforme a
promessa de Cristo em Jo 14.26. Ele habita no meio dos crentes e os constitui em Igreja
de Cristo.
3- Há um só Deus
A essência não dividida de Deus pertence igualmente a cada uma das pessoas; Pai,
Filho e Espírito Santo, cada um possui toda a substância e todos os atributos da
divindade. A pluralidade de Deus não é, portanto, pluralidade de essência, mas de
distinções hipostáticas ou pessoais. Deus não é três e um, mas três em um. A essência
una indivisível tem três modos de subsistência.
5. A DOUTRINA DA PROVIDÊNCIA
Definição de providência: É a atuação contínua de Deus pela qual Ele faz todos os
eventos do universo físico e moral cumprirem o desígnio para o qual Ele o criou.
a) Sobre o universo todo (Sl 103:19; Dn 4:35; Ef 1:11; b) Sobre o mundo físico (Jó
37:5,10; Sl 104:14,16; 135:6-7; Mt 5:45; 6:30); c) Sobre a criação irracional (Sl
104:21,28; Mt 6:26; 10:29); d) sobre o negócio das nações (Jó 12:23; Sl 22:28;
66:7; At 17:26); e) sobre o nascimento e destino da vida do homem (1 Sm 16:1;
Is 45:5; Gl 1:15,16; Sl 139:16); f) sobre os sucessos exteriores e derrotas na vida
do homem (Sl 75:6-7; Lc 1:52); g) sobre as coisas aparentemente acidentais ou
insignificantes (Pv 16:33; Mt 10:30); h) na proteção dos justos (Sl 4:8; 5:12;
63:8;121:3; Rm 8:28); i) no suprimento das necessidades do povo de Deus (Gn
22:8,14; Dt 8:3; Fl 4:19); j) nas respostas às orações (Sl 68:10; Is 64:4; Mt
6:8,32,33); k) na exposição e punição dos ímpios (Sl 7:12-13; 11:6;).
As obras da providência de Deus representam sua mais santa, sábia e poderosa
preservação e governo de todas as suas criaturas e de todos os seus atos.
Momento a momento, o mundo continua porque Cristo sustenta “todas as coisas pela
palavra do seu poder” (Hb 1:3) e porque “todas as coisas subsistem por ele” (Cl 1:17;
Ne 9:6). Ao mesmo tempo, Deus não apenas sustenta, mas governa todo o mundo e a
humanidade: as nações (Sl 47:7; Dn 2:21; 4:25; Is 10:5-7), os indivíduos (1 Sm 2:6-9;
Is 45:5; Pv 16:9; Sl 75:6,7; At 27:24), e o livre arbítrio dos homens (Pv 16:1; 21:1).
Qualquer teoria que ensine que Deus está constantemente recriando o mundo torna-o
o renovador do bem e do mal e, dessa forma, o autor não só da retidão, mas também
da iniquidade. Além de estabelecer a diferença entre a providência e a criação,
precisamos ter cuidado para que a doutrina da providência elimine os seguintes
aspectos:
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Ao mesmo tempo, Ele derrubou a barreira que existia entre judeus e gentios (Ef 2:14)
quando revelou o mistério da expansão da sua Igreja (Ef 3:1-11) que, através da morte
de Cristo, iria incluir a ambos. O tema de toda a Bíblia é o plano de Deus para salvar
seus eleitos e estabelecer seu reino, na primeira fase do reinado milenial de Cristo (Ap
5:10; 20.4-6), e em sua segunda fase, a fase final, na Nova Jerusalém (Ap 21-22). Nada
poderá impedir a consumação final do plano de Deus (Is 40:15; Sl 2:4; At 4:25-28).
Mas por que o crente precisa sofrer tantas adversidades e tribulações? (a) Pode ser
para seu próprio desenvolvimento (Sl 94:12; Pv 3:11; Hb 12:5-13); (b) elas podem servir
como um teste antes da abertura de grandes campos de serviço (1 Co 16:9; Tg 1:2-
12); (c) trazem glória a Deus se forem suportadas com dignidade (Jó 1; 2; 42); e, (d)
fazem parte da vocação da Igreja cristã (Mt 10:24ss.; Jo 15:18; 16:33; At 9:16; 14:22;
Rm 5:3-5; Fp 3:10; 1 Pe 4:12-19).
No entanto, ele o faz de tal maneira que suas ações são as de agentes livres; portanto,
eles permanecem responsáveis por tudo que fazem (Is 10:12; Rm 1:24-32). Dessa
forma, o Senhor permite que os iníquos ajam de acordo com sua própria natureza (Sl
81:12ss.; Rm 1:24ss.; At 14:16), mas no final Ele os punirá (Lc 22:22; At 3.). Ao mesmo
tempo, Ele leva os seus a colocar em prática os mandamentos que lhes deu (Fp
3:12,13), embora isso só seja possível através da presença e do poder do Espírito
Santo que habita em cada um de nós (Rm 8:3,4; Gl 5:22,23).
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SOTERIOLOGIA
O termo Soteriologia é derivado de duas palavras gregas, soteria e logos, das quais
a primeira significa salvação e a segunda palavra, discurso, doutrina. Logo,
Soteriologia é a doutrina da salvação e trata da provisão de salvação através de Cristo
e sua aplicação através do Espírito Santo. A finalidade da doutrina da Soteriologia é
demonstrar como o Espírito Santo aplica ao pecador individualmente a bendita
salvação que Cristo adquiriu para toda a humanidade por sua obra vicária.
Tão logo o pecador tenha aceito, pela fé, o perdão total de Deus ou a justificação
objetiva, o perdão se torna efetivo no seu caso, logo ele está pessoalmente justificado.
Ao aceitar a justiça de Cristo, o pecador a fez sua e é, portanto, considerado justo
perante Deus (Rm 4:3; Sl 32:1-2).
A justificação sucede somente por graça, sem obras, e dá ao crente a posse de todos
os méritos e bênçãos adquiridos pela obediência perfeita de Cristo (Rm 3:28). O
pecador justificado entra num estado de graça e paz, no qual está certo de sua salvação
presente e da final, garantida pela graça e verdade divinas (Rm 5:1-11; 8:38-39; 1 Co
1:8-9).
Deus, através de sua presciência, tinha plena consciência de que o homem iria cair em
pecado e se corromper, antes mesmo de criá-lo. Ainda assim, ele nos criou para sua
glória e providenciou um meio de redenção que transparece na natureza e nas
escrituras (Ef 1:4).
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Eva não podia ser a mãe da semente escolhida como a princípio se supôs porque a
escritura sugere que havia a necessidade de uma preparação (Gn 4:1; Gl 4:4). Dos dois
agentes que se valeu, chamamos de paganismo a preparação negativa, que na
verdade não foi inteiramente negativa, pois em parte também foi positiva e vemos isto
quando a bíblia reconhece Jó, Balaão e Melquisedeque como exemplos de sacerdócio
fora dos limites do povo escolhido.
Deus deu aos gentios pelo menos a luz estelar do conhecimento religioso, pois embora
o paganismo fosse um fracasso como um todo, havia uma certa luz mesmo para os
pagãos. O elemento positivo do paganismo, contudo, é fraco, pois seus altares,
sacrifícios, filosofia e arte, despertam anseios que ele não pode satisfazer. Não há
esperança em seu sistema religioso contaminado pela corrupção profunda. Embora
Deus estivesse na história dos pagãos, suas convicções relativas à revelação divina
eram obscuras e intangíveis, se comparadas com o conhecimento dos profetas e dos
apóstolos por intermédio dos quais Deus falava ao seu povo.
Desde os tempos de Abraão o povo escolhido foi educado em três grandes verdades,
a saber:
A educação dos judeus, antes de tudo, se deu por intermédio da lei. Na história
universal, como na individual, a lei deve preceder o evangelho. João Batista deve vir
antes de Cristo e o conhecimento do pecado deve preparar uma auspiciosa entrada
para o conhecimento de um salvador. Fazia-se os judeus conhecerem, em benefício da
humanidade, a culpa e a vergonha do pecado e com esse crescimento gradual no
sentido do pecado há também uma fé ampliada e profunda.
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Cristo é a realidade para a qual apontam os tipos e cerimônias indicados pelo judaísmo
e estes desaparecem com o advento do cristianismo. Ageu e Malaquias predisseram
que o Senhor viria subitamente ao segundo templo. Verdadeiramente o Messias
deveria ser homem e Deus; profeta, sacerdote e rei, além de ser humilhado e exaltado.
Juízo: Os repetitivos castigos por causa da idolatria culminaram com a ruína do reino
e o cativeiro dos judeus, tendo o exílio os seguintes efeitos:
Deste modo, o povo se tornou pronto para receber o evangelho e propagá-lo pelo
mundo inteiro na época em que se tornara consciente de suas necessidades e
expressava seus anseios pela libertação. A dispersão dos judeus por todas as terras
tinha preparado um ponto de partida monoteísta para o evangelho em cada cidade
pagã.
Calvinismo x Arminianismo
O ensinamento principal do Calvinismo é que Deus é soberano sobre tudo, pois está
no controle de todas as coisas e nada acontece se não for sua vontade. Argumenta
que, embora estivesse predestinado à salvação ou à perdição, o homem jamais poderia
conhecer antecipadamente sua sorte, porque a escolha de uns e a rejeição de outros
é um sinal do mistério de Deus.
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Ambos podem ser resumidos em cinco pontos principais, como veremos a seguir:
Calvinismo
1. Total depravação: Deve ser entendida no sentido que cada parte do homem é
afetada pela queda e que ele não pode fazer nenhum movimento para Deus sem
sua graça.
2. Eleição Incondicional: Significa que de todos os perdidos, Deus escolheu um
número definido e fixo de pessoas para neles exercer sua misericórdia, livrando-
os da perdição eterna. Deus já escolheu (elegeu) quem será salvo, ou seja, ele
“predestinou” alguns para receberem a salvação de Jesus, dando-lhes a fé que
precisam para que isso aconteça.
3. Expiação Limitada: Ao mesmo tempo que a morte de Cristo é mais do que
suficiente para expiar todos pecados de todas as pessoas, a intenção de Deus
em dá-lo não era meramente tornar possível a salvação de todos, mas real e
infalivelmente salvar apenas os “predestinados”. Isto não é afirmado por
nenhuma outra escola de pensamento teológico a não ser a Reformada.
4. Irresistível graça: A graça de Deus opera nos eleitos de tal maneira a garantir
que eles responderão a ela. O efeito desta graça não é destruir a vontade, mas
despertar uma resposta voluntária. É dita irresistível porque sempre alcança o
resultado planejado, ou seja, muda a vontade do homem que -- de indisposto a
todo bem -- alegre e voluntariamente vai a Cristo.
5. Perseverança dos Santos: Aqueles que são verdadeiramente convertidos,
seguramente serão salvos – não independentemente de como eles vivem, mas
porque Deus os preservará de se afastarem dele para sempre.
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Consideremos, além disso, o trecho de Efésios 1:10, pois esse versículo nos mostra
que a vontade de Deus tem um intuito universal, não podendo ser limitada a alguma
estreita chamada eficaz. A Palavra de Deus afirma que os benefícios da morte de Cristo
se destina a todos, segundo escreveram Paulo (Rm 3:2); Pedro (2 Pe 2:1); João (1 Jo
2:2); Timóteo (1 Tm 2:6) e Tito (Tt 2:11).
Arminianismo
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Independente do grau de conhecimento que uma pessoa tenha, se ela for salva será
pelo sangue de Cristo derramado na cruz (At 4:11-12). Os bebês e crianças que morrem
antes da idade da responsabilidade moral irão para o céu (2 Sm 12:21-23; Sl 139:16).
Isaías faz distinção entre aqueles que ainda não têm idade suficiente para desprezar o
mal e escolher o bem (Is 7:15-16), o que implica que eles não são moralmente
imputáveis. Os homens serão julgados de acordo com as suas obras, sem importar se
receberam ou não qualquer revelação especial sobre a vontade divina. Os gentios, pela
lei da consciência, agem como se estivessem sujeitos à lei de fato, pois para eles a sua
consciência é uma lei (Rm 2:14-16).
Embora as pessoas tenham informações suficientes de que Deus existe, elas se tornam
voluntariamente ignorantes sobre as coisas de Deus porque seus corações são maus
(Rm 1:18; 3:10-12). De certo, sabemos que Deus não quer que ninguém se perca (1
Tm 2:4; 2 Pe 3:9), contudo a bíblia ensina que Deus julgará o mundo justamente (At
17:31). Isto significa que, quando todos os fatos estiverem postos, o nome de Deus
será justificado e ninguém poderá de acusá-lo de injustiça.
Conceitos da Soteriologia
Eleição: Eleição é o ato eterno de Deus pelo qual, em seu soberano agrado e não por
mérito algum previsto nos homens, ele escolhe alguns do numerosos pecadores para
serem os receptores da graça especial do seu Espírito e assim serem participantes
voluntários da salvação de Cristo.
Vocação: É o ato de Deus pelo qual os homens são convocados a aceitar, pela fé, a
salvação providenciada por Cristo, sendo estas distintas entre:
União com Cristo: É a ligação íntima, vital e espiritual entre Cristo e o seu povo, em
razão da qual ele é a fonte da sua vida e poder, da sua bem‐aventurança e salvação.
Fé: É a mudança voluntária na mente do pecador pela qual ele se volta para Cristo. Por
ser, em essência, uma mudança na mente, envolve uma mudança de um ponto de
vista, de sentimento e de propósito.
Justificação: É o ato judicial pelo qual, por causa de Cristo, a quem o pecador está
unido pela fé, Deus declara que o pecador não mais exposto à pena da lei, mas
restaurado ao seu favor e declarado justo. Ocorre tão logo o pecador creia no
evangelho e deposite sua fé na obra de Cristo
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Redenção: É o ato gracioso de Deus pelo qual ele liberta o pecador da escravidão da
lei do pecado e da morte (Rm 8:1-2), mediante o pagamento de um resgate
Adoção: É o ato judicial de Deus, resultado prático da regeneração, pelo qual ele
declara seus filhos emancipados e herdeiros da vida eterna.
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ANGEOLOGIA
O nome “anjo”, com o qual designamos de maneira geral os espíritos superiores na
narrativa bíblica não é um nome comum na escritura, mas sim um ofício. A palavra
hebraica mal’ak significa simplesmente mensageiro e serve para designar alguém que
é enviado por homens (Jó 1.14; 1 Sm 11.3) ou por Deus (Ag 1.13; Ml 2.7; 3.1). O termo
grego angelos também possui diversos usos na escritura: um profeta (Ml 3:1) um
sacerdote (Ml 2:7) um apóstolo (Gl 4.14).
Paulo nos diz que Deus criou todas as coisas "visíveis e invisíveis" através de Cristo e
por ele; em seguida, inclui especificamente o mundo angélico com a frase "sejam tronos
ou soberanias, poderes ou autoridades"(Cl 1:16). A bíblia relata repetidamente nos dois
testamentos o ministério dos anjos e em que consiste seu serviço extraordinário e
serviço comum.
Sendo eles criaturas, recusam adoração humana (Ap 19:10) e ao homem, por sua
parte, é proibido adorá-los (Cl 2: 8). Demonstram elevada inteligência em toda a bíblia,
quando falam com as pessoas (Dn 8:16; Mt 28:5, At 12:6-11).
Diferentes de Deus os anjos são seres criados, com julgamento espiritual, moral, com
inteligência e detentores de grande poder no mundo espiritual (Ez 14:20; Dn 9:21-22).
A criação dos anjos
A ocasião em que foram criados não pode ser fixada com exatidão, contudo a ideia de
que a criação dos céus foi completada no primeiro dia e que a criação dos anjos foi
simplesmente uma parte da obra do dia é a mais aceita (Gn 1:1-5). A única afirmação
segura é que foram criados antes do sétimo dia (Gn 2:1-2).
De acordo com o ensino geral das escrituras nenhuma obra foi criada antes da criação
dos céus e da terra (Gn 1:1). O livro de Jó relata que os anjos estavam presentes na
fundação do mundo, como também as estrelas estavam, não, porém, que eles existiam
antes da criação dos céus e terra (Jó 38.4-7).
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O judaísmo desenvolveu um sistema elaborado, imaginando que há quatro (ou sete) anjos
principais, ou «arcanjos», cada um dos quais tem miríades de assessores, com vários graus
de inteligência e poder. Os anjos teriam funções que variam desde o serviço imediato diante
do trono de Deus, até os mais variados serviços na esfera terrestre, envolvendo nações,
comunidades ou indivíduos. Os anjos são os mediadores da mensagem divina (Dt. 33:2).
A bíblia relata as classes de anjos que ocupam lugares de autoridade no mundo espiritual:
Principados e potestades (Ef 3:8-10; Cl 2:10); tronos (Cl 1:16); domínios (Ef 1:21); poderes
(Ef 1:21; 1 Pe 3:22).
Estes nomes não indicam diferentes espécies de anjos, mas diferenças de classe ou de
dignidade entre eles. Somente dois anjos são mencionados especificamente na bíblia, os
quais são Miguel e Gabriel.
O Arcanjo Miguel (quem é como Deus?) É mencionado em Judas 9 e Apocalipse 12:7-8,
bem como em Daniel 10:13, 21, onde é mencionado como um dos príncipes de “primeira
ordem “. Em Miguel vemos o valente guerreiro que lidera as batalhas de Jeová contra os
inimigos de Israel e da igreja.
O Anjo Gabriel (homem de Deus ou herói de Deus) mencionado no livro de Daniel como
o mensageiro de Deus que veio para falar com Daniel (Dn 8:16; 9:21; 6:19-23). Gabriel
também é identificado como o mensageiro de Deus a Zacarias e Maria em Lucas 1, o anjo
responde a Zacarias: "eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus" (Lc 1:19). A ele são
confiadas as mensagens de mais elevada importância com relação ao reino de Deus (Lc
1:26-27).
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Os quatro seres (querubins) viventes: eles são descritos como leão, touro, homem e
águia (força, capacidade para servir, inteligência, rapidez) essas são as características dos
anjos (Ez 1:5-10; Ap 4:6-8).
Os vinte e quatro anciãos Ap 4:4
São os assessores do juízo divino (Dn 7:9). Essa é a ordem dos príncipes-anjos chamados
de tronos (Cl 1:16). Desempenham funções sacerdotais diante de Deus (Ap 5:8). Lançam
suas coroas diante do trono de Deus em reconhecimento de que toda soberania pertence
a Deus.
Personalidade e capacidade dos anjos
Embora sendo espíritos os anjos são seres pessoais, dotados de inteligência e vontade.
Embora não oniscientes, são superiores aos homens em conhecimento e possuem grande
poder (Hb 2:7; Dn 9:22). Além disso, têm natureza moral e, nesta qualidade, estão sob
obrigação moral; são recompensados pela obediência, e punidos pela desobediência (2 Pe
2:4; Jd 6).
As ações dos anjos na bíblia são:
Executando os castigos que Deus impõe sobre Israel (2 Sm 24:15-17).
Derrotando o exército assírio (2 Cr 32:21).
Patrulhando a terra como representantes de Deus (Zc 1:8-11).
Combatem as forças demoníacas (Dn 10:13; Ap 12:7-9).
Destruindo cidades (Gn 19:10-13).
Interpretando visões (Zc 1:9,19; Dn 7:16).
Os anjos têm a faculdade de assumir a forma e a matéria humanas, a fim de interagir com
os sentidos do homem (Gn 19:1-3; 2 Co 11:13-14). As escrituras nos ensinam que seu
número é muito grande. "milhares de milhares o serviam, e milhões de milhões"(Dn 7:10).
Os anjos sempre são descritos como varões, mas na realidade são seres assexuados, não
propagam a sua espécie (Mt 22:29-30). Mesmo não tendo os atributos inerentes à trindade
divina, os anjos são imortais, pois não estão sujeitos à morte.
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O Anjo do Senhor
Em trechos bíblicos como Êxodo 23:21 e Juízes 2:1, encontramos uma manifestação
especial de Deus — uma manifestação do logos pé-encarnado: Jesus! A maneira pela qual
o "Anjo do Senhor" é descrito, distingue-o de qualquer outro anjo. Em algumas passagens
bíblicas pode-se concluir de maneira inequívoca que esta expressão se refere a Jesus no
Antigo Testamento (Gn 16:7-11; 22:11-12; 32:24-28; Os 12:4-5; Êx 3:2).
Os anjos no judaísmo
Consideram os anjos seres espirituais, compostos de apenas dois (fogo e ar) dos quatro
elementos básicos (fogo, água, ar e terra), em contraste dos seres físicos que são
compostos pelos quatro.
Subdivididos em dois tipos:
Foram originalmente criados por Deus, no último instante do sexto dia da criação, antes da
entrada do shabat e, portanto, são criaturas "incompletas" por assim dizer. Diferente dos
anjos, estes vivem e morrem, procriam e precisam de comida e bebida para existir. São
emissários do criador, mas sua missão é praticamente só de destruição.
O anjo da guarda
Uma antiga tradição judaica ensina que o anjo guardião tem a semelhança ou aparência
daquele a quem guarda, o que talvez seja refletido em At 12:13-15. A teologia judaica
posterior encarava os anjos como mediadores entre Deus e os homens (Zc 3), e a posição
tão elevada naturalmente fez com que alguns os adorassem (Cl 2:18).
Após o século IV d.C., o culto aos anjos tornou-se generalizado, sendo honrado
especialmente o Arcanjo Miguel. Talvez essa adoração indevida seja pela incapacidade de
distinguir entre a aparição de um anjo mensageiro (Zc 3) e uma teofania, ou seja, Deus
manifestando-se de alguma forma visível, como o “Anjo do Senhor” (Os 12:4-5).
Hb 1:14 certamente mostra a subordinação dos anjos em relação aos homens que são
herdeiros da salvação. A bíblia nos diz claramente que Deus envia seus anjos para a nossa
proteção, mas alguns vão além desse conceito de proteção. Não há exemplo na bíblia que
dê respaldo para se pedir a ajuda de anjos, dar ordens ou lhes dirigir orações.
A bíblia não nos autoriza a invocar ou procurar que os anjos apareçam para nós. A igreja
de Colossos enfrentou a falsa doutrina de adoração e culto aos anjos (Cl 2:18).
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O fato de os demônios poderem se disfarçar como anjos de luz (2 Co 11:14) nos serve de
alerta que o aparecimento de qualquer criatura que se pareça com um anjo não garante
que seja um mensageiro de Deus (Mt 24:24). Apesar de que o milagre, o sinal, e o poder
nunca são provas de doutrina correta, servem para demonstrar a realidade do mundo
espiritual e a importância do discernimento espiritual (Dt 13:1-3; 2 Ts 2:7-12).
A bíblia nos diz claramente que deus envia seus anjos para a nossa proteção, mas será
que Deus nomeia um “anjo da guarda” para cada crente no mundo? Não há no texto da
bíblia qualquer apoio convincente para a ideia de que existem "anjos da guarda" individuais.
Os anjos atuam em nossa proteção conforme o mandado divino, contudo não de forma
individual e pessoal (Mt 26:51-53).
Os anjos aparecem as pessoas hoje?
Um anjo disse a Pedro para se levantar e sair da prisão (At 12:6-11). Um anjo assegurou a
Paulo que nenhuma alma no navio pereceria e que ele iria comparecer perante César (At
27:23-24). Alguns contestam esta possibilidade baseados na suficiência da bíblia e o
fechamento do cânon excluir a possibilidade de manifestações angélicas hoje. Dizem que
não devemos esperar que Deus se comunique conosco por meio de anjos. No entanto, esta
conclusão não é convincente.
Embora os anjos não contribuam para o conteúdo doutrinal ou moral da bíblia, cabe a Deus
em sua soberania decidir envia-los ou não para interagir com o ser humano, pois a escritura
não em nenhum momento afirma isto ser antibíblico.
Embora alguns tenham pensado que os "filhos de Deus" descritos em Gn 6:1-4 se refere
aos anjos que pecaram por se casarem com mulheres humanas, esta interpretação é
improvável segundo Jesus falou aos fariseus em Mateus 22:30. Os "filhos de Deus" em
Gênesis 6:2-4 são os homens que são justos por causa de sua imitação do caráter de seu
Pai celestial, e as "filhas dos homens" são esposas ímpias com quem se casaram (2 Co
6:14).
Houve apenas uma queda no mundo angélico, assim como no gênero humano. Os
demônios são anjos maus que pecaram contra Deus e agora constantemente fazem o mal
no mundo. Quando Deus criou o mundo "viu tudo o que tinha feito, e que era muito bom"
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(Gn 1:31). Isto significa que no mundo angelical que Deus criou os anjos maus ou demônios
ainda não existiam nesse momento da criação.
Logo, em algum momento entre os eventos de Gênesis 1:31 e 3:1 houve uma rebelião no
mundo angelical levando muitos anjos a pecarem contra Deus e serem destituídos da glória
de sua presença (2 Pe 2:4; Jd 6) Aparentemente seu pecado foi o orgulho, se recusando a
aceitar o lugar atribuído, porque "não manter a sua posição de autoridade, mas deixaram a
sua própria habitação" (Jd 6; Is 14:12-15).
A bíblia usa outros nomes para se referir a satanás: é conhecido como "o diabo” (Mt 4:1);
"a serpente" (Gn 3:1; 2 Co 11:3), "belzebu" (Mt 10:25) "o príncipe deste mundo" (Jo
12:31);"príncipe das potestades do ar" (Ef 2:2). Satanás pecou antes dos seres humanos,
como foi evidenciado pelo fato de que (na forma de uma serpente) enganou a Eva (Gn 3:1-
6, 2 Co 11:3).
A atividade de satanás e seus demônios
Os demônios são limitados pelo controle de Deus e têm poderes limitados. Como
demonstrado no livro de Jó, a bíblia deixa claro que satanás só poderia fazer o que Deus
permitiu e nada mais (Jó 1:12). Eles se opõem à obra de Deus e tentam destruí-la.
Com sua persuasão tentam levar as pessoas a se afastarem de Deus através da tentação,
dúvida, culpa, medo, inveja, orgulho, calúnia e quaisquer outros meios disponíveis no
momento (Jo 8:44; 2 Co 4:4).
Os demônios no A.T.
O povo de Israel pecou muitas vezes servindo a falsos deuses, contudo esses falsos
"deuses" eram na verdade forças demoníacas (Dt 32:16-17; 1 Co 10:19-20). As guerras
que Israel lutou contra as nações pagãs eram batalhas contra as nações que eram
controladas por forças demoníacas e, portanto, “sob o controle do maligno”. Suas batalhas
eram tanto físicas como espirituais (Ef 6:12).
A adoração demoníaca de ídolos pagãos tinha como características as seguintes práticas:
Não há razão para pensar que hoje há menos atividade demoníaca no mundo do que havia
nos tempos do novo testamento. A recusa da nossa sociedade em reconhecer hoje a
atuação demoníaca é, a partir de uma perspectiva bíblica, simplesmente por causa da
cegueira espiritual das pessoas para a verdadeira conjuntura do mundo (2 Co 4:3-4).
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Nem todo pecado é causado por satanás ou seus demônios, nem a atividade demoníaca é
a maior influência ou causa do pecado (Tg 1:14-15; Ef 4:27;1 Co 10:13). Pode haver
diferentes graus de ataque demoníaco ou influência na vida dos crentes se ele persistir em
alguns tipos de pecado que dão acesso à atividade demoníaca (Jo 5:14; Lc 4:39)
A bíblia mostra que Davi (o futuro rei), ganhou o Espírito do Senhor e Saul (o rei rejeitado)
o perdeu (1 Sm 16:13). O espírito maligno de Saul, a ansiedade mental, estava sob o
controle de Deus. Como o rei desviou-se da face do Senhor, perdeu a proteção da mão do
Senhor, a proteção permanente (Is 59:1-2).
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Introdução.
É fato que não constitui tarefa fácil definir os grupos político-religiosos que existiram na
Palestina à época do ministério de Jesus e do Novo Testamento. O historiador Flávio Josefo
nos apresenta efetivamente quatro grupos ou correntes de ideias que diversificavam o
pensamento do então judaísmo, a saber: fariseus, saduceus, essênios e zelotes, sendo que
suas origens remontam ao período dos Macabeus, e perduraram aproximadamente até ao
ano 70 da nossa era, quando se deu o advento da queda de Jerusalém sob as ordens do
Imperador romano Tito.
Quando e de onde vieram, quais as suas origens, o que eles pretendiam e qual a sua
doutrina. Quais suas principais crenças, características e qual a sua relação com os demais
grupos do quadro social da então Palestina? É sobre isto que vamos nos ocupar neste
estudo.
Os samaritanos
Assim como os judeus seguem as prescrições da lei com rigor no que se refere à
circuncisão, ao sábado e às festas. Em sua liturgia e literatura religiosa celebram o Deus
único, Moisés, a libertação do Egito e a revelação do Sinai, porém rejeitam a autoridade
dos profetas depois de Moisés e os outros livros do A.T e, sobretudo, recusam reconhecer
Jerusalém como metrópole religiosa e o Templo de Salomão como santuário central (Jo
4:6-29). Para eles o monte Gerizim é o único lugar de culto legítimo (Jo 4:19-20; Dt 11:29;
27:12).
Os Samaritanos também esperavam um novo Moisés, o profeta de (Dt 18:15; Jo 4:25) para
eles o chamado Taheb, aquele que vem de novo. Há dúvidas sobre sua origem, pois de
acordo com 2 Rs 17, depois da queda do reino do Norte e da tomada de Samaria em 721
a.C. os Assírios deportaram parte dos habitantes e estabeleceram no país colonos
mesopotâmicos (Babilônia, Cuta, Ava, Hamate e Sefarvaim), os quais teriam fundado, com
auxílio de um sacerdote do lugar, um culto sincretista.
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Um ódio mútuo era sempre crescente entre judeus e samaritanos e também difícil de
imaginar quem odiava mais e com o passar do tempo o ódio foi adquirindo formas e
requintes inimagináveis. Certamente o judaísmo, que contava com uma instituição religiosa
sólida, exercia uma pressão maior e mais violenta sobre o pequeno povo samaritano.
Chegou ao ponto de não haver sequer diálogo entre judeus e samaritanos (Jo 4:9), pondo
fim a qualquer possibilidade de reconciliação.
Lucas narra a primeira relação de Jesus com o povo samaritano onde podemos ver o ódio
anti-judaico e a atitude de enfrentamento dos discípulos. Sendo Samaria corredor de
peregrinos judeus para o templo de Jerusalém, tal ódio era permanentemente alimentado.
Os discípulos parecem já caminhar para uma superação desse ódio, quando estão
dispostos a ir “numa aldeia de samaritanos prepararem alojamento para Jesus”. A iniciativa
dos discípulos, porém, fica bloqueada pelo radicalismo dos samaritanos: a não acolhida ao
perceberem que Jesus e os discípulos eram judeus (peregrinos). Entra em ação então o
ódio judaico aos samaritanos: “vamos mandar fogo do céu para consumi-los? ”, sugeriram
Tiago e João. Jesus, entretanto, toma a atitude de não alimentar nenhum dos dois lados e
vai para outro povoado (Lc 9:51-56).
O ódio dos judeus para com os samaritanos era tal que consideravam o termo ‘samaritano’
como algo ofensivo e que tem a ver com o diabo. Jesus, contudo, mostra que todas as
culturas devem ter lugar no reino e que para a construção do reino todas as culturas têm
algo a dar, mostrando o exemplo do bom samaritano e o judaísmo omisso (Lc 10:29-37).
Esta parábola é narrada durante um debate entre Jesus e um doutor da Lei, por isso a
pergunta final é embaraçosa para o legalista.
Em Lucas 17:11-19 mostra dez leprosos que suplicam a compaixão de Jesus e após
ganharem a cura, apenas um deles volta para agradecer. Jesus acha estranho e pergunta:
“Onde estão os outros nove? Apenas este estrangeiro (samaritano) voltou para dar glória a
Deus? ” E o samaritano ganha de Jesus mais uma força: “Levanta-te e vai; a tua fé te
salvou”.
Por trás da pergunta de Jesus, há o interesse de que todos saibam que apenas o
samaritano foi capaz de vir agradecer. Dos dez, apenas o samaritano recebe uma atenção
especial num esforço que os judeus devem olhar diferente para os samaritanos e que eles
não são tão ruins e inferiores como o querem os judeus.
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Os herodianos
Eram um partido político menor que favorecia a continuidade da dinastia de Herodes. Tanto
Herodes Magno, Antipas na Galileia e depois os dois Agripas tinham seus partidários que,
com certeza, estavam atentos a tudo que pudesse ameaçar ou contestar seu reinado e
autoridade. Na Palestina ou não, viviam provavelmente como seus príncipes à moda
romana. Os saduceus da extrema esquerda eram conhecidos como os herodianos.
Tirando o nome da família de Herodes, eles baseavam suas esperanças nacionais nessa
família e olhavam para ela com respeito ao cumprimento das profecias acerca do Messias,
ou seja, os herodianos olharam para Herodes como um messias, uma espécie de salvador
que iria colocar a terra dos judeus em favor do império romano e trazer bênçãos para eles,
mas Jesus vem e apresenta-se como o Messias, o que era uma ameaça para os herodianos
na tentativa de fazer Herodes o poder político reinante na terra.
No futuro, a Bíblia nos diz que muitos serão enganados pelo anticristo e vão ver o anticristo
como um messias. Ele será um líder político, bem como um falso líder religioso, e trará a
promessa de paz e prosperidade através de seus programas políticos (1 Ts 5:3). Em vez
de focar as metas eternas que Jesus proclamou os herodianos do tempo de Jesus focaram
em objetivos políticos.
Eles pensavam que Herodes poderia trazer paz temporária politicamente, mas Jesus veio
para nos trazer salvação eterna, ao morrer na cruz para pagar pelos nossos pecados. A
lição que aprendemos com o erro dos herodianos é que não devemos confiar no homem,
pois confiavam em Herodes (Jr 9: 23,24; 17:5,7). Temos que colocar nossa confiança no
Senhor Jesus e deixar que sua vontade seja feita em nossas vidas e sobre a terra.
Os fariseus
O partido religioso dos fariseus vivia separado do povo e procurava evitar contatos com os
gentios. Tanto a bíblia quanto o talmude castigam os fariseus hipócritas, raça de “víboras”
que, na opinião de muitos, eram a penas a minoria dentro do partido.
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O farisaísmo é visto comumente de modo negativo, pela própria conotação que o termo
adquiriu e muito dificilmente o termo gera uma reação ou pensamento positivo. Chamar
alguém de “fariseu” é ofensivo. O dicionário define o termo como: “fig. indivíduo que
aparenta santidade, não a tendo”; “indivíduo hipócrita, fingido”.
É importante ressaltar, contudo, que foi a mais importante das seitas religiosas entre os
judeus e que graças a ela o judaísmo sobreviveu após a queda de Jerusalém e suas
tradições vão estruturar a lei judaica até aos dias de hoje, influenciando inclusive à igreja.
Há também aspectos muito positivos que foram perdidos ou desapareceram devido às
características mais negativas que acabaram se impondo (Lc 18:9-14).
O grupo dos fariseus era dirigido por escribas não sacerdotes, contudo alguns sacerdotes
de posição inferior e levitas se fizeram fariseus atraídos pela rigorosa observância das
regras da pureza.
Objetivos principais: Seu objetivo era acentuar e defender as noções religiosas judaicas
em oposição ao helenismo (imitação da cultura grega por outros povos), desde que este
estava crescendo no Oriente, mercê da influência dos reis gregos da casa Selêucida da
Síria. Passaram a se destacar à época da perseguição, especialmente de Antíoco IV
Epífanes (175 a.C.), fortemente dirigida para a helenização da Palestina e consequente
enfraquecimento e quase aniquilação da religião judaica.
No século I da nossa era, apoiados pelos reis Agripa I e II, devido sua posição no Sinédrio
e por defenderem efetivamente o povo surgem como o primeiro partido ao mesmo tempo
político e religioso na região da Palestina. Controlavam a burguesia comercial, a burguesia
camponesa, a burguesia artesanal e a maioria da população. Eram um grupo fortemente
estruturado e faziam oposição aos interesses da aristocracia sacerdotal.
liberdade, de sorte que nós podemos realizá-las ou não. Julgam que as almas são imortais,
julgadas em outro mundo e recompensadas ou castigadas segundo foram neste — santas
ou pecadoras — e que umas são eternamente retidas prisioneiras nessa outra vida e outras
retornam.
Os saduceus
Os saduceus têm uma história muito anterior à metade do século II a.C. seu nome já indica
que o partido provém da nobreza sumo-sacerdotal de Zadoque, que serviu sob Davi e
Salomão (1 Rs 2:35). Compunha-se de um número comparativamente reduzido de homens
educados, ricos e de boa posição social. Ao que parece os descendentes deste Zadoque
tinham o nome de zadoquitas ou saduceus. Eram em sua maioria sacerdotes aristocráticos
de Jerusalém e de tendência secular que obedeciam à letra da Lei, por isso tinham grande
influência não somente no âmbito religioso, mas também no político (At 4:1-7).
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Em oposição aos fariseus, acérrimos defensores das tradições dos antigos, os saduceus
limitavam o seu credo às doutrinas que encontravam no texto sagrado. Sustentavam que
só a palavra da lei escrita os obrigava, defendiam o direito do juizo privado na interpretação
da lei; apegavam-se à letra das escrituras mesmo nos casos mais severos da administração
da justiça. Distinguiam-se dos fariseus nos seguintes pontos (1) Negavam a ressurreição e
juízo futuro, afirmavam que a alma morre com o corpo (Mt 22. 23-33; At 23. 8); (2) Negavam
a existência dos anjos e dos espíritos ( At 23. 8); (3).
Negavam o fatalismo em defesa do livre arbítrio, ensinando que todas as nossas ações
estão sujeitas ao poder da vontade, de modo que nós somos a causa dos atos bons; que
os males que sofremos resultam de nossa própria insensatez, e que Deus não intervém
nos atos de nossa vida, quer sejam bons ou não.
Não se pode negar que os patriarcas criam na existência futura da alma além da morte.
Negando a existência da alma e dos espíritos, os saduceus entravam em conflito com a
angelogia do Judaísmo elaborada no seu tempo, e ainda iam ao outro extremo: não se
submetiam ao ensino da lei (Ex 3.2; 14.19).
Os zelotas (zelotes)
Do grego zelotes, de zelos, selo. Nos tempos de Cristo, membro de um partido judeu que
se opunha à dominação romana da Palestina. O termo adquiriu o sentido de pessoa que
finge ter zelo. Também existe o termo ‘zelotismo’, que, além de designar excesso de zelo,
fanatismo, é o nome de movimentos do primeiro século da era vulgar que teriam produzido
choques violentos com Roma, levando à destruição de Jerusalém no ano 70, pelo general
Tito. Eles surgem a partir da época dos Macabeus, liderados por Judas, o Macabeu.
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Desde então os zelotes são descritos como: rigorosos e violentos e que, assim como
Finéias, Jeú e Matatias, executavam de forma impiedosa todos os que, aos seus olhos, não
observavam à Lei de Moisés.
Os essênios
Os essênios são definidos como um grupo judaico fechado tipo monástico da Palestina,
(séc. II a.C. até o séc. II a.D.). Também chamados de comunidade da Aliança, eram
separados do sacerdócio do Templo. Uma das razões porque eles se isolavam no deserto
era o desejo de escapar da contaminação do mundo e purificar-se (1 Co 5:9-11). Ao
contrário dos zelotes acreditavam que a melhor maneira de se libertar da cultura opressora
era a reclusão, o afastamento da sociedade e não o confronto violento.
Eram rigorosos ao aplicar a segregação em relação ao resto do povo, por isso a vida de
tipo monástico no deserto, tinham tudo em comum, abstinham-se de sacrifícios e não
comiam carne, entre outras coisas. Não são mencionados na bíblia, mas nota-se a
influência deles em personagens como João Batista, pois seu estilo de vida se harmonizava
com a filosofia deles (Mt 3:1-4).
Os essênios levaram sua radicalidade mais longe que os fariseus, um dos motivos da
separação da sociedade e especialmente do sacerdócio de Jerusalém era o fato de
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Os movimentos batistas
Surgidos no séc. I da nossa era desenvolveram-se entre o povo simples e tinham por
características propor a salvação a todos, mesmo aos pagãos e pecadores (Lc 3:7-14). O
batismo de imersão, feito uma vez por todas, é realizado com o objetivo de perdão dos
pecados. Os evangelhos narram dois grupos, a saber: aqueles que se reuniam em torno do
profeta João, chamado Batista (At 19:1-5) e o outro surgido em torno de Jesus.
O grupo de Éfeso (At 19:1) tinha ouvido de Jesus, tinham sido batizados por João Batista
com o batismo de arrependimento, mas não haviam sido informados da conclusão em
Jerusalém. Eram uma corrente separada e antiga de testemunho vinda da Galileia, porém
não sabiam nada a respeito da vinda do Espírito Santo por meio do Messias como fora
prometido por João. Ainda há notícias de grupos semelhantes em nossos dias. Esses
grupos caracterizavam-se pela rejeição do templo e dos sacrifícios sangrentos,
posicionamento ao qual Jesus nunca foi favorável durante seu ministério.
Os movimentos messiânicos
Jesus não foi o primeiro nem o último a afirmar que era o Ungido de Deus. Muitos
aguardavam firmemente o cumprimento da promessa das Escrituras, esperando o Messias
com ansiedade, porém a cultura judaica estava cheia de especulações a respeito da vinda
dele, de como seria sua aparência e seu modo de agir. Alguns defendiam que seria
necessário preparar o caminho para ele fazendo uma convocação à santidade ou até
mesmo uma ação militar, ou uma guerra santa.
Quando André foi procurar seu irmão Pedro, a primeira coisa que ele disse foi: “Achamos
o Messias! ” (Jo 1:41), também a mulher samaritana com quem Jesus conversou junto ao
poço afirmou que sabia que o Messias estava por vir (Jo 4:25). Também no dia da Festa
da Dedicação, os judeus perguntaram a Jesus se ele era o Messias (Jo 10:24) e o anseio
era tanto que em outra ocasião o povo quis agarrá-lo à força e coroá-lo rei (Jo 6:15), mas
o resultado desta expectativa tornou os judeus suscetíveis de serem enganados, pois
surgiram muitos se auto declarando profetas e afirmando ser o Messias, quase sempre
conseguindo atrair e enganar a muitos.
Qualquer um que prometesse a libertação de Israel logo reunia muitos ao seu redor,
exemplos históricos disso são Teudas (At 5:36), um mago que convenceu uma grande
multidão de povo a tomar os próprios bens e a segui-lo até o Jordão, dizendo que era
profeta e que deteria, com uma única palavra, o curso do rio e os faria passar a pé enxuto.
Assim ele enganou muita gente, mas o governador Fado castigou esse impostor e, por sua
loucura, a todos os que se haviam deixado enganar.
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Enviou contra eles alguns soldados de cavalaria, que mataram uma parte deles de surpresa
e fizeram vários prisioneiros, inclusive Teudas, que teve a cabeça cortada e levada a
Jerusalém.
Outro foi Judas (At 5:37), o galileu, que incitou o povo a se revoltar contra os romanos no
ano 6 d.C. em oposição ao recenseamento dos judeus ordenado por Quirino, governador
da Síria. Ambos, “messias” autoproclamados, tiveram suas facções destruídas pelos
romanos.
Veio também um homem do Egito a Jerusalém, que se vangloriava de ser profeta e o
Messias. Persuadiu a um grande número de pessoas que o seguisse ao monte das
Oliveiras, que estava muito perto da cidade e garantiu-lhes que, depois de ter ele proferido
algumas palavras, veriam cair os muros de Jerusalém, sem que mais fossem necessárias
as portas para lá se entrar.
Logo que Félix soube disso, foi atacá-los com um grande número soldados; uns
quatrocentos foram mortos e duzentos feitos prisioneiros, mas o impostor egípcio salvou-
se (At 21:37-39).
Quando Jesus iniciou seu ministério, sua afirmação de que ele era o Messias não era
novidade, nem absurdo. O próprio Senhor Jesus estava tão ciente desta expectativa que
advertiu a seus discípulos a respeito dos falsos messias que surgiriam (Mt 24:23-24).
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Introdução
Cada carta termina com a exortação: “Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às
igrejas” precedendo ou seguindo uma palavra de encorajamento para aquele que vencer,
isto é, o cristão que permanecer firme na sua confissão, sem apostatar ou fazer
concessões, nem que pra isso tenha que pagar com a vida, caso necessário.
As cartas mostram um panorama geral claro da vida cristã na província da Ásia algumas
décadas depois da evangelização dessa província feita por Paulo e demais missionários.
Há forte pressão sobre os cristãos para que sejam mais flexíveis na sua atitude negativa
às atividades aprovadas pela sociedade local como a adoração ao imperador e serem
menos insistentes em certas atitudes que distinguem o seu estilo de vida tão claramente do
restante da civilização em que viviam.
A pressão poderia ser mais ativa, como em Esmirna e Pérgamo, ou de forma mais sutil (e
mais difícil de ser resistida) nas vantagens de se conformar ao paganismo somente o
bastante para tornar a vida um pouco mais confortável neste mundo (Ef 5:11; Fl 3:20).
Patmos é uma pequena ilha da Grécia a 55 km da costa da Turquia, no mar Egeu. Vulcânica
e quase sem árvores e vida animal não oferecia qualquer condição de vida. Os romanos a
usavam como colônia penal, obrigando os prisioneiros a trabalhar nas pedreiras de granito.
João pode ter ido a Patmos para receber a revelação ou para pregar o evangelho, mas o
mais aceito é que ele foi banido para lá por causa do seu testemunho cristão. Essa é a
referência mais antiga na literatura cristã ao primeiro dia da semana como o dia do Senhor
(Ap 1.9-10). Segundo a tradição o exílio ocorreu no ano 95 D.C. do ano 14º do reinado de
Domiciano.
Desde 1522, a ilha foi diversas vezes controlada pelos turcos, sendo capturada pelos
italianos em 1912. Em 1948 passou definitivamente ao controle grego.
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Fundada por colonos principalmente de Atenas, foi uma das doze cidades da Liga Jônia
durante o período clássico grego. Ciro a incorporou ao seu Império e Alexandre, o grande,
a libertou em 334 a.C. Durante o período romano, foi por muitos anos a segunda maior
cidade do Império Romano, apenas atrás de Roma, a capital do império. Tinha uma
população estimada em 500 000 habitantes no século I a.C., o que também fazia dela a
segunda maior cidade do mundo na época. Manteve sua constituição autônoma possuindo
seu próprio senado e assembleia civil.
Sua riqueza, contudo, não era apenas material. Éfeso e Mileto são consideradas berço da
filosofia, nela se destacavam iniciativas culturais como escolas de filosofia; escola de
magos e muitas manifestações religiosas. Outras descobertas incluem uma bela casa de
banho, de mármore, com muitos quartos, a magnífica Biblioteca de Celso, e um templo
dedicado à adoração ao imperador. Ali havia uma estátua de Domiciano, o imperador que
exilou João Evangelista na ilha de Patmos e perseguiu os cristãos. Era amplamente
conhecida como o lar do culto à deusa Ártemis (Diana) dos efésios, cujo templo na cidade
era uma das sete maravilhas do mundo antigo (At 19:24, 27,35).
Foi uma das primeiras cidades a ser alcançada pelo evangelho. Nesta cidade onde se
adorava deuses, estátuas e árvores, Paulo, Apolo, Áquila e Priscila fundaram uma Igreja
cristã (At 18:18-19; 20:31; 1 Co 16:19). A maioria da população de Éfeso era rica e
intelectualizada, mas apesar disso foi uma das cidades onde mais o evangelho se difundiu.
De acordo com a tradição, foi residência de João antes e depois de sua prisão em Patmos.
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v.1 o andar com as sete estrelas na sua mão direita (proteção, segurança); o seu andar
entre sete os candelabros pode significar inspeção, uma a uma, das suas condições. v.2,3
O trabalho, perseverança na obra do Senhor são elogiados. Esses que praticam o mal (At
20:29-31) são os que querem afrouxar os padrões bíblicos de conduta cristãos afirmando
que o pecado não afeta o espírito; tais homens são falsos apóstolos (falsas credenciais),
contudo a igreja se recusou a aceitar suas falsas doutrina (Gl 1:8; 2 Co 11.13-15) v.4
“primeiro” amor (diferente de eros) uma palavra penetrante para uma igreja que acabou de
ser elogiada por perseverar na fé; as boas obras e a sã doutrina não podem tomar o lugar
de ágape na comunidade cristã; havia fidelidade na doutrina, mas falta da amor na prática
do Cristianismo (Ef 1.15,16) v.5 a não ser que houvesse uma mudança (lembre-se) de
coração e um retorno ao ágape os dias dessa igreja estariam contados; retirarei: o seu
candelabro (luz) seria retirado.( hoje não há igreja evangélica em Éfeso) v.6 os nicolaítas
anunciavam um “padrão” superior que permitia a idolatria e a imoralidade, revogando, desta
forma, as condições estabelecidas pela carta apostólica do primeiro concílio da igreja (At
15:20,28-29) v.7 darei de comer a árvore da vida; no Éden em Gênesis era a contraparte
terrestre da árvore da vida no Éden celestial, ou seja, dar-lhe-ei a vida eterna afirma Jesus
(Ap2:8-9;3:22).
Esmirna fora uma colônia grega destruída pelos Lídios em 627 a.C. e reconstruída por
Lisímaco, um guarda-costas macedônio de Alexandre, o Grande, e um dos generais que
dividiram o império após sua morte. A partir 195 a.C., Esmirna manteve relações de sólida
amizade com Roma, período este que foi a sua segunda grande era. A divindade local era
a “mãe de Sipilene”, uma versão local de Cibele, contudo também havia templos de Afrodite
(protetora das prostitutas) e de Zeus.
Embora esta carta seja a mais breve das sete, também é mais calorosa e com elogios. Na
época de Paulo a população da cidade era de 200mil habitantes. A igreja em Esmirna era
uma igreja pobre e perseguida, onde havia uma grande população judaica que, em virtude
de seus ataques caluniosos aos cristãos, tinha se mostrado indigna do nome “judeu”.
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Cibele
Afrodite
v.8 aqui Jesus faz a afirmação de sua divindade; em Atos 17.18 Paulo discursou no
Areópago sobre a ressureição (1 Co 15:19);nunca antes se ouviu falar em ressureição v.9
tribulação e pobreza: apesar de os cristãos serem pobres, devido a um boicote econômico,
eles eram espiritualmente ricos; era comum invadir e saquear lojas e propriedades de
crentes (Hb 10:32-34); blasfêmia dos judeus: por sua oposição ao evangelho (rejeitaram
Jesus) eles espionaram os crentes na santa ceia e os acusavam de ser canibais; o
verdadeiro judeu tem uma vida digna de elogios aos olhos de Deus e não os judaizantes
(Rm 2:28-29); porém os de Esmirna eram a sinagoga de satanás (adversário); diabo
significa caluniador ou falso acusador (Ap 12:9-10) v.10 o diabo usou as autoridades
imperiais como suas ferramentas para o encarceramento dos cristãos (não temas), contudo
isto era apenas o prelúdio do juízo e da sentença, como no caso do Bispo de Esmirna,
Policarpo (156 d.C.); coroa da vida: a coroa era oferecida a quem ganhava nos jogos
olímpicos, casasse ou prestasse serviços à cidade; contudo a coroa que os cristão de
Esmirna conquistariam por sua perseverança e vitória na batalha espiritual seria a vida
eterna (1 Co 9:25) v.11 segunda morte: o juízo final, a alternativa para a vida eterna é a
separação eterna de Deus (Jo 8:51; Hb 9:27).
Pérgamo, que significa cidadela, atual Bergama, é uma antiga cidade grega que se situava
na Mísia, a mais de 20 km do Mar Egeu. No monte cônico, quase 300 metros acima do vale
ao redor da cidade, vários templos foram construídos, entre os quais se destaca um altar
dedicado a Asclépio, deus grego da cura (medicina). Pérgamo tornou-se o centro de quatro
seitas pagãs durante o século I, competindo com Éfeso.
A prestigiosa Biblioteca de Pérgamo com 200 mil livros perdia em importância apenas para
a tão famosa biblioteca de Alexandria. O pergaminho de pele de animais foi inventado em
Pérgamo, em substituição ao papiro. Pérgamo instituiu o primeiro culto de adoração a um
imperador vivo, sob o reinado de Tibério (29 a.C.)..
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v.14 a doutrina de Balaão é uma referência à apostasia de Baal-Peor (Nm 25:1-4; 31:16)
que foi instigada por Balaão que inclui fornicação ou prostituição ritual e idolatria (grêmios
comerciais) v.15 os nicolaítas ao contrário do que muitos pensam não eram seguidores do
diácono Nicolau, escolhido junto com Estevão e Felipe, dentre outros (At 6:2-6); aqui como
em Éfeso tentam se apoderar da igreja questionando o legado dos apóstolos ao introduzir
sua doutrina nefasta de participação nos cultos pagãos (1 Co 10:18-21; 11:29-30), contrária
ao concílio da igreja (At 15:28-29); esse afrouxamento teria reduzido as diferenças sociais
entre os cristãos e seus vizinhos pagãos, que inclui aqui uma participação simbólica nos
cultos pagãos; v.16 a espada da minha boca: ajustar a doutrina, mudar a maneira de pensar
(meta: mudança; nóia: mente Mt 15:19 Tg 1:14-15), o Senhor purificará (Sl 119:9) a igreja
com sua palavra autorrealizável do julgamento divino v.17 maná: Com a destruição do
templo, conta uma lenda judaica que Jeremias escondeu o vaso com o maná numa fenda
do Monte Sinai. Os rabinos diziam que ao vir o Messias o vaso com maná seria recuperado,
ou seja, o maná escondido no céu seria revelado no fim dos tempos e dado como alimento
aos fiéis. Receber o maná escondido significa desfrutar das bênçãos da era messiânica,
uma compensação suficiente para aqueles que se abstiveram da comida dedicada aos
ídolos (Dn 1:8); Jesus é o verdadeiro “pão do céu” (Jo 6:49, 58); pedra branca: os júris
votavam pela absolvição jogando uma pedra branca em uma urna; também era o ingresso
naquela época para os teatros; serve como bilhete de entrada para o banquete celestial
das bodas do cordeiro (Ap 19:9); novo nome: fornecedores de amuletos mágicos sabiam o
quanto era importante que um nome de poder fosse mantido em segredo; o poder do nome
de Jesus não pode ser controlado por mágicas, contudo é conhecido na experiência dos
seus servos (Fl 2:9-11). A igreja estava se misturando com o mundo e perdendo o senso
da verdade.
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Foi construída por Seleuco I, um dos generais de Alexandre, o grande, em 300 a.C. como
uma cidade para tropas do exército. Destruída por um grande terremoto no reinado de
Otávio Augusto no ano de 27 a.C., foi reconstruída pelo Império Romano em 14 d.C. Na
Antiguidade, a cidade era conhecida pelas suas muitas associações comerciais, cada uma
com sua divindade patrona; E, para poder trabalhar no comércio era necessário que o
cidadão pertencesse a alguma delas, sendo muito comum que os seus membros
participassem de festas dedicadas às divindades pagãs que geralmente terminavam em
orgias sexuais.
Sua indústria principal era de instrumentos de bronze e cobre. Fabricava também tecidos,
especialmente em vermelho e púrpura. Havia um grande templo em honra ao deus sol
“Apolo” e também templos de Ártemis (Diana) e Sibila (Herófila). Segundo os Atos dos
Apóstolos, uma das comerciantes de roupas da cidade era uma mulher chamada Lídia, que
conduzia negócios em lugares distantes foi a primeira convertida de Paulo em Filipos (Atos
16:14). A importância de figuras femininas na cultura religiosa pode ter facilitado o trabalho
de Jezabel, a mulher que seduzia os discípulos e incentivava a idolatria e a prostituição.
Abaixo, as estátuas de Apolo, (deus sol) junto com a deusa Nike (deusa da vitória).
Construída sobre uma rocha (1150 a.C.), ficava numa elevação de cerca de 500 metros.
Era a capital do império da Lídia, um dos mais ricos do mundo antigo. Sua localização numa
valorosa rota comercial que ligava o Mar Egeu ao interior a tornava importante também por
seu poderio militar. A antiga Sardes hoje é apenas ruínas, perto da atual vila de Sarte, da
província de Manisa, na Turquia considerava-se impenetrável.
Era uma cidade próspera pela produção de prata, ouro, pedras preciosas, lã e tecido. Os
lídios foram os primeiros a cunhar moedas de ouro regularmente em Sardes. Os jovens
ensinados por Paulo na escola de Tirano evangelizaram toda planície da Ásia (At 19:9-10)
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v.3 lembra-te: a palavra estava sendo ignorada; a oração virou “reza”; havia necessidade
urgente de avivamento; a vinda súbita (como ladrão Lc 21:36) de Cristo para executar um
julgamento histórico é especialmente adequada em vista da história de Sardes, que tinha
sido vencida sendo invadida por lugares considerados improváveis, ou seja, não estavam
sendo vigiados (algumas áreas de nossa vida) (1 Pe 5:8) v.4 vestes descrevem condição
espiritual (Zc 3:3,4; 1 Jo 2:1), poucos tem roupa limpa; uma minoria na igreja tinha se
recusado a seguir os caminhos comprometedores da maioria (Jo 14:23); v.5 a recompensa
para estes serão vestes brancas na glória, apropriadas para os que andam na companhia
do Senhor Jesus (Hb 12:14); todos aqueles cujos nomes estão na lista da igreja na terra,
mas sua qualidade de membro é apenas nominal tiveram seus nomes apagados,(2 Tm
4:10) isto é, o Senhor nunca os conheceu (Mt 7:21-23), contudo aqueles que tem seu nome
no livro da vida são os que resistem com firmeza à tentação da apostasia e por isso
sobreviverão no grande dia de Deus; quando é preciso avivamento?: quando ler a Palavra
não faz diferença; quando o pecar não entristece; quando há divisão na igreja (1 Co 1:11);
quando os olhos que veem coisas más (Sl 101:3); e a alegria mundana é maior que a
espiritual (1 Co 9:25). Tinha a fama de ser uma igreja viva, reputação de uma igreja cheia
de testemunho e vida, mas na realidade era uma igreja “fake”.
Filadélfia fica num vale aos pés de um platô montanhoso. O rei de Pérgamo, Átalo II, fundou
Filadélfia como um posto avançado do seu reino no segundo século a.C. Nos tempos do
Novo Testamento, Filadélfia fazia parte da província Romana da Ásia. A cidade foi
devastada por um terremoto em 17 d.C. e por um tempo as pessoas viveram com medo de
tremores. Filadélfia foi reconstruída com ajuda do imperador Tibério em 23 d.C. Produzia-
se vinho e o deus grego do vinho, Dionísio, era cultuado pelo povo.
Imagem de Dionísio, adorado em Filadélfia. v.7 santo e verdadeiro: esses dois títulos
são designações de Cristo; chave:
significa autoridade, ter direito de abrir a
porta da salvação, da vida eterna (Is
22:22; Hb 3:2-6); no caso de Pedro (Mt
16:18,19; 18:18) a autoridade para ligar ou
desligar não é no sentido de admissão ou
exclusão (o papa não tem a chave do
céu), mas no sentido de decidir o que é e
o que não é a vontade de Deus (1 Tm 2:4).
Essa última promessa em Mt 18:18 é
estendida não somente aos outros
discípulos, mas, por dedução, a todos os
cristãos espirituais.
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v.8 boas obras: bem-aventuranças (Ef 2:10; Mt 5:3-11); porta aberta: oportunidade de
serviço ou evangelismo (1 Co 16:9); pouca força: ao contrário da igreja de Corinto (1 Co
1:5-7), pode significar que a igreja era pouco carismática, ou seja, poucos dons do Espírito
Santo ( 1 Co 12:7-10), era contudo abundante nos frutos do Espírito (Gl 5:22-26) guardar
a Palavra é não negar a cruz, não negar a Cristo, principalmente em público; Paulo diz
pra obedecer as autoridades (Rm 13:1,2), mas apocalipse diz pra não obedecer porque
aqui há adoração maligna envolvida (Mt 10:32-33); v.9 os judeus promoveram
perseguições desde o início ;o verdadeiro judeu tem uma vida digna de elogios aos olhos
de Deus e não os judaizantes que não aceitaram a Jesus (Rm 2:28-29), os de Esmirna
eram a sinagoga de satanás (adversário), diabo que significa caluniador ou falso acusador
(Ap 12:9-10) , mas o Senhor os fará reconhecer que a igreja de Filadélfia é a verdadeira
congregação do povo de Deus nessa cidade v.10 hora da tentação: é importante aqui
distinguir entre a tribulação que vem como juízo divino sobre os ímpios (como aqui) ou
sobre cristãos infiéis (Ap 2:22) ou a que vem sobre os fiéis (Ap 2:10; 1 Co 10:13); v.11
venho: aqui a vinda de Cristo traz bênçãos completas, desde que a expectativa da sua
vinda os encoraje a manter a lealdade e que não abram mão da sua coroa, sendo que
esta significam os louros da glória que recebiam os vencedores dos jogos, porém nesse
caso uma coroa incorruptível (1 Co 9:25; Tg 1:12). v.12 a coluna que sustenta o telhado
se transforma em adorador ou ministro do santuário; o vencedor traz em si um nome triplo:
o nome de Deus, o nome da cidade de Deus e o nome de Cristo, seu Senhor; a nova
Jerusalém fala das duas Jerusalém (Gl 4:25-26; Fl 3:20), sendo a de cima a nossa mãe,
que também é a comunidade dos santos (Ap 21.2) novo nome: Rei dos reis e Senhor dos
senhores (Ap 19:16).
Era uma das mais prósperas e importantes cidades da Frígia na Ásia Menor. Tornou-se
uma das primeiras sedes do Cristianismo. Possuía bancos, indústria têxtil, e uma escola
de medicina em que a “pedra da Frígia” era triturada para produzir colírio. Embora tivesse
problemas de água construiu um aqueduto que trazia água das fontes termais de Denizli,
que ainda estava morna depois de percorrer 8 km em canos de pedra, diferente da água
fria que refrescava seus vizinhos em Colossos ou da água quente cujas propriedades
terapêuticas eram muito apreciadas pelos habitantes de Hierápolis, ou seja, quando a
água chegava à cidade não estava nem quente, nem fresca, apenas morna.
Quando foi destruída por um terremoto em 60 d.C., os cidadãos recusaram ajuda de Roma
e reconstruíram a cidade com seus próprios recursos. Laodicéia era famosa pela
manufatura de mantos de lã pretos chamados laodicia; as ovelhas pretas das quais a lã
era obtida sobreviveram nessa região até os nossos dias.
Em Colossenses 4:12-16, Paulo indica que havia uma relação entre a igreja de Colossos
e a de Laodicéia, ou pelo menos ele estimula que haja uma comunicação entre as duas
igrejas. Embora Paulo faça menção da igreja cristã que ali existia, não há registro que ele
a tenha visitado (Cl 2:1). Ao que parece, Paulo havia enviado antes à igreja de Laodicéia
uma epístola que não chegou até nós (Cl 4:16). Laodiceia e Sardes ainda hoje estão
abandonadas e são as únicas cidades dentre as sete cidades-sede das igrejas que estão
em ruínas, ou seja, nenhuma outra cidade foi construída por cima.
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v.17 não preciso de nada: prosperidade material não significa alta cotação no céu (1
Tm 6:10), pois a verdadeira autossuficiência de uma igreja tem que vir de Deus (2 Co
3:5; Lc 12:19-20), v.18 compres: só ele pode suprir nossas riquezas espirituais (ouro)
através da fé provada pelo fogo e com oração (1 Pe 1:7), a igreja ainda não havia
passado por perseguição; uma igreja sem fervor espiritual, morna, rica financeiramente,
mas pobre espiritualmente. Precisa de vestes espirituais brancas, que são obras de
santificação (Zc 3:3-4); e saúde espiritual através da comunhão com ele (1 Co 11:30) e
colírio a fim de termos visão para ver como Deus vê (2 Rs 6:17) e poder distinguir o que
é a vontade de Deus; v.19 arrepende-te: mudança de mentalidade, (Jr 29:13; Jl 2:13)
v.20 bato na porta: o próprio Senhor Jesus foi excluído (1 Co 11:30) e não tinha lugar
na santa ceia da igreja; Jesus estava do lado de fora chamando-os ao arrependimento;
muitos estavam tão conformados com o mundo que já não se percebia a diferença
“entre o que serve a Deus e o que não o serve” (Ml 3:18); é preciso ouvir a voz de Jesus
(Hb 3:15); mesmo que a igreja como um todo não atenda ao chamado, aqueles que o
fizerem vão desfrutar da mútua comunhão com Ele (Jo 14:23) v.21 Tiago e João
queriam sentar-se no trono; todos os que são vencedores se assentarão no trono com
Jesus (2 Tm 2:12); quem tem ouvidos: a igreja precisava de ouvidos espirituais (Hb
3:15).
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Abaixo o um quadro comparativo com resumo das sete cartas às igrejas da Ásia
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A ARQUEOLOGIA E AS PROFECIAS
Sodoma redescoberta
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O império Babilônico
A pedra roseta foi a chave para o entendimento dos escritos das antigas civilizações.
Em 1798, soldados sob o comando de Napoleão Bonaparte invadiram o Egito junto com
cientistas e saquearam muitos artefatos, dentre eles um bloco de pedra de basalto
gravado de cima para baixo com antigos caracteres. O texto no topo estava escrito em
hieróglifos, o do meio uma forma cursiva dos hieróglifos e o da parte inferior era o grego
koiné (o mesmo do novo testamento).
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A pedra roseta foi a chave para o entendimento dos escritos das antigas civilizações,
pois possibilitou a tradução de textos em hieróglifos para o grego koiné e, assim, para
as línguas modernas.
O Cilindro de Ciro
...voltei às cidades sagradas do outro lado do rio Tigre, os santuários (dessas cidades)
que por muito tempo estiveram em ruínas, as imagens que costumavam estar nesses
lugares e estabeleci para elas santuários permanentes. Reuni todos os seus habitantes
e os fiz voltar às suas habitações. Além disso, repus, sob o comando de Merodaque, o
grande senhor, todos os deuses da Suméria e da Acádia que Nabonido trouxera para
a Babilônia sob a ira do senhor dos deuses, incólumes, em suas capelas, os lugares
que os fizeram felizes. Que todos os deuses que recoloquei nas suas cidades sagradas
roguem diariamente a Bel e a Nebo por vida longa para mim e que elas me recomendem
[...] a Merodaque, meu senhor, que eles digam assim: Ciro, o rei que o cultua, e
Cambises, seu filho, (...) todos eu coloquei num lugar de paz.
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Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela sua mão direita, para
abater as nações diante de sua face; eu soltarei os lombos dos reis, para abrir diante
dele as portas, e as portas não se fecharão (Is 45:1). Esta profecia foi feita 150 anos
antes de sua realização.
Dario governou o império persa de 522 a.C a 486 a.C. Também encontraram o nome
de seu filho, Xerxes (Assuero), que sucedeu a Dario no trono persa e que se casou com
a judia Ester (Et cap 1 e 2).
A Estela de Tel Dã
A Pedra Moabita ou Estela de Mesa, é uma pedra de basalto, com uma inscrição sobre
Mesa, Rei de Moabe. Este registra a conquista de Moabe por Onri, Rei de Israel. Após
a morte de Acabe, filho de Onri, Mesa revolta-se depois de prestar vassalagem por 40
anos. Esta inscrição completa e confirma o relato bíblico em II Reis 3:4-27
E o seu filho o seguiu e disse também: Hei de humilhar Moabe. No meu tempo ele o
disse, mas eu triunfei sobre ele e a sua casa, enquanto Israel tinha perecido para
sempre! Onri tinha ocupado a terra de Mádaba e Israel tinha habitado lá no seu tempo
e durante metade do tempo do seu filho (Acabe, filho de Onri), por 40 anos; mas
Quemós habitou ali, no meu tempo.
A Estela de Merneptah
Merneptah era filho de Ramsés ll. A estela descreve a campanha militar empreendida
em 1207 a.C. Contra os líbios e, eventualmente, uma campanha para Canaã na qual
uma tribo de pessoas nomeadas Israel teria sido destruída.
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Nos relevos estão descrições acuradas e realistas da batalha entre os assírios e o povo
de Laquis, que ocorreu durante a conquista assíria de Judá em 701 a.C. (veja 2 Rs
17:5-6; 2 Cr 32:1).
A Bíblia registra este mesmo evento no livro de 2 Crônicas: “Depois disso, Senaqueribe,
rei da Assíria, enviou seus servos a Jerusalém (ele, porém, estava diante de Laquis,
com todo o seu domínio) ” (2 Cr 32:9, veja também 2 Rs 18:13,14,17; 18.8; Is 36:1,2;
37:8).
O túnel de Ezequias: bíblia nos fala sobre esta façanha (2 reis 20:20)
Ezequias estava certo de que Jerusalém seria privada de sua principal provisão de
água, a Fonte de Giom, a qual jazia desprotegida bem na extremidade sul do Vale de
Hinom, fora da antiga Cidade de Davi. Ezequias conseguiu desviar suas águas retendo
a saída superior e redirecionando seu fluxo para o lado ocidental da cidade (2 Cr 32:2-
4,30).
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O túnel conectou a Fonte de Giom com o atual Tanque de Siloé, localizado dentro dos
muros da esquina sudoeste da cidade.
Em 1880 foi feita uma exploração local no túnel (por meninos que nadavam ali),
descobriu-se uma inscrição a cerca de 6 metros da saída, onde o túnel tem quase 4,5
metros de altura. Hoje chamada de “Inscrição de Siloé”, esta narrativa do século VIII
a.C. fala sobre a construção do túnel e, assim, preenche os “espaços em branco” da
história bíblica.
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O Monte do Templo
Houve três templos que estiveram no monte do templo entre 960 a.c. e 70 d.C. O
primeiro templo teve sua construção iniciada em 967 a.C. e terminada em 960 a.C. os
babilônios destruíram este templo em 586 a.C. O templo foi reconstruído sob a
liderança de um sacerdote chamado Zorobabel, sendo que as fundações foram
lançadas em 538 a.C. e a estrutura dedicada em 515 a.C.
Por quase 500 anos o segundo templo permaneceu em sua forma modesta de
reconstrução até ao período romano. Então o rei dos judeus nomeado pelos romanos,
Herodes, o grande, restaurou-o completamente. Foi neste segundo templo há pouco
restaurado que Jesus foi dedicado quando criança (aproximadamente em 6 a.C.).
Quase toda informação arqueológica que está disponível acerca do monte do templo
vem de explorações e escavações feitas no século passado. Naquela época, a área
estava sob o governo turco e os arqueólogos às vezes conseguiam permissão para
explorar. O monte do templo é segundo a tradição judaica o lugar a partir do qual Deus
criou o mundo, e a pedra alojada no interior do “Domo da Rocha” é supostamente o
local onde o quase-sacrifício de Isaque pelo seu pai Abraão – o pai do judaísmo – ia
sendo consumado.
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REFERÊNCIAS
CARSON, D.A. et al. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova. 2009,
1756p.
DAVIDSON, F. O Novo Comentário da Bíblia. 3 ed. São Paulo: Edições Vida Nova,
1995, 1551p. Tradução de: The New Bible Commentary.
HOWARD, R.E. et. al. Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: Cpad.
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. 8ª ed. Rio de Janeiro: Cpad, 2004, 1623p.
LUND, E. & NELSON, P.C. Hermenêutica. Tradução de: Eturvino Adiers. Editora Vida,
1968, 99p. Tradução de: Reglas de Interpretación de las Sagradas Escrituras.
PRICE, Randall. Arqueologia Bíblica. Rio de Janeiro: Cpad. 2006, 384p. Tradução de
The Stones Cry out.
SHEDD, Russel Philip. As 7 Igrejas da Ásia e Patmos. Dvd duplo. Rio de Janeiro:
Cpad.