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Teste intermédio - Filosofia 11º ano

1. Argumentação e Lógica Formal

o Distinção validade – verdade

No dia a dia, tiramos conclusões a partir de determinados dados, aduzimos razões para
defender determinadas posições defendidas por outros, numa palavra, utilizamos argumentos.

Lógica – disciplina que estuda os princípios que os argumentos têm de observar para serem
corretos, isto é, logicamente válidos. Investiga a validade do pensamento discursivo, a fim de
evitar erros e contradições, estuda os princípios gerais que estão na base do nosso
pensamento.

Se quisermos que os nossos argumentos sejam validos, convincentes, temos de usar


corretamente os processos e os princípios lógicos que presidem a uma boa argumentação.

A logica torna possível a identificação dos procedimentos ou regras que permitem preservar a
verdade no trânsito das premissas para a conclusão, permite assegurar a verdade da conclusão
quando se parte de premissas verdadeiras. Se as premissas forem verdadeiras, a conclusão é
necessariamente verdadeira.

A lógica é um instrumento importante para estruturar o nosso pensamento, de onde tiramos


de imediato quatro conclusões:

o Estuda os argumentos sob o seu aspeto formal,


o Procura determinar os princípios que os argumentos devem observar para serem
válidos,
o O seu estudo aperfeiçoa o nosso desempenho argumentativo,
o Reduz possíveis equívocos ou erros de pensamento.

Princípios lógicos do pensamento

o Princípio da identidade – “Uma coisa é o que é” Ex: laranja = pera |Pera = Pera
o Princípio da não contradição – “uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo,
segundo uma mesma relação” Ex: camaleão verde | camaleão castanho
o Princípio do terceiro excluído – “uma coisa deve ser ou então não ser, não há uma
terceira possibilidade” Ex: está frio.| Não está frio.| Não está frio nem está calor.|

Elementos estruturante dos argumentos

Um argumento é sempre constituído com pelo menos duas proposições, em que uma é a
premissa e outra a conclusão. As proposições são a expressão verbal de juízos, onde se
estabelece relações entre conceitos, expresso por termos. O estudo da lógica implica uma
reflexão sobre:

o Conceitos – expressos por termos. (Rosa, flor, planta…)


o Juízos – expressos por proposições. (A rosa é uma flor; as flores são plantas)
o Raciocínios – expressos por argumentos. (As flores são plantas; a rosa é uma flor; logo,
a rosa é uma planta)

Conceitos – termos

O conceito é a representação mental das características essenciais de um objeto e é expresso


por um termo que pode ser composto por uma ou mais palavras, como por exemplo os termos
«mobiliário de jardim», «figura com quatro lados iguais».

Existem dois tipos de conceitos,

o Conceitos empíricos – os conceitos e termos reportam-se diretamente a realidades


concretas.
o Conceitos puros – onde a ligação ao concreto é remota.

Construção de conceitos-operações mentais implicadas

o Análise – observar diferentes objetos, situações


o Comparação – verificar semelhanças e diferenças
o Abstração – separar as diferenças e considerar apenas as semelhanças
o Síntese – formar uma representação mental do objeto
o Generalização – aplicar a representação a outras situações

Compreensão e extensão dos conceitos

Um conceito possui sempre uma certa compreensão, ou seja, um conjunto de notas


caracterizadoras que o definem e distinguem de outros conceitos. Ex:

o O conceito de homem tem como notas caracterizadoras as ideais de animal e de


racional.
o Na compreensão do conceito de triângulo entram as características de figura
geométrica, três lados e três ângulos.

Um conceito possui sempre uma certa extensão, isto é, aplica-se a um número mais ou menos
extenso de objetos. Ex:

o O conceito de vegetal (alimento) aplica-se a cenouras, cogumelos, alface, etc.

A extensão do conceito é o número de objetos ou indivíduos que o conceito designa.

A compreensão e extensão de um conceito variam na razão inversa, quanto maior a


compreensão menor a sua extensão e vice-versa.
Extensão
Ser humano - homem - desportista - futebolista - goleador - Cristiano Ronaldo

Compreensão
Neste exemplo, o conceito de ser humano é o que possui maior extensão e menor
compreensão, pois aplica-se a homens, desportistas, futebolistas, goleadores e àquele
especifico jogador. Por outro lado, esse jogador corresponde ao conceito que tem maior
compreensão e menor extensão, visto que é um individuo (único) que tem as características de
ser goleador, futebolista, homem e por fim ser humano.

Os conceitos permitem-nos transformar o mundo caótico das impressões sensíveis num


universo ordenado.

Juízos – Proposições

Os juízos são expressos por proposições. Uma proposição é um enunciado verbal suscetível de
ser verdadeiro ou falso, logo nem todos os enunciados verbais são proposições.

o O que distingue enunciados que não são proposições daqueles que são, é que as
proposições afirmam ou negam, portanto são suscetíveis de serem verdadeiros ou
falsos. Os enunciados não proposicionais podem exprimir desejos, ordens, invocações,
designações linguísticas, mas nunca estabelecem relações entre termos, logo não se
coloca a questão de serem verdadeiros ou não.

Nas proposições existe sempre uma relação entre conceitos, na qual de predica um conceito a
outro conceito por meio de um elemento verbal de ligação. Numa proposição há sempre um
termo que desempenha a função de sujeito da proposição e um outro que desempenha a
função de predicado.

O elemento de ligação que relaciona os dois termos, é a expressão verbal são.

PROPOSIÇÕES

Características Exemplos

o Enunciados verbais verdadeiros ou O oxigénio é um gás.


falsos
o Constituídos por sujeito, predicado e A paciência é uma virtude.
elemento de ligação Os planetas não são asteroides.
Qualidade e quantidade das proposições

As proposições diferem entre si pela quantidade e qualidade.

o Quantidade – dizem-se particulares ou universais.


o Qualidade – dizem-se afirmativas ou negativas.

 Nas proposições negativas nega-se que o predicado convenha ao sujeito, por outro
lado, as proposições afirmativas afirma-se que o predicado convém ao sujeito.
Nas proposições universais, o termo que exerce a função de sujeito está tomado em
sentido universal; nas proposições particulares o termo que exerce a função de sujeito
está tomado em sentido particular.

As letras A E I O designam a quantidade e qualidade das proposições.

o A – proposição universal afirmativa


o I – proposição particular afirmativa
o E – proposição universal negativa
o O – proposição particular negativa

Mnemónica

o AfIrmo
o nEgO

Quadrado lógico
Raciocínios – argumentos

Raciocínios – são operações lógicas em que o pensamento se move de uma das proposições
para outras, estabelecendo um encadeamento de proposições, através de certos nexos entre
elas.

Argumentos – são a expressão verbal dos raciocínios, mas tal como nem todos os enunciados
verbais são proposições, também acontece que nem todos os encadeamentos de proposições
constituem argumentos.

o O que distingue um argumento de um não argumento:

Um argumento tem sempre uma conclusão, isto é, uma proposição que é suportada por outra
ou outras proposições - premissas – que constituem a favor da conclusão. Entre as proposições
que constituem os argumentos existe um nexo de implicação logica, isto é, umas proposições
conduzem a outra que delas deriva logicamente, caso contrário não estamos na presença de
um argumento.

ARGUMENTO NÃO ARGUMENTO

É aconselhável fazer exercício físico, pois Em Portugal no inverno chove bastante, mas a
constitui uma boa terapia uma boa terapia temperatura é relativamente amena.
para uma vida saudável.

Num argumento existe sempre:

o Uma conclusão, algo que se apresenta como síntese; sem conclusão não há
argumento.
o Uma razão ou razões que suportam a conclusão, as premissas do argumento.

Podemos identificar as premissas e a conclusão a partir de seus respetivos indicadores:

INDICADORES DE CONCLUSÃO INDICADORES DE RAZÃO


Consequentemente; é obvio que …; em Dado que…; porque…; pois…; como…
conclusão…; portanto; decorre que…;
provavelmente; verbos como dever e poder,
ter de…

Relação entre validade e verdade


Em relação aos argumentos não se aplica o conceito de verdade: os argumentos não são
verdadeiros ou falsos como as proposições, são antes válidos ou não válidos. A validade é
propriedade dos argumentos, a verdade é propriedade das proposições.

 Um argumento pode ser válido e as proposições que o constituem podem ser falsas, e
pode ser não válido e as proposições que o constituem serem verdadeiras. Por
exemplo:

O Porto é a capital de Portugal;


O rio Douro banha o Porto;
Logo, o rio Douro banha a capital de Portugal.

Este é um argumento válido, pois que, se as premissas fossem verdadeiras a conclusão


seguir-se-ia necessariamente, e seria verdadeira, mas como uma das premissas é falsa,
tal não acontece. Mas se o Porto fosse a capital de Portugal então o rio Douro banharia
a capital de Portugal.

 Um argumento pode ter premissas verdadeiras e a conclusão verdadeira e todavia não


ser válido, tal acontece se não existir nexo de implicação lógica entre a premissa e a
conclusão. Exemplo:

Todos os artistas são criativos;


Picasso foi muito criativo;
Logo, Picasso foi um artista.

A conclusão não decorre das premissas, e o facto de os artistas serem criativos e de


Picasso ser criativo não permite concluir que ele foi um artista; poderia ter sido um
cientista ou até o fundador de uma nova religião.

 Pode ainda existir um argumento constituído por uma primeira premissa condicional,
em que se apresenta uma condição e um condicionado, uma segunda premissa
verdadeira e uma conclusão que á partida não sabemos se é verdadeira ou falsa, mas
podemos decidir se ela se segue ou não. Exemplo:

O João afirmou que, se ganhasse na lotaria, faria uma viagem á volta do mundo;
Ora uma sua prima soube que ele fez uma viagem à volta do mundo;
Daí conclui que ele ganhou na lotaria.

Este argumento não é válido porque a conclusão não se segue das premissas; o João
pode ter viajado porque recebeu uma herança ou uma recompensa suplementar no
trabalho, etc.

 Já o seguinte argumento é válido. Exemplo:

O João afirmou que, se ganhasse na lotaria, faria uma viagem á volta do mundo;
O João não fez uma viagem à volta do mundo;
Logo, o João não ganhou na lotaria.
Neste caso, a conclusão decorre da admissão das premissas, há um nexo de implicação
lógica entre as premissas e a conclusão, portanto o argumento é valido.

Assim, podemos concluir que a validade de um argumento:

o Não depende da verdade ou da falsidade das proposições que o constituem,


o Depende da forma como as premissas se relacionam com a conclusão.

Se uma inferência estiver correta, se as premissas forem verdadeiras, a conclusão será


necessariamente verdadeira.

Tipos de argumentos

A lógica formal só aborda os argumentos dedutivos, visto que são os únicos suscetíveis de
validade formal; mas para além destes, usamos constantemente argumentos indutivos e
argumentos por analogia.

Argumento dedutivo

Os alunos do 11º1 são estudiosos,


A Margarida é do 11º1,
Logo, a Margarida é estudiosa.

O raciocínio que este argumento expressa é de tipo de tipo dedutivo uma vez que a conclusão
está implícita nas premissas, bastando apenas explicitá-la.

Um argumento dedutivo geralmente parte de uma verdade universal para uma particular. Uma
vez que nós admitimos como verdadeira as premissas teremos que admitir a conclusão como
verdadeira, pois a conclusão decorre necessariamente das premissas. Dessa forma, o
argumento deve ser considerado válido.

Argumento indutivo

Na indução, a relação entre as premissas e a conclusão não e uma relação de implicação lógica
mas tão-somente de suporte, as premissas apenas fornecem evidência que apoia e
fundamenta a conclusão. O facto de as premissas serem verdadeiras não obriga a que a
conclusão seja necessariamente verdadeira. A indução não possui validade formal porque, da
parte conhecida não podemos concluir para o desconhecido – há aqui um salto lógico.

Um argumento indutivo parte de uma verdade particular para chegar a uma universal.

A Margarida, o Diogo e o Bruno são estudiosos,


A Margarida, o Diogo e o Bruno são alunos do 11º1,
Logo, os alunos do 11º1 são estudiosos.

A indução para além de ser completa e incompleta ainda pode ser por generalização e por
previsão.
A indução por generalização – Todos os corpos observados até hoje são pretos, logo todos os
corpos são pretos. Para que a generalização seja válida tem de obedecer ás seguinte regras:

1. Os dados em que se baseia têm de ser representativos.


2. Não pode haver contraexemplos.

Ex: Os portugueses vão regularmente ao cinema porque os meus amigos vão regularmente
ao cinema.

O exemplo é uma generalização precipitada porque os meus amigos não são uma
representação significativa da população portuguesa.

A indução por previsão – numa previsão, as premissas baseiam-se no passado e a conclusão é


um caso particular não observado. Ex: Todos os corpos observados até hoje são pretos, logo o
próximo corpo a ser observado será preto.

Argumento por analogia

Neste tipo de raciocínio começa por se estabelecer uma comparação entre dois objetos ou
situações, e em seguida, verificando-se que um determinado atributo convém ou não a um dos
objetos ou situações, conclui-se que também convém, ou não, ao outro, dada a similitude
estabelecida á partida.

Considerando que a substância x provoca efeitos colaterais indesejáveis em ratos, conclui-se


que o mesmo deve acontecer se for aplicada aos seres humanos, dado que ratos e homens são
mamíferos e os seus organismos apresentam semelhanças consideráveis.

A analogia pode ser rigorosa, não rigorosa e falsa.

Analogia rigorosa – é uma analogia do tipo matemático porque exprime uma igualdade e a sua
conclusão é inquestionável.

Analogia não rigorosa – é a analogia que produz uma conclusão provável, baseada numa
equivalência parcial. Ex: o 1º ministro é semelhante a um treinador, ora o treinador dispõe uma
grande autoridade sobre a equipa de futebol, logo o 1º ministro dispõe de uma grande
autoridade sobre os membros do governo.

Analogia falsa – é a analogia que nos leva a uma falsa conclusão. Ex: o mundo é como uma
casa, todas as casas tem um arquiteto, logo o mundo tem um arquiteto.
Formas de inferência válidas

o Opção A – Lógica aristotélica

Um silogismo é um argumento dedutivo constituído por três proposições, das quais duas são
premissas e a terceira, a conclusão. As proposições são categóricas, afirmam ou negam sem
impor qualquer condição, nelas se estabelece uma relação entre o sujeito e o predicado da
proposição.

CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES

Universais afirmativas A Todos os animais são seres vivos

Particulares afirmativas I Alguns portugueses são algarvios

Universais negativas E Nenhuma planta é herbívora

Particulares negativas O Alguns alunos não são estudiosos

Quantificação do predicado das proposições

Um termo pode estar tomado em toda a sua extensão ou só em parte da sua extensão, no
primeiro caso dizemos que está distribuído, no segundo dizemos que não está distribuído.

Consideremos as seguintes proposições:

PROPOSIÇÕES EXTENSÃO DO SUJEITO EXTENSÃO DO PREDICADO


A – os gatos são mamíferos Distribuído Não distribuído
I – alguns jovens são estudiosos Não distribuído Não distribuído
E – os planetas não são asteroides Distribuído Distribuído
O – algumas bebidas não são alcoólicas Não distribuído Distribuído

Na proposição do tipo A o predicado não está distribuído porque o termo mamíferos está
tomado em sentido particular, há mais mamíferos do que gatos, o mesmo acontece na
proposição do tipo I, a classe dos estudiosos engloba alguns jovens mas também outras
pessoas (adultos, crianças, etc.).

Na proposição do tipo E o predicado está distribuído porque os planetas estão excluídos do


conjunto total dos asteroides, tal como na proposição do tipo O algumas bebidas estão
excluídas de todo o conjunto das bebidas alcoólicas.

Regras da quantificação do predicado:

o Proposições afirmativas – o predicado está em sentido particular.


o Proposições negativas – o predicado está em sentido universal.
Estrutura do silogismo

Num silogismo aparecem três termos diferentes:

o Termo maior – P ou T – não se repete nas duas premissas, é o termo que aparece na
primeira premissa (premissa maior).
o Termo médio – M – repete-se nas duas premissas, e não aparece na conclusão.
o Termo menor – S ou t – não se repete nas duas premissas, é o termo que aparece na
segunda premissa (premissa menor).

O termo maior é o predicado da conclusão, o termo menor exerce a função de sujeito na


conclusão.

Princípios do silogismo

O princípio da compreensão – defende que se duas coisas são idênticas a uma terceira, então
são idênticas entre si; e ainda que, se de duas coisas, uma é idêntica a uma terceira e a outra
não é, então elas não são idênticas entre si. Este princípio garante que pensemos com
coerência. Ex: se os homens são racionais e se o pedro é homem, então o pedro é racional.

O princípio da extensão – defende que tudo o que se afirma do todo tem de se afirmar das
partes contidas nesse todo, e tudo o que se nega do todo tem de se negar das partes contidas
nesse todo. Este princípio garante que evitemos uma contradição. Ex: se os homens são
racionais, então alguns homens são racionais.

Regras dos silogismos

1. Um silogismo só pode conter três termos diferentes. Usar um mesmo termo,


atribuindo-lhe sentidos diferentes, equivale a introduzir um quarto termo.
2. O termo médio não pode entrar na conclusão. O termo médio esgota-se nas premissas,
ele é o elemento de ligação que permite articular as premissas e chegar a conclusão.
3. O termo médio tem de estar, pelo menos, numa das premissas, tomado em toda a sua
extensão. Quando o termo médio está em sentido particular nas duas premissas, nada
garante que estabeleça a ligação entre os outros dois.
4. Nenhum termo pode ter mais extensão na conclusão do que tem nas premissas. Se a
regra não for observada, o silogismo não será válido, a conclusão afirmará mais do que
as premissas permitem.
5. De duas premissas afirmativas não se pode inferir uma conclusão negativa, entra-se em
contradição.
6. Se uma das premissas for particular, a conclusão tem de ser particular.
7. De duas premissas negativas nada se pode concluir.
8. Nenhum silogismo pode ser constituído por duas premissas particulares. Viola-se a
regra nº 3 e nº 7. (caso sejam particulares negativas).

Modos e figuras dos silogismos


PRINCÍPIOS DO SILOGISMO

Primeira Figura Segunda Figura Terceira Figura Quarta Figura

M ----------------------T T ----------------------- M M ----------------------T T -----------------------M

t ------------------------M t -----------------------M M ----------------------t M ----------------------t

t ------------------------T t -----------------------T t -----------------------T t -----------------------T

O termo médio é O termo médio é O termo médio é O termo médio é


sujeito na premissa predicado nas duas sujeito nas duas predicado na
maior e predicado na premissas. premissas. premissa maior e
premissa menor. sujeito na premissa
menor.

Silogismos da primeira figura

o A primeira premissa tem de ser sempre universal.

Modos válidos desta figura: BARBARA – CELARENT – DARII e FERIO

Silogismos da segunda figura

o Uma das premissas tem de ser negativa


o A primeira premissa tem de ser universal

Modos válidos: CAMESTRES – FESTINO – BAROCO – CESARE

Silogismos da terceira figura

o A segunda premissa tem de ser sempre afirmativa.


o A conclusão tem de ser sempre particular.

Modos válidos: DARAPTI – FELAPTON – BOCARDO – DISAMIS – FERISON – DATISI

Silogismos da quarta figura

o Se a premissa maior for afirmativa, a premissa menor tem de ser universal


o Se a premissa menos for afirmativa, a conclusão tem de ser particular.

Modos válidos: BRAMANTIP – CAMENES – DIMARIS – FESAPO – FRESISON

Espécies ou tipos de silogismos


o Silogismos categóricos:
 Irregulares: entimema, epiquerema, polissilogismo, sorites.
 Regulares
o Silogismos hipotéticos:
 Condicionais: modus tollens, modus ponens.
 Disjuntivos: modus tollendo – ponens, modus ponendo-tollens.

Entimema – é o silogismo constituído em que uma ou até duas premissas está ou estão
subentendidas.

Epiquerema – é o silogismo em que uma ou duas premissas são acompanhadas das suas
provas.

Polissilogismo – é o raciocínio constituído por dois ou mais silogismos categóricos simples


relacionados de tal maneira que a conclusão de um passa a ser premissa do outro.

Sorites – é o silogismo que tem pelo menos quatro proposições com os termos
convenientemente ligados.

Silogismo hipotético condicional – é o silogismo em que a premissa maior é uma proposição


condicional.

Modus tollens – nega-se o condicionado na premissa menor. Se A, então B. Não B. Logo, não A

Modus ponens – afirma-se a condição na premissa maior. Se A, então B. A. Logo, B.

Silogismo hipotético disjuntivo – é aquele em que uma ou várias premissas exprimem uma
proposição.

Modus tollendo – ponens – A premissa menor nega uma das alternativas. A conclusão afirma a
outra.

Modus ponendo-tollens - A premissa menor afirma uma das alternativas e a conclusão nega a
outra ou as outras, ou seja, a premissa menor é afirmativa e a conclusão é negativa.

Principais falácias

Os argumentos, que aparentam ser válidos mas que, no entanto, não o são, denominam-se por
falácias.

Existem dois tipos de falácias:

o Falácias formais – erros de raciocínio derivados do incumprimento das regras lógicas.


Dizem respeito unicamente à forma como o argumento foi construído.
o Falácias informais – erros derivados do conteúdo do argumento. Dizem respeito à sua
relação com a realidade e ao contexto em que se inserem.

Falácias formais do silogismo


Falácia do termo médio não distribuído - resulta de o termo médio não estar tomado em toda
a sua extensão

Falácia dos quatro termos – acontece quando o silogismo tem quatro e não 3 termos.

Ilícita maior-quando o termo maior (T) está distribuído na conclusão e não está distribuído na
premissa.

Ilícita menor -quando o termo menor (t) está distribuído na conclusão e não se encontra
distribuído nas premissas.

2. Argumentação e retórica

o O domínio do discurso argumentativo – a procura de adesão do auditório

Quando argumentamos procuramos defender os pontos de vista e opiniões que adotamos,


pretendendo persuadir os outros da justeza das nossas posições.

Argumentação e demonstração

O discurso lógico-demonstrativo ocorre frequentemente no âmbito de diferentes disciplinas


científicas. Caracteriza-se pelo recurso a processos dedutivo-demonstrativos e pela utilização
de uma linguagem rigorosa, de sentido unívoco, desprovida de qualquer ambiguidade. Neste
discurso onde impera o rigor, não há lugar para a discussão e controvérsia: uma vez admitidas
as premissas e estabelecidas corretas implicações lógicas, as conclusões impõe-se como
necessárias e universais: é o domínio do constringente.

Por outro lado, o discurso argumentativo ocorre quando os assuntos abordados são
controversos e suscitam polémica, não podendo ser decididos na base de uma conclusão que a
todos se impõe sem qualquer margem para discussão. Neste discurso, os argumentos
utilizados são constituídos por premissas que muitas vezes são elas próprias discutíveis e não
implicam necessariamente a conclusão, apenas suportam e sugerem: a conclusão não se
impõe com caráter de necessidade lógica nem de universalidade. Procura encontrar a opinião
que parece ser a mais razoável porque melhor fundamentada e tenta persuadir os outros de
que essa é realmente a opinião mais correta, e portanto, aquela que merece a preferência.

DEMONSTRAÇÃO ARGUMENTAÇÃO

Relação A conclusão percorre Não existe nexo de necessidade lógica


premissas / necessariamente das premissas, se entre as premissas e a conclusão. As
conclusão estas forem verdadeiras a conclusão premissas apenas suportam a
também será. conclusão.

Natureza da É impessoal, a sua aceitação não A aceitação da prova depende da


prova depende da disposição das pessoas. disposição do auditório e da sua
adesão
Relação c/ o Não é revelante, é isolada e Depende do auditório, tem de ter em
auditório e com independente do contexto. conta as reações do auditório e é
o contexto sempre situada num determinado
contexto.

Valor da Se as premissas forem verdadeiras, a Teses de sentido contrário não


verdade da conclusão é necessariamente implicam necessariamente a falsidade
conclusão verdadeira. de uma delas. A conclusão é verdadeira
se as premissas forem verdadeiras.

Linguagem Rigorosa, simbólica, sentido unívoco, Natural, politécnica, permitindo


utilizada sem possibilidade de equívocos. equívocos e ambiguidades

Domínio em Domínio das ciências exatas/ áreas Domínios polémicos, como ética,
que é utilizado científicas politica, direito, jurídicos, publicidade…

Relação com a Não tem qualquer relação com a As virtualidades da retórica podem
retórica retórica. aumentar a sua força persuasiva.

Argumentação e retórica

Com o discurso argumentativo pretende-se persuadir aqueles que o ouvem ou leem (o


auditório) da «bondade» de uma dada tese.

Existe assim, um laço substantivo entre argumentação e retórica, entendida esta como a arte
de bem falar, a arte de falar de forma eloquente.

Retórica – arte de convencer o auditório por intermédio de formas belas ou eloquentes, com
intuito de tornar o discurso mais apelativo e mais facilmente admirado pelo auditório.

As figuras retóricas

No discurso retórico-argumentativo, as figuras retóricas não funcionam apenas como


elementos de adorno, mas são recursos que permitem dar maior força aos argumentos, que
permitem fazer ver melhor, chamando a atenção para o que é relevante; sintetizam os
argumentos.

Uma figura é argumentativa se o seu uso, implicando uma mudança de perspetiva, parece
normal em relação a nova situação assim sugerida. Pelo contrario, se o discurso não implica a
adesão do auditório, a figura será percebida como figura de estilo, permanecendo ineficaz
como meio de persuasão. Mas no discurso retórico-argumentativo, a figura surge como normal
porque exerce uma função específica: amplifica e acentua uma ideia; impele insensivelmente o
interlocutor a adotar o nosso ponto de vista, desarma o auditório pela concessão que fazemos,
cria determinadas expectativas, etc.
Argumentação e o auditório

Aquele que argumenta, se quer ser bem-sucedido e conseguir a adesão do auditório às teses
que defende, tem de ter em atenção três aspetos fundamentais:

o A sua própria pessoa enquanto orador – ethos


o O conteúdo da mensagem – logos
o O público a que se dirige – pathos

O ethos

Diz respeito ao caráter do orador, que se for íntegro, honesto e responsável conquista mais
facilmente o público. Enquanto orador, deve possuir certas competências para ter sucesso
como a capacidade de dialogar (tanto de comunicar como de ouvir), de optar, de pensar e de
se comprometer, por isso, ser-se uma pessoa cuja opinião se atribui algum valor, é já uma boa
qualidade.

Aspetos significativos do ethos:

o Credibilidade do orador
o Presença e imagem do orador
o Uso de retórica
o Utilização do exórdio
o Eloquência

O pathos

Define-se pela sensibilidade do auditório que é variável em função das características do


mesmo. Visto que o objetivo do orador é persuadir, é preciso perceber, por mera intuição, o
que move o auditório, a que é sensível, numa palavra como quebrar o gelo inicial. O orador
tem de selecionar as estratégias adequadas para provocar nele as emoções e as paixões
necessárias para suscitar a adesão e levá-lo a mudar de atitude e de comportamento. Claro que
o orador serve-se de argumentos racionais mas não pode deixar de usar o se carisma e a sua
habilidade oratória.

Tipos de auditório:

o Juízes e jurados de um tribunal


o Participantes de um comício
o Membros de uma assembleia política
o Elementos de uma comunidade específica
o Um único interlocutor

O logos

É a consideração pelo conteúdo do discurso por parte do orador, se este quer que a mensagem
passe. Para isso tem de apresentar claramente a tese que vai defender, selecionar bem os
argumentos que fundamentam a tese (argumentos que diminuam as hipóteses de refutação),
apresentando os mais fortes no início e repetindo-os no fim; antecipar objeções à tese (para
desvalorizar os contra-argumentos) e procurar recursos estilísticos (retórica).

Deve-se cumprir os seguintes conteúdos na elaboração do discurso:

o Apresentar as ideias de uma forma natural e organizada


o Utilizar uma linguagem precisa, específica e concreta
o Evitar linguagem tendenciosa
o Usar termos consistentes
o Limitar-se a um sentido para cada termo
o Utilizar exemplos.

o O discurso argumentativo – principais tipos de argumentos e falácias informais

Tipos de argumentos

Perelman distinguiu três tipos de argumentos:

o Os argumentos quase lógicos - tomam por suporte princípios lógicos como identidade
e transitividade.
o Os argumentos fundados na estrutura do real – apoiam-se na experiencia e nas
ligações que esta revela. O argumento de autoridade é um exemplo de argumentos
fundados na estrutura do real porque, em situações normais, é de esperar que uma
autoridade no assunto esteja informada e portanto seja credível, dai, decorre que uma
conclusão/tese será reforçada se tiver a apoia-la uma autoridade. Um argumento de
autoridade é um argumento baseado na opinião de um especialista.
o Os argumentos que fundam a estrutura do real – procuram impor determinada
estrutura à realidade, erigindo exemplos em princípios.

Falácias informais

Falácia ad consequentiam – critica-se o argumento com base nas consequências indesejáveis


que a sua aceitação implicaria. Também conhecida como falácia da bola de neve. Ex: não se
deve contemporizar com a mínima infração à lei porque, a partir daí, está aberto o caminho
para aceitar qualquer tipo de infração.

Falácia ad hominem – procura descredibilizar o proponente do argumento.Ex: as razoes que X


invoca para fundamentar a necessidade de se encetarem negociações de paz não colhe porque
todos sabemos que ele é um pacifista convicto.

Falácia ad populum – apela-se ao sentimento ou á aceitação em geral. Ex: não queira ficar para
trás, compre já a casa nova.

Falácia ad baculum – recorre-se à ameaça velada para forçar a aceitação da conclusão. Ex: é
melhor pagar pela nossa proteção, de outro modo não nos responsabilizamos pelo que possa
acontecer à sua mercearia.
Falácia ad misericordiam – apela-se à compreensão compassiva do outro para dar força ao
argumento. Ex: deves dar-lhe o emprego porque, apesar de não ter habilitação suficiente,
precisa dele como do pão para a boca.

Falácia Post hoc ergo propter hoc (falsa causa) - confunde-se antecedente com antecedente
casual. Ex: no dia do acidente aéreo, a pista estava escorregadia, logo, essa foi a causa do
acidente.

Petição de princípio – estabelece-se uma conclusão a partir de uma premissa que não se
provou. Ex: sabemos que jesus é filho de deus, porque ele o disse, e o filho de deus não pode
mentir.

Falso dilema – apresenta-se a situação como se ela só contivesse duas soluções possíveis. Ex:
ele é meu inimigo, pois quem não está comigo está contra mim.

Transferência do Ónus da prova – pretende-se que a obrigação de provar pertence à parte que
em princípio está dispensada de o fazer. Ex: A diz a B: Deves ser culpado porque não tens álibi
para a noite em que o crime foi cometido.

Falácia do espantalho – distorce-se o argumento do contendor, a fim de refutar mais


facilmente.

Falácia ad ignorantiam – é cometida sempre que uma proposição é tida como verdadeira só
porque não se pode provar a sua inexistência. Ex: nunca ninguém provou que há ET’s, logo não
há ET’s.

3. Argumentação e filosofia

o Filosofia, retórica e democracia

A emergência da retórica

Tal como a filosofia, a retórica surgiu com maior ênfase na Grécia do período clássico, ligada à
prática judiciária e ao direito, enquanto instrumento usado nos tribunais para fazer prevalecer
a causa considerada mais justa.

O novo regime politico pressupunha como principio básico e fundamental a igualdade dos
cidadãos perante a lei, e como consequência, o direito de intervirem na vida politica através da
participação nas assembleias politicas, embora este direito só pertença a homens livres,
portanto, mulheres, estrangeiros e escravos não possuíam direito de participar na vida politica.

Retórica e Democracia

Com a introdução da democracia, o incentivo para os jovens se prepararem para a vida política
foi-lhes incutido. As capacidades oratórias e argumentativas vão ocupar um lugar dominante
para convencer o auditório.

Gera-se então, uma nova classe constituída por professores, cuja função era orientar o ensino
das artes da palavra, a arte de discutir (dialética) e a arte de persuadir (retórica). Estes
ensinavam a troco de algo, tornando-se seres valiosos de acesso ao poder – sofistas – conjunto
de pensadores que ensinavam a troco de uma remuneração, as mais variadas matérias.
Mestres da retórica.

Na Grécia clássica, a retórica não dizia apenas respeito ao aspeto ornamental do discurso mas
também à sua estrutura argumentativa, à procura dos melhores argumentos, pois deste modo
seduzir-se-ia a audiência, e expor-se-ia melhor as razões. Contudo estas razões eram
igualmente importante. E por isso a retórica subdividia-se em 2 sentidos:

o Aspeto estilístico – elegância do discurso.


o Aspeto argumentativo – capacidade de apresentar bons argumentos.

Contudo a retórica por vezes, entende-se como sentido depreciativo, pois muitas vezes é usada
para fazer prevalecer a causa que não é a mais justa. Alguns sofistas gabavam-se de a poder
usar para defender qualquer opinião.

Retórica e Filosofia

Platão e Sócrates insurgiram-se contra a retórica sofistica e extremaram o antagonismo entre a


procura da verdade, que seria próprio dos filósofos, e a defesa das simples opiniões, proposta
pelos sofistas.

Para Platão a retórica sofistica não era mais que uma manipulação da palavra e dos
argumentos, sem qualquer preocupação com a verdade, preocupando-se apenas com a
adesão. Ele defende que para governar o país deve haver conhecimento filosófico e poder.

Os sofistas faziam um uso da retórica que não era pautado por um código ético, chegando a
gabarem-se de que seriam capazes de defender uma dada tese e em seguida defender o seu
oposto com argumentos igualmente fortes. Os filósofos podiam reprovar-lhes a sua falta de
idoneidade moral e intelectual.

Contudo, foram os sofistas que contribuíram para uma nova educação centrada no domínio da
linguagem e das práticas discursivas, permitindo deste modo a participação dos seus discípulos
de maneira eficaz na vida coletiva da cidade.

A educação da juventude – modelos em confronto

IDEAL EDUCATIVO – MODELOS EM CONFRONTO


Sofistas Filósofos
o Ideal de vida ativa. o Ideal de vida contemplativa
o Aquisição de competências para o o Busca da verdade e da sabedoria
exercício da cidadania o Valorização do conhecimento
o Valorização da palavra e do discurso o Valorização das virtudes, como a
eloquente. temperança e a moderação.
o Valorização do prazer e do sucesso.

Inicialmente, o objetivo da educação dos jovens focava-se no desenvolvimento harmonioso do


corpo e do espirito. Contudo, este desenvolvimento do corpo não era mais do que uma
preparação para as guerras, sendo igualmente desenvolvido a coragem e o sacrifício.
Com o decorrer dos seculos, outras competências foram exigidas. O domínio da cultura geral e
das artes da linguagem e do discurso eram pontos fulcrais para a obtenção do poder.

Com isto os sofistas defendiam que os jovens deviam sentir-se motivados para a entrada na
vida politica com o objetivo desta ser exercida pelos mesmos.

No entanto, os filósofos apresentam ideias contraditórias, defendendo então que os jovens


deveriam partir em busca da sabedoria e da verdade. Era um ideal contemplativo. Platão, dizia
também que para uma boa preparação para a ação, o conhecimento devia ser valorizado.

Declínio da retórica/Reabilitação da retórica

A RETÓRICA EM DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS


Grécia clássica As instituições democráticas e o poder da palavra conferem à retórica
uma posição privilegiada.
Helenismo Os regimes autocráticos, implicando a ausência de participação dos
cidadãos, tornam a retórica desnecessária.
Período romano Há um florescimento breve da oratória com Cícero – ênfase do ethos e
do pathos – mas esta entra em declínio no período do império.
Idade Média Instituições religiosas fortes e o conceito de verdade revelada
contribuem para o descrédito da retórica.
Época moderna O ideal de racionalidade aceite e a pretensão de se poder passar sem
argumentação desvalorizam o discurso retórico-argumentativo.
Época contemporânea A revalorização das instituições democráticas bem como a crise da
conceção clássica de racionalidade condicionam a reabilitação da
retórica.

o Persuasão e manipulação – os dois usos da retórica

No discurso retorico-argumentativo está sempre presente a intenção de influenciar aqueles a


quem se dirige, levando-o a aderir ao ponto de vista que se considera o melhor e a adotar o
comportamento que se considera preferível. E para isso recorre-se a duas estratégias:

 Persuasão – situação comunicacional que visa operar uma mudança no


comportamento do outro. Aquele que persuade procura respeitar os legítimos direitos
da pessoa. Envolve argumentos racionais e emocionais.
 Manipulação – é um ultrapassar de certos limites. Não há um uso da retórica mas sim
um abuso dela. Ignora deliberadamente as razões e as estratégias que visam o
conhecimento e aposta na sedução e sugestão. Esta atua de forma ardilosa,
explorando habilmente as fraquezas das pessoas, tende a iludi-las e oculta muita
informação.

PERSUASÃO MANIPULAÇÃO

o Visa operar uma mudança no o Visa operar uma mudança no


comportamento comportamento
o Pretende levar em conta os legítimos o Não manifesta o propósito de
interesses do outro respeitar os interesses do outro
o Utiliza estratégias que visam o o Utiliza estratégias que têm por base a
convencimento – ênfase das razões sedução e a sugestão – ênfase nas
o O auditório adere livremente à tese paixões
do orador o A mensagem é imposta, não havendo
liberdade na adesão por parte do
auditório à tese do orador

Como enfrentar estratégias manipuladoras

Desenvolver o espírito critico: avaliar a consistência dos argumentos; escrutinar as crenças que
se aceitam sem fundamento racional, e uma atitude de observação atenta. Generalizar o
conhecimento das práticas retóricas e o desenvolvimento das respetivas competências.

o ARGUMENTAÇÃO, VERDADE E SER

Verdade biodegradável (alterável)- isto é, não é definitiva ou absoluta, supõe o erro e a


renovação filosófica.

Verdade racional- uma vez que resulta de uma construção da nossa mente (memória, espírito
crítico, etc.) está em constante interação com a realidade.

A nova racionalidade argumentativa deve ser compreendida como o discurso que se


dirige a um auditório universal. Este é o principal objetivo da razão argumentativa: ser
universalmente reconhecida pelas teses que propõe. Serão tanto mais universais quanto mais
adesão conseguirem por serem aquelas que melhor explicam a realidade.

A nova abordagem do discurso filosófico impõem-se com uma atitude crítica, de


abertura e questionamento face ao real. Na retórica, encontramos o método da filosofia, pois a
sua missão permanece na busca da verdade que pretende a adesão do auditório, para tal, é
necessário conhecer o auditório: as suas ideias ou crenças prévias para que se possa
estabelecer o que já está aceite por aquilo que se quer fazer aceitar.

1. Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva

o Estrutura do ato de conhecer

Conhecer diz respeito à capacidade de o sujeito organizar os dados sobre um determinado


objeto, de forma a conseguir pensá-lo ou produzir juízos acerca dele.

Análise fenomenológica do conhecimento


Fenomenologia – estudo descritivo dos fenómenos que aparecem à consciência do sujeito,
possíveis de serem apreendidos por intermedio da representação. Esta caracteriza-se pela
atividade intencional que o sujeito realiza em direção ao objeto com a finalidade de dele se
apropriar. (Ato de conhecer)

Para haver conhecimento tem de existir uma correlação entre o sujeito (aquele que conhece) e
o objeto (aquele que se deixa conhecer). Essa correlação é irreversível pois, os elementos que a
constituem não são permutáveis (não se podem trocar). Não há conhecimento se não houver a
dualidade sujeito-objeto. O objeto do conhecimento é sempre transcendente ao sujeito, mas a
imagem ou representação é imanente, isto porque o objeto e o conceito do mesmo é sempre
igual, o objeto não depende do sujeito, dai ser-lhe transcendente. Por outro lado, a imagem
|Apesar da sua relação,
desse objeto varia de sujeito para sujeito, logo é-lhe imanente. |cada um tem a sua função
Tem de haver uma crença que seja verdadeira, que condiga com a realidade, e justificada, mas
apenas isso não é suficiente, tem também de existir uma conexão entre esses três elementos.

Conhecimento e crença

A crença é o fator subjetivo do conhecimento e, como tal, embora necessária não é suficiente
para corresponder a conhecimento.

Conhecimento e verdade

O fato de as crenças serem verdadeiras também não corresponde necessariamente a


conhecimento, pois podem ser verdadeiras por mero acaso, sem que haja justificação para a
sua verdade.

Conhecimento e justificação

Três critérios para justificar as crenças:

o Verdade como correspondência (adequação de dizer à realidade) – implica a


adequação entre aquilo que dizemos acerca das coisas e o que elas realmente são.
o Verdade como coerência (utilização de várias evidências conjugadas entre si) – aplica-
se quando não é possível a verificação direta para provar que uma afirmação é
verdadeira.
o Pratica como critério de verdade (utilização de proposições com resultados verificados)
– permite decidir a verdade de uma proposição em função dos resultados, das
consequências de que a sua aceitação se reveste.

Tipos de conhecimento:

o Saber fazer
o Saber que
o Saber por contato

Fontes de conhecimento

o Conhecimento a priori e conhecimento a posteriori

- O conhecimento que temos de 2+2=4 tem a mesma foste de conhecimento que temos de que
a neve é branca?

Para sabermos que 2+2=4 basta pensar um pouco sobre isso. Para sabermos que a neve é
branca, temos de ver a neve.

No 1º caso precisamos de justificar pela razão, no 2º caso precisamos da experiência sensível


para obter o conhecimento.

No 1º caso chamamos conhecimento a priori, no 2º caso chamamos conhecimento a


posteriori.

o Conhecimento inferencial e conhecimento não inferencial

Conhecimento inferencial – quando conhecemos através de argumentos ou de razões.

Conhecimento não inferencial – quando conhecemos diretamente.

Teoria do conhecimento – “Gnoseologia"

A Gnoseologia do conhecimento abrange, os seguintes problemas:

1- O problema da origem do conhecimento:

De onde nos vêm as representações que nos servimos para compreender a realidade? De onde
procede, fundamentalmente, o conhecimento? A consciência cognoscente apoia-se de
preferência, ou mesmo exclusivamente na experiência ou no pensamento? De qual das duas
fontes de conhecimento tira ela os seus conteúdos?
Onde reside a origem do conhecimento?

Foi esta dificuldade que dividiu todos os filósofos em duas correntes opostas
Empirismo e Racionalismo –, que o Apriorismo procura conciliar.
O Empirismo - diz-nos que o conhecimento provém fundamentalmente da experiência sensível
e a esta se reduz, não podendo elevar-se acima dos dados experimentais – por isso se diz que o
conhecimento é "a posteriori".

O Racionalismo - pelo contrário, valoriza, sobretudo a razão, que organiza, unifica e dá sentido
aos dados recebidos espontaneamente da consciência. O Racionalismo, não encontrando na
experiência, singular e concreta, explicação para o caráter geral e abstrato do conhecimento,
afirma que a razão recebe certas ideias gerais que lhe servem para conhecer a realidade, ou
cria certos dados chamados apriorísticos, com os quais organiza e interpreta a experiência - por
isso se diz que o conhecimento é "a priori".

O Apriorismo - defende a conciliação entre o racionalismo e o empirismo, valorizando o papel


da experiência e da razão, mas reconhecendo a existência no sujeito cognoscente de estruturas
a priori, isto é, independentes da experiência, que a própria experiência pressupõe, para ser
inteligível; essas estruturas seriam formas que permitiriam enquadrar os dados da experiência.

2- O problema da possibilidade do conhecimento:

Será possível conhecer, isto é, será que o sujeito pode apreender realmente o objeto? O que é
que assegura ao homem que dado conhecimento é verdadeiro e não falso? O homem pode
conhecer a realidade e ter a certeza daquilo que conhece? Qual é então o critério que lhe
permite reconhecer a verdade? A estas questões os filósofos foram respondendo de modos
diferentes, dando origem a diferentes conceções teóricas, das quais se destacam duas teorias
opostas: uma afirmativa – o Dogmatismo –, e outra negativa – o Ceticismo.

O Dogmatismo - é a doutrina que admite a possibilidade do conhecimento certo.


O dogmatismo corresponde, portanto, à atitude de todo aquele que crê que o homem tem
meios para atingir a verdade, assim como para ter a certeza de que a alcançou...O dogmatismo
tem por supostas a possibilidade e a realidade do contacto entre o sujeito e o objeto. É para ele
evidente que o sujeito apreenda o objeto. O contacto entre o sujeito e o objeto não pode
parecer problemático a quem não veja que o conhecimento representa uma relação. E isto é o
que acontece com o dogmático. Crê, pelo contrário, que os objetos do conhecimento nos são
dados absolutamente e não meramente por obra da função intermediária do conhecimento.

O Ceticismo - é uma atitude pessimista que o homem tem face à possibilidade de poder
alcançar um conhecimento verdadeiro; é a doutrina segundo a qual o espírito humano não
pode atingir qualquer verdade com certeza absoluta. O ceticismo, na sua forma radical, nega
totalmente a capacidade do sujeito para conhecer algo verdadeiramente, o que acaba por ser
uma posição insustentável e contraditória, pois ao afirmar a impossibilidade de alcançar um
conhecimento verdadeiro, está já a supor uma verdade - a verdade de que não há nada de
verdadeiro.

O Criticismo - admite ser possível chegar à verdade, mas limita o conhecimento verdadeiro ao
conhecimento do mundo dos fenómenos. Só conhecemos fenómenos mas esse conhecimento
é verdadeiro

3. O problema da natureza do conhecimento:

Em todo o ato de conhecimento, como vimos, podemos considerar três elementos: o sujeito
que conhece, o objeto conhecido e a relação entre o sujeito e o objeto. Para conhecer, o
sujeito tem como que sair de si mesmo para ir ao encontro do objeto e apreender as suas
propriedades, de modo a representá-lo no espírito. O conhecimento apresenta-se, assim, como
uma representação na consciência.

Pode perguntar-se agora: essa representação foi provocada pelo objeto existente fora do
sujeito? Ora, perguntar pela natureza do conhecimento consiste precisamente em indagar
qual dos dois pólos, sujeito ou objeto do conhecimento, é determinante?
Quando conhecemos o que é que conhecemos? As coisas ou as ideias que supomos
corresponderem às coisas? Conhecemos a realidade objetiva que é distinta e independente
de nós? Ou conhecemos apenas as representações que fazemos dessa realidade,
representações essas que são subjetivas porque são sempre feitas por nós?

Em resposta a estas perguntas temos duas teorias opostas: o Realismo e o Idealismo.

O Realismo:

o Realismo ingénuo – As coisas são, segundo eles exatamente tais como as percebemos.
O conhecimento atinge a realidade objetiva.
o Realismo Crítico – Admite que o conhecimento atinge o real, conhecer é conhecer uma
realidade objetiva. Mas afirma que as coisas não têm todas as propriedades que nelas
percebemos. O realismo crítico apercebe-se que existe uma diferença entre perceção e
objeto percebido.

O Idealismo – A nossa consciência tem apenas ideias ou representações e nós só conhecemos


essas representações. Tudo o que está para além do que existe na nossa consciência não é
passível de ser conhecido. O conhecimento resulta da relação entre sujeito e a representação
que este faz dele. Nesta perspetiva o sujeito não tem acesso direto à realidade, sendo por isso
o objeto em si mesmo incognoscível.

Hessen, J., Teoria do conhecimento (Adaptado)

Realismo ingénuo, realismo crítico, idealismo – existe uma realidade objetiva e independente
do sujeito.

Realismo ingénuo e realismo crítico – pode conhecer-se a realidade objetiva. A realidade é o


modelo e o conhecimento é a cópia.

Idealismo – no conhecimento é o sujeito que determina o objeto.

Realismo ingénuo – existe identidade entre a perceção e o objeto percebido.

o A – O problema do conhecimento em Descartes

Para Descartes, os problemas do conhecimento ocupam um lugar central na sua filosofia, na


qual vai procurar rebater o ceticismo. A crença de que é possível conhecer e encontrar uma
verdade inquestionável é um princípio base da sua reflexão.
A crença para ser considerada conhecimento, tem de ser absolutamente certa, tem de resistir a
qualquer dúvida, visto que Descartes suportou-se no modelo matemático para apresentar o
seu modelo de conhecimento.

Descartes liga então, a verdade à certeza, e considera que para se estar certo de algo, esse algo
tem de se impor ao espirito com caráter de evidência; esta será a marca da verdade e o meio
de justificação da crença.

A dúvida metódica cartesiana

A influência do ceticismo, que admitia não ser possível conhecer a realidade na sua essência,
vinha a colocar em causa a validade de todos os conhecimentos até então adquiridos. Por isso,
tornou-se necessário determinar se era possível encontrar um sistema de filosofia capaz de
garantir o conhecimento.

Com o objetivo de encontrar princípios indubitáveis que servissem de fundamento ao


conhecimento, Descartes decidiu por em dúvida tudo o que até então tinha dado como certo,
para ver se algo lhe resistia. Assim, a dúvida cartesiana incide sobre os seguintes pontos:

 Os dados dos sentidos – porque nos enganam com demasiada frequência, logo não são
confiáveis,
 A impossibilidade de distinguir o sonho de vigília – por vezes apresentam-se com tal
nitidez e autenticidade que os tomamos pela realidade,
 O próprio raciocínio – visto que cometemos inúmeros erros sem nos apercebemos
(paralogismos).

Porém, mesmo levando a dúvida a tais extremos, verificou havia algo que lhe resistia, podia
estar enganado e iludido acerca de tudo, mas não poderia duvidar da sua própria existência, do
seu próprio pensamento. Daqui surgiu o primeiro princípio da sua filosofia, cogito ergo sum
(penso, logo existo).

“Mas logo em seguida, notei que, enquanto assim queria pensar que tudo era falso, eu, que
assim o pensava, necessariamente era alguma coisa […] julguei que a podia aceitar, sem
escrúpulo, para primeiro princípio da filosofia que procurava.” – René Descartes, Discurso do
método.

Descartes percebeu que o que tornava este princípio indubitável, é a clareza e distinção com
que se impõe ao espirito, pelo que, a partir dai, a evidência será o critério para aceitar algo
como verdadeiro. A dúvida não se apresenta então como um critério cético e espontâneo mas
antes como um método, capaz de garantir validade ao conhecimento, sujeito a regras rigorosas
de modo a aceitar como verdadeiras apenas as coisas que apareçam ao espirito tão clara e
distintamente que nenhuma dúvida lhes possa resistir.

Descartes admitiu ainda a existência de um génio maligno que o poderia enganar mesmo
quando pensasse clara e distintamente, surge então a seguinte questão: que garantias temos
nós de que as ideias claras e distintas que obtemos pelo nosso pensamento são realmente
verdadeiras? Em resposta a esta pergunta, Descartes reconhece a necessidade da existência de
um Ser Superior, dotado de todas as perfeições, que pudesse garantir a veracidade dos
conhecimentos obtidos, sempre que tivessem marcas da evidência e do rigor dedutivo.

Mas como pode Deus garantir o conhecimento verdadeiro? E como provar a Sua existência?

Deus enquanto garante da verdade

Descartes encontra a ideia de um ser absolutamente perfeito, ideia essa que considera inata a
priori, não tendo origem na experiencia pois esta não lhe mostra nada de absolutamente
perfeito. Explica que a ideia que cada um tem de perfeição, jamais poderia ser criada por um
ser imperfeito, pois este não tem capacidade para criar coisas perfeitas.

A existência do mundo material e a possibilidade de o conhecer, são aceites, desde que sejam
acauteladas as exigências metodológicas autoimpostas:

 Partir de princípios evidentes – ideias claras e distintas, apreendidas por intuição


intelectual.
 Raciocinar dedutivamente.

Descartes distingue três tipos de ideias:

 Ideias inatas – são as ideias claras e distintas, sementes de verdade implantadas por
Deus em nós.
 Ideias adventícias – são ideias que provêm da experiencia e dos sentidos, ideias sobre
as coisas exteriores.
 Ideias factícias – são ideias que provêm da nossa própria imaginação.

A filosofia cartesiana é objeto de uma crítica de fundo que denuncia a circularidade do seu
pensamento:

 Duvida da razão, mas utiliza a razão para provar que Deus existe.
 Atribui as ideias inatas a Deus do qual também tem uma ideia inata.

o B – o problema do conhecimento em David Hume

David Hume considera que a razão por si só não tem capacidade para conhecer, o
conhecimento tem os seus valores e limites.

A origem das ideias

Para David Hume, todas as ideias têm origem na experiencia sensorial, não admitindo a
existência de conhecimento por parte do sujeito antes de qualquer experiencia.
O ser humano à partida, não possui qualquer tipo de conhecimento, é como uma página em
branco desprovida de qualquer conteúdo, que só a experiencia tem capacidade para a
preencher.

Os elementos básicos com os quais a mente trabalha são as perceções, obtidas através dos
órgãos dos sentidos. As perceções por sua vez dividem-se em dois:

o Impressões – são vividas e fortes


o Ideias – fracas e ténues

“ A diferença entre ambos consiste no grau de força e de vivacidade com que incidem na
mente e abrem caminho no nosso pensamento e na nossa consciência” – David Hume, Tratado
da Natureza Humana

Podemos então retirar as seguintes conclusões:

 Todas as nossas perceções se dividem em impressões e ideias.


 As impressões são os dados imediatos da experiencia (sensações).
 As ideias são representações mentais das impressões.
 As ideias dependem das impressões, pois são as impressões que vão dar origem às
ideias.

As ideias são como que copias das impressões, se não conseguirmos estabelecer relação entre
uma ideia e a correspondente impressão, então pode concluir-se que essa «ideia» é um termo
sem significado. Esta é uma das maneiras de eliminar ideias falsas.

David Hume recusa decididamente o estatuto de ideia inata que Descartes atribuía a Deus,
considerando que na sua origem se encontram ideias simples que resultam da reflecção sobre
a nossa experiencia interior.

A associação de ideias

As ideias nunca surgem isoladas, estão sempre interligadas, e os princípios que presidem a
essas interligações são três:

o A semelhança – quando compro pão, pergunto-me se não precisarei também de leite.


o A continuidade no tempo e no espaço – procuro um livro na estante do escritório.
o Causalidade – ponho a água ao lume com a convicção de que vai ferver.

Ex: quando dizemos que a neve é fria é porque as impressões provocadas respetivamente pela
neve e pelo frio se encontram sempre associadas.

Os nossos conhecimentos surgem então, dessa interligação de ideias. As crenças são fruto de
processos associativos, consolidados e fortalecidos pelo hábito, não tendo fundamento e
natureza racional. David Hume distingue crenças (conhecimentos) das ficções da imaginação
pelo facto de que as crenças resultam de uma associação constante entre impressões e ideias.

Conhecimento (segundo Hume) – é uma crença que formamos e que é justificada pelo facto de
as nossas experiencias a consolidarem e confirmarem.

Tipos de conhecimento

Para Hume existem dois tipos de conhecimento:

o Relação de ideias – Para Hume, o conhecimento de relação de ideias consiste em


estabelecer relações entre as ideias que fazem parte de uma afirmação ou de um
pensamento. As ideias, resultam da própria definição dos termos que as constituem,
são intuitiva ou demonstrativamente certas, pois entraríamos em contradição se
afirmássemos o contrário daquilo que se supõe e basta o exercício do pensamento
para as encontrar, não necessitando de recorrer á experiencia do mundo. São
conhecimentos dotados de evidência e certeza e não nos fornece novas informações.
Este tipo de conhecimento está principalmente ligado à lógica e à matemática. Trata-se
de um conhecimento que relaciona conceitos ou ideias e que se baseia no princípio de
não contradição. Ex: 15 é igual a metade de 30.
o Questões de facto – Este conhecimento relativo aos factos baseia-se na experiência
sensível e é-nos proporcionado pelas nossas impressões. Neste tipo de conhecimento,
as proposições que se formulam não são demonstráveis nem dotadas de necessidade
lógica. O conhecimento de factos não se baseia no princípio de não contradição, já que
é possível afirmar o contrário de um facto. A verdade ou falsidade de um
conhecimento de factos só pode ser determinada através do confronto com a
experiência, isto é, a posteriori. Ex: a neve é fria.

O problema da causalidade e o raciocínio indutivo

No conhecimento de questões de facto – questões acerca do que existe e do que ocorre na


natureza, a relação de causa e efeito ocupa um papel fundamental porque procuramos
relacionar os fenómenos, e quando determinados fenómenos se verificam, aguardamos que
outros também se verifiquem, de certas causas esperamos certos efeitos, tese defendida pelo
princípio da causalidade.

Hume diz-nos que todas as ideias derivam de impressões sensíveis. Assim, do que não há
impressão sensível não há conhecimento.
Deste modo, não podemos dizer que tenhamos conhecimento a priori da causa de um
acontecimento, ou de um facto. Embora tendo consciência da importância que o princípio de
causalidade teve na história da humanidade, Hume vai submetê-la a uma crítica rigorosa.

Segundo David Hume, o nosso conhecimento dos factos restringe-se às impressões atuais e às
recordações de impressões passadas. Assim, se não dispomos de impressões relativas ao que
acontecerá no futuro, também não possuímos o conhecimento dos factos futuros. Não
podemos dizer o que acontece no futuro porque um facto futuro ainda não aconteceu.

Contudo, há muitos factos que esperamos que se verifiquem no futuro. Por exemplo,
esperamos que um papel se queime se o atirarmos ao fogo. Esta certeza que julgamos ter (que
o papel se queima), tem por base a noção de causa (nós realizamos uma inferência causal), ou
seja, atribuímos ao fogo a causa de o papel se queimar.

Sucede que, segundo Hume, não dispomos de qualquer impressão da ideia de causalidade
necessária entre os fenómenos. Hume afirma que só a partir da experiência é que se pode
conhecer a relação entre a causa e o efeito. Para o autor escocês, não se pode ultrapassar o
que a experiência nos permite.
A experiência é, pois, a única fonte de validade dos conhecimentos de factos. Quer dizer que só
podemos ter um conhecimento a posteriori. A única coisa que sabemos é que entre dois
fenómenos se verificou, no passado, uma sucessão constante, ou seja, que a seguir a um
determinado facto ocorreu sempre um mesmo facto.

A possibilidade de conhecer – o ceticismo moderado de Hume

Hume não rejeita a hipótese de conhecermos a realidade, apenas lhe assinala limites. Neste
aspeto, o seu ceticismo é mitigado, reconhece a imperfeição e os limites do entendimento
humano, que não pode ir além da experiência e para o qual há domínios que se encontram
vedados. As crenças cognitivas para Hume não têm um fundamento racional mas sim um
fundamento no hábito e no costume.

Para D. Hume, é o hábito que nos leva a inferir uma relação de causa e efeito entre dois
fenómenos. Se no passado ocorreu sempre um determinado facto a seguir a outro, então nós
esperamos que no presente e no futuro também ocorra assim. O hábito e o costume
permitem-nos partir de experiências passadas e presentes em direção ao futuro. Por isso, o
nosso conhecimento de factos futuros não é um conhecimento rigoroso, é apenas uma
convicção que se baseia num princípio psicológico: o hábito.

o Perspetiva de Immanuel Kant (1724- 1804)

Vamos analisar a perspetiva defendida por Kant tenta conciliar o empirismo e o racionalismo

Origem do conhecimento - Defende o apriorismo, tenta a conciliação, ou melhor a síntese,


entre racionalismo e empirismo, valorizando o papel da experiência e da razão, mas
reconhecendo a existência no sujeito cognoscente de estruturas a priori, isto é independentes
da experiência e que a própria experiência pressupõe, para ser inteligível; essas estruturas
seriam formas que permitiriam enquadrar os dados da experiência.

Natureza do conhecimento - Defende o idealismo, o conhecimento não atinge uma


realidade objetiva, não há nenhuma garantia de correspondência entre as nossas
representações e as coisas em si mesmas. O nosso conhecimento não atinge a realidade em si
mesma, mas “conhecemos somente o nosso modo de os perceber”.

Possibilidade do conhecimento - Defende o criticismo, admitindo ser possível chegar à


verdade, mas limita o conhecimento verdadeiro ao conhecimento do mundo dos fenómenos.

Ao conhecermos o real há sempre a interferência da nossa subjetividade constituída por


estruturas formais que aplicamos à matéria fornecida, nunca podemos dizer que conhecemos
as coisas como elas são - os númenos, apenas podemos dizer que conhecemos as coisas como
elas são para nós – os fenómenos.

É esta a resposta que Kant dá ao problema da possibilidade do conhecimento. Só conhecemos


fenómenos, mas esse conhecimento é verdadeiro.

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