Sie sind auf Seite 1von 190

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CURSO DE TECNOLOGIA EM ELETROTÉCNICA INDUSTRIAL

HELLESON JORTHAN BRITO DA SILVA


SILVIO JOSÉ QUARESMA PERNA

ESTUDOS DE SUBESTAÇÕES DE DISTRIBUIÇÃO


TIPO I – 69-13,8 kV / 5 MVA

BELÉM
2012
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CURSO DE TECNOLOGIA EM ELETROTÉCNICA INDUSTRIAL

HELLESON JORTHAN BRITO DA SILVA


SILVIO JOSÉ QUARESMA PERNA

ESTUDOS DE SUBESTAÇÕES DE DISTRIBUIÇÃO


TIPO I – 69-13,8 kV / 5 MVA

Trabalho Acadêmico de Conclusão de


Curso apresentado ao Colegiado
Específico de Tecnologia em
Eletrotécnica Industrial do Instituto
Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Pará – IFPA, como
requisito para a obtenção do Grau de
Tecnólogo em Eletrotécnica, sob a
orientação do Prof. Ms. Raidson Jenner
Negreiros de Alencar.

BELÉM
2012
Dados para catalogação na fonte
Setor de Processamento Técnico
Biblioteca IFPA – Campus Belém

S586e Silva, Helleson Jorthan Brito da Silva


Estudos de subestações de distribuição Tipo I – 69-13,8kV/5MVA
[manuscrito] / Helleson Jorthan Brito da Silva ; Silvio José Quaresma
Perna. –– Belém, 2012.
201 f.

Impresso por computador (fotocópia).


Orientador: Raidson Jenner Negreiros de Alencar
Trabalho de Conclusão de Curso (Tecnologia em Eletrotécnica) ––
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA,
2012.

1. Subestação de distribuição 2. Sistema elétrico de potência


3. Equipamentos elétricos de potência I. Perna, Silvio José Quaresma
II. Título.

CDD: 621.3
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CURSO DE TECNOLOGIA EM ELETROTÉCNICA INDUSTRIAL

Helleson Jorthan Brito da Silva


Silvio José Quaresma Perna

ESTUDOS DE SUBESTAÇÕES DE DISTRIBUIÇÃO


TIPO I – 69-13,8 kV / 5 MVA

Data de Defesa: ____/ ____/ ____

Conceito: ___________________

Banca Examinadora

________________________________________
Prof. Ms. Raidson Jenner Negreiros de Alencar

________________________________________
Prof. Dr. André Cavalcante Nascimento

________________________________________
Prof. Ms. Edgar Modesto Amazonas Filho
À Deus.
Aos nossos pais, José Ramos
e Elza de Fátima, Sebastião Perna e
Sebastiana Perna.
À Eliana Maria e Maria Luiza.
Ao Prof. Ms. Raidson Alencar.
À equipe de professores de
eletrotécnica do IFPA.
AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus, pela


saúde e por todas as bênçãos que
tornam possíveis o desenvolvimento de
nossas vidas.
Aos nossos pais, José e Elza,
Sebastião e Sebastiana, pelo amor e
apoio incondicional e irrestrito, por
abnegar por muitas vezes o bem estar
de suas vidas para nos manter fortes e
erguidos ao longo de nossas batalhas.
À Eliana Maria e Maria Luiza,
pelo cuidado, carinho, pela atenção e
oportunidade de crescimento de vida.
Ao Prof. Ms. Raidson Alencar,
pela oportunidade de realização deste
TAC, pelo incentivo e por todas as
orientações acadêmicas e de vida.
Aos nossos irmãos, Denyson e
Hillana, Sirnoel, Sidney, Sildey e Tiana,
pelo afeto e pela palavra amiga.
As nossas namoradas, Ruth
Bezerra e Gabriele Lima, pelo carinho,
apoio e pela atenção.
À equipe de professores da
primeira turma do curso de Tecnologia
em Eletrotécnica Industrial, por toda
atenção e dedicação ao transmitir o
conhecimento que neste trabalho se
faz presente.
À todos que direta ou
indiretamente contribuíram para a
realização deste trabalho.
RESUMO

Esta monografia desenvolve estudos relacionados ao projeto


eletromecânico, projeto básico do sistema de proteção e ao arranjo físico de
Subestações Elétricas de Distribuição Tipo I, 69-13,8 kV / 5 MVA, baseado em
critérios e especificações técnicas para os respectivos dimensionamentos. O
trabalho mostra uma síntese dos conceitos técnicos utilizados quando da discussão
sobre tema, dos equipamentos elétricos de potência comumente usados em
subestações desse tipo, dos assuntos relacionados a proteção de subestações e do
dimensionamento propriamente dito, concatenando todas as informações técnicas
coletadas e reproduzindo-as em um exemplo de projeto simplificado. A metodologia
aplicada para a elaboração do trabalho apresentou as etapas de pesquisas em
normas técnicas, livros técnicos, trabalhos acadêmicos, manuais e catálogos de
equipamentos elétricos, observações de campo, análise e seleção de dados,
dimensionamento do projeto a partir da utilização de critérios técnicos,
representação gráfica da planta construída (desenho técnico) e apresentação das
características elétricas dimensionadas.
O fortalecimento do setor industrial e das atividades econômicas de base do
Estado do Pará motiva a expansão do sistema elétrico de distribuição regional,
significando a necessidade de qualificação de profissionais projetistas capacitados a
projetar a expansão da rede elétrica. Este documento visa contribuir com a
disseminação de conhecimentos relacionados a criação de projetos de instalações
elétricas de alta tensão, na tentativa de preencher lacunas existentes pela fraca
constituição bibliográfica didática que aborde informações sobre infraestrutura
elétrica destinada a distribuição de energia.

PALAVRAS-CHAVE: Subestação de Distribuição; Sistema Elétrico de Potência;


Proteção de Sistemas de Potência; Equipamentos Elétricos de Potência; Instalação
Elétrica de Alta Tensão; Dimensionamento; Energia e Desenvolvimento.
ABSTRACT

This monograph develops studies related to electromechanical design, basic


design of the protection system and the physical arrangement of a Electric
Distribution Substation Type I, 69-13,8 kV / 5 MVA, based on technical criterias and
specifications for their sizing. The work shows a summary of the technical concepts
used when discussing the topic, of electric power equipments commonly used in
substations such, issues related to protection of substations and the design itself,
concatenating all the technical information collected and reproducing them in a
simplified project example. The methodology used in the preparation of the work
presented the stages of research on technical standards, technical books, academic
papers, catalogs and manuals of electric equipments, field observations, analysis and
data selection, sizing the project from the use of technical criteria, graphical
representation of the plant built (technical drawing) and presentation of the electrical
characteristics scaled.
The strengthening of the industrial departament and basic economic activities
of the Pará state motivates the expansion of the electric distribution system of the
region, meaning the necessity of qualification of professionals designers skilled to
design the expansion of the electric grid. This document aims at contributing to the
dissemination of knowledge related to the creation of projects of high voltage
electrical installations, in the attempt of fill gaps that there are for poor didactic
literature that addresses informations about electric infraestruture aimed to
distribution of energy.

KEY-WORDS: Distribution Substation; Electrical Power System; Power System


Protection; Electric Power Apparatus; High Voltage Electrical Installation; Sizing;
Energy and Development.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - PERCURSO DA ENERGIA ELÉTRICA DESDE A GERAÇÃO ATÉ O


CONSUMO. .................................................................................................................. 26
FIGURA 2 - SUBESTAÇÃO DA USINA HIDRELÉTRICA DE ITAIPU. ................................. 30
FIGURA 3 - SUBESTAÇÃO EXTERNA DA CEMIG............................................................. 33
FIGURA 4 - SUBESTAÇÃO ABRIGADA DA AES ELETROPAULO. ................................... 33
FIGURA 5 - EXEMPLO DE SUBESTAÇÃO INTERNA. ....................................................... 34
FIGURA 6 - SUBESTAÇÃO MÓVEL INTERLIGADA EM UM SISTEMA ELÉTRICO. .......... 34
FIGURA 7 - SUBESTAÇÃO COMPACTA BLINDADA DA FABRICANTE CEMEC. ............. 35
FIGURA 8 - SUBESTAÇÃO CONSTRUÍDA TOTALMENTE NO MEIO SUBTERRÂNEO, NO
QATAR. ........................................................................................................................ 36
FIGURA 9 - SUBESTAÇÃO EM BANCADA. ....................................................................... 36
FIGURA 10 - SUBESTAÇÃO EM ALVENARIA DO PARQUE EÓLICO SERRA DO
BARROSO, EM PORTUGAL. ....................................................................................... 37
FIGURA 11 - SUBESTAÇÃO COMPOSTA POR CABINES METÁLICAS. .......................... 37
FIGURA 12 - SE FOZ DO IGUAÇÚ, SOB RESPONSABILIDADE DA CONCESSIONÁRIA
DE ENERGIA ELÉTRICA FURNAS. ............................................................................. 39
FIGURA 13 - SUBESTAÇÃO DA VOTORANTIM CIMENTOS, EM PECÉM, CEARÁ. ......... 41
FIGURA 14 - DIAGRAMA UNIFILAR DE UM ARRANJO DE BARRAMENTO SIMPLES. .... 45
FIGURA 15 - DIAGRAMA UNIFILAR DE UM ARRANJO DE BARRAMENTO SECCIONADO.
..................................................................................................................................... 46
FIGURA 16 - DIAGRAMA UNIFILAR DE UM ARRANJO DE BARRAMENTO DUPLO COM
DISJUNTOR SIMPLES. ................................................................................................ 47
FIGURA 17 - DIAGRAMA UNIFILIAR DE UM ARRANJO DE BARRAMENTO PRINCIPAL E
DE TRANSFERÊNCIA.................................................................................................. 48
FIGURA 18 - DIAGRAMA UNIFILAR DE UM ARRANJO DE BARRAMENTO DUPLO COM
DISJUNTOR DUPLO. ................................................................................................... 49
FIGURA 19 - DIAGRAMA UNIFILAR DE UM ARRANJO DE BARRAMENTO DUPLO COM
DISJUNTOR E MEIO. ................................................................................................... 50
FIGURA 20 - DIAGRAMA UNIFILAR DE UM ARRANJO DE BARRAMENTO TRIPLO. ...... 51
FIGURA 21 - DIAGRAMA UNIFILAR DE UM ARRANJO DE DISJUNTORES EM ANEL. ... 52
FIGURA 22 - EXEMPLO DE MODULAÇÃO APLICADA A UMA SUBESTAÇÃO. ............... 54
FIGURA 23 - ÁREA OCUPADA PELO LAYOUT DE UMA SUBESTAÇÃO. ........................ 54
FIGURA 24 - PÁRA-RAIOS TIPO ESTAÇÃO, COM ISOLAÇÃO POLIMÉRICA E DE
PORCELANA. .............................................................................................................. 57
FIGURA 25 - GRÁFICO DO COMPORTAMENTO DA ATUAÇÃO DE UM PÁRA-RAIO COM
GAPS. .......................................................................................................................... 59
FIGURA 26 - EXEMPLO DE CHAVE SECCIONADORA DE ABERTURA VERTICAL. ........ 62
FIGURA 27 - DIAGRAMA FUNCIONAL DO CIRCUITO BÁSICO DE INTERRUPÇÃO DO
DISJUNTOR. ................................................................................................................ 66
FIGURA 28 - DIAGRAMA DE UM RELIGADOR INSTALADO NA SAÍDA DE UM
ALIMENTADOR. ........................................................................................................... 68
FIGURA 29 - GRÁFICO DO PRINCÍPIO DE OPERAÇÃO DE UM RELIGADOR. ............... 68
FIGURA 30 - PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DE UM TRANSFORMADOR
MONOFÁSICO. ............................................................................................................ 84
FIGURE 31 - ASPECTOS CONSTRUTIVOS DO NÚCLEO E DAS BOBINAS DO
TRANSFORMADOR TRIFÁSICO / UMA VISÃO REAL DOS ASPECTOS
CONSTRUTIVOS. ........................................................................................................ 86
FIGURE 32 - ESQUEMA DE LIGAÇÃO TRIÂNGULO-ESTRELA (∆-Y) PARA
TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS. ......................................................................... 87
FIGURA 33 - BANCO DE TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS DA SE ITUMBIARA, EM
GOIÁS. ......................................................................................................................... 88
FIGURA 34 - TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS DA SUBESTAÇÃO
TRANSFORMADORA ELEVADORA DA USINA JOSÉ BARASUOL, NO RIO GRANDE
DO SUL. ....................................................................................................................... 88
FIGURA 35 - UM COMUTADOR DE TAP SOB CARGA DA FABRICANTE
MASCHINENFABRIK REINHAUSEN DO BRASIL / UMA ILUSTRAÇÃO DE UM
COMUTADOR DE TAP SOB CARGA NO INTERIOR DE UM TRANSFORMADOR DE
POTÊNCIA. .................................................................................................................. 90
FIGURA 36 - COMPONENTES DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO POR RELÉ. ................ 97
FIGURA 37 - EXEMPLO DE UM SISTEMA DE POTÊNCIA COM SELETIVIDADE DA
PROTEÇÃO. ................................................................................................................ 98
FIGURA 38 - TRANSFORMADORES DE POTENCIAL / TRANSFORMADORES DE
CORRENTE NO SETOR DE 69 KV DA SE GUAMÁ (ELETRONORTE), EM BELÉM. 101
FIGURA 39 - DISJUNTOR DE 69 KV INSTALADO A MONTANTE DE UM
TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA DE UMA SUBESTAÇÃO DA CONCESSIONÁRIA
DE ENERGIA VALE DOS VENTOS GERADORA S.A................................................ 108
FIGURA 40 - EXEMPLO DE RELÉ DIGITAL. .................................................................... 112
FIGURA 41 - PRINCÍPIO DE OPERAÇÃO DOS RELÉS. .................................................. 113
FIGURA 42 - DIAGRAMA UNIFILAR DO ESQUEMA DE PROTEÇÃO CONTRA
SOBRECORRENTE. .................................................................................................. 115
FIGURA 43 - DIAGRAMA TRIFILAR DO ESQUEMA DE PROTEÇÃO CONTRA
SOBRECORRENTE. .................................................................................................. 116
FIGURA 44 - CURVA DE ATUAÇÃO DE CORRENTE DEFINIDA PARA O RELÉ DE
SOBRECORRENTE. .................................................................................................. 117
FIGURA 45 - CURVA DE ATUAÇÃO DE TEMPO DEFINIDO PARA O RELÉ DE
SOBRECORRENTE. .................................................................................................. 117
FIGURA 46 - CURVA DE ATUAÇÃO DE TEMPO INVERSO PARA O RELÉ DE
SOBRECORRENTE. .................................................................................................. 118
FIGURA 47 - GRUPOS DE CURVAS DE ATUAÇÃO DE TEMPO INVERSO PARA O RELÉ
DE SOBRECORRENTE. ............................................................................................ 118
FIGURA 48 - ALCANCE DA UNIDADE INSTANTÂNEA DE FASE (50). ........................... 123
FIGURA 49 - ESQUEMA DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL PARA TRANSFORMADORES.
................................................................................................................................... 125
FIGURE 50 - OPERAÇÃO DO RELÉ DIFERENCIAL NÃO PERCENTUAL PARA
NORMALIDADE DE CORRENTE E FALTA FORA DA ZONA DE PROTEÇÃO. ........ 127
FIGURA 51 - OPERAÇÃO DO RELÉ DIFERENCIAL NÃO PERCENTUAL PARA FALTA
DENTRO DA ZONA DE PROTEÇÃO.. ....................................................................... 127
FIGURE 52 - OPERAÇÃO DO RELÉ DIFERENCIAL PERCENTUAL PARA NORMALIDADE
DE CORRENTE E FALTA FORA DA ZONA DE PROTEÇÃO. ................................... 128
FIGURA 53 - OPERAÇÃO DO RELÉ DIFERENCIAL PERCENTUAL PARA FALTA DENTRO
DA ZONA DE PROTEÇÃO. ........................................................................................ 128
FIGURA 54 - GRÁFICO DA CURVA CARACTERÍSTICA DO RELÉ DIFERENCIAL
PERCENTUAL............................................................................................................ 129
FIGURA 55 - GRÁFICO DOS NÍVEIS DE DECLIVIDADE DE UM RELÉ DIFERENCIAL
PERCENTUAL............................................................................................................ 131
FIGURE 56 - DIAGRAMA TRIFILAR DO ESQUEMA DE PROTEÇÃO DIFERENCIAL PARA
TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA COM DOIS ENROLAMENTOS. ................... 132
FIGURA 57 - FILOSOFIA DE PROTEÇÃO PARA UM SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA.
................................................................................................................................... 139
FIGURA 58 - ZONAS DE PROTEÇÃO DE UM SISTEMA ELÉTRICO. ............................. 140
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - CARGAS NOMINAIS PADRONIZADAS PELAS NORMAS ANSI E ABNT. ..... 76


TABELA 2 - TENSÕES SECUNÁRIAS DOS TCS. ............................................................. 77
TABELA 3 - CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS DOS TPS. ................................................. 82
TABELA 4 - POTÊNCIA TÉRMICA DOS TPS..................................................................... 82
TABELA 5 - RELAÇÕES DE TRANSFORMAÇÃO PARA TRANSFORMADORES
MONOFÁSICOS E TRIFÁSICOS. ................................................................................ 89
TABELA 6 - CORRENTES PRIMÁRIAS E RELAÇÕES NOMINAIS. ................................ 104
TABELA 7 - TENSÕES PRIMÁRIAS NOMINAIS E RELAÇÕES NOMINAIS. ................... 106
TABELA 8 - FUNÇÕES DE PROTEÇÃO ASSOCIADAS EM CADA VÃO DE UMA
SUBESTAÇÃO TÍPICA. .............................................................................................. 114
TABELA 9 - GRUPOS DE CURVAS DE ATUAÇÃO DE TEMPO INVERSO SEGUNDO IEEE
/ ANSI E IEC. .............................................................................................................. 118
TABELA 10 - GRUPOS DE CURVAS DE ATUAÇÃO DE TEMPO INVERSO SEGUNDO A
NORMA IEC 60255 E VALORES DAS CONSTANTES Α E Β. ................................... 120
TABELA 11 - GRUPOS DE CURVAS DE ATUAÇÃO DE TEMPO INVERSO SEGUNDO A
NORMA IEEE C37.112 E VALORES DAS CONSTANTES A, B E P. ......................... 121
TABELA 12 - CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DA SUBESTAÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO
TIPO 1, PROJETO DO TAC. ...................................................................................... 144
TABELA 13 - VÃOS CONSTITUINTES DA SUBESTAÇÃO TIPO 1, PROJETO DO TAC. 146
TABELA 14 - NÍVEIS DE ISOLAMENTO. ......................................................................... 147
TABELA 15 - CORRENTES DE PROJETO DA SUBESTAÇÃO TIPO 1. .......................... 150
TABELA 16 - ESPAÇAMENTOS ELÉTRICOS MÍNIMOS E DE SEGURANÇA OBTIDOS NA
NORMA NBR 11191. .................................................................................................. 156
TABELA 17 - CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO SELECIONADAS PARA
DEMONSTRAÇÃO DOS CÁLCULOS NECESSÁRIOS A DEFINIÇÃO DAS
CORRENTES DE ATUAÇÃO DOS RELÉS DE SOBRECORRENTE. ........................ 166
TABELA 18 - RESUMO DAS CORRENTES DE AJUSTE CALCULASDAS E CURVAS
CARACTERÍSTICAS ESPECIFICADAS PARA OS DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO.181
TABELA 19 - NOMENCLATURA PARA RELÉS (NBR 5175 - MAIO 1988) ANSI. ............ 188
LISTA DE ABREVIATURAS / SIGLAS

SEP Sistema Elétrico de Potência


SE Subestação Elétrica
CCAT Corrente Contínua em Alta Tensão
HVDC High Voltage Direct Current
SIN Sistema Interligado Nacional
ONS Operador Nacional do Sistema
NBR Norma Brasileira
BT Baixa Tensão
MT Média Tensão
AT Alta Tensão
EAT Extra Alta Tensão
UAT Ultra Alta Tensão
Eletrobrás Centrais Elétricas Brasileiras S.A.
Associação Brasileira de Normas
ABNT
Técnicas
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
IEC International Electrotechnical Commission
GVO Grande Volume de Óleo
PVO Pequeno Volume de Óleo
Institute of Electrical and Eletronic
IEEE
Engineers
ANSI American National Standards Institute
TI Transformador de Instrumento
TC Transformador de Corrente
TP Transformador de Potencial
TPI Transformador de Potencial Indutivo
TPC Transformador de Potencial Capacitivo
IHM Interface Homem-Máquina
GPS Global Position System
ONAN Óleo Natural, Ar Natural
AL Alimentador
RDR Rede de Distribuição Rural
RDU Rede de Distribuição Urbana
Sistema de Proteção, Comando e
SPCC
Controle
LISTA DE SÍMBOLOS

± Indicativo de grandeza elétrica contínua


SiC Carboneto de Silício
ZnO Óxido de Zinco
U Tensão do sistema elétrico onde o pára-raios encontra-se instalado
UA Tensão disruptiva a impulso
UP Tensão residual
ia Corrente de descarga
in Corrente subsequente
SF6 Hexafluoreto de enxofre
IF Ponto de corrente de falta
IFALTA Corrente de falta
ICARGA Corrente de carga
t Tempo
tD Tempo de desligamento
tR Tempo de religamento
NP Número de espiras no primário de um transformador
NS Número de espiras no secundário de um transformador
Vca Tensão em corrente alternada
Φ Fluxo magnético
Y Ligação estrela
∆ Ligação triângulo
a Relação de transformação de um transformador monofásico
|a| Módulo da relação de transformação de um transformador trifásico
φ Fase da relação de transformação de um transformador trifásico
R% Resistência percentual
X% Reatância percentual
Z% Impedância percentual
F, F1, F2, F3, F4,
Pontos de falta elétrica
F5
D1, D2, D3, D4 Disjuntores
R1, R2, R3, R4 Religadores
AL1, AL2, AL3 Alimentadores
RTP Relação do transformador de potencial
RTC Relação do transformador de corrente
f.e.m Força eletromotriz
f.m.m. 1 Força magnetomotriz no enrolamento primário de um transformador
Força magnetomotriz no enrolamento secundário de um
f.m.m 2
transformador
VREF Tensão de referência
IREF Corrente de referência
fa Fator de assimetria
Relação que determina a assimetria da corrente de curto-circuito em
X/R
um sistema elétrico
Diferença vetorial entre as correntes secundárias dos TCs a
∆i
montante e a jusante de um equipamento
TC1 Transformador de corrente a montante do transformador de potência
TC2 Transformador de corrente a jusante do transformador de potência
Dyn1 Grupo de ligação triângulo-estrela, com neutro acessível
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 19
1.1 MOTIVAÇÃO .............................................................................................................. 19
1.2 PROBLEMÁTICA E OBJETIVOS ............................................................................... 21
1.3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO............................................................................... 22
2 SUBESTAÇÕES .............................................................................................................. 24
2.1 NÍVEIS DE TENSÃO PRATICADOS EM SISTEMAS ELÉTRICOS ............................ 24
2.2 SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA ........................................................................ 25
2.3 DEFINIÇÃO DE SUBESTAÇÃO ................................................................................. 27
2.4 CLASSIFICAÇÃO DAS SUBESTAÇÕES ................................................................... 28
2.4.1 Quanto à tensão .................................................................................................. 28
2.4.2 Quanto à relação entre os níveis de tensão de entrada e saída........................... 29
2.4.3 Quanto ao fluxo de potência entre a subestação e o sistema de transmissão ..... 29
2.4.4 Quanto a sua função no sistema elétrico ............................................................. 30
2.4.5 Quanto ao tipo de instalação................................................................................ 32
2.4.6 Quanto tipo construtivo da subestação ................................................................ 34
2.4.7 Quanto ao tipo construtivo da estrutura de acomodação dos equipamentos........ 35
2.4.8 Quanto à natureza dos parâmetros elétricos........................................................ 38
2.4.9 Quanto ao atendimento........................................................................................ 38
2.5 TIPOS DE SUBESTAÇÃO ......................................................................................... 39
2.5.1 Subestação de concessionárias de serviço de energia elétrica............................ 39
2.5.2 Subestação industrial ........................................................................................... 41
2.6 ESQUEMAS ELÉTRICOS DE SUBESTAÇÕES......................................................... 42
2.6.1 Barramento .......................................................................................................... 43
2.6.2 Arranjos elétricos: arranjo de barramento e arranjo de disjuntores ...................... 43
2.7 ARRANJO FÍSICO DE SUBESTAÇÕES .................................................................... 53
3 EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS TÍPICOS DE UMA SUBESTAÇÃO ................................ 55
3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................... 55
3.2 PÁRA-RAIOS ............................................................................................................. 55
3.2.1 Princípio de funcionamento.................................................................................. 56
3.2.2 Tipos construtivos ................................................................................................ 56
3.2.3 Classificação........................................................................................................ 57
3.2.4 Características elétricas ....................................................................................... 58
3.3 CHAVE SECCIONADORA ......................................................................................... 60
3.3.1 Tipos construtivos ................................................................................................ 61
3.3.2 Acessórios para chaves seccionadoras ............................................................... 62
3.3.3 Características elétricas ....................................................................................... 62
3.4 DISJUNTOR DE ALTA TENSÃO ............................................................................... 63
3.4.1 Tipos construtivos ................................................................................................ 64
3.4.2 Princípio de funcionamento.................................................................................. 65
3.4.3 Características elétricas ....................................................................................... 66
3.5 RELIGADOR AUTOMÁTICO...................................................................................... 67
3.5.1 Princípio de funcionamento.................................................................................. 67
3.5.2 Aplicação ............................................................................................................. 69
3.5.3 Tipos construtivos ................................................................................................ 69
3.5.4 Características elétricas ....................................................................................... 70
3.5.5 Curvas de atuação para religadores .................................................................... 71
3.6 TRANSFORMADORES DE INSTRUMENTOS (TIs) .................................................. 72
3.6.1 Transformador de corrente (TC) .......................................................................... 74
3.6.2 Transformador de potencial (TP) ......................................................................... 79
3.7 TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA ......................................................................... 83
3.7.1 Princípio de funcionamento.................................................................................. 84
3.7.2 Transformador trifásico ........................................................................................ 86
3.7.3 Transformadores monofásicos x transformadores trifásicos ................................ 88
3.7.4 TAP do transformador .......................................................................................... 89
3.7.5 Partes constituintes principais .............................................................................. 90
3.7.6 Características elétricas e térmicas...................................................................... 91
4 SISTEMA DE PROTEÇÃO PARA SUBESTAÇÕES ........................................................ 95
4.1 FALTAS EM SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA............................................... 95
4.2 SISTEMA DE PROTEÇÃO ......................................................................................... 96
4.2.1 Características do sistema de proteção ............................................................... 97
4.2.2 Funções dos dispositivos de manobra, controle e proteção de subestações ....... 99
4.2.3 Componentes do sistema de proteção por relé .................................................. 100
4.2.4 Relé ................................................................................................................... 108
5 SUBESTAÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO TIPO I - DIMENSIONAMENTOS .......................... 141
5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................... 141
5.2 CARACTERIZAÇÃO DA SUBESTAÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO TIPO I ...................... 141
5.3 NORMAS E DOCUMENTOS.................................................................................... 142
5.4 APRESENTAÇÃO DO PROJETO ............................................................................ 143
5.5 OBJETIVOS DO PROJETO ..................................................................................... 144
5.6 CONCEPÇÃO DO PROJETO .................................................................................. 145
5.7 DEFINIÇÃO DOS MÓDULOS .................................................................................. 145
5.8 NÍVEIS DE ISOLAMENTO DA SUBESTAÇÃO ........................................................ 147
5.9 CÁLCULO DAS CORRENTES DE PROJETO DA SUBESTAÇÃO .......................... 147
5.10 ESTRUTURAS DE CONCRETO ............................................................................ 150
5.11 PÁTIO DE CONEXÕES DA SUBESTAÇÃO........................................................... 152
5.11.1 Malha de aterramento ...................................................................................... 153
5.11.2 Casa de comando e controle ........................................................................... 154
5.11.3 Equipamentos elétricos .................................................................................... 154
5.12 ISOLADORES E MATERIAIS PARA MONTAGEM E INSTALAÇÃO ...................... 159
5.13 BARRAMENTO, DERIVAÇÕES E LIGAÇÕES....................................................... 161
5.13.1 Cabos de AT .................................................................................................... 161
5.13.2 Cabos e barramento de MT ............................................................................. 161
5.14 SERVIÇOS AUXILIARES E ILUMINAÇÃO EM CORRENTE ALTERNADA ........... 162
5.15 PROTEÇÃO ........................................................................................................... 163
5.15.1 Proteção contra sobretensões ......................................................................... 163
5.15.2 Sistema de proteção, comando e controle (SPCC) .......................................... 164
5.15.3 Ajustes dos relés de sobrecorrente .................................................................. 165
5.15.4 Ajustes do relé diferencial percentual do transformador de potência................ 177
5.15.5 Resumos das correntes de ajuste calculadas .................................................. 181
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 182
6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 182
6.2 PERSPECTIVA DE TRABALHOS FUTUROS .......................................................... 184
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 185
ANEXO A – Nomenclaturas padronizadas para dispositivos de manobra, controle e proteção
.......................................................................................................................................... 188
APÊNDICE A – Desenhos técnicos do projeto de subestação de distribuição tipo I – 69-13,8
kV / 5 MVA......................................................................................................................... 190
19

1 INTRODUÇÃO
1.1 MOTIVAÇÃO

A energia elétrica é um pouco como o ar que respiramos – você não pensa


sobre ela até ficar sem. A energia apenas está “lá”, satisfazendo cada uma
de suas necessidades constantemente. Você a usa para aquecimento,
esfriamento, cozimento, refrigeração, iluminação, som, computador,
entretenimento [...] sem ela, a vida pode ficar meio desconfortável.

Brain (2010) mostra em poucas palavras o quanto a energia elétrica é muito


importante na vida das pessoas, a tal ponto de considerá-la praticamente
indispensável nos dias atuais. Essa constatação pode ser comprovada através da
notícia publicada pelo Jornal O Globo em fevereiro de 2010, de título “Consumo de
energia elétrica no país bate recorde histórico”, apresentando dois recordes
seguidos do consumo de energia elétrica no Brasil (Ordoñes, 2010). A Diretora de
Gás e Energia da Petrobrás, Maria das Graças Foster, destacou que na segunda-
feira do dia 1/2/10 “já tinha sido registrado um outro pico de consumo de 67,7 GW
médios, cerca de 26,4 % acima da média de consumo de todo o ano passado, que
foi de 53,3 gigawatts” e que na terça-feira do dia 2/2/10 estava programado “um
outro pico de consumo de 68 GW”. A realidade é que atualmente a demanda por
energia elétrica está passando por um intenso crescimento.
Atender as necessidades elétricas das pessoas só é possível graças à
energia que circula a centenas de quilômetros através de uma rede de transmissão
interligada que se estende ao longo de todo o território de um país. Para transmitir
energia desde as usinas geradoras até seus consumidores é essencial o correto e
contínuo funcionamento de um grandioso Sistema Elétrico de Energia, ou em outras
palavras, um Sistema Elétrico de Potência, uma complexa rede de distribuição de
energia elétrica. Na visão de Rossi (2004):

Um Sistema Elétrico de Potência (SEP) é uma malha complexa, constituída


de uma rede de Produção, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e
que tem por objetivo, se ocupar da operação, controle, manutenção,
gerenciamento e demais processos operacionais e utilização afins dessa
energia, produzida setorialmente, transmitida em alta tensão e distribuída
sob as mais diversificadas formas operativas.
20

Para o fornecimento de energia elétrica aos centros consumidores, em


qualquer região, um Sistema Elétrico de Potência necessita de flexibilidade de
alcance e operação, capacidade de transporte a grandes distâncias, com o mínimo
de perdas de energia, a baixo custo e a maior segurança possível, por isso, esses
sistemas são dotados de uma série de recursos técnicos e dispõe de diversos
aparatos tecnológicos que viabilizam o atendimento aos grandes centros urbanos,
pequenas localidades (vilas, pequenas cidades), áreas rurais, grandes consumidores
de energia elétrica (como as plantas industriais) e até mesmo as próprias instalações
que os mantém em constante funcionamento.
A Subestação de Energia Elétrica (ou simplesmente Subestação Elétrica –
SE) é um componente dos SEPs. Esse subsistema elétrico de potência assume o
importante papel de integrar as Usinas Geradoras de Energia Elétrica a sistemas de
potência, um sistema elétrico de energia a outro (originando um complexo Sistema
Elétrico Interligado) e integrar sistemas elétricos as cargas a serem atendidas. São
as subestações as responsáveis por flexibilizar o transporte de grandes quantidades
de energia elétrica entre as linhas de transmissão que compõe as redes elétricas
espalhadas por todo um país, em escala estadual ou interestadual, através da
interconexão das referidas linhas, mesmo que elas apresentem tensões iguais ou
diferentes, direcionando a energia elétrica para onde for necessário, além disso,
contam com uma gama de dispositivos de proteção capazes de detectar falhas nos
sistemas elétricos, isolando os trechos onde elas ocorrem.
As SEs apresentam várias características e diversas formas de construção.
No tocante a sua concepção, cabe ao profissional projetista conhecer suas diversas
particularidades, com o intuito de selecionar corretamente suas futuras
características e elaborar um arranjo físico que se adéque à finalidade pretendida,
isto porque as subestações apresentam papéis versáteis, suas instalações
abrangem projetos multidisciplinares (elétricos, hidráulicos, de telecomunicações,
controle e automação, entre outros) e a operação delas significa integrar diversas
funções de uma gama de dispositivos e equipamentos, a fim de atender ao
trabalhoso propósito de transportar energia elétrica com a mais extrema segurança.
Além disso, toda subestação deve ser desenvolvida seguindo rigorosamente o que
prevêem critérios técnicos e medidas técnicas presentes em documentos técnicos
normativos, a fim de operar numa faixa de valores segura. As normas permitem
padronizar todas as suas instalações e seu funcionamento. A má utilização desses
21

critérios e medidas implicará em falhas na operação, comprometendo a


confiabilidade das instalações, a segurança de seus equipamentos e profissionais
mantenedores, a segurança dos equipamentos e das instalações elétricas dos
consumidores e no aumento de gastos por conta das consequências advindas
desses problemas.
Sousa (2007) afirma que o projeto de uma subestação é dividido em quatro
partes: Projeto Civil, Eletromecânico, Elétrico e Arquitetônico. Qualquer um desses
projetos deve ser essencialmente eficiente quanto ao seu propósito. Como já foi dito
anteriormente, estabelecer as propriedades necessárias ao funcionamento normal
de uma SE é tarefa dos profissionais projetistas, pois são eles quem desenvolvem
seu projeto. A elaboração de um projeto constitui a atividade de quantificar,
dimensionar e definir o uso das melhores técnicas e tecnologias e o emprego dos
melhores dispositivos e equipamentos, estabelecendo a maneira mais adequada de
implementar todas as informações obtidas, que irão desempenhar da melhor forma
possível a aplicação pretendida. Projetar também faz parte do planejamento, um
processo essencial quando se desejam conceber qualquer aparelho ou equipamento
elétrico, instalações elétricas ou tecnologias ligadas a soluções elétricas. Tendo a
subestação fundamental importância dentro de um sistema elétrico de potência
(principalmente pela grande responsabilidade na qualidade do serviço de
fornecimento de energia elétrica prestado ao consumidor) o exercício de planejar é
imprescindível, de forma não atender apenas os fatores de operação, confiabilidade,
flexibilidade e segurança, mas também atender os centros de consumo e seus
crescimentos, em níveis de qualidade de serviço compatíveis com suas
características, viabilizando de maneira otimizada a aplicação dos recursos dos
agentes mantenedores dos sistemas elétricos.

1.2 PROBLEMÁTICA E OBJETIVOS

Este documento teve seu desenvolvimento motivado principalmente por dois


fatores. O primeiro deles envolve o atual crescimento vivido pelo Estado do Pará e a
importância da difusão de subestações elétricas para expansão do sistema elétrico
de potência regional e, consequentemente, da capacidade de fornecimento de
energia elétrica do estado, insumo primordial para fomentação desse crescimento.
22

O segundo motivo advém do primeiro. Dado a necessidade da expansão do


sistema elétrico de potência paraense é certo que a região deverá lançar mão de
profissionais projetistas capacitados a elaboração de projetos que atendam ao
referido objetivo. Este trabalho proporciona introduzir e difundir conhecimentos
básicos relativos às SEs, podendo atender aos interesses de quem já conhece ou
quer conhecer o ramo de projetos elétricos de alta tensão.
O trabalho objetiva contribuir com informações básicas para a elaboração do
projeto eletromecânico, projeto básico do sistema de proteção e do arranjo físico de
uma Subestação de Distribuição Tipo I – 69-13,8 kV / 5 MVA, seguindo fundamentos
apresentados na norma técnica NBR 11191:1989 – Subestações de distribuição tipo
I, 69-34,5 ou 13,8 kV até 5 MVA e 34,5, 13,8 kV até 3,75 MVA – Diagramas unifilares
e arranjos de subestações, além de obedecer os critérios mínimos observados em
outras normas e diretrizes técnicas e os princípios relacionados a esse tipo de
instalação de alta tensão. O trabalho visa também atender, indiretamente, através da
elaboração de um projeto padronizado, o preconizado em normas técnicas para a
promoção da qualidade de energia elétrica, no sentido de aplicar adequadamente os
procedimentos e recomendações previstos nesses documentos.

1.3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O trabalho divide-se em duas partes. A primeira apresenta noções inerentes


a subestação e suas instalações, permitindo familiaridade com o assunto, enquanto
que a segunda parte mostra informações técnicas relevantes para seu
dimensionamento, conhecimentos fundamentais para a construção de um projeto
que englobe as características mínimas exigidas por documentos técnicos e
normativos. As duas etapas desenvolvem-se ao longo de seis capítulos.
O primeiro capítulo é destinado a introduzir os assuntos que sustentam o
tema do presente trabalho e apresentar o contexto que justifica a importância de sua
elaboração.
O segundo capítulo desenvolve as informações básicas relacionadas a
Subestação Elétrica e ao arranjo de barramento, a estrutura física componente do
esquema elétrico dessas instalações, conteúdos necessários a familiarização com
os dados técnicos do trabalho e a introdução ao dimensionamento da subestação a
ser discutida.
23

O terceiro capítulo apresenta sucintamente os equipamentos elétricos


tipicamente usados em uma subestação, através da explanação básica de seus
conceitos e características.
O quarto capítulo faz uma simples abordagem sobre sistema de proteção de
subestações elétricas, apresentando conceitos, características, normas técnicas
relacionadas e ajustes básicos de dois dispositivos essenciais em um esquema de
proteção de uma subestação, o relé de sobrecorrente, dispositivo de proteção contra
anormalidade de valores de corrente e o relé diferencial, proteção recomendável a
uma boa parte dos transformadores de potência utilizados em subestação.
Dimensionamentos e demais observações relativas à subestação tratada
neste trabalho estão presentes no capítulo 5.
As considerações finais e a perspectiva para trabalhos futuros são
mostradas no capítulo 6.
24

2 SUBESTAÇÕES
2.1 NÍVEIS DE TENSÃO PRATICADOS EM SISTEMAS ELÉTRICOS

As subestações, assim como todos os componentes de um sistema elétrico


de potência, operam enquadradas a determinados níveis de tensão. Essa seção,
para fins de familiarização, visa a apresentação de alguns níveis de tensão
estabelecidos para a operação dos sistemas elétricos.
Uma das legislações específicas que determina os níveis de tensão
alternada a serem obedecidos nos sistemas elétricos é o Decreto Nº. 73.080 (1973),
cuja documentação apresenta a seguinte determinação:

Art. 47. Deverão ser adotadas pelas concessionárias de serviço de energia


elétrica, em novas instalações, as seguintes tensões nominais: I – Para
transmissão e subtransmissão em corrente alternada 750; 500; 230; 138;
69; 34,5; 13,8 quilovolts. II – Para distribuição primária de corrente alternada
em redes públicas: 34,5 e 13,8 quilovolts.

Além dos valores de tensão previstos pelo decreto existem outros valores
usuais, dentre os quais se destacam 765 kV, 460 kV, 440 kV, 365 kV, 345 kV e 88
kV, para sistemas de transmissão e subtransmissão e 23,5 kV, 23 kV, 20 kV, 13,2
kV, 11,9 kV, e 3,8 kV, para sistemas de distribuição primária.
Atualmente, com o desenvolvimento da eletrônica de potência e devido suas
vantagens oferecidas aos sistemas de transmissão utilizando tensão alternada tem
se tornado atrativo a transmissão de energia elétrica em tensão contínua (Sistemas
CCAT ou HVDC), cujos valores usuais estão numa faixa que varia de ± 500 kV a ±
800 kV.
Vale ressaltar que normalmente as tensões inferiores a 230 kV são utilizadas
nos sistemas elétricos das concessionárias do serviço público de distribuição de
energia elétrica e dos grandes consumidores (por exemplo, indústrias), enquanto
que tensões iguais e superiores a 230 kV são utilizadas em sistemas que constituem
a chamada Rede Básica do Sistema Interligado Nacional (SIN), a qual está sob a
responsabilidade do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
25

2.2 SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA

Até que ela chegue ao seu destino final e possa ser usada para a realização
de uma gama de atividades, a energia elétrica percorre um longo caminho
denominado sistema elétrico de potência, cujo significado é uma estrutura composta
por um conjunto de linhas interligando uma série de equipamentos e dispositivos
associados a certo nível de tensão, com a finalidade de produzir, transmitir e
distribuir energia.
A partir das ideias de Barros e Gedra (2010) depreende-se que, a energia
elétrica é obtida a partir da transformação de uma fonte primária de energia, sendo
essa transformação geralmente realizada em uma usina (por exemplo, a energia em
potencial da água acumulada em reservatórios de usinas hidrelétricas, dos ventos
captados por pás de usinas eólio elétricas, da luz dos raios solares absorvidos por
placas semicondutoras em usinas fotovoltaicas, a energia calorífera a partir da
queima de combustíveis fósseis em usinas termelétricas etc.). Todas as unidades
geradoras de energia recebem energia mecânica para em seguida produzir energia
elétrica. Essa energia elétrica é fornecida ao sistema elétrico a uma tensão de saída
que normalmente varia entre 13,8 kV e 18 kV, salvo pequenas usinas cujo valor de
tensão encontra-se abaixo dessa faixa.
Após gerada, a energia elétrica é transferida ao sistema de transmissão
através de uma subestação transformadora elevadora, que eleva a tensão para
níveis adequados a transmissão, visto que, se o referido processo fosse realizado à
tensão de saída dos geradores, fatalmente incorreria em perdas elevadíssimas de
potência. A tensão de funcionamento do sistema de transmissão normalmente é
igual ou superior a 230 kV, salvo em algumas situações em que é viável técnica e
economicamente transmitir a tensões inferiores.
Próximo aos centros de carga, a energia é transferida do sistema de
transmissão para o sistema de distribuição através de outra subestação, no entanto,
abaixadora de tensão, em virtude da proximidade das cargas. Pode-se definir
sucintamente o sistema de distribuição como parte do sistema elétrico de potência
entre o sistema de transmissão e a entrada de energia dos consumidores (Gönen
1986). Gönen divide esse sistema elétrico nos seguintes componentes: Sistema de
Subtransmissão; Subestações de Distribuição; Sistema de Distribuição Primário;
26

Transformadores de Distribuição; Sistema de Distribuição secundário; e Ramais de


Ligação.
As subestações receptoras de transmissão iniciam o processo de
distribuição da energia elétrica a partir do momento em que elas transformam as
tensões das linhas de transmissão, iguais ou superiores a 230 kV (na maioria dos
casos), para níveis na faixa de 69 kV a 138 kV, distribuindo a energia recebida entre
diversas linhas de subtransmissão, componentes do sistema de subtransmissão,
que operam na faixa de tensão anteriormente citada. A partir desse ponto, o
conjunto de linhas e demais equipamentos associados às tensões inferiores a 230
kV (por exemplo 138 kV, 69 kV, 34,5 kV e 13,8 kV) trabalham para atender a maior
parte da demanda por energia (áreas urbanas, rurais, distritos industriais etc.), nos
níveis de tensão ideais a cada tipo de consumidor.

Figura 1 - Percurso da energia elétrica desde a geração até o consumo (Barros e Gedra, 2010).
27

2.3 DEFINIÇÃO DE SUBESTAÇÃO

Percebe-se que as subestações de energia elétrica são largamente


utilizadas nos sistemas elétricos de potência como estruturas de apoio nos
processos de transmissão e distribuição de energia.
Mamede (2010) introduz a ideia de subestação como sendo “um conjunto de
condutores, aparelhos e equipamentos destinados a modificar as características da
energia elétrica (tensão e corrente), permitindo a sua distribuição aos pontos de
consumo em níveis adequados de utilização”.
Em maiores detalhes, Rossi (2004) define Subestações Elétricas como
centros operativos, “onde se processam as transformações de potências, os
chaveamentos e manobras de circuitos [...], envolvendo as funções de controle e
supervisão (medição e proteção) nos fluxos dessa energia passante e / ou
transformada e ainda, centros onde ocorrem as principais tomadas de decisão sobre
as condições operativas por eles monitoradas”.
Complementando as definições acima, sobre a finalidade para a qual a
subestações de energia elétrica são empregadas, o autor diz:

Alternativamente, podemos também dizer que se trata de um local, onde


existe um conjunto de componentes elétricos, utilizados para dirigir e
controlar o fluxo de energia deste sistema, procurando garantir de forma
contínua e segura, o transporte desse fluxo, vinculando as suas fontes de
produção e de transmissão aos seus mais diversificados centros de
consumo.

Das informações até então apresentadas infere-se que as subestações são


instalações de extrema importância para os sistemas elétricos de potência, já que
dela depende a forma e os cursos da energia elétrica que neles circulam. Seu
desenvolvimento e aplicação devem estar sempre adequados às finalidades
pretendidas e aos aspectos encontrados na região do sistema onde se pretende
instalá-la, além disso, a seleção de seus componentes exige determinada atenção à
relação custo x benefício, isto é, devem ser escolhidas as melhores alternativas para
satisfação das necessidades ao menor custo possível, em virtude do altíssimo valor
para concepção do projeto de uma subestação.
28

2.4 CLASSIFICAÇÃO DAS SUBESTAÇÕES

Várias são as maneiras possíveis de classificar as subestações. As


classificações variam de acordo com o fator considerado. Grande parte das que
serão mostradas nas próximas seções fazem parte de uma obra da Eletrobrás
(1982), contudo, muitas delas foram expressas baseadas também nas ideias de
Barros e Gedra (2010), Rossi (2004), Mamede (2010), Leão (2010) e Borel (2010) e
nos conceitos das normas NBR 5460 – Sistemas elétricos de potência –
Terminologia – e NBR 9523 ou CB-150 – Subestações de distribuição –
Classificação . É importante esclarecer que a norma NBR 9523 não se encontra em
vigor (ABNT, 2006), no entanto, alguns de seus conceitos ainda continuam válidos
em sistema elétricos de potência.

2.4.1 Quanto à tensão

Baseado nas informações da Eletrobrás (1982) pode-se considerar as


seguintes subestações:

• SEs de Baixa Tensão (BT): Subestações que apresentam níveis de tensão


praticados inferiores a 1 kV.
• SEs de Média Tensão (MT): Subestações que apresentam níveis de tensão
praticados iguais ou superiores a 1 kV e inferiores a 69 kV.
• SEs de Alta Tensão (AT): Subestações que apresentam níveis de tensão
praticados iguais ou superiores a 69 kV e inferiores a 230 kV.
• SEs de Extra Alta Tensão (EAT): Subestações que apresentam níveis de
tensão praticados iguais ou superiores a 230 kV e inferiores a 500 kV.
• SEs de Ultra Alta Tensão (UAT): Subestações que apresentam níveis de
tensão praticados iguais ou superiores a 500 kV.

A Eletrobrás (1982) ressalta que havendo mais de uma tensão na


subestação, a sua designação pode ser pelas siglas de todas as tensões que nela
existem (por exemplo, SE de EAT / AT / MT) ou pela sigla da tensão mais elevada
29

(levando em consideração o caso anterior, SE de EAT, possuindo setores de AT e


de MT).

2.4.2 Quanto à relação entre os níveis de tensão de entrada e saída

• SE de Manobra: Mantém o mesmo nível de tensão. Rossi (2004) a denomina


de SE de Chaveamento e a explica como sendo uma subestação de natureza
operativa predominantemente de manobras (operação de chaves
seccionadoras e de disjuntores).
• SE Transformadora: Muda o nível de tensão.

A Eletrobrás (1982) ressalta que no caso das SEs Transformadoras, se o


fluxo de potência for unidirecional elas podem ser classificadas em:

• SE Transformadora Elevadora: A tensão de saída é superior à de entrada.


• SE Transformadora Abaixadora: A tensão de saída é inferior a de entrada.

É observado ainda que no caso das SEs de Manobra, se elas se situarem


em um nó, apresentando três ou mais linhas, pode ser denominada de SE Nodal.

2.4.3 Quanto ao fluxo de potência entre a subestação e o sistema de


transmissão

• SE Transmissora: O sentido do fluxo de potência sempre parte da


subestação.
• SE Seccionadora: Subestação de manobra inserida numa LT do sistema de
potência.
• SE Receptora: O sentido do fluxo de potência parte sempre do sistema para a
subestação.
• SE Interligadora: SE de conexão entre dois ou mais sistemas, apresentando
sentido do fluxo variável.
30

2.4.4 Quanto a sua função no sistema elétrico

No Sistema de Transmissão:

• SE de Transmissão: De acordo com a Eletrobrás (1982) essa SE é destinada


a transportar energia elétrica em bloco, entre subestações. Geralmente, as
linhas ligadas a essas subestações não apresentam derivações.

Mamede (2010), por sua vez classifica as subestações de transmissão da


seguinte maneira:

• SE Central de Transmissão: É normalmente construída ao lado das usinas


produtoras de energia elétrica. Sua finalidade é elevar os níveis de tensão
fornecidos pelos geradores para a transmissão de potência aos grandes
centros consumidores.

Figura 2 - Subestação da usina hidrelétrica de Itaipu (Aneel, 2011).

• SE Receptora de Transmissão: É construída próxima aos grandes blocos de


carga e que está conectada, através de linhas de transmissão, à subestação
central de transmissão ou a outra subestação receptora intermediária.
31

No Sistema de Distribuição:

• SE de Subtransmissão: Conforme a Eletrobrás (1982) é uma SE exclusiva de


subtransmissão, ou seja, está ligada apenas a linhas de subtransmissão,
compondo o sistema de subtransmissão (parte do sistema de distribuição).
Ela é destinada a transportar energia elétrica das subestações de transmissão
para as subestações de distribuição. Os circuitos de saída dessa subestação
podem apresentar derivações, ramificações ou anéis. Geralmente são SEs
abaixadoras que interligam redes de tensões diferentes (sendo a tensão mais
baixa considerada, ainda, de subtransmissão) ou SEs de manobra, situadas
em nós das redes de subtransmissão (SEs Nodais).
• SE de Distribuição: De acordo com Eletrobrás (1982) essa subestação recebe
energia das linhas de subtransmissão e a transporta para as redes de
distribuição (normalmente com abaixamento de tensão AT para tensão MT),
que alimentam os consumidores diretamente (através da SE de Consumidor)
ou indiretamente (através de transformação adicional e distribuição
secundária).

As subestações de distribuição para alguns autores são consideradas como


subestações de subtransmissão, tornando confusa a compreensão do conceito
básico de ambas as instalações de alta tensão. A partir dessa afirmação é possível
compreender quando Mamede (2010), por exemplo, posiciona-se a respeito da SE
de Distribuição como sendo uma SE de Subtransmissão.

[...] construída, em geral, no centro de um grande bloco de carga,


alimentada pela subestação receptora e de onde se originam os
alimentadores de distribuição primários, suprindo diretamente os
transformadores de distribuição e/ou as subestações de consumidor.

De acordo com a Eletrobrás (1982), o conceito de Mamede encontra-se


enquadrado na seguinte observação:

Obs.: 1. Nem todos os sistemas possuem SEs exclusivamente de


subtransmissão, podendo aqueles mais simples possuir apenas linhas de
subtransmissão diretas de algumas SEs de transmissão para as SEs de
32

distribuição [...] neste caso, as primeiras incluem também um setor de


subtransmissão.

• SE de Consumidor: As duas últimas definições ligadas a SE de Distribuição


citam as subestações de distribuição particulares. Mamede (2010) as
denomina de Subestação de Consumidor. Ele as conceitua como sendo
“aquela construída em propriedade particular suprida através de
alimentadores de distribuição primários, originados das subestações de
subtransmissão, que suprem os pontos finais de consumo”. As SEs de
Consumidor podem ser supridas tanto em média tensão, níveis entre 1 kV e
69 kV, quanto em níveis de alta tensão, de 69 kV até 230 kV.

Em termos gerais, a Eletrobrás (1982), em sua segunda observação a


respeito da classificação das subestações quanto à função que exercem no sistema
elétrico, esclarece:

Obs.: 2. O nível de tensão não define obrigatoriamente a função da SE.


P.ex., num sistema isolado de pequeno porte a transmissão pode ser em
34,5 kV, e a distribuição diretamente em BT; num de porte médio, pode
haver transmissão em 138 kV, subtransmissão em 34,5 kV e distribuição
primária em 13,8 kV; já em sistema interligado de âmbito regional pode ter
transmissão em 500 kV, subtransmissão em 138 kV, distribuição primária
em 34,5 kV.

Em outras palavras, “o nível de tensão da SE não caracteriza por si só sua


função, que depende também da configuração do sistema elétrico e dos níveis de
tensão nele adotados para transmissão, subtransmissão e distribuição”.
No que concerne a essa afirmação:

Obs.: 3. Confrontando a função no sistema com a relação dos níveis de


tensão, observa-se que, normalmente: SEs de transmissão podem ser tanto
elevadoras, como abaixadoras ou de manobra; SEs de subtransmissão
podem ser de manobra ou abaixadoras; SEs de distribuição só podem ser
abaixadoras.

2.4.5 Quanto ao tipo de instalação

• SE Externa: Instalada ao tempo. Normalmente construídas em locais amplos


e sujeita sob as condições atmosféricas variadas, tendo de ser construídas
com equipamentos que suportem tais condições.
33

Figura 3 - Subestação externa da Cemig (Neto, 2011).

• SE Abrigada: Subestação semi-protegida, construída sob um teto protetor


(proteção contra ação direta do sol e da chuva).

Figura 4 - Subestação abrigada da AES Eletropaulo (Portal Fator Brasil, 2011).

• SE Interna: Subestação construída no interior de uma edificação, o que não


significa que está livre das condições adversas (por exemplo, a poeira), no
entanto, a instalação elétrica está protegida de parte delas (intempéries como
sol e chuva).
34

Figura 5 - Exemplo de subestação interna (Tensão Elétrica, 2011).

• SE Móvel: Seu conjunto de equipamentos é montado e interligado em fábrica


sobre um veículo.

Figura 6 - Subestação móvel interligada em um sistema elétrico (Jacobsen Elektro, 2011).

2.4.6 Quanto tipo construtivo da subestação

Em consonância com as ideias de Barros e Gedra (2010) e Eletrobrás


(1982), as subestações, considerando o tipo construtivo, podem ser classificadas
em:
35

• SE Simplificada: Também conhecida como SE Compacta, são subestações


cuja montagem dos equipamentos constitui um arranjo simples, destinadas a
alimentar pequenas cargas, inclusive instalações elétricas provisórias. Essas
subestações podem ser construídas em galerias (subsolo), em poste único ou
em bancada, alvenaria e cabine metálica ou em invólucro metálico individual
com isolação a ar ou gás.

Figura 7 - Subestação compacta blindada da fabricante Cemec (Cemec, 2011).

• SE Convencional: Subestações que se apresentam em maior quantidade. Os


equipamentos são construtivamente independentes uns dos outros, e são
interligados por ocasião da montagem. Podem ser SEs construídas ao tempo
(em uma área denominada pátio de conexões), em alvenaria ou em cabine
metálica com isolação a ar ou gás. A sua diferença referida a subestação
simplificada é basicamente o tamanho da planta.

2.4.7 Quanto ao tipo construtivo da estrutura de acomodação dos


equipamentos

• SE Subterrânea: Entende-se em Borel (2010) que são subestações cujos


equipamentos e conexões são instalados numa galeria preparada para
acomodá-las.
36

Figura 8 - Subestação construída totalmente no meio subterrâneo, no Qatar (Arup, 2011).

• SE em Poste: Pode apresentar-se de duas formas. SE em Poste Único possui


seus equipamentos e materiais elétricos montados sobre um único poste
(Barros e Gedra, 2010). Em alguns casos, a subestação pode ser montada
sobre um arranjo composto por uma bancada sustentada por dois postes,
sendo denominada de SE em Pedestal ou SE em bancada.

Figura 9 - Subestação em bancada (Gouveia Serviços Elétricos, 2011).

• SE em Alvenaria: Partindo das ideias de Barros e Gedra (2010) nota-se que


uma edificação em alvenaria específica para a subestação constitui todo o
seu arranjo físico.
37

Figura 10 - Subestação em alvenaria do parque eólico Serra do Barroso, em Portugal (Wikimedia


Commons, 2012).

• SE em Cabine Metálica: Possui todos os equipamentos montados e


interligados por ocasião da fábrica no interior de um abrigo metálico (em
forma de cabine) ou um certo número de blocos metálicos ajustáveis entre si,
preparados para serem ligados a circuitos externos.

Figura 11 - Subestação composta por cabines metálicas. A planta apresenta uma cabine de medição /
proteção e uma cabine de distribuição, com dois transformadores de potência flangeados (Eletrocabines,
2011).
38

• SE Blindada: É como são denominadas as subestações cujos equipamentos


principais e interligações são executados no interior de invólucros metálicos
individuais ou em cabine metálica. A região interna dos invólucros pode
apresentar como meio isolante ar ou gás. A ideia de ser blindada vem do fato
da subestação apresentar total proteção contra adversidades do meio
externo.

2.4.8 Quanto à natureza dos parâmetros elétricos

• SE de Corrente Alternada: Sem alteração de frequência e do número de


fases.
• SE Conversora de Frequência: Destinada a converter a energia em uma
determinada freqüência para outra.
• SE Conversora de Fases: Destinada a converter a energia de um
determinado número de fases para um número de fases diferente.
• SE Alternadora: Destinada apenas a conversão de energia em corrente
contínua para energia em corrente alternada.
• SE Retificadora: Destinada apenas a conversão de energia em corrente
alternada para energia em corrente contínua.
• SE Mutadora: Destinada a converter a energia de corrente alternada para
energia em corrente contínua e vice-versa.

2.4.9 Quanto ao atendimento

Baseado em Leão (2010), entende-se que, as subestações, nesse ponto de


vista, podem ser classificadas em:

• Subestações com operador ou atendidas (ABNT, 1992): É exigido o


monitoramento e operação local (na subestação) das instalações. A operação
e supervisão da subestação são realizadas em tempo real por profissionais
devidamente qualificados; exige alto nível de treinamento dos operadores;
• Subestações sem operador ou não-atendidas (ABNT, 1992): Nesses casos,
as SEs apresentam alto nível de automatização, isto é, geralmente todas as
39

supervisões e operações podem ser realizadas pela própria subestação


automaticamente, através de seu sistema automático de proteção, comando e
controle; podem ser monitoradas e operadas remotamente (longe da
subestação) por intermédio dos computadores e Sistemas de Supervisão e
Aquisição de Dados (SCADA).
• Subestações semi-automatizadas ou semi-atendidas (ABNT, 1995): A
condução de algumas operações realizadas na subestação é automática,
enquanto a de outras exigem a intervenção do operador.

2.5 TIPOS DE SUBESTAÇÃO

Partindo do ponto de vista de Borel (2010), os tipos de subestação são


definidos com base nas finalidades e condições operativas as quais estão sujeitas.
Geralmente existem dois tipos, que tratam genericamente de todas as subestações:

2.5.1 Subestação de concessionárias de serviço de energia elétrica

Figura 12 - SE Foz do Iguaçú, sob responsabilidade da concessionária de energia elétrica Furnas


(Furnas, 2011).

Estas SEs destinam-se ao suprimento público de energia elétrica, estando


distribuídas ao longo de todas as etapas do sistema elétrico de potência. São
40

edificações que operam nos níveis de transmissão, subtransmissão e distribuição. A


respeito desses subsistemas elétricos apresentam-se as seguintes considerações:

2.5.1.1 Subestações no nível de tensão de distribuição

São planejadas, projetadas e construídas segundo a norma da Associação


Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 14039 – Instalações elétricas de média
tensão de 1 kV a 36,2 kV – e resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL), além de seguir as exigências mínimas especificadas pelas
concessionárias distribuidoras de energia, expressas em suas normas de
distribuição. Normalmente são caracterizadas pelo fornecimento aos consumidores
com demandas na faixa de 75 a 2500 kW (casas, residenciais ou prédios,
estabelecimentos públicos e particulares tais como escolas, hospitais e pequenas
indústrias), no entanto, há situações particulares em que se viabilizam o atendimento
a demandas superiores, porém inferiores a 4000 kW.

2.5.1.2 Subestações no nível de tensão de subtransmissão

Essas SEs são planejadas, projetadas e construídas segundo as resoluções


da ANEEL e documentos normativos específicos das concessionárias distribuidoras
de energia. A norma NBR 11191 também apresenta padrões para subestações que
operam no nível de tensão de subtransmissão. Normalmente são caracterizadas
pelo fornecimento aos consumidores e centros de consumo com demanda superior a
2500 kW (tipos industriais de médio e grande porte, vilas e cidades).

2.5.1.3 Subestações no nível de tensão de transmissão

Geralmente, os níveis de tensão superiores a 138 kV (230 kV, 500 kV, 750
kV etc.) são utilizados nas estruturas da Rede Básica do Sistema Elétrico de
Potência, gerido pelo ONS, por isso, as SEs que trabalham nesses níveis de tensão
devem obedecer as exigências por ele estabelecidas. Além disso, as subestações
de transmissão são planejadas, projetadas e construídas segundo as resoluções da
ANEEL e, normalmente, por normas que orientam o dimensionamento dos
equipamentos típicos dessas construções. As subestações de transmissão são
41

caracterizadas pelo transporte de toda a energia fornecida pelas unidades geradoras


aos sistemas de potência.

2.5.2 Subestação industrial

Figura 13 - Subestação da Votorantim Cimentos, em Pecém, Ceará (Weg, 2011).

Essas subestações são de uso particular, devendo ser construídas nos


limites da propriedade a qual irá suprir. Mamede (2010) denomina esses tipos de
instalação como Subestações de Consumidor. Em termos de tensão de
fornecimento, a Resolução 456 / 2000 da ANEEL estabelece em quais trechos do
sistema elétrico as unidades consumidoras relacionadas podem ser conectadas.
Dentre as considerações de Mamede a respeito do atendimento à SEs Industriais
apresenta-se a seguinte:

A legislação estabelece que a concessionária de serviço público de


eletricidade obriga-se a suprir os seus consumidores em média tensão até
uma demanda máxima contratada de 2.500 kW. A partir desse valor, o
suprimento deve ser em alta tensão, ou seja, nas tensões de 69 kV, 88 kV,
138 kV ou 220 kV, de acordo com o sistema disponível no local do
empreendimento, o valor da carga a ser suprida e o cálculo econômico,
envolvendo o custo da rede de alimentação externa, o custo da subestação
e o valor da tarifa média de energia a ser consumida em cada uma das
opções mencionadas.
42

Em sua obra, ele completa dizendo que a critério da concessionária, o


consumidor poderá ser atendido em média tensão com demanda superior a 2.500
kW, a depender da disponibilidade do sistema de distribuição. Em se tratando na
prática, em áreas industriais, as concessionárias suprem os seus consumidores em
média tensão até uma demanda máxima de 4.000 kW.
A NBR 11191 (ABNT, 1989) padroniza para demandas inferiores a 4.000 kW
o suprimento energético em média tensão (13,8 kV ou 34,5 kV) e para demandas
iguais ou superiores a 4.000 kW e inferiores a 5.000 kW o suprimento energético em
alta tensão (69 kV).
Mamede diz ainda que esse tipo de subestação pode ser localizado num
único ponto da indústria ou ser distribuído em vários pontos normalmente próximos
aos centros de carga. A respeito desse assunto Borel (2010) apresenta as seguintes
considerações:

2.5.2.1 Subestação receptora

Também conhecida por Subestação Principal, pode ser atendida pela


concessionária do serviço de distribuição de energia ou pelo ONS, a depender de
condições como a topologia do sistema elétrico onde será inserida, a demanda
contratada e o local onde será instalada. Mesmo em situações em que o consumidor
disponha de geração própria, a subestação receptora da energia oriunda dessa
modalidade de geração deverá atender as exigências da ANEEL e do ONS, na
situação em que for aplicável.

2.5.2.2 Subestação de distribuição

Trata-se de subestações distribuídas pela planta industrial, para fins de


fornecimento energético às cargas em níveis de tensão usuais compatíveis. Os
níveis de tensão praticados variam entre 2,4 e 34,5 kV.

2.6 ESQUEMAS ELÉTRICOS DE SUBESTAÇÕES

A configuração básica do esquema elétrico de uma subestação é composta


de determinados conjuntos de componentes (equipamentos, materiais para
43

instalações elétricas de alta tensão e outros serviços) distribuídos obedecendo ao


diagrama unifilar do projeto e respeitando algumas regras de espaçamento. Esses
conjuntos de componentes representam trechos de circuitos denominados de “bay”,
“vão”, ou ainda, “módulo”. Todos os bays são interligados através de condutores
específicos e o trecho formado pelo conjunto de vãos é conectado a um condutor
coletor, o qual recebe a denominação de barramento.

2.6.1 Barramento

Para Rossi (2004) uma subestação representa um ponto coletor de circuitos


de entrada e saída, onde se pode estabelecer um somatório de injeção(ões) de
corrente(s) através de seu(s) barramento(s), semelhante ao que ocorre ao nó de um
circuito elétrico. Em análise de redes elétricas, tal como na análise de circuitos
elétricos pode ser aplicada a primeira Lei de Kirchhoff ou Lei das Correntes.
O barramento pode ser constituído de condutor rígido (tubos) ou flexível
(cabos). No que tange à utilização dos tipos de barramento, a Eletrobrás (1982)
afirma que o condutor rígido é mais usado para barramentos principais, em nível
inferior da SE e para trechos de alta corrente onde não seja prático o uso de
condutor flexível de grande secção transversal nem de condutores geminados
(cabos paralelos de mesma característica), enquanto que o condutor flexível é
próprio para ligações em nível superior da SE que devem ser utilizados em caso de
vãos longos ou para ligações muito curtas, a fim de dispensar o uso de conectores
de dilatação requeridos quando da utilização de condutor rígido.

2.6.2 Arranjos elétricos: arranjo de barramento e arranjo de disjuntores

A forma como se organizam as conexões entre bays e barras ou entre


barras pode ser denominada de arranjo de barramento ou esquema elétrico de
barramento, ou ainda, sistema de barras. Geralmente, essas configurações são
realizadas de tal forma que permitem as possíveis conexões através de chaves
seccionadoras ou disjuntores (Ramírez, 2003).
Algumas das configurações adotadas pelas companhias de energia elétrica
dispensam o uso de barramentos, de modo que o esquema elétrico ganha forma a
44

partir da conexão entre disjuntores. Geralmente esses sistemas apresentam a forma


de um anel.

2.6.2.1 Fatores considerados na escolha de um arranjo elétrico

O arranjo de barramento ou de disjuntores é o aspecto mais importante no


projeto de uma subestação. A sua seleção deve ser a mais criteriosa possível, isso
porque essa escolha interfere em determinados fatores, os quais são utilizados para
avaliar qual o melhor esquema elétrico para a SE projetada. São fatores
principalmente relacionados a questões econômicas (emprego de recursos
necessários ao projeto e ao estabelecimento da confiabilidade do suprimento
energético, mediante soluções de menor custo e maior simplicidade) ou relacionados
ao sistema elétrico no qual está inserido (a relação entre o esquema elétrico de uma
SE e o SEP onde ela está instalada interferem na coerência entre as características
de ambos). De acordo com a Eletrobrás (1982), os fatores classificam-se da
seguinte maneira:

Fatores técnicos: continuidade de suprimento, requisitos operacionais e de


manutenção;
Fatores econômicos: disponibilidade financeira, custo de implantação e
manutenção, custo das perdas, custos das interrupções de serviço;
Fatores locais: área necessária, condições climáticas e ambientais,
implicações ecológicas e estéticas;
Fatores sociais e políticos: por vezes inexistentes em sistemas já
desenvolvidos, mas preponderantes em sistemas pioneiros;
e ainda: previsões para expansão future da SE (conjugando vários dos
fatores acima citados).

Vale salientar que a seleção de um arranjo de barramento ou de disjuntores


é decisiva para o desempenho operacional e flexibilidade de manutenção de uma
subestação, fatores que procuram respeitar o atendimento contínuo e seguro a
todos os consumidores, mesmo durante uma falha no sistema elétrico (Sousa,
2007).

2.6.2.2 Representação dos arranjos elétricos

Conforme Borel (2010), usualmente, os componentes constituintes da


representação de um arranjo de barras ou de disjuntores são entradas e saídas de
45

linhas, chaves seccionadoras, disjuntores e barramentos. No caso da existência de


transformação de tensão na subestação é utilizada a representação do
transformador de potência para unir esquemas elétricos em diferentes níveis de
tensão.

2.6.2.3 Tipos de arranjos elétricos

As configurações possíveis para uma subestação envolvem basicamente


cinco tipos fundamentais de esquemas elétricos: Barra Simples; Barra Seccionada;
Barra Dupla; Barra Tripla; e Esquema Elétrico em Anel.
A partir desses cinco tipos abre-se um leque de possibilidades de criação de
arranjos elétricos. Borel (2010) mostra em seu documento alguns arranjos,
apresentando algumas vantagens e desvantagens:

2.6.2.3.1 Barramento simples

Figura 14 - Diagrama unifilar de um arranjo de barramento simples. Desenhado com base em diagrama
observado em Leão (2010).

Vantagens:

• Baixo investimento para implantação;


• Instalações e manobras extremamente simples (poucos equipamentos e
manobras que se resumem normalmente na ligação e desligamento de
circuitos de entrada e saída);
• Sistema de proteção simplificado;
46

• Grande facilidade na identificação de circuitos;


• Facilidade na ampliação para um esquema mais complexo;
• Requer área mínima de pátio para arranjo físico.

Desvantagens:

• Baixa flexibilidade;
• Baixa confiabilidade;
• Requer desligamento total na barra para manutenção ou ampliação;
• Usado quando há possibilidade de interrupção no abastecimento de carga.

2.6.2.3.2 Barramento simples seccionado

Figura 15 - Diagrama unifilar de um arranjo de barramento seccionado. Desenhado com base em


diagrama observado em Leão (2010).

Vantagens:

• Flexibilidade de conexão de circuitos de um lado da barra para outra;


• Permite manter a metade da subestação em operação por ocasião de uma
falha (ou manutenção) em uma seção da barra;
• Permite ampliação da barra sem desligamento total dos circuitos;
• Permite a distribuição de energia a partir de duas fontes de suprimento;
• Possibilita a instalação de um bom número de saídas.
47

Desvantagens:

• Maior custo em relação ao esquema elétrico com barramento simples;


• O seccionamento aumenta a área do pátio;
• A manutenção de um disjuntor de entrada de linha de transmissão deixa esse
ramo fora de serviço;
• Sistema de proteção mais complexo em relação ao arranjo com barramento
simples;
• Perde-se metade dos circuitos para falha num disjuntor de linha caso a barra
esteja seccionada (diminui-se a confiabilidade de atendimento a 50 % dos
circuitos de saída).

2.6.2.3.3 Barramento duplo com disjuntor simples

Figura 16 - Redesenho do diagrama unifilar de um arranjo de barramento duplo com disjuntor simples
(Borel, 2010).

Vantagens:

• Facilidade de transferência dos circuitos ligados a uma barra para a outra com
manobras simples que envolvem um disjuntor de transferência e as chaves
seccionadoras de cada circuito;
• Permite ligar todos os circuitos em apenas uma das barras;
48

• Permite manter os circuitos de saída em operação durante a manutenção de


uma barra (A ou B) ou do disjuntor de interligação de barras;
• Permite manter os circuitos de saída em operação durante as ampliações;

Desvantagens:

• Aumento da área do pátio;


• Seu custo é maior por conta dos novos recursos (disjuntor de transferência e
chaves seccionadoras) e pela maior ocupação de área;
• Falha nos barramentos (A) ou (B) pode comprometer todos os circuitos de
atendimento;
• Falha no disjuntor de transferência pode comprometer o atendimento a
circuitos ligados na barra de transferência.

2.6.2.3.4 Barramento principal e de transferência

Figura 17 - Diagrama unifiliar de um arranjo de barramento principal e de transferência. Desenhado com


base em diagrama observado em Leão (2010).

Vantagens:

• Facilidade de contornar (by-pass) os disjuntores;


49

• Facilidade em permitir que um disjuntor por vez seja substituído ou reparado


sem desligamento da carga;
• Facilidade de adição ou remoção de equipamentos da barra principal;
• Boa relação custo x benefício (custo baixo levando em consideração seus
benefícios).

Desvantagens:

• O arranjo ainda necessita de um disjuntor extra para conexão com a barra de


transferência;
• Manobras relativamente complicadas quando desejável realizar modificações
na SE.

2.6.2.3.5 Barramento duplo com disjuntor duplo

Figura 18 - Diagrama unifilar de um arranjo de barramento duplo com disjuntor duplo. Desenhado com
base em diagrama observado em Leão (2010).

Um par de circuitos (circuito de entrada mais circuito de saída) é distribuído


em duas seções de barras separadas. O arranjo mais simples possui dois
disjuntores em cada seção mais uma chave para cada circuito.
Vantagens:

• Não requer disjuntor de interligação entre as barras (disjuntor de


transferência);
50

• Permite manutenção do disjuntor sem desligamento do(s) circuito(s) de saída


respectivo(s);
• O desempenho desse esquema é satisfatório, pois as saídas nele existentes
podem ser mantidas ligadas a ambas as barras, nada se perdendo ao
desligar uma delas (em caso de defeito ou necessidade de realização de
manutenção em uma das barras);
• Maior confiabilidade.

Desvantagens:

• Custo muito elevado em relação aos arranjos anteriores em função da


quantidade de disjuntores utilizados.

2.6.2.3.6 Barramento duplo com disjuntor e meio

Figura 19 - Diagrama unifilar de um arranjo de barramento duplo com disjuntor e meio. Desenhado com
base em diagrama observado em Leão (2010).

Cada par de circuitos está em uma seção de barras separadas. Para cada
seção de barras separadas existem três disjuntores mais duas chaves para o par de
circuitos. Arranjo recomendado para subestações que manipulem grandes blocos de
energia, devido à alta segurança contra perda de carga.
Vantagens:

• Maior confiabilidade;
51

• Maior flexibilidade de manobra;


• Maior segurança no fornecimento de energia;
• Qualquer uma das barras poderá ser retirada de serviço a qualquer tempo
para manutenção;
• Falha num dos barramentos não retira circuitos de serviço.

Desvantagens:

• Um disjuntor para cada circuito mais um disjuntor de meio de seção para cada
dois circuitos (circuito de entrada e de saída) eleva bastante o custo desse
arranjo;
• Os equipamentos devem suportar a corrente de carga de duas saídas (os
disjuntores e as chaves), implicando em maior custo;
• Do ponto de vista de visualização é bastante complexo, uma vez que cada
disjuntor não está associado a apenas uma saída;
• Maior sistema de proteção.

2.6.2.3.7 Barramento triplo

Figura 20 - Diagrama unifilar de um arranjo de barramento triplo. Desenhado com base em diagrama
observado em Paredes (2002).

Paredes (2002) apresenta algumas características do arranjo de barramento


triplo:
52

Este barramento é muito custoso e somente aplica-se a casos muito


especiais. Suas principais características são:
Grande facilidade de flexibilidade de manobras.
Altos custos.
Má visibilidade da instalação e adicionado de prováveis erros de manobras.

2.6.2.3.8 Esquema elétrico em anel simples

Figura 21 - Diagrama unifilar de um arranjo de disjuntores em anel. Desenhado com base em diagrama
observado em Leão (2010).

Vantagens:

• Flexibilidade de manutenção nos disjuntores;


• Requer uso de apenas um disjuntor por circuito;
• Qualquer disjuntor pode ser removido para manutenção sem interrupção da
carga;
• Não utiliza barra principal;
• Cada circuito de saída permite dois caminhos de alimentação, tornando o
arranjo mais flexível.

Desvantagens:

• Requer maior área de pátio em relação ao esquema de barra simples


equivalente;
53

• Religamento automático e sistema de proteção relativamente complexos;


• Aplicável somente para um pequeno número de saídas, pois quando um
disjuntor estiver em manutenção, a abertura do outro disjuntor não adjacente
irá dividir o anel, podendo causar sérias perturbações no sistema;
• Assim como em qualquer circuito em anel, todos os elementos desse circuito
deverão ser dimensionados para suportar a corrente total da instalação e não
apenas para cada saída em partícula, encarecendo por vezes esse esquema;
• Requer seccionador de isolamento em todas as saídas, de modo a permitir a
recomposição do anel caso seja necessário deixar uma saída desligada
provisoriamente.

2.7 ARRANJO FÍSICO DE SUBESTAÇÕES

O arranjo físico de uma subestação (também denominado de layout)


consiste em executar o ordenamento de todos os equipamentos construtivos que
irão compor seu sistema elétrico (equipamentos elétricos, barramentos, pórticos etc.)
respeitando, sobretudo, o arranjo elétrico anteriormente selecionado (Ramírez,
2003).
Para Ramírez, a seleção de um arranjo físico para uma subestação, além de
atender principalmente ao arranjo elétrico, ela deve levar em consideração a área
disponível, os acessos ao pátio de conexões, as possíveis orientações das linhas, os
arranjos físicos aplicáveis, os aspectos físicos dos equipamentos a serem utilizados
(principalmente chaves seccionadoras), os tipos de conexão entre chaves
seccionadoras e barramento, as distâncias mínimas e de segurança, facilidades para
manutenção e futuras expansões, aspectos ambientais e de história e tradição da
companhia de energia e, obviamente os custos para adequação de todos os
componentes do arranjo físico.
O aglomerado de fatores que determinam o arranjo físico da subestação dá
origem a três formas construtivas básicas. O arranjo clássico contempla disposições
dos barramentos das SEs no nível do solo, distribuídos de maneira longitudinal. O
arranjo elevado permite que um sistema de barras para subestação seja
desenvolvido em um menor espaço, pois uma barra sustenta a outra, em contra
partida, aumenta as chances de curtos-circuitos entre as barras e a dificuldade de
manutenção. Outras formas construtivas são específicas para seccionadoras do tipo
54

pantográficas, que possibilitam considerável redução de espaço e facilidade de


manutenção, mas requerem atenção quanto as ações do vento e dos esforços
eletromecânicos (curtos-circuitos) sobre os ponto de conexão das chaves. Vale
destacar que as formas construtivas podem ser combinadas para estabelecer maior
segurança, confiabilidade e / ou flexibilidade as instalações. Maiores detalhes podem
ser consultados em Ramírez (2003).
É muito comum que as companhias de energia lancem mão do
procedimento denominado modulação para construção dos arranjos físicos de suas
subestações. Como já foi comentada anteriormente, a modulação consiste na
decomposição da subestação em conjuntos de componentes com aspectos
funcionais, operacionais e físicos bem definidos, facilitando o planejamento da
manutenção, da expansão e da estimativa do orçamento para execução dessas
atividades (Eletrobrás, 2005). A modulação não se limita apenas as montagens
eletromecânicas do pátio de conexões, mas também a toda infraestrutura nela
construída. O capítulo 5 apresenta mais detalhes sobre a concepção modular de
subestações.

Figura 22 - Exemplo de modulação aplicada a uma subestação (Eletrobrás, 2005).

Figura 23 - Área ocupada pelo layout de uma subestação (Eletrobrás, 2005).


55

3 EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
TÍPICOS DE UMA SUBESTAÇÃO
3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

De acordo com Leão (2010), os equipamentos elétricos típicos de uma


subestação podem ser distribuídos em quatro divisões:

• Equipamentos de disjunção: disjuntores, religadores, chaves;


• Equipamentos de transformação: transformadores de potência,
transformadores de instrumentos (transformador de potencial e transformador
de corrente) e transformador de serviço;
• Equipamentos de proteção: relés, fusíveis, pára-raios e malha de terra;
• Equipamentos de compensação: reatores, capacitores, compensadores
síncronos, compensadores estáticos.

Vale lembrar que além destes existem outros de uso extremamente comum
em sistemas elétricos de potência, pois deles o sistema depende para promover a
condução ou o isolamento entre os demais componentes de suas instalações, tais
como buchas, isoladores, linhas e barramentos (apresentado no capítulo 2).
Este capítulo faz uma abordagem de algumas das características dos
equipamentos de disjunção, transformação e proteção que devem ser conhecidas
pelos projetistas.

3.2 PÁRA-RAIOS

Os pára-raios são equipamentos essenciais em SEPs, isto porque


contribuem decisivamente para a confiabilidade, economia e continuidade de
operação de um sistema elétrico (D’Ajuz, 1985). São destinados a proteger os
equipamentos elétricos de uma instalação contra sobretensões transitórias de
origem externa, quando provocada por descargas elétricas atmosféricas e / ou de
origem interna, quando provocada por distúrbios internos no sistema de potência,
tais como manobras, chaveamentos, perda brusca de grandes blocos de carga etc.
56

(Barros e Gedra, 2010), impedindo que valores de tensão acima de um determinado


nível pré-estabelecido possam atingir os equipamentos para os quais fornecem
proteção, evitando que sejam danificados.
Em geral, os pára-raios são instalados nas entradas de linha, saídas de
linhas, na extremidade de alguns barramentos de subestações e próximo aos
transformadores de potência.

3.2.1 Princípio de funcionamento

Em condições nominais de operação, o pára-raios é semelhante a um


circuito aberto, em função de sua elevada resistência interna (corrente circulante
aproximadamente nula), porém quando ocorre uma sobretensão, seus
centelhadores disparam (disrupção da rigidez dielétrica do meio interno do pára-
raios), possibilitando a circulação de uma corrente de descarga no seu interior
(estabelecimento de uma condição de falta), fornecendo um caminho aberto para o
escoamento da sobretensão no sistema elétrico para a terra, impedindo que a
tensão nos terminais dos equipamentos da subestação ultrapasse determinados
valores ou que eles suportem as sobretensões por muito tempo.

3.2.2 Tipos construtivos

No tocante as características construtivas, os primeiros pára-raios eram


constituídos apenas de espaçamentos (gaps ou centelhadores) preenchidos por ar
ou gás específico, mas com o tempo, foram utilizados elementos resistores não-
lineares associados em série com seus espaçamentos para dissipação da energia
absorvida do sistema elétrico (Leão, 2010). Esses conjuntos de centelhadores e
elementos resistores não-lineares são montados no interior de um isolador cerâmico,
constituindo uma válvula dissipadora de energia altamente isolante (Rossi, 2004).
57

Figura 24 - Pára-raios tipo Estação, com isolação polimérica e de porcelana (Leão, 2010).

Atualmente, a tecnologia utilizada na construção de pára-raios utiliza


elementos resistores não-lineares na forma de pastilhas, construídas de um material
à base de Carboneto de Silício (SiC) ou Óxido de Zinco (ZnO), capazes de conduzir
as correntes de descarga associadas às tensões induzidas nas redes e em seguida
interromper as correntes subsequentes, isto é, aquelas que sucedem às correntes
de descarga após a sua condução à terra (Mamede, 2005). Há possibilidade da
eliminação dos gaps, utilizando no lugar somente resitores não-lineares, com a
condição desses materiais apresentarem uma característica suficientemente
adequada para a mesma finalidade dos centelhadores (D’Ajuz, 1985). Além de
resistores não-lineares e centelhadores, o pára-raios conta com outros dispositivos
auxiliares, tais como desligador automático, protetor contra sobrepressão e mola de
compressão (Mamede, 2005), que ajudam a suportar a tensão nominal do sistema
elétrico e os efeitos provenientes de sua operação.

3.2.3 Classificação

De acordo com Mamede (2005), os pára-raios podem ser classificados


segundo os parâmetros baseados na NBR 5424 – Guia de aplicação de pára-raios
de resistor não linear em sistema de potência:

• Classe estação: Apresentam corrente de descarga 20, 15 e 10 kA, para


serviço leve e 10 kA para serviço pesado;
• Classe distribuição: Apresentam corrente de descarga 5 kA. Dividido em
Séries A e B;
58

• Classe secundária: Apresentam tensão nominal de 1,5 kV.

3.2.4 Características elétricas

• Tensão nominal: De acordo com Mamede (2005) e Barbosa (2007), a tensão


nominal é o máximo valor eficaz de tensão dado no ensaio de ciclo de
operação, na frequência nominal, a que pode ficar submetido o pára-raios,
permanentemente, cuja operação se dá em condições satisfatórias. Seu valor
é utilizado como parâmetro de referência para outras características inerentes
ao pára-raios. Valores de tensão superiores a nominal provocam falhas de
operação, salvo os casos de sobretensões dinâmicas (transitórias)
permissíveis mediante condições previstas pelo fabricante;
• Tensão disruptiva a impulso: É o maior valor da tensão de impulso (ou de
surto), com uma forma de onda especificada, atingido antes da condução da
corrente de descarga pelo pára-raios (disrupção);
• Tensão residual: Também denominada de tensão de descarga (ABB, 2004), é
a tensão que aparece nos terminais do pára-raios, tomada em seu valor de
crista, quando da passagem da corrente de descarga. É uma das
características mais importantes do pára-raios, pois é essa a tensão a que
ficará submetido qualquer equipamento que estiver sob a sua proteção,
desde que este esteja instalado praticamente nos bornes de alimentação do
pára-raios, do contrário, a inclinação da onda por conta do transiente permitirá
tensões superiores, submetendo o equipamento protegido a severas
solicitações (Mamede, 2005);
• Nível de proteção: Entende-se a partir de Pereira (2000) que, o nível de
proteção a impulso oferecido pelo pára-raios é a maior tensão que pode
aparecer nos terminais de um pára-raios, isto é, o maior valor de tensão entre
as tensões diruptiva e residual.
• Capacidade de isolamento externo: Depreende-se de ABB (2004) que é a
capacidade do invólucro do pára-raios de resistir o maior valor de tensão (com
uma forma de onda especificada) aplicado entre seus terminais. Se o
isolamento externo deve suportar tensões superiores a do nível de proteção,
então não importa se a tensão é disruptiva ou residual.
59

• Frequência nominal: É a frequência para a qual o pára-raios foi projetado;


• Corrente de descarga nominal: É o valor da corrente de descarga proveniente
de um surto, de natureza externa ou interna, que será observada no pára-
raios quando este estiver operando adequadamente. Ela é tomada em seu
valor de crista, usada para classificar o pára-raios.
• Corrente subsequente: Ela é observada em alguns tipos de pára-raios. Após o
surto inicial de corrente, a região interna do pára-raios encontra-se altamente
ionizada, de modo que uma corrente, provocada pela tensão do sistema, a
frequência industrial, imposta aos seus terminais, pode fluir (Pereira, 2000).
Por menor que seja a energia de um surto de tensão, o equipamento afetado
conduzirá a corrente subsequente até sua próxima passagem por zero,
quando ela poderá ser interrompida (Jordan Sistema Industrial, 2011). Caso o
pára-raios não extinguir a corrente subsequente, ele poderá encontrar
dificuldades de interrompê-la, por causa das seguidas reignições
(restabelecimento do arco elétrico na região interna do pára-raios),
provocando excessivas perdas Joule e consequente falha desse
equipamento. (Mamede, 2005);
• Capacidade de curto-circuito: Conforme ABB (2004), a suportabilidade do
pára-raios a curto-circuito significa a capacidade de um pára-raios de conduzir
uma corrente de curto-circuito resultante do sistema, sem abalos violentos
que possam danificar os equipamentos próximos ou ferir pessoas. Dessa
forma a capacidade do equipamento deve ser no mínimo igual à corrente de
curto-circuito máxima no ponto onde o pára-raios for instalado;

Figura 25 - Redesenho do gráfico do comportamento da atuação de um pára-raio com gaps, observado


em D’Ajuz (1985).
60

Na figura 25 é possível observar as seguintes características elétricas:


tensão disruptiva a impulso (UA), tensão residual (UP), corrente de descarga (ia) e a
corrente subseqüente (in).
“U” corresponde à tensão do sistema elétrico onde o pára-raios encontra-se
instalado.

3.3 CHAVE SECCIONADORA

Chave seccionadora é um dos tipos de chave elétrica que pode


desempenhar nas subestações diversas funções de manobra nos pontos onde são
instaladas, por necessidade operativa ou por necessidade de isolar componentes do
sistema elétrico (equipamentos ou linhas) para a realização de manutenção nos
mesmos (D’Ajuz, 1985). Através da combinação de contatos móveis e contatos fixos,
as chaves seccionadoras podem desempenhar as seguintes funções: “by-passar”
equipamentos; isolar equipamentos; manobrar circuitos.
Elas devem ser dimensionadas para que em condições normais e com seus
contatos fechados sejam capazes de manter a condução de sua corrente nominal,
inclusive em condições de curto-circuito, sem apresentar sobreaquecimento (Barros
e Gedra, 2010).
Vale lembrar que grande parte dessas chaves foram projetadas para serem
abertas sem a existência de cargas ligadas ao sistema de potência. Essa maioria,
embora não comandadas em circuitos sob carga, mas podem operar nos casos de
restabelecimento ou interrupção de correntes insignificantes, tais como correntes de
magnetização de transformadores (a vazio) e reatores e pequenas correntes
capacitivas de linhas sem carga. Alguns tipos são de operação em carga. A respeito
destes Mamede (2005) apresenta as seguintes definições:

Por interruptor se entende o dispositivo mecânico de manobra capaz de


fechar e abrir, em carga, circuitos de uma instalação sem defeito, com
capacidade adequada de resistir aos esforços decorrentes.
Já o seccionador interruptor é o dispositivo definido como interruptor e que,
além de desempenhar esta função, é capaz de, na posição aberta, garantir
a distância de isolamento requerida pelo nível de tensão do circuito.
61

É importante frisar que esse modelo de chave não pode operar quando por
eles percorrer a sua corrente nominal suportável, tampouco operar em situação de
curto-circuito (Barros e Gedra, 2010).
É extremamente importante reconhecer através das características técnicas
da chave, se ela é apropriada ou não para realizar o processo da abertura sob
carga, pois em caso negativo, deve ser provida de recursos que impeçam sua
abertura, pois sua operação indevida implica em altos riscos de danos a si própria e
ao seu operador (Rossi, 2004).

3.3.1 Tipos construtivos

Em termos gerais, as chaves seccionadoras podem ser fabricadas tanto em


unidades tripolares e de acionamento simultâneo das três fases por comando único
ou monopolares. Cada pólo é munido de dois isoladores, um para sustentação do
contato fixo e outro para sustentação do contato móvel.
Do ponto de vista construtivo, existem vários tipos de chaves seccionadoras
para sistemas elétricos, que variam de acordo com o tipo de abertura por elas
apresentado. Muitos são os fatores que levam a escolha do tipo de seccionador a
ser usado, tornando difícil estabelecer critérios genéricos para a seleção de uma
chave a ser usada em determinada situação. Abaixo segue a lista dos tipos
construtivos de chaves seccionadoras existentes:

• Chave seccionadora de abertura lateral;


• Chave seccionadora de abertura vertical;
• Chave seccionadora de abertura vertical reverso;
• Chave seccionadora de dupla abertura;
• Chave seccionadora de abertura semipantográfica horizontal;
• Chave seccionadora de abertura semipantográfica horizontal e vertical;
• Chave seccionadora de abertura central;
• Chave seccionadora de abertura semipantográfica vertical;
• Chave seccionadora de abertura pantográfica.
62

Figura 26 - Exemplo de chave seccionadora de abertura vertical (WEG, 2011).

3.3.2 Acessórios para chaves seccionadoras

Acessórios normalmente solicitados em especificações de seccionadores


(D’Ajuz, 1985):

• Conectores para fixação de tubos ou cabos aos terminais dos seccionadores;


• Indicador de posição das lâminas (aberta ou fechada);
• Dispositivos de intertravamento entre os mecanismos de comando manual e
motorizado das lâminas dos seccionadores.

3.3.3 Características elétricas

Entre as várias características destaca-se (Mamede, 2005):

• Tensão nominal: “É aquela para a qual o seccionador foi projetado para


funcionar em regime contínuo”. Seu valor deve ser igual ou inferior à tensão
máxima de operação do sistema elétrico onde a chave seccionadora será
instalada.
• Frequência nominal: É a frequência para a qual o seccionador foi projetado.
• Corrente nominal: É o valor de corrente que o seccionador deve conduzir
continuamente sem que sejam excedidos os limites de temperatura previstos
em norma. Os valores das correntes nominais padronizadas pela ABNT são
63

200; 400; 600; 800; 1200; 1600; 2000; 2500; 3000; 4000; 5000 e 6000 A. É
interessante destacar que em subestações em tensão 69 kV é mais frequente
a utilização de chave seccionadora de 1200 e 1600 A.
• Nível de isolamento: É caracterizado “pela tensão suportável do dielétrico às
solicitações de impulso atmosférico e de manobra.”.
• Corrente suportável de curta duração: A corrente suportável nominal de curta
duração de uma chave seccionadora é o valor eficaz de corrente suportável
por um curto intervalo de tempo, nas condições de emprego e funcionamento
para as quais o equipamento foi especificado.

Ressalta-se que as correntes nominais normalizadas apresentadas pelo


autor correspondem a NBR 6935:1995 – Seccionador, chaves de terra e aterramento
rápido, norma substituída em 2006 pela NBR IEC 62271-102:2001 – Equipamentos
de alta-tensão – Seccionador e chaves de terra em corrente alternada (ABNT, 2011).
Outro detalhe é que as chaves seccionadoras podem operar sob condições de
correntes acima dos valores nominais, porém, durante intervalos de tempo
específicos, momento em que serão tomadas as devidas providências para solução
das anormalidades de corrente (casos de sobrecarga contínua, sobrecarga de curta
duração e de curto-circuito).

3.4 DISJUNTOR DE ALTA TENSÃO

O disjuntor é um equipamento eletromecânico de manobra que se destina a


interrupção e ao restabelecimento das correntes elétricas num determinado circuito
de um SEP. Ele é projetado para operar em condições normais ou anormais de
corrente elétrica, com segurança e sem danificações físicas ou térmicas para
qualquer um de seus componentes ou comprometimento da integridade física de
seu operador, sob condições ambientes muito amenas ou severas (no que diz
respeito a temperatura, umidade, poeira etc.), a qualquer momento que seja
necessário, principalmente após longo tempo de operação sob referidas condições.
Segundo D’Ajuz (1985), em relação as funções que desempenha, o disjuntor
deve ser capaz de interromper e restabelecer correntes normais de carga, de
magnetização de transformadores e reatores, correntes capacitivas de bancos de
capacitores e de linhas de transmissão operando em vazio. Sua principal aplicação é
64

a interrupção de correntes de falta tão rapidamente quanto possível, limitando ao


mínimo os possíveis danos aos equipamentos elétricos do sistema por conta do
curto-circuito. “As funções mais frequentemente desempenhadas pelos disjuntores
são, em primeiro lugar, a condução de corrente de carga na posição fechada,
seguindo-se o isolamento entre duas partes de um sistema elétrico”. Em geral, os
disjuntores são chamados a mudar de uma condição para outra ocasionalmente e a
realizar sua função de abrir e fechar circuito sob anormalidades apenas muito
raramente.
Mamede (2005) ressalta que:

Os disjuntores sempre devem ser instalados acompanhados da aplicação


dos relés respectivos, que são os elementos responsáveis pela detecção
das correntes elétricas do circuito que, após analisadas por sensores
previamente ajustados, podem enviar ou não a ordem de comando para sua
abertura. Um disjuntor instalado sem os relés correspondentes transforma-
se apenas numa excelente chave de manobra, sem qualquer característica
de proteção”

3.4.1 Tipos construtivos

Segundo Barros e Gedra (2010), os disjuntores são classificados pela


tecnologia empregada para efetuar a extinção do arco. Os autores apresentam os
tipos de disjuntor de alta tensão mais comuns:

• Disjuntor a Óleo: Os disjuntores a óleo dividem-se em disjuntores de grande


volume de óleo (Disjuntor GVO) e de disjuntores de pequeno volume de óleo
(Disjuntor PVO), sendo atualmente os do segundo tipo os mais utilizados. O
que os diferencia principalmente é a quantidade de óleo utilizada, tamanho
físico e alguns detalhes construtivos;
• Disjuntor a Sopro magnético: Esses equipamentos foram fabricados para
operação em sistemas elétrico de média tensão. Atualmente não é comum
sua utilização;
• Disjuntor a Ar Comprimido: Sua aplicação é restrita às subestações de tensão
superior a 69 kV. Existem dois sistemas de extinção de arco elétrico que
podem ser utilizados nesse tipo de disjuntor, que são o sistema de sopro
unidirecional e o sistema de sopro bidirecional;
65

• Disjuntor a gás hexafluoreto de enxofre (SF6): Sua estrutura molecular


simétrica e estável torna-o um gás nobre. Suas vantagens em relação a
outros meios dielétricos (óleo, ar seco, vácuo) são aproveitadas em
disjuntores com tensões que variam de 13,8 kV até 500 kV;
• Disjuntor a Vácuo: Barros e Gedra (2010) Acreditam ser o disjuntor com
sistema para extinção de arco elétrico mais eficiente, pois os danos
provenientes da ocorrência do arco no interior do disjuntor são reduzidos, o
que significa aumento na vida útil do equipamento.

Mamede (2005) mostra, além dos tipos construtivos, os sistemas de


acionamento dos disjuntores: sistema de mola; sistema de solenóide; sistema de ar
comprimido; sistema hidráulico.

3.4.2 Princípio de funcionamento

Como foi mencionado, o disjuntor não opera em caso de anormalidade de


corrente no sistema de potência se não com o relé de proteção contra sobrecorrente,
dispositivo de proteção que comanda a sua abertura, a ser abordado no capítulo 4.
Conforme Leão (2010), em relação ao funcionamento dos disjuntores, interpreta-se
que, basicamente, o relé detecta a condição de anormalidade, usando para tanto, no
caso da proteção contra sobrecorrente, o transformador de corrente, que por sua vez
conduz a corrente de linha da fase protegida através de seu primário e reflete um
sinal de corrente proporcionalmente menor no seu secundário. Quando a corrente
de linha excede um valor pré-configurado os contatos normalmente abertos do relé
serão fechados, ao passo que a bobina de abertura do disjuntor (tripping coil) será
energizada provocando a abertura de seus contatos principais. Durante a abertura
dos contatos principais o sistema de extinção de arco elétrico deverá eliminar a
ionização do meio onde se localizam os contatos, além de realizar o resfriamento do
arco.
66

Figura 27 - Redesenho do diagrama funcional do circuito básico de interrupção do disjuntor, observado


em Leão (2010).

3.4.3 Características elétricas

Dentre as principais, destaca-se:

• Tensão nominal: É o valor eficaz da tensão pela qual o disjuntor é designado.


Ela deve ser igual à tensão máxima de operação do sistema em que o
disjuntor será aplicado;
• Nível de isolamento: Conjunto de valores de tensões suportáveis de natureza
externa (descarga atmosférica) ou interna (sobretensão de manobra)
normalizadas, que um disjuntor deve suportar em condições previstas em
ensaios;
• Corrente nominal: “É o valor eficaz da corrente de regime contínuo que o
disjuntor deve ser capaz de conduzir indefinidamente sem que a elevação de
temperatura das suas diferentes partes exceda os valores determinados nas
condições especificadas nas respectivas normas” (Mamede, 2005);
• Corrente de interrupção: “É a corrente num pólo de um disjuntor, no início do
arco, durante uma operação de abertura” (Mamede, 2005);
• Corrente suportável de curta duração: “É o valor eficaz da corrente que um
disjuntor pode suportar, na posição fechada, durante um curto intervalo de
tempo especificado nas condições prescritas de emprego e de
funcionamento” (Mamede, 2005).
67

3.5 RELIGADOR AUTOMÁTICO

Religador é um dispositivo interruptor dotado de uma determinada


capacidade de repetição em operações de abertura e fechamento de circuitos
elétricos, durante a ocorrência de um defeito (Mamede, 2005). Essa capacidade
característica do equipamento é bastante desejável na aplicação em redes aéreas
de distribuição das concessionárias de energia elétrica, visto que a possibilidade de
distinção entre faltas permanentes e transitórias nesses circuitos, demandando
menores condições para restabelecimento dos circuitos elétricos. A referida
vantagem em relação a outros dispositivos de proteção de circuitos (p. ex. chaves
fusíveis) pesa muito, pois segundo dados estatísticos, a maioria dos curtos-circuitos
que ocorrem em um sistema de distribuição aéreo de condutores nus é de natureza
transitória (Almeida, 2000).
A partir das informações de Almeida (2000) e Mamede (2005), entende-se
que, basicamente, o religador é constituído por um mecanismo projetado para abrir e
fechar circuitos em carga ou em curto-circuito, comandado por dispositivos de
proteção contra sobrecorrente e religado através de relé de religamento (função 79).
Para a extinção de arcos elétricos inerentes às suas operações de abertura e
fechamento, ele usa mecanismos de acionamento e meios de interrupção de arco
elétrico similares aos dos disjuntores.

3.5.1 Princípio de funcionamento

A respeito da operação básica de religadores, Almeida (2000) explica:

O religador ao sentir uma condição de sobrecorrente, interrompe o circuito,


religando-o automaticamente, após um tempo predeterminado. Se perceber,
no momento do religamento, que o defeito ainda persiste, repete a
sequência “disparo x religamento”, até três vezes consecutivas. Após o
quarto disparo, o mecanismo de religamento é travado, deixando aberto o
circuito.
A repetição da sequência “disparo x religamento”, permite que o religador
teste repetidamente se o defeito desapareceu, possibilitando diferenciar um
defeito transitório de um permanente.

Esse equipamento é projetado para realizar no máximo 3 religamentos e 4


disparos, no entanto, a quantidade do primeiro pode ser ajustada e a do segundo
sempre se segue após o último religamento pré-ajustado, ou seja, depende da
68

quantidade de religamentos. Os disparos podem ser rápidos (ou instantâneos) ou


lentos (ou temporizados), podendo ser uma combinação de disparos ou somente um
deles.

Figura 28 - Diagrama de um religador instalado na saída de um alimentador.

Na figura 28, IF corresponde a corrente de falta e F o ponto onde ela


ocorreu. Considerando um religador instalado na saída de um circuito elétrico aéreo
de distribuição (alimentador), ajustado para desenvolver quatro disparos, dois
rápidos (instantâneos), seguidos por dois lentos (temporizados), e que a falta no
ponto F seja permanente, a sequência de operação completa pode ser representada
pelo seguinte gráfico:

Figura 29 - Gráfico do princípio de operação de um religador. Redesenho do gráfico observado em


Almeida (2000).

Como nesse caso a falta é permanente, o religador irá realizar a sequência


completa apresentada na figura 29 (até bloquear o circuito que protege),
permanecendo aberto até receber um comando de fechamento. Se a falta
desaparecesse antes do religador desenvolver completamente sua sequência (antes
do último disparo), ele não bloquearia o circuito e, dentro de um certo intervalo de
tempo ele iria se restabelecer ou rearmar (tempo de rearme), ficando pronto para
uma nova operação.
69

3.5.2 Aplicação

O que justifica a apresentação do religador neste trabalho é sua larga


aplicação na proteção de alimentadores primários de distribuição, sendo instalados
geralmente na saída de alimentador(es) de uma subestação de distribuição
(Almeida, 2000). Também são largamente utilizados para proteção contra
sobrecorrente ao longo da rede elétrica de distribuição primária.

3.5.3 Tipos construtivos

Em concordância com as ideias de Mamede (2005) é possível classificar os


tipos religadores nos seguintes modos:

Quanto ao meio de interrupção de arco elétrico:

• Religador de interrupção em óleo;


• Religador de interrupção em vácuo;
• Religador de interrupção em gás SF6.

Quanto a aplicação:

• Religador automático para subestação;


• Religador automático para sistemas de distribuição.

Quanto ao sistema de acionamento:

• Sistema de mola;
• Sistema de solenóide;
• Sistema hidráulico.

Quanto ao sistema de controle:

• Sistema de controle hidráulico;


70

• Sistema de controle a relés;


• Sistema de controle a circuitos eletrônicos;

Todos os religadores apresentam basicamente uma unidade religadora,


destinada as manobras de abertura e fechamento do circuito onde o equipamento
está instalado e uma unidade de controle, um painel com componentes para controle
e comando das manobras da unidade religadora, além dos componentes para
sinalização.
Os religadores para uso específico em subestações diferenciam-se daqueles
para uso em sistemas de distribuição principalmente devido o mecanismo de
manobra, enquadrando-se aí os dispositivos sensores.
Enquanto os religadores para subestação são dotados de relés de
sobrecorrente, que precisam de alimentação auxiliar em corrente contínua ou
alternada (normalmente a mesma fonte utilizada pelos demais dispositivos da
subestação) para suprimento na falta da alimentação principal, os religadores para
sistemas de distribuição são auto-suficientes quanto ao mecanismo de manobra
associado aos dispositivos sensores (mecanismo eletromecânico associado a relés
de proteção contra sobrecorrente ou circuito eletrônico, ou ainda, mecanismo
hidráulico associado a bobina série), isto é, não há necessidade de fonte auxiliar
para alimentar os dispositivos sensores que impulsionam o mecanismo de manobra.

3.5.4 Características elétricas

Entre várias, destacam-se:

• Tensão nominal: Valor eficaz da tensão pela qual o religador é designado. Ela
deve ser igual à tensão máxima de operação do sistema em que o disjuntor
será aplicado;
• Tensão suportável a impulso atmosférico: É o valor de surto de natureza
externa (descarga atmosférica) ou interna (sobretensão de manobra)
normalizado, que um religador deve suportar em condições previstas em
ensaios;
71

• Corrente nominal: Valor eficaz da corrente de regime contínuo que o religador


deve ser capaz de conduzir por tempo indefinido sem que a solicitação
térmica do equipamento exceda os valores determinados nas condições
especificadas nas respectivas normas;
• Corrente de interrupção: É o valor assimétrico da corrente de curto-circuito
máximo em um pólo de um religador (no início do arco voltaico), durante uma
operação de abertura, que ele será capaz de interromper;
• Correntes e curvas de atuação ajustáveis: O modo de operação do religador
depende dos ajustes de corrente de atuação e das curvas de atuação as
quais ele deve obedecer. Esses ajustes devem permitir coordenação e
seletividade (características mostradas no capítulo 4) com outros
equipamentos de proteção a montante e a jusante.

3.5.5 Curvas de atuação para religadores

Existem vários grupos de curvas de atuação para religadores. Eles variam


de acordo com o dispositivo sensor utilizado para comando do mecanismo de
manobra (relés de sobrecorrente, circuito estático de temporização da proteção
contra sobrecorrente, bobina série). Podem ser grupos com curvas de atuação tanto
de tempo definido quanto de tempo inverso, com características corrente x tempo
específicas para religadores (curvas tradicionais para religadores) ou para relés de
proteção contra sobrecorrente integrados nesses equipamentos, previstas em
padrões, tais como IEC (Comissão Eletrotécnica Internacional, em inglês
International Electrotechnical Comiission) e IEEE / ANSI (Instituto de Engenheiros
Eletricistas e Eletrônicos / Instituto Nacional Americano de Padrões, em inglês
Institute of Electrical and Electronics Engineers / American National Standards
Institute). No que diz respeito aos grupos de curva de atuação para relés de
proteção contra sobrecorrente, no capítulo 4 são apresentas algumas informações
relativas às normas IEC 60255:1989 – Relés Elétricos - Relés de medição e
equipamentos de proteção a uma simples grandeza de alimentação de entrada à
tempo dependente ou independente – e IEEE C37.112:1996 – Equações
características de tempo-inverso padrão IEEE para relés de sobrecorrente.
De acordo com Almeida (2000), o sistema de controle dos religadores pode
operar usando temporização dupla. Essa temporização divide as curvas de atuação
72

em rápidas (curvas de tempo definido ou inverso baixas) e lentas (curvas de tempo


definido ou inverso altas). Conforme a operação mais conveniente do sistema
elétrico escolhe-se uma sequência de operação e definem-se as curvas de atuação
para cada disparo da sequência. Como já foi dito anteriormente, pode ser feita
diversas combinações entre disparos rápidos e lentos, sendo mais comum ajustar os
primeiros disparos rápidos seguidos de disparos lentos.

3.6 TRANSFORMADORES DE INSTRUMENTOS (TIs)

Os instrumentos de medição e proteção utilizados em sistemas elétricos de


potência são desprovidos de isolação necessária para que sejam aplicadas
diretamente neles altas tensões, ou seja, não podem ser ligados diretamente em um
circuito de alta tensão. Para que eles possam executar suas funções eles
necessitam do auxílio dos transformadores de instrumentos. Esses transformadores
intermediam as ligações entre os instrumentos e as instalações elétricas de alta
tensão, de modo a proporcionar-lhes o isolamento que não possuem para circuitos
de potência. A função dos TIs é fornecer informações sobre o comportamento
elétrico dos SEPs para os dispositivos medidores e protetores, permitindo o
monitoramento das características elétricas do sistema, que serão utilizadas para as
tomadas de decisões de operadores e instrumentos de proteção. D’Ajuz (1985)
explica resumidamente como isto acontece:

Os medidores e relés de proteção do tipo de corrente alternada são atuados


por tensões e correntes supridas por transformadores de potencial e de
corrente. [...] Eles [...] suprem os relés e medidores com quantidades
proporcionais aos circuitos de potência, mas suficientemente reduzidas, de
forma que estes instrumentos podem ser fabricados relativamente
pequenos, do ponto de vista de isolamento.

Essa explicação revela o nome dos dois tipos de transformadores de


instrumentos que existe:

• Transformador de Corrente (TC);


• Transformador de Potencial (TP).
73

Interpretando as informações de Barro e Gedra (2010) pode-se dizer que as


características construtivas dos transformadores de instrumentos são projetadas
dependendo da finalidade a qual serão destinados, entretanto, todos possuem um
enrolamento primário, que está conectado ao sistema elétrico e um enrolamento
secundário, em que estão conectados os dispositivos de medição e proteção. Todo
transformador possui valores nominais de tensão (no caso dos TPs) e de corrente
(em relação os TCs ) nos enrolamentos primário e secundário. A divisão entre os
valores nominais primário e secundário determina a chamada relação de
transformação, o fator que estabelece a relação entre o valor da tensão (TP) ou da
corrente (TC) que está passando pelo primário e valor que está saindo do
secundário. Em se tratando, ainda, dos valores primários e secundário dos TPs e
TCs, Barros e Gedra (2010) destacam:

[...] os valores de saída de um transformador para instrumento não são


fixos, mas variam em função do valor que percorre o circuito primário, que
está conectado na rede elétrica, sendo o valor de saída no seu circuito
secundário proporcional à relação de transformação.

No capítulo 4 serão apresentados os valores nominais da relação de


transformação dos TPs e TCs, segundo suas respectivas normas, a NBR 6855 –
Transformador de Potencial – Especificação, e a NBR 6856 – Transformador de
Corrente – Especificação, utilizados para o dimensionamento de dispositivos de
proteção de SEPs.
Na prática, o valor de saída dos transformadores de instrumentos não
corresponde ao valor que deveria ser transformado, seguindo a relação de
transformação. Isto quer dizer que na transformação do valor primário para o valor
secundário foi introduzido um erro, em função de fatores como as características
construtivas dos transformadores e carga ligada em seu circuito secundário. Esse
erro é previsto em norma e sempre deve estar dentro do limite permissível pela
chamada classe de exatidão, o valor correspondente ao percentual de erro na
transformação que os TP e TC podem apresentar (Barros e Gedra, 2010). A classe
de exatidão acaba por classificar os transformadores de instrumento em dois tipos:
os de medição e os de proteção, tanto para TPs quanto para TCs.
74

3.6.1 Transformador de corrente (TC)

Como foi explicado, os transformadores de corrente são equipamentos que


reduzem altos valores de corrente recebidos pelo seu enrolamento primário, em
níveis de correntes menores, valores compatíveis com os usados em dispositivos de
medição e proteção, fornecidos pelo seu enrolamento secundário.

3.6.1.1 Princípio de funcionamento

Compreende-se das informações de Rossi (2004) que, o transformador de


corrente baseia-se no princípio da indução eletromagnética. Basicamente, seu
enrolamento primário, constituído de bobina com NP espiras, recebe corrente da
rede elétrica. Essa corrente gera um fluxo magnético que se concentra em seu
circuito ferro-magnético, denominado de núcleo do TC, o qual acopla o fluxo ao
enrolamento secundário, constituído de bobina de NS espiras, que por sua vez
disponibiliza em seus terminais uma tensão de alimentação a uma carga secundária,
dimensionada para permitir a circulação de corrente reduzida segundo os valores
desejados.

3.6.1.2 Classificação dos transformadores de corrente

Sabe-se que os transformadores de corrente são classificados basicamente


em dois tipos:

• Transformadores de Corrente para serviço de medição;


• Transformadores de Corrente para serviço de proteção.

A NBR 6856 subdivide os dois tipos, de acordo com os valores observados


quanto à reatância de dispersão do fluxo magnético no enrolamento secundário.
D’Ajuz (1985) exibe a seguinte classificação:

• Classe A: Esse transformador possui alta impedância interna, cuja reatância


de dispersão do enrolamento secundário possui valor apreciável.
75

• Classe B: Esse transformador possui baixa impedância interna, cuja reatância


de dispersão do enrolamento secundário possui valor desprezível.

3.6.1.3 Tipos construtivos

Os TCs são construídos de diferentes formas para diferentes aplicações, de


conformidade com as correntes primárias e secundárias desejadas e com o tipo de
instalação.
Esses equipamentos, quanto à forma, podem ser dos seguintes tipos:

• Tipo enrolado;
• Tipo barra;
• Tipo janela;
• Tipo bucha;
• Tipo com núcleo dividido;
• Tipo com vários enrolamentos primários;
• Tipo com vários núcleos secundários;
• Tipo com vários enrolamentos secundários;
• Tipo derivação no secundário.

O tipo de instalação determina algumas das características construtivas


ideais para aplicação em instalações elétricas de alta tensão ao tempo ou abrigadas.
Quanto a esses tipos podem ser:

• TCs para uso externo: aplicado em instalações elétricas ao tempo;


• TCs para uso interno: aplicado em instalações elétricas abrigadas.

Quanto ao tipo de isolação tem-se:

• TCs encapsulados em resina epóxi;


• TCs construídos em tanque metálico preenchido com óleo isolante;
• TCs construídos com isolação a papel-óleo-quartzo.
76

3.6.1.4 Características elétricas

Interpretando as informações de Mamede (2005) e D’Ajuz (1985), referentes


as características elétricas básicas do TC, apresentam-se as seguintes
considerações:

• Correntes nominais: As correntes nominais primárias devem ser compatíveis


com a corrente de carga do circuito primário do sistema de potência. Os
valores nominais primários para TCs com um enrolamento primário serão
apresentados no capítulo seguinte. Já as correntes nominais secundárias são
geralmente iguais a 5 A, excetuando algumas situações em que há TCs com
corrente secundária igual a 1 A;
• Cargas nominais: A seleção de um TC requer um estudo da carga (ou
também chamada de burden) que será atendida, considerando não somente
a impedância dos dispositivos que serão ligados em seu circuito secundário,
mas também a impedância e o comprimento dos condutores que realizarão as
devidas interligações. A seleção incorreta de um transformador de corrente
para determinado valor de carga implicará na introdução de erro na
transformação efetuada pelo equipamento. Valores nominais de carga variam
de 2,5 VA a 200 VA;

Tabela 1 - Cargas nominais padronizadas pelas normas ANSI e ABNT (D’Ajuz, 1985).

Designação Resistência Indutância Potência nominal Fator de potência Impedência


ANSI ABNT Ω mH VA - Ω
B-0,1 C2,5 0,09 0,116 2,5 0,9 0,1
B-0,2 C5,0 0,18 0,232 5,0 0,9 0,2
B-0,5 C12,5 0,45 0,580 12,5 0,9 0,5
B-1 C25 0,50 2,300 25,0 0,5 1,0
B-2 C50 1,00 4,600 50,0 0,5 2,0
B-4 C100 2,00 9,200 100,0 0,5 4,0
B-8 C200 4,00 18,400 200,0 0,5 8,0

• Tensão secundária: A tensão fornecida no terminal secundário do


transformador de corrente;
77

Tabela 2 - Tensões secunárias dos TCs (Mamede, 2005).

Carga Tensão secundária TC normalizado


VA V Classe A Classe B
C2,5 10 A10 B10
C5,0 20 A20 B20
C12,5 50 A50 B50
C25 100 A100 B100
C50 200 A200 B200
C100 400 A400 B400
C200 800 A800 B800

• Frequência nominal: Frequência para tal o TC foi projetado;


• Tensão máxima do equipamento: É a tensão máxima eficaz para a qual o
transformador de corrente foi projetado para operar em regime contínuo.
• Nível de isolamento: A estrutura dielétrica dos transformadores de corrente
deve ser capaz de suportar níveis de tensões nominais a acometer os
sistemas elétricos onde o equipamento está instalado.
• Corrente suportável de curta duração: É também conhecida como corrente
térmica nominal. Segundo Mamede (2005), corresponde ao “valor eficaz da
corrente primária de curto-circuito simétrico que o TC pode suportar por um
tempo definido, em geral, igual a 1 s, estando com o enrolamento secundário
em curto-circuito, sem que sejam excedidos os limites de elevação de
temperatura especificados por norma.”.
• Fator de sobrecorrente: De acordo com Mamede (2005), o fator também
conhecido como fator de segurança deve ser multiplicado pela corrente
nominal primária do TC para obtenção da máxima corrente no seu circuito
primário, que garante a manutenção do erro previsto para o equipamento, ou
seja, a sua classe de exatidão. É importante esclarecer que o valor desse
fator previsto em norma se mantém apenas para o valor da carga nominal do
TC;
• Fator térmico nominal: “é aquele em que se pode multiplicar a corrente
nominal primária de um TC para se obter a corrente que pode conduzir
continuamente, na frequência nominal e com cargas especificadas, sem que
sejam excedidos os limites de elevação de temperatura definidos por norma”;
78

• Classe de exatidão: Exprime nominalmente o erro esperado do transformador


de corrente. Os TCs para serviço de medição são enquadrados segundo a
NBR 6856 nas classes de exatidão 0,3; 0,6; 1,2; e 3,0; enquanto que os TCs
para serviço de proteção são enquadrados segundo a mesma norma nas
classes de precisão 5 e 10.

3.6.1.5 Designação de um transformador de corrente

O transformador de corrente é identificado através de alguns parâmetros


elétricos básicos. De acordo com Mamede (2005), a NBR 6856 designa um TC para
serviço de proteção, colocando em ordem os parâmetros abaixo:

• Classe de exatidão;
• Classe quanto à reatância;
• Tensão secundária para 20 vezes a corrente nominal.

Para exemplificar essa situação, o autor cita um transformador de corrente


C100, de alta reatância, para uma classe de exatidão de 10 %, designado por
10A400.
Para TCs destinados ao serviço de medição são postos em ordem os
parâmetros abaixo:

• Classe de exatidão;
• Carga secundária padronizada.

Para demonstração desse caso é citado pelo autor um transformador de


corrente para atendimento a uma carga de 20 VA (carga dos dispositivos mais as
perdas nos fios de interligação), destinado à medição de energia para fins de
faturamento, designado por 0,3C25. A classe de exatidão 0,3 corresponde ao erro
máximo da corrente medida tolerado, previsto por norma, valor ideal para a
aplicação anteriormente citada.
79

3.6.1.6 Abertura do circuito secundário de um transformador de corrente

A partir dos dados de D’Ajuz (1985), entende-se que o circuito secundário de


um transformador de corrente nunca pode ser aberto quanto se tem corrente fluindo
no circuito primário, pois a corrente primária irá induzir no enrolamento secundário
uma f.e.m de valor elevadíssimo. Dessa forma, as tensões nos terminais do
secundário do TC irão trazer riscos extremamente fatais, não apenas para o
equipamento em si e os instrumentos nele ligados, mas, principalmente, para os
operadores que estiverem trabalhando em suas proximidades. A situação do circuito
secundário aberto de um TC enquanto ele estiver operando deve sempre que
possível evitada. Caso seja necessário trabalhar com o TC em operação, é
fundamental que primeiramente seus terminais secundários sejam curto-circuitados,
utilizando condutor seguramente conectado aos terminais, com capacidade para
suportar a corrente secundária, inclusive aquela que poderá aparecer em caso de
circulação de corrente de curto-circuito em seu enrolamento primário.

3.6.2 Transformador de potencial (TP)

Semelhante a maneira como foi apresentado o TC, os transformadores de


potencial são equipamentos que reduzem altos valores de tensão recebidos pelo
seu enrolamento primário, em níveis de tensão menores, valores usados em
dispositivos de medição e proteção, fornecidos pelo seu enrolamento secundário.

3.6.2.1 Princípio de funcionamento

A partir das informações de Rossi (2004), interpreta-se que, o transformador


de potencial também se baseia no princípio da indução eletromagnética.
Basicamente, seu enrolamento primário, constituído de bobina com NP espiras,
recebe tensão da rede elétrica, excitação que promove o surgimento um fluxo
magnético que se concentra em seu circuito ferro-magnético, denominado de núcleo
do TP, o qual o acopla também a um enrolamento secundário, constituído de bobina
de NS espiras, que por sua vez, evidentemente, disponibiliza em seus terminais uma
tensão de alimentação, dimensionada para um valor compatível com a isolação dos
instrumentos nele ligados.
80

3.6.2.2 Classificação dos transformadores de potencial

Assim como os TCs, os transformadores de potencial são classificados


basicamente em dois tipos:

• Transformadores de Potencial para serviço de medição;


• Transformadores de Potencial para serviço de proteção.

A respeito dos dois tipos, Mamede (2005) explica que não existe diferença
entre eles, a não ser pelo erro que introduzem nos valores medidos em seus
secundários (classe de exatidão).
Além das divisões anteriores, D’Ajuz (1985) exibe subdivisões dos dois tipos
de TPs:

• Transformadores de potencial indutivos (TPI);


• Transformadores de potencial capacitivos (TPC);
• Divisores capacitivos;
• Divisores resistivos;
• Divisores mistos (capacitivo / resistivo)

As três últimas subdivisões normalmente destinam-se a circuitos de ensaio e


pesquisa em laboratório. Para tensões compreendidas entre 600 V e 69 kV, os TPIs
são dominantes, já para tensões acima de 69 kV até 138 kV não há preferência no
uso, no entanto, determinados sistemas de telecomunicações ou de telecomando de
SEs requerem o uso do TPC, e por fim, para sistemas elétricos superiores a 138 kV
predominam a aplicação de TPCs.

3.6.2.3 Tipos construtivos

Conforme Mamede (2005), os TPs são fabricados de acordo com o grupo de


ligação requerido, com as tensões primárias e secundárias necessárias e com o tipo
de instalação.
81

Os Transformadores de potencial indutivos podem ser construídos em epóxi,


isto é, seu núcleo e enrolamentos são encapsulados através de processos
especiais, evitando a formação de bolhas em seu interior e, consequentemente,
riscos de danos e / ou falhas, ou podem ser de construção em óleo, quando seu
núcleo e enrolamentos são montados no interior de um tanque preenchido com óleo
isolante. A construção de ambos os tipos pode variar dependendo do tipo de
instalação elétrica em que serão utilizados (instalações internas ou externas).
Já os transformadores de potencial capacitivos são construídos basicamente
com dois conjuntos de capacitores ligados em série, imersos no interior de um
invólucro de porcelana. As colunas capacitivas representam um divisor capacitivo de
tensão, funcionando como redutoras de potencial, além disso, permitem a
comunicação através de um sistema de telecomunicações denominado carrier. Na
base dos TPs, as colunas capacitivas são ligadas ao transformador de potencial
propriamente dito, cujo enrolamento primário recebe a tensão reduzida pelo divisor
capacitivo de potencial.

3.6.2.4 Grupos de ligação

Mamede (2005) apresenta os três grupos de ligação previstos na norma


NBR 6855:

• Grupo 1: Transformador de potencial projetado para ligação entre fases;


• Grupo 2: Transformador de potencial projetado para ligação entre fase e
neutro de sistemas diretamente aterrados;
• Grupo 3: Transformador de potencial projetado para ligação entre fase e
neutro de sistemas que não atenda às condições estabelecidas para sistemas
diretamente aterrados, mas que não seja isolado do ponto de referência terra.

3.6.2.5 Características elétricas

A partir das informações de Mamede (2005) e D’Ajuz (1985), ligadas as


características elétricas básicas do TP, apresentam-se as seguintes considerações:
82

• Tensões nominais: esses valores devem ser compatíveis com os valores das
tensões de operação dos sistemas de potência aos quais os TPs estão
ligados. Por norma, se a tensão no enrolamento primário do TP exceder o seu
valor nominal primário, esta deverá ser no máximo superior 10 %. Os valores
nominais primários para TPs serão apresentados no capítulo seguinte. A
tensão secundária é padronizada em 115 V, para TPs do grupo de ligação 1 e
115√3 V para TPs pertencentes aos grupos de ligação 2 e 3.
• Cargas nominais: as observações são equivalentes aquelas para TCs.
Valores nominais de carga variam de 12,5 VA a 400 VA.

Tabela 3 - Características elétricas dos TPs (Mamede, 2005).

Cargas nominais Características a 60 Hz e 120 V Características a 60 Hz e 66,3 V

Designação Potência Fator de


Resistência Indutância Impedância Indutância Impedância
aparente potência Resistência Ω
ABNT ANSI Ω mH Ω mH Ω
VA -

P12,5 W 12,5 0,10 115,2 3.402 1.152 38,4 1.014 348


P25 X 25 0,70 403,2 1.092 576 134,4 364 192
P75 Y 75 0,85 163,2 268 192 54,4 89,4 64
P200 Z 200 0,85 61,2 101 72 20,4 33,6 24
P400 ZZ 400 0,85 30,6 50 36 10,2 16,8 12

• Frequência nominal: Frequência para tal o TP foi projetado;


• Potência térmica nominal: É a potência que o TP pode suprir continuamente,
sem que sejam excedidos os limites de temperatura nominais. Deve ser
criteriosamente apurada para que se mantenha a classe de exatidão
estabelecida para o equipamento.

Tabela 4 - Potência térmica dos TPs (Mamede, 2005).

Potência térmica
Designação Grupos 1 e 2 Grupo 3
VA VA
P12,5 18 50
P25 36 100
P75 110 300
P200 295 800
P400 590 1.600
83

• Uso interno ou externo: se o TP é designado para instalações elétricas ao


tempo ou abrigadas;
• Classe de exatidão: Exprime nominalmente o erro esperado do transformador
de potencial. Os TPs utilizados nas medições em laboratório ou em
aplicações em que se desejam resultados bastante precisos são enquadrados
na classe de exatidão 0,1, enquanto que TPs para medição de energia
elétrica são enquadrados na classe de precisão 0,3. TPs de classe 0,6 são
usados para suprimento de dispositivos de proteção e medidores de energia
elétrica sem fins de faturamento e os de classe 1,2 e 3 são aplicados na
medição indicativa de tensão, sem maiores requisitos de precisão.

3.6.2.6 Designação de um transformador de potencial

Visto que a diferença entre os TPs de medição e proteção limita-se apenas à


classe de precisão (Mamede 2005) é suficiente que, na designação de ambos
transformadores são postos em ordem os seguintes parâmetros:

• Classe de exatidão;
• Carga secundária padronizada.

A exemplo de designação pode-se citar um transformador de potencial para


atendimento a uma carga de 150 VA (carga dos dispositivos mais as perdas nos fios
de interligação), destinado à medição de energia sem fins de faturamento,
designado por 0,6P200.

3.7 TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA

Um sistema elétrico de potência de corrente alternada opera, em cada uma


de suas partes, com a tensão mais adequada a pontos de vista técnicos e
econômicos. Essa flexibilidade de tensão é obtida através dos transformadores de
potência (D’Ajuz, 1985).
Em consulta as informações de Rossi (2004), depreende-se que, os
transformadores de potência são um dos mais importantes equipamentos de uma
subestação.
84

O conteúdo relativo aos transformadores de potência são informações para


além de trabalhos inteiramente dedicados a eles, por isso, este documento pretende
se ater apenas as considerações básicas desses equipamentos.
Segundo Barros e Gedra (2010), o conceito de transformador, em resumo,
corresponde a “uma máquina elétrica estática que, por meio de indução
eletromagnética, transfere energia elétrica de um circuito (primário) para outros
circuitos (secundário e / ou terciário), mantendo a mesma freqüência, mas
geralmente com valores de tensão e corrente diferentes”. O transformador de
potência é assim chamado quando se refere ao equipamento aplicado no contexto
de sistemas elétricos de potência.

3.7.1 Princípio de funcionamento

Como já foi dito anteriormente, o transformador funciona partindo do


princípio da indução eletromagnética. Considerando um transformador elementar
monofásico, composto por um circuito magnético formado por chapas empilhadas e
isoladas entre si, denominado núcleo do transformador, mais duas bobinas de
condutor elétrico, uma ligada no lado da alimentação elétrica, denominada de
primária, e outra ligada na saída do transformador, chamada de secundária; a sua
operação dar-se-á a partir do acoplamento entre circuitos primário e secundário,
através de um fluxo magnético mútuo, criado pela corrente de excitação primária e
fechado através do núcleo comum aos enrolamentos (Rossi, 2004).

Figura 30 - Princípio de funcionamento de um transformador monofásico (D’Ajuz, 1985).


85

Ao ser aplicado uma tensão V1 variável (Vca) no circuito primário, a corrente


I1 variável circulante em sua bobina, constituída de N1 espiras, gera um fluxo
magnético Φ, também variável, que por sua vez é conduzido ao circuito secundário
através do núcleo do transformador. O fluxo magnético variável atravessa a bobina
do circuito secundário, constituída de N2 espiras, induzindo nela uma tensão V2
(Leão, 2010). A observação da corrente I2 no circuito secundário só é possível se a
ele for ligada uma determinada carga. É importante lembrar que não existe conexão
elétrica entre a entrada e a saída do transformador, mas apenas uma conexão
magnética.
Em um transformador ideal, isto é, supondo-se que o fluxo magnético
alternado Φ circule, apenas, no circuito magnético, e desprezando-se as resistências
e reatâncias das bobinas e as resistência, reatância e relutância magnética do
núcleo, pode-se ser feita as seguintes considerações matemáticas:

N1 V1 I 2
a= = = (3.1)
N 2 V2 I 1

Sendo:

a – Relação de transformação;
N1 – Número de espiras primárias;
N2 – Número de espiras secundárias;
V1 – Tensão de entrada;
V2 – Tensão de saída;
I1 – Corrente de entrada;
I2 – Corrente de saída;

Um transformador pode funcionar como rebaixador ou elevador de tensão,


de modo que a tensão de entrada nele aplicada corresponderá a uma tensão de
saída reduzida ou elevada, variando diretamente em função do número de espiras
nas bobinas de entrada (primário) e de saída (secundário), ao passo que, em
relação à corrente, a corrente de entrada circulante na bobina de entrada do
transformador corresponderá a uma corrente de saída elevada ou reduzida na sua
bobina de saída, respectivamente, isto é, variando inversamente em relação a
86

tensão e o número de espiras no primário e secundário. Vale lembrar que se os


números de espiras no primário e secundário forem iguais, o transformador
funcionará apenas como um isolador de circuitos elétricos, já que os níveis de
tensão e de corrente serão equivalentes em seus respectivos lados (lembrando que
a relação entre os circuitos de entrada e saída se restringi apenas ao acoplamento
magnético existente entre eles). Na prática, as relações de tensão e corrente não
são exatas, porém são bastante próximas a um transformador ideal. Em suma, a
relação de transformação é um fator que determina o quanto será transformado de
tensão e corrente de entrada em relação à tensão e corrente de saída do
transformador (Barros e Gedra, 2010). Independente dos enrolamentos primário e
secundário, em todo transformador, os valores da potência (considerando que ele
seja ideal) e da frequência se mantêm inalterados.

3.7.2 Transformador trifásico

O transformador trifásico apresenta funcionamento semelhante ao


transformador monofásico, com a diferença de ser construído para receber e
transformar a tensão trifásica dos sistemas de energia elétrica.
Em se tratando da forma básica de construção do transformador trifásico,
cada fase é composta por uma bobina primária e outra secundária, construídas de
forma sobreposta e isolados entre si, enroladas em torno de uma coluna integrante
do núcleo magnético, que por sua vez, pode ser de construção do tipo envolvido ou
envolvente, sendo o primeiro mais utilizado, dado sua eficiência em relação ao
segundo tipo, em virtude de apresentar fluxo de dispersão menor (Leão, 2010).

Figura 31 - A esquerda, aspectos construtivos do núcleo e das bobinas do transformador trifásico


(Barros e Gedra, 2010). A direita, uma visão real dos aspectos construtivos.
87

Como cada bobina possui terminal de início e terminal de fim e os


transformadores trifásicos apresentam três bobinas no lado primário e três bobinas
no lado secundário, espera-se que em cada lado do equipamento existam seis
extremidades de bobinas. Em função da presença de somente três fases no sistema
elétrico será preciso efetuar o fechamento de alguns terminais, tanto no lado
primário, para conexão à rede elétrica, quanto no lado secundário, para dar
continuidade ao sistema (Barros e Gedra, 2010). O fechamento entre as bobinas do
primário ou entre as bobinas do secundário pode ser na forma estrela (Y) ou
triângulo (∆). As combinações das conexões primárias e secundárias são
basicamente de quatro tipos: triângulo-estrela (∆-Y), estrela-triângulo (Y-∆), estrela-
estrela (Y-Y), triângulo-triângulo (∆-∆).

Figura 32 - Esquema de ligação triângulo-estrela (∆-Y) para transformadores trifásicos.

No lado do transformador em que suas bobinas estiverem conectadas em


estrela é possível que o ponto neutro oriundo dessa ligação seja aterrado,
garantindo benefícios ao sistema elétrico, tais como a melhoria do sistema proteção,
aumento na confiabilidade, maior segurança para instalações elétricas nele
interligadas. Em alguns trechos dos sistemas elétricos de distribuição é comum a
derivação do terminal neutro para permitir o fornecimento de energia elétrica às
instalações elétricas monofásicas. Outro detalhe importante é que a potência total
fornecida pelo transformador trifásico é correspondente a três vezes o valor da
potência por ele fornecida em uma de suas fases (considerando um modelo ideal).
88

3.7.3 Transformadores monofásicos x transformadores trifásicos

Os transformadores de potência são aplicados em subestações de duas


maneiras: uma delas é formando um conjunto, que utiliza três unidades
monofásicas, denominado de banco de transformadores monofásicos, enquanto a
outra forma é utilizando apenas uma unidade trifásica, que corresponde
construtivamente a um banco de transformadores, isto é, apresenta três
enrolamentos primários e três enrolamentos secundários. A teoria inerente as duas
formas de aplicação é a mesma, no entanto, diferenciam basicamente na área
ocupada, na quantidade de peças constituintes, nas características construtivas e no
preço.

Figura 33 - Banco de transformadores monofásicos da SE Itumbiara, em Goiás (Fotos do Brasil, 2011).

Figura 34 - Transformadores trifásicos da subestação transformadora elevadora da Usina José Barasuol,


no Rio Grande do Sul (Kelm et al., 2011).
89

O transformador trifásico e banco de transformadores monofásicos,


comparado ao transformador monofásico, em alguns casos, possuem uma diferença
muito importante ligada à relação entre a tensão de entrada e a tensão de saída.
Nessas situações, a relação entre as tensões primária e secundária não depende
apenas da relação de transformação dos transformadores trifásicos, mas da maneira
como os enrolamentos estão conectados, isto porque em um transformador trifásico
a transformação da tensão primária para a tensão secundária interfere no valor da
relação de transformação em módulo e em ângulo de fase, enquanto que a
transformação em um transformador monofásico é expressa por uma relação de
transformação que não possui ângulo de fase. A mesma observação é válida para
as correntes primária e secundária, isto é, o transformador trifásico confere um
defasamento entre as duas correntes na transformação (Leão, 2010).

Tabela 5 - Relações de transformação para transformadores monofásicos e trifásicos.

Relação de transformação monofásica Relação de transformação trifásica


I 2 V1 I 2 V1
= =a = = a = a ∠ϕ
I 1 V2 I1 V2

3.7.4 TAP do transformador

Segundo Barros e Gedra (2010), o TAP de um transformador consiste em


derivações localizadas ao longo de suas bobinas primária e / ou secundárias que,
quando conectadas, permitem a eliminação de algumas espiras dessas bobinas,
alterando a relação de transformação do equipamento. O TAP é um recurso do tipo
regulador de tensão, utilizado para compensar as variações de tensão no ponto
onde o transformador estiver conectado.
Nos transformadores de potência é comum a mudança de TAP nas suas
bobinas primárias. Eles possuem mecanismos de comutação de TAP, que
possibilitam a mudança de derivação nas três fases, evitando desequilíbrio da
tensão de saída. Normalmente, em transformadores de distribuição secundária, dos
sistemas de distribuição, seus mecanismos de mudança de TAP não permitem essa
comutação sob carga, necessitando de serem desligados para a realização da
manobra, enquanto que transformadores de subestações de maior porte, que não
90

podem ser desenergizados, possuem mecanismos de comutação de TAP em carga.


O mecanismo que realiza a mudança do TAP dos transformadores é provido de
seletor manual ou automático, sendo o segundo comandado pelo chamado relé
regulador automático de tensão (dispositivo de nº. 90, conforme a NBR 5175 –
Código numérico das funções dos dispositivos de manobra, controle e proteção de
sistemas de potência).

Figura 35 - A esquerda, um comutador de TAP sob carga da fabricante MR do Brasil. A direita, uma
ilustração de um comutador de tap sob carga no interior de um transformador de potência
(Maschinenfabrik Reinhausen, 2011).

3.7.5 Partes constituintes principais

Basicamente, um transformador é constituído de três partes:

• Núcleo: Dado sua importância na transferência do fluxo magnético, que é


gerado pela excitação da bobina primária, para a bobina secundária, sua
construção e tratamentos são realizadas com procedimentos específicos
muito importantes, com a finalidade de reforçar sua característica
ferromagnética, reduzir suas respectivas perdas (D’Ajuz, 1985) e diminuir
ruídos e vibrações (Barros e Gedra, 2010).
• Enrolamentos: São os condutores de secção transversal circular ou
retangular, enrolados em forma de bobinas cilíndricas e dispostos nas colunas
do núcleo do transformador de forma coaxial. Seu tratamento demanda
cuidados na isolação entre as camadas das bobinas que formam os
enrolamentos e entre estes com as partes metálicas do transformador, sendo
91

utilizados vernizes e / ou papéis específicos para esse fim. A isolação elimina


os riscos de curto-circuito entre espiras de camadas ou curto-circuito para a
terra.
• Isolante: Esse componente varia de acordo com o tipo de transformador.
Conforme Barros e Gedra (2010), basicamente existem os transformadores a
seco e os transformadores a óleo. Os transformadores a seco usam para
isolamento entre suas bobinas e o núcleo uma camada de resina em epóxi e
para a sua refrigeração o ar, enquanto que os transformadores a óleo utilizam
o referido fluído tanto para o isolamento elétrico quanto para a refrigeração de
sua região interna. O segundo tipo de transformador mencionado é de
construção mais complexa, em função dos cuidados necessários a
manutenção do óleo nele utilizado, visto que esse líquido é susceptível a
adversidades, tais como variação de temperatura e umidade do ar, geradora
dos efeitos que podem comprometer sua característica isolante e refrigerante,
constituindo um defeito que condicionará o transformador a grande risco de
falha por curto circuito. Componentes como o tanque principal, tanque de
expansão, indicador de nível de óleo, secador de ar (tubo de sílica gel) e relé
de gás (relé Buchholz) são usados em transformadores de potência para
condicionamento e manutenção do óleo e proteção do equipamento em si
(em caso de falha do óleo). A utilização de um componente ou outro varia de
acordo com a potência do transformador.

3.7.6 Características elétricas e térmicas

Em Mamede (2005) é possível identificar as características principais do


transformador:

• Potência nominal: De acordo com a NBR 5356 – Transformadores de


Potência – Especificação – corresponde ao valor convencional da potência
aparente que serve de base ao projeto, aos ensaios e às garantias do
fabricante e que determina a corrente nominal que circula, sob tensão
nominal, nas condições específicas. Alguns transformadores apresentam um
sistema de resfriamento, que contribui para a redução da temperatura das
partes ativas internas do equipamento. Nesses casos, é comum que o
92

transformador aumente sua capacidade de fornecimento de energia, de modo


que a sua potência nominal passa a ser definida como sendo a máxima
potência que ele pode fornecer em condições específicas.
• Tensão nominal: É a tensão aplicada nos terminais de linha dos enrolamentos
do transformador, ou seja, caso as bobinas estejam ligadas em ∆, a tensão
nominal dos enrolamentos é igual a tensão nominal do transformador,
enquanto que no caso de estarem ligadas em Y, a tensão nominal dos
enrolamentos é √3 inferior a tensão nominal do transformador.
• Corrente nominal: É a corrente que circula no terminal de linha dos
enrolamentos, obtida para transformadores monofásicos (fase-neutro) ou
bifásicos (fase-fase) pela equação (3.2):

S nt
I nt = (3.2)
Vnt

Onde:

Int – Corrente nominal do transformador de potência;


Snt – Potência aparente nominal do transformador de potência.
Vnt – Tensão nominal entre os terminais de linha do transformador.

ou para transformadores trifásicos através da equação (3.3):

S nt
I nt = (3.3)
3.Vnt

• Frequência nominal: O valor da freqüência para o qual foram determinados


todos os parâmetros elétricos do transformador. Ela deve ser equivalente a
frequência da rede de energia elétrica onde ele irá operar.
• Perdas em vazio e em carga: Correspondem às perdas, em potência ativa,
absorvidas por um transformador. No modelo ideal desse equipamento não
são observadas perdas, entretanto na prática, isto é, no modelo real, elas são
diferentes de zero. Somadas, elas significam que a potência fornecida pelo
transformador corresponde a um valor inferior a potência por ele recebida,
93

visto que parte da potência que se perdeu foi dissipada em forma de calor, ou
por efeito joule, ou por correntes de Foucault ou por histerese magnética.
Normalmente, entre os dados de placa do transformador encontram-se
valores percentuais de resistência (R %), reatância (X %) e impedância (Z %),
os quais permitem calcular as perdas pelos efeitos anteriormente
mencionados e a queda de tensão no transformador.
• Impedância percentual: Conforme Mamede (2005), “a impedância percentual
representa numericamente a impedância do transformador em percentagem
da tensão de ensaio de curto-circuito, em relação à tensão nominal.”. Sua
medida é obtida curto-circuitando os terminais secundários do tranformador e
aplicando-se uma tensão nos terminais primários do equipamento que faça
circular nesse enrolamento a corrente nominal. A equação (3.4) é a expressão
matemática da definição anterior:

Vnccp
Z pt = .100 (3.4)
Vnpt

Onde:

Vnccp – Tensão nominal de cuto-circuito, aplicada aos terminais do


enrolamento primário;
Vnpt – Tensão nominal primária do transformador;
Zpt – Impedância percentual.

• TAP: Como já foi dito anteriormente, expressa o número de derivações nos


enrolamentos de cada fase do transformador (lado primário ou secundário) e
a variação de tensão percentual obtida a cada mudança de tap:

N.∆V % (3.5)

Onde:

N – Número de taps;
∆V% – Variação de tensão percentual.
94

• Rendimento: Visto que há uma diferença entre a potência absorvida pelo


transformador e a potência por ele fornecida é possível estabelecer uma
relação entre esses valores, que determinarão o rendimento do equipamento.
A relação consiste basicamente na equação (3.6):

PS
η= (3.6)
PP

Onde:

η – Rendimento do transformador de potência;


PP – Potência de entrada do transformador de potência;
PS – Potência de saída do transformador de potência.
95

4 SISTEMA DE PROTEÇÃO PARA


SUBESTAÇÕES
4.1 FALTAS EM SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Todo sistema elétrico de potência, e isto inclui as SEs, está sujeito a


perturbações. Estas perturbações, de origem interna (provenientes da operação do
sistema) ou externa (provenientes dos fenômenos naturais ligados ao meio
ambiente), provocam distúrbios que podem comprometer o desempenho normal de
determinados componentes do sistema, de modo que este estará susceptível a um
risco maior de sofrer uma falta elétrica, ou simplesmente falta.
O guia da NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão (Procobre e
Revista Eletricidade Moderna, 2001) – conceitua falta elétrica como sendo “o contato
ou arco acidental entre partes vivas sob potenciais diferentes, entre parte viva e a
terra ou entre parte viva e massa (falta para a terra ou falta para massa), num
circuito ou equipamento elétrico energizado”. Coury (2010) diz que uma falta pode
ser um fenômeno ligado a sobretensões, sobrecargas, curto-circuitos etc., e que ela
pode ocorrer de modo permanente ou transitório, determinando a possibilidade ou
não do restabelecimento do fornecimento de energia (quando do caso de parada do
sistema).
Segundo o trabalho do autor, a ocorrência dos problemas associados a uma
falta pode provocar:

• Danos ao sistema devido aos efeitos dinâmicos e térmicos da corrente de


falta;
• Descontinuidade do sistema;
• Perda de sincronismo;
• Redução das margens de estabilidade do sistema;
• Danos aos equipamentos;
• Desligamento de áreas que não estão sob falta, produzindo um efeito
conhecido como efeito cascata;
• Explosões.
96

Esses problemas não são os únicos possíveis de acontecer em sistemas


elétricos.
Obviamente, faltas não são desejáveis nos SEPs, visto que sua incidência,
por menor tempo que seja, poderá causar danos gravíssimos aos equipamentos e
instalações desses sistemas, que poderão acarretar em gastos elevados
provenientes da necessidade de manutenção, além de comprometer a continuidade
no provimento de energia, que por sua vez implicará multas as mantenedoras do
sistema.
Em face aos problemas correlatos a falta elétrica é que vem a ser justificado
o projeto de um sistema de proteção que impeça sua ação ou minimize os danos
quando da sua incidência.

4.2 SISTEMA DE PROTEÇÃO

“Em linhas gerais, podemos dizer que essa área de Proteção, se constitui
num campo específico de estudos e que pode ser considerado como uma extensão
da Análise de Sistema de Potência” (Rossi, 2004).
Para eliminar os riscos de falha num sistema elétrico, um sistema de
proteção integrado e distribuído ao longo do SEP monitora constantemente suas
características elétricas, de tal maneira que na ocasião de falta em algum ponto do
sistema elétrico, ele atua localmente no sentido de isolar a área atingida, evitando o
comprometimento total das instalações elétricas em alta tensão.
Em subestações, entende-se como sistema de proteção o conjunto formado
por disjuntores, transformadores de instrumentos, relés e, em alguns casos, chaves
fusíveis com elos fusíveis e dispositivos de suprimento energético auxiliar (banco de
baterias, banco de capacitores e no-breaks).
97

Figura 36 - Componentes de um sistema de proteção por relé.

Leão (2010), em seu documento explica que a função de um sistema de


proteção “é detectar falta e isolar a área afetada no menor tempo possível, de forma
confiável e com mínima interrupção possível”.

Em termos gerais, adotando informações dos documentos de Rossi (2004) e


Leão (2010), um sistema de proteção para subestações elétricas deve ser aplicado
objetivando os seguintes aspectos:

• Monitoração geral do sistema elétrico supervisionado, provendo as devidas


informações advindas do comportamento do sistema.
• Segurança pessoal;
• Manter a integridade dos equipamentos;
• Isolar a parte afetada do restante do sistema;
• Assegurar a continuidade de fornecimento de energia.

4.2.1 Características do sistema de proteção

Para que a atuação de um sistema de proteção em um SEP obtenha êxito é


preciso o cumprimento de algumas propriedades fundamentais:

• Seletividade;
• Sensibilidade;
• Confiabilidade;
98

• Rapidez ou Velocidade;

4.2.1.1 Seletividade

Essa propriedade atribui ao esquema de proteção a característica de


discernir e somente desconectar o local atingido pelo defeito, sempre atuando
apenas o dispositivo de proteção mais próximo da área onde ocorreu a falta,
obedecendo à coordenação temporizada da operação global do sistema de proteção
(Rossi, 2004). “A seletividade é a principal condição para assegurar ao consumidor
um serviço seguro e contínuo por desconectar a menor seção da rede necessária
para isolar a falta” (Leão, 2010).

Figura 37 - Exemplo de um sistema de potência com seletividade da proteção. Esquema desenhado com
base no observado em Leão (2010).

4.2.1.2 Sensibilidade

Essa propriedade determina a capacidade de resposta do sistema de


proteção ao mínimo desvio nos parâmetros elétricos monitorados, que caracterizem
anormalidade no sistema elétrico, isto é, a proteção deve diferenciar as alterações
normais, quando da operação do sistema elétrico, das anormalidades causadas por
uma falta neste, além de ser sensível o bastante para agir na ocorrência de uma
pequena anomalia que, por vezes, poderia passar despercebida.
99

4.2.1.3 Confiabilidade

Coury (2010) diz que a confiabilidade é entendida por duas características: a


própria confiabilidade e segurança.
Para Leão (2010), a confiabilidade “É a certeza de uma operação correta
mediante ocorrência de uma falta” ou “o grau de certeza de não omissão de
disparo”, enquanto que a segurança está ligada ao “grau de certeza de não haver
operação indesejada”, ou seja, “em caso de defeito ou condição anormal, a proteção
nunca deve falhar ou realizar uma operação falsa”.

4.2.1.4 Rapidez ou velocidade

Leão (2010) explica essa propriedade como sendo a “capacidade de


resposta do sistema de proteção dentro do menor tempo possível”, objetivando:

• Reduzir o tempo de duração da falta e conseqüente risco de dano para os


equipamentos do sistema elétrico;
• Assegurar a continuidade do suprimento e a manutenção de condições
normais de operação nas partes não afetadas do sistema;
• Auxiliar na manutenção da estabilidade do sistema através da remoção do
distúrbio, antes que este comprometa porções maiores do sistema de
potência;
• Evitar ou diminuir a extensão dos danos no sistema elétrico dado que a
energia liberada durante uma falta é proporcional ao quadrado da corrente e à
duração da falta.

4.2.2 Funções dos dispositivos de manobra, controle e proteção de


subestações

Em algumas seções deste documento (principalmente nas seções do


capítulo 4) são apresentados alguns componentes de sistemas elétricos de potência
através dos códigos que representam sua função.
Existe uma gama de dispositivos de manobra, controle e proteção
disponíveis para promover a flexibilidade de operação e a proteção das SEs. Essa
100

quantidade significativa de dispositivos levou a padronização de suas identificações


por códigos numéricos, aplicados nos projetos dessas instalações elétricas, a fim de
promover simplicidade na hora da analisá-los.
Barros e Gedra (2010) disponibilizam em sua obra uma tabela da norma
NBR 5175, em acordo com normas ANSI, contendo nomenclaturas padronizadas
para os diversos dispositivos utilizados em manobra, controle e proteção de
instalações elétricas de alta tensão. Dessas informações fornecidas por eles
destacou-se algumas das funções mencionadas ao longo deste trabalho, disponível
na tabela 19 do ANEXO A.

4.2.3 Componentes do sistema de proteção por relé

Como já foi dito anteriormente, um Sistema de Proteção é composto por


alguns dispositivos distribuídos ao longo das instalações elétricas da subestação,
que trabalham de maneira coordenada para o cumprimento de sua função. Os
dispositivos são:

• Chave fusível com elo fusível;


• Transformadores de instrumentos (TI);
• Disjuntor;
• Dispositivos de suprimento de energia auxiliar;
• Relé.

4.2.3.1 Chave fusível com elo fusível

Alguns sistemas de proteção de sistemas elétricos lançam mão de chaves


fusíveis, um simples (porém muito importante) equipamento de proteção contra
sobrecorrente, cuja operação consiste no seccionamento do circuito que protege em
caso de circulação de corrente em nível anormal em seu elo fusível. O elo fusível é
um filamento feito em liga de condutor metálico, projetado especificamente para uso
em chave fusível; destinado a provocar a abertura automática da chave em caso de
sobrecorrente no circuito protegido.
101

4.2.3.2 Transformadores de instrumentos (TI)

Apresentados anteriormente no capítulo 3 deste trabalho, os Transformador


de Corrente (TC) e Transformador de Potencial (TP), destinados ao sistema de
proteção, trabalham constantemente na subestação onde estão instalados,
monitorando suas informações de corrente e tensão, respectivamente.
O Transformador de Corrente reduz os valores de corrente do circuito de alta
tensão em que está ligado para valores compatíveis ao funcionamento normal dos
equipamentos nele conectados.
O Transformador de Potencial reduz os valores de tensão do circuito de alta
tensão em que está ligado para valores mais baixos, acessíveis aos dispositivos
destinados a proteção do sistema no qual estão indiretamente ligados.
Como os equipamentos ligados aos TIs também não podem ser ligados
diretamente nos circuitos de alta tensão da SE, TCs e TPs também assumem o
papel de isolar eletricamente o circuito de alta tensão e os referidos equipamentos.
TCs e TPs de proteção diferem dos transformadores de instrumentos de
medição por suportarem os elevados valores de corrente e tensão que ocorrem
numa eventual falta em determinado ponto do sistema elétrico. Essa capacidade é
necessária em virtude da necessidade de envio das informações anormais desse
sistema para os dispositivos do sistema de proteção (Barros e Gedra, 2010).

Figura 38 - Transformadores de potencial (ao centro) e transformadores de corrente (a direita) no setor de


69 kV da SE Guamá (Eletronorte), em Belém.
102

4.2.3.2.1 Determinação da relação nominal dos transformadores de


instrumentos

As Relação Nominal do Transformador de Corrente (RTC) e Relação


Nominal do Transformador de Potencial (RTP) são valores geralmente utilizados
quando se deseja realizar cálculos para fazer ajustes de corrente e / ou de tensão
nos dispositivos de proteção ligados indiretamente aos sistemas de potência através
dos transformadores de instrumentos TC e TP, respectivamente.
No primeiro caso, a RTC é obtida da seguinte forma:

Em um TC ideal:

I 1 .N 1 = I 2 .N 2 (4.1)

Onde:

I1 – Corrente na bobina primária do TC;


I2 – Corrente na bobina secundária do TC;
N1 – Número de espiras da bobina primária do TC;
N2 – Número de espiras da bobina secundária do TC.

Isso quer dizer que a equação (4.1) expressa a igualdade entre a força
magnetomotriz 1 (f.m.m. 1) e a força magnetomotriz 2 (f.m.m 2).
Ao isolar o termo I2 é obtida a seguinte fórmula:

I1
I2 =
N2 (4.2)
N1

Após o rearranjo da equação (4.2) são obtidas as seguintes relações:

I1 N 2
= (4.3)
I 2 N1
103

Ambas as relações equivalem a RTC, no entanto, para fins de


dimensionamento de dispositivos de proteção utiliza-se a relação entre as correntes
primária e secundária do TC. As correntes primária e secundária dos TCs são
padronizadas (por isso denominadas de correntes nominais primária e secundária)
pela norma 6856, da ABNT, sendo a segunda de valor fixo igual a 5 A, portanto:

I N ,P I N ,P
RTC = = (4.4)
I N ,S 5

Onde:

IN, P – A corrente nominal primária do TC.


IN, S – A corrente nominal secundária do TC.

A Corrente Nominal Primária (IN, P) do TC é determinada a partir dos


seguintes critérios matemáticos:

• 1º Critério: A corrente nominal primária do TC deve ser maior ou igual a razão


entre a corrente de curto-circuito máxima (ICC, MAX) no ponto onde ele será
instalado e o seu fator de sobrecorrente (FS).

I CC , MAX
I N ,P ≥ (4.5)
FS

É comum esse critério não ser utilizado no dimensionamento de dispositivos


de proteção diferencial. Quando se trata dos ajustes para esses dispositivos, o mais
importante é verificar a diferença entre as correntes nas saídas dos TCs que os
atendem. O critério em questão pode introduzir ou agravar um desequilíbrio entre as
correntes de saída, isto é, a diferença entre elas pode ficar muito grande a tal ponto
de promover erros no ajuste da proteção diferencial. Mais detalhes sobre
dimensionamentos para proteção diferencial serão apresentados na seção 4.2.4.6.5
(Ajuste da declividade para o relé diferencial percentual).
104

Em relação ao fator de sobrecorrente (FS), ele representa a relação entre a


máxima corrente de curto-circuito (ICC, MAX) suportável pelo primário do TC e a sua
corrente nominal primária (IN, P).

I CC ,MAX
FS = (4.6)
I N ,P

Essa relação mantém a classe de exatidão do TC, isto é, preserva seu


funcionamento na região linear da curva de saturação e suas proximidades,
garantindo a manutenção do erro previsto para o equipamento. O valor nominal mais
comum desse fator é 20 (Almeida, 2000).
Ressalta-se que o valor da corrente de curto-circuito a ser utilizado nos
cálculos mencionados nessa seção independe do tipo da falta (curto-circuito
monofásico, bifásico, bifásico-terra, trifásico, com ou sem resistência de contato). O
importante é que seja utilizada a corrente de curto-circuito mais elevada possível no
ponto de instalação do TC.

• 2º Critério: A corrente nominal primária do TC deve ser maior ou igual a


máxima corrente de carga (ICARGA, MAX).

I N ,P ≥ ICARGA,MAX (4.7)

A tabela 6 apresenta os valores de IN, P e suas respectivas relações nominais


padronizadas segundo a norma NBR 6856:

Tabela 6 - Correntes primárias e relações nominais (Mamede, 2005).

Corrente Corrente Corrente


Relação Relação Relação
Primária Nominal Primária Nominal Primária
Nominal Nominal Nominal
[A] [A] Nominal [A]
5 1:1 100 20:1 1000 200:1
10 2:1 125 25:1 1200 240:1
15 3:1 150 30:1 1500 300:1
20 4:1 200 40:1 2000 400:1
25 5:1 250 50:1 2500 500:1
30 6:1 300 60:1 3000 600:1
105

Corrente Corrente Corrente


Relação Relação Relação
Primária Nominal Primária Nominal Primária
Nominal Nominal Nominal
[A] [A] Nominal [A]
40 8:1 400 80:1 4000 800:1
50 10:1 500 100:1 5000 1000:1
60 12:1 600 120:1 6000 1200:1
75 15:1 800 160:1 8000 1600:1

Na segunda situação, a RTP é obtida da seguinte maneira:

Em um TP ideal:

V1 . N 2 = V 2 . N 1 (4.8)

Onde:

V1 – Tensão na bobina primária do TP;


V2 – Tensão na bobina secundária do TP;
N1 – Número de espiras da bobina primária do TP;
N2 – Número de espiras da bobina secundária do TP.

Ao isolar o termo V2 é obtida a seguinte fórmula:

V1
V2 =
N1 (4.9)
N2

Após alguns rearranjos são obtidas as seguintes relações:

V1 N1
= (4.10)
V2 N 2

Ambas as relações equivalem a RTP, no entanto, para fins de


dimensionamento de dispositivos de proteção utiliza-se a relação entre as tensões
primária e secundária do TP. As tensões nominais primária e secundária (VN, P e VN,
S) dos TPs são padronizadas pela norma 6855, da ABNT, sendo a segunda de valor
106

fixo igual a 115 V, para ligações entre fases, ou de valor fixo igual a 115√3 V ou
aproximado a 115/3 V, ou ainda, aproximado a 115 V, tensões secundárias nominais
obtidas por meio de derivações nos enrolamentos secundários do transformador de
potencial, para ligações entre fase e terra, portanto:

VN ,P
RTP = (4.11)
V N ,S

Onde:

VN, P – Tensão nominal primária do TP;


VN, S – Tensão nominal secundária do TP.

A Tensão Nominal Primária (VN, P) do TP é determinada a partir da tensão de


operação do SEP.
A tabela 7 apresenta os valores de VN, P, VN, S e suas respectivas relações
nominais padronizadas segundo a norma NBR 6855:

Tabela 7 - Tensões primárias nominais e relações nominais (Mamede, 2005).

Grupo 1 para ligação de fase para fase Grupos 2 e 3 para ligação de fase para neutro
Relação nominal
Tensão secundária nominal
Tensão primária Tensão primária
Relação nominal (V)
nominal (V) nominal (V)
Aprox. Aprox.
115/√3
115/3 115
115 1:1
230 2:1
402,5 3,5:1
460 4:1
2300 20:1 2300/√3 36:1 20:1 12:1
3450 30:1 3450/√3 52,5:1 30:1 17,5:1
4025 35:1 4025/√3 60:1 35:1 20:1
4600 40:1 4600/√3 72:1 40:1 24:1
6900 60:1 6900/√3 105:1 60:1 35:1
8050 70:1 8050/√3 120:1 70:1 40:1
11500 100:1 11500/√3 180:1 100:1 60:1
107

Grupo 1 para ligação de fase para fase Grupos 2 e 3 para ligação de fase para neutro
Relação nominal
Tensão secundária nominal
Tensão primária Tensão primária
Relação nominal (V)
nominal (V) nominal (V)
Aprox. Aprox.
115/√3
115/3 115
13800 120:1 13800/√3 210:1 120:1 70:1
23000 200:1 23000/√3 360:1 200:1 120:1
34500 300:1 34500/√3 525:1 300:1 175:1
46000 400:1 46000/√3 720:1 400:1 240:1
69000 600:1 69000/√3 1050:1 600:1 350:1
138000/√3 2100:1 1200:1 700:1
230000/√3 3600:1 2000:1 1200:1

Nota-se que quando o TP utilizado for de ligação entre fase e terra, a relação
de transformação é arredondada na fabricação do equipamento, conforme a NBR
6855. Nesse caso divide-se a tensão nominal primária por √3, conforme a tabela 7.

V N ,P
3 (4.12)
RTP =
V N ,S

4.2.3.3 Disjuntor

Como já havia sido apresentado anteriormente, os disjuntores são


equipamentos que interrompem a passagem de corrente nos circuitos onde estão
instalados e isolam o ramo afetado por uma falta do resto do sistema elétrico. Estes
são caracterizados como as chaves de disjunção que interligam todo o sistema
(Leão, 2010).
Algumas características dos disjuntores são importantíssimas num sistema
de proteção. Por exemplo, uma vez recebido o comando de abertura, seja manual
ou por intermédio de um relé, o disjuntor deve promover a interrupção do circuito de
um modo muito rápido (Barros e Gedra, 2010). Outra característica extremamente
importante está ligada a sua capacidade de interromper a passagem de correntes de
curto-circuito. De acordo com Barros e Gedra, quando o disjuntor é especificado
para ser instalado em determinado ponto do circuito, além de ser definida a sua
108

corrente nominal, é necessário definir a corrente de curto-circuito no ponto onde ele


será instalado, pois seria o maior valor de corrente com que o disjuntor iria se
deparar. Caso o disjuntor tenha que efetuar a interrupção da passagem de uma
corrente de curto-circuito superior ao que ele suporta, pode ocorrer de o
equipamento não operar corretamente e vir a se danificar, ou na pior das hipóteses
não operar, sujeitando porções maiores da subestação onde está instalado ao
elevado valor de corrente.

Figura 39 - Disjuntor de 69 kV instalado a montante de um transformador de potência de uma subestação


da concessionária de energia Vale dos Ventos Geradora S.A. (Energy Eletricidade, 2011).

4.2.3.4 Dispositivo de suprimento de energia auxiliar

São dispositivos que fornecem energia ao sistema de proteção em caso de


falha no suprimento de energia principal, tais como banco de baterias, banco de
capacitores e no-break, garantindo o funcionamento dos dispositivos de comando
dos disjuntores: os relés.

4.2.4 Relé

A parte lógica do sistema de proteção. É o equipamento mais importante do


sistema de proteção de um SEP. Esse dispositivo analógico ou digital monitora as
condições de seus sinais de entrada, sejam eles tensão, corrente ou ambos,
109

detectando as condições intoleráveis ou indesejáveis ao sistema elétrico,


respondendo aos respectivos sinais com a tomada de decisão para intervenção em
disjuntores adequados, a ele remotamente ou localmente associados, e / ou para o
funcionamento de aparelhos específicos, dotados de sinalização óptica ou acústica,
a fim de prover as tomadas de decisão a um profissional operador do sistema
elétrico, seguindo rigorosamente parâmetros que lhe foram previamente
especificados, tentando mitigar os efeitos da falta que atingiu um ponto dentro de
sua zona de proteção, limitando danos a equipamentos e instalações do sistema de
potência acometidos pela falta, mantendo a continuidade do fornecimento de energia
elétrica por parte do restante do sistema.
Existem relés de diferentes tipos, com diversas funções, que necessitam de
algumas poucas informações e trabalham baseado em vários parâmetros
(dependendo da função do relé). O sistema de proteção de um SEP é composto por
um conjunto de relés de funções iguais ou distintas.
A atuação de relés é interessante apenas após imediata ocorrência de
anormalidades no sistema de potência. A sua importância no provimento ou na
autônoma tomada de decisão e no fornecimento de informações para o controle do
sistema elétrico requer que esses equipamentos sejam extremamente confiáveis e
robustos. Apesar de fundamentais, os relés dependem dos valores reproduzidos nos
secundários dos transformadores de instrumentos.

4.2.4.1 Classificação dos relés

Dados disponíveis nos trabalhos de Bossi e Sesto (2002) e Oliveira Júnior


(2011) permitem expor as seguintes classificações:

• Quanto aos aspectos construtivos: podem ser eletromecânicos, estáticos ou


digitais;
• Quanto a grandeza à qual são sensíveis: podem ser amperométricos,
voltimétricos, watimétricos, termoelétricos etc;
• Quanto ao tipo de ação exercida no órgão de comando: relé de ação direta ou
indireta;
• Quanto ao tipo de instalação: relé primário ou secundário;
110

• Quanto ao tipo de intervenção: relé instantâneo ou temporizado;


• Quanto a corrente de ajuste: controle por tracionamento da mola, variação de
entreferro, mudança de taps na bobina magnetizante, variação de elementos
no circuito ou controle por software.

4.2.4.2 Aspectos construtivos dos relés

Mencionados anteriormente, atualmente é possível destacar três tipos de


aspectos construtivos:

• Relés eletromecânicos ou, como são mais conhecidos, relés convencionais:


São relés que apresentam um sistema eletromecânico, constituídos por
partes móveis (contatos fixos e móveis, mancais, eixos, bobinas etc.);
• Relés estáticos ou relés de estado sólido: Relés eletrônicos em que todos os
comando e operações se conseguem através de um sistema composto de
partes imóveis constituídas de elementos eletrônicos (válvulas, diodos,
transistores e circuitos impressos).
• Relés digitais ou relés numéricos: Relés eletrônicos (microprocessados), com
sistema altamente sofisticado, composto por vários subsistemas que
condicionam, convertem e processam sinais, gerenciados por um
microprocessador específico, controlados por um software e parametrizados
através de Interface Homem-Máquina (IHM).

Dado a apresentação do dimensionamento de relés digitais neste trabalho, a


próxima abordagem limita-se apenas a eles.

4.2.4.2.1 Relés digitais ou numéricos

Os comentários a seguir são do ponto de vista de Coury (2010) concernente


aos relés digitais:

Com o desenvolvimento da tecnologia digital, deu-se início ao


desenvolvimento dos relés computadorizados ou digitais. Tal tipo de
dispositivo é um relé gerenciado por um microprocessador específico,
controlado por um software, onde os dados de entrada são digitais.
111

Os dados de entrada os quais ele se refere são os sinais de tensão e


corrente provenientes do sistema elétrico. É preciso que se obtenha uma
representação digital para esses sinais e, usando-se um algoritmo apropriado, o
comando a disjuntores ou equipamentos sinalizadores é conseguido.
Relés digitais são providos de várias funções. Além da supervisão e
proteção de um sistema elétrico eles podem:

• Transmitir sinais ópticos e sonoros;


• Se conectar a outros computadores;
• Realizar auto-checagem;
• Efetuar sincronização de tempo via GPS;
• Religar disjuntores;
• Obter dados para formulação de relatórios, por exemplo, conseguir dados
através de oscilografia.

Coury (2010) mostra algumas vantagens importantes em seu documento.


Ele diz que os relés numéricos são dispositivos extremamente rápidos comparados
aos eletromecânicos e estáticos, de custo atrativo (estima que hoje o custo do relé
computadorizado, incluindo o custo do software seja equivalente ao custo de seus
antecessores), robustos, de alta confiabilidade (são auto-checáveis, detectando
falhas internas e retirando-se de operação quando necessário), flexíveis (executam
diversas funções) e interativos (fornecem informações em tempo real a rede de
computadores, seja local ou via internet).
Uma desvantagem desses equipamentos consiste em serem muito
susceptíveis a interferências eletromagnéticas, necessitando de filtros que
bloqueiem essas pertubações.
112

Figura 40 - Exemplo de relé digital (FEUP, 2011).

4.2.4.3 Princípio de funcionamento do relé

Comumente os relés possuem três elementos internos que regem a sua


operação:

• Elemento Sensor;
• Elemento Comparador;
• Elemento de Atuação.

O Elemento Sensor é responsável por receber e monitorar os sinais de


tensão, de corrente ou de ambos, que circulam pela zona de proteção a qual o relé
protege, fornecidos pelos transformadores de instrumentos (TC e TP). Essas
informações são comparadas com os parâmetros pré-ajustados no relé através do
Elemento Comparador. Caso seja identificada uma ultrapassagem dos valores
medidos no Elemento Sensor sobre os valores parametrizados o relé envia uma
informação ao Elemento de Atuação, que emite um comando de operação para o(s)
disjuntor(es) a ele associado(s) ou emite comando para atuação de dispositivos
auxiliares ou equipamentos que contenham sinalizadores, alarmes, entre outros
dispositivos do gênero. Além de comparar grandezas medidas com parâmetros pré-
configurados, os relés também atuam com base na comparação do tempo de
duração de uma falta num ponto de sua zona de proteção com o valor do tempo nele
pré-definido.
113

Figura 41 - Princípio de operação dos relés.

4.2.4.4 Funções de proteção mais utilizadas

Já foi dito anteriormente que existem relés de diversas funções e que em


muitos casos um sistema de proteção de uma subestação é composto por um
conjunto de uma quantidade significativa de relés, de iguais ou diferentes funções,
por isso, para facilitar a identificação desses dispositivos de proteção na ocasião da
análise de esquemas de proteção aplicados em subestações lhes foram atribuídos
números ou códigos, normalizados, que representam suas funções de proteção.
Em se tratando das funções de proteção usuais em subestações de
distribuição, Barros e Gedra (2010) comentam o seguinte:

Compete à distribuidora de energia elétrica local determinar as funções


básicas dos relés de proteção que devem ser instalados. O projetista da
subestação pode determinar a necessidade de instalação de mais funções
de proteção, entretanto no mínimo as funções indicadas pela distribuidora
devem ser empregadas.

No ponto de vista deles, as principais funções exigidas pelas distribuidoras


são:

• 27 – Relé de subtensão;
• 47 – Sequência de fase;
• 50 – Relé de sobrecorrente instantâneo;
114

• 51 – Relé de sobrecorrente temporizado em circuito de CA;


• 59 – Relé de sobretensão.

Para os transformadores de força, as principais proteções por eles indicadas


são:

• 49 – Relé térmico para máquina ou transformador;


• 63 – Relé de pressão de líquido, gás ou vácuo;
• 71 – Relé de nível de gás ou líquido;
• 87 – Relé diferencial;
• 26 – Relé térmico do equipamento.

Leão (2010) mostra em seu documento uma tabela com as funções de


proteção normalmente utilizadas em vãos (bays) típicos de uma subestação de
distribuição:

Tabela 8 - Funções de proteção associadas em cada vão de uma subestação típica (Leão, 2010).

Vão Funções de Proteção Mínimas


Entrada de Linha 50/51, 50/51 N, 67/67 N, 27, 59 e 50 BF
Saída de Linha 21, 50/51, 50/51 N, 67/67 N, 46 A, 79 e 50 BF
Transformador 26, 49, 63, 63 A, 71, 80, 50/51, 50/51 N e 87
Barra de 15 kV 50/51, 50/51 N, 50 BF
Alimentador 50/51, 50/51 N, 50/51 NS, 46, 46 A, 27, 79 e 50 BF

É óbvio que as proteções relativas aos equipamentos elétricos da tabela 8


também são adequadas para aqueles operando em tensões diferentes de 15 kV.

4.2.4.5 Relé de sobrecorrente

Notam-se nos dados da tabela 8 a predominância da utilização da proteção


contra sobrecorrente nos vãos típicos de uma subestação de distribuição.
O relé com a função de proteção contra sobrecorrente é um dos dispositivos
de proteção mais utilizados em subestações. Sendo a corrente elétrica uma das
grandezas mais solicitadas em sistemas elétricos por conta da ocorrência de faltas,
115

o relé de sobrecorrente constitui a proteção mínima para qualquer sistema de


potência, por isso é muito importante a explanação de informações acerca desse
dispositivo de proteção neste trabalho.
O relé de sobrecorrente é aplicado em sistemas elétricos com intuito de
protegê-los contra valores de corrente iguais ou superiores aqueles por eles não
suportados, isto é, em situações em que há correntes elevadíssimas, tal como as
correntes de curto-circuito (entre fases, entre uma, duas ou três fases e a terra nos
sistemas com neutro aterrado). Na prática, esse dispositivo irá atuar quando a
corrente que por ele circular atingir um valor igual ou superior ao ajuste previamente
estabelecido da corrente mínima de atuação (Almeida, 2000). Para a proteção de
circuitos primários, o relé de sobrecorrente é ligado de forma indireta ao SEP,
através de transformadores de corrente. Sua operação pode ser instantânea ou
temporizada, sendo a segunda utilizada com o objetivo de evitar o funcionamento do
relé sob surtos de corrente transitórios ou para aplicação da coordenação entre
dispositivos de proteção.

Figura 42 - Redesenho do diagrama unifilar do esquema de proteção contra sobrecorrente, observado em


Almeida (2000).

Conforme explanações anteriores, o relé de sobrecorrente é composto por


duas unidades: a unidade instantânea e a unidade temporizada. Em termos de
projetos elétricos de esquemas de proteção, essas unidades recebem os números
50, para relé de sobrecorrente instantâneo, e 51, para relé de sobrecorrente
temporizado (NBR 5175), de modo que, se o relé está ligado para proteção de fase,
suas unidades são conhecidas como 50 e 51 de fases, enquanto que se ele estiver
realizando proteção de neutro ou terra, fala-se em unidades 50 e 51 de neutro ou
terra (50 N e 51 N, respectivamente).
Em termos de configuração de relés de sobrecorrente, unidades
instantâneas permitem o ajuste da corrente mínima de atuação e, quando for o caso,
116

da curva de atuação, sendo que as curvas devem ser de tempo definido, enquanto
que unidades temporizadas funcionam com ajustes da corrente mínima de atuação e
curva de atuação, sendo que essas curvas podem ser de tempo definido ou tempo
inverso.

4.2.4.5.1 Esquema básico de ligação do relé de sobrecorrente

Em Almeida (2000) observa-se um esquema básico comumente usado para


a proteção de um alimentador radial, trifásico e aterrado, na saída de subestação,
utilizando três relés de fase e um de neutro ou terra, ligados através de três
transformadores de corrente. Os relés estão comandando disjuntor (dispositivo 52,
conforme NBR 5175) localizado no alimentador:

Figura 43 - Redesenho do diagrama trifilar do esquema de proteção contra sobrecorrente, observado em


Almeida (2000).

Os relés de fase proporcionarão proteção ao alimentador contra curtos-


circuitos que envolvam as fases (trifásico e bifásico), por outro lado, o relé de neutro
ou terra dará proteção contra curtos para a terra (fase-terra e bifásico-terra), de
forma que para qualquer ocorrência de curto-circuito haverá, no mínimo, dois relés
sendo percorridos pela corrente de curto. Um detalhe importante é que, atualmente,
com o emprego de relés digitais, os quatro relés apresentados no esquema são
substituídos por um único dispositivo que realiza funções 50 e 51 de fase e terra,
além de desempenhar diversas outras funções (medição de corrente, registro de
dados, registro de perturbações etc.).
117

4.2.4.5.2 Curvas de atuação para relés de sobrecorrente

De acordo com os dados de Almeida (2000) e Breda (2009), quanto à curva


de atuação, existem características corrente x tempo para os relés de sobrecorrente
de três tipos: de corrente definida, de tempo definido e de tempo inverso.
Um relé operando sob uma curva de corrente definida significa que, sua
operação depende apenas da corrente mínima de atuação (corrente de partida,
starting current ou corrente de pick-up) para comandar um equipamento de
manobra, ou seja, ele opera instantaneamente quando a corrente atinge um valor
igual ou superior ao ajustado.

Figura 44 - Curva de atuação de corrente definida para o relé de sobrecorrente.

A curva de tempo definido significa que, uma vez ajustados o tempo de


atuação (ta) e a corrente mínima de atuação (IMIN, AT), o relé irá atuar no tempo
ajustado para qualquer valor de corrente igual ou maior que o valor mínimo ajustado.

Figura 45 - Curva de atuação de tempo definido para o relé de sobrecorrente.

Já a curva de tempo inverso significa que o tempo de atuação do relé é


inversamente proporcional ao valor da corrente, ou seja, o relé atuará em tempos
decrescentes para valores de corrente igual ou maior do que a corrente mínima de
atuação.
118

Figura 46 - Curva de atuação de tempo inverso para o relé de sobrecorrente.

Os grupos de curvas de tempo inverso característicos do relé de


sobrecorrente são definidos por norma. Basicamente existem três grupos: Normal
Inversa (NI), Muito Inversa (MI) e Extremamente Inversa (EI).

Figura 47 - Grupos de curvas de atuação de tempo inverso para o relé de sobrecorrente (Almeida, 2000).

No material instrucional de Leão (2010) é possível visualizar uma tabela


contendo as equações das respostas dinâmicas dos grupos de curvas de tempo
inverso de acordo com as normas IEC 60255 e IEEE / ANSI C37.112.

Tabela 9 - Grupos de curvas de atuação de tempo inverso segundo IEEE / ANSI e IEC (Leão, 2010).

IEEE Curves
0.02
IEEE Moderate Inverse Tt = Td * (0.114 + 0.0515/(M -1))
2
IEEE Very Inverse Tt = Td * (0.491 + 19.61/(M -1))
2
IEEE Extreme Inverse Tt = Td * (0.1217 + 28.2/(M -1))
IEC Curves
0.02
IEC Inverse Tt = Td * (0.14/(M -1))
IEC Very Inverse Tt = Td * (13.5/(M-1))
2
IEC Extreme Inverse Tt = Td * (80/(M -1))
IEC Long Time Inverse Tt = Td * (120/(M-1))
0.04
IEC Short Time Inverse Tt = Td * (0.05/(M -1))
119

Onde:

Tt – tempo de operação (trip) em segundos;


Td – multiplicador de tempo;
M – os múltiplos da corrente mínima de acionamento do relé (corrente de
pickup).

Os valores numéricos atribuídos a Td fazem as curvas se deslocarem ao


longo do eixo dos tempos. Esses valores geralmente variam de 0,01 a 1, com passo
de 0,01, para curvas IEC e de 1 a 15, com passo de 0,01, para curvas IEEE. As
curvas são traçadas para valores do múltiplo M, que variam geralmente de 1,5 a 20,
em um sistema de eixos ortogonais, com escala log x log (Almeida, 2000).
Silva (2008) mostra em seu trabalho a equação (4.13), em que se baseiam
as curvas de tempo inverso IEC (IEC 60255):

 
 
β
t = α ⋅k (4.13)
 I 
 −1 
I> 

Onde:

t – Tempo de operação;
I – Valor de corrente passante na linha;
I> – Valor de corrente definido para atuação do relé (corrente de ajuste);
K – Multiplicador de tempo;
α e β – Constantes que variam dependendo da curva de tempo inverso
escolhida.

Os grupos de curvas se classificam conforme os valores adotados para os


parâmetros α e β. Classificações de grupos de curvas de tempo inverso da norma
IEC 60255 estão disponíveis na tabela 10:
120

Tabela 10 - Grupos de curvas de atuação de tempo inverso segundo a norma IEC 60255 e valores das
constantes α e β (ABB, 2004, apud Silva, 2008).

Classificação α β
Normal Inversa 0,02 0,14
Muito Inversa 1,0 13,5
Extremamente Inversa 2,0 80,0
Inversa de Tempo Longo 1,0 120

O fator k implica no posicionamento da curva em relação ao tempo. Um k



menor significa um tempo de atuação mais rápido. corresponde à variável M
I>
observada nas fórmulas da tabela 9, em outras palavras, significa os múltiplos da
corrente de pick-up.
No trabalho de Silva (2008) também é possível observar a equação (4.14),
em que se baseiam as curvas de tempo inverso IEEE (IEEE C37.112):

 
 
 A 
t = P
+ B⋅n (4.14)
  I  − 1 
 I> 
   

Onde:

t – Tempo de operação;
I – Valor de corrente passante na linha;
I> – Valor de corrente definido para atuação do relé (corrente de ajuste);
n – Multiplicador de tempo;
A, B, P – Constantes que variam dependendo da curva de tempo inverso
escolhida.

Os grupos se classificam conforme os valores adotados para os parâmetros


A, B e P. Classificações de grupos de curvas de tempo inverso baseadas na norma
IEEE C37.112 estão disponíveis na tabela 11 (ABB, 2004, apud Silva, 2008).
121

Tabela 11 - Grupos de curvas de atuação de tempo inverso segundo a norma IEEE C37.112 e valores das
constantes A, B e P (ABB, 2004, apud Silva, 2008).

Classificação A B P
Extremamente Inversa 6,407 0,0250 2,0
Muito Inversa 2,855 0,0712 2,0
Inversa 0,0086 0,0185 0,02

O fator n implica no posicionamento da curva em relação ao tempo. Um n


I
menor significa um tempo de atuação mais rápido. corresponde à variável M
I>
observada nas fórmulas da tabela 9, em outras palavras, significa os múltiplos da
corrente de partida.

4.2.4.5.3 Critérios para ajuste da corrente mínima de atuação

Almeida (2000) diz que na medida do possível, o ajuste da corrente mínima


de atuação (IMIN, AT para a unidade 51 e IAT, INST para a unidade 50) dos relés de
sobrecorrente deve observar os critérios apresentados a seguir:

• Para Unidade Temporizada de Fase (51)

O primeiro critério prevê que o valor da corrente mínima de atuação seja


maior ou igual o da corrente de carga máxima observada no secundário do
respectivo TC.

I CARGA,MAX
I MIN , AT ≥ (4.15)
RTC

O segundo critério diz que a corrente mínima de atuação deve ser ajustada
num valor menor ou igual a corrente de curto–circuito bifásica mínima dentro da sua
zona de proteção (ICC, 2ᶲ (NO FINAL DO TRECHO)), também observada no secundário do
respectivo TC.
122

I CC,2φ ( NO.FINAL.DO.TRECHO)
I MIN, AT ≤ (4.16)
RTC

Normalmente, a zona de proteção do relé de sobrecorrente se estende até o


final do alimentador da subestação que o disjuntor protege.

• Para Unidade Temporizada de Neutro (51 N)

Vale observar que essa unidade detecta apenas falhas em sistemas


elétricos aterrados.
Ela deve ter a sua corrente mínima de atuação ajustada para um valor maior
ou igual a 10 % a 30 % da corrente de carga máxima do circuito devido aos
desequilíbrios admissíveis do sistema:

(0,1a0,3).I CARGA,MAX
I MIN, AT ≥ (4.17)
RTC

Pois cargas desequilibradas ou cargas monofásicas ligadas no sistema


elétrico originam correntes de desequilíbrio, circulantes no condutor neutro do
sistema e no terra.
A corrente mínima de atuação da unidade 51 N também deve ser ajustada
num valor menor ou equivalente o da corrente de curto-circuito fase-terra mínima
dentro da sua zona de proteção (ICC, ᶲT (NO FINAL DO TRECHO)).

I CC ,φT ( NO.FINAL.DO.TRECHO)
I MIN , AT ≤ (4.18)
RTC

Para ambos os ajustes deve ser considerado a corrente observada no


enrolamento secundário do TC.

• Para Unidade Instantânea de Fase (50)

Essa unidade é ajustada para proteger 80 % do trecho compreendido entre


sua localização e o ponto de instalação do primeiro equipamento de proteção a sua
jusante.
123

Figura 48 - Alcance da unidade instantânea de fase (50). Desenho do diagrama baseado no observado em
Almeida (2000).

Enquanto ao ajuste da corrente mínima de atuação, a unidade não deve ser


sensível as correntes de energização do circuito, que geralmente são maiores que a
corrente de carga máxima da subestação.

(3a8).I CARGA , MAX


I AT , INST ≥ (4.19)
RTC

O fator de multiplicação a ser utilizado dependerá da característica da carga


do circuito. Em sistema com muito transformador e motor de indução, geralmente se
trabalha com fator 8, garantindo menor sensibilidade do relé as correntes de
energização dessas máquinas.
A unidade 50 também deve ter sua corrente mínima de atuação ajustada
para um valor menor ou igual o da corrente de curto-circuito bifásica e trifásica,
próximas do primeiro equipamento de proteção a sua jusante (até 20 % do trecho a
montante do primeiro equipamento de proteção).

f a .I CC , 2φ .OU .3φ , PRÓXIMA. DO. PRIMEIRO.EQUIPAMENTO. DE.PROTEÇÃO. A. JUSANTE


I AT , INST ≤ (4.20)
RTC

Como a corrente de curto-circuito inicialmente é dinâmica, isto é, ela varia


assimetricamente ao longo do tempo até atingir um valor em regime permanente
(período após a falta), esta deve ser multiplicada pelo fator de assimetria (fa), a fim
de que possa ser determinado o valor máximo por ela atingindo no momento
imediatamente após a ocorrência da falta. Esse fator é calculado, geralmente, em
124

função da relação X/R, estimado no ponto da falta (Santos, 2009). Ressalta-se que a
multiplicação da corrente de curto-circuito pelo fator de assimetria reduz bastante a
sensibilidade do relé de sobrecorrente.

• Para Unidade Instantânea de Neutro (50 N)

Essa unidade também é ajustada para proteger 80 % do trecho


compreendido entre sua localização e o ponto de instalação do primeiro
equipamento de proteção a sua jusante.
A unidade instantânea do relé de neutro não deve ser sensível as correntes
de energização de cargas ligadas entre fase e terra ou neutro.

(3a8).I DESEQ.
I AT , INST ≥ (4.21)
RTC

Onde:

IDESEQ. – (0,1 a 0,3) . ICARGA, MAX.

Ela também deve ter sua corrente mínima de atuação ajustada para um
valor menor ou equivalente o da corrente de curto-circuito fase-terra nas
proximidades do primeiro equipamento de proteção a sua jusante (até 20 % do
trecho a montante do primeiro equipamento de proteção).

f a .I CC ,φT , PRÓXIMA. DO.PRIMEIRO.EQUIPAMENTO. DE.PROTEÇÃO. A. JUSANTE


I AT , INST ≤ (4.22)
RTC

4.2.4.6 Proteção diferencial para transformadores de potência

A proteção diferencial consiste em estabelecer uma zona de proteção


restrita a um equipamento elétrico, de maneira que seja possível relacionar as
correntes de entrada e saída desse equipamento. Essa relação entre as correntes
do equipamento é observada por um dispositivo de proteção diferencial, utilizado
125

para sua proteção. A proteção diferencial pode ser usada para proteger os seguintes
equipamentos:

• Geradores;
• Motores;
• Barramentos;
• Transformadores de potência;
• Trecho de linhas de transmissão (que possuem sistema de teleproteção).

O dispositivo que atua segundo a proteção diferencial no sentido de proteger


os equipamentos elétricos do sistema de potência é conhecido como relé diferencial.
Para este trabalho será realizada uma abordagem a respeito dos aspectos
relativos a proteção diferencial de transformadores de potência.

4.2.4.6.1 Princípio de funcionamento

A filosofia da proteção diferencial pode ser representada pelo seguinte


esquema de ligação:

Figura 49 - Adaptação do esquema da proteção diferencial para transformadores, observado em Segatto


et al. (2003).
126

Onde:

TC1 – Transformador de corrente a montante do transformador (elemento


protegido);
TC2 – Transformador de corrente a jusante do transformador (elemento
protegido);
1:n1 – RTC do transformador de corrente a montante do transformador de
potência;
1:n2 - RTC do transformador de corrente a jusante do transformador de
potência;
i1p - corrente no enrolamento primário do transformador de corrente;
i2p - corrente no enrolamento primário do transformador de corrente;
i1s - corrente no enrolamento secundário do transformador de potência;
i2s - corrente no enrolamento secundário do transformador de potência;
e1p – tensão no enrolamento primário do transformador de potência;
e1s – tensão no enrolamento secundário do transformador de potência;
N1 – número de espiras no enrolamento primário do transformador de
potência;
N2 – número de espiras no enrolamento secundário do transformador de
potência;
(i1s-i2s) – corrente diferencial.

O esquema de ligação mostra os extremos da zona de proteção, os


transformadores de corrente, interligados em um mesmo ponto geográfico (o relé
diferencial), captor das correntes i1s e i2s (Flach, 2008). Flach ainda esclarece:

A proteção diferencial compara os valores medidos considerando a


amplitude e fase do sinal. Isto é possível por uma comparação direta dos
valores instantâneos ou por um vetor (fasor). Em cada caso a medição é
baseada na Lei de Kirchhoff que define que a soma fasorial das corrente
que entram ou deixam um nó devem ser nulas a qualquer instante de
tempo. A convenção adotada é: as corrente que entram na zona de
proteção são positivas, enquanto que as corrente que deixam a zona de
proteção são negativas.

A convenção acima se refere aos sinais das correntes primárias dos TC1 e
TC2.
127

O relé diferencial trabalha com a corrente diferencial secundária. A única


condição para a atuação do dispositivo de proteção diferencial é se a corrente
diferencial, oriunda dos sinais de corrente i1s e i2s, não for nula. Na prática, a atuação
se dá quando a corrente diferencial é superior a um valor previamente estabelecido.

4.2.4.6.2 Relé diferencial percentual x relés diferencial não percentual

Basicamente existem dois tipos de proteção diferencial:

• Relé diferencial não percentual: proteção mais simples. A operação do relé é


limitada exclusivamente a diferença vetorial entre as correntes circulantes i1s e
i2s, corrente que percorrerá a sua bobina de operação.

Figura 50 - Operação do relé diferencial não percentual para normalidade de corrente e falta fora da zona
de proteção. Adaptação do esquema observado em Flach (2008).

Figura 51 - Operação do relé diferencial não percentual para falta dentro da zona de proteção. Adaptação
do esquema observado em Flach (2008).
128

• Relé diferencial percentual: o esquema de proteção diferencial percentual é


modificado com o acréscimo de uma bobina de restrição, composta por duas
meias bobinas, que tem por finalidade inibir a atuação do relé em situação de
operação normal ou de falta externa a zona de proteção da proteção
diferencial.

Figura 52 - Operação do relé diferencial percentual para normalidade de corrente e falta fora da zona de
proteção. Adaptação do esquema observado em Flach (2008).

Figura 53 - Operação do relé diferencial percentual para falta dentro da zona de proteção. Adaptação do
esquema observado em Flach (2008).

Nas figuras acima é possível observar que pela bobina de restrição, dividida
em duas partes, irá circular uma corrente igual a (i1s+i2s)/2, enquanto que na bobina
de operação irá circula uma corrente equivalente a (i1s-i2s), de tal forma que a
corrente elétrica circulante na bobina de restrição sempre irá apresentar um
comportamento contrário a corrente elétrica circulante na bobina de operação. A
operação do relé diferencial, nos casos em que ocorrer uma falta dentro de sua zona
de proteção, sempre ficará limitada a força de restrição oferecida pela bobina de
restrição.
129

4.2.4.6.3 Curva de atuação para relé diferencial percentual

Conforme Mamede (2005):

O valor da restrição imposta aos relés é estabelecido como uma


percentagem da corrente solicitada pela bobina de operação BO para
vencer o conjugado resistente ou de restrição, o que é denominado
normalmente inclinação característica cujo valor pode variar entre 15 e 50%.

A operação do relé diferencial percentual se dará até um limiar oferecido


pela inclinação característica descrita pelo autor, também conhecida por declividade,
representada por uma reta inclinada, que divide o plano em duas regiões, conforme
figura abaixo:

Figura 54 - Redesenho do gráfico da curva característica do relé diferencial percentual, observado em


Almeida (2000).

Pelas palavras do autor observa-se que o ajuste da declividade é baseado


na seguinte expressão:

I OPERAÇÃO (i1s − i2 s )
K1 = =
I RESTRIÇÃO (i1s + i2 s ) (4.23)
2

A corrente de operação (IOPERAÇÃO) está relacionada à corrente diferencial,


enquanto que a corrente de restrição (IRESTRIÇÃO) está relacionada à corrente média
da bobina de restrição. Como já foi mencionada anteriormente, normalmente, a
130

declividade é dada em níveis percentuais. Para determinar o valor da declividade


percentual, basta multiplicar o valor encontrado por 100.
A posição da falta em relação à zona de proteção do relé diferencial
percentual determina as seguintes relações:

• Valor de K1 para operação normal ou faltas externas:

I OPERAÇÃO = i1s − i2 s ≈ 0 (4.24)


1
I RESTRIÇÃO = (i1s + i2 s ) ≠ 0 (4.25)
2
I OPERAÇÃO
≈ K 1 ≈ 0 – o relé não opera (4.26)
I RESTRIÇÃO

Nesse caso, nota-se que a IOPERAÇÃO é menor que a IRESTRIÇÃO, não


oferecendo força o suficiente para vencer o conjugado resistente (o dispositivo de
proteção não opera).

• Valor de K1 para faltas internas:

I OPERAÇÃO = i1s + i2 s ≠ 0 (4.27)


1
I RESTRIÇÃO = (i1s − i2 s ) ≈ 0 (4.28)
2
I OPERAÇÃO
≈ K 1 ≈ ∞ – o relé opera (4.29)
I RESTRIÇÃO

Nessa situação, nota-se que a IOPERAÇÃO é maior que a IRESTRIÇÃO, oferecendo


força o suficiente para vencer o conjugado de restrição (a proteção diferencial
percentual opera).
Em suma, para que haja a atuação da proteção diferencial será necessário
que:
131

1
(i1s − i2 s ) ≥ K1 . (i1s + i2 s ) (4.30)
2
I OPERAÇÃO ≥ K 1 .I RESTRIÇÃO (4.31)

Na prática, a operação do relé diferencial é controlada pelos ajustes de K1


(declividade) e de iMIN (corrente mínima de atuação do relé diferencial percentual). O
dispositivo de proteção só irá operar caso o valor de K1 medido seja maior do que
um K1 ajustado e a corrente diferencial resultante, que circula na bobina de
operação, seja superior a um valor mínimo (iMIN), também previamente ajustada
Flach (2008).
Normalmente, os relés diferenciais percentuais do tipo eletromecânico
disponibilizam no mínimo 3 níveis de declividade, enquanto que os dispositivos
diferenciais percentuais digitais dispõe de diversas declividades, permitindo ajustes
de curvas por passos ainda menores.

Figura 55 - Redesenho do gráfico dos níveis de declividade de um relé diferencial percentual, observado
em Almeida (2000).

4.2.4.6.4 Esquema básico de ligação do relé diferencial percentual

Este esquema é válido para transformadores de potência com dois


enrolamentos. De acordo com Almeida (2000), “as conexões dos TCs são feitas
levando-se em consideração o grupo de ligação do transformador de força
protegido”. O autor apresenta alguns procedimentos para a definição das conexões
dos TCs, dentre eles, dois muito importantes são:
132

• Arbitrar o sentido das correntes primária e secundária do transformador de


potência, considerando a corrente de carga, atentando para a polaridade dos
enrolamentos dos TCs;
• Os TCs do lado dos enrolamentos estrela do transformador devem ser ligados
em delta; e os TCs do lado dos enrolamentos delta do transformador, devem
ser conectados em estrela, objetivando compensar o defasamento angular de
30º entre as correntes primárias e secundárias para transformadores do grupo
de ligação estrela-delta.

A segunda abordagem também é válida para transformadores com grupo de


ligação delta-estrela.

Figura 56 - Diagrama trifilar do esquema de proteção diferencial para transformadores de potência com
dois enrolamentos.

4.2.4.6.5 Dimensionamento dos TCs e ajuste da declividade para o relé


diferencial percentual

Considerando o esquema básico de ligação do relé diferencial percentual


observado na seção anterior. A seguir, mostram-se observações quanto ao
dimensionamento dos TCs da zona de proteção e os procedimentos para definição
da declividade:
133

• Determinar as correntes nominais primárias e as RTC dos transformadores de


corrente que limitam a zona de proteção do transformador de potência (seguir
os procedimentos da seção 4.2.3.2.1). No setor da subestação onde se exige
que um banco de TCs apresente em seu secundário uma ligação trifásica em
triângulo deve-se levar em consideração o seguinte princípio:

Sendo a relação de transformação de um transformador de corrente dada


pela razão entre suas correntes primária (IP) e secundária (IS):

IP
RTC = (4.32)
IS

E a relação entre as correntes de fase e de linha de uma ligação trifásica em


triângulo dada por:

IL
IF = (4.33)
3

Onde:

IL – Corrente de linha;
IF – Corrente de fase.

Considerando o fechamento em triângulo dos enrolamentos secundários de


um banco de TCs, então:

IL
IS = IF = (4.34)
3

Isto é, a corrente secundária de cada TC do banco corresponderá a uma


corrente por fase. Assim sendo, a relação de transformação do banco de TCs será
dada por:
134

IP IP I .I
RTC = = = P = P 3
IS IF IL IL (4.35)
3

A corrente IL, igual a 5 A, corresponde a corrente tomada nos terminais de


linha do fechamento delta no secundário do banco de TCs.

• Calcular as correntes de linha de carga máxima secundárias à circular nos


secundários dos bancos de TCs da zona de proteção do relé diferencial:

I CARGA,MAXP
I CARGA,MAXS = (4.36)
RTC

Onde:

ICARGA,MAXP – A corrente de carga máxima que circula no enrolamento


primário do TC;
ICARGA,MAXS – A corrente de carga máxima que circula no enrolamento
secundário do TC.

• Calcular o valor da corrente diferencial que circula pela bobina de operação


do relé (IOPERAÇÃO):

I OPERAÇÃO = I CARGA, MAXS 1 − I CARGA, MAXS 2 (4.37)

Onde:

ICARGA, MAX S1 – Corrente de carga máxima no secundário do(s) TC(s) a


montante do transformador de potência;
ICARGA, MAX S2 – Corrente de carga máxima no secundário do(s) TC(s) a
jusante do transformador de potência.

É importante esclarecer que a corrente diferencial (oriunda da diferença


entre as correntes nas saídas dos bancos de TCs da zona de proteção do relé
diferencial) deve ser a menor possível.
135

• Calcular o valor médio da corrente que circula na bobina de restrição da


proteção diferencial (IRESTRIÇÃO):

I CARGA,MAXS1 + I CARGA,MAXS2
I RESTRIÇÃO = (4.38)
2

Com as correntes de operação e restrição conhecidas torna-se possível a


determinação da declividade de ajuste para o relé diferencial percentual, a partir da
equação (4.23) da seção anterior.

I OPERAÇÃO
K1 = (4.39)
I RESTRIÇÃO

4.2.4.7 Ajustes para religadores com relés de sobrecorrente

A aplicação de religadores constitui particularmente um subsistema de


proteção, em virtude dos componentes necessários ao desempenho de sua função,
tais como TCs, relés de controle e proteção e, em alguns casos, um suprimento
energético auxiliar. Almeida (2000) explica que o sistema de controle do religador,
em resumo, permite efetuar os seguintes ajustes:

• Ajuste da corrente mínima de atuação;


• Ajuste da sequência de operação;
• Ajuste das curvas características;
• Ajuste do intervalo de religamento;
• Ajuste do tempo de rearme.

Os critérios para realização dos ajustes em religadores com relés de


sobrecorrente são ligeiramente equivalentes aos necessários para os ajustes
inerentes aos disjuntores, isto porque ambos operam com o mesmo dispositivo de
proteção contra sobrecorrente.
136

4.2.4.7.1 Critérios para ajuste da corrente mínima de atuação por fase

Os critérios de ajuste apresentados nessa seção são para religadores de


uso em subestações. Observa-se em Almeida (2000) que, para determinação das
correntes mínimas de atuação do religador ele utiliza critérios parecidos com os
empregados para as unidades temporizadas de fase (51) e de neutro (51 N) do relé
de sobrecorrente para comando de disjuntor. Segundo o autor, para os disparos
rápidos realizados pelo religador pode ser usada tanto a unidade instantânea (50)
quanto a unidade temporizada, todavia, para a segunda unidade, é necessário o uso
de curvas de tempo inverso ou tempo definido baixas, que apresentam característica
de ação rápida. Já para os disparos lentos lança-se mão da unidade temporizada
com curvas de tempo inverso ou tempo definido altas, que apresentam característica
de ação lenta.
No tocante o ajuste das correntes de atuação, na medida do possível, deve-
se observar os critérios a seguir:

• Para Unidades Temporizadas de Fase (51)

A ideia deste ajuste é fazer com que o relé de sobrecorrente de fase


comande a abertura do religador, quando uma corrente superior ao valor ajustado
percorrer a fase que ele protege.
A corrente mínima de atuação por fase (IMIN, AT, FASE) depende da corrente de
carga máxima no ponto de instalação do religador e da corrente de curto-circuito
entre fases no final da zona protegida pelo relé de sobrecorrente de fase (unidade
51).
O primeiro critério prevê que o valor da IMIN, AT, FASE deverá ser maior ou igual
a máxima corrente de carga observada no ponto onde o religador está instalado.

I MIN, AT,FASE ≥ I CARGA,MAX (4.40)

O segundo critério diz que a corrente mínima de atuação por fase deverá ser
ajustada num valor menor ou igual a corrente de curto–circuito bifásica mínima
dentro da zona de proteção do relé de sobrecorrente do religador.
137

I MIN, AT,FASE ≤ ICC,2φ ( NO.FINAL.DO.TRECHO) (4.41)

Lembrando que nesse caso, a zona de proteção se estende até o final do


alimentador da subestação que o religador protege.

• Para Unidades Temporizadas de Neutro (51 N)

A ideia deste ajuste é fazer com que o relé de sobrecorrente de neutro


comande a abertura do religador, quando uma corrente de curto-circuito para a terra
for superior ao valor ajustado.
A corrente mínima de atuação envolvendo o neutro (IMIN, AT, NEUTRO)

dependerá da corrente de desequilíbrio dos TCs e / ou do sistema, no ponto de


instalação do religador, e da corrente de falta fase-terra mínima no final da zona
protegida pelo relé de proteção de neutro (unidade 51 N).
Vale observar que essa unidade detecta apenas falhas em sistemas
elétricos aterrados.
O critério para ajuste da IMIN, AT, NEUTRO diz que o relé deverá ter a sua
corrente mínima de atuação ajustada para um valor maior ou igual a 10 % a 30 % da
corrente de carga do circuito devido aos desequilíbrios admissíveis do sistema.

I MIN, AT,NEUTRO ≥ (0,1a0,3).I CARGA,MAX (4.42)

E para um valor menor ou equivalente que o da corrente de curto-circuito


fase-terra mínima dentro da sua zona de proteção.

I MIN, AT, NEUTRO ≤ I CC,φT ( NO.FINAL.DO.TRECHO) (4.43)

Almeida (2000) justifica a ausência da relação de transformação dos


transformadores de corrente em seus cálculos explicando que, geralmente, os
religadores atuais possuem TCs nos seus interiores, no entanto, nem todos os tipos
necessitam que seja feito o dimensionamento da relação nominal dos TCs, já que é
comum a corrente mínima de atuação do seu dispositivo de proteção contra
sobrecorrente ser ajustada com base na corrente primária de fase (unidade de fase)
138

e neutro ou terra (unidade de neutro), circulantes no ponto do sistema elétrico onde


será instalado, mesmo que os relés de proteção estejam recebendo corrente
secundária. Sendo necessário a determinação do RTC deve ser adotado os critérios
abordados na seção 4.2.3.1.1.

4.2.4.7.2 Outros ajustes para religadores

Os ajustes apresentados nessa seção são para religadores de uso em


subestação. A partir de Almeida (2000) e Mamede (2005) depreende-se que:

• Curvas de temporização de fase e neutro: deverão ser escolhidas de modo a


atender a coordenação com equipamentos instalados a montante e a jusante.
• Sequência de operação do religador: deverá ser ajustada dependendo da
finalidade para a qual o religador será aplicado. Por exemplo, operações
rápidas deverão impedir a ação de curto-circuitos transitórios sem que haja
queima de elo-fusível protetor, enquanto que em operações temporizadas
permitirão a fusão do elo-fusível quando o curto-circuito no trecho protegido
for permanente.
• Tempos (intervalos) de religamento: deverão ser determinados em função da
coordenação com demais dispositivos de proteção instalados a montante e a
jusante.
• Tempo de rearme: A fim de evitar um rearme durante a sequência de
operações, o tempo de rearme pode ser calculado a partir da equação (4.43):

TREARME ≥ 1,1x ∑ Tto + 1,15 x ∑ Tti (4.44)

Sendo:

∑T to
– Tempo total de todas as operações de abertura para a corrente
mínima de atuação;

∑T ti
– Somatória dos tempos de intervalo de religamento.
139

4.2.4.8 Filosofia de proteção de subestações

A aplicação de sistema de proteção em uma subestação requer o melhor


planejamento possível de sua operação, pois é interessante que em uma condição
de falta o sistema isole apenas a porção do sistema elétrico afetado, minimizando o
número de componentes desligados.
“A lógica de operação do sistema de proteção divide o sistema de potência
em várias zonas de proteção, cada zona requerendo seu próprio grupo de relés”
(Leão, 2010).
Essa filosofia possibilita que cada zona seja protegida e desconectada
individualmente na ocorrência de uma falta, de modo que o resto do SEP continue
em serviço, caso possível.

Figura 57 - Filosofia de proteção para um sistema elétrico de potência, observado em Almeida (2000).

A respeito da lógica de operação do sistema de proteção, Coury (2010)


explica que toda zona de proteção é delimitada pela localização dos TCs que
suprem seus relés de proteção, além disso, todas elas são sobrepostas, eliminando
as chances da ocorrência de pontos cegos, garantindo que nenhuma porção do
sistema elétrico esteja desprovida de proteção primária, ou seja, desprotegida.
Se tratando de proteção, em consequência a forma como estão dispostas as
zonas de proteção num sistema elétrico, surgem os conceitos de proteção principal e
proteção de retaguarda.
140

Figura 58 - Zonas de proteção de um sistema elétrico. Diagrama desenhado com base no observado em
Leão (2010).

Entende-se por proteção principal, como o próprio nome sugere, como


sendo o equipamento que exerce a função de proteção principal de determinada
zona de proteção, operando prioritariamente após a ocorrência de uma falta nessa
área protegida, enquanto que a proteção de retaguarda corresponde ao
equipamento destinado a operar quando uma falta no sistema elétrico, por alguma
razão, não é isolada em tempo hábil pela proteção principal. A proteção principal e a
proteção de retaguarda são possíveis porque a filosofia de proteção descrita neste
trabalho permite que determinadas proteções que exercem a proteção principal em
uma zona particular sejam capazes de detectar faltas também fora dela, em zonas
adjacentes, exercendo a proteção de retaguarda da proteção principal das outras
zonas de proteção. Para que haja seletividade na operação das proteções de um
sistema elétrico, um sistema de proteção lança mão das características e do tempo
de intervenção dos dispositivos de proteção, possibilitando a configuração da
velocidade de operação de cada dispositivo, relacionando-os de forma seletiva.
De um modo geral, a filosofia de proteção visa garantir total proteção a uma
subestação, conforme expressa Leão (2010):

Um ponto essencial para garantir a confiabilidade do sistema, é o sistema


de proteção que deve ser capaz de isolar qualquer que seja a falta, mesmo
que a proteção principal associada não opere. Portanto, se possível, todo
vão deve ser protegido pelos relés de proteção principal e de retaguarda.

É importante dizer que em hipótese alguma um esquema de proteção deve


atuar se não existir falhas em qualquer das zonas de proteção do SEP protegido,
pois este comportamento desnecessário poderá ser danoso ao sistema.
141

5 SUBESTAÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO
TIPO I - DIMENSIONAMENTOS
5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O capítulo 5 apresenta os estudos correlatos à subestação de distribuição


tipo I na forma de um memorial técnico descritivo. O memorial e o projeto da
subestação objeto de estudo deste trabalho foram construídos principalmente a
partir dos fundamentos até então abordados nos capítulos anteriores e da norma
NBR 11191.
O conteúdo desse capítulo permite demonstrar algumas das características
relacionadas às subestações de distribuição mais importantes, quais as
especificações cabíveis para cada característica e as justificativas que as sustentam.
Também apresenta observações importantes para alguns esclarecimentos e
compensação da impossibilidade de certos dimensionamentos, os quais demandam
assuntos que podem ser melhor abordados em outras oportunidades de trabalhos
acadêmicos.

5.2 CARACTERIZAÇÃO DA SUBESTAÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO TIPO I

Segundo a NBR 11191 (ABNT, 1989), as subestações tipo I são


caracterizadas pelo fornecimento a zonas rurais e pequenas localidades; suprimento
através de sistema radial, com alimentação única; potência instalada de até 2 x 3,75
MVA, em 34,5 kV, e de até 2 x 5 MVA, em 69 kV, fornecida por transformador de
potência com sistema de refrigeração natural, isto é, a refrigeração é realizada pela
circulação natural de óleo em seu interior e de ar em seu exterior (Óleo Natural, Ar
Natural - ONAN). Em complemento a essas características, a norma NBR 9523 diz
que as SEs tipo I também são caracterizadas por serem não-atendidas, ou seja, elas
não dispõem de pessoal permanente para sua operação.
Apesar desse tipo de subestação apresentar as características acima
citadas, a norma prevê situações especiais dos sistemas de distribuição, em que é
exigida maior confiabilidade que as oferecidas pelas SEs tipo I, sugerindo nesses
casos que o usuário da SE faça adaptações (por exemplo, utilização de dupla
142

alimentação), adote projeto de subestação tipo II (classificação constante na norma


CB-150, a NBR 9523) ou ainda utilize transformadores com potências nominais
diferentes das estabelecidas em PB-1236, ou NBR 9368 – Transformadores de
potência de tensões máximas até 145 kV – Características elétricas e mecânicas –
Padronização (ABNT, 1989).
Segundo a ABNT (1989), nos casos em que é desejada a evolução do
arranjo físico da SE tipo I podem ser tomadas as seguintes alternativas:

• Aumento da potência instalada, pela troca ou instalação do segundo


transformador;
• Aumento da confiabilidade, pela introdução do segundo transformador;
• Instalação de regulador na subestação;
• Instalação de nova(s) saída(s) de RDR / RDU, até perfazer um máximo de
três;
• Instalação ou aumento de compensação de reativos, através de instalação de
banco(s) de capacitores.

5.3 NORMAS E DOCUMENTOS

Para o desenvolvimento dos dimensionamentos pertinentes ao projeto


eletromecânico e arranjo físico deste trabalho foram utilizadas as seguintes normas
e regulamentos:

• Norma Brasileira 11191 – Subestações de distribuição tipo I – 69-34,5 ou 13,8


kV até 5 MVA e 34,5 kV, 13,8 kV até 3,75 MVA – Diagramas unifilares e
arranjos de subestações;
• Documento Normativo tipo padrão de subestação 051 / 2005 (PS-051) –
Subestação de distribuição aérea e semi-abrigada – 72,5 – 15 kV, da
Companhia Energética do Ceará – Coelce.

A utilização do documento normativo da Coelce destina-se apenas a


demonstrar detalhes que a norma brasileira para subestações tipo I não contemplar.
A sua escolha foi uma alternativa para compensar a indisponibilidade de normas
143

relativas ao padrão de subestação de tipo I pela concessionária de energia elétrica


local.
Para demonstração da seleção de equipamentos elétricos de alta e média
tensão foram utilizados catálogos de fabricantes de equipamentos elétricos. Parte
das especificações dos equipamentos obedeceu a todas as observações presentes
na NBR 11191. Os demais detalhes abordados neste trabalho não previstos na
referida norma são de caráter demonstrativo.
Utilizando os conhecimentos básicos apresentados no capítulo 4 deste
documento, relativos aos relés de sobrecorrente e diferencial percentual foram
realizados cálculos para demonstração do ajuste de parâmetros dos respectivos
dispositivos.
O roteiro e os textos do memorial descritivo desenvolvidos para
apresentação básica do projeto basearam-se nos textos das normas NBR 11191 e
PS-051 e no memorial descritivo de Landolt et. al. (2008).

5.4 APRESENTAÇÃO DO PROJETO

A subestação de distribuição deste trabalho foi projetada respeitando as


características básicas de uma SE tipo I, sendo uma instalação do tipo convencional,
ao tempo, com conexões aéreas entre vãos e barramento, mas com arranjo físico
clássico, isto é, apesar da disposição do barramento no nível do solo, mas com
distribuição longitudinal dos módulos (em série), layout típico de subestações de
distribuição. A SE tipo I apresenta setores de alta tensão, em 69 kV, e média tensão,
em 13,8 kV, alimentação aérea única, proveniente de um sistema radial, e potência
instalada de 5 MVA, fornecida por transformador de potência com sistema de
refrigeração ONAN. Essa subestação será não-atendida e objetiva atender as redes
aéreas de distribuição de áreas rurais ou pequenas localidades. A tabela a seguir
contém as características técnicas específicas do projeto, construída com base na
tabela “Características técnicas de cada tipo de subestação”, da norma PS-051
(2005):
144

Tabela 12 - Características técnicas da subestação de distribuição tipo 1, projeto do TAC.

Setores Descrição SE Tipo 1 – Projeto do TAC


Potência do transformador 1x5 MVA
Número de entradas de Linha
01
de 69 kV
Pátio de 69 kV Aéreo ao tempo
Pátio de 13,8 kV Aéreo ao tempo
Tipo de barra de 13,8 kV Barramento simples
Número de alimentadores 03

AT e Transformador de potência com comutação automática


Regulação
MT sob carga
Transformadores de Serviços
1x75 kVA
Auxiliares
Relé de Sobrecorrente Relé Diferencial
Relés (trifásico) (trifásico)
04 01
Conforme especificações das seções 5.11.3.3 e
Equipamentos
5.11.3.4 do presente capítulo
Atendimento Subestação não-atendida / teleassistida

5.5 OBJETIVOS DO PROJETO

Os principais objetivos que se pretendem atingir com este projeto são os


seguintes:

• Estabelecimento de um estudo básico normalizado que articule as áreas


técnicas da construção de arranjo físico, montagem eletromecânica e sistema
de proteção, comando e controle digital, voltados para subestação de
distribuição de que trata este trabalho;
• Demonstrar a estrutura básica de uma subestação tipo I cujas instalações
garantam as condições mínimas de níveis de continuidade e qualidade de
serviço, por intermédio do respeito aos critérios técnicos normativos.
• Apresentar características de SEs, inclusive as de distribuição tipo I, através
da abordagem de critérios da NBR 11191 e da demonstração de
especificações e dimensionamentos;
145

5.6 CONCEPÇÃO DO PROJETO

A concepção do projeto, de um modo geral, foi desenvolvida pela satisfação


dos seguintes princípios básicos:

• Segurança geral das pessoas e bens;


• Simplificação e padronização da construção;
• Facilidade de condução da operação e manutenção.

O projeto eletromecânico é composto por equipamentos elétricos típicos de


subestação de distribuição para instalação ao tempo, a serem instalados no pátio de
conexões da subestação. Nessa mesma área também será instalado o
transformador de serviços auxiliares, a ser ligado ao barramento do setor de média
tensão. Esse transformador irá garantir a alimentação dos serviços auxiliares de
corrente alternada da subestação. Serão previstos intertravamentos (observados no
diagrama unifilar da subestação), que poderão ser de natureza elétrica ou mecânica,
necessários ao funcionamento da instalação, em condições de segurança,
garantindo que a manobra de um equipamento esteja condicionada ao cumprimento
de determinadas condições (por exemplo, a ordem de abertura de seccionadores e
disjuntor localizados num mesmo vão), que impeçam falsas manobras dos
equipamentos tanto de AT como de MT.
O sistema básico de proteção desse projeto é composto por dispositivos de
proteção com tecnologia digital. Esse sistema irá garantir o monitoramento e,
quando necessário, o comando (local ou remoto) para manobra de alguns
equipamentos da subestação, através de suas funções de proteção.
O diagrama unifilar, a planta baixa, a planta de perfil e demais detalhes do
projeto foram desenhados no software AutoCAD e encontram-se no APÊNDICE A
deste trabalho.

5.7 DEFINIÇÃO DOS MÓDULOS

A montagem eletromecânica da subestação adota o conceito de modulação,


isto é, utiliza certos conjuntos de construções eletromecânicas (denominados de
módulos), que serão conectados uns aos outros, tanto no setor AT quanto no setor
146

MT, originando o arranjo físico da subestação. O estabelecimento da característica


modular permite simplicidade na composição do projeto eletromecânico, em virtude
da maioria das configurações eletromecânicas de subestações utilizarem módulos
que se repetem nos mais variados projetos, além disso, possibilita a padronização
das instalações de cada módulo e promove a otimização da visualização dos
detalhes da subestação, simplificando o planejamento da manutenção de seus
componentes.
Baseado na descrição dos módulos apresentados na norma PS-051 (2005)
e no modo de apresentação da tabela de “Denominação e utilização dos módulos”,
da norma NBR 11191 (ABNT, 1989), segue os tipos de vãos constituintes dos
setores AT e MT desse projeto:

Tabela 13 - Vãos constituintes da subestação tipo 1, projeto do TAC.

Tensão
Módulos Denominação Utilização
(kV eficaz)
Vão de
entrada de
69 Vão correspondente a entrada de linha de 69 kV
linha sem
disjuntor
Transmissão
Vão de
Vão que garante a ligação direta entre a entrada de
entrada do
69 linha de AT até o primário do transformador de
transformador
potência AT / MT
de potência
Vão de saída
Garante a ligação entre o secundário do
do
13,8 transformador de potência AT / MT e o barramento
transformador
de MT
de potência
Vão de barra 13,8 Vão correspondente o barramento de 13,8 kV
Vãos de
Garante a ligação entre o barramento de MT e os
Distribuição saída de 13,8
alimentadores de distribuição de MT
barra
Vãos AL 13,8 Correspondente aos alimentadores da subestação
Vão
transformador Vão que garante a ligação entre o barramento de MT
13,8
de serviços e o transformador de serviços auxiliares MT / BT
auxiliares

No APÊNDICE A, a planta baixa e na planta de perfil da subestação indicam


todos os módulos que compõe a subestação.
147

5.8 NÍVEIS DE ISOLAMENTO DA SUBESTAÇÃO

A NBR 5460 (ABNT, 1992) define nível de isolamento como sendo o


“conjunto das tensões suportáveis nominais atribuídas a um equipamento ou a
outros elementos de um sistema elétrico”. Os níveis de isolamento são determinados
para que os equipamentos elétricos que serão utilizados no projeto possam resistir
os valores de sobretensões que venham a ser solicitados.
As características relacionadas ao nível de isolamento utilizadas foram
extraídas da tabela “Níveis de isolamento e afastamentos mínimos”, da norma NBR
11191 (ABNT, 1989):

Tabela 14 - Níveis de isolamento (ABNT, 1989).

Tensão nominal Tensão máxima Tensão suportável nominal Tensão suportável


do sistema (kV do sistema (kV de impulso atmosférico (kV nominal à frequência
eficaz) eficaz) de crista) industrial (kV eficaz)
13,8 15 95 34
150 70
34,5 36,2
170 70
69 72,5 350 140

5.9 CÁLCULO DAS CORRENTES DE PROJETO DA SUBESTAÇÃO

A determinação das correntes de projeto das instalações é essencial para a


correta seleção dos equipamentos elétricos, condutores destinados as interconexões
e barramentos. A equação (3.3) é usada para determinação dessas correntes:

S
I= (3.45)
3 xV

Para esse projeto serão determinados os valores das correntes de carga


nominais transitáveis em serviço contínuo da subestação e correntes máximas
admissíveis no sistema.
Dado que o transformador de potência possui potência aparente nominal de
5 MVA, as tensões trifásicas de operação nos setores primário e secundário são,
respectivamente, 69 kV e 13,8 kV, e que os valores mínimos de tensão primária e
148

secundária para o trânsito das correntes máximas admissíveis no sistema são 60,38
kV e 12,08 kV (considerando um transformador de potência com comutador de tap
sob carga no lado de alta tensão de ± 5 x 2,5 %), portanto as correntes de carga
nominal e correntes máximas admissíveis no sistema dos respectivos setores são
dadas por:

5.10 6
I1 = ≅ 41,88 A (5.1)
3.69.10 3
5.10 6
I2 = ≅ 209,43 A (5.2)
3.13,8.10 3
5.10 6
I 1MAX = ≅ 47,9 A (5.3)
3.60,38.10 3
5.10 6
I 2 MAX = ≅ 239,25 A (5.4)
3.12,08.10 3

Onde:

I1 – Corrente de carga nominal do setor AT da subestação;


I2 – Corrente de carga nominal do setor MT da subestação;
I1MAX – Corrente máxima admissível no setor AT do sistema;
I2MAX – Corrente máxima admissível no setor MT do sistema.

Em relação ao transformador de serviços auxiliares, a corrente de carga


nominal para dimensionamento dos componentes de seu vão é dada por:

75.10 3
I TSA = ≅ 3,14 A (5.5)
3.13,8.10 3

Onde:

ITSA – Corrente de carga nominal no Vão transformador de serviços


auxiliares.

E a corrente máxima admissível no mesmo vão é obtida a partir de:


149

75.10 3
I TSAMAX = ≅ 3,9 A (5.6)
3.12,08.10 3

Onde:

ITSAMAX – Corrente de carga máxima admissível no Vão transformador de


serviços auxiliares.

No tocante ao dimensionamento dos condutores para os Vãos AL ficou


decidido que cada alimentador atenderia a uma potência aparente equivalente a
1,66 MVA, de maneira que os três alimentadores da SE transfiram a capacidade de
potência total do transformador de força. Dessa forma, a capacidade de condução
de corrente de cada alimentador é obtida por:

1,66.10 6
I AL = ≅ 69,53 A (5.7)
3.13,8.10 3

Onde:

IAL – Corrente de carga nominal no Vão AL.

E a corrente máxima admissível do Vão é definida por:

1,66.10 6
I ALMAX = ≅ 79,43 A (5.8)
3.12,08.10 3

Onde:

IALMAX – Corrente de carga máxima admissível no Vão AL.

Em resumo, as correntes calculadas, em relação aos módulos, serão as


seguintes:
150

Tabela 15 - Correntes de projeto da subestação tipo 1.

Corrente (A eficaz)
Módulo Tensão (kV eficaz)
Carga Nom. Máx adim.

Vão de entrada de linha sem disjuntor 69


AT 41,88 47,9
Vão de entrada do transformador de potência 69

Vão de saída do transformador de potência 13,8

Vão de barra 13,8 209,43 239,25

MT Vãos de saída de barra 13,8

Vãos AL 13,8 69,53 79,43

Vão transformador de serviços auxiliares 13,8 3,14 3,44

É importante esclarecer que, na prática, certamente os projetistas lançarão


mão de outros critérios e outras informações para selecionar os componentes
eletromecânicos da SE, tais como os esforços térmicos e mecânicos provenientes
de correntes de curto-circuito, contudo a abordagem desses dados não faz parte do
escopo deste trabalho, sendo assuntos que poderão ser melhor vistos em outras
oportunidades de trabalhos científicos.

5.10 ESTRUTURAS DE CONCRETO

Embora não esteja no escopo deste trabalho, é interessante apresentar


alguns comentários concernentes a estruturas de concreto para subestações.
Essas estruturas deverão ser dimensionadas para suportar os esforços
mecânicos os quais estarão sujeitas, ou seja, esforços provenientes de forças de
tração, peso dos materiais e equipamentos elétricos que suportam e do vento
exercido sobre elas. Ressalta-se que as especificações dos artefatos de concreto
mencionados nessa seção não seguiram critérios além daqueles dispostos na NBR
11191 (por exemplo, critérios de condições do ambiente), no entanto, caso
necessário, esses critérios devem ser obedecidos.
As estruturas de concreto componentes da subestação correspondem às
seguintes peças pré-formadas:
151

• Pórtico das chaves seccionadoras monofásicas e dos pára-raios do Vão de


entrada de linha sem disjuntor;
• Pedestais dos transformadores de corrente monofásicos do Vão de entrada
do transformador de potência;
• Pedestal do disjuntor do Vão de entrada do transformador de potência;
• Base de concreto para transformador de potência;
• Pórtico para os pára-raios do Vão de entrada do transformador de potência;
• Pórtico para os pára-raios do Vão de saída do transformador de potência;
• Pedestais dos transformadores de corrente monofásicos do Vão de saída do
transformador de potência;
• Pórticos do Vão de barra;
• Base de concreto para religadores dos Vãos de saída de barra;
• Pórticos dos Vãos AL.

Capitéis, apoios de concreto tipo jabaquara, apoios de concreto tipo anel,


vigas e postes a serem instalados no pátio de conexões respeitam os valores
mínimos dos critérios observados nas normas NBR 11191 (ABNT, 1989).
Para os alicerces dos TCs dos setores AT e MT da subestação serão
utilizados postes de concreto duplo T, tipo B, 6 m de comprimento (incluso
engastamento) e carga nominal de 600 daN, além dos capitéis.
Para suporte do disjuntor AT será utilizada a estrutura metálica que o
acompanha (do fabricante), fixada em capitél e sustentada por poste de concreto
duplo T, tipo B, 5 m de comprimento (incluso engastamento) e carga nominal de 600
daN.
Para o suporte dos religadores será utilizada as estruturas metálicas que os
acompanham (do fabricante), fixadas em bases compostas por blocos maciços de
concreto.
Todas as estruturas de concreto mencionadas nessa seção podem ser
visualizadas nos desenhos técnicos que se encontram no APÊNDICE A deste
trabalho.
152

5.11 PÁTIO DE CONEXÕES DA SUBESTAÇÃO

Além das estruturas de concreto, o pátio de conexões é composto por:

• Superfície coberta por pedra britada: a camada de brita colocada sobre o solo
onde será construído o pátio visa melhorar as condições de isolamento entre
as partes que entram em contato com superfície e o solo, reduzindo ainda
mais as chances ocorrer um acidente por conta de tensões de passo ou de
contato. A NBR 11191 (ABNT, 1989) recomenda cobrir o solo com no mínimo
10 cm de pedra britada.
• Rede de drenagem do óleo do transformador: construído para os casos em
que o óleo isolante do transformador de potência for mineral. Seu papel é
escoar o óleo que possa vir a vazar do transformador de potência, evitando
seu lançamento no meio ambiente, consequentemente futuros impactos
ambientais.
• Zonas de circulação: correspondem as áreas de segurança que permitem
acesso a Casa de Comando e Controle e / ou aos equipamentos elétricos do
pátio de conexões para montagem, manutenção ou substituição destes.
• Equipamentos elétricos típicos de subestação e materiais elétricos de rede
aérea de distribuição.
• Casa de Comando e Controle.
• Circuitos de iluminação artificial principal: deve permitir completa visualização
da subestação na ausência de luz natural, por ocasião de operações e
manutenção com segurança em períodos noturnos.
• Cabos e barramento.

Todos os componentes comentados nessa seção são demonstrados nos


desenhos técnicos das plantas e detalhamentos em CAD (APÊNDICE A).
É importante dizer que existem outras diversas instalações fundamentais
numa SE, objetivando o gerenciamento, fornecimento de facilidades e atendimento
em casos de emergência, tais como:

• Canais para passagem dos cabos de potência e comando e controle;


153

• Caixas de inspeção dos cabos de baixa tensão;


• Rede de drenagem de líquidos pluviais e residuais;
• Rede de distribuição de água;
• Rede de combate a incêndio;
• Armários de interligação para os equipamentos elétricos monofásicos; entre
outros.

5.11.1 Malha de aterramento

De acordo com Landolt (2008), a malha de aterramento deverá ser


concebida de modo a constituir uma rede equipotencial, que atenda todo o pátio de
conexões da subestação. A sua função é diminuir os riscos de acidentes dos
operadores e de danos às instalações elétricas da subestação, impedindo a
ocorrência de tensões de passo e de contato, drenando as correntes elétricas de
descargas atmosféricas e limitando as correntes de defeito à terra a valores não
perigosos.
A concepção da malha de aterramento de qualquer subestação requer um
projeto específico, constituído de informações que não serão abordadas neste
trabalho. Os dimensionamentos referidos a malha de aterramento não fazem parte
do escopo deste documento, porém é conveniente destacar alguns detalhes,
relativos à NBR 11191 (ABNT, 1989).
A norma estabelece que todas as partes metálicas não energizadas devem
ser aterradas no ponto mais próximo da malha e que para o aterramento da cerca
metálica devem ser verificados os potenciais elétricos. São ligados também à rede
de terra os pára-raios e, se for o caso, o condutor neutro dos equipamentos.
Por fim, a norma recomenda a padronização da malha de terra de maneira
que ela atenda a maior parte da área do pátio de conexões. Para isso, devem-se
considerar:

• As características do solo (homogêneo ou heterogêneo, resistividade);


• As características do sistema elétrico (corrente de curto-circuito para terra).
154

Os desenhos técnicos das plantas e detalhamentos da subestação, que


encontram-se no APÊNDICE A, demonstram a disposição da malha de aterramento
e dos condutores de terra.

5.11.2 Casa de comando e controle

Não faz parte do escopo deste trabalho o dimensionamento da Casa de


Comando e Controle, no entanto, é importante dizer que todo projeto desse edifício
deverá ter capacidade para comportar todos os armários que irão abrigar os
dispositivos de proteção (relés de sobrecorrente e diferencial), comando e controle
(por exemplo, circuito de comando das instalações de iluminação e tomadas de
baixa tensão da subestação, painéis de medição e sinótico etc.), além de apresentar
instalações para condicionamento operacional dos dispositivos (por exemplo,
sistema de refrigeração).
Como sugestão para estudo do projeto do edifício, pode ser observada a
arquitetura e as dimensões da norma Padrão de Subestação 051 (2005).

5.11.3 Equipamentos elétricos

A NBR 11191 diz que os equipamentos a serem utilizados na SE deverão


estar em conformidade com suas normas técnicas específicas e suas especificações
ficam a critério do projetista, devendo levar em consideração a potência instalada, os
níveis de isolamento, a potência de curto-circuito e o tipo de ligação à terra da
subestação. Ela estabelece algumas especificações mínimas para alguns
equipamentos que fazem parte das instalações eletromecânicas da subestação.
Para fins de simplificação do trabalho, na adequação das especificações dos
equipamentos foram observadas, principalmente, a potência instalada, os níveis de
isolamento do projeto e as correntes de projeto calculadas.
De um modo geral, em consonância com os objetivos definidos na seção 5.4
deste documento, o projeto será caracterizado por considerar:

• Soluções normalizadas para os níveis de tensão presentes na SE;


• Montagem eletromecânica seguindo uma concepção modular;
155

• Disposição dos equipamentos no pátio de conexões da subestação, com a


possibilidade de intervenção para manutenção ou substituição destes.

5.11.3.1 Condições de segurança para as instalações eletromecânicas

A NBR 11191 (ABNT, 1989) considera alguns valores mínimos de


afastamento entre fases e estas com a terra, no entanto, visando elevar o grau de
segurança tanto dos equipamentos quanto dos profissionais mantenedores que
acessam o pátio de conexões, a montagem eletromecânica da subestação pode ser
realizada a partir de uma técnica muito utilizada para definição do layout do projeto:
a “separação por afastamento”. Essa técnica consiste em estabelecer distâncias
verticais e horizontais de segurança entre os equipamentos, materiais e condutores
elétricos da SE e estes com partes que se encontram em contato com a terra. A
técnica também prevê afastamentos que impeçam acidentes por conta do acesso
comum entre os equipamentos energizados da SE, dos mantenedores e operadores
da subestação, seja a pé ou de veículo, estando os profissionais com membros
erguidos, segurando ou não peças metálicas.
O procedimento visa evitar acidentes por contatos diretos e defeitos elétricos
(em virtude de ações do vento), assegurar a execução de futuras intervenções em
serviço e permitir a substituição de qualquer componente das instalações do sistema
elétrico. As principais distâncias que a técnica de “separação por afastamento”
engloba são:

• Distância fase-fase: Compreende a distância entre partes submetidas a


tensão (partes energizadas ou vivas) de fases distintas;
• Distância fase-terra: É a distância entre partes vivas e partes em contato com
a terra (paredes, pórticos, telas), a terra propriamente dita ou partes
aterradas;
• Distância de isolamento: A distância que confere elevada rigidez dielétrica
entre o terminal energizado de uma fase (por exemplo, terminal de um
disjuntor ou chave seccionadora) e uma parte energizada de outra fase,
evitando acidentes elétricos por conta de sobretensões de descargas
atmosféricas ou de manobra;
156

• Distâncias de segurança: São distâncias entre as partes energizadas e limites


estipulados com base nas ações de pessoas com livre acesso no pátio de
conexões.

Para o projeto em questão foram atendidos os espaçamentos mínimos


presentes na NBR 11191 (ABNT, 1989):

Tabela 16 - Espaçamentos elétricos mínimos e de segurança obtidos na norma NBR 11191 (ABNT, 1989).

Valores
Grandezas Unidade Fonte de Referência
Considerados
Tensões Nominais
Do sistema kV eficaz 13,8 69 -
Máxima do Sistema kV eficaz 15 72,5 -
Suportável de impulso atmosférico kV de
110 350 -
crista
Espaçamentos (retirados da NBR 11191)
Fase-fase mm 140 787 NBR ANSI
Fase-terra mm 130 635 5434 C37.32

5.11.3.2 Disposição dos equipamentos e dimensões dos vãos

Como já foi mencionado anteriormente, todos os equipamentos e materiais


elétricos da subestação serão montados seguindo uma concepção modular
(conceito de vãos). A montagem eletromecânica ocupa uma área com aproximados
16,0 m de largura e 35,0 m de comprimento. A disposição dos equipamentos e as
dimensões aproximadas de todos os vãos podem ser observadas no APÊNDICE A.

5.11.3.3 Equipamentos de alta tensão

• Chave seccionadora: Seccionador monopolar, marca MORPAC, modelo EBF,


uso externo, tensão nominal 72,5 kV, freqüência 60 Hz, corrente nominal
1200 A, corrente suportável de curta duração 40 kA, tensão suportável
nominal de impulso atmosférico de 350 kV, tipo construtivo dupla abertura,
montagem horizontal em viga de concreto, comando manual (por manopla) ou
automático, terminal em barra de chapa de cobre.
157

• Pára-raios: Pára-raios de óxido de metal, encapsulado em silicone, marca


Siemens, modelo 3EL2 072 – 3PF31 – 4 xxx, classe de estação, tensão
nominal 72 kV, frequência 60 Hz, tensão suportável nominal de impulso
atmosférico 365 kV (1,2/50 µs), corrente de descarga nominal 10 kA (pico),
tensão residual para corrente de descarga nominal (8/20 µs 10 kA) de 162 kV,
corrente de curto-circuito suportável 65 kA.
• Para Banco de transformadores de corrente Nº. 1: TC monopolar, marca ABB,
modelo IMB 72, tipo barra, com vários enrolamentos no secundário, uso
externo, isolação a papel-óleo-quartzo, tensão máxima do equipamento 72,5
kV, frequência 60 Hz, tensão suportável nominal de impulso atmosférico de
350 kV (1,2/50 µs, conforme IEEE C57.13:2008), corrente nominal primária 50
A, corrente nominal secundária 5 A, corrente suportável de curta duração de
31,5 kA, durante 1 s, e 18 kA, durante 3 s, de alta reatância, burden 200VA,
classe 10A800 (ABNT).
• Para Banco de trasformadores de corrente Nº. 2: TC monopolar, marca ABB,
modelo IMB 72... com corrente nominal primária 500 A e corrente nominal
secundária 5 A.
• Disjuntor: Disjuntor tripolar, marca ABB, modelo LTB 72.5D1/B, uso externo,
isolação a gás hexafluoreto de enxofre (SF6), tensão nominal 72,5 kV,
frequência 60 Hz, com interrupção através de sistema de mola, corrente
nominal de 3000 A, capacidade de interrupção nominal de 40 kA, corrente
suportável de curta-duração de 40 kA (duração de 3 segundos), tensão
suportável nominal de impulso atmosférico de 350 kV, terminais em metal
chato de alumínio, operação monopolar ou tripolar, manual ou motorizada,
com sistema de controle local ou remoto.
• Transformador de potência: Transformador de potência trifásico, marca
CEMEC, uso externo, dois enrolamentos com capacidade de potência de 5
MVA, sistema de refrigeração ONAN; relação 69 kV – 13,8 kV, freqüência 60
Hz, grupo de ligação Dyn1 (triângulo - estrela com neutro acessível),
impedância de 12 % na base da potência nominal (5 MVA), tensões
suportáveis nominais de impulso atmosférico de 350 kV (69 kV) e 110 kV
(13,8 kV), tensões suportáveis nominais a frequência industrial de 140 kV (69
kV) e 34 kV (13,8 kV), sem transformador de corrente de bucha, terminais em
158

barra chata de cobre, com comutador de carga motorizado, taps no primário


de 5 x 2,5 % acima e abaixo da tensão nominal.

5.11.3.4 Equipamentos de média tensão

• Pára-raios: Pára-raios de óxido de metal, encapsulado em silicone, marca


Siemens, modelo 3EL2 024 – 2PC21 – 4 xxx, classe de estação, tensão
nominal 15 kV, frequência 60 Hz, tensão suportável nominal de impulso
atmosférico 235 kV (1,2/50 µs), corrente de descarga nominal 10 kA (pico),
tensão residual para corrente de descarga nominal (8/20 µs 10 kA) de 34,5
kV, capacidade de curto-circuito (alívio de pressão) 65 kA.
• Para Banco de transformadores de corrente Nº. 3: TC monopolar, marca
Isolet, modelo da linha BDEC, tipo barra, com vários enrolamentos no
secundário, uso externo, isolação em epóxi cicloalifático sob vácuo, tensão
máxima para o equipamento 24 kV, frequência 60 Hz, nível básico de
isolamento de 150 kV, corrente nominal primária 600 A, corrente secundária 5
A, corrente suportável de curta duração 48 kA, de baixa reatância, burden 25
VA, classe 10B100 (ABNT).
• Chaves seccionadoras: Seccionador monopolar, marca MORPAC, modelo
STV, uso externo, tensão nominal 15,5 kV, frequência 60 Hz, corrente
nominal 600 A, corrente suportável de curta duração 40 kA, tensão suportável
nominal de impulso atmosférico de 110 kV, tipo construtivo faca, montagem
vertical, comando manual (por vara de manobra), terminal em barra de chapa
de cobre
• Religador: Religador de subestação tripolar, marca ABB, modelo OBR-3, uso
externo, encapsulado em resina em epóxi cicloalifático hidrofóbico, com
isolação a vácuo, tensão nominal 15,5 kV, frequência 60 Hz, corrente nominal
de 630 A, capacidade de interrupção nominal de corrente de curto-circuito
simétrica de 10 kA, tensão suportável nominal de impulso atmosférico de 110
kV, terminais em metal barra de alumínio, com operação manual ou
automática, com sistema de controle local ou remoto.
• Transformador de serviço auxiliar: Transformador trifásico de distribuição,
marca WEG, uso externo, classe de tensão 15 kV, potência nominal 75 kVA,
159

relação 13,8 kV – 220 / 127 V, frequência 60 Hz, grupo de ligação Dyn1


(triângulo – estrela com neutro acessível), impedância de 3,5 % na base da
potência nominal (75 kVA) a 75º C, tensões suportáveis nominais de impulso
atmosférico de 110 kV (13,8 kV) e 2,5 kV (220 / 127 V), corrente de excitação
máxima 3,1 %, perdas em vazio máximas (perdas no ferro) 330 W, perdas
totais máximas 1470 W.

Além desses equipamentos foi utilizado no Vão transformador de serviço


auxiliar pára-raios tipo distribuição e chave fusível com elo fusível protetor, a saber:

• Pára-raios: Pára-raios de óxido de zinco, encapsulado em silicone, marca


Balestro, modelo PBP 15/5, classe de distribuição, tensão nominal 15 kV,
frequência 60 Hz, tensão suportável nominal de impulso atmosférico 54,9 kV,
corrente de descarga nominal 5 kA, tensão residual para corrente de
descarga nominal (5 kA) de 49,5 kV.
• Chave fusível: Chave fusível de distribuição monopolar, marca Balestro,
modelo CHBP, uso externo, tensão máxima 15 kV, frequência 60 Hz, corrente
nominal 100 A, tensão suportável de impulso atmosférico à terra de 110 kV,
montagem inclinada, abertura automática, comando manual por vara de
manobra, com porta-fusível de corrente nominal 1 A, capacidade de
interrupção assimétrica de 10 kA.
• Elo fusível: Elo fusível tipo H (para altas sobretenssões transitórias, ou alto
surto, ou ainda, high surge), corrente nominal 5 A, para chaves fusíveis do
item anterior.

Vale reforçar que a especificação dos equipamentos mencionados nas


seções 5.11.3.3 e 5.11.3.4 é de caráter ilustrativo. Procurou-se apresentar algumas
características que estejam relacionadas ao presente trabalho e aquelas de maior
relevância quando da especificação dos equipamentos.

5.12 ISOLADORES E MATERIAIS PARA MONTAGEM E INSTALAÇÃO

Apenas para conhecimento, a norma NBR 11191 (ABNT, 1989) explica que,
conforme a possibilidade, seus padrões de subestação tipo I adotaram para
160

montagem e instalação do sistema elétrico materiais aplicados em Redes de


Distribuição Rural (RDR) e Rede de Distribuição Urbana (RDU), tais como postes de
concreto, ferragens padronizadas etc. O objetivo dessa aplicação justifica-se pelos
seguintes fatores:

• Instalação, utilizando material padronizado e de fácil aquisição no mercado;


• Transporte, pois o material, sendo utilizado em RDR / RDU, muito
provavelmente deve estar disponível em almoxarifados próximos à
subestação;
• Manutenção, pela fácil obtenção de materiais para substituição e pelo uso de
ferramental e métodos de larga utilização nas concessionárias.

Com relação aos isoladores, para fins de demonstração foi feito um


relacionamento dos tipos e características de isoladores e cadeia de isoladores que
podem ser utilizados no projeto:

• Isolador tipo ancoragem (setor AT): Isolador tipo ancoragem, núcleo em fibra
de vidro, revestido em silicone (polimérico), marca Balestro, modelo IPB
69/XX/160/NP/16, com tensão de operação 69 kV, tensão suportável de
impulso atmosférico 390 kV (a seco), nível de poluição normal, resistência
mecânica de 160 kN.
• Isolador tipo ancoragem (setor MT): Isolador tipo ancoragem, núcleo em fibra
de vidro, encapsulado com borracha de silicone, marca JS Isoladores, modelo
IPJS15, tensão de operação 15 kV, tensão suportável de impulso atmosférico
125 kV (a seco), nível de poluição alto, resistência mecânica de 70 kN.
• Isolador de disco para apoio (setor MT e Vão de barra): Cadeia de isoladores
tipo suspensão (disco) garfo-olhal, cada isolador com corpo de vidro, marca
Santa Terezinha, modelo CT80/146, com tensão de operação 15 kV, tensão
suportável de impulso atmosférico 110 kV (140 kV para uma cadeia de
isoladores com 2 peças), nível de poluição normal, resistência mecânica de
80 kN.
161

5.13 BARRAMENTO, DERIVAÇÕES E LIGAÇÕES

Basicamente, os condutores que constituem o esquema elétrico do projeto


serão selecionados para o trânsito das correntes de carga nominais para serviço
contínuo da subestação e correntes máximas admissíveis no sistema (cálculos
apresentados na seção 5.7), que não excedam os limites de temperatura suportável
pelos condutores. Lembrando que na prática, em função dos efeitos decorrentes das
sobrecorrentes, os quais os circuitos estão susceptíveis, é necessário que a seleção
dos condutores também atenda aos critérios que envolvam os efeitos
eletrodinâmicos oriundos de falhas na subestação (por exemplo, curto-circuitos).

5.13.1 Cabos de AT

Os cabos destinam-se as ligações entre os equipamentos do Vão de entrada


de linha sem disjuntor e do Vão de entrada do transformador de potência. Eles
deverão ser dimensionados para suportar correntes de até 47,9 A (desconsiderando
as correntes oriundas de faltas no sistema). A norma NBR 11191 prevê que para a
condução desse valor de corrente será preciso a instalação de cabo de alumínio CA,
com secção transversal de 107 mm2 (ou 4/0 AWG).

5.13.2 Cabos e barramento de MT

Os cabos que realizam as ligações entre os equipamentos do Vão de saída


do transformador de potência e Vãos de saída de barra deverão ser dimensionados
para suportar correntes de até 239,25 A (também desconsiderando as possíveis
correntes de falta no sistema). A norma NBR 11191 prevê que para a condução
desse valor de corrente será preciso a instalação de cabo de alumínio CA, com
secção transversal de 170,5 mm2 (ou 336,4 MCM).
Os cabos dos Vãos AL são os alimentadores da rede de MT. Eles deverão
ser dimensionados para suportar correntes de até 79,43 A (desconsideram-se
possíveis correntes de falta no sistema). A NBR 11191 não determina as
características mínimas para os cabos a serem utilizados no referido vão, já que o
número de alimentadores para o projeto do TAC foi uma escolha arbitrária. Será
adotado cabo de alumínio CA, com secção transversal de 120 mm2 (ou 250 MCM),
162

que seguramente suportará a corrente nominal para cada alimentador (não se leva
em conta as correntes de falta no sistema).
No setor de média tensão, o barramento (Vão de barra), destinado a
interligar os alimentadores de média tensão (Vãos AL) ao Vão de saída do
transformador de potência, será de arranjo simples, realizado em cabo de alumínio
CA, com secção transversal de 170,5 mm2 (ou 336,4 MCM), para suportar correntes
de até 239,25 A (não considera as correntes de falta no sistema), possuindo
aproximadamente 11,0 m de comprimento, com distância entre fases de 1000 mm e
sustentado em isoladores tipo suspensão e tipo suporte, comportados por estruturas
de concreto adequadas.
Por último, para o Vão transformador de serviços auxiliares, será adotado
cabo de alumínio CA, com secção transversal de 0,33 mm2 (ou 22 AWG) para
transportar correntes de até 3,44 A (desconsidera-se as correntes de falta).

5.14 SERVIÇOS AUXILIARES E ILUMINAÇÃO EM CORRENTE ALTERNADA

Estes serviços correspondem aos circuitos de iluminação artificial principal e


de tomadas de força monofásicas e trifásicas para uso geral, distribuídas ao longo
do pátio de conexões. Todos os circuitos estão previstos para serem atendidos nas
tensões secundárias 127 V e 220 V, à frequência industrial, sendo sua alimentação
garantida por um transformador de serviço auxiliar com potência de 75 kVA.
Embora esse projeto não apresente, mas é importante ressaltar que, quando
possível, deve ser previsto um sistema emergencial para atendimento aos serviços
auxiliares e iluminação, suprindo apenas os circuitos chamados prioritários, para que
as pessoas que venham a trabalhar na subestação possam estar asseguradas em
caso de falha da fonte principal de serviços auxiliares.
Os serviços auxiliares e iluminação não são detalhados pela NBR 11191
(ABNT, 1989), todavia algumas diretrizes para o projeto de subestação tipo I são
fornecidas pelo documento, a saber:

• Proteção através de disjuntores de caixa moldada;


• Iluminação artificial com lâmpadas de vapor de mercúrio, instaladas em
luminárias que permitam sua fácil manutenção;
163

• Iluminação artificial dirigida para permitir manobras e leituras de instrumento,


e não para obtenção de um iluminamento médio;
• Comando manual de toda iluminação, a não ser uma luminária próxima ao
portão de entrada, que deve ter comando automático por relé fotoelétrico.

A norma Padrão de Subestação 051 (2005) também apresenta algumas


diretrizes relevantes a um projeto de SE tipo I, que poderão auxiliar no
dimensionamento das instalações de serviço auxiliar.
A planta baixa da subestação (APÊNDICE A) apresenta a disposição das
luminárias que compõe serviço iluminação artificial.

5.15 PROTEÇÃO

5.15.1 Proteção contra sobretensões

Os equipamentos destinados a essa proteção visam limitar sobretensões


tanto de origem interna quanto de origem externa a valores suportáveis pelas
instalações do pátio de conexões (compatíveis com o nível de isolamento dos
equipamentos e materiais elétricos a proteger).
A NBR 11191 (ABNT, 1989) recomenda que, no mínimo, sejam utilizados
pára-raios na entrada de linha de transmissão, em cada alimentador 13,8 kV e no
lado secundário de cada transformador. Para proteção contra descargas
atmosféricas diretas no sistema pode-se optar pelo uso de hastes metálicas
instaladas nas pontas dos postes, ligadas a cabos de aterramento, ou a proteção
pode ficar por conta de cabos pára-raios já instalados ao longo da linha de
transmissão que alimenta a subestação.
Para o projeto de que trata este trabalho foi adotado um conjunto de
condutores de terra ligados as hastes metálicas instaladas nos topos dos pórticos do
pátio e pára-raios ligados paralelamente as fases do sistema, distribuídos em pontos
específicos da SE. Esse arranjo pode ser bem observado na planta de perfil da
subestação (APÊNDICE A).
164

5.15.2 Sistema de proteção, comando e controle (SPCC)

De um modo geral, cabe ao Sistema de Proteção, Comando e Controle,


como o próprio nome sugere, proteger e gerenciar determinados componentes da
subestação. Ele é constituído por diversos módulos de processamento de dados,
que devidamente interligados possibilitam o desempenho de funções como
proteção, gestão de informação, manutenção, teleparametrização etc. (Landolt,
2008).
Para este projeto, adotou-se alguns princípios que o sistema deverá
respeitar para garantir a segurança de pessoas e bens, a saber:

• O comando voluntário dos equipamentos de manobra (disjuntor, religadores e


chaves seccionadoras) não deverá ser possível de efetuar simultâneamente a
partir de locais distintos;
• A ação automática de comando sobre o disjuntor e religadores não está
sujeita a qualquer hierarquia estabelecida para o comando voluntário;
• A ação automática de comando dos dispositivos de manobra da SE tipo I
também deverá obedecer a uma sequência de operações pré-definida e
considerar o modo de comando selecionado por ação voluntária.

O SPCC da SE tipo I é composto por dispositivos de proteção contra


anormalidades de correntes no sistema elétrico. Cada uma das unidades desses
dispositivos integrantes do SPCC contém um conjunto de funções de proteção, que
irão garantir o funcionamento normal e ininterrupto da rede elétrica, detectando
defeitos e procurando eliminá-los o mais rapidamente possível, no sentido de prover
elevados níveis de continuidade e qualidade de serviço.
Embora esse projeto não apresente, mas é importante ressaltar que, quando
possível, deve ser previsto um sistema emergencial para atendimento ao SPCC,
para que todos seus dispositivos tenham o suprimento de energia essencial para
suas operações na falta da alimentação principal.
O projeto do esquema de proteção dessa SE limita-se somente aos cálculos
necessários aos ajustes dos relés de sobrecorrente e relé diferencial do SPCC,
buscando fornecer a proteção mínima necessária ao sistema elétrico.
165

5.15.3 Ajustes dos relés de sobrecorrente

A subestação de distribuição tipo I deste trabalho possui um total de quatro


relés digitais de sobrecorrente trifásicos. Um dos relés será utilizado para comando
do disjuntor, presente no Vão de entrada do transformador de potência, do setor AT
(69 kV), e os dispositivos restantes estão integrados nos religadores, dos Vãos AL,
do setor MT (13,8 kV). Cada dispositivo de proteção é composto pelas seguintes
unidades de atuação (em conformidade com a nomenclatura para relés que
atendem a normas ANSI):

• Unidade instantânea de fase (unidade 50);


• Unidade instantânea de neutro (unidade 50 N);
• Unidade temporizada de fase (unidade 51);
• Unidade temporizada de neutro (unidade 51 N).

Tanto as unidades instantâneas quanto as unidades temporizadas são


destinadas a atuação em casos de ocorrência de correntes de curto-circuito no
sistema elétrico, sendo obrigatório o ajuste da corrente mínima de atuação nessas
unidades para valores inferiores aos das correntes de curto-circuito, de modo que a
atuação do relé ocorra para os valores de corrente iguais ou acima dessa corrente
de partida (corrente de pick-up), garantindo que o relé atue para todas as correntes
de falta.
As curvas de atuação de todas as unidades ficam a critério das políticas de
coordenação da proteção no sistema elétrico onde a subestação tipo I será
instalada.
A determinação das correntes mínimas de atuação das unidades 50, 50 N,
51 e 51 N, as quais deverão ser ajustadas nos relés digitais, obedeceram a critérios
apresentados nas seções 4.2.3.2.1 (para apontar a corrente nominal e a RTC dos
transformadores de corrente a serem utilizados no projeto), 4.2.4.5.3 (para definir as
correntes mínimas de atuação propriamente ditas das unidades do relé de
sobrecorrente para comando do disjuntor) e 4.2.4.7.1 (para definir as correntes
mínimas de atuação propriamente ditas das unidades do relé de sobrecorrente para
comando dos religadores).
166

5.15.3.1 Definição das correntes de curto-circuito e do fator de assimetria

Para todas as unidades dos relés de sobrecorrente, a apresentação dos


cálculos para ajuste da corrente mínima de atuação que envolver correntes de curto-
circuito e fator de assimetria será apenas de caráter demonstrativo. Isso ocorre por
algumas razões. Uma delas é porque essas informações somente podem ser
fornecidas por concessionárias de energia elétrica, conhecedoras dos fatores que
resultam em seus valores nos sistemas elétricos de suas responsabilidades. A
segunda razão, referida as correntes de curto-circuito, é que mesmo uma companhia
de energia fornecendo parâmetros para os cálculos dessas correntes ainda seria
preciso estudos de curto-circuito para definição das correntes de falta, os quais este
documento não contempla.
Em suma, foi suposto um conjunto de valores de curto-circuito e do fator de
assimetria, apenas para utilização nos cálculos para ajustes das correntes de
atuação dos relés. Os valores são os seguintes:

Tabela 17 - Correntes de curto-circuito selecionadas para demonstração dos cálculos necessários a


definição das correntes de atuação dos relés de sobrecorrente.

Valor para Valor para


Curto-circuito
setor AT (A) setor MT (A)
Trifásico 4200 1106,4
Trifásico, distante 20 % a montante do primeiro equipamento de
2940 774,5
proteção a jusante da SE
Bifásico 3655 988
Bifásico, distante 20 % a montante do primeiro equipamento de
2558,5 691,6
proteção a jusante da SE
Bifásico, no final dos alimentadores da SE 767,5 207,5
Monofásico 1155 1146,2
Monofásico, distante 20 % a montante do primeiro equipamento de
808,5 802,3
proteção a jusante da SE
Monofásico, no final dos alimentadores da SE 242,5 240,7

Com relação ao fator de assimetria próximo do primeiro equipamento de


proteção a jusante dos dispositivos de proteção fica estabelecido que em todos os
cálculos em que ele for preciso será adotado o valor de 1,5.
167

5.15.3.2 Ajuste do relé do disjuntor de 69 kV

Primeiramente, é preciso determinar as características nominais dos TCs


monofásicos a fornecer os sinais de corrente para o relé de sobrecorrente trifásico a
comandar o disjuntor de 69 kV.
A primeira característica a ser definida será a corrente nominal primária do
banco TC1. O primeiro critério da seção 4.2.3.2.1 determina que a corrente nominal
primária de um TC deve ser maior ou igual a razão entre a corrente de curto-circuito
máxima no ponto onde ele será instalado e o seu fator de sobrecorrente.

I CC , MAX
I N , P1 ≥ (5.9)
FS

Onde:

IN, P1 – A corrente nominal primária do banco TC1.

Como a corrente de curto-circuito trifásico possui maior valor numérico


(tabela 17) e seja o fator de sobrecorrente para todos os TCs especificados nesse
projeto igual a 20, então, a corrente nominal primária IN, P1 do banco TC1 deve ser:

I CC,3φ 4200
I N ,P1 ≥ ≥ ≥ 210A (5.10)
FS 20

Em outras palavras, será necessário especificar um banco de TCs cuja


corrente nominal primária seja igual ou maior que 210 A, para ser mantido o erro de
sua classe de exatidão quando circular corrente de curto-circuito de 4200 A no setor
AT da subestação.
Dando continuidade ao cálculo da corrente nominal primária do banco TC1,
deve-se agora atender ao segundo critério da seção 4.2.3.2.1: a corrente nominal
primária do TC tem que ser maior ou equivalente a máxima corrente de carga.
168

I N ,P1 ≥ I CARGA,MAX ≥ I1MAX (5.11)

Onde:

I1MAX – A corrente de carga máxima admissível no setor AT (seção 5.9);

Esse critério deixa claro que os enrolamentos primários dos TCs


especificados devem suportar todos os valores de corrente de carga circulantes no
setor AT da SE.
A corrente no setor AT da subestação (I1MAX) é igual a 47,9 A, logo, os
valores das correntes nominais primárias dos transformadores de corrente do banco
TC1 devem ser iguais ou superiores ao valor da referida corrente.
Atendendo aos dois critérios da seção 4.2.3.2.1 foi especificado para esse
projeto transformadores de corrente monofásicos cuja corrente nominal primária é
igual a 250 A. Dito isso, a relação nominal do banco TC1 equivale a:

250
RTC1 = = 50 (5.12)
5

Onde:

RTC1 – A relação dos transformadores de corrente do banco TC1.

Agora é possível calcular as correntes mínimas de atuação das unidades


instantâneas e temporizadas do relé de sobrecorrente que comanda o disjuntor de
69 kV.
Para a unidade instantânea de fase (50) é importante que a corrente mínima
de atuação não seja sensível as correntes de energização de circuito.

(3a8).I CARGA, MAX (3a8).I 1MAX


I AT , INST ≥ ≥ (5.13)
RTC RTC1
169

Supondo que os alimentadores da subestação atendam a cargas indutivas


consideráveis será utilizado fator de multiplicação 8. Visto que a corrente de carga
máxima equivale a 47,9 A (setor AT) e a RTC1 a 50:1, a corrente mínima de atuação
para a unidade 50 deve ser:

8.47,9
I AT , INST ≥ ≥ 7,66 A (5.14)
50

O que significa que a unidade 50 do relé, a qual está recebendo corrente


indireta da subestação, deve atuar para valores iguais ou superiores a 7,66 A,
considerando que as correntes de energização de circuito no setor AT atinjam
valores inferiores a oito vezes o valor da corrente de carga máxima (383,2 A).
O outro critério a ser obedecido pela unidade 50 diz que o ajuste de sua
corrente mínima de atuação deve ser menor ou equivalente aos valores das
correntes de curto-circuito bifásica e trifásica próximas do primeiro equipamento de
proteção a sua jusante, observando a RTC (sinal de corrente para o relé) e o fator de
assimetria nesse ponto (equação 4.20).

f a .I CC , 2φ .OU .3φ , PRÓXIMA. DO. PRIMEIRO. EQUIPAMENTO. DE.PROTEÇÃO. A. JUSANTE


I AT , INST ≤ (4.15)
RTC

Entre os valores das correntes de curto-circuito próximas do primeiro


equipamento de proteção a jusante, o maior valor é o da falta trifásica, igual a 2940
A. Sendo o fator de assimetria próximo do primeiro equipamento de proteção a
jusante da unidade 50 igual a 1,5, então, a corrente mínima de atuação deve ser:

f a .I CC ,3φ , PRÓXIMA. DO.PRIMEIRO.EQUIPAMENTO. DE. PROTEÇÃO. A. JUSANTE 1,5.2940


I AT , INST ≤ ≤ ≤ 88,2 A (5.16)
RTC1 50

Então, a unidade instantânea deve atuar para valores de corrente iguais ou


superiores ao da máxima corrente de curto-circuito assimétrica, igual a 88,2 A.
Para a unidade instantânea de neutro (50 N), o ajuste da corrente mínima de
atuação deve levar em consideração a corrente de desequilíbrio admitida na
subestação. O dispositivo de proteção não deve atuar para correntes de energização
de cargas monofásicas (equação 4.21).
170

(3a8).I DESEQ.
I AT , INST ≥ (4.17)
RTC

Admitindo no máximo 10 % de desequilíbrio entre as fases da SE, a corrente


de desequilíbrio equivale a:

I DESEQ. = 0,1.47,9 = 4,79A (5.18)

Espera-se que somente os valores de corrente de desequilíbrio de até 4,79


A circulem no neutro do sistema elétrico e no terra (a unidade 50 N só pode ser
usada em sistemas elétricos com neutro aterrado).
Para um fator de multiplicação 8 (considerando um sistema com
carregamento indutivo pesado) e RTC1 50:1, a corrente mínima de atuação deve ser:

8.I DESEQ . 8 .4,79


I AT , INST ≥ ≥ ≥ 0,77 A (5.19)
RTC 1 50

Não devendo a unidade instantânea de neutro atuar para as correntes de


energização de cargas monofásicas que provoquem circulação de correntes no
neutro do sistema elétrico menores ou iguais a 38,32 A (0,77 A nos secundários dos
TCs).

A unidade 50 N também deve ter sua corrente mínima da atuação ajustada a


um valor menor ou igual a corrente de curto-circuito fase-terra nas proximidades do
primeiro equipamento de proteção a sua jusante (equação 4.22).

f a .I CC ,φT , PRÓXIMA. DO.PRIMEIRO.EQUIPAMENTO. DE.PROTEÇÃO. A. JUSANTE


I AT , INST ≤ (4.20)
RTC

A corrente de curto-circuito fase-terra próximo ao primeiro equipamento de


proteção a jusante da unidade 50 N é igual a 808,5 A. Para um fator de assimetria
de 1,5, a corrente mínima de atuação desse dispositivo de proteção deve ser:
171

f a .I CC ,φT , PRÓXIMA. DO.PRIMEIRO.EQUIPAMENTO. DE.PROTEÇÃO. A. JUSANTE


I AT , INST ≤
RTC1
(5.21)
1,5.808,5
≤ ≤ 24,25 A
50

Devendo a unidade 50 N atuar para todos os valores das correntes de curto-


circuito monofásicas iguais ou superiores a 1212,75 A (11,97 A nos enrolamentos
secundários dos TCs).
Agora, o cálculo das correntes mínimas de atuação para as unidades
temporizadas. De acordo com a seção 4.2.4.5.3, a corrente mínima de atuação para
a unidade temporizada de fase (51) deve ser maior ou igual a corrente de carga
máxima, considerando o valor da relação nominal do transformador de corrente, de
maneira obter o sinal de corrente que o relé irá enxergar.

I CARGA, MAX I 1MAX


I MIN , AT ≥ ≥ (5.22)
RTC RTC1

Sendo a corrente de carga máxima 47,9 A (setor AT) e a RTC1 igual a 50:1,
a corrente mínima de atuação para a unidade 51 deve ser:

47,9
I MIN , AT ≥ ≥ 0,96 A (5.23)
50

De modo que a unidade temporizada não atue para correntes inferiores ou


iguais a corrente de carga máxima.
Essa corrente também deve ser ajustada a um valor menor ou igual o da
corrente de curto-circuito bifásica no final dos alimentadores da subestação,
observada no secundário do banco de TCs de 69 kV (equação 4.16).

I CC , 2φ ( NO.FINAL.DO.TRECHO)
I MIN , AT ≤ (4.24)
RTC

Como a corrente de curto-circuito bifásica no final dos alimentadores da


subestação é de 767,5 A, a corrente mínima de atuação para a unidade 51 deve ser:
172

I CC , 2φ ( NO. FINAL .DO.TRECHO ) 767,5


I MIN , AT ≤ ≤ ≤ 15,35 A (5.25)
RTC1 50

Então, a unidade 51 deve atuar para valores de corrente iguais ou


superiores a 15,35 A (os 767,5 A nos enrolamentos primários dos TCs).
Para a unidade temporizada de neutro (51 N), a corrente mínima de atuação
deve ser maior ou equivalente a 10 % a 30 % da corrente de carga máxima, de
modo considerar o nível de desequilíbrio admissível entre as fases do sistema. Essa
corrente, em termos do valor do sinal de corrente para o relé, será dada por.

(0,1a 0,3).I CARGA,MAX (0,1a 0,3).I 1MAX


I MIN , AT ≥ ≥ (5.26)
RTC RTC1

Admitindo somente 10 % de desequilíbrio entre as fases da subestação, a


corrente mínima de atuação para a unidade 51 N deve ser:

0,1.47,9
I MIN , AT ≥ ≥ 0,096 A (5.27)
50

De maneira que essa unidade do relé de sobrecorrente não atue para


correntes iguais ou inferiores a 4,79 A (ou 0,096 A nos secundários dos TCs).
A corrente mínima de atuação para a unidade 51 N também deve ser menor
ou igual o valor da corrente de curto-circuito fase-terra no final dos alimentadores da
subestação, vista no secundário do banco de TCs de 69 kV (equação 4.18).

I CC ,φT ( NO.FINAL.DO.TRECHO)
I MIN , AT ≤ (4.46)
RTC

Nesse caso, a corrente de curto-circuito fase-terra no final dos alimentadores


da subestação é de 242,5 A e a RTC1 igual a 50:1, portanto, a corrente mínima de
atuação para a unidade 51 N deve ser:

I CC ,φT ( NO. FINAL. DO.TRECHO ) 242,5


I MIN , AT ≤ ≤ ≤ 4,85 A (5.28)
RTC1 50
173

Com a IMIN, AT ajustada para valores iguais ou inferiores a 4,85 A (242,5 A


nos primários dos TCs), o relé deve operar para todas as correntes de curto-circuito
monofásicas equivalentes ou superiores ao referido valor.
Com relação às curvas de atuação para o relé de sobrecorrente do disjuntor
de 69 kV, para as unidades instantâneas foi especificado o tipo de curva de corrente
definida. Para as unidades temporizadas foi adotado o tipo de curva de tempo
inverso, da norma IEC 60255, sendo Normal Inversa a família (grupo) de onde foi
especificada a curva.
De acordo com a seção 4.2.4.5.2, a equação (4.13) irá determinar o tempo
de atuação para uma curva de tempo Normal Inversa:

 
 
β 
t = α ⋅k (4.47)
 I 
 −1 
I> 

Para a curva de tempo inverso escolhida, o fator multiplicador de tempo k é


de 0,05 (ABB, 2004). As constantes de tempo α e β para o tipo de curva escolhido
são iguais a 0,02 e 0,14, respectivamente (tabela 10).

5.15.3.3 Ajuste dos relés dos religadores de 13,8 kV

Para este projeto foi especificado três religadores de subestação que


apresentam TCs tipo bucha embutidos e mecanismo de manobra associado a relés
digitais de sobrecorrente trifásicos integrados.
Para todos os cálculos dos religadores foi usado a RTC dos TCs internos. O
raciocínio usado para dedução das características dos TCs dos religadores foi o
seguinte: como os religadores especificados neste memorial técnico descritivo têm
capacidade de interrupção nominal de 10 kA acredita-se que seus TCs tenham, no
mínimo, a corrente nominal primária e a relação de transformação 500 A e 100,
respectivamente, valores definidos a partir dos seguintes cálculos:

I CC , MAX I C . I . REL . 10000


I N , P , RELIG . ≥ ≥ ≥ ≥ 500 A (5.29)
FS FS 20
174

Onde:

IN, P, RELIG. – A corrente nominal primária dos TCs do religadores;


IC. I. REL. – Corrente da capacidade de interrupção nominal do religadores.

A corrente nominal primária deve ser maior ou igual que 500 A, para ser
mantido o erro da classe de exatidão dos TCs quando circular corrente de curto-
circuito de 10 kA no setor MT da subestação.

I N ,P,RELIG. ≥ I CARGA,MAX ≥ I ALMAX ≥ 79,43A (5.30)

Os mesmos TCs devem suportar correntes de carga inferiores ou iguais a


79,43 A (corrente IALMAX, observada na seção 5.9).

500
RTC RELIG. = = 100 (5.31)
5

Onde:

RTCRELIG. – A relação dos transformadores de corrente dos religadores.

Se os transformadores de corrente dos religadores possuírem corrente


nominal primária de 500 A, 100 será o valor de suas RTCs se a corrente nominal
secundária for 5 A.
A RTC calculada foi adotada nos cálculos seguintes.
A respeito das correntes mínimas de atuação das unidades temporizadas
(51 e 51 N) dos relés de sobrecorrente dos religadores, baseado nos dados da
seção 4.2.4.7.1, o valor da corrente mínima de atuação para a unidade temporizada
de fase (51) deve ser maior ou igual a da corrente de carga máxima, observada no
secundário do TC.

I CARGA , MAX I ALMAX


I MIN , AT , FASE ≥ ≥ (5.32)
RTC RTC RELIG .
175

Sendo a corrente de carga máxima para cada alimentador do setor MT


aproximadamente igual a 79,43 A, o valor da corrente mínima de atuação para a
unidade 51 deve ser:

79,43
I MIN , AT ,FASE ≥ ≥ 0,79 A (5.33)
100

Dessa maneira, limita-se a operação da unidade 51 apenas para correntes


superiores ou iguais a 0,79 A.
O valor da corrente mínima de atuação por fase da unidade 51 também deve
ser ajustado em um valor menor ou igual a corrente de curto-circuito bifásica no final
do alimentador que o religador protege (a zona de proteção do seu relé), observada
no secundário dos TCs.

I CC , 2φ ( NO. FINAL . DO.TRECHO ) I CC , 2φ ( NO. FINAL . DO.TRECHO )


I MIN , AT , FASE ≤ ≤ (5.34)
RTC RTC RELIG .

Como a corrente de curto-circuito bifásica dentro da zona de proteção da


unidade temporizada de fase é igual a 207,5 A (tabela 17), então a corrente mínima
de atuação deve ser:

207,5
I MIN , AT , FASE ≤ ≤ 2,07 A (5.35)
100

Para garantir que o religador opere em caso da ocorrência de correntes


superiores ou igual a 207,5 A no alimentador.
A despeito da unidade temporizada de neutro (51 N), a corrente mínima de
atuação deve ser maior ou igual a 10 % a 30 % da corrente de carga máxima,
levando em consideração o nível de desequilíbrio admissível entre as fases do
sistema. O valor dessa corrente, em termos do sinal de corrente para os relés de
sobrecorrente dos religadores, será dado por:

(0,1a 0,3).I CARGA , MAX (0,1a 0,3).I ALMAX


I MIN , AT , NEUTRO ≥ ≥ (5.36)
RTC RTC RELIG .
176

Admitindo somente 10 % de desequilíbrio no sistema, a corrente mínima de


atuação para a unidade 51 N deve ser:

0,1.79,43
I MIN , AT , NEUTRO ≥ ≥ 0,079 A (5.37)
100

Todas as correntes inferiores ou iguais a 0,079 A, circulantes no neutro, não


colocarão o religador em operação.
A unidade temporizada de neutro também deve ter sua corrente mínima de
atuação ajustada para um valor menor ou igual a corrente de curto-circuito fase-terra
no final do alimentador que o religador protege, levando em conta a RTC:

I CC ,φT ( NO. FINAL . DO.TRECHO ) I CC ,φT ( NO. FINAL . DO.TRECHO )


I MIN , AT , NEUTRO ≤ ≤ (5.38)
RTC RTC RELIG .

Se no final do alimentador a corrente de curto-circuito monofásica vale 240,7


A (tabela 17), então a corrente mínima de atuação deve ser:

240,7
I MIN , AT , NEUTRO ≤ ≤ 2,4 A (5.39)
100

Para que o religador atue para todos os valores de curto-circuito


monofásicos acima ou igual a 240,7 A.
Com relação às curvas de atuação para os relés de sobrecorrente dos
religadores de 13,8 kV, para as unidades temporizadas foram adotados dois tipos de
curva de tempo inverso, da norma IEC 60255, sendo Normal Inversa uma das
famílias (grupo) de onde foi especificada uma das curvas, para os disparos rápidos
da sequência de operação, e Inversa de Tempo Longo a outra família, para os
disparos lentos da sequência de operação.
De acordo com a seção 4.2.4.5.2, a equação (4.13) irá determinar o tempo
de atuação para as curvas de tempo Normal Inversa e Inversa de Tempo Longo:
177

 
 
 β 
t= ⋅k (4.48)
 Iα 
 −1 
I> 

Para ambas as curvas escolhidas, o fator multiplicador de tempo k é de 0,05


(ABB, 2004). As constantes de tempo α e β para os tipos de curvas escolhidos são
iguais a 0,02 e 1,0 e 0,14 e 120, respectivamente (tabela 10).

5.15.4 Ajustes do relé diferencial percentual do transformador de potência

Apenas um relé diferencial percentual será utilizado no projeto da SE de


distribuição tipo I. Ele será responsável pela proteção do transformador de potência
de 5 MVA, cujo grupo de ligação é Dyn1, isto é, seus enrolamentos primários estão
ligados em triângulo e seus enrolamentos secundários estão ligados em estrela.
Para determinação da declividade característica, a qual deverá ser ajustada
na proteção diferencial foram seguidos os passos apresentados na seção 4.2.4.6.5.
A princípio, determinam-se as correntes nominais primárias e as RTCs dos
transformadores de corrente que irão limitar a zona da proteção diferencial do
transformador de potência. Vale lembrar que, com relação ao cálculo das correntes
nominais primárias desses dois bancos de TCs, não será utilizado o primeiro critério
observado na seção 4.2.3.2.1, evitando desequilíbrio entre suas correntes de saída.
Em se tratando da corrente nominal primária e da relação de transformação
do banco de TCs localizado a montante do transformador de potência (banco TC2).
A corrente nominal primária deve ser maior ou igual a máxima corrente de carga a
circular no setor AT da subestação (segundo critério da seção 4.2.3.2.1).

I N ,P2 ≥ I CARGA,MAX ≥ I1MAX (5.40)

Onde:

IN, P2 – A corrente nominal primária do banco TC2.


178

A máxima corrente de carga no setor AT da subestação é igual a 47,9 A,


logo, a corrente nominal primária deve ser no mínimo esse valor para o banco TC2
suportar as correntes circulantes em condições normais de operação do sistema.
A partir do cálculo anterior concluí-se que deverá ser selecionado um banco
de TCs com corrente nominal primária de no mínimo 50 A. Nesse caso, a RTC do
banco será igual a:

50
RTC 2 = = 10 (5.41)
5

Onde:

RTC2 – A relação dos transformadores de corrente do banco TC2.

Agora resta definir as mesmas características do banco TC2 para o banco de


transformadores de corrente a jusante do transformador de potência (banco TC3). A
partir do segundo critério da seção 4.2.3.2.1 e da observação do primeiro passo
descrito na seção 4.2.4.6.5, define-se que a corrente nominal primária do banco TC3
pode ser dada por:

I N , P3 ≥ 3I CARGA, MAX ≥ 3I 2 MAX (5.42)

Onde:

IN, P3 – A corrente nominal primária do banco TC3.

Visto que a corrente de carga máxima a circular no setor MT da subestação


(I2MAX) é igual a 239,25 A e considerando o fechamento em triângulo do secundário
do banco TC3, portanto:

I N , P3 ≥ 3I CARGA,MAX ≥ 3I 2MAX ≥ 3.239,25 ≥ 413,9 A (5.43)

A corrente nominal primária do banco TC3 deve ser igual ou maior que 413,9
A, considerando que a corrente nominal secundária seja de 5 A.
179

Para o banco TC3, cuja corrente nominal primária seja de 500 A, a RTC será:

500
RTC 3 = = 100 (5.44)
5

Onde:

RTC3 – A relação dos transformadores de corrente do banco TC2.

Agora é possível calcular as correntes de carga máxima que vão circular nos
enrolamentos secundários dos dois bancos de TCs, a partir da equação (4.36).

I CARGA,MAXP
I CARGA,MAXS = (4.49)
RTC

Para o banco TC2, a corrente de carga máxima em seu secundário é igual a:

I 1MAX 47,9
I 1MAX , Sec.TC 2 = = = 4,79 A (5.45)
RTC 2 10

Onde:

I1MAX, Sec. TC2 – A corrente de carga máxima admissível no setor AT, vista nos
enrolamentos secundários do banco TC2;

No entanto, para o banco TC3, calcula-se primeiramente a corrente de fase


de carga máxima em seu secundário:

I 2 MAX 239,25
I 2 MAX ,Sec .TC 3, F = = ≅ 2,4 A (5.46)
RTC 3 100

Onde:

I2MAX, Sec. TC3, F – A corrente de fase de carga máxima admissível no setor MT,
vista nos enrolamentos secundários do banco TC3.
180

Essa é a corrente de fase a circular no secundário do banco TC3, de maneira


que para encontrar a corrente de linha, é necessário multiplicar por √3. Sendo assim,
concluí-se que a corrente I2MAX, Sec. TC3, L é igual a:

I 2 MAX
I 2 MAX , Sec .TC 3, L = = 3.2,4 ≅ 4,14 A (5.47)
RTC 3

Onde:

I2MAX, Sec. TC3, L – A corrente de linha de carga máxima admissível no setor


MT, vista nos enrolamentos secundários do banco TC3.

Dando sequência aos cálculos para determinar a declividade da proteção


diferencial do transformador, encontra-se agora o valor da corrente diferencial (a
circular pela bobina de operação), considerando o carregamento máximo admissível
nos setores AT e MT da subestação.

I OPERAÇÃO= I1MAX,Sec.TC2 − I 2MAX,Sec.TC3,L = 4,79− 4,14 = 0,65A (5.48)

Em seguida, calcula-se o valor médio da corrente na bobina de restrição da


proteção diferencial, para o carregamento máximo admissível nos setores AT e MT
da subestação.

I 1MAX , Sec .TC 2 + I 2 MAX , Sec .TC 3, L 4,79 + 4,14


I RESTRIÇÃO = = ≅ 4 ,5 A (5.49)
2 2

A corrente de restrição de 4,5 A corresponde a força de retenção oferecida a


bobina de operação para impedir que a segunda faça o relé operar, na condição
máxima de carregamento calculada.
Finalmente, determina-se a declividade percentual de ajuste para a proteção
diferencial do transformador de potência de 5 MVA.
181

I OPERAÇÃO 0,65
K1 = .100 = .100 ≅ 14,4 (5.50)
I RESTRIÇÃO 4 .5

O valor da declividade percentual de ajuste deve ser maior que K1 para


garantir que bobina de operação não o atue o relé diferencial percentual em
condições normais de operação da subestação. Considerando o exemplo de
declividades percentuais apresentadas na seção 4.2.4.6.3, para essa situação seria
definida uma declividade percentual de 15 %.

5.15.5 Resumos das correntes de ajuste calculadas

A tabela 18 apresenta as correntes especificadas para os bancos de TCs e


as correntes de ajuste para os dispositivos de proteção da subestação:

Tabela 18 - Resumo das correntes de ajuste calculadas e curvas características especificadas para os
dispositivos de proteção.

Características dos TCs Correntes de ajuste


Curva
Dispositivo de
Corrente Corrente característica
proteção Corrente mínima de
nominal nominal RTC Unidade especificada
atuação - IAJ (A)
prim.(A) sec. (A)

50 7,66 ≤ IAJ ≤ 88,22

50 N 0,77 ≤ IAJ ≤ 24,25


Relé de sobrec. Banco
250 5 50 CNI
(disjuntor 69 kV) TC1
51 0,96 ≤ IAJ ≤ 15,35

51 N 0,096 ≤ IAJ ≤ 4,85

51 0,79 ≤ IAJ ≤ 2,07 DR CNI


Relé de sobrec.
500 5 100
(religadores)
51 N 0,079 ≤ IAJ ≤ 2,4 DL CITL

Banco Corrente
50 5 10 Corrente de rest.
TC2 de op.
Declividade
Relé diferencial
percentual - 15 %
Banco
500 5 100 0,65 4,5
TC3

* IAJ – Corrente de Ajuste; DR – Disparos Rápidos; DL – Disparos Lentos; CNI – Curva Normal Inversa;
CITL – Curva Inversa de Tempo Longo.
182

6 CONCLUSÃO
6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A relação entre demanda elétrica e suprimento de energia elétrica está cada


vez mais íntima e complexa, transformando as características dos sistemas de
potência, os quais precisam se modernizar para corresponder com flexibilidade,
mínimas perdas, baixo custo e elevada segurança o referido relacionamento.
A energia elétrica é um insumo essencial para o desenvolvimento da
humanidade, pois ela fomenta grande parte das atividades humanas. Grandes
sistemas elétricos de potência foram construídos ao longo de muitos anos para
permitir que essa forma de energia chegasse com facilidade aos seus consumidores,
onde quer que eles estivessem, o que possibilitou a acelerada modernização da
sociedade, no entanto, a sofisticação das aplicações dependentes da eletricidade
gerou novos problemas e desafios para a operação desses sistemas, exigindo novas
técnicas e tecnologias para fornecimento contínuo e de qualidade da energia.
Com a finalidade de manter o contínuo processo de desenvolvimento social
e, por conseguinte, dos sistemas elétricos, são necessários constantes estudos a fim
da criação de soluções que compensem a complexidade dos problemas relativos ao
segundo, portanto, a geração de soluções, que simplifiquem e melhorem a
operação, sem esquecer-se da redução dos custos, da eficiência energética e dos
impactos ambientais inerentes ao processo de geração, transmissão e distribuição
de energia elétrica, necessita de elevada qualificação dos profissionais que
trabalham para manutenção, expansão ou utilização dos sistemas de potência, com
o intuito de dar prosseguimento a esses estudos.
Através da abordagem sobre algumas características apresentadas pelas
subestações elétricas de distribuição tipo I, relativas ao projeto eletromecânico,
projeto básico do sistema de proteção e ao arranjo físico o trabalho apresentou
algumas informações de caráter geral a despeito das subestações de energia
elétrica e as razões que sustentam a sua importância como elemento integrador dos
sistemas elétricos de potência, a fim de contribuir com a disseminação de parte dos
conhecimentos fundamentais para o planejamento da utilização ou expansão do
sistema elétrico, destacando a essencialidade da observância as normas técnicas,
183

através do uso rigoroso dos critérios que esses documentos contemplam para
criação do projeto de SE tipo I.
De um modo geral, o longo do estudo apresentado neste trabalho é possível
conhecer algumas características de um sistema elétrico de potência e reconhecer
alguns de seus componentes, dentre eles, evidentemente, a subestação, um
subsistema elétrico de características e configurações próprias, destinado a tornar o
fluxo de potência flexível, através de um arranjo específico de barras (barramento),
possibilitando o atendimento de uma determinada fonte de energia a diversos
centros de carga. O estudo demonstrou a aplicação de um arranjo de barramento,
limitando a sua especificação baseada na corrente de carga nominal da instalação
elétrica, sem tocar com profundidade nos fatores considerados na escolha de um
tipo de arranjo.
O estudo prossegue com a apresentação de algumas características e
princípios de funcionamento dos equipamentos elétricos típicos de uma subestação.
Nesse ponto é possível notar que essas características respeitam os critérios
dispostos em normas técnicas específicas. Outro detalhe importante observado diz
respeito à especificação desses equipamentos quando da elaboração do projeto
eletromecânico, devendo ser orientado por aspectos do meio ambiente onde irá
operar (por exemplo, fatores climáticos) e por aspectos inerentes a operação e
defeitos dos sistemas elétricos (como as sobretensões de manobra e curto-circuitos,
respectivamente). As informações anteriores são importantes, pois em alguns
momentos a falta delas impede que o projeto da SE de distribuição tipo I apresente
um caráter mais real, visto a complexidade dos dados e que a obtenção destes
necessita do fornecimento por parte de concessionárias de energia elétrica.
Finalizando os estudos que compõe o dimensionamento do projeto da SE de
distribuição tipo I foram explorados alguns dados ligados a sistema de proteção para
sistemas de potência, vitais para impedir colapsos de energia elétrica.
Componentes, dispositivos e filosofia de proteção desses sistemas foram abordados,
destacando-se os critérios para ajuste de parâmetros dos relés de proteção contra
sobrecorrente e diferencial, proteções básicas para grande parte das subestações
elétricas. Vale lembrar que as informações presentes no estudo dos parâmetros de
ajuste dos relés são de caráter demonstrativo, pois não são baseadas em dados
reais, obtidos também em concessionárias de energia elétrica.
184

6.2 PERSPECTIVA DE TRABALHOS FUTUROS

Observadas algumas limitações durante a fase de dimensionamento do


projeto de subestação elétrica e o grande número de informações relacionadas a
esses subsistemas elétricos não é difícil sugerir assuntos para futuras abordagens,
mesmo porque, como já foi mencionado anteriormente, é preciso um esforço
contínuo dos profissionais projetistas na busca de novas técnicas e tecnologias para
aperfeiçoamento da operação, proteção e controle das SEs, objetivando melhorar as
condições da qualidade e confiabilidade do fornecimento da energia elétrica
oferecida aos consumidores.
Mediante observações, sugere-se a princípio trabalhos que proponham um
conjunto de procedimentos ou critérios básicos que sirvam de alicerce para projetos
de subestações. Apesar da norma NBR 11191 contribuir para a padronização
dessas instalações é evidente que ela não cobre uma boa parte das situações
possíveis de projeto, fato que provavelmente leva a maior parte das concessionárias
de energia elétrica adotar seus próprios padrões, construídos com base em diversas
normas técnicas específicas para os componentes de uma subestação.
Espera-se também que o trabalho contribua para nortear estudos mais
aprofundados de projetos de subestações, levando em conta os fatores técnicos,
locais, econômicos, legislativos, de expansão do sistema de potência, entre outros.
Para esses próprios fatores podem ser realizados abordagens específicas, por
exemplo, pode ser feito um estudo dos fatores técnicos relacionados aos efeitos e
fenômenos elétricos em SEs. Tais estudos constituiriam um reforço para a criação
de trabalhos acadêmicos similares a este TAC.
Não esquecer-se da importância dos assuntos ligados a proteção de
subestações elétricas. Trabalhos correspondentes a estudos específicos sobre
sistemas de proteção, seus componentes, suas filosofias de operação, sistemas de
proteção contra sobretensões de origem interna (por exemplo, sobretensões de
manobra) e / ou origem externa (por exemplo, descargas atmosféricas),
coordenação da operação dos dispositivos de proteção e coordenação de
isolamento em subestações são assuntos apreciáveis.
Por fim, outro ponto muito importante que pode ser estudado refere-se aos
sistemas de comando e controle para subestações, responsáveis pela manutenção
dos valores aceitáveis das grandezas elétricas desses subsistemas de potência.
185

REFERÊNCIAS

ABB Oy. Manual de referência técnica do relé de proteção de alimentador REF610.


Finlândia: [s.n.], 2004. 176 p.

ABB Power Technologies AB. Guia do comprador de pára-raios. 5. ed. Ludvika: HVP/MD
MF, 2004. 96 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Proposta de cancelamento de


normas brasileiras. Disponível em: <www.jusbrasil.com.br/diarios/451201/dou-secao-3-02-
02-2006-pg-83>. Acesso em: 28 jun. 2010. Comitê Brasileiro de Eletricidade - CB-03. Rio de
Janeiro. 2006.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5175: código numérico das


funções dos dispositivos de manobra. Rio de Janeiro, 1988. 16 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5460: sistemas elétricos de


potência. Rio de Janeiro, 1992. 63 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6855: transformador de


potencial indutivo - especificação. Rio de Janeiro, 1992. 16 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6856: transformador de


corrente - especificação. Rio de Janeiro, 1992. 22 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9523: subestações de


distribuição. Rio de Janeiro, 1995. 6 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11191: subestações de


distribuição tipo I - 69-34,5 ou 13,8 kV até 5 MVA e 34,5 kV, 13,8 kV até 3,75 MVA -
diagramas unifilares e arranjos de subestações. Rio de Janeiro, 1989. 108 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14039: instalações elétricas


de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV. Rio de Janeiro, 2005. 87 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT Catálogo 2011. Disponível


em: <www.abntcatalogo.com.br/>. Acesso em: 18 fev. 2011.

ALMEIDA, M. A. D. D. Apostila de proteção de sistemas elétricos. Universidade Federal


do Rio Grande do Norte. Natal,2000. 129 p.

BARBOSA, F. B. Técnicas de diagnóstico e correlação com fenômenos de degradação


em varistores de ZnO. Dissertação (Pós-graduação em Ciências em Engenharia
Metalúrgica e de Materiais) - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa
em Engenharia / Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2007. 146 p.

BOREL, J. E. V. Subestações elétricas. Notas de aula. Centro Federal de Educação


Tecnológica de Minas Gerais - CEFET-MG. [S.l.], 2010.
186

BARROS, B. F. de; GEDRA, R. L. Cabine Primária - subestação de alta tensão de


consumidor. São Paulo, 2010. 192 p.

BOSSI, A; E. SESTO. Instalações Elétricas. 1. ed. [S.l.]: Hemus, v. 1, 2002.

BRAIN, M. Como funcionam as redes elétrias. How Stuff Works. Uol, [s.d.]. Disponível em:
< ciencia.hsw.uol.com.br/redes-eletricas4.htm >. Acesso em: 28 abr. 2010.

BRASIL. Decreto nº 73.080, de 5 de novembro de 1973. Altera o artigo 47, do Decreto


número 41.019, de 26 de fevereiro de 1957, que regulamenta os serviços de energia
elétrica. Coleção de leis do Brasil. Brasília, 1973. 190 p.

BREDA, J. F. D. Um modelo computacional para o relé digital de sobrecorrente


empregado na proteção de sistemas elétricos de potência. Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) - Escola de Engenharia de São Carlos, da
Universidade de São Paulo. São Carlos, 2009. 118 p.

COURY, D. V. Introdução aos sistemas elétricos de potência. Disponível em: <


www.sel.eesc.sc.usp.br/protecao/graduacao.htm>. Acesso em: 19/12/2010. Escola de
Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo. São Carlos. 48 p.

D'AJUZ, Ary. Equipamentos Elétricos: especificação e aplicação em subestações de


alta tensão. Rio de Janeiro: Furnas - Centrais Elétricas S.A., 1985. 300 p.

ELETROBRÁS. Diretrizes básicas para projeto de subestações de tipo convencional


aberto. [S.l.]: [s.n.], v. 1, 1982. 140 p.

ELETROBRÁS. Diretrizes para elaboração de orçamento de subestações. [S.l.], 2005.


189 p.

FILHO, J. M. Manual de equipamentos elétricos. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005. 708 p.

FILHO, J. M. Instalações elétricas industriais. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010. 792 p.

FLACH, E. Desempenho da proteção diferencial de transformadores em sistemas de


potência. Dissertação (Pós-graduação em Engenharia Elétrica) - Instituto Alberto Luiz
Coimbra, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. 120 p.

GÖNEN, T. Electric Power Distribution System Engineering. New York, 1986. 737 p.

INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION. Electrical relays: single input


energizing quantity measuring relays with dependent or independent time. Genebra,
1989. 25 p.

INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS ENGINEERS. Inverse-time


characteristic equations for overcurrent relays. Nova Iorque, 1996. 21 p.

JORDAN SISTEMA INDUSTRIAL. Estudos Técnicos: Sistema de proteção de descargas


atmosféricas. Disponível em: <www.jordanengenharia.com.br>. Acesso em: 31 jan. 2011.

JÚNIOR, O. A. D. O. Relé de sobrecorrente. Grupo de Sistemas de Potência. Laboratório


de Sistemas de Potência - LABSPOT. Disponível em:
187

<www.labspot.ufsc.br/~jackie/eel7821/protecao_e_monitoramento.pdf>. Acesso em: 1


janeiro 2011.

LEÃO, R. Distribuição de energia elétrica. Universidade Federal do Ceará. [S.l.], 2010.


115 p.

ORDOÑEZ, R. Consumo de energia elétrica bateu recorde na segunda-feira e pode


voltar a ter pico nesta terça. Jornal O Globo, 2010. Disponível em: <oglobo.globo.com>.
Acesso em: 03 fev. 2010.

PEREIRA, M. P. Considerações Básicas sobre pára-raios. Revista Iberoamericana del


ATP, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, 11 p., jun. 2000.

PROCOBRE; REVISTA ELETRICIDADE MODERNA. Guia Eletricidade Moderna da NBR


5410. São Paulo: [s.n.], 2001.

RAMÍREZ, C. F. Subestaciones de alta y extra alta tensión. 2. ed. Medellín: [s.n.], 2003.
778 p.

ROSSI, R. Subestações elétricas de alta tensão: operação e manutenção. Itajubá.,


2004. 164 p.

SANTOS, V. M. D. Estudo de caso de um curto-circuito em um sistema elétrico


industrial. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) - Escola
de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo. São Carlos, 2009. 131 p.

SILVA, R. A. da. Comportamento função de proteção de sobrecorrente instantânea


frente a distorções harmônicas nos relés de proteção numéricos. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) - Escola de Engenharia de São
Carlos, da Universidade de São Paulo. São Carlos, 2008. 111 p.

SOUSA, F. D. Estudo e projeto elétrico básico de uma subestação. Trabalho de


Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) - Universidade Federal do Espírito
Santo. Vitória, 2007. 131 p.
188

ANEXO A – Nomenclaturas padronizadas para dispositivos de manobra,


controle e proteção

Tabela 19 - Nomenclatura para relés (NBR 5175 - Maio 1988) ANSI (Barros e Gedra, 2010).

Nº. Nome da função Descrição Geral


Relé que atua quando a admitância, a impedância ou a
Relé de distância (distance
21 reatância do circuito aumenta ou diminui em relação a
relay).
valores predeterminados.
Dispositivo térmico do Atua quando a temperatura de um equipamento ou parte
26 equipamento (apparatus dele, ou de um meio de transferência de calor, sai de limites
thermal device). predeterminados.
Relé de subtensão (under Atua quando a sua tensão de entrada é menor do que um
27
voltage relay). valor predeterminado.
Relé de corrente de Relé que atua quando as correntes polifásicas estiverem em
sequência negativa sequência inversa de fase ou quando estiverem
46
(reversephase, ou phase- desequilibradas, ou contiverem componentes de sequência
balance, currente relay). negativa acima de um dado valor.
Relé de sequência de fase
Relé que atua para um valor predeterminado de tensão
47 de tensão (phase-
polifásica na sequência de fase estabelecida.
sequence voltage relay).
Relé térmico de
Relé que atua quando a temperatura de um equipamento
49 equipamento (machine, or
excede um valor predeterminado.
transformer, thermal relay).
Relé de sobrecorrente
instantâneo (instantaneous Atua instantaneamente por valor de corrente superior a um
50
over current or rate-of-rise limite predeterminado.
relay).
Relé que atua com retardo intencional de tempo, quando sua
Relé de sobrecorrente
corrente de entrada excede a um valor predeterminado, e no
51 temporizado CA (a-c time
qual a corrente de entrada e o tempo de operação são
over currente relay).
relacionados de modo definido ou inverso.
Dispositivo de manobra e proteção capaz de estabelecer,
conduzir e interromper correntes alternadas em condições
Disjuntor de corrente
normais do circuito, assim como estabelecer, conduzir por
52 alternada (a-c circuit
tempo especificado e interromper correntes alternadas em
breaker).
condições anormais especificadas do circuito, tais como as
de curto-circuito.
Relé de sobretensão Relé que atua quando sua tensão de entrada for maior do
59
(overvoltage relay). que um valor predeterminado.
Relé de pressão, de nível
ou de fluxo, de líquido ou
Relé que atua por um valor predeterminado de pressão, ou
63 gás (liquid or gaz,
por uma dada taxa de sua variação.
pressure, level, or flow
relay).
Relé direcional de
sobrecorrente CA (a-c Atua por um valor predeterminado de sobrecorrente CA
67
directional overcurrente fluindo em um sentido predeterminado.
relay).
189

Nº. Nome da função Descrição Geral


Dispositivo que atua por valores ou por taxas de variação de
71 Relé de nível.
nível predeterminados.
Relé de religamento CA (a- Controla o religamento e o bloqueio automático de um
79
c reclosing relay). disjuntor de CA.
Chave que atua a um valor ou uma taxa de variação de fluxo
80 Relé de fluxo.
predeterminados.
Relé de proteção
Dispositivo de proteção que atua por diferença percentual
87 diferencial (differential
entre duas ou mais grandezas elétricas.
protective relay).
Opera para reguiar uma ou mais grandezas, tais como
Dispositivo de regulação tensão, corrente, potência, velocidade, frequência,
90
(regulating device). temperatura e carga em máquinas, linhas de interligação ou
outros equipamentos.

Em complemento as informações da tabela 19, Barros e Gedra (2010)

apresentam as seguintes funções:

• 50 N – Sobrecorrente instantâneo de neutro;

• 51 N – Sobrecorrente temporizado de neutro (tempo definido ou curvas

inversas);

• 50 BF – Relé de proteção contra falha de disjuntor (também chamado de

50/62 BF);

Variações da proteção diferencial (87):

• 87 T – Diferencial de transformador (pode ter dois ou três enrolamentos);

• 87 G – Diferencial de geradores;

• 87 GR – Proteção diferencial do grupo gerador-transformador;

• 87 B – Diferencial de barras, pode ser de alta, média ou baixa impedância;

• 87 M – Diferencial de motores – neste caso pode ser do tipo percentual ou do

tipo autobalanceado.
190

APÊNDICE A – Desenhos técnicos do projeto de subestação de distribuição


tipo I – 69-13,8 kV / 5 MVA

Das könnte Ihnen auch gefallen