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Laboratório IA (Profa. Dra.

Verônica Veloso)
Proposta de adaptação de jogo – Ato II de “Hamlet-Máquina” (H. Müller, 1977)
André Figueiredo, Beatriz Perellon, Carlos Pereira, João Crepschi, Lucas Tellis,
Pedro Bueno

Se, conforme esclarece Martins (2016), o jogo da amarelinha “consiste em


percorrer uma trajetória de quadrados riscados no chão de pulo em pulo, como um
simbolismo da passagem do homem pela vida”, propomo-nos a adaptá-lo, pensando-o
como trajeto da mulher pela vida. Nas pontas, em vez de “céu” e “inferno”, haverá os
campos do “relógio” e da “rua”, dois signos importantes do Ato II do “Hamlet-Máquina”,
de Heiner Müller (1977). A ideia, assim, é representar esse percurso, tão pedregoso,
trilhado pela mulher, da opressão à revolução, o qual, como Müller sugere, pressupõe
retrocessos. É o Jogo-da-Mulher.
Em lugar dos números (de 1 a 10) que identificam as casas, inseriremos outros
nomes pelos quais o jogo da amarelinha é conhecido – no Brasil e fora dele – e que podem
ser lidos em duplo sentido, quando considerada a trajetória da mulher, numa sociedade
patriarcal e racista: “avião” (Alagoas), “macaca” (Pará), “academia” (Pernambuco),
“sapata” (Rio Grande do Sul), “golosa” (Colômbia), “infernáculo” (Espanha), “boneca”
(Piauí), “neca” (Moçambique), “jogo-do-homem” (Portugal) e “luche” (Chile).
No que diz respeito às regras, algumas modificações serão operadas. Somente
mulheres (cis ou trans) podem percorrer as casas riscadas no chão, enquanto os homens,
nas laterais, jogam objetos de repressão (facas, cordas, psicotrópicos, fotos de homens
etc) dentro destas casas. O objetivo é que a jogadora saia do relógio e chegue à rua, sem
pisar nas casas onde há objetos postos pelos homens. Na volta, deve recolher esses objetos
e jogá-los fora. Se a jogadora for uma atriz de “Hamlet-Máquina”, deve dizer o texto do
Ato II, enquanto trilha seu caminho (ida e volta), ficando livre para alterar o texto e
improvisar em cima dele. Caso contrário, pode, simplesmente, completar, das mais
variadas formas e continuamente, à sentença: “Ontem deixei de...”. O suor e o arfar
decorrentes das idas e vindas é um elemento performativo importante para a cena/jogo.
Perde a vez a mulher que pisar nas linhas do jogo, na casa onde está um
instrumento de repressão ou que não pegá-lo na volta ao campo do relógio. Ganha a
jogadora que permanecer mais tempo jogando, resistindo.

Referências Bibliográficas

MARTINS, Margarida Helena Camurça. Narrativa visual dos alunos da Educação


de Jovens e Adultos na perspectiva da cultura visual. 2016. xix, 223 f., il. Dissertação
(Mestrado em Arte)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
MÜLLER, Heiner. “Hamlet-máquina”. In: Teatro de Heiner Müller.
Apresentação de Fernando. Peixoto. São Paulo: Editora Hucitec, 1987

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