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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE

EXECUÇÃO PENAL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO/RJ

Autos n.º...

Gilberto, já qualificado nos autos em epígrafe a folhas...,


movido pela Justiça Pública, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por
intermédio de seu advogado, cujo instrumento de procuração segue anexo (documento
1), inconformado com a respeitável decisão às folhas..., que indeferiu o pedido de
livramento condicional, interpor AGRAVO EM EXECUÇÃO, com fundamento legal
no Art. 197, da Lei de Execução Penal – Lei nº 7.210/84.

Requer, assim, seja recebido e processado o presente recurso,


juntando-se as inclusas razões, dignando-se Vossa Excelência a realizar o juízo de
retratação, nos termos do Art. 589 do Código de Processo Penal.

Caso Vossa Excelência entenda por bem manter a respeitável


decisão, requer a remessa dos autos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro.

Termos em que,

pede deferimento.

Rio de Janeiro, 30 de setembro de 2015.

Advogado

OAB nº...
RAZÕES DO AGRAVO EM EXECUÇÃO

Recorrente: Gilberto
Recorrida: Justiça Pública
Autos n.º...

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro,


Colenda Câmara,
Douta Procuradoria do Estado.

A respeitável decisão prolatada pelo Ilustre Magistrado “a quo”,


que indeferiu o pedido de livramento condicional, deve ser reformada, pelas razões de
fato e de direito a seguir expostas.

I – DOS FATOS

Gilberto, quando primário, apesar de portador de maus


antecedentes, praticou um crime de roubo simples, pois, quando tinha 20 anos de idade,
subtraiu de Renata, mediante grave ameaça, um aparelho celular. Apesar de o crime
restar consumado, o telefone celular foi recuperado pela vítima. Os fatos foram
praticados em 12 de dezembro de 2011. Por tal conduta, foi Gilberto denunciado e
condenado como incurso nas sanções penais do Art. 157, caput, do Código Penal a uma
pena privativa de liberdade de 04 anos e 06 meses de reclusão em regime inicial
fechado e 12 dias multa, tendo a sentença transitada em julgado para ambas as partes em
11 de setembro de 2013. Gilberto havia respondido ao processo em liberdade, mas,
desde o dia 15 de setembro de 2013, vem cumprindo a sanção penal que lhe foi aplicada
regularmente, inclusive obtendo progressão de regime. Nunca foi punido pela prática de
falta grave e preenchia os requisitos subjetivos para obtenção dos benefícios da
execução penal.

No dia 25 de fevereiro de 2015, Gilberto requereu pedido de


obtenção de livramento condicional junto ao Juízo da Vara de Execução Penal da
comarca do Rio de Janeiro/RJ, órgão efetivamente competente. O pedido, contudo, foi
indeferido, apesar de os requisitos subjetivos estarem preenchidos, sob os seguintes
argumentos: a) o crime de roubo é crime hediondo, não tendo sido cumpridos, até o
momento do requerimento, 2/3 da pena privativa de liberdade; b) ainda que não fosse
hediondo, não estariam preenchidos os requisitos objetivos para o benefício, tendo em
vista que Gilberto, por ser portador de maus antecedentes, deveria cumprir metade da
pena imposta para obtenção do livramento condicional; c) indispensabilidade da
realização de exame criminológico, tendo em vista que os crimes de roubo, de maneira
abstrata, são extremamente graves e causam severos prejuízos para a sociedade.

Em que pese o indiscutível saber jurídico do Ilustre Magistrado


“a quo”, a respeitável decisão prolatada merece reforma, conforme será demonstrado a
seguir.

II – DO DIREITO

O acusado formulou pedido de obtenção do benefício do


livramento condicional que lhe foi negado como narrado nos fatos, acontece que o
mesmo faz jus ao benefício por preencher todos os requisitos legais exigidos.

A) DA AUSÊNCIA DE HEDIONDEZ

Em primeiro lugar, cumpre ressaltar que o crime de roubo


simples não é hediondo, uma vez que não figura no rol taxativo dos crimes hediondos,
previsto no Art. 1º da Lei nº 8.072/90. Assim, tal fundamento deve ser rechaçado, além
de que o cumprimento de 2/3 da pena para concessão do benefício previsto no Art. 83
do Código Penal não deve ser exigido.

B) DA IMPOSSIBILIDADE DE ANALOGIA “IN MALAM PARTEN”

Outra questão relevante é que o magistrado não concedeu o


beneficio pelo fato de o acusado não ter cumprido mais da metade da pena por ser
portador de maus antecedentes. Ocorre que, nos termos do art. 83, II do CP o
cumprimento de mais da metade da pena é somente para reincidente em crimes dolosos,
o que não é o caso, visto que maus antecedentes não se confundem com reincidência.

Além do mais, exigir o cumprimento de metade da pena fere o


principio da legalidade, de modo que vem a prejudicar o réu, o que é vedado em matéria
penal. O princípio da legalidade, previsto no texto constitucional em matéria penal, tem
como um de seus subprincípios a vedação da aplicação da analogia prejudicial ao réu
em matéria penal.
O art. 83, I do CP exige o cumprimento de 1/3 da pena para o
não reincidente em crime doloso e que tenha bons antecedentes, mas não se manifestou
o legislador legalmente sobre o réu primário portador de maus antecedentes, diante
dessa omissão deve-se aplicar o que vem a beneficiar o réu por não poder ser aplicado
analogia in malam partem, portanto, deverá ser considerado esse mesmo requisito no
caso em tela.

C) DA DISPENSABILIDADE DO EXAME CRIMINOLÓGIO PARA FINS


DE BENEFÍCIO

Por fim, não há a obrigatoriedade do exame criminológico para


a concessão do livramento condicional. Para o livramento, basta que seja atestado
comportamento satisfatório durante a execução da pena. Apesar disso, nada impede que,
no caso concreto, entenda o magistrado pela necessidade de sua realização. Contudo,
deverá a decisão que o determina ser fundamentada nas particularidades da hipótese
concreta, não sendo suficiente a simples afirmação da gravidade em abstrato do delito,
nos termos da Súmula 439 do STJ:

Súmula 439 - Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades


do caso, desde que em decisão motivada.

No casos, só foi mencionado pelo magistrado que o roubo é crime grave,


no entanto a simples gravidade do delito não é motivo suficiente nos termos da súmula
supracitada. Todavia, como o réu sempre teve um bom comportamento no cumprimento
de sua pena, desnecessária a realização do referido exame.

III – DO PEDIDO

Ante o exposto, são as presentes razões para requerer que seja


conhecido e provido o agravo em execução interposto, com a finalidade de:

- que seja concedido o benefício do livramento condicional em


favor de Gilberto, em vista que, quando do recurso, já preenchia todos os requisitos
exigidos por lei.

Rio de Janeiro, 30 de setembro de 2015.

Advogado
OAB nº...

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