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A Interpretação dos Arcanos Maiores

Os Ciclos da Evolução do Inconsciente


A interpretação que se segue do significado de cada um dos arcanos maiores representa
simplesmente uma das inúmeras possibilidades de leitura em relação a cada símbolo e pretende
fornecer ao leitor uma base operatória nas tiragens. Cada carta está assim dividida: descrição da
simbologia; representação abstrata; interpretações divinatórias. Para as duas primeiras partes,
foram usados os seguintes autores, cujos livros se encontram citados na bibliografia: Juan-Eduardo
Cirlot, Alberto Cousté, Oswald Wirth, Piotr Demiánovich Ous

Descrição da simbologia – A primeira lâmina do tarô simboliza a atividade originária e o poder


criador que existe no homem. O Mago é o homem perfeito, confiante em si mesmo e em plena
posse das faculdades físicas e morais. É representado de pé, numa atitude que indica vontade
pronta para agir. Com a mão direita segura um bastão (eixo do mundo, que se eleva para o céu),
um dos quatro emblemas do trabalho. A mão esquerda, indicando a terra, mostra que a missão do
homem é reinar neste mundo. O duplo gesto indica que a vontade humana deve refletir na terra a
vontade divina. A fronte do Mago é cingida por um chapéu em forma de oito deitado, signo do
infinito. O cinto é representado por uma serpente que morde a própria cauda, símbolo da
eternidade. Na mesa à sua frente aparecem os outros três emblemas que completam o baralho: o
ouro, a espada e a copa. No seu traje, de várias cores, destaca-se o vermelho. Todos esses pensky,
Paul Huson, J. Repollés. As interpretações divinatórias foram extraídas do livro Cartas e Destino, de
Hadés.

Além disso, foram consideradas as informações fornecidas pela profa. Ana Matilde Pacheco e Chaves
sobre os vários ciclos das cartas – que ela compara ao processo de individuação junguiano – e que
podem ser assim resumidos:

O conjunto das sete primeiras cartas representa o desenvolvimento das qualidades do arcano. O
Mago, cuja culminância é o imperador vitorioso – O Carro. O homem veio ao mundo tendo à sua
disposição as quatro funções psíquicas representadas pelos quatro naipes: espadas/pensamento;
cálice/sentimento; bastão/intuição; ouros/sensação. É também o princípio masculino, ativo, que
pode ser associado ao animus. A Grã-Sacerdotisa representa a necessidade de parar, de se tornar
receptivo para se aprimorar espiritualmente, e pode ser associada a anima. Na sua trajetória inicial,
o homem aprende primeiro a lidar com os pais – A Imperatriz e O Imperador. Depois, entra em
contato com as instituições socializadoras – a religião e a escola – simbolizadas pelo arcano O
Sumo-Sacerdote. Aprende a fazer uma escolha e o reconhecimento de sua identidade sexual,
transferindo os laços edípicos para outras pessoas do sexo oposto. Se a decisão é bem feita, ele
assume a persona – O Carro – como veículo para viver em sociedade e conduzir a própria vida.
Essa primeira fase da vida representa a atitude extrovertida.

O segundo ciclo é representado pelo conjunto das cinco cartas seguintes e corresponde à
segunda parte da vida, à atitude introvertida e ao início do processo de individuação. Esse conjunto
apóia-se no conceito de que a realidade, tal como a conhecemos, é ilusória. A Justiça é o primeiro
passo para esse reconhecimento e ensina a pesar, a medir e a eliminar o que é desnecessário. O
Ermitão é a volta ao passado para se iluminar – a auto-análise e a busca de fatores que
condicionaram a atitude presente. O autoconhecimento leva à constatação da mecanicidade do
mundo como fator dominante e dos determinismos biológicos e sociológicos – A Roda da Fortuna.
Dependendo de como compreende tais determinismos, o homem sobe ou desce a roda. Começa
então a enfrentar aquilo que vem a ser a sua herança biológica, representada pela carta A Força –
os instintos de agressão e sexualidade. Esta carta corresponde ao confronto com a sombra.
Prosseguindo, entra em contato com seu caos interior e sua impotência básica – O Enforcado.

O conjunto das próximas três cartas completa o ciclo anterior e representa os elementos que
deverão ser usados ou combatidos, para se obter uma evolução interna. Supera-se a preguiça e
desamarra o nó do Enforcado, estabelece relação com A Morte, aprendendo a cortar o que não
presta, transformando-se inevitavelmente; se for bem-sucedido chega ao rejuvenescimento.
Ingressa, então, em um novo plano mais elevado, de outro nível, operando uma transmutação
alquímica interior, representada pelo arcano A Temperança. Feito tudo isso, pode cair na tentação
de usar o que aprendeu para obter poder sobre os outros – O Diabo.

O ciclo seguinte, de quatro cartas, é a conseqüência externa do anterior. A Casa de Deus –


destruição; A Estrela – reconhecimento de que há influências cósmicas; A Lua – ilusões que
impedem o homem de chegar àquilo que ele é; O Sol – a necessidade de encarar a realidade e
abandonar A Lua.

O ciclo das duas últimas cartas numeradas representa propriamente o início da evolução
espiritual: O Julgamento – criação de um novo “eu”, de uma individualidade; O Mundo – o
homem completo, que reconcilia a extroversão e a introversão. Se falhar no processo, chega ao
Louco, ao zero, e começa tudo de novo.

ARCANO I

O MAGO
Descrição da simbologia – A primeira lâmina do tarô simboliza a atividade originária e o poder
criador que existe no homem. O Mago é o homem perfeito, confiante em si mesmo e em plena
posse das faculdades físicas e morais. É representado de pé, numa atitude que indica vontade
pronta para agir. Com a mão direita segura um bastão (eixo do mundo, que se eleva para o céu),
um dos quatro emblemas do trabalho. A mão esquerda, indicando a terra, mostra que a missão do
homem é reinar neste mundo. O duplo gesto indica que a vontade humana deve refletir na terra a
vontade divina.

A fronte do Mago é cingida por um chapéu em forma de oito deitado, signo do infinito. O cinto é
representado por uma serpente que morde a própria cauda, símbolo da eternidade. Na mesa à sua
frente aparecem os outros três emblemas que completam o baralho: o ouro, a espada e a copa. No
seu traje, de várias cores, destaca-se o vermelho. Todos esses atributos simbolizam o domínio da
situação: empunhando as armas mágicas da consciência, o homem pode conquistar o mundo.

Esta carta costuma aparecer também com outros nomes: Saltimbanco, Prestidigitador, Conjurador,
Trovador, etc. Conta-se que, na sua origem, queria representar o artista, o bufão ou o comediante
ambulante que, de cidade em cidade, ia, com um grupo de atores, levando comédias, augurando
boas notícias e vendendo elixires fantásticos. As autoridades viam esses grupos com desconfiança,
pois também eram veículos de idéias “heréticas”, que transmitiam de um país a outro.

Representação abstrata – O início dos atos da vida material e mental, aspectos para os quais
mais se habilita. A prestidigitação (do latim digitus, dedo, e praestigium, ilusão, artifício) consiste
em tocar nas coisas com os dedos, modificando-as diante do mundo visível. Inteligência, habilidade,
destreza, astúcia, presença de espírito; iniciativa, vontade, energia, poder, criação, ânimo disposto a
se confrontar com os perigos; diplomacia, finura, persuasão, personalidade.

No sentido negativo: falta de escrúpulos, intriga, exploração do outro, discussões, disputas;


timidez, vontade fraca, vacilação, nervosismo, indecisões, tendência à impulsividade. No conjunto:
ação e movimento.

Interpretações divinatórias – O Mago é a carta do tarô que mais sofre influência das outras
cartas que se agrupam à sua volta ou a acompanham. Alude à modificação perpétua da matéria,
cuja compreensão, na verdade, escapa ao homem, sendo, por isso, um convite à penetração na
realidade invisível, que se dissimula sob a visível. Soma de várias possibilidades, anuncia uma
ascensão nas esferas do futuro.
Exerce sua influência nos mundos material, mental e anímico. Não se trata, portanto, de uma carta
espiritual, pois os segredos a que se refere são meramente técnicos. Sua presença no jogo indica a
modificação e o ponto de partida de qualquer coisa. No plano mental: capacidade de ação e de livre-
arbítrio, independência; um aviso e uma criação encontram-se à disposição do consultante; ação
próxima. No plano anímico: movimento; circunstâncias materiais favorecerão o consultante. Como a
carta contém um lado de ilusão, há necessidade de observar as outras para melhor definir a direção
do movimento. No plano físico: um novo fato vai orientar a vida do consultante; pode significar o
encontro com um homem jovem, tanto para a mulher quanto para o homem. Recomendam ação,
trabalho, vontade, fé em si mesmo, esforço e racionalidade para resolver os problemas.

ARCANO II

A GRÃ-SACERDOTISA
Descrição da simbologia – A segunda carta é representada por uma mulher (princípio passivo e
feminino) que guarda a entrada do templo. Simboliza a natureza, no sentido da geração oculta e
formativa de todos os fenômenos que lhe são inerentes. Na mitologia egípcia é figurada por Ísis,
deusa da noite ligada a Osíris. Aparece sentada entre duas colunas, tendo sobre os joelhos um livro
entreaberto, meio escondido sob o manto, significando que a sabedoria só se revela na solidão e
àquele que se concentra em silêncio e em paz consigo mesmo. A coluna direita é vermelha, solar,
correspondente ao fogo, atividade do espírito na sua elevação acima da matéria. A coluna esquerda
é azul, lunar, representando a noite do caos, as trevas do espírito impuro, preso às coisas materiais.

A tiara que cinge a cabeça da Grã-Sacerdotisa tem um crescente lunar, símbolo das fases do mundo
fenomênico, demonstrando com isso a predominância do princípio feminino. A cruz solar que traz no
peito exprime que a verdade foge aos olhares profanos. O livro é o símbolo do próprio universo (“o
universo é um imenso livro”), cujos caracteres revelam os fenômenos essenciais divinos, escondidos
no segredo dos segredos.

Segundo Douglas, a lenda que afirma ser a Grã-Sacerdotisa uma alusão à mulher que ocupou a
cadeira de São Pedro não tem fundamento. O mais provável é que ela tinha relação com as grandes
sacerdotisas da Antigüidade.

Representação abstrata – A geração do ato, o desenvolvimento em segredo, num ritmo mais


lento que o do Mago. A fecundidade secreta que assegura o crescimento. Intuição, percepção das
coisas visíveis e invisíveis, sabedoria, meditação, interioridade ativa; modéstia, discrição, paciência,
piedade, resignação. Simboliza o mistério da maternidade, mas também a Grande Mãe – o eco, o
reflexo, o conflito, a contraposição, a sombra. No sentido negativo: rancor, dissimulação,
intenções ocultas, intolerância, instabilidade emocional. Postula o crescimento e a fecundidade. No
conjunto, indica que toda concepção se realiza em ambiente fechado (o útero, o templo), onde se
desenvolve o germe, o conhecimento.

Interpretações divinatórias – Sua presença no jogo significa fecundidade, imaginação, sabedoria


em todos os planos e, conseqüentemente, deve ser considerada benéfica. Tem o poder de
multiplicar a força das cartas que a acompanham. Renascimento; forças femininas em gestação. No
caso de o consultante ser mulher, a carta simboliza ela mesma. A mulher, modelo do homem.

A Grã-Sacerdotisa é a lâmina mais simbólica de todo o tarô, surgindo sempre como uma
recomendação para se buscar a verdade através do bem e para se guardar silêncio sobre os
desejos, a fim de não expô-los à confusão dos homens.

ARCANO III

A IMPERATRIZ
Descrição da simbologia – O terceiro arcano do tarô simboliza a produtividade material: a
natureza geradora de uma nova vida em constante atividade – união dos dois princípios anteriores.
Apresenta a imagem de uma mulher em posição rígida e hierática, com um sorriso no rosto. Seus
atributos são o cetro, a coroa, o escudo e o colar. O cetro revela o sentido do comando e da ação da
figura, sendo guarnecido, na extremidade, por um globo, imagem do mundo, signo da natureza
sempre em evolução. A águia sobre o escudo é o símbolo da alma sublimada no seio da
espiritualidade, da elevação e vôo do espírito. A coroa de 12 estrelas representa o poder criador do
Sol no seu percurso durante o ano ao redor do zodíaco. O colar de ouro é formado por um triângulo,
uma alusão ao encontro do princípio ativo com o passivo, do consciente com o inconsciente, sendo
que o primeiro se impõe ao segundo e o sustenta.

Todo o conjunto mostra uma inteligência ativa, equilibrada por uma sabedoria absoluta. A lâmina é
associada à Ísis celeste, à Grande Deusa-Mãe, governante do paraíso terrestre e fonte de todos
os seres.

Representação abstrata – A multiplicação manifesta-se através do masculino, mas usando a


emoção e o sentimento como armas e não o pensamento e o controle intelectual do Mago. Império
exercido através do afeto. Graça, afabilidade, encanto, poder da alma, educação, generosidade,
penetração dos seres. Abundância, maternidade, fertilidade, fecundidade, proteção, honestidade de
sentimentos; cuidado materno, estabilidade doméstica. Inspiração ou conforto através do contato
com a natureza. Elaboração, evolução, fôlego, dinamismo. Possibilidade de comunicação com o
visível e o invisível, livre de dualidade e alternância. Germinação dos atos que devem nascer da
vontade. No sentido negativo: ligeireza no amor, sedução, vaidade, coqueteria, luxo, afetação,
desejo sem espírito, frivolidade, pompa, pose, ostentação de noções superficiais; alienação psíquica,
tirania materna. No plano geral: produção material e espiritual.

Interpretações divinatórias – Possui o sentido de multiplicidade, razão pela qual se deve


interrogar as cartas à sua volta. Multiplica os efeitos das cartas vizinhas. É neutra e age como as
ondas, a estrada, o caminho, servindo para transmitir alguma coisa. Obtenção de bens materiais
como conseqüência de contínuos esforços, apesar dos obstáculos. Satisfação em vencer as
dificuldades. Êxito nos empreendimentos se souber unir a atividade fecunda à retidão de espírito. No
plano mental, ao qual está adaptada, permite o ensino e a comunicação; coordena e associa; é
mediadora entre o 2 e o 4, a fecundidade e a estabilidade. No plano anímico, representa as forças
do pensamento que ligam o microcosmo ao macrocosmo, mas, como é muito presa aos sentidos, a
comunicação é ainda grosseira. No plano físico: os intermediários, os mensageiros, os carteiros, os
livros, a edição, o avião, as viagens; pessoas jovens e inteligentes que agirão em favor do
consultante. Anuncia alegria e satisfação dos empreendimentos, à medida que os obstáculos forem
vencidos.

ARCANO IV

O IMPERADOR
Representação da simbologia – Quarto arcano do tarô, O Imperador (organização, autoridade e
poder) aparece sentado num trono no qual se destaca uma águia. O trono é uma pedra cúbica de
ouro que representa a sublimação do princípio construtivo e material – a obra humana realizada.
Tem na mão direita um cetro rematado pelo globo do mundo. A perna direita dobrada sobre a
esquerda forma uma cruz (os quatro elementos, os quatro pontos cardeais), significando a expansão
do poder humano em todas as direções. O capacete coroado é o emblema da conquista do poder. A
possibilidade de culminação de sua autoridade é representada pelo cetro e pela águia.

A predominância do vermelho é símbolo de atividade intensa. É o personagem que triunfou sobre as


restrições físicas por meio do emprego inteligente de seus próprios recursos. Está relacionado às
sociedades patriarcais guerreiras que sucederam as culturas agrícolas primitivas da Grande Mãe e é
um descendente das representações do Pai. Introduz as leis humanas na sociedade e o princípio de
transmissão hereditária do poder.
Representação abstrata – O poder que cria e se mantém – a organização imperativa de uma
esfera da vida. Criação da vontade, não dos sentimentos; mais poder do que amor. Poder
civilizador, apoio, estabilidade, proteção. Magnificência, energia, direito e rigor. Coragem, valor. No
sentido negativo: dominação, tirania, autoritarismo. No sentido geral, expressa o quádruplo trabalho
do espírito: afirmação, negação, discussão, solução.

Interpretações divinatórias – É uma carta unicamente material, cujos efeitos dependem das
cartas que a acompanham. Indica fortes possibilidades de realizações no domínio material. Ação
triunfante que pode servir de trampolim para uma grande realização. As modificações que sugere
são provenientes de uma atividade inteligente acompanhada de uma autoridade. Pouco adaptada ao
plano mental, manifesta-se como compreensão de acontecimentos materiais; bons servidores nesse
sentido.

O plano anímico não interessa ao Imperador. No plano físico, pode representar o encontro com um
homem importante, forte aliado ou tirano inflexível. Promoção e apoio material em benefício do
consultante ou dos que o rodeiam. Êxito na esfera material. Recomenda o combate para assegurar a
realização da verdade e da justiça, a fim de realizar-se como ser humano. O espírito só consegue a
liberdade se lutar contra as dificuldades da vida e triunfar sobre as circunstâncias.

ARCANO V

O SUMO-SACERDOTE
Descrição da simbologia – Entre duas colunas do santuário, figura O Sumo-Sacerdote, mestre
supremo da ciência e dos mistérios sagrados. Simboliza o ensino. Sob o manto vermelho, sua roupa
branca é sinal da pureza de suas intenções. O indicador da mão direita sobre o peito é signo do
silêncio. O cetro, onde se apóia, termina numa cruz de três barras, emblema da penetração de Deus
nos três mundos – mental, anímico e físico. Os extremos da cruz são arredondados: alusão ao
setenário das virtudes necessárias para vencer os sete pecados capitais: orgulho, preguiça, inveja,
cólera, luxúria, gula e avareza. Dois fiéis ajoelhados à sua frente representam a unção santificada
pelos sacramentos e a obediência ao Senhor dos Arcanos. O conjunto simbólico convida a ouvir a
voz do céu, a voz interior, livre de paixões.

Esta carta é a contrapartida masculina da Grã-Sacerdotisa. Assemelha-se ao papa romano;


algumas versões do tarô apresentam-na como o Hierofante, sacerdote dos mistérios de Eleusis, na
Grécia antiga.

Representação abstrata – Tudo que nasce é dirigido por um processo criador que impõe à
matéria um sentido espiritual. Inspiração, aviso, bom conselho, ensino, consciência, austeridade,
justiça, religião, lei divina, dever moral, sacerdócio, bondade, afabilidade, generosidade, autoridade,
certeza, segurança, afeto sólido, equilíbrio, soluções lógicas, segredo revelado, vocação.

No sentido negativo: calúnia, propaganda que distorce a verdade, má informação, equívoco,


projeto retardado, falta de humanidade no sentido comum, falta de espontaneidade, repetição de
erros, opressão através do intelecto.

Interpretações divinatórias – Carta do poder espiritual sobre o material, da instauração do


sagrado e da intervenção da lei divina. Sanção de uma autoridade superior que vem beneficiar o
consultante, exigindo deste serenidade e fé para compreender um acontecimento que surge fora da
rotina de sua vida. No plano mental, ao qual está bem adaptada, trata-se de um aviso do espírito
para a matéria e exige muita concentração a fim de apreender em que circunstâncias um novo
acontecimento se dará; revelação de uma vocação e transmissão de princípios.

No plano anímico, é um apelo à libertação da matéria com a ajuda de um diretor de consciência, de


um médico da alma, de um professor ou de um personagem sentencioso; necessidade de
desprender-se do meio em que vive. Carta de legalidade, no plano físico, significa proteção para o
consultante, indicando que lhe será feita justiça. Recomenda ouvir a voz da consciência e a oração:
“Pedes e serás atendido”.

ARCANO VI

O NAMORADO
Descrição da simbologia – A sexta carta do tarô representa a imagem de um homem de pé, entre
duas mulheres, numa encruzilhada, indicando uma escolha a ser feita. Uma das mulheres pousa-lhe
a mão no ombro mostrando um caminho: atividade determinada, vocação, finalidade, luta. A outra
mostra o segundo caminho: passividade, entrega aos impulsos e às solicitações externas. Acima da
figura masculina e central, paira um arqueiro que retesa seu arco, dirigindo sua flecha contra a
segunda mulher, e representa uma inspiração vinda do alto. A dualidade é uma fraqueza; a força
está no centro.

O conjunto simbólico pressupõe uma eleição acertada, a beleza moral e a integridade; ao mesmo
tempo, alude à incerteza, às hesitações e aos riscos de erros. Perde-se o caminho se predomina a
segunda possibilidade. A imagem é relacionada à lenda de Hércules, segundo a qual Deus o
colocou entre duas mulheres (a Virtude e o Vício) para que escolhesse uma delas. Como Hércules,
o Namorado duvida entre dois modos opostos de conduta.

Representação abstrata – A primeira decisão que o ser humano faz no seu caminho pela vida sem
ajuda de ninguém. Tudo o que toma forma para o suas escolhas. No sentido positivo: liberdade,
livre-arbítrio; amor, união, afetos puros, simpatias, sentimento, laços que unem verdadeiramente,
casamento; amor pelas artes; visão interior que resolve problemas difíceis, abnegação, sacrifício,
prazeres honestos, beleza moral. Sentido negativo: incapacidade de abandonar a mãe; medo da
vida independente; desordem, ruptura, perigo de um deslize moral, severa tentação no caminho;
infidelidade afetiva, emoções instáveis, ausência de valores espirituais; dúvidas, incertezas,
indecisão, desejos não realizáveis, promessas que não se cumprem, etc.

Interpretações divinatórias – Carta neutra cujo sentido é esclarecido pelas cartas vizinhas. A
irrupção do desejo e do amor na vida do consultante. No plano mental não transcende à ciência e
à técnica; inquietação do espírito que procura, mas ainda não encontrou. No plano anímico
introduz muita confusão, pois o contato com os outros seres humanos impede que se ouça a voz
mais interior; apelo para não se dispersar. O plano físico oferece dupla solicitação ao consultante;
presta-se a todos os desenvolvimentos no terreno afetivo: associações, união, casamento. Adverte,
de um lado, a não se deixar perturbar pelos desejos, e, de outro, contra a indecisão.

Arcano VII

O Carro
Descrição da simbologia – Representando o triunfo dos princípios superiores da personalidade
humana, o sétimo arcano é figurado por um jovem protegido por armadura, empunhando o cetro e
montado no carro simbólico. De forma quadrada, o carro é guarnecido por um pálio sustentado por
quatro colunas, simbolizando a obra realizada pela vontade que venceu os obstáculos. As quatro
colunas representam os quatro elementos submetidos ao condutor do carro. A coroa de ouro em sua
fronte revela a luz intelectual que desvenda todos os arcanos. Sobre seus ombros, dois crescentes
lunares significam o mundo das formas. O cetro e a coroa indicam dominação e vitória. A dualidade
homem-animal é representada pela presença dos dois animais atrelados ao carro, símbolo dos
poderes antagônicos, no caso, harmonizados. A couraça representa a defesa contra essas forças
inferiores. Todo o conjunto simbólico ressalta a idéia de um movimento dinâmico do espírito,
autodomínio e progressão vitoriosa. Muito rica simbolicamente, a imagem do Carro possui
correspondência em todas as civilizações, sendo a mais conhecida a do profeta Elias, transportado
para o céu num carro de fogo.
Representação abstrata – Representa a personalidade humana com poderes espirituais, mentais
e físicos suficientes para agir no mundo e guiar conscientemente sua vida por um bom caminho.
Vitória conseguida mediante esforço pessoal. Poder de mando, decisão pronta e justa, auto-
expressão, ação independente; espiritualidade ativa, iniciativa, discernimento, conciliação; talento,
diplomacia, predominância da inteligência e do tato; saúde, força, sentimento de proteção, afeto
manifestado, magnetismo, avanço, progresso, altruísmo. No sentido negativo: egocentrismo,
desprezo pelos direitos dos outros, irreflexão, superatividade, falta de tato, orgulho, opressão
autoritária, habilidade para tirar proveito da desgraça alheia, brutalidade.

Interpretações divinatórias – Uma das cartas mais felizes e fortes do tarô, significa auxílio,
providência, proteção e êxito sobre os obstáculos. Sua presença no jogo é sempre benéfica. No
plano mental: realização e recompensa por trabalhos pessoais. Está relacionada a público e tem
forte influência sobre os artistas. Em outros casos: comunicação possível com o absoluto. No
plano anímico: forças exteriores ajudam o consultante; apelo, amor, esplendor universal. No
plano físico representa uma irradiação; o poder de conseguir a adesão dos que estão à sua volta; a
popularidade iluminando o campo sentimental do consultante. No plano afetivo aproxima os seres;
notícia; age como ativador de casamento, se for este o caso. Possibilidades de realização em todos
os campos; conquista de um público; conquista, vitória; amor, altruísmo; talento.

Arcano VIII

A Justiça
Descrição da simbologia – A oitava lâmina simboliza a imparcialidade que caracteriza a conduta
humana, quando é guiada pelo equilíbrio entre forças opostas em movimento. Essa idéia é
personificada por uma mulher em atitude frontal – como a Imperatriz – e simétrica, representando o
exato equilíbrio bilateral. Seu trono é estável e maciço, como o do Imperador. A fronte é cingida por
uma coroa, a mão direita empunha uma espada com a ponta para cima e a esquerda segura uma
balança. Com a espada (símbolo da palavra e da decisão psíquica) contrapesa a balança (peso do
bem e do mal). É o antigo símbolo da Justiça, associado ao signo zodiacal de Libra. Representa
muito mais a função interior justiceira do que a justiça exterior ou a legalidade social. Numa
atividade equilibrada, a balança pesa os atos, enquanto a espada separa a matéria, discernindo.
Seus olhos estão bem abertos, mostrando que ela penetra mais longe que as razões parciais dos
que se acham sob sua guarda. As lendas que se conhece sobre este arcano referem-se às deusas
relacionadas à sabedoria de Júpiter ou Zeus: Têmis – “lei natural”; Astrea – que viveu na Idade do
Ouro; Atenas – deusa da sabedoria.

Representação abstrata – A capacidade de julgar, comparar, pesar, medir e examinar os atos


humanos. Está associado à idéia de “justiça imanente”, ou seja, à idéia de que toda culpa
desencadeia automaticamente as forças de autodestruição, pondo em movimento para isso todo um
mecanismo psíquico ou psicossomático. Sentido positivo: justiça, determinação pensada e sem
excessos, potência conservadora das coisas, retidão, honestidade, integridade, disciplina, respeito,
independência de espírito, clareza de juízo, justa valorização das coisas, reta conduta, firme
propósito, graça-doçura-rigor ao mesmo tempo, resolução. Sentido negativo: perdas, injustiça,
parcialidade, prejuízos, decisões errôneas, incapacidade de iniciativa, argúcias, manobras, castigos,
punições, rendição, submissão, ilusões, aplicação excessivamente rígida da lei.

Interpretações divinatórias – É uma carta de austeridade, pois está associada à lei de causa e
efeito, colocando-se fora de qualquer sentimento. O consultante deve esperar os efeitos que seus
atos presentes e passados suscitarão no futuro. Execução e veredito. Seu princípio de severidade
não pode ser vergado. Expressão de rigor e justa restrição em vista de um novo equilíbrio. No plano
físico, pode significar um contato com a justiça e processos legais. No terreno afetivo, é dura, pois,
dependendo das outras cartas, impõe o fim a uma ilusão e, às vezes, um divórcio. É uma carta de
apelo à clareza de juízo, ao equilíbrio e à eqüidade de juízo, em suma, ao bom senso. O consultante
é chamado a prever o choque das forças contrárias para anulá-lo.
Arcano IX

O Ermitão
Descrição da simbologia – A alegoria do nono arcano apresenta um velho que anda apoiado num
bastão, trazendo na mão direita uma lanterna acesa, parcialmente escondida sob seu manto. A
lâmpada significa a luz da inteligência que se estende em todas as direções e sentidos. Seu manto,
exteriormente de cor escura – ocultação, austeridade – e forrado de cor clara, simboliza a discrição.
O bastão representa a prudência. O velho é a personificação da experiência adquirida no trabalho da
vida. Está relacionado ao Velho Sábio, mestre que, às vezes, aparece em sonhos ou visões.

Representação abstrata – A busca do conhecimento feita em silêncio, com prudência e


circunspeção. Transmissão soberana da verdade. Ordem, sistema de investigação, estudo, intuição,
aptidão para fazer descobertas, meditação, razão, trabalho mental, sabedoria; circunspeção,
proteção, prudência, trabalho paciente e profundo, ajuda; silêncio, discrição, conselho prudente,
reserva, experiência de vida; análise de desejos, esperanças; celibato, estabilidade, cumprimento de
promessas; a voz do eu interior, a chama do conhecimento que existe em cada um. No sentido
negativo: caráter taciturno, desconfiado; tristeza, misantropia, pobreza, avareza; ceticismo, medo
das novidades, receios infundados.

Interpretações divinatórias – Tem o sentido de trazer luz a algo que estava escondido – um
segredo revelado. Pouco adaptada no plano físico, é uma carta neutra. Favorece o consultante no
domínio filosófico ou do ensino. No plano mental, inclina ao estudo, à investigação, à pesquisa. No
plano anímico, traz luz e esclarecimento a uma verdade: contentamento. No plano físico, pode
trazer atrasos e solidão que, em geral, não serão bem aceitos. No entanto, esses obstáculos têm um
profundo sentido benéfico, que só mais tarde será compreendido. A carta não se relaciona com o
plano afetivo das uniões. Recomenda o trabalho paciente e profundo e a necessidade de ver as
coisas com calma, buscando reconhecer um caminho antes de seguir adiante com os planos.

Arcano X

A Roda da Fortuna
Descrição da simbologia – Décimo arcano do tarô. Figurado pelo simbolismo geral da roda ou do
círculo, representa o princípio de eterno movimento das forças cósmicas – micro e macro – que
ninguém e nada pode deter. Fatídica e irreversível, flutua sobre o caos oceânico. A roda está presa a
duas colunas por um eixo, cuja manivela movimenta duas efígies, uma de cada lado. À direita,
Hermanubis (gênio das forças construtivas da existência) esforça-se para subir ao ponto mais
elevado, enquanto, à esquerda, Tífon (gênio das forças destrutivas) é precipitado para baixo. O
equilíbrio dessas forças contrárias de expansão representa o princípio de polaridade. No alto, a efígie
imóvel é uma alusão ao mistério das coisas, ao destino – sorte ou fortuna – sempre pronto a
impulsionar à direita ou à esquerda. O simbolismo da roda através dos tempos é muito variado. Na
antiga astrologia, significa a vida do espírito que nasce, evolui, desencarna e volta a nascer, num
movimento sempre ascendente em direção ao infinito. Como o ciclo anual do Sol, é condutora da
evolução e do destino.

Representação abstrata – A lei que rege a vida e a morte, o princípio de mudança segundo o qual
nada é permanente. O encadeamento de formas sucessivas e mecânicas ao qual o homem deve
submeter-se, enquanto não superar as possibilidades materiais. Acontecimentos sobre os quais não
se tem nenhuma influência. Ascensão, supremacia, destino, elevação, bom augúrio, oportunidades;
energia fecundadora, sagacidade, iniciativa, sorte, êxito. No sentido negativo representa a
incapacidade de aprender através dos próprios erros; disfunções; meios ilegítimos para alcançar
posições elevadas, queda, inconstância, vantagens conseguidas através de adversidades.

Interpretações divinatórias – Carta de movimento rápido, de alteração imediata. Fim de um ciclo


e começo de algo completamente novo. No sentido imediato, é neutra, mas, no sentido mais amplo,
é sempre benéfica. Desempenha o mesmo papel que o tarô de maneira geral, daí a necessidade de
se interrogar as cartas vizinhas. Uma alteração completa se revelará necessária e significativa para
o consultante. A estabilidade atual do consultante será substituída no futuro, em conseqüência de
acontecimentos que se manifestarão numa transformação de seu quadro habitual de vida, de seus
sentimentos, de seus negócios, etc.

Arcano XI

A Força
Descrição da simbologia – O arcano 11 do tarô simboliza a luta da inteligência contra as forças
bestiais da natureza. É figurado por uma jovem que, aparentemente sem esforço, doma um furioso
leão, cujas mandíbulas mantém separadas. Wirth assinala, como detalhe de maior interesse nessa
imagem, o fato de que a jovem não mata o leão, mas o aperta contra seu corpo. Isso significa que
não se deve menosprezar o inferior, mas dominá-lo e utilizá-lo. Ou, como ensina a alquimia: não se
deve – e a rigor nem é possível – destruir o vil, mas sim transmutá-lo no superior. A alegoria
encerra, também, a noção de sexualidade: a goela aberta do leão situa-se à altura da vagina da
jovem. Alusão zodiacal – Leo dominado por Virgo. Leão é o único signo do zodíaco em que o Sol se
encontra em domicílio, em “força”. O arcano todo simboliza a força enquanto triunfo da inteligência
sobre a brutalidade.

Representação abstrata – Representa a capacidade de se confrontar com as próprias


necessidades instintivas – sobretudo a agressão e a sexualidade – utilizando o espírito e a
inteligência como instrumentos. Ultrapassagem do ego no devotamento ao serviço dos semelhantes.
Força orgânica, moral e espiritual; firmeza e harmonia na conduta; inteligência para lutar contra as
forças bestiais da natureza; energia, vitalidade; autocontrole, espírito alerta; trabalho; ação;
domínio do “eu” e do que está à volta, derrota dos baixos impulsos; união do sentimento e da
razão; paciência, valentia, intrepidez, capacidade de compreensão diante dos reveses e
contratempos; fé, poder espiritual, poder de direção; reconciliação com o inimigo (que pode estar
em si mesmo); caráter vivo, domínio das paixões, poder de conquista, intuição. No sentido
negativo: cólera, ira, impaciência, presunção, temeridade, natureza fraca, rudeza, grosseria,
insensibilidade, furor, crueldade, derrota diante de impulsos indignos, supressão das necessidades
instintivas por medo de afrontar as convenções, repressão.

Interpretações divinatórias – Carta clara e plena de alegria, é uma das melhores do tarô, embora
a vitória só possa ser conseguida em conseqüência de uma grande vigilância. No plano mental, ao
qual está perfeitamente adaptada, permite uma iniciativa certa e reta; clareza de julgamento, força
de ação sobre os outros; ensino importante. Plano anímico: proteção e defesa contra qualquer
dispersão; força oculta e magnetismo sexual sobre os outros, vocação reconhecida. No plano físico:
poder de ação invencível dirigido a um objetivo; todas as possibilidades de se chegar ao que se
quer; afetivamente, promete um encontro importante, carregado de magnetismo, uma nova direção
à vida sentimental – ligação ou casamento.

Arcano XII

O Enforcado
Descrição da simbologia – Simboliza a sujeição e o sacrifício a tudo o que é antinatural, nos
domínios do micro e do macrocosmos, em nome de um ideal. O arcano 12 – número de expiação e
salvação espiritual – apresenta a imagem de um personagem de cabeça para baixo, suspenso por
um pé que está amarrado, por uma corda, a uma viga apoiada entre duas árvores, cada uma com
seis ramos cortados. É um dos simbolismos mais complexos de todo o tarô. A suspensão no espaço
e sacrífícios semelhantes entram nas práticas cultuais de muitos povos da humanidade: inflingia-se
esse martírio aos cristãos dos primeiros séculos. Está também relacionada à idéia de levitação, vôo
onírico, proveniente de um isolamento místico. Frazer observa que o homem primitivo procura
manter a vida de suas divindades, conservando-as isoladas entre o céu e a terra, lugar onde não
podem ser afetadas por influências comuns ou terrenas. A posição invertida traduz por si mesma a
idéia de purificação, por subverter a ordem terrena ou natural. Os 12 ramos cortados fazem alusão
à extinção das 12 principais expressões da vida humana, simbolizadas no zodíaco. Relacionado ao
signo de Peixes, o Enforcado representa aquele que, em vez de viver a vida da terra, vive num
mundo de sonho idealista.

Representação abstrata – Tensa expectativa em conseqüência da descida às profundezas da vida


e do eu. A oscilação é a dor por um desejo não satisfeito. No sentido positivo: capacidade de
participar dos sofrimentos dos semelhantes, dar sem pensar em recompensas; direção sábia por
parte do inconsciente, agilidade mental; perdão aos inimigos, adaptação às circunstâncias, tentação
material vencida, sacerdócio; ânimo para deixar de lado considerações práticas e submeter-se
apenas ao eu interior; idealismo, atividade intensa da alma, perfeição moral, abnegação, sacrifício
voluntário por uma causa elevada, liberação do egoísmo instintivo, esquecimento de si mesmo,
desinteresse absoluto; intervenção a distância, telepatia, tesouros espirituais. Sentido negativo:
falta de sentido prático, projetos irrealizáveis, falta de determinação; ilusões, indecisão, impotência
para agir no mundo concreto; excesso de confiança, desejos generosos, mas estéreis; o artista que
concebe a beleza, mas não sabe traduzi-la em obras; projetos ocultos e duvidosos; evasão psíquica,
vacilação, luta interior que cede à fuga psicológica.

Interpretações divinatórias – No sentido material, uma das piores cartas do tarô, indicando
sempre que o consultante tomou uma direção errada. No plano mental: hesitação, perturbação da
consciência, falta de uma visão clara; recomenda a necessidade de recuo, de interrogar sobre o
caminho a seguir e de encaminhar-se para uma nova direção. No plano anímico: libertação através
de um sacrifício; se no plano físico equivale a uma perda, no espiritual significa um ganho, pelo
abandono daquilo que impedia, obstruía e levava à indecisão e falta de vontade. No plano físico:
cegueira, no caso de amor; fraude, no plano das associações; no casamento significa adultério,
traição, abandono; fuga e desagregação, decepção, armadilhas no caminho, ingratidão. Recomenda
compreender as adversidades como resultado de um falso julgamento da situação, pois aquilo que o
consultante deseja não tem o valor que lhe atribui.

Arcano XIII

A Morte
Descrição da simbologia – O arcano 13 simboliza o fator de transformação que destrói para
construir. Figurado pela conhecida alegoria do esqueleto (que aqui maneja uma foice), representa a
morte, que, em todos os domínios, significa o fim de um ciclo e o começo de outro. Tanto o
esqueleto como os restos humanos espalhados no prado são rosados – e não cinza – para reforçar o
caráter de ambigüidade da imagem. Não só para os antigos como também para a ciência moderna,
da mesma forma que a vida está intimamente ligada à morte, a morte é o manancial da vida. O
simbolismo é o mesmo que o de Saturno, que poda as árvores para que novos galhos possam
crescer. Em outras palavras, é necessário destruir a forma sem aniquilar o fundamento. O próprio
esqueleto simboliza a íntima e oculta perduração das coisas. A destruição que antecede o
rejuvenescimento pode ser associada ao simbolismo do planeta Plutão – é necessário morrer na
escuridão para renascer na luz. A morte é assim a suprema liberação.
Representação abstrata – Transmutação que o ser humano faz, eliminando da sua vida tudo o
que é supérfluo e antiquado, a fim de que possa seguir adiante na sua evolução. Decomposição final
de algo determinado e, por isso, integrado numa duração – tempo e ciclo. Espiritualização,
libertação; lucidez absoluta de julgamento; ascetismo, desprendimento. No sentido negativo:
tristeza, melancolia; corrupção, decrepitude; fatalidade, fracassos, más condições, estagnação,
enfermidade, ruína, abandono forçado de algo que se quer preservar, rompimentos, perdas.

Interpretações divinatórias – A carta mais apropriada para assustar o principiante no tarô.


Embora o número 13 seja vulgarmente associado à má sorte, para fins de adivinhação esta carta
não é tão ruim quanto parece. Raramente significa morte física. Seus efeitos são, entretanto,
instantâneos e radicais. No plano mental, o consultante será forçado a reajustar o seu modo de
pensar, em virtude de novos fatores que intervirão na sua vida; modificação total e renovação das
idéias. No plano anímico: passagem de um plano para outro, afastamento e fim de ciclo. No plano
físico: mudança completa de algum setor ou das circunstâncias determinadas pelas outras cartas.
No campo afetivo, nada traz que não se faça preceder da destruição de uma afeição ou de um amor;
fim definitivo de uma ilusão; libertação dolorosa.

Arcano XIV

A Temperança
Descrição da simbologia – O arcano 14 simboliza a harmonização das forças naturais masculinas
e femininas através da transmutação de energias mais inferiores em outras mais elevadas. É
figurado por um ser alado, com túnica vermelha, azul e amarela, vertendo água de uma urna para
outra. Sua ação expressa a transformação que experimenta a água – seiva conduta de vida – e
traduz as incessantes operações que ocorrem em todos os reinos da natureza. As asas reforçam o
sentido da Temperança como resultado de um trabalho constante de metamorfose espiritual,
através do qual os sentimentos e emoções mais densas são sublimados em potencial psíquico e
criador. Hermafrodita, o personagem é o símbolo da conjunctio oppositorum alquímica, identificada
por Jung como a íntima união no ser humano do princípio masculino (positivo, claro, ativo) com o
princípio feminino (negativo, escuro, passivo ), que correspondem ao consciente e ao inconsciente.
A alegoria toda representa o movimento perpétuo de circulação da vida na sua contínua formação,
transformação, regeneração e purificação. Astrologicamente, é associado ao signo de Aquário e pode
também se relacionar a Indra, que, na filosofia hindu, é o senhor da purificação.

Representação abstrata – Representa a combinação hábil que o homem faz, entre pessoas e
circunstâncias, para continuar progredindo em direção a um futuro melhor. A circulação e
confraternização dos elos universais entre os seres. Facilidade para harmonizar interesses e afetos.
A passagem dos dias. A continuidade da vida. A transferência de um tipo de existência para outro
melhor. As mudanças, as metamorfoses, as mutações. Amor sem paixão. Espírito de conciliação.
Tolerância e filosofia prática. Trabalho em comum, realizado harmoniosamente. O agente reparador
e reconstituinte de tudo o que se gasta. O fluido animador que renova as células do organismo.
Transfusão da força vital. Medicina mística; cura pelo magnetismo. A energia vital em transmutação.
No sentido negativo: desacordos, passividade, prodigalidade excessiva, tergiversações, imprevisões,
vacilações, instabilidade, frieza; deixar-se levar pelos acontecimentos, apatia, fluxos involuntários,
submissão à moda ou aos preconceitos.

Interpretações divinatórias – Trata-se de uma carta geralmente benéfica, indicando para o


consultante uma libertação e a iniciação de um novo plano de existência. Faz alcançar o desejo,
dando, no entanto, uma nova orientação e apontando para possibilidades sobre as quais não se
tinha pensado. No plano mental, esta carta outorga o sentido profundo das coisas, o princípio de
moderação, a aceitação dos acontecimentos, a flexibilidade para adaptar-se às circunstâncias. No
plano anímico, estabelece a comunicação com os planos superiores, através da qual, as pessoas se
encontram e se reconhecem por suas afinidades. No plano físico: a passagem de um lugar para
outro; depois de pesar os prós e os contras, encontra-se a maneira de se chegar a um acordo; a
carta, entretanto, não determina se a mudança será coroada de êxito. Afetivamente, está para
nascer uma nova afeição ou uma modificação de estado através de uma ligação, casamento etc.;
novos conhecimentos; amizades. Sob a influência da Temperança, as pessoas que se encontram são
felizes, mas, se ficarem presas umas às outras, não evoluirão.

Arcano XV

O Diabo
Descrição da simbologia – O décimo quinto arcano simboliza as forças que trabalham a favor das
ilusões: a regressão e a paralisação do fragmentado e descontínuo. O personagem central é
representado de pé sobre um pedestal em forma de cálice, com asas semelhantes às dos morcegos,
uma estranha touca da qual saem dois chifres de veado, mãos e pés simiescos, mostrando as costas
da mão direita erguida, enquanto segura na esquerda uma espada sem punho. Parece ser macho,
embora tenha seios desenvolvidos como os de uma mulher. Mais embaixo, um homem e uma
mulher nus e com atributos animalescos estão, um de cada lado, presos a um aro que se encontra
no centro do pedestal. O arcano todo representa as artes mágicas, em suas formas negativas, e as
perversões.

Representação abstrata – A instintividade e os desejos, em todas as suas formas passionais, que


aprisionam todos aqueles que se deixam dominar pelas ilusões materiais. No sentido positivo:
destino, mistério, força maior, atrações secretas, magnetismo, ação mágica, capacidade
taumatúrgica, influências ocultas, sugestão, proteção contra encantamentos, dominação das
massas, reservas de vitalidade, eletricidade vital na sua dupla polarização: ativa e passiva;
eloqüência. No sentido negativo: desordens; paixões, luxúria, superexcitação, lubricidade;
ignorância; intriga, amores desenfreados e ilícitos; problemas violentos, dependência dos sentidos,
escravidão inconsciente, egoísmo, egocentrismo; triunfos conseguidos através de artimanhas,
desrespeito aos sentimentos alheios, megalomania, histeria, maquinações, abuso da posição para
fins pessoais, enlouquecimento, falta de moderação; emprego de meios ilícitos, bruxaria, malefícios,
espíritos malignos, manobras criminosas; instintos grosseiros, maledicência destrutiva; debilidade,
degeneração.

Interpretações divinatórias – As correntes de energia que provêm do Diabo não são


propriamente satânicas, embora contra elas só mesmo um herói possa resistir. A predominância da
matéria e das ilusões, entretanto, torna esta carta maléfica. No plano mental: muita atividade,
mas totalmente egoísta; sagacidade e dom para solucionar enigmas; falta de preocupação com a
justiça. No plano anímico: cego pelas paixões, o consultante perde a ligação com o plano
espiritual; desrespeito pelo próximo; busca em todas as direções para atrair tudo. No plano físico:
no domínio das realizações materiais e concretas, esta carta concede grande irradiação, embora os
sucessos neste plano sejam obtidos por meios censuráveis; os delitos permanecerão na impunidade.
No domínio afetivo: aproximação entre os sexos, cada um pensando só no seu prazer; paixões que
cegam, acompanhadas das inevitáveis decepções; destruição ou conquista de um corpo por meios
violentos. De maneira geral, as empresas a que se refere esta carta serão coroadas de êxito, mas,
de acordo com as outras cartas, esse sucesso será efêmero e castigado. Recomenda-se transmutar
os desejos e as paixões em energias voltadas para o conhecimento das próprias motivações
interiores (auto-exame).

Arcano XVI

A Casa de Deus
Descrição da simbologia – O arcano 16 simboliza a ação das forças celestes (catástrofes) sobre a
matéria, quando esta se ausenta totalmente do espírito. A alegoria mostra uma torre fulminada na
parte superior (cabeça) por um raio. Trata-se de uma das mais remotas imagens para representar a
aniquilação como conseqüência do orgulho. Os ladrilhos da Casa de Deus são cor-de-carne, para
reforçar a associação dessa construção com o ser humano. Dois personagens caem feridos por
materiais que se desprendem da Casa de Deus: supõe-se que o que está na frente seja o rei e o
detrás, o arquiteto da torre. O orgulho de Lúcifer traduzido na Torre de Babel. A ruína cósmica. Os
empreendimentos humanos puramente materialistas condenados a desabar. A fragilidade humana
frente a forças que desconhece.

Representação abstrata – A dissociação mental a que conduz todo o excesso de segurança em si


mesmo. A enfermidade das vaidades. Sentido positivo: crise saudável, desconfiança em si mesmo;
parto; inquietação por causa de empresas temerárias, austeridade; tendência à timidez,
temperamento piedoso, religiosidade prática.
Sentido negativo: catástrofe, ruína, queda, acidentes, tempestades, terremotos, dissipação de
energias, fracassos, quimeras; presunção, orgulho, excessos, abusos, irritabilidade que conduz a
erros, ambições desenfreadas, transtornos, apetites insaciáveis; autodestruição, sofrimentos
desnecessários, dominação sobre as pessoas sem caridade ou amor, ir além das próprias forças e
não saber parar a tempo, egoísmo radical, despotismo.
Interpretações divinatórias – É a carta mais nefasta do tarô e conseqüência do Diabo. Grandes
dificuldades, destruição de tudo o que se construiu. Luta de uns com os outros para se destruírem,
em vez de se edificarem. No plano mental: temeridade, presunção, perigo de permanecer escravo
de uma idéia, pensamento limitado e dogmático; indicação para não se esquecer da humildade da
própria condição humana. No plano anímico: despotismo sobre os outros, cuja conseqüência, mais
cedo ou mais tarde, será uma rejeição afetiva. No plano físico: projeto brutalmente abortado; frutos
amargos; falta de resultado ou malogro no terreno financeiro. No domínio afetivo: indicação de
divórcio, ruptura definitiva. A Casa de Deus representa, também, uma liberação, se o consultante
tiver proteção e capacidade para fazer um retorno sobre si mesmo e mudar de rumo.

Arcano XVII

A Estrela
Descrição da simbologia – O arcano 17 simboliza os benéficos influxos cósmicos que renovam e
fazem florescer a vida na Terra. É figurado por uma mulher nua, com o joelho apoiado no chão,
segurando duas jarras, uma em cada mão. A água – fluido da vida universal – contida nas jarras é
derramada, em parte, numa superfície de água e, em parte, na terra. Do chão amarelo brota uma
planta verde de três folhas, sugerindo uma acácia, símbolo da imortalidade. Ao fundo, destacam-se
dois arbustos, com um pássaro pousado em um deles. Acima dessa figura, uma estrela flamejante
de oito raios, rodeada de outras sete estrelas, parece aludir astronomicamente à constelação das
Plêiades (uma estrela grande com sete pequenas à volta) ou ainda aos sete planetas com o Sol no
centro. Muitos quiseram ver nesta estampa uma herança zodiacal da alegoria de Aquário, embora
nesta só exista um recipiente. Outros interpretaram a iconografia da Estrela associando-a ao
Apocalipse, onde é dito que os sete anjos derramarão suas taças sobre o Sol e o ar, mas, sobretudo,
sobre as águas. De qualquer forma, o sentido simbólico desta imagem parece ser a comunicação
entre os quatro elementos – ar, água, terra, fogo: a vivificação dos líquidos pelas luminárias
celestes e a transmissão do conteúdo dos recipientes a terra e à própria água material. Em todas as
mitologias, a estrela é um sinal da divindade, de um guia.

Representação abstrata – O homem, enquanto parcela cósmica, comunica-se com uma luz do
céu e retorna à via da espiritualidade e da harmonia. A natureza amável e bela. A mãe jovem,
consoladora e clemente. A juventude, o bom humor, os sonhos, a poesia. Esperança e visão íntima
das possibilidades de futuro. Criatividade; inspiração. Intuição para resolver os problemas comuns
da vida. Entusiasmo e bom humor. Adaptação às necessidades: suporta-se alegremente qualquer
dificuldade e até a miséria. Confiança, inocência, ingenuidade, encanto, sensibilidade, ternura. União
entre a mente e o coração. Compaixão; revelações. A própria vida como religião. Sentido
negativo: curiosidade indiscreta; falta de confiança em si mesmo; dúvidas; sensualidade,
negligência; rigidez mental de quem não se estende além dos limites conhecidos; falta de amor ao
semelhante, à humanidade e à beleza; falta de equilíbrio e de controle.

Interpretações divinatórias – É uma carta benéfica, de esperança e consolo, que conduz a novas
criações e a uma ajuda tanto espiritual quanto material. Tem o poder de neutralizar uma carta
maléfica, como o Diabo. No plano mental: influxos que mostram o caminho, inspirações e fé nos
objetivos. No plano anímico: a influência dos elementos e astros em nossas vidas; revelação de uma
missão ou vocação. No plano físico: permite atingir a satisfação do desejo, renova o ambiente
trazendo verdadeiros amigos; socorro e ajuda amigável; encontro de uma doce e verdadeira
afeição, um amor; encontro com alguém que trará inspiração e harmonia.

Arcano XVIII

A Lua
Descrição da simbologia – O arcano 18 representa a Lua nas situações específicas simbolizada
pelos outros elementos que compõem a estampa: a “via iniciática lunar”, carregada de um sentido
negativo e fúnebre, em oposição à “via solar” do arcano 19. Retrata o mundo das aparências que
enganam. A alegoria apresenta o astro noturno iluminando os objetos com sua luz refletida e
indefinida. Ao mesmo tempo cheia e crescente e apresentando um perfil provavelmente feminino,
lança à terra 19 manchas de cor em forma de lágrimas. Abaixo dela, duas torres amarelas, uma de
cada lado, perdem-se no horizonte. Diante das torres, dois cães ladram à Lua; abaixo destes,
aparece um enorme caranguejo em meio às águas azuis. As torres que se elevam ao fundo
advertem que o domínio da Lua está guardado por perigos: atrás delas haveria lendas e contos
cheios de fantasmas, uma montanha e um precipício, segundo interpretação de Wirth sobre o que
não se vê na gravura. Segundo Cirlot, os cães são guardiões (cães-deuses?), que impendem a
passagem da Lua para o domínio do conhecimento – solar. Já a relação do caranguejo com a Lua é
antiga, aparecendo em ritos e lendas de numerosas culturas. A Lua é o regente do signo de Câncer,
representado por um caranguejo. O arcano todo está relacionado ao plano iniciático da via úmida
(lunar), e não abarca o vasto e interminável simbolismo deste astro. Segundo Ouspensky trata-se
de uma alegoria, da viagem heróica, relacionada com o simbolismo de trânsito e passagem: o
tanque de água – matéria primordial; o caranguejo – devorador do transitório, como o escaravelho
entre os egípcios; os cães que interceptam a passagem – qualificadores da aptidão do viajante para
enfrentar o mistério; as torres, cheias de ciladas e portas – meta, fronteira.

Representação abstrata – A impressionabilidade imaginativa que impede o ser de chegar ao que


ele é. Desdobramentos psíquicos, viagens extáticas, fantasias arbitrárias, vacilação constante,
inquietudes, mudanças freqüentes, imprevistos, adversidades; a noite, os sortilégios, as trevas, os
feitiços; falta de energia, extravagâncias, falso saber, escravidão material; estado de consciência
confuso, idéias quiméricas, lucidez sonâmbula. No sentido positivo: crise da fé, onde só a
intuição, e não a razão, pode salvar.

Interpretações divinatórias – Carta de miragens e de sonhos, indica um embuste dos


circundantes. Se estiver na companhia de boas cartas, pode ter o sentido apenas de multiplicação
dos efeitos destas. Mas sempre se deve precaver das possibilidades de erro que ela encerra. No
plano mental: falta de lógica, excesso de imaginação e perigo de depender exclusivamente dessa
faculdade. No plano anímico: forças do inconsciente tendendo a uma inversão de planos, a menos
que esteja na companhia de cartas fortes como O Sumo-Sacerdote, O Sol, O Mundo, O Carro, etc.
No plano físico: influências perniciosas, fraudes, enganos, alcoolismo, drogas e tudo o que se
refere a estados de sono da alma; trevas e obscuridade; fecundidade e gestação. Em geral,
recomenda mudança do ambiente ao qual ela se refere e busca de lugares secos, ao sol.

Arcano XIX

O Sol
Descrição da simbologia – A lâmina 19 simboliza o momento de máxima atividade do espírito,
que, na sua dupla irradiação (calórica e luminosa), estabelece o contato com a energia universal. O
disco solar está rodeado de raios alternadamente curvos e ondulado – uma alusão aos efeitos de luz
e calor do astro. É uma emanação fecunda e fina, e não errante como A Lua, revelando, por isso, a
realidade das coisas no seu aspecto imutável. O Sol ilumina dois meninos que vestem apenas uma
tanga azul e uma espécie de colarinho do mesmo tom que a pele – imagem da inocência e da
felicidade que a simplicidade da vida confere. Um dos meninos coloca sua mão esquerda na altura
do plexo solar de seu companheiro. Este par pode ser também uma alusão do signo zodiacal de
Gêmeos, que, por sua vez, é relacionado ao verão, estação onde reina o Sol. Wirth vê neles os
filhos da luz e uma alegoria às bodas do sentimento e da razão, ou, ainda, a tarefa de regeneração
que o universo começou a realizar depois da queda. Wirth os chama “aqueles que reconquistarão o
Paraíso”. A iconografia deste arcano não apresenta muita originalidade, já que a imagem do Sol,
figura central, é a mesma que se encontra em qualquer figuração do astro. Alberto Cousté adverte
que, como no caso do arcano A Lua, é necessário prevenir-se contra uma excessiva assimilação do
vasto simbolismo solar, a fim de não se conferir desmedida importância a esta carta em relação ao
conjunto das outras 21. Aqui, no tarô, O Sol pode ser compreendido em oposição ao simbolismo do
arcano 18 (A Lua), relacionando-se, portanto, à alternância dos contrários: dia/noite, luz/trevas, luz
potente/luz fraca, luz quente/luz fria, masculino/feminino, espírito/matéria, etc. Pode ser associado
ao aspecto Filho das divindades trinitárias, onde aparece freqüentemente como atributo dos heróis.
Nesse sentido, está relacionado às purificações e às provas cuja finalidade é tornar transparentes e
claras as opacas e obscuras certezas dos sentidos, para que as verdades superiores sejam
compreendidas.

Representação abstrata – O Sol é o símbolo da totalidade psíquica e da comunhão entre o


consciente e o inconsciente. A capacidade do homem de realizar suas empresas com êxito, através
de sua inteligência e esforço próprio. Felicidade, alegria, luz; justa recompensa, aprovação,
aclamação, vitória, desembaraço, revelação, glória; espiritualidade, iluminação, clareza de juízo;
honras, celebridade; verbo que ilumina, visão ampla; desvelo altruísta, nobreza, generosidade,
grandeza moral; talentos estéticos, saúde, beleza física. Sentido negativo: frivolidade, pose,
esnobismo, vaidade, suscetibilidade, necessidade de ser admirado, gosto pelo brilho fácil, idealismo
incompatível com o sentido da realidade brutal, fantasias de triunfos que substituem as autênticas
vitórias.

Interpretações divinatórias – Carta muito forte, uma das melhores do tarô, em contato direto
com a luz. Sinônimo de aliança, triunfo e regresso ao próprio caminho. Carta de crescimento
espiritual, cujos efeitos dependem do progresso moral do consultante. Atenua os efeitos maléficos
das cartas más. No plano mental: consciência, superioridade ativa e poder criador. No plano
anímico: verbo, missão, vocação e fusão com as forças universais. No plano físico: triunfos, sorte,
êxito material; assinala a conquista de uma afeição; junto com O Sumo-Sacerdote: legalização de
uma ligação.

Arcano XX

O Julgamento
Descrição da simbologia – O arcano 20 simboliza a revelação dos desígnios ocultos das forças
divinas do homem. A imagem apresenta, na parte superior, um anjo tocando uma trombeta e, na
parte inferior, três personagens, um dos quais de costas, em atitude de prece. O personagem
central, de costas, levanta-se de uma espécie de túmulo verde (regeneração, ressurreição). Os três
personagens simbolizam a trindade humana: homem, mulher, criança. Segundo vários autores, esta
carta apresenta a conhecida cena da ressurreição dos mortos e do Juízo Final, quando o anjo do
Apocalipse ressonará sua trombeta. O anjo apresenta-se diante do signo solar, reforçando essa
idéia: com a luz e o som da trombeta o anseio de ressurreição do homem será “despertado”. Nas
representações medievais do Juízo Final, os mortos surgem dos seus túmulos completamente nus,
embora não fosse costume da época enterrar os cadáveres dessa maneira. Segundo tradição
popular, os mortos surgem dos túmulos como esqueletos que, ao contato da luz, se revestem da
carne e da pele perdida. Simbolicamente, a morte equivale à morte da alma, no sentido de
esquecimento da finalidade transcendente do homem. A ressurreição simboliza a cura, a renovação.

Representação abstrata – Renascimento do “eu” na sua passagem para um plano mais elevado.
Recuperação da consciência perdida; cura e libertação dos laços materiais, renovação da vida,
iluminação de um caminho espiritual, sopro redentor; entusiasmo, exaltação; profetismo, medicina
milagrosa; apostolado; atualização do passado, regeneração; surpresas; brilho; retorno à saúde
física, moral e intelectual, elevação espiritual, volta às tradições esquecidas; nova permissão de
vida; discernimento da verdade; novas relações, fim e começo, gozo. Sentido negativo: vacilação
espiritual, ofuscamento da inteligência, alvoroço e agitação inúteis; embriaguez, superexcitação
natural ou artificial, fanatismo cego, erros sobre si mesmo; provas resultantes de juízos errôneos,
inversão nas emoções; inimigos ciumentos; culpa, perdas, saúde escassa.

Interpretações divinatórias – O julgamento humano está subordinado ao divino de maneira


poderosa, direta e luminosa. Carta de rapidez e muita força; acentua os efeitos das cartas vizinhas.
Geralmente benéfica, indica que o que foi feito no passado próximo pelo consultante será julgado,
examinado, pesado e o beneficiará com novas possibilidades, se ele se mostrar merecedor. No
plano mental: gênio inventivo e revelação de uma missão. No plano anímico: passagem de um
plano para outro, segredo que irromperá brutalmente. No plano físico: carta fulminante que
precipita os efeitos das que lhe são próximas, falando de imediato, com rapidez e instantaneidade;
trabalho de biblioteca, compilação, classificação; decisão legal favorável; no domínio sentimental,
permite ver com justeza.

Arcano XXI

O Mundo
Descrição da simbologia – O arcano 21, resumo de todos os arcanos, simboliza a síntese da
criação. Corresponde ao mundo espacial, ao conjunto do que é manifestado como reflexo de uma
atividade criadora permanente. É figurado por uma mandala (representação geométrica e
concêntrica do universo interior e exterior), cujo centro é o homem que chegou ao conhecimento de
si mesmo. O personagem nu que se encontra dentro de uma grinalda, com uma vara na mão,
possui rosto masculino e seios de mulher. O pequeno manto que cai de seus ombros justamente
encobre o seu sexo. A androgenia deste personagem simboliza a dualização integrada, própria dos
mitos de nascimento. Nos cantos da carta, quatro figuras de animais evocam a representação
simbólica tradicional dos quatro evangelistas: anjo, águia, leão e touro; por sua vez, se relaciona
aos quatro elementos: ar, água, fogo e terra. Essas quatro figuras também podem ser
compreendidas à luz das quatro funções da consciência descritas por Jung – pensamento,
sentimento, intuição e sensação –, que, integradas, representam o homem individuado. O Mundo é
a Anima Mundi dos alquimistas, liberada das trevas da matéria. Após penetrar no seio de todas as
influências cósmicas, o homem superou a dualidade e chegou ao estado de libertação.

Representação abstrata – Representa aquele que alcançou a sua meta. Finalização, recompensa,
apoteose; sorte grande, êxito completo, coroamento da obra, finalização de um processo;
circunstâncias favoráveis, integridade absoluta; contemplação, êxtase, promessa de longa vida.
Deus e seu reino, amor à humanidade, poder da vontade.
Sentido negativo: falta de vontade, mundanidade; ambiente hostil, todos contra; dispersão,
incapacidade de concentração; sentimentos egoístas; ausência de energia criadora, estancamento
total, perda de impulso; obstáculos.

Interpretações divinatórias – É a melhor carta do tarô, indicando sempre uma realização


importante, na medida do valor moral do consultante. Carta de realização, triunfo e glória, permite
vencer e chegar ao resultado e ao objeto dos desejos. Mais ativa no plano espiritual, afasta as
ilusões e mostra o caminho. No plano mental: conhecimento, invenção, possibilidade de um
domínio. No plano anímico: inspiração, proteção e numerosas ajudas. No plano físico: permite um
triunfo momentâneo; o desejo tem todas as possibilidades de ser satisfeito; afeição segura que vem
ao encontro do consultante; sorte, esplendor.

Arcano XXII

O Louco
Descrição da simbologia – Ponto último ou inicial do tarô, O Louco se distingue pela ausência de
cifra, para significar que está à margem de qualquer ordem ou sistema. A alegoria mostra um
homem de costas, mas com o rosto bem visível, caminhando com um bastão na mão e segurando
no ombro um pau em cuja extremidade há uma sacola – símbolo de potencialidades. Seu traje de
cores desencontradas indica as influências múltiplas e incoerentes a que se submeteu. Sua perna
esquerda (inconsciente) é mordida por um cão, fato que poderia significar um resíduo de lucidez. A
situação a que se expôs não significa ausência de espiritualidade nem impossibilidade de salvação –
seu estranho gorro e o cinto são amarelos. O arcano é irracional, correspondendo ao instinto ativo e
capaz de sublimação, mas também à cega impulsividade e à inconsciência. Simboliza a utilização do
anormal e do inconsciente para inverter uma ordem maligna reinante. O Louco, segundo Frazer,
possui o caráter das “vítimas de substituição” nos rituais de sacrifícios humanos. A imagem de um
homem solitário que atravessa os campos, sendo agredido por um animal, é, segundo Alberto
Cousté, uma das contribuições mais originais do tarô. Provavelmente é uma alusão aos Clerici
vagante – estudantes medievais inquietos e migratórios, sempre em busca de novos mestres ou
novas tabernas. Seu traje lembra o de um bufão, figura que fazia a caricatura da corte, de reis e
senhores. Personagem singular, O Louco não se preocupa com os perigos do caminho porque se
sabe invulnerável e imortal e, por isso mesmo, está exposto a todo o tipo de faltas.

Representação abstrata – Representa o microcosmo como resumo de tudo o que existe. A não-
identificação com a personalidade terrena. Passividade, abandono absoluto, renúncia a toda
resistência; irresponsabilidade, inocência, repouso, instintividade; capacidade mediúnica; abstenção,
o não-fazer. Promessas que não se cumprem; inaptidão para se dirigir, perda do livre-arbítrio,
joguete de forças estranhas, instrumento dos outros, incapacidade para resistir às influências
sofridas; recebimento de favores com má intenção, perigo de se isolar da sociedade, incapacidade
para reconhecer os erros; sentimentos sem duração, abandono voluntário dos bens materiais;
extravagâncias, incoerência, desorientação total em muitas coisas; escravidão aos desejos,
inconsciência, insegurança; despreocupação em relação à palavra dada; indiscrição que pode levar à
ruína.

Interpretações divinatórias – Carta de instabilidade, com efeitos decepcionantes. O homem,


vergado sob o peso de obrigações e prazeres, cujas possibilidades não passam de ilusões. No plano
mental: julgamento egoísta e sem calor. No plano anímico: sentimentos sem duração e risco de
graves erros. No plano físico: caos, separação, abandono voluntário. No domínio dos sentimentos,
deslealdade e adultério.

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