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1. Introdução

O homem, desde os primórdios, relaciona-se com o meio que está inserido. É possível
observar tal afirmação nos escritos e gravuras deixadas pelas primeiras sociedades (Figura 1).
Essa relação entre o homem e o meio, passou a trazer diversos problemas para ambos. O meio,
desde muito cedo é afetado pelo mau uso que o ser humano faz dos recursos disponíveis. Já o
homem sofreu com diversas doenças, epidemias e problemas relacionados à saúde. Segundo
Rocha (2018), as antigas civilizações preocupavam-se em preservar a saúde do ser humano e
isso é perceptível a partir de informações do velho e novo testamentos da Bíblia.

Figura 1: Figuras registradas por civilizações primitivas

Fonte: Rocha (2018)

Com o passar do tempo, o ser humano passou a causar ainda mais problemas ao meio
ambiente, à medida que as sociedades evoluíam. Sendo assim, por volta de 1700, durante a
Revolução Industrial, o homem despertou certa preocupação no que se diz respeito ao meio
ambiente, passando a adotar diversas medidas, tanto preventivas como corretivas, afim de
preservar, minimizar e/ou corrigir danos causados.
Nesse sentido, surgem os conceitos de saneamento e saúde pública, que tem por objetivo
propor soluções aos problemas da sociedade e do meio ambiente. De acordo com Rosen (1994),
o termo saúde pública se torna real quando existe a necessidade de conter epidemias, mediante
melhora do ambiente físico, assistência médica, dentre outras medidas.
De acordo com a definição clássica, o saneamento se refere ao conjunto de medidas que
visam preservar ou modificar as condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir
doenças e promover a saúde. (ROCHA, 2018)
Nos dias de hoje, o saneamento busca enfatizar questões ambientais e de saúde,
necessitando dispor de: água e seu tratamento para uso; preservação de cursos d’água;
tratamento de esgoto sanitário; remoção, disposição e tratamento de lixo.
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Todavia, nem sempre o saneamento foi como se conhece atualmente. O saneamento,


segundo Rocha (2018), trata-se de uma luta constante do homem em relação ao meio ambiente,
existindo desde o início da humanidade, por vezes evoluindo em certas civilizações, por outras
regredindo e renascendo com outras sociedades. Portanto, esse trabalho tem por objetivo
apresentar a história do saneamento no mundo e no país, com suas evoluções e regressões a
partir de bibliografias relacionadas ao assunto.

2. Saneamento na Idade Antiga

Como dito anteriormente, o homem se relaciona com o meio que está inserido, desde o
início das civilizações. Essa relação fazia com que as pessoas usufruíssem dos recursos que o
meio dispunha. Nesse sentido, o homem percebeu o quão importante era o uso da água para o
seu desenvolvimento. Rocha (2018), nos diz que o homem, desde seus ancestrais, buscou
moradia e vivência próximo a uma fonte de água, seja ela qual fosse.
BROCANELI (2007), em sua tese de doutorado afirma que:
“ A relação dos homens com a água é milenar e nas civilizações antigas se expressava
não apenas na organização do espaço das cidades e territórios, interligando-os ou
dividindo-os, mas também representava uma matriz mítica abrangendo o simbolismo
do sagrado e do profano – do puro e do impuro. ”
Segundo Barros, o homem, a partir de experiências vividas, aprendeu que a utilização de
água suja e o acúmulo de lixo, eram responsáveis pela disseminação de doenças. Dessa forma,
nascia a necessidade de desenvolver maneiras para obtenção de água limpa para consumo e
eliminação ou descarte dos resíduos gerados. Foi então que o conceito de saneamento surgiu.
O verbo sanear tem origem do latim e quer dizer, segundo dicionário, tornar são, habitável,
agradável, entre outros. As civilizações antigas, mesmo sem possuir conhecimento a respeito
do que é o saneamento, como se conhece hoje, já o colocavam em prática, ainda que sem muita
tecnologia, mas havia certa preocupação e consciência a respeito dos benefícios gerados pelo
tratamento da água e dos resíduos.
Rocha (2018), traz diversos exemplos históricos a respeito de técnicas utilizadas para a
captação, tratamento e utilização da água, pelas civilizações antigas. Por exemplo, na Turquia
(7200 a.C.), as casas eram construídas prevendo calhas abaixo do telhado para que houvesse a
captação das águas das chuvas e se pudesse escoar as mesmas nos pátios. Na Jordânia, os povos
faziam a irrigação dos desertos. Cerca de 2000 a.C., os persas possuíam de leis que proibiam a
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população de lançar dejetos nas águas dos rios e também traziam hábitos diários de higiene e
preservação da saúde.
A figura 2 traz um breve exemplo, ilustrando uma civilização antiga que usufruía da água
do rio, através de técnicas que favoreciam o consumo da mesma.

Figura 2: Presença da água nas civilizações antigas

Fonte: Wikilivros (2019)

Outros exemplos a respeito de técnicas de saneamento, podem ser citados. Conforme Barros
mostra em sua pesquisa: na Roma, as ruas possuíam encanamentos que serviam de fonte pública
e a água era separada para o consumo, afim de prevenir doenças; na Grécia, havia o costume
de enterrar fezes ou até mesmo descarta-las em locais distantes das residências; no Egito, o
fluxo de água do rio Nilo era controlado para que se utilizasse da água na irrigação e utilização
da população, em especial, do faraó.
Ainda que diversas civilizações possuíssem técnicas de tratamento de água e resíduos, a
primeira civilização que tratou o saneamento de fato, foram os romanos. No ano de 312 a.C., o
Império Romano construiu um sistema de abastecimento, conhecido até os dias atuais, o
aqueduto Aqua Appia, que possuía cerca de 17 km de extensão (Figura 3).

Figura 3: Aqueduto Aqua Appia em Roma

Fonte: Roma Pra Você (2017)

3. Saneamento na Idade Média


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No período da Idade Média, todo avanço descoberto e ocorrido durante a Idade Antiga,
acabou se perdendo, pelo fato do Império Romano ter se ruído. Esse período foi de grande
retrocesso quando se trata de saneamento. De acordo com Barros, todo conhecimento que se
tinha sobre questões sanitárias foi arquivado em mosteiros religiosos. Rocha (2018) diz que
acompanhado a essa situação, a Igreja passou a recomendar a abolição dos banhos por entender
que não se devia expor o corpo. Tal medida acarretou em um baixo consumo de água na época,
estima-se que o consumo era em torno de um litro de água por pessoa diariamente.
Diferentemente do que acontecia anteriormente, na Idade Média os responsáveis por
gerenciar a água eram os próprios cidadãos e não o governo. Sendo assim, muitas famílias
passaram a extrair água por meio de poços em seus terrenos, mas o grande problema era que
muitas vezes esses poços estavam locados próximos a fossas e fezes de animais, causando assim
diversos episódios de contaminação. Os cidadãos da época faziam o descarte dos seus dejetos
nas proximidades de suas residências, por vezes atingiam outras pessoas que se deslocavam
pelas ruas locais (Figura 4).

Figura 4: Descarte de dejetos em vias públicas

Fonte: Souza (2017)

Foi então que as grandes epidemias surgiram, como por exemplo, a peste negra ou bubônica,
a cólera, febre tifoide, entre outras doenças. A proliferação dessas doenças atingiu números
inimagináveis e foi responsável por causar a morte de 1/3 da população da Europa e atingir
milhares de pessoas na China e na Índia.

4. Saneamento na Idade Moderna


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Após as grandes dificuldades enfrentadas na Idade Média, o saneamento passou por uma
transição significativa. O modelo de abastecimento foi melhorado a partir do desenvolvimento
da medição de velocidade e vazão das fontes de fornecimento de água. Por exemplo, em Paris
ao fim do século XV, a água era distribuída por canalizações e vigiada pelo município. Outro
fator contribuinte na melhora do abastecimento, foi o surgimento das bombas hidráulicas,
inventadas por James Watt no ano de 1784.
Mesmo com a melhora no fornecimento de água para a população, enfrentava-se um outro
problema de poluição. As pessoas passaram a fazer o descarte de lixos e esgotos, diretamente
nos rios e mananciais, o que causava grande impacto social.

5. Saneamento na Idade Contemporânea

A Idade Contemporânea compreende os anos de 1790 até os dias atuais. E foi nesse período
que a tecnologia passou a ser incrementada em todos os setores da sociedade. Alguns exemplos
citados por Barros (França e Inglaterra), mostram como o saneamento se desenvolveu a partir
do início da Idade Contemporânea.
Visando combater a poluição e contaminação das águas e dos peixes, na França passaram a
punir aqueles que poluíssem os rios ou lançassem quaisquer produtos que ocasionasse a morte
de peixes. Da mesma forma, na Inglaterra foram incluídos resíduos na lei que controlava a
poluição das águas.
Pelo fato dos grandes centros ingleses terem sofrido elevado desenvolvimento, muitas
pessoas da zona rural migraram para esses centros. Todavia, por viverem em periferias e sob
péssimas condições de habitação, inúmeras foram as vítimas de doenças e mortalidade, como
mostra a figura 5.
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Figura 5: Mortes causadas pelo desenvolvimento dos centros industriais

Fonte: Barros

A partir de então, passou a prevalecer os conceitos de higiene e saúde pública, do final do


século XIX e início do século XX. Sendo assim, na França foi implantada a chamada “medicina
urbana”. O objetivo principal dessa implantação era planejar os diversos espaços das cidades,
orientando sobre a localização de hospitais, cemitérios, entre outros, e possibilitando a
ventilação de ruas e edificações públicas.
Uma invenção que vale destaque, citada por Rocha (2018), é aquela criada pelo inglês
Joseph Bramah, uma bacia sanitária que possuía descarga hídrica. Durante o início da Idade
Contemporânea surgiram diversas invenções e descobertas referentes ao saneamento, para que
fosse possível acontecer aquele que acontece nos dias de hoje.

6. Saneamento no Brasil

De acordo com Rocha (2018), o Brasil é o único país do mundo que possui uma certidão de
nascimento, que é a Carta de Pero Vaz de Caminha, escrita no descobrimento em 1500, e nessa
mesma carta a água já era representada: “Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa
[a terra] que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das agoas que tem”.
Referente a saneamento no Brasil, o primeiro indício aconteceu no ano de 1561, onde no
Rio de Janeiro foi escavado o primeiro poço para abastecer a cidade, a mando de Estácio de Sá,
governador-geral da Capitania do Rio de Janeiro. Após esse acontecimento, outro relato
pertinente que se tem a respeito do saneamento no país, foi a construção do primeiro aqueduto
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iniciado em 1673, com seu término no ano de 1723, no qual transportava água do rio Carioca
até o chafariz. Atualmente esse aqueduto é conhecido pelo nome de Arcos da Lapa (Figura 6).

Figura 6: Arcos da Lapa no Rio de Janeiro

Fonte: Archtrends Portobello (2017)

Outro marco importante para o saneamento local, foi a execução do sistema de


abastecimento da cidade do Rio de Janeiro, em 1876. Esse sistema utilizava-se do decantador
Dortmund, e tornou-se então, pioneiro na inauguração de uma Estação de Tratamento de Água
(ETA), provida de seis filtros rápidos de pressão.
Com o passar do tempo, outras obras de saneamento foram construídas em outras
localidades do país. Ao fim do século XIX, as províncias concederam a organização dos
serviços de saneamento às empresas estrangeiras, principalmente inglesas. Todavia, essas
empresas prestaram péssimos serviços e então o saneamento brasileiro estagnou durante o início
do século XX.
Desde a retomada dos serviços de saneamento, até os dias de hoje, muitas foram as leis
criadas para que garantisse o direito aos cidadãos de possuírem um mínimo de conforto e
serviços de qualidade. Ainda assim, o Brasil tem muito a evoluir nesse setor. Segundo dados
do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 98% da população possui
acesso a água, no entanto, 17% das residências não tem fornecimento por encanamento.
Pena, acrescenta que cerca de 21% das pessoas não tem acesso a fossa séptica ou uma rede
sanitária, fazendo com que diversas residências estejam situadas em locais cujo esgoto é a céu
aberto. Outro número relevante citado por Pena diz que 14% da população não é contemplada
com a coleta de lixo e resíduos.
De acordo com Barros, muitos são os fatores que influenciam no desenvolvimento do
saneamento brasileiro, como por exemplo: falta de planejamento; gestão deficiente das
empresas de saneamento; baixo volume de investimentos no setor; baixa qualidade técnica de
projetos; difícil obtenção de financiamentos e licenças para construção, entre outros.
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7. Conclusão

Com base na história contada acima, é possível perceber a grande evolução do saneamento
básico com o passar dos tempos, seja no Brasil ou no mundo. Muitas foram as crises, epidemia,
dificuldades enfrentadas pelas civilizações até que pudesse conhecer o sistema de saneamento
atual.
Mesmo com um sistema de saneamento satisfatório nos dias de hoje, pode-se perceber a
necessidade de inovações no setor, visto que ainda existem episódios de problemas causados
pelo saneamento ou pela falta do mesmo, e como se vive na era da tecnologia, não é algo fora
da realidade.
Torna-se necessária uma atenção maior para o setor do saneamento básico, pois é através
dele que se pode ter uma boa saúde pública e bem-estar social. É um setor que deve ser levado
a todos os habitantes do globo, devido a presença de números que comprovam a ausência do
saneamento em certos locais. Pela parte do governo, é importante fazer investimentos concretos
nos serviços de saneamento, pois a partir do momento em que as pessoas são providas de uma
saúde pública de qualidade, menores são os gastos com pacientes que sofrem pela falta de
saneamento, e isso ocasionaria em uma melhor gestão e economia no país.

8. Referências

ARCHTREND PORTOBELLO. Arcos da Lapa: conheça a história por trás desse projeto.
2017. Disponível em: https://archtrends.com/blog/arcos-da-lapa/. Acesso em: 11 ago. 2019.
BARROS, Rodrigo. A história do saneamento básico no Brasil. Disponível em:
http://www.rodoinside.com.br/a-historia-do-saneamento-basico-no-brasil/. Acesso em: 10 ago.
2019.
BARROS, Rodrigo. Conheça a história do saneamento básico e tratamento de água e
esgoto. Disponível em: https://www.eosconsultores.com.br/historia-saneamento-basico-e-
tratamento-de-agua-e-esgoto/. Acesso em: 10 ago. 2019.
BROCANELI, P. F. O ressurgimento das águas na paisagem paulistana: fator
fundamental para a cidade sustentável. 2007. Tese (Doutorado) – Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2007.
PENA, Rodolfo F. Alves. Saneamento Básico no Brasil. Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/saneamento-basico-no-brasil.htm. Acesso em: 10 ago.
2019.
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ROCHA, Aristides Almeida. Histórias do saneamento. São Paulo: Blucher, 2018. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521210139/cfi/0!/4/2@100:0.00.
Acesso em: 9 ago. 2019.
ROMA PRA VOCÊ. Via Ápia Antiga aos pedaços: a beleza interrompida do parque dos
aquedutos. 2017. Disponível em: https://www.romapravoce.com/via-appia-antiga-aos-
pedacos-beleza-interrompida-do-parque-dos-aquedutos/. Acesso em: 10 ago. 2019.
ROSEN, G. Uma história da saúde pública. São Paulo: Hucitec, 1994.
SOUZA, Patricia. Saneamento!!!. 2017. Disponível em:
https://www.slideshare.net/PattySouzza/saneamento-74489551. Acesso em: 11 ago. 2019.
WIKILIVROS. Civilizações da Antiguidade/As primeiras civilizações. 2009. Disponível
em:
https://pt.wikibooks.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%B5es_da_Antiguidade/As_primeiras_ci
viliza%C3%A7%C3%B5es. Acesso em: 10 ago. 2019.

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