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Bibliografia:
• Os Sistemas Económicos, Avelãs Nunes
• A Produção. Mercados e Preços, Avelãs Nunes
• Aulas Teóricas do Doutor Luís Cunha
• Aulas Práticas do Doutor Pedro Pereira
OS SISTEMAS ECONÓMICOS
Génese e evolução do capitalismo
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Dani Moreira e Davide Rodrigues 2015/2016 Primeira Turma
I. INTRODUÇÃO
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I. INTRODUÇÃO
- As Soluções
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uma sucessão regular dos vários sistemas ao longo dos séculos, em conformidade com a sua
conceção evolucionista.
Friedrich List propõe o critério da atividade dominante, esclarecendo que a vida
económica se desenvolve, historicamente, ao longo de quatro fases: pastorícia; agricultura;
agricultura e indústria; agricultura, indústria e comércio. Para esta última, correspondente à
nação normal, tenderiam as economias de todos os povos. Com efeito, note-se também que
autor dá como pressuposto que à medida que as economias se vão desenvolvendo,
simultaneamente, desenvolvem-se atividades.
Bruno Hildebrandt atende aos sucessivos instrumentos de troca como critério distintivo
das três etapas: a da economia natural; a da economia monetária; e, ainda, a da economia
creditícia.
Por último, Karl Bucher o critério distintivo das várias fases de evolução histórica seria
o âmbito territorial dentro do qual se circunscreve a atividade económica, isto é, o alcance
desde o local de produção ao local de consumo. Assim, a humanidade passaria por três fases
na sua evolução: a economia doméstica, a economia urbana e, ainda, a economia nacional.
Note-se, contudo, que Gustav Schmoller, no âmbito da mesma teoria, acrescenta às fases
anteriores a da economia mundial.
Neste sentido, compreende-se que, para estes autores, as instituições económicas e
sociais são categorias históricas, inscritas num certo tempo e num certo espaço, em
permanente devir, que só podem compreender-se se analisadas enquanto produtos históricos
da evolução das sociedades humanas.
Em suma, estes autores partem da ideia de que todas as economias passam por um
processo evolutivo de algum modo idêntico ao processo de crescimento de um corpo
orgânico, podendo distinguir-se várias fases nesse mesmo processo, apresentando-se cada
um desses estádios como um novo marco (idade) do crescimento orgânico, linear, da
economia que evoluiria por acrescentamentos sucessivos.
Apreciação Crítica
Acontece que os critérios históricos propostos, apesar de admitirem uma evolução
histórica, cortam essa evolução em fases, esperando, para cada uma das fases,
uniformidades ou leis que não seriam válidas para as fases anteriores ou posteriores. Deste
modo, não podem servir como método de abordagem da evolução das sociedades humanas,
já que não fornecem qualquer explicação para a própria evolução histórica. Com efeito, são
critérios meramente descritivos, exteriores ao próprio processo evolutivo, incapazes de
compreender os fatores que explicam a passagem de um sistema a outro e o sentido da linha
evolutiva que a história regista.
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Neste sentido, compreende-se que os critérios de List, Hildebrandt e Bucher dão conta
da evolução linear das forças produtivas, mas não podem apreender o processo dialético de
evolução da economia nem explicar a sua dinâmica.
Em suma, o método histórico-genético, praticado pela Escola Histórica, renuncia à
elaboração teórica, limitando-se à reunião, descrição e sistematização dos factos da vida
económica e sua sequência histórica, sem capacidade para apreender as mudanças
qualitativas das formas de organização económico-social ao longo do processo histórico.
Sinteticamente, os adeptos da Escola Histórica limitam-se a uma história dos factos
económicos.
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MEIOS DE PRODUÇÃO
§ Objeto de trabalho: é tudo aquilo sobre que vai incidir a força de trabalho do homem.
§ Meios de trabalho: são todos os objetos de que os homens se servem para
transformar a realidade física sobre a qual atuam – os mais importantes são os
instrumentos de produção, já que deles depende o domínio do homem sobre a
natureza.
MODOS DE PRODUÇÃO
- Conjunto das forças produtivas e das relações sociais de produção.
§ Forças produtivas: conjunto dos instrumentos de produção, dos objetos de trabalho
e, ainda, o próprio homem com a sua força de trabalho, isto é, atividade inteligente
deste em sociedade, destinada a transformar e adaptar as forças da natureza, com o
fim de alcançar o objetivo em vista; os seus conhecimentos; e a sua técnica.
§ Relações sociais de produção: são as relações que os homens mantêm entre si no
quadro do processo produtivo, as quais se manifestam na relação entre os sujeitos
económicos e os meios de produção e que têm a sua expressão jurídica nas formas
de propriedade sobre os meios de produção.
Com efeito, note-se que Marx considerou as forças de produção o elemento mais
dinâmico e revolucionário da produção. Por outro lado, considerou que é a natureza das
relações sociais de produção que determina a titularidade do poder de direção do processo
produtivo, o móbil que orienta a atividade social de produção e o critério segundo o qual se
opera a distribuição do produto social.
Em suma, o autor caracteriza os sistemas económicos pelo modo de produção e
distingue os modos de produção pela natureza das relações de produção.
Visão económica da história, como se vê, o marxismo é também uma visão histórica
da economia, visão que faz da luta de classes o motor do processo histórico, do processo de
evolução das várias formações económicas e sociais que a humanidade tem conhecido.
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espírito burguês, deixando para trás a conceção do homem como medida de todas as coisas,
preconizada pelo homem pré-capitalista.
Em suma, o problema da transição dos sistemas é encarado por Sombart numa
perspetiva culturalista e explicado não a partir de fatores económicos, mas de fatores de
ordem cultural ou espiritual: o que, essencialmente, mudaria era o espírito da época, dentro
de um processo de evolução cultural global.
Apreciação Crítica
Ora, a conceção culturalista de Sombart de que o capitalismo, como forma económica,
é uma criação do espírito capitalista, implica que se explique a génese deste último. Deste
modo, surgiu o debate quanto à questão de saber se foi a Reforma que gerou o espírito
capitalista ou se, diversamente, foi em grande parte criação dos judeus.
Neste sentido, note-se que a esterilidade de tal debate é a imagem da esterilidade do
critério de Sombart, ao sobrestimar os elementos espirituais e ao subestimar os elementos
materiais, os elementos económicos, que verdadeiramente imprimem caráter aos vários
sistemas. Com efeito, revela-se incapaz de detetar os aspetos essenciais que
verdadeiramente distinguem os sistemas económicos uns dos outros e as leis históricas que
regulam o processo social de produção e distribuição dos bens necessários à satisfação das
necessidades humanas, e incapaz de compreender a dialética da evolução das várias
formações sociais e as leis que explicam o processo histórico de passagem de uma sociedade
a outra.
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Apreciação crítica
Não parece correto fazer do diferente modo de funcionamento de cada economia em
concreto o elemento distintivo dos sistemas económicos.
Com efeito, não é possível dizer-se que se a economia for uma economia de direção
central, estaremos perante um sistema socialista, do mesmo modo que, se a economia for
uma economia de mercado, estaremos perante um sistema capitalista.
Neste sentido, parece claro que a teoria dos tipos de organização não é capaz de
fornecer um critério de distinção entre sistemas tão diversos que podem incluir-se num dos
dois tipos considerados, nem parece que ela seja eficaz a explicar por que é que, em épocas
tão diferentes e em circunstâncias tão diversas, foi idêntico o tipo de organização.
O critério de Eucken afasta, em suma, qualquer perspetiva histórica do
desenvolvimento dos povos, negando que da história possa colher-se qualquer sentido de
desenvolvimento ou progresso. Assim, o critério dos tipos de coordenação, como conceção
anti-histórica, é incapaz de esclarecer acerca das causas e do sentido da evolução de um
sistema económico para outro, encarando o problema numa perspetiva funcional, como se se
tratasse de alternativas abertas à livre escolha, em qualquer tempo e lugar.
Por nossa parte, utilizando a formulação de Teixeira Ribeiro, consideramos que “o que
imprime carácter a qualquer economia e a individualiza como tipo é o modo de produção e a
repartição de bens. Quer dizer, o que distingue os sistemas económicos é o modo de
produção, isto é, a natureza das relações de produção (propriedade privada ou propriedade
coletiva dos meios de produção) e a forma de repartição do produto (há rendimentos da
propriedade? Ou só rendimentos do trabalho). Só depois virá o móbil da atividade económica
(produz-se com vista à satisfação das necessidades do produtor ou dos titulares dos meios
de produção?). Poderá mesmo dizer-se que é a natureza das relações sociais de produção
(a posição relativa dos homens no que toca aos meios de produção) que, em último termo,
distingue os sistemas.
Nesta lógica é que se fala do socialismo como sistema caracterizado pela propriedade
coletiva dos meios de produção e de capitalismo como sistema que assenta na propriedade
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privada (capitalista) dos meios de produção. Esta é uma propriedade perfeita, absoluta, que
exclui os não-proprietários do respetivo poder de disposição, vendo-se estes obrigados a
vender aos donos dos meios de produção a sua própria força de trabalho transformada em
mercadoria, assim se configurando as relações capitalistas de produção entre os produtores
não-proprietários e os donos do capital.
Conforme a natureza das relações sociais de produção, assim varia a forma que
assume o excedente social e a titularidade do controlo desse excedente. No capitalismo, o
sobreproduto social assume a forma de lucro que cabe aos proprietários dos meios de
produção, assim como lhes cabe também o destino a ser tomado por esse mesmo lucro. No
socialismo, o excedente assume a forma de fundo social que será distribuído por consumo e
investimento por decisão da própria colectividade através das instituições políticas que a
representam.
A partir do que foi supramencionado, já se vê como a distinção dos sistemas
económicos com base nos modos de produção, isto é, a partir da natureza das relações
sociais de produção, permite caracterizar também, para cada um deles, o modo como se
processa a direcção da economia e o critério que preside à distribuição do produto social (a
relação entre o trabalho social e o produto social), a natureza e o destino do excedente social,
e permite ainda explicar o sentido da evolução histórica dos modos de produção. Esta teoria
dos modos de produção, afigura-se-nos, por isso a mais adequada para a análise dos
sistemas económicos e da sua evolução.
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1. O Comunismo Primitivo
2. O Esclavagismo
3. O Feudalismo
3.1. Caracterização Geral
3.2. A Desagregação da Sociedade Feudal
3.2.1. Enunciado do Problema
3.2.2. Produção para Uso/Produção para Troca
3.2.3. Contradições Internas
3.2.4. Fatores Externos
3.2.5. Síntese
4. Transição para o Capitalismo
4.1. Acumulação Primitiva do Capital
4.1.1. Acumulação do Capital
4.1.1.1. As Cruzadas
4.1.1.2. O Capital Usurário e a Especulação
4.1.1.3. Descobrimentos e Mundialização do Comércio
4.1.1.4. Exploração Colonial e Revolução dos Preços
4.1.2. A Proletarização dos Camponeses Pobres
4.1.3. A Proletarização dos Trabalhadores na Indústria
4.1.3.1. A Indústria Artesana
4.1.3.2. A Indústria Assalariada ao Domicílio
4.1.3.3. As Manufaturas
4.1.4. Síntese
4.1.5. Contraponto entre a Visão de Marx e Smith
4.2. Fatores da Ascensão da Burguesia e Consolidação do Capitalismo
4.2.1. A Reforma
4.2.2. A Formação dos Estados Modernos na Europa
4.2.3. A Revolução Inglesa
4.2.4. A Revolução Industrial
4.2.5. A Revolução Francesa
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- O Comunismo Primitivo
(breve referência)
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a grande revolução económica e social do período neolítico – a revolução neolítica: foi o início
da agricultura, da domesticação e criação de animais.
Assim, compreende-se a importância do excedente social, surgido pela primeira vez
na história da humanidade como resultado do aumento da produtividade do trabalho agrícola.
Ora, sem a possibilidade de dispor regularmente de um excedente agrícola, não seria possível
a nenhuma sociedade garantir a subsistência das pessoas que não produzissem elas próprias
os seus próprios alimentos.
No entanto, se cada homem pode produzir, com o seu trabalho, mais que o necessário
para a sua subsistência, ganha sentido a exploração do homem pelo homem. Ora, a primitiva
comunidade de vida e de trabalho foi assim destruída pelo progresso das técnicas, pela
divisão do trabalho e pelas consequências desta: a divisão da sociedade em classes e o
aparecimento do estado como instrumento de domínio de um grupo social sobre outro.
Por fim, note-se que o modo de produção e a organização social próprios do
comunismo primitivo deram lugar a um novo modo de produção e a uma diferente organização
social: o esclavagismo.
- O Esclavagismo
(breve referência)
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- O Feudalismo
1. Caracterização geral
(breve referência)
Na sociedade feudal, toda a vida social era marcada por um elemento em comum: a
subordinação de indivíduo a indivíduo. Com efeito, as formas deste laço humano
apresentavam algumas singularidades conforme os níveis sociais em que se verificavam. No
grau inferior, as relações de dependência encontraram o seu enquadramento no senhorio
rural, que é uma terra habitada e os seus súbditos. Neste sentido, o vínculo de dependência
pessoal tinha no aspeto económico o seu campo de iniciativa primordial: o objetivo do senhor
era o de obter rendimentos, através da apropriação dos frutos do trabalho gratuito dos servos.
Os proprietários monopolistas da terra controlam o processo produtivo, na medida em
que dispõem do poder de decidir qual a porção de terra a atribuir aos produtores diretos e do
poder de revogar esta atribuição, bem como o de exigir uma renda pelo uso da terra. Assim
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sendo, aos servos cabia apenas o domínio útil das terras que cultivavam, de acordo com a
decisão do respetivo senhor, titular do domínio direto. Neste sentido, note-se que os servos
se encontram hereditariamente ligados às terras do seu senhor, não podendo, portanto,
abandoná-las, no entanto, estes deveres de servidão têm como contrapartida o direito dos
servos de permanecer nas terras do senhor e de cultivar uma parcela delas. Por conseguinte,
a propriedade feudal é uma propriedade imperfeita: os proprietários de raiz não podem
expulsar os servos das terras que eles habitam e que lhes garantem sustento.
Assim, servos e colonos estão sujeitos ao estatuto de servidão pessoal: sobre eles
recaem idênticas obrigações pessoais de prestar ao senhor certos serviços ou dias de
trabalho gratuitos, de entregar uma parte das colheitas, ou, mais tarde, de pagar uma renda
em dinheiro. Esta relação de servidão pessoal é, sem dúvida, a característica fundamental do
modo de produção feudal e pode ser entendida como a obrigação imposta ao produtor pela
força e independentemente da sua própria vontade, para que satisfaça certas exigências
económicas de um senhor, quer tais exigências tomem a forma de serviços a prestar, ou de
tributos a satisfazer em dinheiro ou em espécies.
Por conseguinte, a força de trabalho não é uma mercadoria autónoma, porque os
servos, não sendo homens livres, não são livres de vender a sua própria força de trabalho:
têm de a exercer nas terras do senhor, em parte para garantir a sua própria sobrevivência e
reprodução, em parte, obrigatória e gratuitamente, em benefício do senhor.
Ora, os poderes inerentes à propriedade da terra garantem aos senhores feudais a
organização e o controlo do processo produtivo e de todo o processo da vida social. No
entanto, os servos não estão separados dos meios de produção, uma vez que têm garantido
o usufruto de uma certa porção de terra, o que lhes permite viver do seu trabalho, utilizando
os instrumentos de produção que lhes pertencem: eles estão em condições de conseguir, por
si próprios, os meios materiais necessários à sua existência. Por conseguinte, eles não estão
economicamente obrigados a trabalhar nas terras do senhor, sendo, antes, as várias coerções
extraeconómicas decorrentes do estatuto jurídico-político da servidão que os obrigam a
trabalhar gratuitamente as terras do senhor. Em suma, as relações de produção são relações
entre produtores diretos e o seu suserano, verificando-se a exploração dos produtores através
de uma compulsão político-legal direta: a apropriação do trabalho excedente pelos senhores
feudais efetua-se diretamente por coerção extraeconómica, sem a mediação das leis
económicas de troca de mercadorias.
Sinteticamente, note-se que o excedente social era apropriado sob a forma de renda,
sendo que a produção era essencialmente produção para uso e não para venda. Com efeito,
as trocas eram, maioritariamente, trocas internas, trocas diretas de produtos e serviços entre
produtores, já que só os senhores dispunham de bens para vender e só eles podiam comprar
os produtos de luxo da produção artesanal, assim se espelhando uma economia fechada em
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que o domínio senhorial era a unidade de produção de de consumo. Por fim, o modo de
produção feudal criou condições propícias à estagnação da técnica, que se manteve
rudimentar e rotineira: os servos não tinham iniciativa, já que qualquer melhoria nos resultados
da produção era sempre pretexto para novas exigências do senhor e os senhores não têm
interesse em promover o desenvolvimento da produção nas suas terras para além do limite
resultante da sua própria capacidade de consumo.
A – Enunciado do Problema
O problema da passagem do feudalismo ao capitalismo é um problema controverso,
desde logo, quanto à questão de saber se deve ou não reconhecer-se autonomia ao sistema
de economia artesana e quanto à relevância a atribuir ao período do capitalismo comercial.
Ao contrário de Sombart, Marx não reconhece como modo de produção autónomo a
economia artesana, isto é, a economia industrial que se desenvolveu nas cidades em sentido
económico, como agregados populacionais cujos habitantes vivam apenas do seu ofício, sem
trabalharem a terra. Este é o nosso ponto de vista.
Com efeito, a economia artesana nunca teve um caráter dominante. No entanto, não
deixa de ser verdade que as novas atividades económicas exigiam uma liberdade de
movimentos incompatível com as regras da vida feudal e, por isso, os habitantes das cidades
começaram a lutar pela obtenção de direitos e privilégios. Assim, as cidades foram os
primeiros entes coletivos a adquirir o estatuto de sujeitos políticos dotados de um estatuto
jurídico-político diferenciado.
Por outro lado, repare-se que, apesar da importância adquirida pelas cidades, não foi
suficiente para alterar o modo de produção e as relações de produção nos campos, que
permaneceram intocadas.
Em suma, a evolução do feudalismo veio a traduzir-se na ocorrência de conflitos e
dificuldades de vária ordem que acabariam por minar as relações de servidão que
constituíram a base da sobrevivência de toda a estrutura feudal. E da interação destes
conflitos internos com fatores externos ao sistema, mas que condicionam o seu
desenvolvimento, é que resultou o lento processo de desagregação do feudalismo.
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C – Contradições Internas
(A Fuga dos Servos)
O que fez ruir o feudalismo foi a sua insuficiência como modo de produção, perante as
necessidades crescentes de rendimento por parte das classes senhoriais.
Com efeito, as técnicas e os instrumentos de produção eram rudimentares, a
produtividade do trabalho era baixa e, por conseguinte, a condição de vida dos trabalhadores
camponeses era miserável. Ora, a única forma dos senhores feudais aumentarem os seus
proventos era a do aumento do trabalho excedente exigido aos servos, contudo, o teor de
vida destes era tão baixo que qualquer exigência complementar os colocava numa situação
intolerável.
As necessidades crescentes de rendimento por parte dos senhores refletiram-se e
explicam-se por referência a vários fatores.
Com efeito, as guerras frequentes entre os senhores feudais, com vista ao domínio de
terra espelharam as necessidades supramencionadas.
Por outro lado, a prática corrente do sub-enfeudamento, resultado da necessidade de
fortalecer o poderio militar dos grandes senhores, aumentou muito o número de vassalos e,
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por conseguinte, o número daqueles que não participavam na produção, mas que tinham de
ser sustentados pelo sobreproduto exigido à classe servil.
Além do mais, o desenvolvimento da cavalaria trouxe consigo a emulação entre as
casas da nobreza, que gastavam fortunas em festins e extravagâncias, assim se dissipando
o execedente social, insuscetível então, dada a sua natureza não monetária, de ser aforrado
com vista à posterior utilização no desenvolvimento da capacidade produtiva.
Por último, as Cruzadas constituíram uma empresa que exigiu grande dispêndio de
rendas feudais e desviou muita gente do trabalho dos campos.
Estes foram alguns dos fatores que contribuíram para acentuar as exigências aos
servos, cuja situação se agravou para o final do século XIII. Ora, esse agravamento levou
também à diminuição da população, provocando a retração das rendas feudais e abrindo a
situação de crise aguda que caracterizou o século XIV, acentuada particularmente pelas
pestes particularmente destruidoras, em virtude da subnutrição das populações camponesas
e da carência de reservas alimentares.
Por fim, note-se que a própria crise levou os senhores a agravar as exigências sobre
as massas camponesas, também obrigadas a pagar impostos aos novos estados modernos.
Por conseguinte, incapazes de arcar com a carga destas duas fiscalidades, por
impossibilidade de desenvolvimento das forças produtivas, os camponeses promoveram, em
várias regiões da Europa, revoltas mais ou menos violentas, tendo-se assistido também a um
movimento de emigração ilegal das propriedades senhoriais que, em parte, se acolhiam nas
cidades então em período de crescimento.
D – Fatores Externos
(A Expansão do Comércio e o Desenvolvimento das Cidades)
No contexto da fuga aos campos, as cidades exerceram a função relativamente
importante de atração das populações servis desejosas de abandonar os domínios senhoriais
e as suas penosas condições de vida. Com efeito, este movimento de fuga dos servos decorre
paralelamente ao desenvolvimento das cidades medievais já que, por um lado, estas
ofereciam melhores condições de vida e liberdade e, por outro lado, os próprios burgueses
que nelas habitavam, necessitando de mais trabalhadores e de mais soldados, atuaram no
sentido de incitar os servos a abandonar as terras senhoriais.
Além do mais, o aumento da população que se verificou nos países da Europa até ao
século XIII é índice de que a produtividade do trabalho agrícola ia aumentando também, o que
permitiu a constituição, dentro dos domínios senhoriais, de núcleos de indivíduos que se
dedicavam exclusivamente ao trabalho industrial: o rendimento do trabalho agrícola era agora
suficiente para a alimentação de camponeses e industriais. Ora, com o agravamento das
exigências dos senhores e com a progressiva degradação do teor de vida dos habitantes dos
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E – Síntese
O agravamento das contradições internas do modo de produção feudal estimulou a
fuga dos servos.
Com efeito, esta conduziu, por um lado, ao desaparecimento da servidão, forma
específica de relações sociais que assegurava a manutenção do feudalismo como modo de
produção e dos senhores feudais como classe dominante nas condições do feudalismo.
Por outro lado, conduziu também à separação dos produtores diretos dos meios de
produção. Os servos, ao ganharem o direito de deixar as terras do seu senhor, perdiam, ao
mesmo tempo, o direito de nelas permanecer, começando a alterar-se a forma social de
existência e de reprodução da força de trabalho típica do feudalismo. Dialeticamente, a
emancipação dos servos foi também a libertação dos proprietários fundiários que não tinham
de respeitar o direito dos servos a permanecer nas suas terras e a nelas prover à sua
subsistência. Tendo agora perante si homens livres não adstritos à terra, os senhores
começaram a poder dispor desta última, recorrendo a contratos de arrendamento de duração
relativamente curta, o que lhes permitia aumentar periodicamente a respetiva renda. Assim,
a renda em dinheiro continua a ser uma renda feudal, isto é, trabalho excedente
obrigatoriamente entregue ao senhor, agora sob a forma de dinheiro obtido pela venda do
produto excedente e pode dizer-se que representou uma adaptação imposta pela
necessidade de sobrevivência do sistema. Além do mais, o sistema de renda em dinheiro
permitiu aos senhores beneficiar da maior produtividade do trabalho não compulsório, através
do aumento das rendas no momento da renovação dos contratos de arrendamento.
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Deste modo, criou-se o embrião de uma classe de trabalhadores livres, que não têm
outro meio de prover à própria subsistência que não seja a venda da sua força de trabalho.
Por outra via, o desenvolvimento do comércio e a expansão e consolidação das
cidades, além de agravarem os conflitos internos da sociedade feudal, permitiriam a
acumulação de capitais que mais tarde seriam aplicados na produção, mediante a contratação
de trabalhadores assalariados. Quando isto se verifica, estamos perante um novo tipo de
relações de produção, as relações de produção próprias do modo de produção capitalista.
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valor dos restantes bens, que viram subir os seus preços em termos dos metais
usados como moeda. Este fenómeno foi designado de “revolução dos preços”.
Neste sentido, a situação das classes sociais alterou-se consideravelmente em
favor da burguesia comerciante e em desfavor da nobreza rural e das classes
trabalhadoras. Vivendo de rendas fixas a longo prazo, a nobreza vê-se arruinada, na
exata medida em que a propriedade da terra se degrada como fonte de riqueza. Com
efeito, a verdadeira riqueza deixa de consistir na propriedade das terras, para passar
a residir na titularidade de papéis de crédito: ações das sociedades anónimas, letras,
títulos representativo de hipotecas – desmaterializando-se, a riqueza torna-se mais
facilmente mobilizável e o comércio ganha novas possibilidades de desenvolvimento.
Em suma, com a inflação, geram-se efeitos de redistribuição dos rendimentos.
Assim, ao o valor da moeda diminuir significativamente, baixam os rendimentos reais
de todos aqueles que tinham rendimentos fixos e ganham aqueles que têm capacidade
de alterar os seus. Deste modo, viu a burguesia comercial aumentar os seus
rendimentos, em virtude do aumento dos preços dos seus produtos e vê a classe
trabalhadora, bem como a nobreza os seus rendimentos reais diminuírem.
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que pudesse comerciar e para dispor do grande número de trabalhadores expulsos das terras
de onde extraíam o seu sustento.
Neste sentido, note-se que a criação de gado dispensava grande número de
trabalhadores (depopulating pasture) e implicava a diminuição da área disponível para a
produção de alimentos. Por outro lado, a ocupação das terras comunais (depopulating
enclosures) impedia que os camponeses continuassem a usá-las para satisfazer as
necessidades da economia familiar.
Entretanto, tinham-se descoberto novas técnicas de cultivo das terras, que vieram
favorecer a grande propriedade fundiária. Trata-se da substituição da prática do pousio e do
afolhamento trienal pela cultura periódica de luzerna e outras plantas forraginosas, com
aptidões para renovar a produtividade da terra. Consequentemente, o sobreproduto agrícola
aumenta e os proprietários, para poderes aproveitar os ganhos da maior produtividade,
modificam o sistema de arrendamento, transformando o antigo arrendamento enfitêutico, por
arrendamentos a prazo mais ou menos curto. Deste modo, era possível aumentar
periodicamente as rendas.
No início do século XVIII, a prática de enclosures ganhou nova força, em virtude de
uma lei do Parlamento que vem autorizar a ocupação e vedação das terras comunais,
produzindo vários efeitos: acaba com o livre acesso às terras comunais; reduz as terras de
cultivo; priva os camponeses pobres dos meios de subsistência; favorece o desenvolvimento
da grande propriedade; provoca a subida dos preços dos produtos alimentares; e conduz ao
despovoamento dos campos.
Ora, os efeitos das enclosures convergiram com as consequências da chamada
revolução agrícola. Com efeito, a revolução agrícola significou o aumento da produtividade e
da produção na agricultura, o que permitiu alimentar, sem aumento significativo dos salários,
uma população crescente que não trabalhava a terra; libertou a mão de obra necessária ao
desenvolvimento das indústrias urbanas; permitiu a revolução demográfica; forneceu,
sobretudo no início da industrialização, uma fração dominante dos capitais e dos empresários
que animaram os setores mais dinâmicos da nova atividade industrial.
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III. As Manufaturas
A iniciativa da produção por parte dos próprios capitalistas haveria de verificar-
se sobretudo a partir do aparecimento das manufaturas. Com efeito, no século XVIII,
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associações profissionais recurso à greve. Assim, note-se que todas estas medidas
se tomaram sob a égide de uma política protecionista generalizada.
Em suma, foram estas transformações económicas, entre os séculos XVI e
XVIII, que originou o aparecimento do proletariado moderno, classe de indivíduos aos
quais só restava a alternativa de se deixarem contratar como mão de obra assalariada.
No entanto, o capitalismo só se instalaria como sistema dominante, quando a
burguesia logrou tomar o poder político.
1.4. Síntese
A essência das relações de produção capitalistas reside na separação radical dos
produtores relativamente aos meios de produção e foi este o papel histórico do processo de
acumulação primitiva do capital: separar o trabalho das suas condições exteriores.
No entanto, de acordo com Pierre Vilar, a acumulação primitiva do capital provoca a
sua própria destruição, já que, primeiramente, a subida dos preços, o aumento dos impostos
reais e os empréstimos vultuosos asseguravam ganhos fartos a usurários e especuladores,
porém, quando o dinheiro circula em abundância, é mais difícil exigir juros elevados.
Assim, torna-se necessário encontrar novas vias de reprodução do capital, o que só
virá a acontecer quando a nova classe burguesa assegurar o controlo político.
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2.1. A Reforma
(breve referência)
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(breve referência)
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1. Apresentação
2. O capitalismo de concorrência
2.1. A economia, esfera da ação exclusiva dos particulares
2.2. O estado enquanto pura instância política, separada da economia
2.3. O Estado de Direito liberal
3. O capitalismo monopolista
3.1. A concentração capitalista
Quais os fatores?
3.1.1. Concentração como consequência direta da concorrência
3.1.2. Progresso técnico
3.1.3. Crises cíclicas
3.1.4. Capital bancário
3.1.5. Industrialização tardia
Quais os efeitos?
3.1.6. Caráter social do processo produtivo
3.1.7. Caráter social dos meios de produção
3.1.8. Exportação de capitais privados e recrudescimento do capitalismo
3.1.9. Divisão do trabalho à escala mundial
4. O capitalismo monopolista de estado
4.1. A 1ª Guerra Mundial e o período entre as duas guerras
4.2. A 2ª Guerra Mundial
4.3. O capitalismo contemporâneo
4.3.1. O Estado Económico
4.3.2. Novos aspetos da concentração capitalista
4.3.3. Planificação pública e privada. O significado atual do problema
4.3.3.1. A planificação ao nível das grandes empresas privadas
4.3.3.2. Os primórdios da planificação pública
4.3.3.2.1. O significado da planificação indicativa
4.3.3.2.2. A planificação indicativa e planificação imperativa
4.3.3.3. O papel do mercado em economia planificada
4.3.3.4. Nacionalizações, privatizações e entidades reguladoras independentes
4.3.4. A teoria da convergência dos sistemas
5. Relações económicas internacionais
5.1. Exportação de capitais públicos
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- Apresentação
- O Capitalismo de Concorrência
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- O Capitalismo Monopolista
No último quartel do século XIX, começa a ser notório um fenómeno que Marx
considerara ser inerente à lógica da acumulação do capital: a concentração capitalista e a
consequente monopolização da economia.
Esta nova fase do capitalismo assinala uma alteração nas estruturas económicas do
sistema, agora caracterizadas pelo domínio de um pequeno número de grandes empresas, à
volta das quais, em posição de subordinação, vai crescendo um grande número de pequenas
empresas sem qualquer capacidade de influenciar o mercado.
Com efeito, monopólio é um mercado onde há um único vendedor e produtor a atuar
no mercado. Ora, com esta expressão pretendemos, antes, qualificar as situações em que
uma indústria passa a ser controlada por um número muito reduzido de grandes empresas
que estão em condições de impor os seus preços aos consumidores, em termos tais que o
mercado deixa de ser o instrumento de orientação e de controlo das empresas para passar a
ser dirigido por elas. Assim, pretende-se falar de oligopólios que se traduzem na circunstância
de poucas grandes empresas a vender no mercado.
Sinteticamente, esta fase pode ser caracterizada pela concentração em alguns
setores; pelo recrudescimento do colonialismo; pela afirmação da importância de capital
financeiro; e, ainda, pela concentração monopolista oligopolista.
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1. A Concentração Capitalista
Quais os fatores que explicam o processo de concentração que se verificou a partir
dos anos 70 do século XIX?
B – Progresso Técnico
Na senda da segunda revolução industrial, o progresso técnico se, por um lado,
favoreceu, por outro lado, também obrigou ao processo de concentração.
Com efeito, o progresso técnico favoreceu a concentração, na medida em que se
traduziu no alargamento do mercado: quer porque favoreceu o alargamento demográfico,
quer porque os novos meios de comunicação e de transporte possibilitaram o seu
alargamento geográfico.
Por outro lado, obrigou à concentração, na medida em que as novas tecnologias, não
rentáveis a não ser em unidades de grande dimensão, capazes de produzir em muito larga
escala, exigiam capitais cada vez mais vultuosos.
C – Crises Cíclicas
Estas crises começaram a verificar-se nas economias capitalistas a partir do primeiro
quartel do século XIX.
Com efeito, provocaram o desaparecimento de muitas empresas, estimulando a
cartelização das empresas maiores. Por outro lado, face a estas crises, existiam empresas
que, preventivamente, aumentavam a sua dimensão, de tal modo que pudessem melhor
controlar o mercado, evitando uma nova crise.
D – Capital Bancário
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E – Industrialização Tardia
O facto de vários países se terem industrializado na segunda metade do século XIX,
quando outros já conheciam algumas décadas de industrialização, não deixou de ter
importância no alastrar da concentração a todo o mundo capitalista.
Nos países que primeiro conheceram a revolução industrial, o grande número de
pequenas empresas que entretanto se desenvolveram, constitui a base de uma pequena e
média burguesia que procurou resistir e que entravou enquanto pôde a marcha da
concentração, ao mesmo tempo que um um grande número de pequenos proprietários rurais
não favorecia a centralização do capital.
Diversamente, os países que só mais tarde se industrializaram (Alemanha, EUA,
Rússia, Japão) não conheciam uma classe burguesa antiga, numerosa e mais ou menos
organizada como existia nos outros países da Europa ocidental. Como tal, não existia uma
classe de pequenos proprietários que remassem contra a constituição de grandes unidades
capazes de criar situações de tipo monopolista. Por outro lado, os países recém-chegados à
industrialização, para poderem competir com as indústrias dos países mais avançados, foram
naturalmente levados a lançar mão das técnicas mais modernas e a alicerçar a sua
industrialização em unidades de grande dimensão, para poderem colher as vantagens
inerentes à produção em grande escala.
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É esta nova situação que explica o movimento de exportação de capitais privados, que
se iniciou no final do século XIX, em paralelo com a retração dos investimentos nos países
europeus industrializados.
A exportação de capitais privados, a corrida às colónias e a partilha dos territórios
coloniais entre as grandes potências, num processo em que os estados nacionais
desempenharam um papel central, são as características do imperialismo no final do século
XIX.
A expansão colonial foi mais um fator a favorecer a concentração e centralização do
capital, na medida em que abriu novos mercados e propiciou vastos campos de ação,
permitindo a constituição de grandes empresas para explorar diversos setores. Com efeito,
as potências europeias empenharam-se numa grande campanha ideológica para apresentar
o imperialismo como uma espécie de desígnio nacional, capaz de resolver os problemas
sociais das metrópoles e de reduzir a tensão entre as classes sociais.
Este foi o período da chamada segunda revolução industrial, que proporcionou as
condições técnicas para o desenvolvimento da segunda onda da globalização, consolidando
definitivamente o capitalismo como sistema mundial e facilitando a internacionalização do
capital. O capitalismo passou à fase do imperialismo, de que a corrida às colónias constituiu
elemento importante.
Neste sentido, o extraordinário incremento que então conheceram os meios de
transporte e de comunicação veio unificar definitivamente o mercado mundial.
No entanto, a unificação do mercado mundial veio colocar novos problemas às
potências capitalistas, agora concorrentes umas das outras, quer nos mercados de venda dos
produtos industriais, quer nos mercados de abastecimento de matérias-primas ou de mão de
obra barata, quer na busca de campos de investimento.
Assim, no contexto de um sistema mundial do capitalismo assente em economias
nacionais com interesses conflituantes, a concorrência entre as várias indústrias nacionais
obrigou a que, por um lado, se adotem medidas protecionistas para impedir a entrada de
mercadorias estrangeiras no mercado interno; e, por outro lado, a que se defendessem as
empresas nacionais da invasão de capitais e mercadorias estrangeiras nos territórios
coloniais.
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manifestação e a liberdade de expressão. Por outro lado, foi antissocialista, porque congelou
todos os direitos económicos e sociais, entretanto conquistados pelos trabalhadores e anulou
todas as políticas públicas que pudessem acautelar ou garantir esses direitos.
Neste novo quadro, o corporativismo representou a intervenção organizada do estado
nazi-fascista na economia, com o objetivo de ultrapassar as contradições do capitalismo,
eliminando a luta de classes e de evitar a derrocada do capitalismo, resolvendo dois
problemas fundamentais que então se colocavam: o governo da economia e a questão social.
Com efeito, a necessidade de garantir o governo da economia surgiu com os primeiros
sinais da crise do capitalismo. Por outro lado, a solução para a questão social foi a de
promover uma estreita aliança entre o poder fascista e os grandes grupos empresariais, aos
quais foi entregue a direção das estruturas corporativas que, por sua vez, assumiram a tarefa
de organizar e controlar a economia.
2. A 2ª Guerra Mundial
(breve referência)
3. O Capitalismo Contemporâneo
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Integração
Horizontal
Integração
(concentração Ascendente
vertical)
Integração
Vertical
Descendente
Homogénea
Concentração
Concentração
(concentração
Funcional
horizontal)
Heterogénea
Conglomerado
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O estado proletariado, não pode deixar de planificar a actuação das empresas de que
é proprietário, e pode fazê-lo de modo cogente, através de um plano imperativo, como
“instrumento para regular toda a economia”. Todas as unidades de produção são obrigadas
legalmente a respeitar o plano, e o plano, por sua vez, deve estabelecer qual a parte do
rendimento deve ser destinado ao consumo e ao aforro.
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Por trás disto, não há mão invisível, a existência de Entidades Reguladoras Independentes
assenta na negação da mão invisível de Adam Smith.
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Explanação e crítica de uma teoria dos anos 60/70, defendida por vários autores, de
que o capitalismo e socialismo estavam em processo de convergência, de que estes dois
sistemas se estavam a aproximar.
Esta foi, a nosso ver, mais uma tentativa de “matar” a alternativa socialista ao
capitalismo, com o argumento de que o capitalismo tinha sido ultrapassado graças à
incorporação de “elementos de socialismo” e de que o socialismo vinha dando mostras de se
aproximar de alguns pontos essenciais do capitalismo.
Os elementos socialistas, (sector empresarial do Estado, planificação pública, políticas
de redistribuição dos rendimentos, todos os instrumentos do Estado-Providência), que os
autores desta teoria referiam, só aparentemente poderiam negar o capitalismo. Na sua
essência, eles interligam-se, como não poderia deixar de ser, na lógica do capitalismo,
actuando como elemento de racionalização, como factores de estabilização das tensões
sociais.
Estes autores consideravam, então, que o capitalismo já não era assim tão diferente
do socialismo, o capitalismo adaptava-se e integrava-se no socialismo.
Esta tese era defendida por dias razões:
1. Porque o capitalismo se tinha alterado, nomeadamente: as regalias sociais conferidas
pelo Estado (saúde, educação, segurança social), beneficiando os trabalhadores e, na
verdade, isto acaba também por beneficiar as empresas que precisam de
trabalhadores qualificados e saudáveis.
2. Porque a propriedade privada perde significado – o papel dos gestores altera-se – por
duas razões: em primeiro lugar, por causa da figura dos gestores (os gerentes), pois
agora diz-se que apesar de haver propriedade privada, quem as gere não é o
proprietário/capitalista, mas um gestor que incorpora mais alguns critérios para além
da obtenção do lucro máximo e, portanto, considera-se que isto se aproxima do
socialismo;
3. Surge o Capitalismo popular ou democratização do capital, que significa que o capital
social das empresas está agora fragmentado, disperso, já trabalhadores podem ser
detentores do capital social destas empresas, ou seja, podem ter acções dessas
empresas/sociedades. Continua a existir propriedade privada, mas esta já não é
origem de diferenciações pois já podemos ter pessoas com baixos rendimentos a
apropriar-se dela.
Neste contexto, os marxistas consideram que a terceira alteração não significa que o
capitalismo se aproxima do socialismo, consideram que esta terceira alteração não é
significativa – o capitalismo popular permitiu a dispersão do capital, mas isso não significa que
tenhamos efetivo poder sobre os destinos do dinheiro das ditas sociedades/empresas. Pelo
contrário, é o capitalismo popular que serve muito mais um objectivo de centralização de
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capitas. A democratização do capital não aconteceu de facto, o móbil desta difusão do capital
social foi a centralização de capitais, a reunião das poupanças de pequenos proprietários para
usar esse capital para fazer face a investimentos importantes.
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4.3. Globalização
A globalização é um fenómeno complexo que tem no terreno da economia a chave da
sua compreensão e a área estratégia da sua projeção. No entanto, note-se que é um
fenómeno cultural e ideológico, marcado pela afirmação decisiva dos aparelhos ideológicos
como instrumento de domínio por partes dos produtores da ideologia dominante, a ideologia
da massificação dos padrões de consumo.
Com efeito, consideramos a globalização neoliberal em curso muito mais uma política
de globalização, do que um processo espontâneo e inevitável. Ora, trata-se de uma política
que visa a implantação de um mercado mundial unificado, controlado pelo capital financeiro
e orientado para governar a economia mundial e impor um determinado modelo de sociedade.
De facto, esta política de globalização só se tornou possível graças aos desenvolvimentos
operados nos sistemas de transporte e nas tecnologias da informação.
Neste mundo de comércio livre de barreiras físicas ou legais, pretende-se que circulem
livremente todo o tipo de bens, serviços, capitais e tecnologia. Todavia, esta liberdade já não
se aplica aos trabalhadores.
Analisemos, agora, as consequências que andam associadas a este fenómeno de
globalização.
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5. Keynesianismo e Neo-monetarismo
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sendo por isso considerada o instrumento para prosseguir os objectivos do pleno emprego,
da estabilidade dos preços e do equilíbrio da balança de pagamentos.
Em conformidade com esta leitura, Keynes advogou a necessidade de uma certa
coordenação pelo Estado do Aforro e do investimento de toda a comunidade. Por duas razões
fundamentais:
1. Porque as questões relacionadas com a distribuição do aforro pelos canais nacionais
mais produtivos “não devem ser deixadas inteiramente à mercê de juízos privados e
dos lucros privados”;
2. Porque “não se pode sem inconvenientes abandonar à iniciativa privada o cuidado de
regular o fluxo corrente do investimento”.
Não se tratam no entanto de propostas anti-capitalistas: Keynes encara as medidas que
propõe como uma forma de salvaguardar e garantir as condições para a obtenção de
lucros privados e não diz qual a parte do investimento global que deve estar a cargo de
entidades públicas e que parte do investimento global poderá ser levada a cabo por
empresas privadas, sob a influência de entidades públicas. Mas estas observações não
devem ser confinadas às interpretações redutoras que alguns autores procuram fazer
passar da opinião de Keynes.
Estes apontamentos são, pois, propostas de natureza conjuntural no sentido de
reforçar o estado capitalista, embora Keynes pressuponha que o estado é uma instância
política neutra, acima das classes, representado a vontade geral e prosseguindo o
interesse comum.
Keynes advoga que nestas circunstâncias em que há economias desequilibradas e
desemprego involuntário, Keynes diz que as economias capitalistas têm de ser
equilibradas, estabilizadas, ou seja, têm de fazer crescer a produção e diminuir o
desemprego. Não podemos esperar que o mercado funcione sozinho e reduza,
consequentemente, o desemprego. O Estado tem de actuar e fazer isso através de
medidas de política económica, ao contrário do que diziam os pensadores liberais do
século XVIII e XIX.
Assim para Keynes as medidas económicas para mitigar os efeitos dos ciclos
económicos de recessão ou depressão seriam:
1. Política Monetária: baixar as taxas de juro para que se facilite o crédito à produção
e também, de certa forma, o crédito ao consumo. Isto ajuda, mas o problema desta
política é que ela funciona como uma espécie de bengala de outra política
orçamental, essa sim, fundamental.
2. Política Orçamental: é o Estado a fazer determinadas despesas em acréscimo às
que fazia antes, para introduzir na economia mais rendimento que se vai multiplicar
em acréscimo de consumo e despesa. Esta ideia para os liberais do século XVIII
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pois os patrões não podem pagar os salários fixados pela lei. A remoção deste salário
resolve o problema do desemprego à primeira vista. No entanto, isto acarreta
problemas:
o Problema Económico: salários mais baixos significa poder de compra mais
baixo. Ou seja, tínhamos uma economia com a procura ainda mais débil. Os
monetaristas tratam desta problemática com as exportações.
• Outras medidas que estes autores propõem tem a ver com aquilo que consideramos
ser o desemprego voluntário – propõem a extinção ou diminuição das várias
prestações sociais, nomeadamente, o subsídio de desemprego. Contudo, se este
subsídio fosse extinto iria gerar-se ainda mais miséria. O desemprego voluntário
provavelmente iria dissipar-se, mas com vários custos.
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I. OS ELEMENTOS DE PRODUÇÃO
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I. OS ELEMENTOS DE PRODUÇÃO
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Por outro lado, são consumíveis os bens que desparecem, como bens da mesma
espécie, em resultado de uma única utilização.
Por fim, note-se: como funcionam estes bens nos ciclos económicos? Entende-se que,
em fases de recessão económica, as pessoas tendem a usar mais vezes os seus bens de
consumo duradouros, não os substituindo, pelo que se verifica uma quebra significativa na
compra de bens de consumo duradouros. Por outro lado, os bens de consumo consumíveis
são menos suscetíveis às recessões económicas, verificando-se apenas a substituição de
bens de qualidade superior por outros de qualidade inferior.
3. Grau de Processamento
Um bem que, não tendo sofrido qualquer transformação por parte do homem ou
somente as transformações indispensáveis para a sua extração da natureza, se destina a
ulteriores transformações é uma matéria-prima.
Em contrapartida, as matérias subsidiárias são bens que, podendo ser utilizadas tais
como a natureza no-las apresenta, não se destinam a ser transformadas, mas apenas a ajudar
a transformação de outros bens.
Consideram-se ainda os semi-produtos, que provém de uma transformação, mas
ainda vai ser transformado. Com efeito, não se encontra apto para satisfazer as nossas
necessidades, pelo que não se podem considerar bens de consumo, sendo antes bens de
produção e, como só pode ser usado na produção uma vez, já que após essa transformação
passa a ser bem de outra espécie, trata-se de um bem de produção consumível.
Finalmente, obtemos os bens que esgotaram a escala das transformações: são
produtos acabados.
Além do mais, note-se que as transformações que as matérias-primas e os semi-
produtos sofrem não são em regra completas: deixam geralmente um resíduo. Esses restos
ou resíduos de transformações designamos por subprodutos.
5. Bens Complementares
Os bens complementares consistem naqueles bens que se utilizam conjuntamente no
consumo ou na produção: no consumo, por gosto ou necessidade dos consumidores; na
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produção, por razões técnicas ou por estrita necessidade. Com efeito, a complementaridade
pode ser relativa, quando facultativa, ou absoluta em que a não utilização do bem prejudica a
utilização do bem principal.
A complementaridade dos bens é muito frequente e tem grande importância, pois
quando aumenta o consumo de um dos bens complementares, aumenta o consumo do outro.
6. Bens Substituíveis
Tratam-se de bens que podem ser sub-rogados por outros na satisfação das
necessidades.
Por vezes, a substituição dos bens é perfeita, isto é, não existe qualquer alteração da
satisfação dada ao consumidor ou da eficiência que esse bem dá ao produtor. Assim, quando
os bens se substituem plenamente, dizem-se bens fungíveis.
Por outro lado, na maior parte das vezes, a substituição não é perfeita, pelo que os
bens substitutos não satisfazem tão completamente as necessidades como os bens
substituídos. Existem, portanto, bem substituíveis, mas, como os que os substituem não os
sub-rogam totalmente, dizemos que lhes sucedem: são bens sucedâneos. Com efeito, note-
se que é muito importante a existência de sucedâneos, pois eles são como que a defesa do
consumidor, permitindo atenuar, em certa medida, os efeitos de uma alta de preços ou da
carência de certos produtos. Além do mais, repare-se que, dentro destes bens, podem existir
sucedâneos mais próximos ou mais afastados e, para qualificar esta relação, temos de
relacionar o preço de um bem com a procura de outro, pelo que se o preço de um bem
aumentar e a procura do bem sucedâneo aumentar na mesma proporção, temos um bem
sucedâneo próximo (elasticidade cruzada da procura).
- Os Elementos da Produção
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1. O Trabalho
(breve referência)
Trabalho é todo o esforço do homem destinado à produção.
No que diz respeito às formas de remuneração do trabalho, consideram-se as
seguintes: truck system; sistema de salário à peça ou à tarefa; e salário ao tempo.
Com efeito, o salário ao tempo é hoje o sistema mais corrente, sendo que se toma
como base o tempo de trabalho, fixa-se um salário-hora e os trabalhadores recebem anual,
quinzenal ou mensalmente, em função do número de horas de trabalho.
Hoje, aceita-se como razoável que os trabalhadores beneficiem dos aumentos da
produtividade, através de aumentos salariais que se verifiquem paralelamente aos aumentos
de produtividade. E é patente que o aumento da produtividade é em geral um elemento que
favorece a aceitação da revisão das taxas salariais por parte do patronato.
A posição relativa dos rendimentos do trabalho e do capital mantém-se no caso de os
salários variarem na mesma proporção da produtividade: salários e lucros mantém as
respetivas proporções no valor acrescentado para a produção.
2. O Capital
Não desconsiderando que a palavra capital é utilizada em vários sentidos, no âmbito
do nosso estudo, tomaremos o seu significado enquanto elemento de produção. Com efeito,
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o capital é o conjunto de bens de produção produzidos que existem num dado momento e
numa dada economia e de cuja utilização resultará um fluxo de bens, sejam eles de consumo
e/ou bens de produção, ou, ainda, um determinado fluxo de rendimento.
Os bens que se destinam à produção de outros bens são bens indiretos, no entanto,
nem todos os bens indiretos são capitais, visto que aqueles bens são capitais não apenas por
se destinarem à produção de outros bens, mas por provirem de produção anterior. Com efeito,
os elementos naturais também são bens indiretos, todavia não são bens capitais, visto não
resultarem de produção nenhuma. Capital é, portanto, o bem indireto produzido, ou o bem de
produção produzido. Com efeito, estes bens são o resultado de uma aplicação do esforço do
homem sobre os elementos da natureza, sendo, portanto, bens produzidos que se destinam
a uma produção ulterior, são bens de produção produzidos, isto é, bens capitais.
Neste sentido, consideramos que os bens capitais resultam de desvios introduzidos
na produção de bens diretos. No entanto, para quê tudo isto? Para aumentar o rendimento do
esforço humano, do trabalho.
Por fim, repare-se ainda na distinção entre capital constante e capital variável.
Enquanto aquele consiste na parte do capital que se converte em meios de produção, isto é,
em matérias-primas, materiais auxiliares e meios de trabalho, não altera a grandeza do seu
valor no processo de produção; este remete para a parte do capital convertida em força de
trabalho que muda o seu próprio valor no processo de produção, pelo que reproduz o o seu
equivalente e produz um excedente, a mais-valia – esta parte do capital transforma-se
continuamente de grandeza constante em grandeza variável.
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esse aforro à produção. Ora, a aplicação do aforro à produção de bens capitais constitui o
investimento. Eis as duas condições necessárias para a produção de capitais: o aforro e o
investimento.
Com efeito, aforra-se voluntariamente ou por imposição externa, tratando-se,
respetivamente, de aforro voluntário e aforro forçado.
Nos casos de aforro forçado, o aforrador não beneficia do aforro que efetuou e esta
situação encontra expressão em três casos.
Em primeiro lugar, na constituição das reservas das sociedades comerciais em que,
se a assembleia geral de uma sociedade anónima resolve por maioria não distribuir em
dividendos a totalidade dos lucros, levando parte deles a reservas, os sócios que fiquem em
minoria têm de renunciar a uma parte dos lucros e são obrigados a aforrá-los através da
sociedade.
Depois, o pagamento de impostos, compreendendo-se que o estado organiza serviços
públicos, faz despesas e cobre a maior parte dessas despesas com tributos que exige aos
cidadãos, isto é, os contribuintes têm de renunciar à utilização do rendimento que entregam
ao estado a título de impostos: eis o aforro.
Por último, sempre que se verifica um processo inflacionista, isto é, um processo de
subida continuada e notória do nível geral dos preços, isto significa a subida da média dos
preços e não a subida dos preços de todos os bens e serviços. Daqui, resulta que os
vendedores das mercadorias cujos preços não sobem ou sobem em menor proporção que o
nível geral dos preços sofrem necessariamente aforro forçado. Com efeito, são obrigados a
aforrar porque o rendimento que recebem representa agora, em virtude da inflação, um poder
de compra menor, o que os obriga a renunciar à compra de certos bens e serviços,
sacrificando uma parte do consumo que antes faziam.
Por fim, note.se que o aforro pode ter dois destinos: entesouramento, que é a
conservação do dinheiro em saldos líquidos; e investimento, que é a utilização do dinheiro
poupado na produção de bens capitais.
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- Finalidades da Produção
- As Empresas Capitalistas
1. Noção
A economia capitalista, como vimos, é heterogénea, porque nela persistem elementos
de sistemas anteriores e se vão gerando elementos novos, com lógica e sentido diferentes
dos predominantes. Deste modo, não admira que as unidades de produção não sejam todas
do mesmo tipo, que se encontrem ainda produtores autónomos ao lado de empresas.
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Como tal, conclui-se que a amortização é sempre arbitrária, pois assenta numa
previsão e toda a previsão é incerta.
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1. O circuito económico
2. As três óticas do valor da produção nacional
3. O valor da produção nacional analisado sob a ótica do produto
3.1. O produto bruto das empresas
3.2. O produto nacional bruto
3.3. O produto nacional líquido
4. Produto e rendimento: o valor da produção analisado sob a ótica do rendimento
4.1. Grandezas a preços de mercado e grandezas a custo de fatores
4.2. O valor da produção nacional analisado sob a ótica do rendimento
4.3. Rendimento a custo dos fatores, rendimento pessoal e rendimento disponível
4.4. Rendimento nacional e rendimento dos habitantes
5. O valor da produção nacional na ótica das despesas
5.1. As componentes da despesa nacional
5.2. As implicações da atividade estadual
5.3. As implicações do comércio internacional
6. Rendimento nacional e bem-estar material das populações
6.1. O PNL como indicador do bem-estar
6.2. Dificuldades na leitura do bem-estar a partir do PNL
6.2.1. O PNL é calculado e expresso em termos monetários
6.2.2. O PNL compreende a “manteiga e os canhões”
6.2.3. O PNL, o PNL per capita, a distribuição do rendimento
6.2.4. O PNL e a contabilidade do lazer como elemento de bem-estar
6.2.5. Síntese
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III. A PRODUÇÃO NACIONAL. A CONTABILIDADE NACIONAL
- O Circuito Económico
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De facto, poderia dizer-se que, do mesmo modo que no cálculo do produto nacional
não se contabiliza o valor dos bens intermédios utilizados na produção de bens finais, também
não deveria contabilizar-se o valor dos bens de produção duradouros produzidos no período
considerado. Esta posição ganharia mais peso se ocorressem duas condições: se a morte
económica dos bens de capital duradouros existentes ocorresse uniformemente ao longo dos
anos; se a produção de novos bens de capital acompanhasse o ritmo da morte económica
dos bens de capital em uso e fosse apenas o bastante para substituir os bens de capital for
de uso. No entanto, estas duas circunstâncias não se confirmam pela prática.
Por último, note-se que o conceito de produto de nacional bruto referido por AVELÃS
NUNES estabelece correspondência com o conceito de produto interno bruto a preços de
mercado, isto é, obtém-se através da soma dos valores dos bens produzidos pelos preços
estabelecidos no mercado.
Por último, note-se que passa do produto interno para o produto nacional, somando
ao produto interno o saldo de rendimentos com o exterior.
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perdeu? O único processo que os serviços de estatística têm de para se aperceber disto é o
de computar as amortizações do capital fixo constantes da contabilidade das empresas. Trata-
se, no entanto, de uma simples aproximação, por vezes, muito remota. Isto porque as
amortizações feitas pelas empresas obedecem a finalidades muito diversas e não visam medir
o desgaste físico e o envelhecimento económico efetivo dos capitais fixos verificado durante
o período. Com efeito, não se trata da amortização contabilística das empresas, mas antes
do desgaste efetivo dos recursos daquela parte do PNB que é necessário pôr de lado para
manter a capacidade de produção da economia.
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N.B.: A distinção feita entre grandezas a preço do mercado e grandezas a custo dos fatores é independente da
distinção entre grandezas brutas e grandezas líquidas. Quer dizer, podemos ter um produto ou rendimento líquido
a preços do mercado ou a custo dos fatores. Além do mais, as qualificações bruto ou líquido referem-se à inclusão
ou não das amortizações.
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rendimento nacional pelo coeficiente da alta ou baixa do nível dos preços. Com efeito,
procura-se evitar que a ilusão monetária conduza a uma leitura errada e enganadora da
realidade.
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2.5. Síntese
Por todas estas razões, o rendimento nacional, ainda que rigorosamente avaliado, não
permite proceder a seguras comparações no espaço, nem a seguras comparações no tempo.
Ainda que rigorosamente avaliado, está sujeito a muitos erros, e a tanto mais quanto mais
imperfeitos forem os serviços de notação estatística.
No entanto, este é um dos casos em que se apura ser possível obter muita verdade
com base num somatório de erros.
Sem dúvida que a problemática do bem-estar material das populações não pode ver-
se desligada do crescimento económico, embora o mero crescimento do PNL não esgote
todas as dimensões do desenvolvimento económico, enquanto caminho para a plena
realização do homem.
Porém, hoje os economistas começam a ter bem presente que nem tudo o que faz
aumentar o PNL pode contabilizar-se como fator de melhoria do bem-estar material dos
povos. Com efeito, ao crescimento económico andam associados custos sociais que, em
regra, as contabilidades nacionais não descontam ao valor do PNL. Assim, vêm-se fazendo
tentativas para se conseguir um processo de medir o bem-estar material mais corretamente
do que é possível fazê-lo com base nas estatísticas do PNL, a título de exemplo, o conceito
de bem-estar económico líquido.
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1. A procura
1.1. A escala da procura e a curva da procura
1.2. Lei da procura decrescente. Efeito-substituição e efeito-rendimento
1.3. Exceções à lei da procura
1.4. A elasticidade-preço da procura
1.4.1. Elasticidade da procura e receita total dos vendedores
1.4.2. A elasticidade da procura e a inclinação da curva da procura
1.4.3. Os fatores determinantes da curva da procura
1.5. A elasticidade cruzada da procura
1.6. A elasticidade-rendimento da procura
1.7. A procura à empresa
2. Oferta
2.1. A noção de oferta e a curva da oferta
2.2. A elasticidade da oferta
2.3. A oferta e os custos de produção
2.3.1. Os custos de produção em período curto
2.3.2. Os custos da produção em período longo
3. Os preços: sua função. A formação do preço: a lei da oferta e da procura
3.1. Função do preço
3.2. A formação do preço: a lei da oferta e da procura
4. Os vários tipos de mercados
4.1. O mercado de concorrência pura e perfeita
4.1.1. As condições da concorrência perfeita
4.1.2. A formação do preço no mercado de concorrência perfeita
4.1.2.1. A análise em período infra-curto
4.1.2.2. A análise em período curto
4.1.2.3. A análise em período longo
4.2. O monopólio e os preços do monopólio
4.2.1. Noção de monopólio
4.2.2. Monopólio legal, natural e de facto
4.2.3. O princípio de Cournot e o preço ótimo de monopólio
4.2.3.1. O princípio de Cournot
4.2.3.2. O equilíbrio custo marginal-receita marginal: preço ótimo de monopólio
4.2.3.3. A receita marginal
4.2.3.4. Moderadores do preço
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IV. MERCADOS E PREÇOS
- A Procura
Quando se fala de lei da procura, pretende-se significar a série das quantidades que
os compradores estão dispostos a adquirir aos vários preços possíveis, ao longo de um
período de tempo determinado.
Há, portanto, uma relação funcional entre a procura e o preço, sendo que a procura é
a variável dependente, enquanto que o preço é a variável independente.
No entanto, não quer dizer que as quantidades procuradas apenas variem em função
do preço. Com efeito, vários fatores influenciam as quantidades procuradas de determinada
mercadoria, que se designam por parâmetros da função. Explicitamente, consideram-se como
condicionantes: as necessidades; os rendimentos das pessoas; o nível dos preços de outros
bens, nomeadamente, bens que substituem esse produto; as expetativas das famílias; e,
ainda, o crescimento ou decrescimento da população.
Assim, note-se que a lei da procura cobre procuras mais ou menos sensíveis a
variações de preço e a procura é mais ou menos sensível a variações do preço em função da
significância com que se produzem os efeitos de substituição e rendimento.
4. A elasticidade da procura
Analisámos o comportamento da procura de um bem perante variações do preço
desse bem e traçámos a curva que ilustra graficamente esse comportamento. Porém, em
muitas situações, não basta conhecer a direção da reação das quantidades procuradas à
variação do preço do bem: é importante conhecer a dimensão (a grandeza) dessa reação.
Esta situações podem compreender-se através do conceito de elasticidade
(elasticidade-preço) da procura que nos dá a medida da variação da quantidade procurada
de um bem perante a variação do respetivo preço. Rigorosamente, o que importa aqui não
são as variações do preço e a quantidade procurada em termos absolutos, mas as variações
percentuais do preço e das quantidades procuradas. Assim, podemos definir elasticidade da
procura como a relação entre as variações percentuais do preço de um bem e as
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avaliar em que medida os bens sucedâneos são próximos um dos outros ou são bens
complementares estreitamente relacionados entre si.
Se os bens forem sucedâneos, o aumento do preço do bem A provocará o aumento
da quantidade procurada do bem B, dizendo-se que a elasticidade cruzada da procura é
positiva, sendo que o valor da elasticidade cruzada será tanto mais elevado, quanto maior for
o grau de sucedaneidade entre os bens considerados.
Por outro lado, se os bens forem complementares, o aumento do preço do bem A
provocará a diminuição da quantidade procurada do bem B, dizendo-se que a elasticidade
cruzada da procura é negativa, sendo que o valor negativo da elasticidade cruzada será tanto
mais elevado quanto mais estreita for a relação entre os bens complementares considerados.
- Oferta
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determinada variação do preço é considerada como a única possível pelos produtores, pelo
que se estes esperam uma variação ulterior do preço, irão restringir a sua oferta, se previrem
uma alta de preços, e irão aumentar a sua oferta, se previrem que os preços vão baixar.
2. A elasticidade da oferta
Tal como vimos para a procura, também quanto à oferta é importante sabermos como
reage a oferta às variações do preço da mercadoria em causa. Para tanto, utiliza-se o conceito
de elasticidade da oferta, que podemos definir como a relação entre as variações percentuais
do preço de um bem e as variações percentuais das quantidades oferecidas desse bem,
admitindo que se mantém constantes todos os outros fatores suscetíveis de influenciar as
quantidades oferecidas.
Diz-se que a oferta é elástica quando o quociente obtido através da fórmula referida é
maior que um, isto é, a oferta varia em maior proporção do que aquela em que o preço variou.
Com efeito, é o que acontece, por exemplo, em casos de mercadorias suscetíveis de comércio
internacional, visto que existe grande quantidade e diversidade de fontes produtivas e
mercados com destino para a produção, pelo que é fácil aumentar a oferta se o preço
aumentar e reduzir se o preço diminuir.
Considera-se que a oferta é inelástica quando o quociente obtido é menor que um, isto
é, varia em menor proporção do que aquela em que o preço variou. Neste tipo de oferta,
enquadram-se os bens perecíveis.
Por último, existe elasticidade unitária da oferta quando esta varia na mesma
proporção do preço.
Existem, ainda, os casos de elasticidade perfeita ou perfeitamente elástica, isto é, a
oferta é igual a infinito, em que ao preço dado os vendedores dispõem-se a oferecer quaisquer
quantidades, compreendendo-se que será impossível verificar-se em todos os níveis
quantitativos da oferta que podemos considerar, uma vez que os recursos disponíveis são
limitais; e os casos de oferta absolutamente inelástica, isto é, igual a zero, em que os
vendedores se dispõem a oferecer a mesma quantidade, qualquer que seja o preço, o que
acontece nos casos dos bens únicos, existentes em quantidade fixa e insuscetíveis de
aumentar através da produção.
Neste sentido, atentemos agora nos fatores que determinam a elasticidade da oferta.
Em primeiro lugar, a existência de stocks: de facto, quando os vendedores possuem
grandes estoques de mercadorias, a oferta é elástica, pois, enquanto houver estoques, pode
responder-se de imediato a um aumento da procura e do preço das mercadorias existentes
em estoque.
Por outro lado, não existindo estoques, a elasticidade da oferta depende da
possibilidade de expansão da produção do bem considerado e esta depende, por sua vez,
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Os custos variáveis são aqueles cujo montante acompanha de algum modo o volume
de produção; são os ustos de todos os fatores cuja quantidade pode ser modificada em
período curto.
Faz-se a distinção entre os custos variáveis cuja variação é rigorosamente
proporcional à da produção total e os custos variáveis cuja variação não é rigorosamente
proporcional.
Com efeito, o custo total global é a soma dos custos variáveis e dos custos fixos.
Por outro lado, os custos médios obtêm-se em relação a uma unidade do produto.
Neste sentido, o custo fixo médio calcula-se dividindo o custo fixo global pela produção
correspondente. A curva do custo fixo médio decresce regularmente à medida que a produção
aumenta, visto que um mesmo custo é dividido por um número cada vez maior de unidades
produzidas.
O custo variável médio calcula-se dividindo o custo variável global pela produção
correspondente. Por aplicação da lei dos rendimentos decrescentes, o custo variável
decresce primeiro, passa por um ponto mínimo, depois cresce.
O custo total médio obtém-se, ou adicionando o custo fixo médio ao custo variável
médio para uma dada produção, ou dividindo o custo total pela produção correspondente. A
configuração da curva dos custos totais médios dependerá da importância relativa dos custos
fixos e dos custos variáveis. Se o custo fixo constituir uma parte importante do custo total,
será a diminuição dos custos fixos médios que dominará o comportamento dos custos à
medida que a produção aumentar; sejam os custos variáveis constantes ou não, o custo total
médio diminuirá de maneira importante num largo volume de produção. Em compensação,
uma empresa em que os custos fixos+º representem uma pequena percentagem do custo
total são as variações dos custos variáveis que dominam o comportamento do custo total
médio.
Por último, o custo marginal é o custo de produção de uma unidade suplementar do
produto. Dever-se-á notar que ele é composto apenas por custos variáveis. A curva do custo
marginal indica a taxa de crescimento do custo total global por cada unidade suplementar do
produto.
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1. Função do preço
Antes de estudarmos os mecanismos da formação dos preços nas economias
capitalistas, interessa conhecer a função do preço nestas economias. Para que serve o preço?
Distinguimos duas classes de bens: exuberantes, isto é, bens que existem em
quantidade superior à precisa para a satisfação das necessidades; e escassos, que existem
em quantidade limitada, inferior à que seria precisa para satisfazer integralmente as
necessidades. Com efeito, a maior parte dos bens que utilizamos são escassos, pelo que se
esses bens não chegam para todos, é necessário decidir que é que deles há-de dispor.
Neste sentido, existem vários sistemas de repartição dos bens económicos: por via de
autoridade; pela ordem das procuras, isto é, os bens são entregues aos que os procuram por
ordem cronológica da sua chegada; e pelo mecanismo do preço, em que os bens são
entregues aos que por eles pagarem preço mais alto.
Compreende-se que se possam repartir os bens pelo mecanismo do preço, pois o
preço é uma quantidade de moeda e a quantidade de moeda de que cada um dispõe é
limitada. Sendo assim, fica limitada pelo preço a procura de bens que cada um pode fazer.
Por fim, note-se que o mecanismo do preço não assegura uma repartição conforme
as necessidades, mas de acordo com a fortuna, riqueza, poder de compra de cada um.
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Ora, estas três primeiras condições definem a concorrência pura, ou seja, pura de
qualquer elemento de monopólio. Consideremos agora as restantes condições que, em
conjunto com as primeiras, permitem definir a concorrência perfeita.
Com efeito, note-se que deve existir perfeita transparência do mercado (publicidade
completa), isto é, os compradores conhecem a curva da procura, ou seja, as disposições dos
ofertantes a cada preço hipoteticamente estabelecido no mercado e os vendedores conhecem
a curva da oferta, igualmente, a cada preço hipoteticamente estabelecido no mercado. Depois,
deve existir perfeita mobilidade dos agentes económicos, ou seja, cada um dos vendedores
pode dirigir a sua oferta a qualquer dos compradores e cada um dos compradores pode dirigir
a sua procura a qualquer dos vendedores. Por último, deve existir, de indústria para indústria,
perfeita mobilidade dos fatores de produção, o que se reflete na existência de mobilidade
perfeita de capital e trabalho, deslocando-se sem custos e sem perdas de tempo de indústria
para indústria.
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No entanto, por que preço? Pelo preço de equilíbrio entre as quantidades que os
vendedores estão dispostos a oferecer e as quantidades que os compradores estão dispostos
a comprar.
Em suma, em períodos infra-curtos, nos mercados perfeitos de concorrência,
estabelece-se um único preço e esse único preço é o preço de equilíbrio entre a oferta e a
procura. Com efeito, é o preço que traduz o equilíbrio entre a oferta e a procura feitas em cada
momento e, como tal, chama-se preço de equilíbrio momentâneo ou, como é o preço que
corre em cada momento que passa, designa-se também por preço corrente.
Ora, da circunstância do preço ser único, vai derivar o fenómeno das rendas: por
virtude da unicidade do preço, os compradores economizam a diferença entre o preço que
estavam dispostos a pagar e aquele por que efetivamente compram. Chama-se a essa
diferença, que é um benefício e constitui como que um rendimento, a renda dos
consumidores. Neste sentido, note-se que se trata de uma renda fugaz, efémera, uma renda
que, na generalidade dos casos, surge e logo desaparece. Os consumidores fazem os seus
cálculos com base em elementos subjetivos, dentre os quais avultam a previsão dos preços.
Por seu turno, os vendedores ganham a diferença entre o preço por que estavam
dispostos a transacionar as mercadorias e aqueles por que efetivamente as vendem, o que
se designa por renda dos vendedores. Com efeito, os vendedores determinam o preço mínimo
a que lhes convém vender, em face de um elemento objetivo, que é o custo de produção.
Normalmente, o mínimo preço por que se dispõem a ceder as mercadorias é o preço
equivalente ao custo. Por oposição ao que acontece com a renda dos consumidores, a renda
dos vendedores não tem que desaparecer com a fixação do preço, já que enquanto os
vendedores transacionarem as mercadorias por mais do que o seu custo, ganharão a
diferença e esse ganho será por eles considerado renda. Assim, a renda dos vendedores é,
em princípio, duradoura, mas só em princípio, porque, tendo lucrado na venda das
mercadorias a preço superior ao custo, o natural é que os vendedores tentem aumentar o seu
lucro, desenvolvendo a produção para mais venderem e ganharem. Depois, o aumento da
produção e, portanto, da oferta, vai provocar a descida do preço e esta fará com que
diminuam, ou até desapareçam, as rendas dos vendedores.
Por fim, note-se que o preço de equilíbrio entre a oferta e a procura realiza o equilíbrio
do mercado, mas que este equilíbrio é momentâneo, passageiro.
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a que se alcança quando a empresa produz as quantidades que obtêm a um custo marginal
igual ao preço de mercado.
Observemos, porém, que a igualação do custo marginal ao preço só interessa às
empresas quando trabalham a custos médios crescentes, pois, enquanto o custo médio é
decrescente, o custo marginal é sempre inferior a ele.
Ora, nenhuma empresa pretenderá igualar o custo marginal ao preço enquanto o custo
marginal for inferior ao custo médio, pois, nesta situação, venderia os artigos fabricados a
preço igual ao custo marginal, mas inferior ao custo médio e sofreria perdas. Deste modo, só
se põe o problema de parificar o custo marginal com o preço, quando aquele seja superior ao
custo médio e o custo marginal torna-se superior ao custo médio na fase dos custos médios
crescentes. Assim, se toda a empresa tem interesse em produzir as quantidades de
mercadorias que pode obter a custo marginal igual ao preço, então, à medida que o preço
sobe, tem interesse em atingir custos marginais cada vez mais elevados e, portanto, aumentar
cada vez mais a sua produção.
Por conseguinte, em períodos curtos as empresas oferecerão, a cada preço, aquela
quantidade de mercadorias cujo custo marginal com cada preço se parifique. Neste sentido,
como a subida do preço permite a produção a custos marginais cada vez mais altos, daí que,
em períodos curtos, a oferta das empresas aumente à medida que o preço suba, no entanto,
com um limite: o que é posto pela capacidade do equipamento.
Por fim, se as empresas têm interesse em oferecer a cada preço as quantidades que
podem produzir a idêntico custo marginal, então, a curva da oferta em períodos curtos é uma
curva das quantidades produzidas aos vários custos marginais.
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N.B.: Da mesma maneira que um vendedor pode controlar a oferta de um produto, um único comprador pode
controlar a procura de um produto: diz-se então que existe monopsónio.
A – O princípio de Cournot
Enquanto para uma empresa em mercado de concorrência o preço é um elemento
determinado, para a empresa monopolista ele é um elemento a determinar. Decerto que o
preço não depende apenas da oferta, mas também da procura, simplesmente, perante a curva
da procura, a empresa monopolista pode estabelecer no mercado o preço a que corresponda
uma procura igual à oferta. Assim, como pode fazer a oferta que quiser, pois é senhora das
quantidades produzidas, ei-la que, conhecendo a procura, fica árbitro do preço.
No entanto, de entre todos os preços a que há procura, qual é o que mais convém à
empresa monopolista, isto é, qual é para ela o preço ótimo? A empresa monopolista tem
espírito de qualquer outra empresa e, por isso, vai tentar conseguir o máximo lucro, vai
escolher o preço que lhe deixe maior excesso de receitas sobre as despesas totais.
Ora, o lucro é igual ao produto das quantidades vendidas pela diferença entre o preço
e o custo total médio de cada unidade. Logo, o preço ótimo será quando for máximo o produto
da equação referida. Com efeito, como as quantidades vendidas dependem da procura, o
preço há-de ser fixado em função destes dois elementos: a procura e o custo.
Neste sentido, note-se que o monopolista não pode agir ao mesmo tempo sobre as
quantidades e sobre os preços: princípio de Cournot. De facto, se fixa as quantidades que
quer vender, é o mercado que lhe diz o preço por que as compra; por outro lado, se fixa o
preço a que deseja transacionar, é o mercado que lhe diz as quantidades que absorve.
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Por fim, repare-se que é por via deste princípio que o preço ótimo não coincide com o
preço máximo, isto é, com o mais alto dos preços a que ainda há procura.
C – A receita marginal
Mas de que depende a receita marginal? Depende da redução do preço necessária
para se venderem mais unidades da mercadoria. E de que depende a redução do preço?
Depende da elasticidade da procura.
Neste sentido, se a procura é muito elástica, basta uma pequena baixa do preço para
que a procura aumente muito e, portanto, para que o monopolista consiga vender as unidades
adicionais; se é pouco elástica, então, exige-se uma redução do preço relativamente grande
para o monopolista conseguir colocar n+1 unidades em vez de n.
Deste modo, conclui-se que, conforme a procura for mais ou menos elástica, assim
será maior ou menor a receita marginal – a concluir que a receita marginal vaira no mesmo
sentido da elasticidade da procura. Com efeito, quanto mais elástica for a procura, mais a
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empresa recebe pela venda de unidades adicionais e menos deixa de receber pela venda de
unidades primitivas.
Se a procura se torna absolutamente inelástica, a receita marginal é sempre negativa,
visto que a empresa não vende mais unidades e passa a vender a preço mais baixo as
unidades que anteriormente transacionava. Além do mais, a receita marginal é ainda negativa
quando a elasticidade da procura se torna menor do que 1, porque o que a empresa recebe
a mais pela venda de mais unidades não chega para cobrir o que ela recebe a menos pela
venda a preço mais baixo das unidades primitivas. Com efeito, não convém ao monopolista
nenhum dos preços que lhe dão receita marginal negativa, pelo que, deste modo, ele vai fixar
sempre o seu preço dentro da zona em que a elasticidade da procura é maior que 1.
D – Moderadores do preço
O preço ótimo corresponde à quantidade ótima, ou seja, à dimensão ótima. Esta
atinge-se pela parificação do custo marginal com a receita marginal. Consequentemente, o
preço ótimo corresponde, também, a essa mesma parificação: é aquele preço ao qual o
mercado absorve uma oferta cujo custo marginal iguala a receita marginal.
Simplesmente, isto será assim quando a empresa monopolista não tiver que suportar
qualquer espécie de concorrência e o monopolista tem, quase sempre, que suportar
concorrências, antes de mais, a concorrência dos sucedâneos. Com efeito, as mercadorias
podem ser, muitas vezes, substituídas por outras na satisfação das necessidades, pelo que
se o preço do monopolista é muito elevado em relação ao preço dos sucedâneos, é natural
que se tente a produção destas últimas mercadorias, ou que os vendedores já existentes
baixem o seu preço, para atraírem a clientela da mercadoria monopolizada.
No caso do monopolista de facto, este conhece também outra concorrência: a
concorrência potencial. Com efeito, se se trata de monopólio de facto, então é possível
constituírem-se outras empresas que produzam a mesma mercadoria e entrem, assim, em
concorrência com o monopolista. Quer dizer: a empresa monopolista é sempre,
potencialmente, objeto de concorrência e esta chama-se, por isso mesmo, concorrência
potencial. Evidentemente, não lhe convém que se formem tais empresas e, como tal, não fixa
o preço que corresponde à parificação custo marginal-receita marginal, mas sim um preço
mais baixo que, embora lhe deixe menores lucros no presente, o ponha ao abrigo de uma
concorrência que lhe pode ser fatal. BAIN chamou a este preço, inferior ao que maximizaria os
lucros da indústria numa perspetiva imediatista, um preço-limite.
A ameaça da concorrência obriga, assim, o monopolista de facto a comedir-se nas
suas ambições. Mas não a comedir-se muito, pois a eficácia da concorrência potencial é
relativamente pequena porque: leva sempre muito tempo a formar-se uma nova empresa; se
exigem capitais avultados para se constituir uma empresa concorrente da detentora do
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monopólio; a nova empresa terá de afrontar os riscos consideráveis para concorrer com o
monopolista, dado que este tem a clientela nas suas mãos.
Por último, uma razão que pode levar o monopolista a limitar voluntariamente o seu
lucro consiste em evitar que, perante o mau ambiente público criado pela prática de preços
considerados de exploração ao consumidor, o estado intervenha no sentido de sanear uma
situação de abuso. Ora, o modo da empresa se antecipar a tais medidas e ataques consiste
em limitar-se na fixação do preço.
B – O fracionamento do mercado
A circunstância de um monopolista vender a mesma mercadoria a preços diferentes
aos diferentes compradores traduz-se no fracionamento do mercado, isto é, na divisão do
mercado em várias secções que equivalem, na prática, a outros tantos mercados.
Com efeito, para que tal seja possível, é preciso que não haja comunicação entre os
mercados fracionários, ou seja, é preciso que nem os compradores possam deslocar-se de
um para outro mercado, nem os produtos e serviços vendidos num deles possam ser
transferidos para qualquer dos restantes. De outro modo, ficaria gorada a política de preço
múltiplo, ou porque todos os compradores passavam a afluir ao mercado onde o preço fosse
mais baixo, ou porque as mercadorias adquiridas nesse mercado podiam revender-se nos
demais.
De facto, o fracionamento é fácil de conseguir e de manter sendo feito no tempo, isto
é, sendo vendida a mercadoria a preços diferentes em diferentes épocas.
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3. A concorrência monopolista
As condições do mercado de concorrência perfeita não se verificam nos mercados
reais. No entanto, é possível encontrar alguma verosimilhança entre este tipo de mercado e
as bolsa de valores, onde são transacionados títulos de crédito: aí, para além da manifesta
homogeneidade dos bens transacionados, é também manifesta a total mobilidade da oferta e
da procura, assim como a publicidade, as quais são realizadas através dos corretores da
bolsa, indivíduos que estabelecem permanente contacto entre compradores e vendedores de
títulos, dando a conhecer, a uns e a outros, e para um certo preço, as suas recíprocas
disposições de compra e venda.
Porém, note-se que mesmo neste caso da bolsa de valores não existe verdadeira
concorrência perfeita, já que falha a publicidade total, pois os compradores e os vendedores
só conhecem as disposições dos vendedores e dos compradores para um certo e
determinado preço e não para os vários preços possíveis.
Na prática, encontramos geralmente um tipo de mercados onde se estabelece uma
concorrência imperfeita.
3.1. Noção
Nos mercados de concorrência monopolista e, à semelhança do que encontrámos na
concorrência perfeita, é ainda bastante grande, embora menor, o número de empresas
existentes no mercado. Contudo, a oferta de cada uma delas tem já influência sensível sobre
o preço, quer porque as empresas são em menor número, quer porque, embora ainda
reduzida, a sua dimensão é já maior do que a concorrência perfeita.
Neste sentido, note-se também que, quanto ao fator facilidade ou dificuldade de
acesso de novas empresas à respetiva indústria, ele apresenta-se em grau bastante variável,
mas não pode falar-se em dificuldade de entrada de novas empresas como elemento
característico deste tipo de mercados.
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com o objetivo de criar uma razão de escolha dos bens por ela vendidos, em vez dos bens
das outras empresas.
Com efeito, esta política das empresas implica despesas que acrescerão ao custo da
produção do produto, despesas que serão tanto mais pesadas, quanto maior for o grau de
sucedaneidade entre os bens vendidos pelas empresas concorrentes da mesma indústria.
Por fim, note-se que se distinguem, segundo EDWARD CHAMBERLIN, dois tipos de
custos: os custos de produção e os custos de venda. Com efeito, os custos de de produção
compreendem todas as despesas que é necessário para criar a mercadoria, para a
encaminhar até ao comprador e pô-la à sua disposição, apta a satisfazer as necessidades –
custos que visam aumentar a oferta, com o objetivo de satisfazer a procura. Por outro lado,
os custos de venda andam ligados à existência de uma política de vendas que pode ser: uma
política de informação do consumidor, destinada a ajudá-lo a fazer a sua escolha; ou uma
política de persuasão ou sugestão, destinada a fornecer ao consumidor uma razão para
escolher determinado bem, em detrimento dos bens similares vendidos por outras empresas,
procurando aumentar as vendas da empresa.
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Assim se passarão as coisas, desde que as outras empresas disponham dos capitais
necessários e estejam dispostas a aplicá-los naquela indústria enquanto ela for lucrativa.
Se uma empresa, uma vez anulados os lucros anormais pela concorrência, os quiser
recuperar, terá de recorrer a campanhas de publicidade ou então lançar um novo produto,
contudo, se os lucros anormais renascerem, todo o processo de refará.
Note-se, no entanto, que, na análise que fizemos, admitimos que todas as empresas
em concorrência monopolista trabalhavam a custos de produção iguais. Se as empresas,
porém, trabalharem com diferentes curvas de custos, mas não houver obstáculos à criação
de novas empresas com curvas de custo idênticas às de qualquer das empresas existentes,
cada uma das empresas sofrerá concorrência de produtos similares fabricados a custos
iguais, até que todas as empresas vendam esses produtos a preços iguais ao custo médio. O
que, em última análise, poderá acontecer é que sejam eliminadas as empresas que trabalham
a custos mais elevados.
Sinteticamente, o preço que a longo prazo se estabelece no mercado de concorrência
monopolista é um preço de equilíbrio entre a procura que se dirige a cada uma das empresas
e a oferta de cada uma delas, cujo custo marginal iguala a receita marginal e cujo custo total
médio iguala o preço.
Isto se não houver obstáculos à construção de empresas com curvas de custo
idênticas às de cada uma das empresas existentes. No entanto, como geralmente os há,
acabará por acontecer que as empresas subsistentes, que trabalham a custos mais altos
(empresas marginais) acabam por vender os produtos ao preço igual ao seu custo médio,
continuando as empresas mais eficientes a vender a preço superior ao custo médio (empresas
intramarginais), percebendo, portanto, lucros anormais.
Como se vê, em concorrência monopolista o preço é superior ao da concorrência
perfeita e as quantidades oferecidas em concorrência perfeita são superiores às oferecidas
em concorrência monopolista. Com efeito, é menor a utilização da capacidade de produção,
significando que todas as empresas produzem menos do que poderiam produzir e que
produzem a um custo médio superior ao custo mínimo. Diz-se, por isso, que o equilíbrio
realizado em concorrência monopolista é um equilíbrio de desperdício.
Por fim, note-se que a ineficiência social da concorrência monopolista traduz-se no
facto de aos custos de produção acrescerem os custos de venda e, ainda, o próprio custo de
produção é maior em virtude da diferenciação do produto.
4. O oligopólio
4.1. Noção
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FIM
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