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PLATAFORMA DIDÁTICA TÉRMICA MULTIDISCIPLINAR PARA CONTROLE,


AUTOMAÇÃO E REDES DE SENSORES

Conference Paper · September 2018


DOI: 10.20906/CPS/CBA2018-1314

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3 authors:

Maxsuel Cunha Thais Silva


Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) Universidade Federal da Paraíba
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Carlos A. de Souza Filho


Universidade Federal da Paraíba
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Design of Thermoelectric Motors View project

Development of an embedded system for fault diagnosis in automobile engine using sound analysis View project

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PLATAFORMA DIDÁTICA TÉRMICA MULTIDISCIPLINAR PARA CONTROLE,
AUTOMAÇÃO E REDES DE SENSORES

Maxsuel Ferreira Cunha∗, Thais Christine Borges da Silva†, Carlos Alberto de Souza
Filho†

Departamento de Engenharia Elétrica - DEE, Universidade Federal de Campina Grande - UFCG,
Rua Aprı́gio Veloso, 882 - Bairro Universitário, 58429-900, Campina Grande, Paraı́ba, Brasil

Departamento de Engenharia Elétrica - DEE, Universidade Federal da Paraı́ba - UFPB,
Cidade Universitária, s/n - Castelo Branco III, 58051-085, João Pessoa, Paraı́ba, Brasil

Emails: maxsuel@ieee.org, thais.silva@cear.ufpb.br, calberto@cear.ufpb.br

Abstract— The aim of this article is to present the development and application of a didactic platform
to the control and automation teaching. This proposed instrument is multidisciplinary and versatile, and it
is able to help students to perform tests with subjects in this field. It has been implemented a structure
consisting of a thermal process, which is composed for a Peltier module, temperature sensors and electronic
circuits. The platform provides a compatibility with Data Acquisition Systems (DAQ), Programmable Logic
Controllers (PLC) or microcontrollers. Besides that, signal conditioning circuits are integrated to platform to
enable using with the sensors: NTC, PT-100 or LM35. Systems identification, controllers tuning, supervisory
control and characterization of temperature sensors are potential topics to address with the structure presented in
this paper. Experimental tests were performed with these topics, where the procedures and results are discussed
in detail aim to verify the multidisciplinary of the proposed platform.

Keywords— Didactic Platform, Control and Automation, Thermal System.

Resumo— Este artigo tem o objetivo de apresentar o desenvolvimento e aplicação de uma plataforma didá-
tica para o ensino de controle e automação. O instrumento de estudo proposto é multidisciplinar e versátil, com
capacidade de auxiliar estudantes na realização de experimentos com temas nesse campo. Foi implementada
uma estrutura formada por um processo térmico, a qual contém um módulo Peltier, sensores de temperatura
e circuitos eletrônicos. A plataforma proporciona compatibilidade necessária para controlar o sistema dinâmico
com placas de aquisição de dados (DAQ), controladores lógicos programáveis (CLP) ou microcontroladores. Além
disso, circuitos de condicionamento de sinais estão integrados à plataforma para possibilitar o uso de sensores
do tipo: NTC, PT-100 ou LM35. Identificação de sistemas, sintonia de controladores, controle supervisório e
caracterização de sensores de temperatura, são potenciais conteúdos que podem ser abordados com a estrutura
apresentada neste trabalho. Experimentos com esses temas foram realizados, onde são discutidos os procedimen-
tos e resultados em detalhe a fim de validar a multidisciplinaridade da plataforma proposta.

Palavras-chave— Plataforma didática, Controle e Automação, Sistema Térmico.

1 Introdução teligente de forma introdutória em laboratório.


Araújo et al. (2005) propuseram outro tipo de sis-
Modelos didáticos são uma importante ferra- tema para o ensino de controle e automação con-
menta de auxı́lio em cursos de engenharia, que sistindo de um secador de grão, onde a tempera-
eleva o aprendizado possibilitando aplicar os co- tura do fluxo de ar é controlada utilizando micro-
nhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula controlador.
(Kolb, 2014). Uma das vantagens de experimen- Sistemas de controle de temperatura encon-
tos em modelos didáticos é familiarizar o aluno tram aplicações em inúmeros setores da indústria
com situações mais recorrentes durante a atuação e da pesquisa. São exemplos da aplicação de dis-
profissional. Atualmente, um dos maiores proble- positivos de controle de temperatura: indústria de
mas encontrados para oferecer experiência prática alimentos, processos quı́micos, usinas de geração
a estudantes de engenharia tem sido o aumento de energia, indústria automobilı́stica ou fabricação
da complexidade e do custo dos equipamentos de de circuitos eletrônicos (Lugão, 2016). Por essas
laboratório (Feisel and Rosa, 2005). razões, a aplicação de controle em sistemas térmi-
Alguns modelos de plataformas didáticas já cos torna-se um problema interessante do ponto
foram propostos, como em Astrom and Ostberg de vista didático, tanto para experimentos em la-
(1986) que propôs um simples sistema de controle boratório quanto para demonstrações em sala de
de nı́vel com o objetivo de ensinar conceitos bá- aula.
sicos de realimentação, modelagem de sistemas e Neste contexto o presente artigo apresenta
técnicas simples de controle. Estes mesmos ob- o desenvolvimento de uma plataforma didática
jetivos foram propostos em Chen and Naughton (PFD) composta por uma planta térmica. O ob-
(2000) com o controle de um servo-motor por meio jetivo desta plataforma é auxiliar na realização de
do software MATLAB® . Zilouchian (2003) de- experimentos em disciplinas de cursos de engenha-
senvolveu experimentos para ensinar controle in- ria, na área de controle e automação. A PFD foi
projetada com intuito de ser flexı́vel o suficiente sonal computer ), [2] sistema digital (e.g. micro-
para operar com sistemas variados. Esta versatili- controlador), [3] circuito de potência, [4] célula
dade permite que a aquisição do sinal de tempera- Peltier, [5] sensor de temperatura e [6] circuito
tura e respectivo controle do atuador, sejam feitos de condicionamento para o sinal do sensor. A re-
através de computadores pessoal (PC) associados gião destacada em pontilhado designa os elemen-
a sistemas de aquisição de dados, controladores ló- tos que constituem a plataforma, e os que estão
gicos programáveis (CLP), microcontroladores ou na parte externa são componentes que podem ser
através de circuitos analógicos montados em pro- escolhidos pelo operador para interagir com a pla-
toboard. Desta forma, é possı́vel abordar conteú- taforma, desde que os padrões estabelecidos pela
dos distintos e multidisciplinares. PFD sejam atendidos. É possı́vel utilizar a PFD
Dentre os possı́veis conteúdos que podem ser de maneira autônoma (sem o PC) com um mi-
explorados com esta plataforma, os seguintes ex- crocontrolador, um CLP ou outro dispositivo de
perimentos são apresentados neste artigo: carac- aquisição e controle. Nesta configuração, o PC
terização de sensores de temperatura, identifica- pode ser incluı́do opcionalmente para monitorar o
ção de sistemas, controle de sistemas dinâmicos processo através de um software supervisório.
e supervisório. Os quais podem ser aplicados em O PC é o elemento que pode ter a função de
diversas disciplinas na área de controle e automa- monitorar e controlar o processo. A comunicação
ção. do sistema de aquisição com o PC é dependente
do dispositivo utilizado. Dessa forma a variável de
2 Descrição da Plataforma processo (temperatura) e a variável manipulada
(tensão) podem ser monitoradas em tempo real.
O processo fı́sico abordado neste trabalho é A manipulação da PFD é feita em malha
uma planta térmica. Para isto o atuador esco- aberta ou fechada. Na operação em malha fe-
lhido foi uma célula de efeito Peltier (ou módulo chada é possı́vel implementar um controlador de
de Peltier, MP), o qual converte energia elétrica temperatura no próprio PC, CLP ou em um mi-
em térmica. A plataforma contém: circuitos de crocontrolador. Para malha aberta pode-se em-
condicionamento para o sinal dos sensores de tem- pregar conceitos de instrumentação, na calibração
peratura, circuito de potência para acionamento e de sensores de temperatura, ou de identificação de
para o sistema de arrefecimento do atuador, cir- sistemas para modelagem da planta.
cuitos auxiliares e uma estrutura mecânica de acrı́- O sistema digital, referenciado por [2], con-
lico. Os circuitos auxiliares foram implementados siste no dispositivo responsável por realizar a aqui-
a fim de torná-la versátil, sendo compatı́vel com sição dos valores de temperatura e controlar a
vários tipos de sensores de temperatura e dife- plataforma. Apesar da PFD oferecer liberdade
rentes sistemas digitais para operação da PFD. para escolher o equipamento a ser utilizado, al-
Dessa forma, pode-se utilizar: CLP (Controla- guns mais usuais foram definidos para testá-la, e
dor Lógico Programável), microcontroladores (e.g. assim os requisitos de faixa de operação do sis-
TIVA TM4C1294), ou dispositivos de aquisição de tema foram estabelecidos. Nas próximas seções
dados (e.g. NI USB-6009). A PFD desenvolvida serão apresentados experimentos com os disposi-
está ilustrada na Figura 1. tivos que foram utilizados, sendo eles: CLP, placa
de aquisição NI USB-6009 e placa de desenvolvi-
Bloco de Alumínio mento TIVA 1294. É possı́vel utilizar uma con-
figuração onde a medição da variável de processo
Dissipador Peltier
seja feita por um dispositivo (ex: microcontrola-
dor) e o controlador seja implementado em outro
Protoboard
(ex: CLP). Desta forma, pode-se realizar expe-
rimentos com controle em rede para analisar in-
fluência de tempo de atraso e outras caracterı́sti-
cas inerentes da rede.
Uma única placa de circuito impresso (PCI)
acomoda os itens [3] - [6], além de outros circuitos
Placa de
Aquisição auxiliares. O circuito de potência [3] é respon-
USB609
TIVA 1294
sável por fornecer energia suficiente para alimen-
tar a célula Peltier a partir dos sistemas digitais.
Este circuito é formado por um conversor estático
Figura 1: Plataforma desenvolvida. com topologia em ponte H que emprega modula-
ção PWM (Pulse Width Modulation). Além de
A arquitetura de hardware da PFD desenvol- apresentar uma eficiência mais elevada se compa-
vida pode ser representada pelo diagrama de blo- rado com circuitos lineares (fonte de tensão va-
cos da Figura 2. Os ı́ndices de cada bloco corres- riável), a sua implementação se deu também pela
pondem aos seguintes componentes: [1] PC (per- possibilidade de controlar o sentido da corrente a
Figura 2: Esquemático em diagrama de blocos com os componentes da plataforma didática.

partir de uma fonte CC simples. Desta forma, o nada região ou objeto, seja em larga ou pequena
circuito interpreta um sinal binário (1 ou 0) para escala, como em caldeiras ou produtos farmacêuti-
definir a polaridade e outro (PWM) para modifi- cos (Bidoia, 2005). Em alguns casos, pequenas va-
car o nı́vel do valor da tensão média. riações de temperatura podem causar muito pre-
O condicionador de sinal ([5]) foi projetado juı́zo financeiro (Lugão, 2016).
para tratar o sinal proveniente do sensor de tempe- Na indústria automotiva faz-se necessário rea-
ratura, considerando que o mesmo apresente sen- lizar o controle adequado da temperatura para as-
sibilidade de 10 mV /◦ C. Esta escolha foi para segurar a fixação de emblemas da empresa na car-
permitir a conexão direta de sensores baseados em roceria dos veı́culos, como mostrado por de Souza
junção PN, como o LM35 que apresenta esta sensi- et al. (2015). O sistema dinâmico desse processo
bilidade. Desta forma, a entrada do condicionador é formado por uma estufa, onde foram utilizados
é um sinal de tensão na faixa 0 − 1 V , para uma um sensor de temperatura termoresistivo PT-100
variação de temperatura 0 − 100 ◦ C. Qualquer e um resistor para fornecer calor.
tipo de sensor de temperatura pode ser utilizado No campo de pesquiza existem inúmeras apli-
na plataforma, desde que se projete um circuito de cações para controle de temperatura, como por
condicionamento externo à PFD para adequar sua exemplo em um sistema de ciclagem térmica para
saı́da à faixa de entrada determinada pelo condi- verificar o comportamento de materiais de ligas
cionador. O condicionador tem duas saı́das inde- com memória de forma (Emiliavaca et al., 2012).
pendentes, uma que varia entre 0, 0 V e 3, 3 V e Nesse estudo foi empregado um controlador fuzzy,
outra na faixa 0 − 10 V . Esses valores são padrões termopares do tipo K como sensores e MP como
de entrada do ADC (Analog-to-Digital Converter ) atuador.
para a maioria dos microcontroladores e CLPs. O Em medições de propriedades de lı́quidos uti-
circuito desenvolvido para [5] é formado por um lizando ultrassom a variação da temperatura se
filtro passa baixas (de segunda ordem projetado torna crucial para extração dos dados, pois a ve-
com aproximação Butterworth) e um amplificador. locidade é muito sensı́vel a esse parâmetro, tor-
Os outros circuitos auxiliares presentes na nando a medição imprecisa. No trabalho relizado
PCI têm o objetivo de minimizar a necessidade por Lugão (2016) é desenvolvido um controlador
de placas externas ( ou quaisquer circuitos) para clássico do tipo PID com tolerância à oscilação
manuseio da PFD. Algumas restrições como nı́veis máxima em regime permanente de 0, 01 ◦ C. Para
de tensão\corrente de entrada e saı́da, conectores isso foi utilizado um MP para fornecimento de ca-
ou potência, compatı́veis com diferentes equipa- lor e sensores do tipo RTD para ler a temperatura
mentos são contornados com essa PCI. Pode-se no fluido.
citar o caso em que deseja-se utilizar um CLP, si- No trabalho Sarmento (2016) objetivou-se
nais de saı́da na faixa de 0 − 24 V e de 0 − 10 V identificar o modelo dinâmico de um sistema for-
de entrada, ou um microcontrolador, que suporta mado por dois MP para estudos de controle em es-
na entrada\saı́da sinais na faixa 0 − 3, 3 V . Além cala laboratorial. Para isso foi utilizado um sensor
disso, proveu-se um isolamento galvânico com op- do tipo junção P-N para fornecer a realimentação
toacopladores para fornecer proteção, separando do sistema de controle.
os referênciais entre os circuitos de instrumenta-
Dada a relevância desse tipo de processo na
ção e de potência.
perspectiva de engenharia, a plataforma didática
apresentada neste artigo faz uso de uma planta
3 Planta Térmica térmica. Nesta planta o atuador responsável por
gerar calor é um dispositivo termoelétrico, deno-
Os processos térmicos são amplamente uti- minado célula Peltier. Do ponto de vista de teo-
lizados na engenharia, seja em ambiente indus- ria de controle, esse sistema apresenta caracterı́sti-
trial ou para fins de pesquisa (Lugão, 2016; Riffat cas dinâmicas interessantes para serem explorada
et al., 2001). De modo geral, esses sistemas consis- como: não-linearidades, atraso de transporte, va-
tem em controlar a temperatura de uma determi- riação com o tempo e etc. O estudante pode re-
alizar experimentos para aprender a dimensionar de carga e a face onde o calor é rejeitado e absor-
circuitos de potência para o acionamento dessas vido, a qual depende do sentido de I (Nanophysics
células, escolher e caracterizar sensores de tempe- Group, 2015).
ratura, desenvolver projeto de controladores, re-
alizar sintonia da planta ou implementar um su- 3.2 Modelo Dinâmico
pervisório.
O modelo dinâmico para os MP é bastante
complexo pela presença de diversas não lineari-
3.1 Célula de Efeito Peltier
dades no processo. A equação 1 descreve o ba-
As células que utilizam propriedades termo- lanço de energia para a diferença de temperatura
elétricas, ou seja, conversão de energia elétrica (T ) entre as faces do módulo e a corrente (I) que
em térmica (efeito Peltier), e térmica em elétrica o atravessa (Huang and Duang, 2000). As não-
(efeito Seebeck), são atuadores bastante utiliza- linearidades estão presentes principalmente nas
dos para fornecimento (ou absorção) de calor a variações das propriedades do material com a tem-
um corpo. Estas células são disponibilizadas co- peratura e produtos entre variáveis.
mercialmente e encontram-se em diversos sistemas
de controle de temperatura. Comparando-as com
∂T (x, t) ∂ 2 T (x, t) τ ∂T (x, t) I2
sistemas termomecânicos, há uma série de vanta- Cγ =k − I + ρ
gens, as quais pode-se destacar: não possuem par- ∂t ∂x2 A ∂x A2
(1)
tes móveis, são silenciosas, são de alta confiabili- onde C é o calor especı́ficio, γ é a densidade, τ é co-
dade, são bastante estáveis e não produzem dano eficiente de Thomson, ρ é a resistividade elétrica,
ao meio ambiente (Nanophysics Group, 2015). k é a condutividade térmica e A é a área da seção
O efeito Peltier foi descoberto em 1834 por transversal do material termoelétrico (Huang and
Jean C. A. Peltier e o princı́pio de funcionamento Duang, 2000).
é dado pela geração de um gradiente de tempera- Apesar da complexidade do modelo completo
tura quando uma junção de dois materiais distin- apresentado pela equação 1 a relação entre tem-
tos é percorrida por uma corrente elétrica. Dentre peratura e tensão elétrica, para uma determi-
os materiais utilizados, os semicondutores (jun- nada faixa de operação, pode ser simplificada por
ções P-N) apresentam uma melhor relação entre um sistema de primeira ordem com atraso. Este
condutividade térmica e elétrica, sendo esta uma modelo é aceitável em muitas aplicações e sim-
figura de mérito para a eficiência deste efeito. Este plifica bastante o projeto de controladores, po-
efeito se eleva através de conexões entre várias jun- dendo ser representado pela equação 2 (Mannella
ções de semicondutores, de forma que estejam dis- et al., 2014).
postas eletricamente em série e termicamente em
paralelo, formando os que são conhecidos por mó- ∆T Ke−sτ0
dulo Peltier (MP) (ou célula Peltier), como apre- Go (s) = = (2)
D ν0 s + 1
sentado na Figura 3 (Nanophysics Group, 2015)
onde K é uma constante que depende das pro-
(Rowe, 1995).
priedades do módulo, D é o ciclo de trabalho do
sinal PWM, τ0 é o atraso de transporte e ν0 é a
Junção Quente Junção Quente constante de tempo, ambos em segundos. Neste
modelo a saı́da é a temperatura em uma das fa-
ces (denominada de quente) enquanto que a ou-
Fluxo
de
Fluxo
de
tra é mantida constante (geralmente emprega-se
calor
calor
um dissipador com um cooler ). A entrada D tem
Junção Fria Junção Fria Junção Fria
uma relação direta com a tensão média aplicada
ao módulo. Utilizando-se o modelo da equação 2
pode-se projetar controladores do tipo PI clássico
capazes de fornecer resultados de dinâmica e erro
Figura 3: Módulo Peltier comercial e esquemático. em regime permanente satisfatórios.
O módulo de Peltier utilizado neste trabalho é
Em uma face de um MP o calor é rejeitado o modelo comercial TEC-12706 de 60 W , com ten-
e na outra o calor é absorvido. Este processo é são de operação 0 − 15, 2 V , corrente de operação
termicamente reversı́vel, isso provém do fato de 0 − 6 A e dimensões 40 x 40 mm.
que quando uma corrente elétrica I percorre o
módulo e atravessa uma junção, há um ganho e 4 Experimentos
perda de energia cinética, onde há uma maior do-
pagem em uma das faces e menor na outra. Essa Uma série de experimentos foi realizada para
taxa de transferência de calor é proporcional a I comprovar a viabilidade e versatilidade da PFD.
e a uma constante que depende do material. A A plataforma experimental durante o uso em um
Figura 3 demonstra o movimento dos portadores dos ensaios está ilustrada na Figura 4.
CLP

IHM

Supervisório
PFD no PC

Figura 4: Plataforma experimental aplicada em um dos ensaios.

Inicialmente foi realizada a identificação da pliação de parte da imagem e foi acrescentado para
planta para obtenção do modelo matemático. Em visualizar-se a diferença entre os dois modelos e a
seguida foi utilizado um método heurı́stico de sin- curva real.
tonia para calcular os parâmetros do controla- A aproximação pelo sistema de primeira or-
dor. Com o controlador sintonizado o sistema dem com atraso (MPO) obteve um percentual de
em malha fechada foi implementado em um PC ajuste de 97, 34%, enquanto que a do modelo de
com placa de aquisição de dados e no CLP S7300 segunda ordem com atraso o valor foi de 97, 48%.
da Siemens disponı́vel no laboratório. Uma in- Os valores obtidos para os parâmetros do MPO
terface homem máquina e um supervisório foram foram K = 0, 76, τ0 = 4, 30 s e ν0 = 142, 98.
desenvolvidos para permitir interação com usuá- Observa-se que a elevação da ordem não gerou
rio. Com o sistema devidamente controlado foi uma melhoria significativa no ajuste, o que com-
possı́vel utilizar a PFD para caracterização de sen- prova que o MPO é adequado para representar o
sores de temperatura, mudando-se a referência e sistema.
medindo-se a resposta do sensor.
Os experimentos de identificação da planta, 44

caracterização de sensores e sintonia de controla- 42


Segunda Ordem
Primeira Ordem
Valor Experimental
dores, foram realizados com a PFD conectada ao
40
PC através da placa de aquisição de dados com 41.66
Temperatura ( °C)

38
auxı́lio do LabVIEWTM . 41.64

41.62
36
41.6

34
41.58
4.1 Identificação 41.56
32
41.54
A identificação de sistemas é bastante útil 30
41.52
415 420 425 430 435
quando necessita-se construir o modelo matemá- 28 Time
0 100 200 300 400 500 600
tico da planta a partir de dados experimentais. Tempo (s)

O sistema utilizado apresenta um comportamento


não linear descrito na seção 3.2. Entretanto, para Figura 5: Resposta ao degrau para identificação
os propósitos deste trabalho a identificação foi re- da planta.
alizada com a aproximação da planta por um mo-
delo de primeira ordem com atraso descrito pela
4.2 Sintonia de Controladores
equação 2. Esta aproximação foi adotada para
servir como base para comparação com método Métodos heurı́sticos de sintonia de controla-
de sintonia de utilizado. dores são amplamente utilizados quando se desco-
A identificação da planta foi realizada nhece o modelo da planta e precisa-se projetar o
utilizando-se a ferramenta System identification controlador em curto perı́odo de tempo. Alguns
do toolbox de identificação do MATLAB® . Os controladores industriais já apresentam recursos
resultados obtidos estão ilustrados na Figura 5. de auto sintonia para facilitar sua instalação no
O sistema foi submetido em malha aberta a um sistema. Neste trabalho foi utilizado o método
degrau de 20% na entrada. Pode-se visualizar clássico de Ziegler-Nichols usando a curva de re-
que os modelos utilizados apresentam o mesmo ação baseado na resposta ao degrau. Este mé-
comportamento dos dados obtidos experimental- doto aproxima o comportamento da planta real
mente. O gráfico inserido na Figura 5 é uma am- por um modelo de primeira ordem com atraso ex-
presso pela Equação 2. Os parâmetros do contro- 60
lador são calculados em função do comportamento Referência

obtido com a aplicação do degrau na entrada de 50


Temperatura Atual

acordo com a Tabela 1 (Goodwin et al., 2001).

T emperatura( ° C)
40

Tabela 1: Parâmetros do controlador. 30

Controlador Kp Tr Td
ν0 20
P K0 τ0
PI 0.9 Kν00τ0 3τ0 10
0 100 200 300 400 500 600 700 800
PID 1.2 Kν00τ0 2τ0 0.5τ0 Tempo (s)

−y0 Figura 7: Resposta da planta com controlador PI.


onde K0 = uy∞ ∞ −u0
, τ0 = t1 − t0 e ν0 = t2 − t1 .
A Figura 6 ilustra o comportamento obtido para
aplicação de um degrau de 20% no ciclo de traba- 4.3 Controle e Supervisório
lho da onda PWM que controla o MP.
Dentre as diversas possibilidades de utiliza-
ção da planta didática proposta, a aplicação para
sistemas de automação com controladores indus-
Saída PWM (%)

20

10 triais permite ao aluno vivenciar problemas reais


0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 encontrados em ambiente de campo. Para validar
t (s)
44 a proposta foi desenvolvido um sistema de controle
42
t2
e supervisório completo composto por um PC, um
40

38
CLP S7300 e uma IHM da Siemens TP700 Con-
29
fort. O software de desenvolvimento utilizado foi o
T ( ° C)

36
T ( ° C)

28.5

34
28
TIA Portal V13. O controle da plataforma é feito
t0 t1
32
27.5
20 22 24 26 28 30 32
t (s) pelo CLP que se conecta a IHM e ao PC através
30
de uma rede Profinet de acordo com a topologia
28

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 t (s) ilustrada na Figura 8.

Figura 6: Respostas de entrada e saı́da para sin-


tonia do controlador.

Através do comportamento ilustrado na Fi-


gura 6, determina-se t0 = 24, 00 s, t1 = 28, 05 s,
t2 = 174, 37 s, u0 = 0, u∞ = 20, y0 = 28, 47 e
y∞ = 41, 92. Com estes valores calcula-se os pa-
râmetros do modelo da planta τ0 = t1 − t0 = 4, 05
s, ν0 = t2 − t1 = 146, 32 s e K = (y∞ − y0 )/(u∞ −
u0 ) = 0, 67. Estes valores estão bem próximos aos
obtidos pela identificação realizada descrita na se-
ção 4.1. Para um controlador PI os parâmetros Figura 8: Controle e supervisório com CLP.
calculados foram Kp = 43, 35 e Tr = 12, 15 s.
Utilizando os parâmetros obtidos, foi implem- Todos os dispositivos são conectados a um
netado o controlador PI no LabVIEWTM e fe- Switch presente no laboratório formando uma rede
chada a malha de controle para gerar o sinal PWM local. O CLP foi programado em Ladder para ad-
e de direção da ponte H. O comportamento do sis- quirir o valor do sensor de temperatura e gerar o
tema em malha fechada está ilustrado na Figura 7. sinal de PWM e de direção necessários para con-
A planta foi submetida a pontos de operação de 35 trolar o módulo de Peltier. A saı́da de 0 − 10 V

C, 45 ◦ C, 55 ◦ C, 45 ◦ C, 35 ◦ C, 25 ◦ C e 15 ◦ C res- presente na PFD foi conectada a entrada analógica
pectivamente. Pode-se visualizar que a resposta 0 do CLP. Para controlar o atuador foi utilizado a
obtida muda de acordo com a faixa de tempera- saı́da digital 0 com o sinal PWM e a saı́da digital
tura. Este resultado é esperado para a resposta 1 para controlar a direção da corrente no módulo
em malha fechada de um contralador PI clássico de Peltier.
com atuador não linear. Isto ocorre quando a re- Em ambientes industriais a operação local da
ferência se afasta do valor ao qual o controlador planta é feita através de uma IHM presente pró-
foi linearizado ou sintonizado. Entretanto, o con- xima ao sistema. Com este objetivo foi desenvol-
trolador apresenta desempenho satisfatório man- vida uma interface para a IHM TP700, que possi-
tendo a saı́da no valor do ponto de operação sele- bilita ao usuário visualizar os valores de tempera-
cionado. tura e alarmes, além de poder modificar os ganhos
dos controladores e o ponto de operação. A inter- do modelo teórico sobreposta. Através de um
face desenvolvida pode ser visualizada na Figura ajuste de curvas foram determinados os parâme-
9. tros da equação 3, obtendo-se R0 = 100, 446 Ω
e α = 0, 00376 Ω/Ω◦ C, configurando um erro de
2, 34% com relação ao valor teórico de α.

126 8000
Experimental
124 Estimada
7000 Linearizada

122
6000

120

RPT100 ( )

RNTC ( )
5000
118
4000
116

3000
114

112 Experimental 2000


Estimada

110 1000
30 40 50 60 70 300 310 320 330 340
Temperatura (°C) Temperatura (K)
Figura 9: Interface Homem-Máquina.
Figura 10: Caracterização do PT-100 e do NTC.
A Figura 9 é uma fotografia real da IHM insta-
lada no laboratório. A janela ilustrada possui um
Os NTC são termistores que apresentam dimi-
gráfico de tendência, um indicador do valor atual
nuição de sua resistência elétrica com o aumento
de temperatura e outro para controlar o ponto de
da temperatura, ou seja, possuem um coeficiente
operação. É possı́vel visualizar a ação do contro-
negativo que relaciona as duas grandezas. O com-
lador implementado mantendo o valor da saı́da de
portamento do NTC pode ser representado atra-
acordo com o ponto de operação selecionado. O
vés da Equação 4.
comportamento obtido é similar ao ilustrado na
Figura 7. 1 1
RT = R0 eβ( T − T0 ) (4)
O supervisório desenvolvido apresenta inter-
face similar à confeccionada para a IHM, com as onde RT é a resistência elétrica para uma tempe-
devidas alterações para se visualizar através de um ratura T (em K, Kelvin), R0 é o valor da resis-
PC. O supervisório foi instalado no PC com ende- tência na temperatura de referência T0 e β uma
reço IP indicado na Figura 8. Entretanto, como o constante que depende do material do termistor.
sistema está em rede local pode-se instalar o su- O gráfico mostrado na Figura 10 contém as cur-
pervisório em qualquer computador do laborató- vas experimental, estimada e linearizada para o
rio. Outra possibilidade é a criação de um banco NTC. A linearização da curva foi realizada atra-
de dados para armazenar as informações obtidas vés de uma resistência em paralelo Rp com o
da plataforma didática. sensor, calculada utilizando-se o método dos três
pontos equidistantes. O valor encontrado foi de
4.4 Caracterização de Sensores de Temperatura Rp = 4, 896 kΩ. Com o modelo linearizado há
redução na não linearidade do sensor, porém o
Foram utilizados para caracterização sensores mesmo acontece com a sensibilidade. Os parâm-
de temperatura termoresistivos do tipo PT-100 e tros estimados foram β = 3.697 e R0 = 9, 556
NTC (Negative Temperature Coefficient). Nesta kΩ para um T0 = 25 ◦ C, o que está dentro das
caracterização uma faixa de temperatura de 25, 0 especificações encontradas em NTC comerciais.

C a 65, 0 ◦ C, com o multı́metro Agilent 1252
como referência, foi utilizada.
Os sensores do tipo PT-100 são amplamente 5 Conclusões
utilizados nos processos industriais e laboratoriais
devido a sua elevada estabilidade e repetibilidade, A principal contribuição deste trabalho ad-
resposta praticamente linear, alta precisão e uma vém da deficiência presente em laboratórios em
ampla escala de temperatura. A resistência do oferecer situações práticas para aplicação dos con-
sensor (RT ) pode ser calculada pela equação 3. teúdos. A PFD proposta supri esta necessidade, o
que pôde ser comprovado através dos experimen-
RT = R0 (1 + αT ) (3) tos realizados. Os resultados obtidos foram bem
próximos aos modelos teóricos, o que comprova a
onde R0 é o valor da resistência a 0 ◦ C e α é viabilidade e versatilidade da PFD. A capacidade
uma constante, denominada de coeficiente térmico da PFD não se limita aos experimentos apresen-
(Balbinot and Brusamarello, 2010). De acordo tados, podendo ser utilizada em uma ampla varie-
com a norma IEC751 (padrão universal), para a dade de aplicações. A não linearidade da planta a
platina α é 0, 00385 Ω/Ω◦ C. É apresentado na torna atrativa para a aplicação de técnicas de con-
Figura 10 o resultado da caracterização e a curva trole mais avançadas como fuzzy, controle adapta-
tivo, controladores não lineares entre outros con- de Souza, L. C., da Rocha, A. F. F. and Viana,
troladores inteligentes. Entretanto, como demons- T. N. (2015). Análise da implementação do
trado nos experimentos, é possı́vel o emprego de controle de temperatura em uma indústria
controladores clássicos e técnicas de sintonia rela- automotiva.
tivamente simples.
A utlização de padrões industriais para de si- Emiliavaca, A., Cavalcanti, M. B. D., Vilar, Z. T.,
nais de entrada e saı́da torna a PFD flexı́vel para de Araújo, C. J., dos Reis, R. P. B. and
o uso de dispositivos como CLP, PC, placas de da Rocha Souto, C. (2012). Desenvolvi-
aquisição e microcontroladores. Isto possibilita ao mento de um dispositivo para ciclagem tér-
estudante realizar projetos e ações mais próximas mica usando módulo peltier, Congresso Na-
a realidade encontrada na indústria, inclusive com cional de Engenharia Mecânica - CONEM.
a utilização de equipamentos industriais. A pre- Feisel, L. D. and Rosa, A. J. (2005). The role of
sença de conexões adequadas na PCI desenvolvida the laboratory in undergraduate engineering
torna a ligação para estes equipamentos bastante education, Journal of Engineering Education
simples e rápida. 94(1): 121–130.
A conexão com um microcontrolador,
TM4C1294 por exemplo, permite que seja re- Goodwin, G. C., Graebe, S. F. and Salgado, M. E.
alizado um controle embarcado, podendo ser (2001). Control system design, Upper Saddle
trabalhado conceitos de aquisição de dados, River p. 13.
programação, sistemas embarcados e redes de
Huang, B. and Duang, C. (2000). System dynamic
sensores. Como o TM4C1294 possui placa ether-
model and temperature control of a thermo-
net é possı́vel também construir soluções para
electric cooler, International journal of refri-
internet das coisas e industria 4.0.
geration 23(3): 197–207.
Kolb, D. A. (2014). Experiential learning: Expe-
Agradecimentos
rience as the source of learning and develop-
Os autores gostariam de agradecer a disponi- ment, FT press.
bilidade oferecida pelos Laboratório de Automa- Lugão, J. R. L. (2016). Controlador de tempe-
ção e Controle (LAC) e Laboratório de Sistemas ratura para célula de medição de proprieda-
e Estruturas Ativas (LaSEA), ambos da UFPB. des de lı́quidos por ultrassom, Master’s thesis,
Universidade Estadual Paulista (UNESP),
Referências Ilha Solteira.
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Araújo, T., de Sousa Filho, C. A., Lima, A.
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