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Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável

http://www.gvaa.com.br/revista/index.php/RVADS
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
DOI: http://dx.doi.org/10.18378/rvads.v9i5.3421

Alimentação de abelhas Apis mellifera L. (Africanizadas) no período de estiagem, no


Semiárido Nordestino, Brasil*

Feeding bees Apis mellifera L. (Africanized) in the dry season in the semi-arid
Northeast, Brazil

Daniel Santiago Pereira¹, Martin Lazcano Hernández², Anderson Bruno Anacleto de Andrade³, José da Silva Sousa4, Patrício
Borges Maracajá5

RESUMO: A Caatinga é caracterizada por apresentar-se verdejante durante o período de chuvas e esbranquiçada e sem folhas
durante o período seco, em tese, possui vegetação que pode suprir as necessidades energética e proteica dos enxames de
abelhas africanizadas (Apis mellifera L.). Isto é justificado pelo fato de se encontrar os extratos arbustivos, herbáceos e
arbóreos durante todo o ano em algumas regiões onde a antropização não ocorreu. Além da antropização, os períodos cíclicos
de seca extrema ainda proporcionam grandes perdas na atividade apícola, isto por que os apicultores não aplicam as técnicas
mínimas necessárias para a mantença dos enxames de abelhas durante a entressafra na Caatinga. Outras informações, como as
necessidades fisiológicas das abelhas também não são conhecidas pela maioria dos apicultores, resultando para a região
nordeste, um baixo número de apicultores que fazem uso da alimentação artificial para reduzir as perdas de enxames nos
apiários. Tendo em vista estes aspectos, foi realizado um levantamento bibliográfico com o intuito de obter informações de
cunho científico sobre os aspectos nutricionais das abelhas e as alternativas para suplementação alimentar durante os períodos
de seca no nordeste brasileiro.

Palavras chave: suplementação alimentar; Caatinga; abelhas africanizadas.

ABSTRACT: Caatinga is characterized for presenting up green during the rainy season, whitish and without leaves during the
dry season, in theory, it has vegetation that can supply the energy and protein requirements of swarms of Africanized bees
(Apis mellifera L.). This is justified by the fact of finding the shrubby, herbaceous and arboreal extracts throughout the year in
some regions where human disturbance has not occurred. In addition to human disturbance, cyclical periods of severe drought
still provide great losses in beekeeping, this why the beekeepers do not apply the minimum technical necessary for the
mantainance of swarms of bees during the off season in the Caatinga. Other information, such as the physiological needs of
bees are also not known to the majority of beekeepers, resulting to the Northeast, a low number of beekeepers who use
artificial feeding to reduce the loss of swarms in apiaries. Considering these aspects, a literature review was conducted with the
aim of obtain of a scientific nature of information on the nutritional aspects of bees and the alternatives to food
supplementation during periods of drought in northeastern Brazil.

Keywords: food supplementation; Caatinga; Africanized bees.

*Este trabalho foi apresentado no formato de palestra durante o evento PEC NORDESTE/2012, e disponibilizado no endereço:
http://www.pecnordestefaec.org.br/wp-content/uploads/2012/05/Alimenta%C3%A7%C3%A3o-de-abelhas-Apis-mellifera-L.-Africanizadas.pdf
___________________
*Autor para correspondência
Recebido para publicação em 10/12/2014; aprovado em 22/12/2014
¹Téc. em Agropecuária – Eng.° Agrônomo, Doutor em Ciência Animal. Pesquisador em Sistemas Sustentáveis: Apicultura Sustentável – Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária, Embrapa Amazônia Oriental, Belém-PA, Brasil. E-mail: daniel.pereira@embrapa.br
²Mestre em Ciência e Tecnologia dos Alimentos. Professor Pesquisador da Faculdade de Ciências Químicas. Edif. 105E Cd. Universitaria, Benemérita
Universidad Autónoma de Puebla, Puebla. México. E-mail: lazmar@gmail.com
3
Graduando em Agronomia na Universidade Federal de Campina Grande, Pombal-PB, Brasil. E-mail: bdeandrade3@gmail.com
4
Eng.º Agrônomo, Mestre em Sistemas Agroindustriais. E-mail: silva_agronomo@hotmail.com
5
Engº. Agrônomo, D. Sc. Professor / UFCG-PB, Brasil. E-mail: patrício@ufcg.edu.br

Revista Verde (Pombal - PB - Brasil), v 9, n. 5 , p. 117 - 119, dez, 2014


Daniel Santiago Pereira et al.

INTRODUÇÃO Não obstante, algumas informações sobre nutrição


essencial das larvas foram obtidas através de várias
A identificação da flora apícola, época e período do seu experiências, nas quais a quantidade de comida ou sua
pico de floração, são de fundamental importância para o composição foi manipulada. De larvas de operárias mal
sucesso da apicultura em qualquer região do mundo, porém a alimentadas nascem adultos anões, e a falha no
qualidade deste pasto é um fator determinante para eficiência desenvolvimento é alta, se for fornecida menos que 65% da
da atividade apícola. A espécie de abelha mais explorada com quantidade normal de comida. A má alimentação e adultos
finalidade econômica no Brasil, Apis mellifera L. anões podem ocorrer, quando néctar e pólen estão escassos,
(africanizada), procura concentrar esforços em poucas as colônias estão doentes, a cria começa a ser desenvolvida
espécies vegetais cujas floradas propiciem altos ganhos muito cedo na primavera ou as colônias tem baixa população
energéticos via néctar (SCHIMID-HEMPEL, 1987; SOUSA, de operárias, fatores todos que reduzem a quantidade ou
2011). qualidade da comida de cria Winston (2003, apud JAY, 1964
As espécies de plantas encontradas em áreas de Caatinga, b).
algumas em maiores quantidades que outras, apresentam um Experiências nas quais as abelhas foram privadas de
bom aporte alimentar (néctar e pólen) para as abelhas, porém proteína demonstraram a importância do pólen para operárias
dentre as espécies observadas, apenas uma pequena adultas. A falta de proteína para os primeiros 8 a 10 dias de
quantidade flora na época da seca, diminuindo a oferta de vida de adulto resulta em menor tempo de vida, Winston
pasto apícola e favorecendo o abandono das colmeias pelas (2003, apud HAYDAK, 1937 a, b; MAURIZIO, 1950, e
abelhas. A prática do enriquecimento com espécies de plantas referencias citadas; De GROOT, 1951; WEIS, 1984) e
adaptadas a região surge como alternativa para aumentar a desenvolvimento deficiente das glândulas hipofaringeas e dos
oferta de alimento na época seca e evitar o abandono das corpos gordos, Winston (2003, apud De GROT, 1953;
colmeias pelas abelhas. As principais plantas identificadas MAURIZIO, 1950, 1954; BACK, 1956; HAYDAK E DIETZ,
como melíferas encontradas em áreas de caatinga foram: 1965; HAYDAK, 1970; O ANDERSON E DIETZ, 1976).
marmeleiro, bamburral, vassourinha de botão, sabiá, juazeiro, A alimentação de operárias adultas com vitamina C
pau branco, jurema, algaroba, etc. (SOUSA, 2011). resulta em uma taxa de sobrevivência de cria mais alta do que
A alimentação das abelhas na natureza depende da com abelhas criadas sem ela Winston (2003, apud HERBET,
produção de néctar, pólen, honeydew e água, de onde elas VANDERSLICE, e HIGGS, 1985). A água é também
retiram os nutrientes necessários para alimentar as crias e essencial para o crescimento e desenvolvimento larval
adultos. O néctar é um liquido adocicado acumulado no adequado, Winston (2003, apud PETIT, 1963; HAYDAK,
nectário das flores que pode estar localizado na parte interna 1970).
ou externa da flor. Enquanto o pólen representa o gameta A maior dificuldade encontrada para obtenção da melhoria
masculino das plantas superiores (angiospermas) e se dos índices de produtividades da apicultura para os
encontra nas anteras, localizadas na parte terminal dos agricultores que exploram a Caatinga está ligada ao manejo
estames florais, sendo um alimento de alto valor nutritivo do apiário e oferta de pasto apícola em quantidade suficiente
para as abelhas. O pólen é importante na alimentação das para as necessidades de consumo e produção das abelhas na
larvas e da rainha por ser a matéria prima que estimula a época da seca (SOUSA, 2011).
produção de geléia real, secretada pelas glândulas Quanto à nutrição das abelhas, o melhor alimento para as
hipofaringeanas e mandibulares das abelhas nutrizes colônias continua sendo o néctar e o pólen floral, bem como
(SOUZA, 2004). certas exsudações adocicadas, provenientes de glândulas de
partes vegetativas de plantas ou de cochonilhas e pulgões, que
Nutrição: Necessidades Alimentares também servem como fonte natural de energia e nutrientes às
abelhas. Na ausência ou indisponibilidade destas fontes de
Uma larva de operária necessita de aproximadamente, 142 alimento, os enxames contam ainda com as reservas de mel e
mg de mel para o seu desenvolvimento, e as exigências anuais pólen estocados nos favos. Entretanto, sob manejo intensivo
de mel para uma colônia foram calculados em por parte dos apicultores, é comum as reservas alimentares
aproximadamente, 60 a 80 kg Winston (2003 apud dos enxames serem muito pequenas, insuficientes para todo o
WEIPPLE, 1928; ROSOV, 1944; SEELEY, 1985a). período de escassez. Neste caso, alimentação artificial de
As abelhas adultas podem desenvolver a cria por pouco manutenção deve ser fornecida pelos apicultores durante a
tempo, quando alimentados com dieta exclusiva de entressafra (WOLFF, 2007).
carboidratos, e elas consomem os tecidos dos seus próprios
corpos para produzir comida larval, e os adultos terão um teor JUSTIFICATIVA
de N, nos seus abdomens, mais baixo do que nas colônias
com acesso ao pólen Winston (2003, apud HAYDAK, 1935). Diante destes aspectos descritos anteriormente é
A quantidade de pólen exigida para criar uma única larva imprescindível ao apicultor o uso de técnicas que possibilitem
de operaria, foi calculada em 125 a 145 mg, contendo a permanência dos enxames de abelhas africanizadas nas
aproximadamente 30 mg de proteína Winston (2003, apud colmeias dos apiários. Enxames estes muitas vezes, já
ALFONSUS, 1933; ROSOV, 1944). As exigências anuais de selecionados pelo apicultor por suas características
uma colônia variam de 15 a 55 kg Winston (2003, apud produtivas, resistência a doenças, e baixa defensividade, por
ECKERT, 1942; RIBBANDS, 1953; HIRSCHFELDER, exemplo, sendo sua perda pelo ataque de pragas ou mesmo
1951; LOUVEAUX, 1958; SEELEY, 1985a). pela enxameação um alto custo de tempo e dinheiro para os
apicultores.

Revista Verde (Pombal - PB - Brasil), v 9, n. 5 , p. 117 - 119, dez, 2014


Alimentação de abelhas Apis melífera L. (Africanizadas) no período de estiagem, no Semiárido Nordestino, Brasil

Acontece que no verão do semiárido nordestino, a acesso à comida, utilizando, para isso, alimentadores internos
antropização na Caatinga prejudica diretamente a alimentação ou semi-internos, e nunca coletivos (WOLFF, 2007).
natural das abelhas, uma vez que em grande parte deste bioma
a variação vegetacional é reduzida, sendo a vegetação arbórea CONCLUSÃO
e arbustiva-arbórea muito procuradas para uso na produção de
carvão, extração de lenha para construções rurais ou mesmo Com base nas informações apresentadas podemos concluir
dizimadas para dar lugar para a atividade agrícola e/ou que a suplementação alimentar energética e proteica fornecida
pecuária (PEREIRA et. al., 2006). às abelhas no período da entressafra é importante para a
Estas plantas apresentam grande importância pelo fato de manutenção dos enxames, maior vida útil das abelhas,
em sua maioria apresentar sua floração na entressafra do conservação de sua estrutura física ou mesmo para estímulo
semiárido (segundo semestre), quando existe uma baixa oferta do desenvolvimento das colônias e aumento populacional,
de alimento, e sua ausência ou presença em baixa quantidade, favorecendo desta forma na prevenção do ataque de inimigos
apresenta-se como limitante à permanência dos enxames naturais bem como impedir a perda dos enxames pelo
nestas regiões de baixa variação vegetacional, principalmente comportamento da enxameação pela deficiência alimentar na
em anos onde não há um ciclo regular de chuvas, aumentando região.
o período de estiagem para até nove meses em algumas
microrregiões do semiárido (SOUSA, 2011). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
O segundo semestre do ano no semiárido nordestino do
Brasil, onde predomina a vegetação de Caatinga, é um FURGALA, P.C. Manejo otonal e invernada de colonias
período muito crítico para as colônias e excelentes resultados productivas. In: DADANT, C. et al. La colmena y la
são obtidos com a alimentação estimulante, especialmente a abeja melifera. Montevidéu, Hemisferio Sur, 1979.
energético-protéica, pois, conforme Furgala (1979), a falta de Cap.16, p. 609-654.
pólen é a causa fundamental da perda de enxames normais e
saudáveis neste período. SCHIMID-HEMPEL, P. Efficient nectar-collecting by
Antes do início das grandes floradas em parte do honeybees. I. Economic models. Journal. Animal.
semiárido nordestino, as famílias das abelhas africanizadas Ecologic., v. 56, p. 209-218. 1987.
estão com sua população relativamente baixa e com poucas
condições de produzir, só dando início a fazê-lo depois do SOUSA, J.E.L.; DAMASCENO, M.I.F.; SANTOS,
início da florada. Este déficite nutricional causado pela pouca M.N.F.dos ; NASCIMENTO, F.C. do; FERNANDES,
oferta de alimento no segundo semestre do ano reflete na vida L.E.S.; GONÇALVES, F.M.. Importância da flora
útil dos insetos e em sua reserva de alimentos. apícola para o desenvolvimento da apicultura no sertão
central cearense. Resumos do VII Congresso Brasileiro
DESENVOLVIMENTO de Agroecologia – Fortaleza/CE – 12/2011. Cadernos
de Agroecologia – Vol 6, No. 2, Dez 2011.
A minimização ou mesmo a eliminação desta perda pode
ser evitada com o fornecimento de suplementação alimentar SOUZA, D.C. (Org). Apicultura: manual do agente de
para a manutenção (ração de mantença) ou estímulo (ração desenvolvimento rural. Brasília : SEBRAE, 2004. 100p
estimulante) ao crescimento dos enxames. Esta il.
suplementação pode ser realizada com o fornecimento de
alimentações energético e/ou protéicas. As abelhas, assim PEREIRA, D.S.; MEDEIROS, P.V.Q. de; GUERRA,
como as demais espécies de animais domésticos, para se A.M.N.M.; SOUSA, A.H. de; MENEZES, P.R..Abelhas
desenvolverem normalmente necessitam que as suas nativas encontradas em meliponários no oeste Potiguar-
exigências nutricionais sejam satisfeitas, para que possam RN e proposições de seu desaparecimento na natureza.
realizar um bom desempenho reprodutivo e produtivo Revista Verde, (Mossoró – RN – Brasil) v.1, n.2, p. 54-
(WOLF, 2007). 65. 2006.
A alimentação artificial de manutenção a ser fornecida
pode ser líquida, pastosa ou sólida, e pode ser do tipo WIESE, H. Novo manual de apicultura. Guaíba: Editora
energética ou energético-protéica, conforme a presença ou Agropecuária, 1995. 292 p.
não de estoques de pólen nos favos. A forma de ministrar
alimentação energética às colmeias mais recomendada na WINSTON, Mark L. A biologia da Abelha. Tradução de
literatura nacional e estrangeira é através do preparo de Carlos A. Osowski – Porto Alegre: Magister,
xaropes de sacarose com cerca de 60 a 70% de concentração, 2003. 276p.
ou seja, aproximadamente duas partes de açúcar-de-cana para
uma parte de água aquecida, misturando o açúcar por agitação WOLFF, L.F. Alimentação de Enxames em Apicultura
até a dissolução completa e sem resíduos (WIESE, 1995; Sustentável. Embrapa Clima Temperado, Circular
PAULINO, 2004; GIROU, 2007). Técnica 64. Pelotas, RS, Pelotas, RS. 2007.
As colônias manejadas com alimentação artificial
estimulante começam a produzir suas crias bem antes da
florada, em tempo hábil para o máximo aproveitamento da
primavera, incluindo a polinização dos cultivos e a produção
de mel. Durante a alimentação artificial, os apicultores não
podem deixar que as abelhas de outras colmeias tenham

Revista Verde (Pombal - PB - Brasil), v 9, n. 5 , p. 117 - 119, dez, 2014

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