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1. INTRODUÇÃO
A penhora é o primeiro ato executivo e coativo do processo de execução por quantia certa.
Por meio dela é possível uma individualização da responsabilidade patrimonial, mediante
apreensão física, direta ou indireta, de uma parte específica e determinada do patrimônio
do devedor. Esse ato é um instituto processual de indisponibilização de bem infungível
do devedor com o fim de satisfazer a pretensão líquida, certa e exigível do credor em um
processo de Execução Judicial ou Extrajudicial. Antes da penhora online, a penhora em
dinheiro em conta corrente ou aplicação financeira do devedor já era realizada pelo juiz
por meio de ofícios enviados aos bancos. Esses ofícios somavam um significativo
volume, enviados por juízes de todos os cantos do País, para realizar bloqueios em contas
correntes pertencentes a alguma parte envolvida em litígio judicial. Por consequência
desse trabalhoso processo, as respostas eram demoradas e, consequentemente, o
andamento do processo era prejudicado, pois o executado era alertado pelos gerentes de
seus bancos e retirava de imediato toda a quantia da conta, frustrando o ato processual.
Para compreender as mudanças é importante mencionar que antes do Sistema de
Atendimento às Determinações do Poder Judiciário ao Sistema Financeiro - Bacen Jud,
as determinações judiciais eram feitas mediante uso de papel, ou seja, por meio de ofício
expedido pelo juiz ao Banco Central. Assim, o processo tradicional traduzia na expedição
de um ofício pelo juiz ao Banco Central usando o Sisbacen – sistema de informações
próprio que liga toda a rede bancária – comunicava ao sistema bancário a existência
daquela ordem, e este, por escrito em papel, via correio, respondia às indagações do Poder
Judiciário. No final do ano de 2000, o Banco Central, atendendo aos pedidos de juízes,
montou um sistema específico com o objetivo de colaborar com o Judiciário na busca da
Justiça. O modelo de atendimento recebeu o nome de Bacen Jud e foi estruturado nos
seguintes passos: foi criado um site de acesso restrito entre o Poder Judiciário e o Banco
Central pelo qual o juiz emitia a “ordem eletrônica”; o Banco Central fazia o
encaminhamento automático das ordens ao Sistema Bancário e este respondia via correio
ao Poder Judiciário. Assim, o banco, ao receber a solicitação por via eletrônica do Banco
Central, respondia diretamente ao juiz, por escrito, via correio. Percebendo o avanço
alcançado graças ao Bacen Jud, em 2004 foi criada a sua versão 2.0, corrigindo alguns
problemas e agilizando ainda mais o processo judiciário. A proposta do dessa versão é
aperfeiçoar os pedidos de informações, as ordens de bloqueio e desbloqueio, de modo que
sejam feitos sem troca de ofícios escritos. Com essas providências é possível reduzir o
prazo de processamento das ordens judiciais em busca de eficiência administrativa,
possibilitando maior agilidade com a minimização máxima do trâmite de papéis.
2. CONCEITO
A palavra penhora vem do latim pignus, que significa garantia, popularmente é isso que
ela representa dentro do processo civil. Deste modo, a penhora consiste no ato de
separação dos bens do executado, com a finalidade de satisfazer a dívida inadimplida. Tal
procedimento poderá ser realizado tanto no processo de execução por quantia certa, que
é uma ação autônoma de título extrajudicial, quanto no cumprimento de sentença, que é
uma fase do processo de conhecimento que substitui a ação de execução de título judicial.
Já a penhora online é um instituto relativamente novo dentro do processo civil, uma vez
que foi regulamentada pela Lei Nº 11.382, de 06 de dezembro de 2006. Este instituto
consiste em uma forma de bloqueio de valores depositados em conta, através do sistema
chamado Bacen Jud, que é fruto de uma parceria do poder judiciário com o Banco Central
do Brasil, o qual permite que magistrados tenham acesso à informações sobre valores
depositados em conta do executado, podendo assim bloquear tais valores.
3. APLICABILIDADE
4. COMPETÊNCIA
Cumpre ao juízo da execução, cuja competência regulada pelos arts. 576 e ss. do Código
de Processo Civil não foi alterada pela Lei 11.382/2006, apreciar e decidir sobre o pedido
de penhora on line de depósitos bancários, não havendo que falar em carta precatória.
Justifica-se a afirmação porque o encaminhamento da ordem judicial, via eletrônica, ou
mesmo por meio de ofício, procedimento que não se encontra vedado, como antes
analisado, é processado diretamente ao Banco Central, cumprindo a essa instituição a
comunicação com os inúmeros estabelecimentos financeiros, independentemente de sua
praça. Também o retorno dessas perquirições se dará mediante informação eletrônica,
mais uma vez podendo o magistrado responsável se valer da comunicação em rede para
determinar a transferência desses valores para o banco oficial, que presta serviços ao
judiciário local, assumindo a condição de depositário do montante penhorado. Nesse
sistema não se utiliza expedição de carta precatória, que se torna inócua e inútil. Sendo
caso da execução ter sido objeto de deprecação, aí, sim, quem assume a condição de juiz
da execução é o juízo deprecado, cumprindo a esse magistrado as providências acima
mencionadas.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS