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Unidade I – INTRODUÇÃO E PRINCÍPIOS

CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA

1. A família. Origem, evolução histórica e concepção moderna. Análise


comparativa do conceito de família no Código Civil de 1916 e no
Código Civil de 2002 .
A família ao longo da História da humanidade passou por uma profunda
transformação.
Não há na história dos povos antigos , na Antiguidade Oriental e tampouco
na Antiguidade Clássica o surgimento de uma sociedade organizada sem que
se vislumbre uma base ou seus fundamentos na família ou organização
familiar.
Assim, a família pode ser considerada a primeira célula de organização
social e esta vem evoluindo gradativamente, desde os tempos mais remotos
até a atualidade.
A expressão "Família" é derivada do latim "Famulus", que significava o
conjunto de escravos domésticos e bens a disposição do pater , o qual paralelo
ao Estado governava a organização familiar no modelo patriarcal Romano,
detendo o poder até sobre a vida de seus membros.
Ao longo da historia da humanidade a família configura-se como a "célula
máster" da sociedade, surgindo com os primeiros grupos humanos, como
necessidade de garantir a segurança e a sobrevivência de seus membros.
Portanto, muito antes da existência do Estado, já existia a família.
As primeiras famílias segundo o doutrinador PAULO NADER (2003),
surgiram com os agrupamentos humanos sob a forma de Hordas, com seus
membros vivendo de forma nômade e sem a existência de regras sociais.
Outros grupos como determinadas tribos africanas, que viviam de atividades
agrícolas, se organizavam adotando o Matriarcado , onde a mulher era a figura
central, alvo de todas as atenções, comparada a mãe terra, sendo venerada
por todos.
Durante o período primitivo, os seres humanos viviam em promiscuidade
sexual: várias mulheres se relacionavam com vários homens e vice - versa.
Existia desse modo a presença da poligamia (união reprodutiva entre mais de
dois indivíduos) e da poliandria (entende-se a união em que uma só mulher é
ligada a dois ou mais maridos ao mesmo tempo) nessas tribos.
Outro fator importante observado era o da predominância do poder maternal.
Isso porque como as mulheres se relacionavam com vários homens, era
incerta a paternidade dos filhos nascidos dessas relações.
Com a evolução do homem, chegou-se à época da civilização e as famílias
deixaram de ser poligâmicas, passando a imperar a monogamia entre os seres
humanos, surge a forma de organização familiar denominada de Patriarcal,
chamada por alguns de patriarcal-patrimonial, devido o seu objetivo principal
ser administrar o patrimônio, onde a família era uma unidade política, jurídica,
econômica e religiosa, tendo no centro a figura masculina como chefe supremo
de toda a organização familiar.
Esta forma de organização patriarcal foi consolidada no Estado Romano,
considerado o berço jurídico do direito de família, sendo difundida e enraizada
em diversas nações, inclusive em Portugal e no Brasil desde sua colonização
até 05.10.1988.

Análise comparativa do conceito de família no Código Civil de 1916


e no Código Civil de 2002 .

FAMÍLIA no CC/16 FAMÍLIA NA CF/88 e no CC/02


Matrimonializada Pluralizada
Patriarcal Democrática
Hierarquizada Igualitária
Heteroparental Hetero ou homoparental
Biológica Biológica ou socioafetiva
Unidade de produçao e reproduçao Unidade socioafetiva
Caráter institucional Caráter instrumental

Com os arts 226 e 227 do CF/88 toda a estrutura familiar vista altera-se.
Matrimonializada: família é a decorrente do matrimonio. O único instituto
jurídico formador da família era o casamento. Imperava a regra “até que a norte
nos separe”, admitindo-se o sacrificio da felicidade pessoal dos membros da
família em nome da manutenção do vínculo do casamento. Impedia sua
dissolução, fazia distinções entre seus membros e trazia qualificações
discriminatórias às pessoas unidas sem casamento e aos filhos havidos dessas
relações. As referências feitas aos vínculos extramatrimoniais e aos filhos
ilegítimos eram punitivas e serviam exclusivamente para excluir direitos, numa
vã tentativa de preservação do casamento

Pluralizada: O casamento deixa de ser a única forma de constituir família.


Existem outras formas como a união estável, da família monoparental (mãe
solteira), etc.

Patriarcal: em que a família funcionava como um núcleo composto pelo chefe


da família (patriarca), sua mulher, filhos e netos, que eram os representantes
principais; e um núcleo de membros considerados secundários, formados por
filhos ilegítimos (bastardos) ou de criação, parentes, afilhados, serviçais,
amigos, agregados e escravos. No comando tanto do grupo principal como do
secundário, estava o patriarca, responsável por cuidar dos negócios e defender
a honra da família, exercendo autoridade sobre toda a sua parentela e demais
dependentes que estivessem sob sua influência. Ainda dentro deste sistema
patriarcal, desenvolveu-se o costume da primogenitura, em que o filho mais
velho herdava todas as terras do pai. Se a família fosse composta de mais de
um filho, os outros seriam encaminhados aos estudos para se formarem
médicos, advogados ou mesmo padres, caso sua formação fosse religiosa. No
caso das meninas, na maioria das vezes elas eram encaminhadas aos
conventos, onde aprendiam a ler, cantar, escrever e bordar, enquanto não se
casassem.
Democrática: A feiçao centralizadora e patriarcal da família foi substituída por
um espaço aberto ao diálogo entre seus membros, onde é almejada a
confiança recíproca.

Hierarquizada: O homem era o chefe da família. O filho obedecia ao pai; em


segundo lugar, à mãe; e, em terceiro, ao irmão mais velho. O modelo
hierarquizado e patriarcal impunha um conceito de respeito reverencial em que
as pessoas deviam obediência ao pai e temiam descumprir suas ordens.

Igualitária Substancialmente: Não há hierarquia familiar. Admite-se tratamento


desigual onde houver desigualdades. Adota-se o princípio da igualdade entre
os cônjuges que por via de consequência direta extingue o pátrio poder e
institui o poder familiar, agora exercido pelo casal, em igualdade de condições;
além de determinar que a administração do lar passa a caber a ambos. A
segunda grande diferença é que a Constituição Federal determina a isonomia
entre os descendentes, o que faz cessar qualquer tipo de desigualdade entre
irmãos, independente da origem da filiação.

Heteroparental: decorrente do casamento que pressupõe pessoas de sexos


diferentes.
Hetero ou homoparental: não necesariamente decorrente da união de um
homem e uma mulher, ou da união de duas pessoas, podendo decorrer do
vínculo do ascendente com o descendente.
A homorparentalidade não se restringe à união de pessoas do mesmo sexo,
mas também alcança a homoparentalidade

Biológica: A família era entendida como resultante do vínculo biológico, ou


seja, a adoçao não estabelecia vínculo familiar definitivo. A morte do adotante
restabelecia o vínculo viológico, desfazendo-se o vínculo adotivo.

Biológica ou Socioafetiva: leva-se em consideraçao a relaçao afetiva entre


seus membros não únicamente a biológica. Ex: a adoção tem o mesmo status
da filiaçao biológica com os mesmos efeitos.

Unidade de Produção e reprodução /patrimonialista: as pessoas se uniam em


família com o intuito de formar patrimonio, para sua posterior transmissão aos
seus herdeiros, pouco importanto os laços afetivos.

Unidade Socioafetiva: a nova feição de familia busca o desenvolvimento da


personalidade de seus mebros, ela é fundada no afeto.

Caráter institucional

Caráter instrumental: a família pós-moderna tem o propósito de impulsão para


a afirmação da dignidade das pessoas de seus componentes, tratando-se de
locus privilegiado, o ambiente propício, para o desenvolvimento da
personalidade humana em busca da felicidade pessoal e não mais como
instituição merecedora de tutela autônoma, justificada por si só, em detrimento,
não raro, da proteção humana.

Segundo o entendimento moderno, podemos conceituar família como


um grupo de pessoas reunidas por vínculo afetivo e não biológico, com caráter
cultural.
Família eudemonista: família é a busca da realização pessoal e da felicidade;
ninguém tem famíliapor si mesmo, mas as pessoas constituem família para se
realizar; a proteção é do indivíduo e não da família em si.

2. O Direito de Família.
Conceituação.

Segundo Augusto Cesar Bellluscio, segundo uma concepção moderna,


poderíamos definir Direito de Família como um conjunto de normas jurídicas
que regulamentam as múltiplas relações familiares.
Notemos que deste conceito podemos tirar as seguintes conclusões:
1) Nao se trata apenas de relações entre homem e mulher decorrentes do
casamento, mas sim de relações afetivas entre pessoas, podendo incluir
a união estável, a família monoparental, etc.
2) E também podemos notar que as normas do Direito de Família implicam
em efeitos pessoais, patrimoniais e sociais diversos.

Objeto.

O objeto do Direito de Família é a própria família. Família pode ter


diferentes acepções.
Em sentido amplíssimo podemos entender como família como uma
relação que interliga diferentes pessoas que compõem um mesmo núcleo
afetivo, inserindo inclusive terceiros agregados, como é o caso dos
empregados doméstocos.
Ex:

Art. 1.412. O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos, quanto o


exigirem as necessidades suas e de sua família.

§ 1o Avaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário conforme a sua


condição social e o lugar onde viver.

§ 2o As necessidades da família do usuário compreendem as de seu


cônjuge, dos filhos solteiros e das pessoas de seu serviço doméstico.
Em sentido amplo, a expressão familia pode ser entendida como as
pessoas que se uniram afetivamente e aos parentes de cada uma delas
entre si.
Ex:

Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro


pelo vínculo da afinidade.

§ 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos


descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro.

§ 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do


casamento ou da união estável.

No sentido restrito podemos entender familia como o conjnto de pessoas


unidas afetivamente e sua eventual prole.

Ex:

Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura


pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de
família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente
ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do
imóvel residencial estabelecida em lei especial.

Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por


testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa
de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.

Como podemos observar nem o próprio CC dá um conceito único para


a expressão familia. Dando a ela varios sentidos como notamos, o que
devemos ter em mente é que nenhuma concepção pode afrontar com a
opção inclusiva e aberta prevista na CF/88.

Natureza Jurídica.
Para alguns autores o DF integra o Direito Público, pois muitas de suas
relações são fiscalizadas pelo Estado através do Ministério Público. Os
Promotores de Justiça praticamente não atuam no direito patrimonial privado
(Obrigações, Reais e Sucessões), mas no Direito de Família tem relevante
função. No art. 226 da CF, caput e § § 3º, 7º e 8º, percebemos como o
Estado procura proteger a família. Com relação ao pátrio poder, alimentos e
bem de família se percebe também a preocupação do Estado, afinal
crianças sem pais, pessoas necessitadas e famílias desabrigadas vão
terminar sobrecarregando os serviços sociais do Governo. A lei e o Estado
procuram assim evitar tais situações, obrigando os parentes a se ajudarem
mutuamente, e ainda vedando a execução do único imóvel da família.
Veremos todos estes institutos ao longo do curso. Além disso, as normas do
DF são imperativas e seus institutos sãoirrenunciáveis/indisponíveis (ex:
filiação, 11; alimentos, 1707), por isso que se aproxima tanto do Direito
Público.
Mas para a maioria dos autores (inclusive para mim) o DF integra o
Direito Privado já que regula a família, que não é um órgão/ente estatal. Ao
contrário, a família é uma instituição particular onde, nas palavras de Sílvio
Venosa, “a gente nasce, vive, ama, sofre e morre”. O próprio CC proíbe o
Estado de seimiscuir/interferir nas relações íntimas da família (1513).

Características do Status Família:

a) intransmissível: o status não se transfere, não se vende, não se negocia,


depende do nascimento, adoção ou do casamento, é personalíssimo, e é por
isso que a gente não escolhe nossos pais, irmãos, cunhados, etc. A gente
escolhe nossos amigos e nosso cônjuge, mas estes não são nossos parentes;

b) irrenunciável: o status depende da posição familiar, não se podendo, por


exemplo, renunciar ao pátrio poder para deixar de sustentar o filho;

c) imprescritível: não se perde e nem se adquire pelo tempo/usucapião; o fato


do aluno chamar por anos a professora de “tia” não cria nenhum vínculo
jurídico com a mesma;

d) universalidade: compreende todas as relações jurídicas decorrentes da


família, afinal a gente é parente de alguém para as coisas boas e para as
coisas ruins; além disso o status é exercido perante toda a sociedade;
e) indivisibilidade: o status é sempre o mesmo, não se pode ser casado de dia
e solteiro de noite!!!!!;

f) reciprocidade: o status se integra por vínculos entre pessoas que se


relacionam, então o marido tem uma esposa, o pai tem um filho, etc.

Interdisciplinaridade:

A interpretação e a aplicação das normas do Direito de Família assim


como ocorre em outros ramos do direito devem ocorrer observando, dialogando
com os demais áreas do direito e também do saber humano, como a
psicologia, medicina, etc, tudo no intuito de solucionar aquele conflito da
melhor maneira possível.

3. Estrutura interna das normas de família: direito matrimonial, direito


parental, direito assistencial e direito convivencial.
O Direito de Família se organiza em sua estrutura interna da seguinte
maneira:
1) Direito Matrimonial: que trata do matrimonio e do seu regramento
efetivo:
2) Direito Parental: regula as relações decorrentes do parentesco e da
filiação
3) Direito assistencial: trata das relações de assistência entre os
componentes de uma mesma família, como no caso da obrigação
alimentar.
4) Direito Convivencial: trata da união estável e das demais entidades
não casamentarias.

4. Fontes do Direito de Família.


Fontes como bem sabemos é a origem, o nascedouro da norma jurídica.
A principal fonte do Direito de Família sem sombra de dúvidas é a CF, que
em seus arts. 226 e 227, estabelece regras e princípios basilares relativos a
família.
Dentre as fontes em nível infraconstitucional podemos destacar o CC de
2002, a Lei n 6.515/77 (chamada de Lei do Divórcio), Lei n 8.560/92 (Lei de
Investigação de Paternidade), Lei n 8.069/90 (Estatuto da Criança e do
Adolescente), Lei n 10.741/03 (Estatuto do Idoso), Lei n 11.340/06 (Lei Maria
da Penha, que protege a mulher contra a violência familiar), Lei n 12.318/10
(dispõe sobre a alienação parental - situação em que a mãe ou o pai de uma
criança a treina para romper os laços afetivos com o outro conjuge, criando
fortes sentimentos de ansiedade e temor em relação ao outro genitor).

5. Proteção da família na Constituição Federal de 1988. Rol de entidades


familiares. Princípios constitucionais fundamentais aplicáveis ao
Direito de Família.
A CF/88 em seu artigo 226 elenca algumas entidades familiares, quais
sejam, o casamento, a união estável e a família monoparental. Este rol não
é taxativo, pois se o fosse não estaríamos protegendo inúmeros
agrupamentos familiares e estaríamos colidindo com os princípios
fundamentais da CF/88 como o da dignidade da pessoa humana e com o
conceito moderno de família no qual se prioriza a afetividade entre os
membros familiares.
Os principios fundamentais aplicáveis ao Direito de Família são:
1) Princípio da proteçao da dignidade humana (art.1, III, CF): é o
principal e mais amplo princípio constitucional, é um valor moral e
espiritual inerente à pessoa, ou seja, todo ser humano é dotado
desse preceito. No direito de família diz respeito a garantia plena de
desenvolvimento de todos os seus membros, para que possam ser
realizados seus anseios e interesses afetivo, assim como garantia de
assistência educacional aos filhos, com o objetivo de manter a família
duradoura e feliz.

2) Princípio da solidariedade familiar (art.3, I, CF): Solidário significa


responder pelo outro, neste contexto solidariedade familiar A
solidariedade do núcleo familiar compreende a solidariedade
recíproca dos cônjuges e companheiros ou conviventes,
principalmente quanto à assistência moral e material. A solidariedade
em relação aos filhos responde à exigência da pessoa de ser
cuidada até atingir a idade adulta

3) Princípio da igualdade entre os filhos (art.227, § 6 da CF e art.


1596 do CC): todos os filhos são iguais perante a lei, havidos ou não
na constância do casamento.

4) Princípio da igualdade entre os cônjuges e companheiros


(art.226, §5 da CF e art.1511 do CC): a lei reconhece a igualdade
entre homens e mulheres no que se refere a sociedade conjugal. Ex:
tanto o companheiro como a companheira podem requerer alimentos
um do outro. Como decorrência deste princípio surge a igualdade na
chefia familiar que pode ser exercida tanto pelo homem como pela
mulher, desaparecendo o paterfamilias e surgindo o poder familiar.
(art.1631, CC).

5) Princípio da não intervenção ou da liberdade (art.1513 do CC):


este princípio é reforçado pelo disposto no artigo 1565, §2 , pelo qual
o planejamento familiar é livre decisão do casal, sendo vedada
qualquer forma de coerção por parte de instituições privadas ou
públicas em relação a esse direito. O Estado não pode interferir
coercitivamente, mas pode incentivar o controle de natalidade e o
planejamento familiar por meio de políticas públicas. Deve ser
analisado conjuntamente com outros princípios como o que
analisaremos em seguida.

6) Princípio do maior interesse da criança e do adolescente (art.


227, caput da CF e arts.1583 e 1584 da CF): criança (0 a 12 anos
incompletos), adolescente (12 a 18) - ECA

7) Princípio da afetividade: o afeto, atualmente é considerado o


principal fundamento das relações familiares. Mesmo não constando
expressamente na CF, pode-se afirmar que ele decorre da
valorização constante da dignidade humana e da solidariedade.

8) Princípio da função social da família (art.226, caput da CF): A


família não é mais um fim em si mesmo, mas sim o meio social para
a busca de nossa felicidade na relação com o outro. Desse modo, as
relações familiares devem ser analisadas dentro do contexto social e
diante das diferenças regionais de cada localidade.

9) Princípio da boa- fé objetiva:

Boa-fé Subjetiva: uma condição psicológica que normalmente se


concretiza no convencimento do próprio direito, o una ignorancia de
estar lesando direito alheio.
Boa-fé objetiva constitui um modelo de conduta social ou um padrão
ético de comportamento, que impõe, concretamente, a todo cidadão
que, nas suas relações, atue com honestidade, lealdade e probidade.
Logo, a boa-fé subjetiva não é um principio, e sim um estado
psíquico em que a pessoa possui a crença de ser titular de um direito
que na verdades ó existe na aparência. O Indivíduo encontra-se em
escusável situaçao de ignorancia sobre a realidade dos fatos e da
lesão a direito alheio.
Por sua vez, a boa-fé objetiva se caracteriza por ser uma regra de
conduta externa, um dever das partes em se pautar pela
honestidade, lealdade e cooperação em suas relações jurídicas.

6. Modelos de Família no Direito Brasileiro: família constituída pelo


casamento, família constituída pela união estável, família
monoparental, família pluriparental/mosaica, família anaparental,
família eudemonista, família constituída pela união de pessoas do
mesmo sexo.
1ª)Família matrimonial – sem sombra de dúvida é o casamento o principal
aporte constitutivo das relações familiares.
Conforme ampla análise traçada nesse espaço, o casamento foi durante muito
tempo o único modelo constitutivo de família, o que gerava uma série de
problemas para outros vínculos então emergentes, postos à margem do Direito
e até da sociedade.

2ª) união estável – o Estado passou a proteger a união duradoura, pública e


contínua entre um homem e uma mulher desde que nenhum deles estivesse
sob o casamento vigente. É a famosa união estável, que sem afrontar o
casamento, passou a proteger uma união estabelecida entre um homem e uma
mulher que visa a constituição de família. Abarca desde pessoas que não
querem formalmente se casar até aqueles que estão separados de fato e que
não podem constituir um vínculo formal antes de se estabelecer um divórcio. A
única restrição é que as partes não podem se unir caso apresentem
impedimento para o casamento, o que significa, por exemplo, se o genro viúvo
vier a morar com sua sogra também viúva, não gozarão da proteção conferida
à união estável porque estão impedidos de converter a referida união em
casamento (art. 1723 e § 1º, CC).

3ª) monoparental – o artigo 226, § 4º da CF protegeu a entidade familiar


constituída por qualquer dos pais ou seus descendentes. É a situação
normalmente de pessoas cujo casamento foi dissolvido e que passam a se
vincular exclusivamente com a prole.

4ª) família pluriparental/mosaica – é aquela constituída por pessoas


egressas de casamentos desfeitos. Configuram situações em que pelo menos
um dos genitores possui filhos anteriores, porém, normalmente, ambos
possuem filhos anteriores de forma a constituir um mosaico de relações.
Ex. A familia mosaico pode ter um pai divorciado e uma mãe solteira, o pai leva
os filhos pra morar com eles ou pai solteiro, com filho e vai viver junto (opu
casar) com uma mulher divorciada que tem filhos tb
5ª) família anaparental – é a convivência entre parentes ou não-parentes de
pessoas que têm objetivos comuns fora do modelo clássico de união. É o caso
de dois primos unidos com propósito de amealhar bens, constituindo uma
verdadeira sociedade, muito próxima das relações monoparentais.

7ª) família eudemonista – é a união de pessoas que visa à busca de


felicidade, tanto individual quanto coletiva. Visa a não coisificação da pessoa
no bojo das relações familiares.

8ª) família homoafetiva – de acordo com o artigo 68 do Projeto acima


mencionado, “É reconhecida como entidade familiar a união entre duas
pessoas de mesmo sexo, que mantenham convivência pública, contínua,
duradoura, com objetivo de constituição de família, aplicando-se, no que
couber, as regras concernentes à união estável”. Segundo o parágrafo único
do referido artigo passam a ser conferidos direitos de adoção, previdenciário,
sucessório, além da guarda e convivência com os filhos. Portanto, equipara à
união estável, gozando de ampla proteção constitucional à referida união.
Unidade II – DA SOCIEDADE CONJUGAL

1. O casamento (art.1511 a 1590 do CC)

a)Conceito.

Como vimos nas aulas passadas, antigamente o casamento era a única


forma instituidora de uma família. Mas com a Lex Mater de 1988, esta
situação alterou, pois o casamento passou a ser uma das formas de se
constituir uma família.
Como notamos antes da CF de 1988, o casamento era enxergado numa
ótica institucionalista, na qual o casamento servia como uma instituição
jurídica e social que se preocupava mais em atender as formalidades e
prescrições legais do que realmente proteger e ser meio na busca da
felicidade de seus membros.
Com a CF de 1988, o casamento passou a servir às pessoas. Ele é um
meio, instrumento, através do qual as pessoas desenvolvem a sua
personalidade e almejam a realização plena, a felicidade.
Para Maria Helena Diniz: “O casamento é o vínculo jurídico entre o
homem e a mulher, livres que se unem, segundo as formalidades legais,
para obter auxílio mútuo e espiritual, de modo que haja uma integração
fisioquímica, e a constituição de uma família.”
Apesar deste conceito fazer menção de sexos distintos, devemos
acompanhar a tendência e reconhecer o casamento homoafetivo.
Podemos entender que casamento é a união de duas pessoas,
reconhecida e regulamentada pelo Estado, formada com o objetivo de
constituir uma família e baseada no vínculo do afeto.

b)Natureza jurídica.

Substancialmente são 3 as correntes que procuram apontar a natureza


jurídica do casamento:
- Teoria Contratual/Individualista/Negocial: o casamento é um contrato
de natureza especial. (Silvio Rodrigues, Cristiano Chaves de Farias)
É um contrato pois emana de um acerto de vontades.
Contrato de natureza especial, pois como veremos, possui normas
próprias de formação.
- Teoria Institucionalista: o casamento é uma instituição social do
Estado. (Maria Helena Diniz).
O casamento é um instituição estatal porque é regida por normas de
ordem pública, cabendo as partes aderirem ou não, mas, uma vez feita
referida adesão, a vontade das partes não tem força de alterar os efeitos
desta união.
- Teoria Mista ou Eclética: casamento é simultaneamente instituição e
contrato (Flávio Augusto Monteiro de Barros)
No que tange à constituição de uma família, ou seja quanto ao
conteúdo, é uma instituição porque é regida por normas cogentes.
No que tange a formação, ao regime de bens é um contrato especial
porque prevalece a autonomia da vontade das partes.
Destas 3 corrente me filio a primeira na qual o casamento é um negócio
jurídico/contrato, mas um contrato complexo pois entendo que o casamento
possui regras próprias para se constituir e possui princípios específicos que
inicialmente não existem no campo contratual, como é o caso dos seguintes
princípios:
. Princípio da monogamia (art.1521, VI, do CC): não podem se casar
pessoas já casadas; como veremos em outras aulas este é um caso de
impedimento matrimonial e gera a nulidade absoluta do casamento.
Art. 1.521. Não podem casar:
VI - as pessoas casadas
. Princípio da Liberdade de Escolha (art.1513 do CC): é livre a escolha
da pessoa do outro cônjuge, salvo claro os impedimentos matrimoniais.
Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou
privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família
Também entendo que após o advento da Lei n 11.441/07 que permitiu a
dissolução consensual do casamento em cartório, através de mero
procedimento administrativo, tendo como base a vontade das partes.
Assim o ordenamento jurídico brasileiro, de certa maneira, confirma que
tanto para a formação quanto para a extinção do casamento o que deve
prevalecer é a vontade das partes, dando sinal de que a natureza
jurídica do casamento é de negócio jurídico especial, de índole familiar,
não se submetendo logicamente a todas as regras do direito contratual.
Como não se aplica ao casamento as regras sobre o equilíbrio
econômico e financeiro do contrato. (art.317 e 478 do CC).
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier
desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do
momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da
parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da
prestação.
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a
prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa,
com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução
do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à
data da citação.

c)Características.

Levando em consideração a soma das disposições constitucionais


(art.226, §1 e 2) e do Código Civil (arts. 1511 e ss) e observando as
orientações de nossos Tribunais Superiores:
- caráter personalíssimo e livre da escolha dos nubentes;
Os nubentes possuem ampla liberdade de escolha, pois este é um
interesse fundamental da pessoa humana, reconhecido pelo art.16 da
Declaração Universal dos Direitos do Homem. Sendo assim, a vontade
de casar é fruto de uma manifestação exclusiva do interesado, claro
ressalvando o caso de nubentes que possuem entre 16 e 18 anos que
precisam da autorizaçào de seus país para se casarem.

- solenidade da celebração;
O casamento é um ato solene, formal que se inicia com o processo de
habilitação e publicação dos editais, se desenvolve com a cerimônia na
qual é celebrado e prossegue no registro. Dentre as formalidades
exigidas para o casamento podemos citar a exigência de uma
autoridade celebrante, dos próprios nubentes e de pelo menos 2
testemunhas.

- inexigência de diversidade de sexos;


De acordo com a jurisprudência dominante o casamento pode ocorrer
entre pessoas do mesmo sexo, derrubando aquela postura tradicional
de que o casamento so ocorreria entre pessoas de sexos distintos.
Vale a pena salientar que o casamento homoafetivo é um casamento
civil, não se podendo obrigar às igrejas que celebrem cerimônias
religiosas de casamento homoafetivo.

- inadmissibilidade de submissão a termo ou condição;


O casamento como sabemos é um contrato no qual não pode estar
submetido a condição, termo ou encargo. Sendo assim uma vez
confirmado a sua validade, naturalmente produz efeitos, em virtude da
impossibilidade de controle de suas consequências no plano jurídico

- estabelecimento de uma comunhão de vida;


O casamento estabelece uma plena comunhão de vida entre os
cônjuges.

- natureza cogente das normas que o regulamentam;


A natureza das normas que dispõem sobre o casamento é cogente, uma
vez que é de ordem pública, não podendo serem afastadas de acordo
com o critério de conveniência ou interesse das partes. Podemos assim
dizer que a liberdade dos cônjuges é uma liberdade mitigada, pois ela
está limitada por normas de ordem público. A título de Exemplo
podemos mencionar o fato de que os cônjuges não podem através de
pacto antenupcial dispensar o cumprimento que cada um deles tem de
cumprirem com os deveres pessoais do casamento (sustento, guarda e
educação dos filhos).

- estrutura monogâmica (art.1521,CC);


O sistema brasileiro seguindo os demais países ocidentais adota a
estrutura monogâmica de casamento.

- dissolubilidade, de acordo com a vontade das partes.


O casamento tem um caráter dissolutivo, ou seja, é possível que os
cônjuges a qualquer tempo dissolvam a união matrimonial, seja por
vontade de ambos ou apenas de um deles.

d)Os esponsais.

Esponsais também é denominado de promessa esponsílica ou de


promessa de casamento. É o instituo conhecido como noivado – fato
enraizado em nossos costumes através do qual os noivos tornam pública a
intenção de casar, perante especialmente suas famílias.
Ato no qual as partes interessadas prometem reciprocamente e
livremente casar e para tanto assumem obrigações mútuas como o
pagamento de despesas com a habilitação para o casamento, enxoval, etc.
Obviamente, a celebração dos esponsais não exigem uma formalidade
para sua celebração nem tampouco um prazo mínimo para que ocorra o
casamento em si, basta a manifestação recíproca do interesse em se
casarem e claro assumindo suas obrigações decorrentes deste.
Devemos salientar que o fato de ter ocorrido a promessa de casamento
não acarreta a perda da liberdade de escolha que caracteriza o casamento,
ou seja, a promessa de casamento não pode ser usada como forma de
coagir o companheiro a se casar.
Assim, não se pode caracterizar os esponsais como uma promessa de
contrato nem tampouco pode acarretar em adoção de medidas judiciais
quando um por ventura um dos noivos se arrependa de casar.
Dos esponsais não decorrem efeitos jurídicos pessoais ou patrimoniais
no âmbito do Direito de Família, ou seja, não se pode exigir dos noivos o
dever de fidelidade, coabitação e tampouco se presumirá a colaboração
para eventual partilha de bens adquiridos por um deles isoladamente
durante o noivado.
Entretanto, no campo da Responsabilidade Civil, a ruptura do noivado
pode acarretar a imposição de algum dever de indenizar danos morais ou
materiais causados ao noivo frustrado. Entretanto somente ocorrerá tal
possibilidade caso o noivo que quis romper tiver cometido algum ato ilícito,
na forma das cláusulas gerais previstas nos arts 186 e 187 do CC. Como
exemplo podemos citar o fato do noivo deixar a noiva em pleno altar, não a
comunicando anteriormente a sua desistência. O noivo não agiu de boa-fé.
A falta de uma motivação justa acarretaria o dever de indenizar.

e)Corretagem matrimonial.
São as agências de casamento. Embora não muito comum no Brasil, é
uma questão corriqueira em nossa sociedade contemporânea e presente
em outros países.
É uma prestadora de serviço que tem por finalidade unir pessoas que
desejam contrair matrimônio.

2. Modalidades de casamento.

Numa visão voltada para o Direito Comparado é possível detectar 4


sistemas jurídicos matrimoniais:
- países que somente admitem o casamento civil, permitindo a sua
celebração por cerimônia religiosa ou civil (Argentina, Bolívia, Chile,
Alemanha e Suíça);
- países que reconhecem em igualdade de condições e com o mesmo
valor jurídico, o matrimônio civil ou religioso (Estados Unidos e
Inglaterra);
- países que mantêm o casamento religioso como opção primária e o
casamento civil para as religiões não oficiais (Espanha);
- países que somente toleram o casamento através do culto e do
procedimento religioso (Líbano e Grécia).
No Brasil, antes da proclamação da República, a Igreja Católica deteve com
exclusividade a titularidade sobre os direitos matrimoniais, submetendo toda a
sistemática do casamento às regras e princípios do direito canônico.
Após a proclamação da República implantou-se a secularização do
matrimônio através do Decreto n 181, de 24 de janeiro de 1890, na qual houve
a separação entre a Igreja e o Estado.
Nossa Constituição Federal em seu artigo 5, VI, dispõe que o Brasil é um
país laico, garantindo assim a liberdade religiosa, bem como a de não seguir
religião alguma.

Art. 5º,VI,CF - e inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo


assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma
da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

Seguindo estas influencias, o Brasil adotou a 1 corrente, na qual


reconheceu que o casamento é civil e os seus efeitos são igualmente civis. O
casamento no Brasil para ter validade e eficacia jurídica debe atender os
requisitos impostos pela legislaçao civil, não sendo considerados válidos e com
eficácia os realizadas meramente no religioso.
Para a produção de seus efeitos jurídicos, é obrigatório a celebração de
um casamento civil, precedido de habilitação para o casamento, em cartório, e
devidamente registrado.

Art. 1.512, CC. O casamento é civil e gratuita a sua celebração.

Art. 226,§ 1º,CF . O casamento é civil e gratuita a celebração.

Entretanto a CF permite que a cerimônia do casamento seja civil


(presidida pelo juiz de direito ou pelo juiz de paz, dependendo da organização
de cada estado da federação) ou religiosa (presidida pela autoridade
eclesiástica).
Não podemos confundir casamento religioso (aquele celebrado em
conformidade com as prescrições de determinada religião) com cerimônia
religiosa do casamento civil (que é a cerimônia de um casamento civil e com
efeitos civis, presidida pela autoridade eclesiástica).

Art. 226,§ 2º,CF . O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
Art. 1.515, CC. O casamento religioso, que atender às exigências da lei
para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que
registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua
celebração.

Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos


requisitos exigidos para o casamento civil.
§ 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro
de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante
ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde
que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste
Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
§ 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas
neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for
registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia
habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art.
1.532.
§ 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele,
qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento
civil.

Vale a pena destacar é que a gratuidade é da cerimônia civil, não


abrange a cerimônia religiosa.
Outro ponto é que o Parágrafo único do art.1512 do CC, possibilitou
ainda a gratuidade da habilitação para o casamento, do registro e da primeira
certidão para as pessoas que se declararem pobres, na forma da Lei n
1.060/50.

Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebração.


Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira
certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas
cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei.
3. Habilitação para o casamento. (arts 1525 a 1532, CC)

É a fase preliminar na qual se verifica se os nubentes preenchem os


requisitos para o ato nupcial (capacidade para o casamento, impedimentos
matrimoniais, causas suspensivas).
Por meio da habilitação visa-se evitar a realização de casamentos vedados
pela lei.
O processo de habilitação é gratuito para aqueles que se declararem
pobres, na forma da lei, afirmando não ter condições de pagar as custas
cartorárias sem comprometer a manutenção da família.
São 4 as fases da habilitação do casamento:
- fase do requerimento e apresentação de documentos:
Nesta fase os nubentes devem comparecer pessoalmente ou através de
procurador (constituído por escritura pública com poderes especiais para
tanto) no cartório de registro civil e requererem o processamento da
habilitação para o casamento. Caso algum deles seja analfabeto , o
oficial mandará alguém assinar a rogo(impor a impressão digital (polegar
direito) no contrato, acrescido da assinatura de duas testemunhas –
art.595, CC).
Além disso devem ser apresentados os documentos exigidos pelo
art.1525 do CC.
É bastante comum também nessa fase, o pedido de mudança de nome
pelos nubentes que optam por acrescer ao seu o sobrenome do outro -
faculdade (art.1565, §1, CC).

Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado


por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por
procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:
I - certidão de nascimento ou documento equivalente;
Tem a finalidade de se comprobar a idade núbil, ou seja a capacidade
para se casar que tanto para o homem quanto para a mulher é de 16 anos,
exigindo-se, porém, a autorização de ambos os país ou de seus representantes
legais enquanto não atingirem a maioridade civil.
Havendo divergencia entre os país é asegurado a qualquer um deles
recorrer ao juiz para resolver a questão (art.1518, CC).
Se ambos não autorizarem, pode o menor requerer ao juiz a expedição
de um alvará de suprimento de consentimento (art.1519, CC).
Obs:
. permitido o casamento de quem nao alcançou a idade núbil (art.1520 e
1551 – caso de gravidez)

Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem


ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição
ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.
Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que
resultou gravidez.

.incapacidade absoluta e relativa:


Os absolutamente incapazes (art.3, CC): em hipótese alguma podem
contrair matrimônio;

Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida


civil os menores de 16 (dezesseis) anos.

Os relativamente incapazes (art.4, CC): podem se casar mediante


autorização do curador ou ato judicial que a supra (art.1525,II,CC). Outros
autores dizem que não precisam de autorização (a sua incapacidade atinge
efeitos no plano patrimonial e no casamento é uma comunhão de vidas-
prodigos)

Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os


exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxicos;
III – aqueles que, por causa transitória ou permanetnte, não pudererm exprimir
sua vontade;
IV - os pródigos (é a pessoa que se revela por um gasto imoderado capaz de
comprometer seu patrimônio)
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação
especial.

1525, II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal
estiverem, ou ato judicial que a supra;
III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que
atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de
casar;
IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos
contraentes e de seus pais, se forem conhecidos;
V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de
nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do
registro da sentença de divórcio.
. Se a morte aconteceu em outro país, tem que ser apresentada a tradução
juramentada do documento.
. Se o nubente estiver divorciado no exterior, é preciso que a sentença
estrangeira tenha sido homologada pelo STJ.
. Se um dos nubentes for domicialiado no estrangeiro, deberá comprobar a
inexistencia de impedimentos em seu país através de documento oficial
expedido pelo órgão competente e debidamente traduzido juramentado.

- fase dos editais de proclamas:


Formulado o requerimento e apresentados os documentos necessários, o
oficial, então iniciará a expedição dos editais de proclamas, que serão
publicados no próprio cartório do domicílio dos nubentes e na imprensa oficial,
onde houver.
Nos editais, será fixado o prazo de 15 dias para que os interessados
possam opor impedimentos matrimoniais.
Havendo oposição de impedimentos, o oficial deverá cientificar os
nubentes, entregar-lhes a oposição (nome do opoente e motivo), com prazo de
3 dias para se defenderem e indicar provas que pretendem produzir (não
necessário advogado – caráter administrativo).
Em situações justificadas, é permitido ao juiz dispensar a publicação dos
proclamas (art.1527, p.u,CC).
Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital,
que se afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de
ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local,
se houver.
Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá
dispensar a publicação.

Transcorrido o prazo dos proclamas, com ou sem impugnação de


eventual interessado, o procedimento de habilitação para o casamento será
encaminhado para o MP da comarca onde tramita, que intervirá como fiscal da
orden jurídica (art.1526, CC).

Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do


Registro Civil, com a audiência do Ministério Público.
Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público
ou de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz.
Após a audiência do MP, é dispensada a homologação judicial. O juiz
somente precisará homologar a habilitação para o casamento quando houver
impugnação do oficial, do MP ou de terceiro. Da decisão do juiz cabe apelação.
Não havendo impugnação de terceiros ou do MP, deverá o oficial do
registro civil proceder ao regular registro.
- fase do registro
- fase da expedição da certidão:
Após o registro será expedido a certidão habilitatória, com validade de 90
dias para que seja celebrado o casamento.
Este prazo é decadencial, não se suspendendo nem se interrompendo.
Passado ese prazo e não celebrado o casamento será necessário nova
habilitação.
Eventual vício na habilitação para o casamento não implica em invalidade
caso tenha sido celebrado.

4. Impedimentos matrimoniais.
a) Conceito:
Podemos entender como impedimentos matrimoniais como aquelas
proibições decorrentes da lei de que determinadas pessoas possam se casar,
ou seja, é a proibição de que determinada pessoa possa se casar com outra
predeterminada.

b) Composição:

Os impedimentos matrimoniais são formados por 2 elementos:


a) material: é a situação de fato ou de direito que justifica a proibição ( ex a
relação de parentesco, pai casar com filho, casamento entre irmãos);
b) formal: é a previsibilidade normativa, uma vez que somente é possível
proibir determinados matrimônios com base na expressa previsão legal.

c) Previsão Legal:
O rol dos impedimentos estão previstos no art.1521 do CC: rol taxativo de
pessoas que não podem se casar, ou sejam não há outros casos além desses.
Caso não seja respeitado algum desses impedimentos é caso de nulidade
absoluta do casamento (art.1548, CC), ou seja ao contrário do que ocorre nos
casos de incapacidade para casar que já vimos anteriormente, não admite
convalidação.

Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:


I – revogado pelo NCPC;
II - por infringência de impedimento.

Vale a pena mencionarmos que esse impedimentos também são


aplicáveis a união estável (art.1723,§1, CC) porque somente pode ser
reconhecida uma união estável quando esta puder ser convertida em
casamento, claro que dependendo da vontade das partes.
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o
homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e
duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do
art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa
casada se achar separada de fato ou judicialmente (caso de pessoas que
ainda estão casadas mas já estão separadas de fato, pois já ocorreu o
interrompimento da convivencia afetiva).

d) Oposição dos Impedimentos: (art.1522, CC)

Os impedimentos são de ordem pública e como já disse anteriormente


tem natureza proibitiva absoluta.
Na aula anterior que mencionamos as fases da habilitação e disse que é
na fase dos editais de proclamas que podem os interesados em 15 dias se
manifestarem se naquele casamento estaría sendo violado algum impedimento
matrimonial.
Mas é somente nesse momento que pode ocorrer a oposiçao de
impedimentos? Segundo o disposto no art.1522, essa oposição pode ocorrer
na fase de habilitação ou mesmo até o momento da celebração do casamento
por qualquer interesado e as autoridades judiciárias e o oficial do cartório estão
obrigadosa partir do momento que tomam conhecimento destes devem
declará-los sob pena de responsabilidade funcional e inclusive penal, pois
estariam cometendo o crime de prevaricação.

Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da


celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da
existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.

Uma vez formulada a oposição de um impedimento matrimonial, qual é a


consequência jurídica? É a sustação do casamento, que somente poderá
ocorrer após o julgamento da oposição.
Mas mesmo ocorrendo a oposição o casamento ocorrer, será caso de
nulidade, não produzindo esse casamento nenhum efeito e permitindo-se o
ajuizamento de ação declaratória de nulidade (que é imprescritível) pelo MP ou
qualquer outro interesado.
Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos
previstos no artigo antecedente, pode ser promovida mediante ação
direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público.

0bs: Forma de opor os impedimentos (art.1529, CC)


Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão
opostos em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do
fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas.

e) Classificação dos impedimentos:

Para efeitos meramente didáticos, podemos clasificar os impedimentos


em:
I) Impedimento resultante do parentesco (art.1521, I a V do CC);
II) Impedimento resultante do casamento anterior (art.1521, VI do CC);
III) Impedimento resultante da prática de crime (art.1521, VII do CC);

I) Impedimento resultante do parentesco (art.1521, I a V do CC):

Art. 1.521. Não podem casar:


I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou
civil;
Há duas razões para ese impedimento:
- razão moral: evitar o incesto (relações sexuais entre pessoas da mesma
familia);
- razão biológica: evitar problemas congénitos à prole (malformação
físicas e psíquicas, que é comum caso ocorra tal tipo de casamento.
Ex: filho casar com mãe; neto com avó.
Parentesco civil é aquele que se dá pela adoção.

II - os afins em linha reta;


Afinidade é o vínculo entre o conjuge ou companheiro e os parentes do
outro. (art.1595)
Afins em linha reta são : sogro, sogra, genro, nora.
Afins na linha colateral: os cunhados.

Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro


pelo vínculo da afinidade.
§ 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos
descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro.
§ 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do
casamento ou da união estável

III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o
foi do adotante;
É um inciso desnecessário, pois como bem sabemos não existe distinçao
atualmente entre filho de sangue e filho adotado, assim essa regra também
estaría prevista anterior.

IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro


grau inclusive;
Os irmãos são colaterias de 2 grau e os colaterais de 3 grau sao os tios
e sobrinos.
Entretanto debemos mencionar que em virtude do Decreto-Lei 3.200/41,
em seu art.2, permitiu-se a celebração de casamento entre tio e sobrinha ou tia
e sobrino desde que no processo de habilitação requererem exame médico
pré-nupcial e este demonstrar a inexistência de risco de natureza genética ou
sanitária para a prole. (exame pré-nupcial de compatibilidade genética).
O Código Civil é omisso sobre o casamento entre tios e sobrinos, então
há um impasse doutinário se este decreto foi recepcionado ou não pelo
CC/2002. Alguns doutrinadores dizem que essa regra somente fazia sentido
antiguamente, diante de uma sociedade pouco urbanizada e de controle rígido
das escolhas matrimoniais pelos país. Outros dizem e a corrente majoritária, o
CC não revogou este decreto, pois não é incompatível com o sistema jurídico
atual, e que uma vez provada a inexistencia de prejuízo para a saúde da prole,
deve prevalecer a vontade das partes.
V - o adotado com o filho do adotante;

II) Impedimento resultante do casamento anterior (art.1521, VI do CC)

Art. 1.521. Não podem casar:


VI - as pessoas casadas;
É vedado no nosso ordenamento brasileiro a bigamia.
A bigamia além de gerar consequências civis (nulidade do segundo
matrimônio), caracteriza ainda um delitito tipificado na legislação penal (art.235,
CP).
Logicamente este inciso não se aplica a UE.
Somente desaparece ese impedimento com a dissolução do casamento
anterior (morte ou declaração de ausência, divórcio, declaração de nulidade ou
anulação do casamento).

III) Impedimento resultante da prática de crime (art.1521, VII do CC);

Art. 1.521. Não podem casar:


VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa
de homicídio contra o seu consorte.
Ex: viúva quer se casar com quem matou seu marido.
Para se caracterizar tal impedimento não interessa se o
conjuge/companheiro viúvo participuo ou não do homicidio, tentado ou
consumado, contra o outro cônjuge.
Logicamente que também devemos exigir o transito em julgado da sentença
penal condenatória para concretização desse impedimento. É lícito por
exemplo na hipótese de absolvição.
O simples fato de existir um processo-crime em andamento não inviabiliza o
casamento, é necessário a sentença condenatória.
Outro fato de relevancia é que este impedimento alcança somente o
homicidio doloso, tentado ou consumado. Não atinge outras práticas
criminosas, inclusive o homicidio culposo. Assim é possível um ex cônjuge se
casar com quem foi condenado por prática de estelionato ou roubo contra o
seu ex.

5. Causas suspensivas matrimoniais. (art.1523,CC)

a) Conceito:

As causas suspensivas do casamento diferentemente dos impedimentos


que proíbem a celebração do casamento, serve apenas de recomendação para
que os interessados não se casem diante de determinadas circunstâncias.
São situações de menor gravidade, relacionadas a questões
patrimoniais e de ordem privada. Não geram a nulidade absoluta ou relativa do
casamento, ou seja a invalidade do casamento, mas apenas impõem sanções
patrimoniais aos cônjuges. Sendo a sanção principal o regime de separação
legal ou obrigatória de bens (art.1641,I, CC).

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:


I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas
suspensivas da celebração do casamento;
Podemos perceber que as causas suspensivas não tem natureza
proibitiva, mas sim inibitória.
Diferentemente dos impedimentos matrimoniais, as causas suspensivas
não são aplicáveis às unióes estáveis ( art.1723,§2, CC), não havendo assim
imposição de regime de separação legal na familia convivrncial, que resta
submetida ao regime de comunhão parcials, salvo disposição em contrario das
partes.

Art. 1.723,§ 2o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a


caracterização da união estável.
b) Previsão Legal: art.1523 do CC.

c) Oposição das causas suspensivas:

Diferentemente do que ocorre nos impedimentos em que qualquer


pessoa capaz pode auguí-las, nas causas suspensivas quem tem legitimidade
para alegá-las é um rol taxativo (art.1524, CC).

Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem


ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam
consangüíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam
também consangüíneos ou afins.

Notemos que a lei não atribuí legitimidade ao testamenteiro nem ao


excônjuge. Sequer o MP poderá provocá-las.

0bs: Forma de opor os impedimentos (art.1529, CC)


Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão
opostos em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do
fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas.
Embora o ideal é que as casas suspensivas sejam alegadas quando da
habilitação para o casamento na fase dos editáis dos proclamas, elas podem
ser suscitadas em momento posterior inclusive ao próprio casamento, através
de uma ação autónoma ou em conjunto com outra ação jáem curso (ação de
divórcio).

d) Classificação das causas suspensivas:

Para efeitos meramente didáticos, podemos clasificar as causas


suspensivas em:
I) Causas suspensivas fundadas na confusão patrimonial (art.1523, I e III do
CC);
II) Causas suspensivas fundadas em confusão de sangue (art.1523, II do CC);
III) Causa suspensiva fundada em tutela ou curatela (art.1521, IV do CC);

I) Causas suspensivas fundadas na confusão patrimonial (art.1523, I e III do


CC);
Art. 1.523. Não devem casar:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não
fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a
partilha dos bens do casal;

Como podemos observar, essas causas suspensivas tem a finalidade de


evitar uma confusão, uma promiscuidade, patrimonial decorrente da celebração
de um novo casamento por parte de determinadas pessoas.
No inciso I, busca-se preservar o patrimonio do filho do casamento
anterior. Obviamente esta causa suspensiva não ocorrerá se o falecido não
deixar filos ou patrimonio a ser partilhado.
No inciso II, trata de uma causa suspensiva decorrente da inexistencia
de partilha dos bens no caso de um dos nubentes já ter sido casado
anteriormente. Isto ocorre porque o CC em seu artigo 1581 atendendo a
súmula 197 do STJ permitiu que se procedesse o divórcio, independentemente
da prévia partilha dos bens. Neste cas o patrimonio comum do casal
permanece em condominio, podendo ser dividido posteriormente, quando de
interesse de ambos através de um procedimento de partilha segundo previsto
no art.1320 do CC. Essa possibilidade também pode ser usada no
procedimento realizado no cartório.

II) Causas suspensivas fundadas em confusão de sangue (art.1523, II do CC);


Art. 1.523.II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo
ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da
dissolução da sociedade conjugal;
É uma espécie de quarentena de 10 meses, em que se busca
resguardar a presunção de paternidade decorrente do casamento anterior
contra uma confusão de sangue – conhecida como turbatio sanguinis.
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os
filhos:
I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a
convivência conjugal;
II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade
conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do
casamento;
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o
marido;
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões
excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga;
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia
autorização do marido.

Entendo que essa causa não tem mais um porque de existir, diante do
advento dos modernos exames de DNA, cuja precisão cientofica é indiscutível,
não havendo dúvidas a respeito da paternidade.

III) Causa suspensiva fundada em tutela ou curatela (art.1521, IV do CC);


Art. 1.523. Não devem casar:
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos,
cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto
não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas
contas.

A intenção do legislador nesses casos é de afastar um eventual prejuízo


patrimonial dos tutelados ou curatelados.

Tutela: É o encargo atribuído pela Justiça a um adulto capaz, para que proteja,
zele, guarde, oriente, responsabilize-se e administre os bens de crianças e
adolescentes cujos pais são falecidos ou estejam ausentes até que completem
18 anos de idade.

Curatela: É o encargo atribuído pelo Juiz a um adulto capaz, para que proteja,
zele, guarde, oriente, responsabilize-se e administre os bens de pessoas
judicialmente declaradas incapazes, que em virtude de má formação congênita,
transtornos mentais, dependência química ou doenças neurológicas estejam
incapacitadas para reger os atos da vida civil.

e) Possibilidade de afastamento de causas suspensivas:

Como podemos observar as causas suspensivas tem mira na proteção


dos intereses patrimoniais de pessoas próximas aos nubentes ou deles
mesmos.
Sendo assim, envolvem interesses particulares e não sociais, podendo o
juiz dispensar a aplicação dessas causa suspensivas quando provada a
inexistencia de prejuízo.

Art. 1.523.Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que


não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I,
III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo,
respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa
tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar
nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.

6. Celebração do casamento.

Em face de ser caráter solene, o casamento está cercado de formalidades.


Estas formalidades são tão relevantes que o nosso ordenamento jurídico
reputa inexistente o casamento celebrado sem que estas sejam observadas.
Uma vez concluído o procedimento de habilitação para o casamento e de
posse da certidão habilitatória e no prazo de 90 dias de sua expedição os
nubentes devem peticionar a autoridade competente que irá presidir o ato
requerendo a designação do dia, hora e local para a realização da cerimônia
de casamento.(art. 1533,CC).

Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente


designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante
petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão do
art. 1.531.

No que diz respeito ao local da realização do casamento este poderá ser


realizado nas dependencias do cartório de registro civil, se presidido pelo juiz
de paz ou no próprio fórum da comarcase presidido pelo juiz de direito.
No caso do casamento civil com cerimônia religiosa é natural que seja
celebrado no templo respectivo.
Mas de qualquer maneira, seja o casamento com cerimônia civil ou
religiosa, pode ser realizado em prédios particulares, desde que o celebrante
concorde. (art.1534, CC).
A solenidade debe se realizar com toda a publicidade, a portas abertas
presentes os nubentes pessoalmente ou através de procuração, da autoridade
celebrante e pelos menos 2 testemunhas, parentes ou não dos contraentes.
O código exige quatro testemunhas apenas em 2 hipóteses:
- o casamento for celebrado em edificio particular;
- se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever.
No que diz respeito ao dia e horário, não há limitação, podendo se
definir livremente, inclusive em sábados, domingos e feriados, de acordo com a
conveniência dos noivos e da autoridade.
O presidente do ato, após ouvir dos nubentes ou de seus procuradores a
afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará
efetuado o casamento. (art.1535, CC)
A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos
contraentes: (art.1538, CC)
- recusar a solene afirmação da sua vontade;

- declarar que esta não é livre e espontânea;

- manifestar-se arrependido.

O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à
suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia.
OBS:
- Casamento celebrado perante a autoridade consular:
Brasileiros que queiram se casar no exterior é possível desde que
atendidos os seguintes requisitos:
. ambos os noivos são brasileiros;
. o cônsul deve ser de carreira;
. deve ser registrado no prazo de 180 dias no cartório do respectivo domicílio
do casal, contados da data em que os nubentes fixarem residência em solo
brasileiro.

- Conversão da união estável em casamento:


Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante
pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.
Entretanto não há a indicação do procedimento que deve ser seguido.
Assim, deve-se adotar o procedimento comum de habilitação para o
casamento, para que de apure a eventual existência de impedimentos
matrimoniais.
Exige-se também a intervenção do MP, como fiscal da ordem jurídica no
procedimento judicial de transformação da união estável em casamento, sob
pena de nuludade do processo.
Vale a pena dizer também que uma vez convertida a união estável em
casamento, os efeitos patrimoniais são ex nunc, não retroativos, sendo
mantidos os efeitos patrimoniais da união estável até a data da celebração do
casamento e o regime de bens adotado na UE é via de regra o regime de
comunhão parcial de bens (art.1725, CC).
O único caso que os efeitos podem retroagir é quando o regime de
casamento adotado for o de comunhão universal, pois neste caso haverá uma
mistura de todo patrimônio do casal, inclusive dos bens já possuídos
anteriormente.
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os
companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o
regime da comunhão parcial de bens.

7. Provas do casamento (arts.1543 a 1547 do CC)


- Prova direta: O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do
registro. (art.1543, CC)
Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do
registro.

- Prova direta complementar ou supletória: documentos em que consta a


situação de casado. Ex:documento de identidade, passaporte (art.1543, p.u)
Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível
qualquer outra espécie de prova. (documento de identidade, passaporte)

- Prova indireta:
Na hipótese de perda ou falta de registro, admite-se a ação declaratória
de existencia do casamento.
Segundo a doutrina são 3 os requisitos para comprovação do estado de
casados:
. nomen: um cônjuge utiliza o nome do outro;
. tractatus: as partes se tratam como se fossem casados;
. fama ou reputatio: a sociedade reconhece nas partes pessoas casadas.
A sentença que reconhece o estado de casados debe ser registrada no
registro civil para assim surtir efeitos jurídicos. (art.1546, CC)

Art. 1.546. Quando a prova da celebração legal do casamento resultar de


processo judicial, o registro da sentença no livro do Registro Civil
produzirá, tanto no que toca aos cônjuges como no que respeita aos
filhos, todos os efeitos civis desde a data do casamento.

No caso de falecimento de ambos os país, que tenham vividos na posse


do estado de casados, presume-se (presunção relativa) o casamento a favor
dos filos do casal falecido. Neste caso não se exige que os filos comprovem a
perda ou falta de registro.(art. 1545, CC)

Art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas,


não possam manifestar vontade, ou tenham falecido, não se pode
contestar em prejuízo da prole comum, salvo mediante certidão do
Registro Civil que prove que já era casada alguma delas, quando contraiu
o casamento impugnado.

8. Casamento Inexistente, Nulo, Anulável .


É comum na doutrina brasileira se utilizar equivocadamente as expressões
existência, validade e eficácia como sinônimos.
Entretanto, ao se falar de casamento vamos observar que tais expressões
possuem significados distintos.
O plano da existência é o plano do ser. Nele ingressam todos os fatos
jurídicos sejam lícitos ou ilícitos. A inexistência diz respeitoà falta de elementos
fundamentais.
Já o plano da validade concerne ao ajuste do ato às prescrições legais.
Assim ausente algum dos elementos da validade o fato é inválido, gênero do
qual decorrem 2 espécies: nulidade e anulabilidade.
E por fim, o plano da eficácia diz respeito se o fato jurídico irá ou não
produzir efeitos, no âmbito do direito, seja criando, modificando, extinguindo
relações jurídicas.
No âmbito do casamento, a eficácia é inexorável, ou seja, não temos um
controle de eficácia através de condição, termo ou encargo, uma vez
reconhecida a existencia e a validade do casamento, automaticamente este
produzirá efeitos.
a) A existência do casamento:
O Código Civil não trata de maneira expressa do plano da existência.
Casamento inexistente é aquele que não reúne os elementos necessários para
sua formação.
Segundo entendimento predominante na doutrina e na jurisprudência, os
elementos existenciais do casamento são:
- Declaração de vontade dos nubentes em contraírem matrimônio;
- Presença da autoridade celebrante.
Antigamente, tínhamos como um terceiro pressuposto a diversidade sexual,
mas este já foi superado, pois, o casamento esta assentado atualmente na
comunhão de vida afetiva e não busca a perpetuação biológica da espécie.
a.1) Declaração de vontade dos nubentes:
Ausente a manifestação voluntária do casamento, o casamento será
inexistente. Exemplo: quando ocorre coação .
a.2) Celebração por autoridade competente:
O ato nupcial tem que ser celebrado por pessoa a quem o sistema
jurídico confere poderes para tanto. Essa autoridade recebe o nome de
presidente do ato. (art.1535, CC).
Esse presidente pode ser o juiz de direito, o juiz de paz ou até mesmo a
autoridade eclesiástica. Lembrando-se que pode ser também a autoridade
consular.
São somente estas autoridades, por este motivo o matrimônio celebrado pelo
juz do trabalho, juiz federal, pelo defensor público ou promotor de justiça será
um casamento inexistente.
Obs: Devemos diferenciar falta de autoridade competente e
incompetencia da autoridade.
Enquanto que ausência de autoridade competente implica em inexistência do
casamento, a incompetência da autoridade gera invalidade relativa
(anulabilidade), uma vez que existe a autoridade presente entretanto ela não
tem a competência atribuída pelas leis estaduais lhe conferindo poderes para
celebrar o casamento.
Ex: Na Bahia, a legislação local confere poderes para celebrar o casamento ao
juiz de direito da vara da família. Assim, se um casamento for celebrado por um
juiz da vara criminal, haverá a autoridade competente mas o casamento será
inexistente.
Lembrando a aula passada, também será inexistente o casamento se
não forem observadas as formalidades para celebração do casamento.
b) A validade do casamento:
Somente após a verificação da existência do matrimônio é que será
possível apreciar o plano da validade, averiguando se estão presentes os
requisitos exigidos por lei. Em se tratando da validade, poderemos ter um
casamento nulo ou um casamento anulável.

b.1) Casamento Nulo (invalidade absoluta):


São os casos previstos no art.1548 do CC (violação de um impedimento
matrimonial).
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:

I -revogado;

II - por infringência de impedimento.


O casamento nulo não possui qualquer viabilidade jurídica, não produz
qualquer efeito.
Admite a conversão substancial (art.170, CC): se o casamento nulo
contiver requisitos necessários para a caracterização de outro negócio jurídico
(ex: união estável), subsistirá quando o fim a que visavam as partes permitir o
que o teriam querido, se houvesse previsto a nulidade.
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de
outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir
supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
Como exemplo, o doutrinador menciona que, se as partes participam de
escritura pública nula porque lavrada em desacordo com os princípios legais,
mas se o ato puder valer como documento particular, atingirá o efeito
procurado pelas partes.
A conversão substancial não sana a invalidade absoluta. Ela apenas
viabiliza a transmutação do negócio jurídico nulo em outro válido distinto, mas
que atinja o objetivo que as partes queria tingir com aquele inicialmente
realizado.
A ação de nulidade do casamento pode ser movida por qualquer
interessado ou pelo MP (art.1549, CC), pois envolve aspectos que colidem com
os princípios de ordem pública.(qualquer cidadão) e pode ser reconhecido ex
officio.
Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos
previstos no artigo antecedente, pode ser promovida mediante ação
direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público.
Esta ação é imprescritível.
A sentença que tratar da nulidade é uma sentença declaratória e possui
efeitos ex tunc (art.1563 do CC).
Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à
data da sua celebração, sem prejudicar a aquisição de direitos, a título
oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a resultante de sentença transitada
em julgado.
Permite-se que a ação de nulidade venha acompanhada com o pedido
de separação de corpos, como medida preventiva, necessária para respeitar a
dignidade de um dos cônjuges. (art.1562 do CC).
Art. 1.562. Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a de
anulação, a de separação judicial, a de divórcio direto ou a de dissolução
de união estável, poderá requerer a parte, comprovando sua necessidade,
a separação de corpos, que será concedida pelo juiz com a possível
brevidade.

b.2) Casamento anulável (invalidade relativa)


Distintamente do que ocorre os casos de nulidade que envolvem
interesse público, os casos de anulabilidade envolvem interesse privado.
O casamento anulável produz regulares efeitos até que sobrevenha
decisão judicial, proferida em uma ação anulatória. Não pode ser reconhecido
ex officio.
A ação anulatória pode ser movida exclusivamente pelo interessado .
Os casos de anulabilidade estão previstas a princípio no art.1550, CC.
Art. 1.550. É anulável o casamento:

I - de quem não completou a idade mínima para casar;(lembrar o caso de


gravidez)
O menor depois que completar a idade núbil poderá confirmar seu casamento.
Essa ratificação depende de autorização dos pais, mas como ja vimos se não
tiver esta pode ser substituída pelo suprimento legal(art.1553, CC).

Art. 1.553. O menor que não atingiu a idade núbil poderá, depois de
completá-la, confirmar seu casamento, com a autorização de seus
representantes legais, se necessária, ou com suprimento judicial.

Somente ao completar os 18 anos que o menor pode confirmar o casamento


sem a necessidade de autorização dos pais.
Se não resultar gravidez nem houver ratificação, a ação anulatótia poderá ser
intentada em 180 dias (se for pelo conjuge menor contado da data que tiver
idade núbil, se for pelo representante da data da celebração do casamento).

II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu


representante legal;
O prazo para impetrar com a ação anulatória é de 180 dias (se for pelo menor
do dia que completar 18 anos, se for o representante da data da celebração, se
for filhos da data do óbito).
Não se anula o casamento em 3 casos:
. resultar gravidez ;
. casamento ratificado;
. quando os representantes legais assistirem a celebração do casamento ou
aprovaram de algum modo a sua celebração. (art.1555, §2, CC – ratificação
tácita)

Art. 1.555. O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado


por seu representante legal, só poderá ser anulado se a ação for proposta
em cento e oitenta dias, por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de
seus representantes legais ou de seus herdeiros necessários.

§ 1o O prazo estabelecido neste artigo será contado do dia em que


cessou a incapacidade, no primeiro caso; a partir do casamento, no
segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz.

§ 2o Não se anulará o casamento quando à sua celebração houverem


assistido os representantes legais do incapaz, ou tiverem, por qualquer
modo, manifestado sua aprovação.

III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
Ocorre quando um dos nubentes é coagido ou incide um erro essencial quanto
à pessoa do outro.
Art. 1.558. É anulável o casamento em virtude de coação, quando o
consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido captado
mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a
saúde e a honra, sua ou de seus familiares.

Frisa-se que a coação é moral (Vis compulsiva) (ex: ameaça de serem


revelados segredos do seu passado) Se for uma coação física (Vis absoluta) é
caso de casamento inexistente.
Observermos também que não está amparado a coação a danos
patrimoniais, bens. E a coação pode partir de um terceiro ou do outro nubente.
Somente o conjuge coagido pode impetrar com a ação anulatória em 4
anos.

IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o


consentimento;
180 dias da celebração do casamento.

V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente


soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre
os cônjuges;
Equipara-se a revogação do mandato a sua invalidade reconhecida por
decisão judicial.
Mandatário(procurador legal). Prazo de 180 dias para entrar com a ação de
anulabilidade da data em que o mandante tomar ciencia da celebraçao do
casamento.
Requisitos:
. ignorancia do mandatário e o outro contratante;
. ausencia de coabitação,

VI - por incompetência da autoridade celebrante.


Prazo para entrar com a ação de 2 anos a contar da data da celebração do
casamento.
§ 1o Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente
decretada.
§ 2o A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia
poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por
meio de seu responsável ou curador. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
2015)
Esta ação está submetida aos prazos decadenciais previstos no art.1560
do CC.
Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a
contar da data da celebração, é de:

I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;

II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;

III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;

IV - quatro anos, se houver coação.

§ 1o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento


dos menores de dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia em
que perfez essa idade; e da data do casamento, para seus representantes
legais ou ascendentes.

§ 2o Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para anulação do


casamento é de cento e oitenta dias, a partir da data em que o mandante
tiver conhecimento da celebração.
A sentença que tratar da anulabilidade é uma sentença constitutiva
negativa/desconstitutiva e possui efeitos ex Nunc.

Obs:
Tanto na Ação de Nulidade como na Ação Anulatória:
- O art.53, I do CPC estabelece que o foro competente para processar e
julgar a ação .
Art.53.É competente o foro:

I – para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e


reconhecimento ou dissolução de união estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo
domicílio do casal

Efeitos da sentença que decreta a nulidade relativa ou absoluta do


casamento:
- extinção do casamento, volvendo os cônjuges ao estado civil de
solteiros;
- extinção do regime de bens;
- extinção do direito de sucederem um ao outro;
- extinção do direito da mulher usar o sobrenome do marido;
- Extinção da emancipação, na hipótese de emancipação pelo
casamento, etc
Em relação aos filhos, a nulidade ou a anulabilidade do
matrimônio não produz qualquer efeito.

Obs:
1)Anulabilidade por erro essencial:
No erro, o agente incorre sozinho em lapso, sem qualquer ação de
terceiro ou da parte contrária. São hipóteses taxativas.
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:

I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse
erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em
comum ao cônjuge enganado;
Erro sobre a identidade física: quando se toma uma pessoa por outra (sujeito
que se casa com a irmã gêmea da sua noiva);
Erro sobre a identidade civil: sobre o conjunto de qualidades e atributos da
pessoa perante a sociedade ( ignorância sobre o estado civil de divorciado do
outro cônjuge);
Honra: integridade moral;
Boa fama: reputação social

II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza,


torne insuportável a vida conjugal;
No código de 1916 exigia-se que o crime fosse inafiançável. Também
não é qualquer crime, mas um crime que cause repulsa. (estupro) Tampouco
se exige a prévia condenação em juízo criminal.

III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que


não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por
contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge
ou de sua descendência; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) ;
Defeito físico irremediável: impossibilidade de prática de relações sexuais;
IV - revogado

2) Casamento anulado por culpa de um dos cônjuges. (art.1564, CC)

Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de um dos


cônjuges, este incorrerá:

I - na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente;(ex: caso


da necessidade de devolver bens, dependendo do regime adotado)
II - na obrigação de cumprir as promessas que lhe fez no contrato
antenupcial.(ex: doaçoes antenupciais)
Nestes casos, o casamento somente surtirá efeitos para o cônjuge de
boa-fé e para os filhos do casal.

9. Casamento Putativo, Nuncupativo.


Casamento putativo é o casamento inválido (nulo ou anulável), mas que
produz efeitos válidos em virtude da boa-fé de um ou de ambos os cônjuges
e tendo ocorrido um erro escusável.
Ex: pessoa que se casou com a sua prórpia irmã, sem saber que se tratava
de sua colateral e cujo parentesco foi descoberto somente após este(
ambos de boa-fé). Outro exemplo é uma mulher que se casa com um
homem já casado.
Para reconhecimento da putatividade exige-se 4 requisitos:
- Invalidade do casamento;
- boa-fé dos nubentes (de um ou ambos);
- erro desculpável;
- declaração judicial. Essa declaração pode ser dada na prórpia sentença
de nulidade ou anulabilidade, inclusive ex officio, ou em ação autonoma.
Esses requisitos devem estar presentes no momento da celebração do
casamento.
Os efeitos decorrentes da putatividade são os mais diversos, dentre eles
a título de exemplo podemos citar a fixação de alimentos em favor do cônjuge
de boa-fé, a manutenção do uso dosobrenome de casado.
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por
ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos,
produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.

§ 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os


seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão.

§ 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento,


os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.
Casamento Nuncupativo ou in extremis ou em articulo mortis é o
casamento que ocorre quando um dos nubentes esteja em eminente risco de
vida.
É um casamento celebrado pelos próprios nubentes na presença de 6
testemunhas que com eles não tenham parentesco em linha reta ou colateral
até segundo grau.
Dispensa o processo de habilitação, a publicação dos proclamas e a
presença da autoridade.
Após realizado o casamento, devem as testemunhas comparecerem
perante a autoridade competente em até 10 dias , sob pena de inexistencia
do casamento e pedir que tome por termo a declaração de:
. que foram convocadas pelo enfermo;
. que este parecia em perigo de vida, mas que estava em pleno juízo;
. que em sua presença declararam livremente e espontaneamente a
vontade de casar.
Ai instaura-se um procedimento de jurisdição voluntária com a
participaçao do MP. Após o transito em julgado o juiz manda registrar a
sentença no livro de registro de casamentos. O casamento neste momento
surte efeitos desde a data de sua celebraçao mesmo que o enfermo tenha
falecido.
Se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento, ele mesmo
deverá fazê-lo na presença da autoridade judiciária e do oficial do registro
no mesmo 10 dias e não havendo a necessidade do comparecimento das
testemunhas. Se convalecer apenas apos o registro civil da sentença, não
precisa ratificar novamente o casamento.

10- Efeitos jurídicos: sociais, pessoais e patrimoniais. Direitos e deveres


de ambos os cônjuges.
O casamento irradia efeitos nos diferentes setores da sociedade. O principal
efeito social do matrimônio é a constituição de uma entidade familiar.
Também podemos citar como efeitos sociais do matrimônio:
- emancipação do cônjuge incapaz (art.5, p.u, II, CC);
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a
pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

II - pelo casamento;
- o estabelecimento do vínculo de parentesco por afinidade entre cada um
dos cônjuges e os parentes do outro (art.1595,CC);
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do
outro pelo vínculo da afinidade.
- Atribuição do estado de casado, modificando o status personae anterior
de cada consorte;
- Estabelecer a presunção de paternidade dos filhos nascidos na
constância do casamento (art.1597, CC)

A respeito dos seus efeitos pessoais ou existenciais, pelo casamento tanto o


homem quanto a mulher (o casal - união homoafetiva: Resolução 175/2013 do
CNJ) assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e
responsáveis pelos encargos da família, constituindo assim a comunhão plena
de vida. (art.1565, caput, CC)

Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a


condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da
família.
Com principal efeito pessoal concreto do casamento temos a
possibilidade de qualquer dos nubentes acrescentarem o sobrenome do outro.
(art.1565, § 1, CC)

Art. 1.565. § 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu


o sobrenome do outro.

Para o STF, este acréscimo pode ocorre até mesmo após a celebração
do casamento, desde que por ação judicial.
Com a EC 66/2010, que facilitou a obtenção do divórcio, nos divórcios
consensuais ou litigiososo, o cônjuge que mudou o nome optará se permanece
ou não, utilizando o sobrenome de casado, não sendo mais possível retirá-lo
contra a sua vontade. A orientação do STf também é nesse sentido, alega que
o nome de casado incorpora-se a personalidade, não podendo ser assim
retirado sem a sua anuência.
Outro efeito pessoal trata do planejamento familiar. (art.1565, § 2, CC).
Que também é aplicado a União Estável.
Em relação aos deveres de ambos os cônjuges no casamento (art.1566,
CC).
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:

I - fidelidade recíproca;
A violação do dever de fidelidade ocorre com a prática do adultério,
atentando contra a família monogâmica.
Adultério é a relação sexual obtida fora do casamento. Adulterio virtual
é caso de violação não do dever de fidelidade mas sim do dever de respeito.

II - vida em comum, no domicílio conjugal;


A fixação do domicílio conjugal também é um efeito pessoal
(art.1569,CC), quem casa quer casa. De fato, o casamento pode estabelecer,
se o casl assim pretender, um domicílio para a convivência matrimonial.
Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges,
mas um e outro podem ausentar-se do domicílio conjugal para atender a
encargos públicos, ao exercício de sua profissão, ou a interesses
particulares relevantes.
A pesar de ser um dever, não se exige a presença do cônjuge em tempo
integral no domicílio conjugal. E a opção de ter um único domicílio, ou mais de
um é absoluta opção do casl, não podendo o legislador poder tratar de tal
intimidade. Ex: opção do casal em viver em casas distintas. Em tais casos,
todos os domicílios serão comuns a ambos.
Devemos entender vida em comum, como quando há projetos,
perspectivas, sonhos planejadas por ambos os cônjuges como a formação de
prole, a aquisição de determinados bens. Parcela da doutrina e da
jurisprudência entendem que dentro do conceito de vida comum deveria
constar o dever de prestação sexual durante o casamento, mas isso violaria a
dignidade humana e afrontaria a liberdade afetiva e sexual do cônjuge.
O dever de vida em comum no domicílio conjugal não é exigível na
união estável. (Súm. 382, STF)
SÚMULA 382: A vida em comum sob o mesmo teto, “more uxorio”, não é
indispensável à caracterização do concubinato.

III - mútua assistência;

A assistência recíproca, abrange tanto aspectos morais e materiais. É


um dever de que ambos os cônjuges devem prestar ao outro tudo aquilo que
ele precisar para viver. Diz respeito às atenções e cuidados que cada um debe
ter com o outro.
A mútua assistência compreende a ajuda econômica, apoio moral e o
auxílio para enfrentar as diversidades qua possam ocorrer ao londo da vida.

IV - sustento, guarda e educação dos filhos;

São deveres decorrentes da paternidade ou maternidade, que


logicamente independe da existência ou não de um casamento.
Sendo assim não sendo observado a obrigação de cuidar integralmente
dos filhos, além de projetar consequencias no relacionamento pai e filho, pode
também autorizar a imputação de culpa, sem prejuízo de eventual sanção
penal e eventual perda ou suspensão do poder familiar (arts. 1637 e 1638 do
CC).

Art. 1.637, CC. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos
deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz,
requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que
lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até
suspendendo o poder familiar, quando convenha.

Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;

II - deixar o filho em abandono;

III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;

IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.

V – entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção.


Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele
que: (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar:
(Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida
de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo violência
doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de
mulher; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de
reclusão; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
II – praticar contra filho, filha ou outro descendente: (Incluído pela Lei nº
13.715, de 2018)
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida
de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo violência
doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de
mulher; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade
sexual sujeito à pena de reclusão. (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)

Em relação aos efeitos patrimoniais, não temos dúvida que o casamento


também trará consequências no patrimônio do casal. A comunhão de vida
entre marido e mulher implica também necessariamente em uma comunhão de
interesses econômicos,motivo pelo qual nossa legislação civil regula um
particular estatuto patrimonial do casamento, caracterizado pelo regime de
bens.
Em relação aos direitos de ambos os cônjuges (art.1642, CC)
Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a
mulher podem livremente:

I - praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao


desempenho de sua profissão, com as limitações estabelecida no inciso I
do art. 1.647;
Assim, um cônjuge não pode embaraçar a profissão do outro.
Entretanto, se a atividade empresarial do cônjuge consistir na alienação de
bem imóvel, torna-se necessária a autorização do outro para dita alienação,
exceto no regime de separação absoluta.

II - administrar os bens próprios;


Quanto aos bens comuns, isto é, comunicáveis por força do casamento,
a administração destes caberá a ambos ou a somente a um deles mas com a
anuência do outro.

III - desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou


alienados sem o seu consentimento ou sem suprimento judicial;
A ação compete ao cônjuge prejudicado e a seus herdeiros. O terceiro
tem direito de regresso contra o cônjuge que realizou o negócio jurídico.

IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a


invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge com infração do
disposto nos incisos III e IV do art. 1.647;

V - reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou


transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde que provado que os
bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver
separado de fato por mais de cinco anos;
Se o casal estiver separado de fato por mais de 5 anos ao autor da ação
competirá provar que o bem não foi adquirido pelo esforço comum do outro
conjuge e seu concubino. Se antes de 5 anos, compete ao réu daação, isto é,
ao concubino comprovar que contribuiu para a aquisição do bem, preservando
assim a sua parte do mesmo.

VI - praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente.

Finalmente, quanto aos bens, podem ainda os cônjuges,


independentemente da autorização do outro.

Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de autorização um do


outro:

I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica;

II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas


possa exigir.

Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente


obrigam solidariamente ambos os cônjuges.

Essas dívidas mencionadas acima obrigam solidariamente ambos os


cônjuges, entretanto se a compra for exorbitante, desnecessária à economia
doméstica, como perfumes e roupas, não há solidariedade, respondendo pela
dívida apenas o cônjuge que efetuou a compra.

Restrições à liberdade patrimonial dos cônjuges:

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges


pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:

I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;


Ambos os conjuges obrigatoriamente serão citados nas ações que versem
sobre direitos reais imobiliários.
III - prestar fiança ou aval;
O CC considera o ato anulável, Não podendo o juiz decretar de ofício,
podendo o outro conjuge entra com ação anulatória no prazo de 2 anos depois
de terminada a sociedade conjugal.

IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que


possam integrar futura meação.
São válidas, mesmo sem autorização do cônjuge:
- as doações remuneratórias: são aquelas feitas em pagamento de
serviços preatados e não cobrados;
- doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem
economia separada.
- O CC 1916, falava também das pequenas doações.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos
quando casarem ou estabelecerem economia separada
Em todos esse casos, cabe o juiz suprir a autorga, quando um dos
cônjuges a denegue sem justo motivo ou lhe seja impossível concede-la.
Assim admite-se suprimento judicial em 2 casos:
- recusa injusta do outro cônjuge;
- impossibilidade do outro conjuge conceder a autorizaçao em razão por
exemplo de uma doença mental, estar ausente.
O código de 1916, dizia que sobre os bens particulares do conjuge que
não autorizou a venda, etc, não poderia recair qualquer execução. O Atual
Código não reproduz essa ressalva, mas ainda mostra-se razoável a
isenção de qualquer responsabilidade, embasado no argumento de que
ninguém pode ser compelido a contrair uma obrigação.
Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a
outorga, quando um dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe
seja impossível concedê-la.

Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando


necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro
cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a
sociedade conjugal.
O ato praticado pelo conjuge sem a autorização do outro pode ser
ratificado. A aprovação do outro conjuge, após o ato debe ser feito por escritura
publica ou particular autenticado.

Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por
instrumento público, ou particular, autenticado

Art. 1.650. A decretação de invalidade dos atos praticados sem outorga,


sem consentimento, ou sem suprimento do juiz, só poderá ser
demandada pelo cônjuge a quem cabia concedê-la, ou por seus
herdeiros.
Art. 1.646. No caso dos incisos III e IV do art. 1.642, o terceiro, prejudicado
com a sentença favorável ao autor, terá direito regressivo contra o
cônjuge, que realizou o negócio jurídico, ou seus herdeiros.

11- Regime de bens.

a) Conceito
O regime matrimonial de bens pode ser conceituado como o conjunto de regras
de ordem privada relacionadas com interesses patrimoniais e econômicos
resultantes da entidade familiar.
O CC/2002 traz, entre seus arts. 1639 e 1688, as regras relacionadas ao
casamento, mas também aplicadas a outras entidades familiares, como o caso
da união estável.
Diante da EC 66/2010, nos dispositovos do Código aonde mencionar
dissolução da sociedade conjugal, pode-se entender dissolução do casamento
e da sociedade conjugal.

b) Pacto Antenupcial
É o contrato formal realizado antes do casamento pelo qual os nubentes
escolhem o regime de bens que vigorará durante o matrimônio.
Trata-se de ato solene, porque depende de escritura pública, sob pena
de nulidade absoluta.
É ainda um ato sob condição suspensiva, porque ineficaz se não se
realizar o casamento (art.1653, CC).

Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura
pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento.

Todavia, diante do princípio da conservação dos negócios jurídicos, a


nulidade do pacto não atinge o casamento, que será válido e regido pela
comunhão parcial de bens.
Assim o regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a
data do casamento. (art.1639, §1, CC)

Art. 1.639. § 1o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar


desde a data do casamento.

A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor (16 – 18), fica


condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de
regime obrigatório de separação de bens, porque, neste caso, nem pacto
haverá. (art.1654)

Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica


condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses
de regime obrigatório de separação de bens.

Com relevante impacto prático, o art.1655 do CC dispõe que é nula a


convenção ou a cláusula que constar no pacto que conflite com disposição
absoluta de lei, ou seja, que colida com normas de ordem pública. A norma
limita a autonomia privada do pacto assim como a função social do contrato o
faz nos contratos em geral.

Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha


disposição absoluta de lei.
Ex: uma cláusula que consagra a administração exclusiva dos bens do casal
pelo marido, enunciando que a mulher é incompetente para tanto.
No que concerne ao pacto antenupcial que adotar o regime da
participação final dos aquestos, é possível convencionar a livre disposição dos
bens imóveis desde que particulares (art.1656,CC). Isso é assim, pois,
conforme iremos ver, durante o casamento por tal regime há uma separação
convecional de bens (art.1688,CC). A norma mitiga a regra do art.1647, I do
CC, dispensando a autorga conjugal se isso for convencionado.

Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final


nos aqüestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens
imóveis, desde que particulares.
Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as
despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de
seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial.

Os pactos antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois


de registrados, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do
domicílio dos cônjuges.(art.1657, CC). Antes do registro, o pacto só é válido
entre os nubentes, após o registro há uma presunção de que todos o
conhecem.

Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros


senão depois de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de
Imóveis do domicílio dos cônjuges.

c) Princípios Gerais que regem o regime de bens


c.1) Princípio da autonomia privada:
Consiste na liberdade de os nubentes estipularem, quanto aos seus
bens, quanto as questões patrimoniais. (art.1639, CC)

Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento,


estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver.
O exercício da autonomia privada se dá pelo pacto antenupcial, em
regra. Sendo assim os cônjuges podem escolher outro regime que não seja o
regime legal (comunhão parcial de bens), fazendo opção por qualquer outro
regime.
É possível ainda a criação de um regime misto/ híbrido, combinando as
regras dos regimes previstos em lei.
Ex: os nubentes elegeram o regime de comunhão universal de bens, mas
decidem excluir da comunicabilidade determinado bem.
Tal princípio não é absoluto, não pode sobrepor-se às normas cogentes,
à moral e aos bons costumes, sob pena de nulidade das respectivas
cláusulas.(art.1655, CC)
Assim também é nula a estipulação do regime de comunhão nas hipóteses da
separação legal ou obrigatória previstas no art. 1641.

OBS: Existem dois regimes legais, ou sejam determinados em lei:


- comunhão parcial de bens: esse regime obritaroriamente vigora quando
não houver pacto antenupcial ou então quando este for nulo ou ineficaz;
- separação legal ou obrigatória (1641, CC).

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:


I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas
suspensivas da celebração do casamento;
II - da pessoa maior de sessenta anos;

II - da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº


12.344, de 2010)
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

c.2) Princípio da isonomia:


É de índole constitucional (art.5, I, CF). Não se pode , em situações
pertinentes a ambos os sexos, conceder certos direitos a um dos cônjuges e
negar ao outro.

c.3) Princípio da indivisibilidade do regime de bens:


Apesar de ser juridicamente possível a criação de outros regimes que
não estejam previstos em lei, não é lícito fracionar os regimes em relação aos
cônjuges. Ou seja, o regime é único para ambos os consortes, diante da
isonomia constitucional. Há uma única exceção que é no caso da separação
remédio (art.1572, §3, CC).

Art. 1.572. § 3o No caso do parágrafo 2o, reverterão ao cônjuge enfermo,


que não houver pedido a separação judicial, os remanescentes dos bens
que levou para o casamento, e se o regime dos bens adotado o permitir, a
meação dos adquiridos na constância da sociedade conjugal.

c.4) Princípio da variedade do regime de bens:


O CC/2002 consagra 4 tipos de regime:
- Regime de comunhão parcial (arts.1658 a 1666 do CC);
- Regime da comunhão universal de bens (arts.1667 a 1671 do CC);
- Regime da participação final nos aquestos (arts. 1672 a 1686 do CC);
- Regime da separação de bens (arts 1687 e 1688 do CC).
No silêncio das partes, prevalecerá o regime da comunhão parcial, que é o
regime legal ou supletório (art. 1640, CC).

c.5) Princípio da mutabilidade justificada:


Ao contrário da codificação anterior, o art. 1639, § 2, do CC/2002,
possibilita a alteração do regime de bens, mediante autorização judicial, em
pedido motivado de ambos os nubentes, apurada a procedência das razões
invocadas e desde que ressalvados os direitos de terceiros (certidões
negativas em nome dos cônjuges). O MP sempre previamente intimado para
dar seu parecer sobre tal mudança.

OBS: NOVIDADES DO NCPC


O NCPC, trouxe como novidade a previsão específica na legislação
processual, a alteração de regime de bens em seu art.734 e seus respectivos
parágrafos.
Inicialmente percebe-se que a firmatura da petição inicial por ambos os
cônjuges foi elevada pelo legislador a um requisito da própria petição inicial.
Além desse requisito que se tornou imprescindível constar na petição
inicial desse tipo de demanda, também a apresentação de um justo motivo
para que essa alteração dosse deferida.
E em que consistiria esse justo motivo?
Sobre tal questão, paira grande discussão entre os operadores de direito, que
consiste basicamente em saber se esse justo motivo consistiria apenas na livre
vonade das partes – desde que observados os demais requisitos legais – ou se
consistitia em algo além, do interesse das partes, em que caberia o controle do
órgão jurisdicional sobre ser ou não um justo motivo aquele apresentado pelas
partes para alteração do regime.
Existem 2 correntes: uma que diz que basta a vontade das partes e
outra que além das vontades das partes deve ser demonstradas razões para a
alteração do regime.
Na prática, esse justo motivo é uma cláusula geral, que deve ser
preenchida pelo juiz caso a caso.
Outra novidade, advinda do NCPC, consiste na necessidade de
publicação de edital, antes do deferimento da alteração, a fim de que seja dada
uma maior publicidade ao novo regime que for pretendido pelas partes.
Somente após o mínimo de 30 dias após a publicação do edital – e após a não
oposição do MP (como já ocorria) – é que poderá ser deferida a alteração.

d) Regimes de Bens
d.1) Regime de comunhão parcial de bens(arts.1658 a 1666 do CC):
É o regime legal ou supletório, que valerá paraca o casamento se não
houver pacto entre os cônjuges ou sendo este nulo ou ineficaz.
A regra básica do regime de comunhão parcial é que se comunicam os
bens havidos durante o casamento com a exceção dos incomunicáveis.
(art.1658, CC)
Nesse regime entram em comunhão os bens adquiridos durante o
casamento, a título oneroso (compra e venda) ou eventual (loteria), restando
excluídos os bens adquiridos antes das núpcias ou durante o matrimônio a
título gratuito (doação, herança).
Tem como pano de fundo reconhecer uma presunção absoluta de
colaboração conjunta na aquisição onerosa dos bens na constância do
casamento. Ou seja, oresume-se que, durante o casamento, um esposo auxilia
o outro na aquisição de bens, não necessariamente uma ajuda econômica,
podendo ser psicológica ou moral.
A partir da regra do art.1725 do CC, este regime também tem aplicação
no âmbito da união estável, estabelecendo idêntica presunção absoluta de
colaboração recíproca para aquisição dos bens.
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os
companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o
regime da comunhão parcial de bens.

Os bens que não se comunicam nesse regime, estão previsto no artigo


1.659 , CC:
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:

I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem,


na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados
em seu lugar;
Subrogados: substituídos

II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um


dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares;
A previsão deve ser interpretada restritivamente, pois se o bem é
adquirido também com o esforço do outro cônjuge, de qualquer natureza,
haverá comunicação.

III - as obrigações anteriores ao casamento;


São os casos de dívidas pessoais que cada um já possuía antes de
casar.

IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em


proveito do casal;
Ex: Se os cônjuges possuem uma fazenda e o marido, na administração desta,
causar um dano ambiental, haverá responsabilidade solidária do casal,
respondendo todos os bens. Isso porque a atividade desenvolvida na fazenda
era realizada em benefício do casal.

V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;


Ex: jóias da família, relógio, bisturi, máquina de costura.

VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;


Ex: salário, aposentadoria.

VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.


Meios soldos(metade do valor que o Estado paga ao militar reformado)
Montepios (pensão paga pelo Estado aos herdeiros de um funcionário público
falecido)
Além dessas previsões, não se comunicam os bens cuja aquisição tiver
por título uma causa anterior ao casamento. (art.1661, CC)
Art. 1.661. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma
causa anterior ao casamento.
Ex: um rapaz vende a crédito um terreno, cujo valor é recebido após a
celebração do casamento. Tal valor é incomunicável.
Por outra via, o art.1660 traz o rol dos bens comunicáveis durante tal
regime:
Art. 1.660. Entram na comunhão:

I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso,


ainda que só em nome de um dos cônjuges;

II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de


trabalho ou despesa anterior;
Ex: valores recebidos em decorrência de jogos, apostas, loteria.

III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de


ambos os cônjuges;

IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;


V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge,
percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de
cessar a comunhão.

Em relação aos bens móveis, o CC consagra a presunção de que foram


adquiridos na constância da união, ou seja, se comunicam. Mas essa
presunção é relativa. (art.1662, CC)
Art. 1.662. No regime da comunhão parcial, presumem-se adquiridos na
constância do casamento os bens móveis, quando não se provar que o
foram em data anterior.
Obs: imóveis adquiridos, antes do matrimônio através de financiamento?

No regime de comunão parcial a administração do patrimônio comum


compete a ambos os cônjuges. (art.1663, CC).
Art. 1.663. A administração do patrimônio comum compete a qualquer dos
cônjuges.

§ 1o As dívidas contraídas no exercício da administração obrigam os


bens comuns e particulares do cônjuge que os administra, e os do outro
na razão do proveito que houver auferido.

§ 2o A anuência de ambos os cônjuges é necessária para os atos, a título


gratuito, que impliquem cessão do uso ou gozo dos bens comuns.

§ 3o Em caso de malversação dos bens, o juiz poderá atribuir a


administração a apenas um dos cônjuges.

Nos casos em que a meação de um cônjuge não responda pela dívida o


outro (art.1666, CC) é cabível o uso de embargos de terceiros (art.1046, CPC)
para a defesa da meação.
Art. 1.666. As dívidas, contraídas por qualquer dos cônjuges na
administração de seus bens particulares e em benefício destes, não
obrigam os bens comuns.
d.2) Regime de comunhão universal de bens (arts.1667 a 1671 do CC):
A través da comunhão universal forma-se uma massa patrimonial única
para o casal, estabelecendo uma unicidade de bens, atingindo créditos e
débitos e comunicando os bens pretéritos e futuros.
Convencionalmente é chamado de comunhão total de bens.
A comunhão universal de bens não é absoluta, admite exceções.
(art.1668, CC)
Art. 1.668. São excluídos da comunhão:

I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e


os sub-rogados em seu lugar;

II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro


fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva;
Fideicomisso é uma forma de substituição testamentária em que um
primeiro herdeiro(fiduciário) pode ser substituído por outro (fideicomissário).
Quando o bem estiver com o fiduciário haverá incomunicabilidade, pois a sua
propriedade é resolúvel, protegendo-se o direito do fideicomissário.
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas
com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;

IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a


cláusula de incomunicabilidade;

V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.


Os frutos decorrentes desses bens que não se comunicam, entram
regularmente na comunhão patrimonial. (art.1669)
O estado de comunhão universal perdura somente enquanto o casal
estiver convivendo. Ou seja cessada essa convivência pela separação de fato,
não mais se comunicam os bens adquiridos individualmente, bem como não se
dividem mais as obrigações assumidas por cada um. O STF tem tal
entendimento.
Em relação a administração, salvo disposição em contrário no pacto, ela
é feita por ambos os cônjuges, com exceção dos bens não comunicáveis.
Um último comentário diz respeito a vedação imposta pelo art.977 do
CC, que impede que pessoas casadas em comunhão universal possam
contratar sociedade entre si e com terceiros, na tentativa de se evitar
ocorrência de fraude. Essa proibição também é aplicável ao regime de
separação obrigatória. Se aplicatambém a União estável.
Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com
terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão
universal de bens, ou no da separação obrigatória.

d.3) Regime de participação final nos aquestos (arts.1672 a 1686 do CC):


Aquestos( bens onerosamente adquiridos na convivência)
Como regra fundamental de tal regime, durante o casamento há uma
separação convencional de bens e no caso de dissolução da sociedade
conjugal, algo próximo da comunhão parcial de bens. Finda a união, cada
cônjuge terá direito a uma participação daqueles bens para os quais colaborou
para a aquisição. (art.1672, CC)
Art. 1.672. No regime de participação final nos aqüestos, cada cônjuge
possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe
cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos
bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento
Durante o casamento, cada cônjuge tém um patrimônio próprio,
individual e livremente administrado e quando da dissolução do matrimônio
cada um deles terá direito a meação sobre os bens que o outro adquiriu a título
oneroso, na constância da convivência.
Art. 1.673. Integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge
possuía ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer título, na constância
do casamento.

Parágrafo único. A administração desses bens é exclusiva de cada


cônjuge, que os poderá livremente alienar, se forem móveis.
Se contudo no término nupcial, apresentar-se um saldo negativo na
conta dos aquestos, será suportado individualmente pelo cônjuge titular do
patrimônio, não vinculando o outro cônjuge.
d.4) Regime de separação de bens (arts.1687 a 1688 do CC):
A separação de bens pode ser convencional (origem em pacto
antenupcial) ou legal ou obrigatório (art.1641, CC).
Como regra básica não haverá comunicação de qualquer bem, seja
posterior ou anterior a união, seja a título oneroso ou gratuito. Cabendo a cada
um dos cônjuges administrar seus bens de forma exclusiva. (art.1687, CC)
Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a
administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá
livremente alienar ou gravar de ônus real.
Na separação convencional de bens não existe bens comuns, cada
cônjuge tem o seu patrimônio separado do outro.
Já na separação obrigatória/legal de bens se aplica a súm. 377 do STF.
Tanto na separação convencional de bens como na separação legal de
bens, ambos os cônjuges são obrigados a contribuir com as despesas do casal
na proporção dos rendimentos do seu trabalho e de seus bens, salvo
estipulação em contrário no pacto antenupcial. (art.1688, CC) Porém devemos
lembrar, que se no pacto antenupcial trouxer uma situação de enorme
desproporção, no sentido de que o cônjuge em pior condição terá que arcar
com todas as depesas da união, será cado de nulidade absoluta desta cláusula
do pacto (art.1655, CC).

12) Dissolução da Sociedade Conjugal.


No estudo da dissolução da sociedade conjugal, era comum a
diferenciação entre separação jurídica ou de direito (separação judicial e a
extrajudicial) e o divórcio. A separação jurídica colocava fim somente à
sociedade conjugal, persistindo o casamento, enquanto o divórcio findaria o
casamento e consequentemente, a sociedade conjugal. Havia portanto um
sistema bifásico de extinção dos institutos, o que foi banido com a Emenda
do Divórcio.
A EC 66/2010 representa uma veradadeira revolução para o Direito de
Família Brasileiro.
Dispunha a antiga redação do §6º do art. 226 da CF/88:

“§6º - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia
separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou se
comprovada separação de fato por mais de dois anos.”

Após a publicação da EC nº66/10, o mesmo artigo passou a vigorar com


a seguinte redação:

“§6º - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.”

Com a EC, foi extirpado do sistema jurídico brasileiro a separação,


judicial ou em cartório, unificando as causas dissolutórias do matrimônio, que
passaram a ser, tão somente, a morte e o divórcio.
Também foi superado os prazos estabelecidos para o divórcio, sendo
possível o divórcio mesmo que o casamento tenha sido celebrado a
pouquíssimo tempo.
A EC 66 atinge o art.1571 do CC, dispositivo primordial para o estudo da
dissolução da sociedade conjugal e do casamento.
O inciso III deve ser tido como revogado.
Também não tem mais sentido o §2 da mesma norma, pois atualmente
não há mais duas modalidades de divórcio, quais sejam:
- divórcio indireto ou por conversão
- divórcio direto
Atualmente existe uma única modalidade de divórcio, o divórcio direto,
sem prazo mínimo, podendo ser denominado simplesmente de divórcio.
O divórcio continua podendo ser efetivado pela vida judicial ou
extrajudicial.
O divórcio consensual pode ser feito por escritura pública? (art.1124-A,
CPC)
O divórcio no judiciário ?
O instituto do divórcio judicial era regulamentado pelo art.1580 do CC,
mas este foi tacitamente revogado, pois não foi recepcionado pelo novo
texto constitucional.
Para finalizar os estudos do divórcio 3 regras do CC devem ser tidas
como mantidas e perfeitas, sem qualquer interferência da Emenda do
Divórcio:
- art.1579
- art.1581
- art.1582

A nulidade e a anulação do casamento não foram atingidas pela


inovação constitucional, permanecendo no sistema, a gerar a extinção do
casamento por fatos anteriores a este.

Obs:
1) Separação de Fato
Vejamos 2 aplicações bem efetivas:
- o separado de fato, pelo atual CC, pode constituir união estável
(art.1723, § 3 do CC)
- há forte corrente reconhecendo que a separação de fato por tempo
considerável põe fim à sociedade conjugal, o que inclui o regime de
bens.

2) Da possibilidade de se discutir a culpa para o divórcio do casal:


Há correntes a favor e contra.
Parece prevalecer a corrente que defende a impossibilidade de discussão
da culpa em sede . A maioria dos juristas que compõem o Instituto Brasileiro de
Direito de Família assim entende.
Para esta corrente, desaparecendo a separação judicial, com ela foi a
culpa, não sendo possível a sua discussão em sede de ação de divórcio para
dissolver o casamento. Argumenta-se que a culpa é algo que apenas gera uma
injustificada demora processual em se colocar fim ao vínculo, violando o seu
debate a dignidade da pessoa humana.
Há autores, dentre eles eu, que defendem que a culpa deve ser discutida
em alguns casos excepcionais, de maior gravidade. Assim o divórcio poderia
ser litigioso (onde se discute a culpa) ou consensual.
Entendo que a culpa deve ser discutida, pois ela atingirá a responsabilidade
civil ao cônjuge e a fixação de alimentos.

3) A questào do uso do nome pelo cônjuge após a EC 66/2010 –


possível

4) A morte presumida como causa dissolutória do casamento:


Tal categoria de extinção do vínculo conjugal não sofreu alteração com a
EC 66, assim o ex-cônjuge do ausente está livre para se casar com terceiro.
Mas se o ausente reaparecer, o que ocorrerá? Há 2 correntes:
- considerará válido o segundo casamento e dissolvido o primeiro,
ressaltando a boa-fé dos nubentes e desvalorizando a conduta, muitas
vezes, de abandono do ausente.
- Declarará nulo o segundo casamento, eis que não podem se casar as
pessoas já casadas, nos termos do art.1571, VI do CC.

5) A guarda compartilhada como regra geral do divórcio (art.1584 do


CC)

6) Alimentos na dissolução do casamento (art.1694 e 1702 do CC)


Unidade III – DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO

- arts.1591 a 1595
1) Conceito.
Parentesco é o vínculo jurídico entre pessoas que têm mesma origem
biológica (mesmo tronco comum); entre um cônjuge ou companheiro e os
parentes do outro; e entre pessoas que têm entre si um vínculo civil.

2) Espécies.
Parentesco Consanguíneo: aquele que existe entre pessoas que mantêm
entre si um vínculo biológico ou de sangue, por terem origem no mesmo tronco
comum.
Parentesco por afinidade: existente entre um cônjuge ou companheiro e
os parentes do outro cônjuge ou companheiro.
Deve ser atentado o fato de que marido e mulher ou companheira - inclusive os
homoafetivos – não são parentes entre si, havendo um vínculo, decorente da
convivência.
Como novidade o CC/2002 reconhece o parentesco de afinidade decorrente da
união estável. (art.1595, CC)
Paresntesco Civil: aquele decorrente de outra origem, que não seja a
consaguinidadeou a afinidade, conforme consta do art.1593 do CC.
Tradicionalmente, tem origem na adoção. Todavia a doutrina e a jursiprudência
admite outras 2 formas:
- a decorrente da técnica de reprodução heteróloga, aquela efetivada com
material genético de terceiro;
- a que tem fundamento da parentalidade socioafetiva, na posse de
estado de filhos e no vínculo social de afeto.

3) Contagem de graus
O parentesco é instaurado por linhas e graus.
O parentesco consanguíneo pode ser na linha reta ou na linha colateral.
Na linha reta, a pessoa é ascedente da outra, restringindo-se o
parentesco aos ascendentes e descendentes.
Na linha colateral ou transversal ou oblíqua, a pessoa não é
descendente da outra, mas ambas emanam do mesmo ancestral comum.
Na linha reta, o parentesco é contado pelo número de gerações. Cada
geração representa um grau. Assim, pai e filho são parentes de 1 grau; avô e
neto de 2 grau.
Na linha colateral, o parentesco também é contado por número de
gerações, subindo de um dos parentes até o ascendente comum, e descendo
até encontrar o outro parente. Portanto não há colateral de 1 grau, pois entre
um colateral e outro há sempre que se contar o ascendente comum.
Na linha reta, o parentesco é infinito. Já na linha colateral é limitado até
o 4 grau, compreendendo assim:
- os irmãos (colaterais de 2 grau)
- tios e sobrinhos (colaterais de 3 grau)
- tios- avós; sobrinhos-netos; primos (colaterais de 4 grau)
-
Obs: No parentesco por afinidade, na linha colateral é restrita aos
colaterais de 2 grau.
Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do
casamento ou da união estável, persistindo, portanto o impedimento
matrimonial. Já na linha colateral, a afinidade desaparece, podendo haver
umcasamento entre ex-cunhados.
Unidade IV – A FILIAÇÃO E O RECONHECIMENTO DE
FILHOS

1) Conceito
Filiação é a relação de parentesco estabelecida entre pessoas que estão no
primeiro grau em linha reta(pais e filhos). Entre uma pessoa e aqueles que a
geraram ou que a acolheram e criaram, com base no afeto e na solidariedade,
almejando o desenvolvimento da personalizadade e a realização
pessoal.”Cristiano Chaves de Farias
Segundo Silvio Rodrigues, filiação como sendo a relação de parentesco, em
primeiro grau e em linha reta, ligando uma pessoa àquelas que a geraram ou
receberam como se a tivesse gerado.
Tal relação é regida pelo princípio da igualdade entre os filhos.
A partir da CF de 1988, foi afastada as descriminações que no CC de 1916,
contra os filhos de pessoas não casadas ou tidos fora do casamento. (art.227,
6º, CF e art.1596 do CC).

Art.227§ 6º, CF - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou


por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.

Art. 1.596. Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por


adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer
designações discriminatórias relativas à filiação.

2) Presunção “Pater is est quem nuptia demonstrant”


De modo inexplicável, o legislador-codificador manteve no atual código a
presunção de paternidade (art. 1597, CC) somente para os filhos nascidos de
pessoas casadas, ignorando a existência da pluralidade de núcleos familiares,
protegida de forma expressa, pela Constituição Federal.
O artigo 1597 do CC consagra as antigas presunções de paternidade
decorrentes do casamento, ao lado de novas presunções relacionadas a
técnicas de reprodução assistida.
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os
filhos:

I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a


convivência conjugal;

A presunção leva em conta o início do casamento, constituindo uma


presunção relativa ou iuris tantum, que admite prova em contrário,
principalmente pelo exame de DNA.

II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade


conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do
casamento;

Devemos lembrar que hoje em dia não existe mais a separação judicial,
podendo substituir este termo por divórcio, eis que não há prazo para este.
Esta presunção também é relativa e també como a anterior admite prova em
contrário, via DNA.

III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o


marido;

Fecundação artificial homóloga é aquela que envolve material genético


dos próprio casal, colhido com o consenso recíproco.
A respeito da fecundação após o falecimento do marido, nosso
legislador não faz nenhuma referência à necessidade, ou não, de prévia
autorização do marido para uso de seu material genético após seu
falecimento.
Devemos mencionar que a Resolução 2.013 do Conselho Federal de
Medicina admite tal técnica desde que houvesse prévia autoriza’cão do
falecido.

IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões


excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga;

Embriões excedentários são aqueles que sobejaram, remanesceram, de


uma fertilização assistida realizada anteriormente. Enfim, são embriões
decorrentes de manipulação genética, mas que não foram introduzidos no
ventre materno, estando criopreservados em clínicas de reprodução assistida.
(fecundação in vitro).
Segundo o artigo 5 da lei de Biosegurança, estes embriões serão
conservados pelo prazo mínimo de 3 anos, se não for convencionado
contratualmente entre as partes outro prazo.
Estas presunções também são relativas.

V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia


autorização do marido.
Inseminação artificial heteróloga é aquela na qual em que se utiliza o
material genético de terceiro, geralmente sêmen doado por outro homem.
Em relação a esta temos que fazer as seguintes ponderações:
- não a exigência que o marido que consentiu o uso do sêmen de um
terceiro seja impedido de procriar, a única exigência é que a anuência
seja expressa e escrita. Uma vez, iniciado o procedimento de
fertilização, já mais não se admite a retratação do marido, incidindo uma
presunção absoluta de paternidade, não podendo o pai posteriormente
entrar com uma ação negatória de paternidade(art.1601, CC).
- Prevalece o entedimento de impossibilidade de quebra do sigilo do
doador do material genético, mesmo nos casos de desamparo dos
filhos. Assim, não cabe eventual ação de investigação de paternidade
contra o doador, inclusive para pleitear alimentos ou direitos sucessórios
do último. A resolução 2013 do Conselho Federal de Medicina, do
mesmo modo protege o sigilo do doador.

OBS:
1) Conforme a melhor doutrina as presunções dos incisos III, IV e V do
art.1597 devem ser aplicadas nos casos de união estável.

2) Art.1599 do CC:
Art. 1.599. A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da
concepção, ilide a presunção da paternidade.
Aquí devemos salientar que esta impotência diz respeito a impossibilidade
de gerar filhos, não diz respeito a impotência instrumental, ou seja, para
realizar o ato sexual.

3) Art.1600 do CC:
Art. 1.600. Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para
ilidir a presunção legal da paternidade.
Este dispositivo está superado, pois como bem sabemos o adultério não
existe mais em nosso ordenamento jurídico.

4) Art. 1602 do CC:


Art. 1.602. Não basta a confissão materna para excluir a paternidade.
Em suma, não basta a declaração da mãe de que seu marido não é o pai
da criança para excluir a presunção de paternidade, pois outros fatos devem
ser considerados como o exame de DNA.

5) Gestação de Substituição/ Gestação em últero alheio (Barriga de


Aluguel)
É a técnica utilizada pela medicina para permitir que um paciente,
biologicamente impossibilitada de gestar ou de levar a gravidez até o final,
possa ter um filho, resultante da fecundação com o seu óvulo, gestado em
útero de terceira pessoa.
A pesar de objeções de cnho religioso, o Conselho Ferderal de medicina na
Resolução 2013 admite esta gestação, somente a título gratuito.
Além disso, as pessoas envolvidadas na maternidade por substituição
devem peretencer a mesma família, com parentesco até 4 grau, mas em todos
os casos respeitada a idade limite de 50 anos.
A doadora do material genético é chamada de genetrix, enquanto que a
mulher que gera é chamada de gestratrix.
Discutiu-se no Brasil por um período, a possibilidade de duas companheiras
homoafetivas fazerem uso da gestação substituição. Isso acabou sendo
possível, diante da decisão do STF que reconheceu a união estável
homoafetiva. Elas conjuntamente com essa prática se utilizam inseminação
artificial heteróloga.

3) Critérios Determinantes da Filiação


Atualmente não é mais permitida , por força da norma constitucional,
qualquer menção à origem (biológica ou não) da filiação, o que por si só, já
implicaria um discriminação entre os filhos.
A liberdade de cada pessoa de efetivar a filiação pode ser realizada através
de mecanismos biológicos (através de relações sexuais, estáveis ou não), da
adoção (pode decisão judicial), da fertilização medicamente assistida ou por
meio do estabelecimento afetivo puro e simples da condição paterno-filial. Seja
qual for o método escolhido, não haverá qualquer efeito diferenciado para o
tratamento jurídico (pessoal e patrimonial) do filho.
a) Critério de presunção legal
É a que já abordamos anteriomente prevista no art.1597 do CC

b) Critério Biológico
É aquele centrado na determinação do vínculo genético, contando,
contemporaneamente, com a colaboração do exame DNA.
Através do critério científico determina-se a filiação com base na carga
genética do indivíduo, ou seja, a paternidade ou maternidade é definida com
esteio no vínculo biológico.
A súmula 301do STJ: “em ação investigatória, a recusa do suposto pai a
submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade”.
Esta presunção como vemos é relativa, admiindo prova em contrário e além
disso não é em todos os casos que o juiz está sempre obrigado a julgar de
acordo com a recusa. Em determinados casos, como, por exemplo, em se
tratando de hipótese de filiação socioafetiva, a recusa do pai não pode implicar
na determinação do estado de filho. Devendo assim ser analisado o caso
concreto.
c) Critério Socioafetivo
É aquele estabelecido pelo laço de amor e solidariedade que se forma
entre determinadas pessoas.
A filiação socioafetiva não está lastreada no nascimento (fato biológico),
mas em ato de vontade, cimentada, cotidianamente, no tratamento e na
publicidade, colocando em xeque, a um só tempo, a verdade biológica e as
presunções jurídicas.
Socioafetiva é aquela filiação que se constrói a partir de um respeito
recíproco, de um tratamento de mão-dupla como pai e filho, inabalável na
certeza de que aquelas pessoas, de fato, são pai e filho..
O Código Civil, em seu artigo 1593, reconhece a possibilidade de
parentesco decorrente de outros critérios, acobertando a possibilidade de uma
origem socioafetiva

Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de


consangüinidade ou outra origem.
O laço socioafetivo depende obviamente da comprovação da
convivência respeitosa, pública e firmemente estabelecida.
Em algumas hipóteses é possível enxergar, com clareza, a presença da
afetividade determinado o estado de filiação: (rol exemplificativo)
- na adoção obtida judicialmente;
- no fênomeno de acolhimento de um “filho de criação”, quando
demonstrada a presença da posse do estado de filho:
- na chamada ädoção à brasileira”(reconhecer voluntariamente como seu
um filho que sabe não ser);

Outro exemplo de filiação afetiva presente em nossa legislação decorre do


art. 1597, V do CC, ao estabelecer a presunção absoluta de paternidade para o
filho decorrente de fertilização artificial heteróloga, quando o genitor aquiesceu
expressamente.
Uma vez fixada a filição pelo critério socioafetivos, todos os efeitos
decorrem automaticamente, sejam existenciais ou patrimoniais. Por isso, o filho
socioafetivo terá direito a herança e aos alimentos (efeitos patrimoniais) e,
igualmente, estabelecerá o vínculo de parentesco e estará sob o poder familiar
do pai afetivo (efeitos pessoais), dentre outros.
Assim, estabelecida a filiação socioafetiva são rompidos, automaticamente
os vínculos com o pai biológico que se torna, meramente o genitor, não
podendo ser compelido a prestar alimentos e não transmitindo herança para o
filho que estabeleceu vínculo com outrem, bem como não podendo exercer o
poder familiar.

4) Possibilidade de negar a filiação presumida por lei (ação negatória de


paternidade ou maternidade)
- Art. 1601 do CC:
Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos
nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível.

Parágrafo único. Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm


direito de prosseguir na ação.
Esta ação é personalíssima, cabendo tão somente, ao marido ou a
esposa (isonomia constitucional). Uma vez proposta a ação, em caso de
falecimento pode os herdeiros do autor dar seguimento ao procedimento.
No pólo passivo estará o filho e não a sua mãe ou seu pai. Em sendo
este filho falecido, este será ocupado por seus herdeiros. Não havendo
herdeiros conhecidos serão citados os eventuais interessados.
A competência para julgar e processar tal ação é fixada pelo domicílio
do réu (art.46, NCPC) e seguindo a regra geral, é caso de competência
relativa.
O MP não tem legitimidade para promover a ação, como substituto
processual. Ele atua apenas como fiscal da lei.(art.178, NCPC).
Este artigo como já mencionamos não se aplica a fetilização artificial
heteróloga com permissão do marido.
Este artigo é duramente criticado, pois ao consagrar a imprecritibilidade
da ação negatória de paternidade pelo marido, despreza a parentalidade
socioafetiva, fundada na posse de estado de filho.
Segundo jurisprudencia do STJ, o conhecimento da ausência do vínculo
biológico e a posse do estado de filho obstam/impediria a contestação da
paternidade presumida.
EX: Um marido reconhece o filho havido de sua mulher como seu, por meio da
chamada ädoção brasileira”, criando-o por 10 anos, não poderá desfazer este
vínculo. No máximo o que ele poderia fazer era entrar com uma eventual
demanda negatória ou de nulidade do registro que apenas acarretaria a
declaração de que o autor não é o pai biológico da criança, porém o vínculo da
filiação debe ser mantido.

5) Ação de Prova de Paternidade


- art.1606
Art. 1.606. A ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver,
passando aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz.

Parágrafo único. Se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros poderão


continuá-la, salvo se julgado extinto o processo.

6) A prova da Filiação
- art 1603 a 1605.
Ordinariamente, a prova da filiação se faz através da certidão do registro
civil de pessoas naturais, uma vez que a filiação impõe a lavratura de um
assento em cartório.
Art. 1.603. A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento
registrada no Registro Civil.
Diante disso, todo nascimento debe ser registrado em conformidade
com o que preconizam os arts. 50 a 66 da Lei 6015/73 (Lei de Registros
Públicos).
Em linhas gerais, o registro conterá o nome do pai e/ou da mãe, ainda
que não sejam casados entre si.
Se o pai for casado com a mãe, o seu nome constará no registro,
independentemente de sua vontade, em face da presunção de paternidade
(art.1597, CC).
Se o pai não for casado com a mãe é necessário o seu consentimento
expresso, manifestado pessoalmente ou por seu procurador.
O registro civil de nascimento produz uma presunção de filiação quase
absoluta, pois apenas pode ser invalidado se se provar que houve erro ou
falsidade, conforme art.1604 do CC.
Art. 1.604. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do
registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro.
Este dispositivo possibilita a Ação Vindicatória de filho por terceiro,
havendo erro ou falsidade registral.
Ex: um pai biológico pode ingressar com demanda contra aquele que registrou
um filho como seu.
Mas é claro que ressalvados os casos de socioafetividade.
Podemos assim resumir a matéria deste dispositivo da seguinte
maneira:
- Regra: não cabe quebra do que consta do registro de nascimento;
- Exceção: o registro pode ser quebrado nos casos de erro ou falsidade
do registro;
- Exceção da exceção: a quebra do sigilo não pode ocorrer nos casos de
parentalidade socioafetiva.
Entretanto a certidão do cartório do registro civil não é o único meio de
se provar a filiação, ;e admitido outros mecanismos, previstos no art.1605 do
CC.
Art. 1.605. Na falta, ou defeito, do termo de nascimento, poderá provar-se
a filiação por qualquer modo admissível em direito:

I - quando houver começo de prova por escrito, proveniente dos pais,


conjunta ou separadamente;

II - quando existirem veementes presunções resultantes de fatos já


certos.
Como por exemplo pela posse do estado de filhos, ou seja, pelo fato do
filho conviver a tempos com os supostos pai e mãe. Ou seja pela parentalidade
socioafetiva.
Este rol do art. 1605 não é taxativo. Podendo-se admitir outros meios de
prova, como as perícias e exames médicos (DNA), oitiva de testemunhas e a
juntada de documentos.

7) A Multiparentalidade
Alguns doutrinadores defendem que seria possível a hipótese de ter a
pessoa dois pais ou duas mães no registro civil, para todos os fins jurídicos,
inclusive familiares e sucessórios.
Entendem os defensores desta tese de que a filiação socioafetiva não pode
eliminar a possibilidade da filiação biológica porque tratam de critérios
diferentes e em razão disso poderiam coexistir simultaneamente.
A jurisprudência atual é no sentido de negar a multiparentalidade,
esclarecendo que a filiação será determinada através de um, ou outro critério,
a depender do caso concreto.

8) Reconhecimento de filhos. Reconhecimento voluntário e o


reconhecimento forçado.

a)Introdução
O reconhecimento de filhos é um ato, voluntário ou forçado, através do qual
se estabelece a relação de parentesco em primeiro grau na linha reta (pais e
filhos).
Este tema já era tratado pela Lei 8560/1992 (Lei da Investigação de
Paternidade), norma que continua parcialmente em vigor naqueles pontos que
tratam da matéria processual.
O reconhecimento de filhos no atual Código Civil consta dos seus arts. 1607
a 1617.
A presunção relativa de paternidade, esculpida no art.1597, I e II do Código
Civil, somente é aplicável aos filhos nascidos de pessoas casadas entre si.
Aliás, o casamento conta, também, com uma presunção de materindade, de
modo que o filho nascido de pessoas casadas entre si não precisa ter
reconhecido o seu estado filiatório.
Dessa maneira, os filhos de pessoas não casadas entre si, naturalmente,
precisam ter o seu vínculo filiatório reconhecido pelos seus pais, através de ato
espontâneo ou da intervenção judiciária.

b) O reconhecimento voluntário de filhos


O reconhecimento voluntário se aperfeiçoa de forma desejada,
espontânea, sem qualquer imposição ou constrangimento daquele que pratica
o ato.

Assim o reconhecimento espontâneo é ato pelo qual o pai, a mãe ou


ambos, declaram seu vínculo que os une ao filho nascido.

Devemos salientar que não necessariamente esse reconhecimento deve


ser praticado simultaneamente pelos genitores.

Art. 1.607. O filho havido fora do casamento pode ser reconhecido pelos
pais, conjunta ou separadamente.

A pesar de ser um ato personalíssimo, pode ser realizado através de


procurador com poderes específicos.

Art. 59. Lei 6015/73. Quando se tratar de filho ilegítimo, não será
declarado o nome do pai sem que este expressamente o autorize e
compareça, por si ou por procurador especial, para, reconhecendo-o,
assinar, ou não sabendo ou não podendo, mandar assinar a seu rogo o
respectivo assento com duas testemunhas.
Considerada a sua natureza personalíssima e o tratamento
constitucional da matéria, é mister deixar patente que em se tratando de
reconhecimento de filho havido fora do casamento é completamente
desnecessário o consentimento do cônjuge do reconhecente.

Em relação à maternidade, quando esta constar do termo do


nascimento, como é comum, a mãe só poderá contestá-la, provando a
falsidade do termo, ou das declarações nele contidas. Ex: troca de bebês na
maternidade.

Art. 1.608. Quando a maternidade constar do termo do nascimento do


filho, a mãe só poderá contestá-la, provando a falsidade do termo, ou das
declarações nele contidas.

As formas de reconhecimento voluntário estão previstas no art.1609 do


CC.

Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é


irrevogável e será feito:

I - no registro do nascimento;

Esse reconehcimento é feito no ato da lavratura do assento de


nascimento.

Se a mulher for casada, o marido não precisa comparecer no ato,


porque a paternidade é presumida. Basta o seu comparecimento, munida da
certidão de casamento, para que o filho seja registrado em nome dele.
Exceção: filhos nascidos antes dos 180 dias.

II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;

Esta escritura será averbada no Registro do Nascimento. Na certidão de


nascimento não pode rá fazer qualquer menção a este fato, para evitar
discriminação.

III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;

Qualquer espécie de testamento público, privado, particular, militar, etc.

IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o


reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o
contém.

Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho


ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes.

O reconhecimento voluntário pode se dar antes mesmo do nascimento


do filho, admitido, pois, o reconhecimento de filiação do nascituro.
Também é possível realizar o reconhecimento posterior ao óbito do filho.
É o chamado reconhecimento póstumo, somente admitido se o falecido deixou
descendentes, evitando-se assim, um escuso reconhecimento da prole, com a
fraudulenta intenção de adquirir direito sucessório.

Obs:

Diferentemente ocorre na situação do absolutamente incapaz que não


pode em hipótese alguma reconhecer voluntariamente a filiação. (SÓ SE
REPRESENTADO)

Trata-se de ato livre, irrevogável e irretratável, não podendo estar


submetido a condição, termo ou encargo ou mesmo qualquer outra modalidade
que tenha por objetivo restringir o reconhecimento filiatório.

Art. 1.610. O reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo quando
feito em testamento.

O reconhecimento de filho é sempre irrevogável. O testamento continua


sendo revogável, mas isso não atinge a perfeição do ato de reconhecimento.

Art. 1.613. São ineficazes a condição e o termo apostos ao ato de


reconhecimento do filho.
Ex: reconheço você como meu filho quando sua mãe morrer.

OBS:

1) O reconhecimento voluntário de filhos tem natureza de ato jurídico stricto


sensu, ou seja, é um ato que gera consequências jurídicas previstas em lei,
onde as partes não tem autonomia para regular as mesmas.
Ex: Eu não posso reconhecer um filho mas impedir este que posteriormente
venha a cobrar alimentos ou de ser herdeiro .

2) Entretanto, não esqueçamos que este ato pode ser invalidado. Ex: filho
reconhecido por erro ou por coação.

3) O ato de reconhecimento produz efeito erga omnes (perante todos) e ex


tunc (retroage a data de concepção do filho).

O reconhecimento de filhos ordinariaemente é ato unilateral e formal.


Entretanto, no caso de reconhecimento de filho maior e plenamente capaz, a
eficácia deste reconhecimento está condicionada ao seu consentimento, que
pode ser por escritura pública ou privada. Não cabe suprimento judicial.

Art. 1.614. O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu
consentimento, e o menor pode impugnar o reconhecimento, nos quatro
anos que se seguirem à maioridade, ou à emancipação.
Em relação ao filho adolescente (12 a 18 anos) merece salientar uma
posição doutrinária (Maria Berenice Dias) de que deve haver a oitiva antes do
reconhecimento do filho adolescente, fazendo uma interpretação analógica ao
que ocorre na adoção.

Art. 45. Lei 8069. A adoção depende do consentimento dos pais ou do


representante legal do adotando.
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será
também necessário o seu consentimento.

Em relação a segunda parte do art.1614, em relação ao prazo de 4


anos. Neste prazo decadencial contados da data em que alcançou a plena
capacidade, o filho pode rejeitar o pai registral, independentemente da
pertinência da alegação. Não precia provar a falsidade do registro, a
inexistenência de elo afetivo ou biológico, nada. (Ação Impugnatória - Rejeição
Imotivada).
Nada impede, porém, que, independetemente desse prazo, seja
promovida uma ação negatória de paternidade ou materindade, a qualquer
tempo. Entretanto, diferentemente deve haver uma causa motivadora.

Um dispositivo que possui uma redação polêmica e criticável é o artigo


1611 do CC.

Art. 1.611. O filho havido fora do casamento, reconhecido por um dos


cônjuges, não poderá residir no lar conjugal sem o consentimento do
outro.

Este comando privilegia o casamento em detrimento do filho, trazendo


assim um resquício da odiosa discriminação do filho havido fora do casamento.
Haveria um vício inconstitucional. O mais correto seria não haver tal previsão
no código e deixar a análise do caso para o julgador na questão controversa.
Além de que debe-se prevalecer o princípio do maior interesse da criança e do
adolescente, trazido no artigo 1612 do CC.

Art. 1.612. O filho reconhecido, enquanto menor, ficará sob a guarda do


genitor que o reconheceu, e, se ambos o reconheceram e não houver
acordo, sob a de quem melhor atender aos interesses do menor.

OBS:

Além dessas formas de reconhecimento , há ainda 2 hipóteses:

- art.26 da lei 8069/90 (ECA):

Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser


reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio
termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro
documento público, qualquer que seja a origem da filiação.
- Art.2 da lei 8560/92 (Lei de Investigação de Paternidade): Investigação
oficiosa da paternidade ou averiguação oficiosa.

É um procedimento administrativo, sem caráter judicial, mas com a


presença do magistrado, iniciado pelo oficial do cartório de registro civil de
pessoas naturais, tendendo a regularizar, de forma mais econômica e célere, o
status familiae dos menores (somente de menores), em cujo registro consta
apenas a materinidade (nome da mãe).

O procedimento é simplificado:

I) realizado o registro do menor apenas com o nome da mãe, o oficial do


cartório extrairá certidão integral do registro e juntamente com os dados
identificadores do suposto pai remeterá (obrigatório) ao juiz de registros
públicos;

II) O juiz mandará notificar o suposto genitor para que se manifeste sobre a
paternidade imputada no prazo de 30 dias, contados a partir da juntada do
comprovante de recebimento da notificação;

III) o juiz poderá ouvir ou não a mãe e deverá incentivar o pai, quando este
comparecer na audiência, a reconhecer voluntariamente o filho;

IV) havendo o reconhecimento espontâneo, o juiz mandará averbar o


reconhecimento em cartório;

V) não comparecendo o suposto paiou negando a paternidade, o juiz remeterá


os autos ao MP para que se entender cabível entre ou não com a ação
correspeondente.

Como se trata de procedimento administrativo, caso o suposto pai não


comparecá na audiência não decorrerá qualquer consequência danosa para
este ou se negar a paternidade. Pelo mesmo motivo, é desnecessáio o
acompanhamento de um advogado.

c) Reconhecimento forçado de filhos (Investigação de Parentalidade)

O reconhecimento coativo do estado de filho, pois, decorre do


reconhecimento do vínculo parental pelo Estado-juiz, através da sentença.
Falamos em investigação de parentalidade e não mais de paternidade,
pois, contemporaneamente, devido aos avanços biotecnológicos e das técnicas
de reprodução assistida, é possível investigar não somente a paternidade,
mas, identicamente, a maternidade e, até mesmo, outros vínculos de
parentesco, como no caso dos avós.

Obs:
- Investigação de parentalidade é diferente de ação de investigação de
origem genética.
Através da ação de investigação de parentalidade pretende-se obter o
reconhecimento filiatório, ou seja, o autor com esta ação almeja ter o seu pai,
ou mãe, reconhecido pela decisão judicial, estabelecendo um estado filiatório e
consequentemente uma relação de parentesco, com todos os seus efeitos
pessoais (direito ao sobrenome do pai e ao registro civil) e patrimoniais
(herança, alimentos, etc).

A outro giro, através da investigação da origem genética, uma pessoa


que já titulariza uma relação paterno-filial, ou seja já tem um genitor,
estabelecida a partir de hipóteses não biológicas (adoção ou de filiação
sociafetiva), pretende obter o reconhecimento da sua origem ancestral, em
relação ao seu genitor biológico. O autor da ação não pretende requerer
alimentos ou herança do réu, seu ancestral. Apenas pretende ver declarada a
sua ascendência genética.

A ação de investigação de parentalidade é possível também para se


provar uma filiação socioafetiva (adoção a brasileiras, filho de criação).

A natureza jurídica da ação de parentalidade é meramente declaratória,


pois declara uma situação fática preexistente.

Esta ação é imprescritível.

SÚMULA Nº 149 - STF É imprescritível a ação de investigação de


paternidade, mas não o é a de petição de herança.

É possível cumular a ação investigatória com diferentes pedidos, como


alimentos, petição de herança, anulação de testamento e partilha, dentre
outros.

É preciso ressaltar, ainda em relação aos alimentos, que o art. 7 da lei


8560/92 autoriza ao juiz fixar alimentso na sentença, ao julgar procedente o
pedido investigatório, independentemenet de requerimento expresso da parte.

SÚMULA 277 STJ. Julgada procedente a investigação de paternidade, os


alimentos são devidos a partir da citação.

Em relação a cumulação de paternidade com petição de herança,


devemos salientar que o pedido de herança se sujeita ao prazo prescricional
regular de 10 anos.

Art. 205.CC A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja
fixado prazo menor.

O foro competente para apreciar a ação investigatória é em regra no foro


do domicílio do réu (art.46, NCPC).

Se a ação estiver cumulada com a de alimentos, o foro será o do


domicílio ou residência do alimentado é que será o dforo competente.
Se a ação estiver cumulada com a petição de herança, será competente
o mesmo juízo do inventário, antes da partilha; ou o foro do domicílio de
qualquer herdeiro, após a partilha.
Se for cumulada com a de alimentos e a da petição da herança será
competente o foro de domicílio ou residência do alimentando.

Legitimidade ativa: em regra do filho, sendo menor deverá ser


representado (menor de 16) ou assistido (menor entre 16 e 18 anos). O MP
também tem legitimidade, como substituto processual.

Legitimidade passiva: em regra contra o suposto pai ou mãe. Se


falecidos, contra seus herdeiros. Se não tiver herdeiros, contra o Estado
(Município ou União) que receberá os bens vagos. E por fim, a ação também
cabe contra o avô (ação avoenga).

Meios de provas: a mais efetiva é o exame do DNA.

Contestar a ação: qualquer pessoa que tenha justo interesse pode


contestar a ação investigatória .

Art. 1.615.CC Qualquer pessoa, que justo interesse tenha, pode contestar
a ação de investigação de paternidade, ou maternidade.
É possível desistir da ação e esta não acarretará em renúncia ao direito
à filiação, sendo lícito ao autor-desistente promover nova ação, a qualquer
tempo, em face de seu caráter imprescritível, como já vimos.

Em relação ao incapaz, não podendo o representante ou assistente do


incapaz dispor de um direito que não lhe pertence. Se este desistir será o caso
de nomeação de um curador especial ao incapaz, de modo a resguardar os
seus interesses, dando continuidade ao processo. Assim como o MP atuar na
qualidade de substituto processual.

Em relação a coisa julgada na ação investigatória, a jrusprudência do


STJ e do STF é no sentido de ralativizar a coisa julgada em casos de ações
investigatórias julgadas improcedentes por ausência de provas, em momento
em que não existia o exame de DNA.
Unidade V – ADOÇÃO

1) Introdução
Contemporaneamente, a adoção está assentada na ideia de se oportunizar
a uma pessoa humana a inserção em um núcleo familiar, com a sua integração
efetiva e plena, de modo a assegurar a sua dignidade, atendendo às suas
necessidades de desenvolvimento da personalidade, inclusive pelo prisma
psíquico, educacional e afetivo.
Desaparece, pois, a falsa idéia de adoção como remédio destinado a dar
um filho para quem, biologicamente, não conseguiu procriar. Não se trata de
uma solução para a esterilidade ou para a solidão. Tampouco é forma de
amparar filhos privados de arrimo por seus pais biológicos.
A adoção é gesto de amor, de mais puro afeto.
Antes do Código Civil de 2002, havia uma divisão da adoção em :

- Adoção Simples (Regida pelo CC de 1916, maiores de 18 anos):


Ela se efetivava por meio de escritura lavrada em cartório (escritura pública)
e o adotado continuava vinculado à sua família natural/ de sangue.
Ela era estritamente personalíssima, criando um vínculo apenas entre o
adotado e o adotante, os demais parentes de um e outro permaneciam
estranhos à adoção.

- Adoção Plena ou estatutária (Regida pelo ECA, menores):


Por este meio de adoção, a não seria mais possível a revogação da adoção
e nela se excluía qualquer vínculo entre o adotado e sua família natural. Em
contrapartida, passava a manter vínculo de parentesco com o adotante e com
toda a família deste.
O Código Civil de 2002 optou pelo sistema da adoção plena, quer seja o
adotado maior ou menor de 18 anos. Nessa adoção como vimos, o adotado
possui uma única família, a do adotante, desvinculando-se, por completo de
sua família biológica, exceto para fins matrimoniais.
Em 03 de agosto de 2009, foi promulgada a Lei 12.010, conhecida como a
Lei Nacional da Adoção ou Nova Lei da Adoção. Esta lei alterou o ECA e
revogou vários artigos do CC/02 (arts 1620 a 1629)e alterou os arts 1618 e
1619, tornando o processo de adoção mais rígido.
Em suma, o que se percebe é que a matéria da adoção, seja relativa a
menores como a maiores, passou a ser consolidada no Estatuto da Criança e
do Adolescente.

2) Conceito

“A adoção é o ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais,


previstos na Lei 8069/90, arts. 39 a 52- D, alguém estabelece,
independentemente de qualquer relação de parentesco consanguíneo ou afim,
vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família, na condição de filho,
pessoa que, geralmente, lhe é estranha.”
Maria Helena Diniz

“A adoção é um ato jurídico em sentido estrito, cuja eficácia está condicionada


à chancela judicial. Cria um vínculo fictício de paternidade-maternidade-filiação
entre pessoas estranhas, análogo ao que resulta da filiação biológica.”
Maria Berenice
Dias

Como podemos perceber dos conceitos expostos, não se trata de um


negócio jurídico, mas de um ato jurídico em sentido estrito, cujos os efeitossão
delimitados pela lei.
Atos jurídicos no sentido estrito são aqueles decorrentes de uma
vontade moldada perfeitamente pelos parâmetros legais, ou seja, uma
manifestação volitiva submissa à lei.
O negócio jurídico é todo ato decorrente de uma vontade auto regulada,
onde uma ou mais pessoas se obrigam a efetuar determinada prestação
jurídica colimando a consecução de determinado objetivo. O mais comum é o
contrato.
Outra observação de suma importância é que a adoção sempre
depende de sentença judicial, seja relativa a maiores ou menores, devendo ser
inscrita no registro civil mediante mandado. (art.47, ECA).
Art. 47. ECA O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que
será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá
certidão.
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como
o nome de seus ascendentes.
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro
original do adotado.
§ 3o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado no Cartório
do Registro Civil do Município de sua residência. (Redação dada pela Lei nº
12.010, de 2009)

§ 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas


certidões do registro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
o
§ 5 A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de
qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome. (Redação
dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 6o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, é
obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto nos §§ 1 o e 2o do art. 28
desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
o
§ 7 A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da
sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6o do art. 42 desta Lei,
caso em que terá força retroativa à data do óbito. (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009)
§ 8o O processo relativo à adoção assim como outros a ele relacionados
serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu armazenamento em microfilme
ou por outros meios, garantida a sua conservação para consulta a qualquer
tempo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que o
adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com doença crônica.
(Incluído pela Lei nº 12.955, de 2014)

A adoção passou a ser considerada pela Lei 12.010/09 como uma


medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando
esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família
natural ou extensa. (art. 39, § 1 do ECA).
Nos termos do art.25 da mencionada lei:

- Família Natural:
Comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus
descendentes.

- Família Extensa ou Ampliada: (inovação Lei 12.010/09)


Aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do
casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente
convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade.
Em suma, a doção deve ser encarada como a ultima ratio, sendo
irrevogável assim como o reconhecimento de filhos.
Obviamente, não sendo possível a permanência da criança e do
adolescente em sua família de origem, o juiz, buscando o bem estar deste,
devera buscar uma família substituta ( é a família do adotante).

3) Requisitos para Adoção.

a) Capacidade para adotar (art.42, ECA):


- maior de 18 anos independentemente do astado civil e 16 anos mais velho
que o adotando;
- vedada adoção por ascendentes ou irmãos; não há vedação de adoção de
sobrinhos por tios ou por primos;
- vedada a adoção por procuração (art.39 , § 2 do ECA);
- adoção unilateral ou conjunta;
- adoção por divorciados.

Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente


do estado civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando.

§ 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados


civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família.
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o


adotando.

§ 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem


adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de
visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância
do período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de
afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a
excepcionalidade da concessão. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
2009)
§ 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado efetivo benefício
ao adotando, será assegurada a guarda compartilhada, conforme previsto no
art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. (Redação
dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca


manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de
prolatada a sentença. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Obs:

- Adoção por curador ou tutor (art.44, ECA)


Pode ocorrer, desde que esteja encerrada e quitada a administração dos
bens do adotando.

- Adoção Póstuma (art. 42, § 6o ECA)

Além disso, é possível a adoção por pretendente que tenha falecido no


decorrer do processo de adoção (adoção póstuma), desde que haja inequívoca
manifestação de vontade o pretendente à adoção falecido em adotar a criança
ou o adolescente.

b) Consentimento (art.45, ECA)


Em regra, para se consolidar a adoção, deve haver o consentimento dos
pais ou dos representantes legais de quem se deseja adotar. Exceção: pais
desconhecidos ou desprovidos do poder familiar (art.1638, CC).

Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;
II - deixar o filho em abandono;
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.

Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres
a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo
algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça
reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder
familiar, quando convenha.
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai
ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena
exceda a dois anos de prisão.
Em se tratando de adotando maior de 12 anos é necessário o
consentimento deste para que se consolide a adoção. (art.45, § 2º, ECA).

c) Somente admitida caso constitua reais vantagens para o adotando e


fundar-se em motivos legítimos (art.43, ECA).
Frise-se: reais vantagens para o adotando. Não se fale, assim, em
qualquer benefício ao adotante, salvo o de ter os filhos. 

Além disso, a adoção deve fundar-se em motivos legítimos. Portanto,
aquelas pretensões de adoção como pagamento de promessas e afins não
devem ser deferidas. Também aquelas feitas em troca ou promessa de
pagamentos ou quaisquer vantagens, não só aos genitores como a
intermediários.

d) Intervenção do MP na qualidade de fiscal da lei.

e) Processo tramita na Vara da Infância e Juventude se adotando menor e


na Vara de Família se adotando for maior.

f) Estágio de Convivência (art.46, ECA)


- prazo fixado pela autoridade judiciária;
- pode ser dispensado se o adotando já estiver sob tutela ou guarda legal do
adotante;
- durante este há toda uma equipe interprofissional a serviço da justiça, que
apresenta relatórios;
- adoção internacional, período de no mínimo 30 dias.

Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou


adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as
peculiaridades do caso.
§ 1o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já
estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para
que seja possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo. (Redação
dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da
realização do estágio de convivência. (Redação dada pela Lei nº 12.010,
de 2009)
§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado
fora do País, o estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de,
no mínimo, 30 (trinta) dias (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 4o O estágio de convivência será acompanhado pela equipe
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da
política de garantia do direito à convivência familiar, que apresentarão relatório
minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida. (Incluído
pela Lei nº 12.010, de 2009)

4) Efeitos jurídicos.
a) Começam a partir da sentença constitutiva da adoção
Os efeitos da adoção começam após o transito em julgado do processo
de adoção, salvo logicamente do caso da adoção póstuma, em que estes
retroagem à data do óbito do adotante.

b) condição de filho ao adotado (art.41, ECA)


O filho adotado possui os mesmos direitos e deveres do filho de origem
sanguínea, inclusive sucessórios., desligando-se de qualquer vínculo com os
pais e parentes da família de origem, salvo os impedimentos matrimoniais
(art.1521, CC).

Art. 1.521. Não podem casar:


I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi
do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau
inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de
homicídio contra o seu consorte.
c) confere ao adotado o sobrenome do adotante (art.47, §5 e 6, ECA);

5) Inexistência, nulidade e anulabilidade da adoção 




São três os casos de inexistência da adoção:

- falta de consentimento do adotado (maior de doze anos) e do adotante;

- falta de objeto que é, por exemplo, a ausência de poder familiar do


adotante sobre o adotado;

Obs:
O poder familiar é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais, no que
se refere à pessoa e aos bens dos filhos menores. O instituto em apreço
resulta de uma necessidade natural; pois constituída a família e nascidos os
filhos, não basta alimentá-los e deixá-los crescer à lei da natureza, como se
fossem animais inferiores. É necessário educá-los e dirigi-los.

- falta de processo judicial com a intervenção do Ministério Público.

A adoção será nula judicialmente, quando ofender as prescrições legais.


Por ser um ato de liberalidade, tais formalidades não são rigorosamente
examinadas. Ocorrerá quando:
- o adotante não tiver mais de 18 anos;
- não houver a diferença de 16 anos entre adotante e adotado;

- duas pessoas, sem serem marido e mulher ou conviventes, adotarem a


mesma pessoa;

- o tutor ou o curador não prestou contas;

- tiver vicio resultante de simulação ou fraude a lei.

Será anulada quando:

- houver falta de assistência do pai, tutor ou curador para com o adotado


relativamente incapaz no momento de seu consentimento;

- houver ausência de anuência da pessoa sob cuja guarda se encontra o


menor ou interdito;

- houver consentimento apenas do adotado relativamente incapaz, seja


por erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo ou fraude contra
credores;

- houver falta de consentimento do cônjuge ou convivente do adotante.


O reconhecimento judicial do adotado pelo seu pai biológico é causa de
extinção da adoção, não de anulabilidade.

6) Adoção do nascituro
A adoção de nascituro era permitida na vigência do Código Civil de
1916, posto que possível era a adoção por meio de escritura pública.
Ante a revogação de tal Dispositivo Legal, surgiu a polêmica ante a
possibilidade ou não da adoção do nascituro, uma vez que as normas que
tratam de adoção na atualidade nada expressam acerca do nascituro como
adotando.
O Art. 2º do Código Civil vigente expressa que “a personalidade civil da
pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro”. Entendeu o legislador que aquele que
ainda não saiu do ventre materno com vida não é sujeito de direito, possuindo
mera expectativa de direito. Contraposto a isso, assegura a lei o direito à vida,
à filiação, integridade física, alimentos e, caso haja conflito de interesses entre
os genitores e o nascituro, ou estejam aqueles impedidos de exercer o poder
familiar, o direito a curador, denominado de curador especial.
Diante do exposto e do fato de que a Lei nº 8.069/90, nos artigos
reservados à adoção, menciona apenas crianças e adolescentes e exclui os
nascituros do texto legal, difícil é admitir a possibilidade de adoção de
nascituros. A Constituição Federal vigente veda a distinção entre filhos, mas o
nascituro é prole vindoura, em expectativa, bem como os direitos de que será
titular.
Verdade é que pode a mãe manifestar vontade de, antes do nascimento,
entregar o seu filho à adoção. Entretanto, assim como pode a manifestação de
vontade ser revogada antes da prolação da sentença que efetiva a adoção
(não da intimação do processo), pode esta mãe, a qualquer tempo, desistir de
abrir mão de renunciar à maternidade.
Ante tal análise, ainda que alguns juristas entendam possível a adoção
de um nascituro, esta seria incompatível com a legislação brasileira vigente,
tanto em relação à capacidade civil e à aquisição de personalidade jurídica,
quanto ao que se refere à adoção.
7) Adoção por estrangeiro.
Na adoção não importa a nacionalidade do adotante, mas sim a residência
do mesmo.
Para que seja conferida a adoção às pessoas que resideam fora do
território nacional, devem ser observados a cumulação de 3 requisitos:
- certeza de que a colocação em família substituta é a única solução para
o caso;
- esgotados todas as possibilidades de adoção por famílias redidentes no
Brasil;
- se o adotando for adolescente deverá ser consultado de seu desejo.
A saída do menor do território nacional somente ocorrerá após o trânsito
em julgado da sentença concessiva da adoção e deverá ser precedido de um
período de convivencia no território nacional por no mínimo 30 dias.

8) Adoção pelo par homoafetivo.


É plenamente possível apesar de não haver nenhuma previsão legal. O
amparo se encontra nas jurisprudências que se fundam nos preceitos
constitucionais como o princípio da igualdade e o princípio da dignidade da
pessoa humana.

9) Adoção “à brasileira”.
Ocorre quando reconhecer voluntariamente como seu um filho que sabe
não ser.
Atualmente o ECA admite a adoção sem passar por aquele tramite
mencionado anteriormente em 3 casos:
- quando há uma relação de parentesco entre o menor e o adotante;
- guarda fixada em juízo a no mínimo 3 anos;
- adoção unilateral (Ex: pessoa casada com um mãe solteira e o pai da criança
não a quer assumir).

10)Direito do adotado de conhecer sua origem biológica


Art. 48. ECA O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem
como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e
seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser também
deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada
orientação e assistência jurídica e psicológica

11)Procedimento no Processo de Adoção

- petição inicial dirigida ao dirigida ao Juiz da Vara de Infância e Juventude

- citação dos pais biológicos;

- oitiva pais biológicos para manifestarem expressamente seu consentimento;

- oitiva adotando com mais de 12 anos de idade para que manifeste seu
consentimento;

- oitiva da criança sempre que possível e necessário;

- concessão de guarda provisória do adotando ao adotante;

- fixação ou dispensa do estágio de convivência;

- apresentação do laudo técnico;

- parecer do Promotor de Justiça;

- sentença do juiz;

- recursos;

- cancelamento do registro de nascimento original, confecção de novo registro


de nascimento.
Unidade VI – PODER FAMILIAR

(arts 1630 a 1638, CC)


1) Conceito.
É o conjunto de direitos e deveres atrinuidos aos pais em relação à pessoa
e ao patrimoônio dos filhos menores, que não estejam emancipados, com o
intuito de protegê-los.
O Código Civil de 1916 usava a expressão pátrio poder, enfatizando o lado
paterno. Diante da igualdade entre os pais , o legislador optou pelo termo
“poder familiar”.

2) Titularidade.
O poder familiar é exercido pelos pais, em conjunto e igualdade de
condições.
Eventualmente, em casos de família homoafetiva, o poder familiar pode ser
exercido por dois homens ou por duas mulheres, sem qualquer ressalva no
tratamento da matéria.
No caso de falta ou impedimento de um dos pais, o outro exercerá com
exclusividade o poder familiar. (art.1631, CC)
Caso ocorra divergência entre os pais no tocante ao exercício do poder
familiar, é assegurado a qualquer de um deles recorrer ao juiz para que este
solucione o conflito.(art.1631, p.ú, CC).(Ação de solução de divergência quanto
o poder familiar).

Art. 1.631. CC Durante o casamento e a união estável, compete o poder


familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com
exclusividade.

Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é


assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo.

O filho não reconhecido pelo pai, fica sob o poder familiar exclusivo da
mãe. Mas se a mãe não for conhecida ou capaz de exercê-lo, o poder familiar
será exercido por um tutor. (art.1633, CC)
Art. 1.633. O filho, não reconhecido pelo pai, fica sob poder familiar exclusivo
da mãe; se a mãe não for conhecida ou capaz de exercê-lo, dar-se-á tutor ao
menor.

3) Natureza Jurídica.
O poder familiar é um múnus público (obrigação emanada da lei),
irrenunciável, imprescritível e indelegável, imposto pelo Estado, aos pais, com
o fito de zelar pelo porvir dos filhos.

4) Conteúdo.
O poder familiar confere aos pais uma série de direitos e deveres quanto à
pessoa e aos bens dos filhos menores.

5) O direito a convivência com os seus pais e o dever destes de terem


seus filhos sob sua companhia.
Este está previsto no art.1632 do CC.

Art. 1.632. A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não


alteram as relações entre pais e filhos senão quanto ao direito, que aos
primeiros cabe, de terem em sua companhia os segundos.

Nessa norma reside fundamento jurídico substancial para a


responnsabilidade civil por abandono afetivo, eis que a companhia inclui afeto,
a interação entre pais e filhos.

6) O Poder Familiar quanto à pessoa dos filhos


Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação
conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos
filhos:

I - dirigir-lhes a criação e a educação;

Compreeende aquí o dever de subsistência material do filho e sua


respectiva educação, sob pena de cometer os delitos de bandono material e
abandono intelectual, previstos nos arts. 244 e 246 do CP.

II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584;


III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;

IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior;

V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência


permanente para outro Município;

VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos


pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;

VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos


atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes,
suprindo-lhes o consentimento;

VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;

IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua


idade e condição.
Esta última atribuição debe ser lida à luz da dignidade humana e da
proteção integral da criança e do adolescente.
Primeiro, porque a exigência de obediência não pode ser desmedida,
sendo vedado maus tratos e relação ditatorial Havendo abusos nesse
exercício, estará configurado o abuso de direito, o que pode repercurtir, em
casos de danos, na esfera da responsabilidade civil (arts. 187 e 927, CC).

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de


culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.

Como consequência, além da suspensão ou destituição do poder


familiar, o pai ou a mãe poderá ser condenado a pagar indenização por danos
morais aos filhos se os maus-tratos estiverem presentes.
Segundo, os pais não podem explorar economicamente os filhos,
exigindo-lhes trabalhos que não são próprios de sua idade ou formação.
OBS: Lembremos que até os 16 anos é vedado o trabalho do menor fora do
lar, salvo na condição de aprendiz quando este já tenha completado 14 anos
de idade. Em relação ao trabalho noturno, é vedado até os 18 anos.

7) O Poder Familiar quanto aos bens dos filhos


O pai e a mãe, enquanto no seu exercício, devem ser tratados como
ursufrutuários dos bens dos filhos (usufruto legal); e têm a administração dos
bens dos filhos menores sob sua autoridade (art.1689, CC).

Art. 1.689. O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar:

I - são usufrutuários dos bens dos filhos;

II - têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade.

O usufruto atribui aos pais a propriedade das rendas produzidas pelo


patrimônio dos filhos. Trata-se de um usufruto legal, porque é estabelecido pela
própri lei, prescindindo-se do registro.
No Código Civil de 1916, o viúvo, ou a viúva, com filhos do cônjuge do
falecido, que se casava antes de fazer o inventário, perdia o direito a esse
usufruto. Isso não ocorre mais atualmente, não há mais perda de usufruto.
Por outro lado compete aos pais ainda compete administrar os bens dos
filhos menores (art.1690, CC). Havendo divergência poderão recorrer ao juiz.

Art. 1.690. Compete aos pais, e na falta de um deles ao outro, com


exclusividade, representar os filhos menores de dezesseis anos, bem como
assisti-los até completarem a maioridade ou serem emancipados.

Parágrafo único. Os pais devem decidir em comum as questões relativas aos


filhos e a seus bens; havendo divergência, poderá qualquer deles recorrer ao
juiz para a solução necessária.

No plano da administração, os pais não podem alienar ou gravar com


ônus real os imóveis dos filhos, nem contrair, em nome deles, obrigações que
ultrapassem os limites da simples administração, salvo por necessidade ou
evidente interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz (art.1691, CC).
Se tais atos de alienação ou disposição forem realizados sem
autorização, deverão ser tidos como nulos, podendo propor a ação declaratória
de nulidade absoluta do ato os filhos, os herdeiros e os representantes legais
do menor.
Art. 1.691. Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos
filhos, nem contrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da
simples administração, salvo por necessidade ou evidente interesse da prole,
mediante prévia autorização do juiz.

Parágrafo único. Podem pleitear a declaração de nulidade dos atos previstos


neste artigo:

I - os filhos;

II - os herdeiros;

III - o representante legal.


O MP não tem legitimidade para propor tal ação. Entretanto caso no
exercício do poder familiar o interesse dos pais colidir com o do filho, a
requerimento do filho ou do MP, o juiz lhe dará curador especial (art.1692, CC).

Art. 1.692. Sempre que no exercício do poder familiar colidir o interesse dos
pais com o do filho, a requerimento deste ou do Ministério Público o juiz lhe
dará curador especial.

Devem ser excluídos do usufruto legal e da administração dos pais


(art.1693, CC)
Art. 1.693. Excluem-se do usufruto e da administração dos pais:

I - os bens adquiridos pelo filho havido fora do casamento, antes do


reconhecimento;

II - os valores auferidos pelo filho maior de dezesseis anos, no exercício de


atividade profissional e os bens com tais recursos adquiridos;

III - os bens deixados ou doados ao filho, sob a condição de não serem


usufruídos, ou administrados, pelos pais;
IV - os bens que aos filhos couberem na herança, quando os pais forem
excluídos da sucessão.

8) Suspensão e destituiçao/perda do Poder Familiar.


A suspensão e a destituição consistem na interrupção do poder familiar em
face de uma conduta grave dos pais.
Dependem de decisão judicial.
O procedimento pode ser instaurado mediante requerimento de qualquer
parente ou do MP.
Na verdade, a suspensão e a destituição são impostas para proteger o
menor, e não tanto para punir os pais.
Não obstante a suspensão ou destituição, uma vez cessadas as causas
que motivaram essas medidas, o genitor poderá requerer ao juiz que seja
reinvestido novamente no poder familiar.
No período de suspensão ou destituição, o genitor perde todos os direitos
em relação ao filho, inclusive o usufruto legal.
Sobre a distinção entre a suspensão e a destituição do poder familiar,
podemos dizer o seguinte:
- A suspensão é reservada aos fatos menos graves; a destituição ou
perda para fatos mais graves;
- A suspensão pode recair apenas sobre um dos filhos; a destituição,
devido à sua gravidade, deve se estender a toda a prole;
- A suspensão não é definitiva, o prazo é estipulado no caso concreto
pelo juiz; a destituição é sempre definitiva.
- A suspensão é uma faculdade do juiz, que pode optar por outra solução;
a destituição é dever do juiz, que não pode deixar de decretá-la quando
caracterizada uma das hipóteses previstas em lei;
- A suspensão pode ser decretada liminarmente (art.157 ECA); a
destituição só se perfaz com o trânsito em julgado da sentença;

Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o


Ministério Público, decretar a suspensão do pátrio poder poder familiar, liminar
ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou
adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade.
- As causas de suspensão estão previstas no art.1637 do CC; os casos
de destituição estão previstos no art.1638 do CC.

Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos


deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz,
requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe
pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo
o poder familiar, quando convenha.

Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai


ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja
pena exceda a dois anos de prisão.
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:

I - castigar imoderadamente o filho;

II - deixar o filho em abandono;

III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;

IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.

9) Extinção do Poder Familiar.


A extinção emana diretamente da lei, prescindindo-se de qualquer
pronunciamento judicial.
Nada tem a ver com a prática de conduta grave.
As hipóteses estão relacionadas à extinção da personalidade, à aquisição
da capacidade e com a adoção.
As hipóteses estão previstas no art.1635 do CC.
Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:
I - pela morte dos pais ou do filho;
II - pela emancipação, nos termos do art. 5o, parágrafo único;
III - pela maioridade;
IV - pela adoção;
V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638
Unidade VII – ALIMENTOS
(arts 1694 a 1710, CC)
1) Conceito, pressupostos e natureza jurídica

a) Conceito:
O Código Civil não define o que sejam alimentos. Mas preceito
constitucional assegura a crianças e adolescentes direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura e à dignidade
(art.227, CF). Quem sabe aí se possa encontrar o parâmetro para a
mensuração da obrigação alimentar. Talvez o seu conteúdo possa ser buscado
no que entende a lei por legado de alimentos (art.1920, CC): sustento, cura,
vestuário e casa, além de educação, se o legatário for menor.
Com base nos ensinamentos de Orlando Gomes e Maria Helena Diniz, os
alimentos podem ser conceituados como as prestações devidas para a
satisfação das necessidades pessoais daquele que não pode provê-las pelo
trabalho próprio.
Assim, podemos entender por alimentos o conjunto de meios materiais
necessários para a existência das pessoas, sob o ponto de vista físico,
psíquico e intelectual.
Incluem nos alimentos tanto as despesas ordinárias, como gastos com
alimentação, habbitação, assistência médica, vestuário, educação, cultura e
lazer quanto as despesas extraordinárias, envolvendo, por exemplo, gastos em
farmácias, vestuário escolar, provisão de livros educativos, etc. Somente não
estão alcançados os gastos supérfluos ou luxuosos e aqueles outros
decorrentes de vícios pessoais.
Podemos perceber assim que, juridicamente, a expressão alimentos tem
sentido evidentemente amplo, abrangendo mais que a alimentação. Cuida-se
de uma expressão prlurívoca, não unívoca, designando diferentes medidas e
possibilidades.
Obs:
1) Aquele que pleitea os alimentos é denominado alimentando ou credor e o
que deve pagar os alimentos é o alimentante ou devedor.
2)Segundo Maria Berenice Dias, não só as pessoas têm direito a alimentos.
Também quando existem animais de estimação é possível prever a obrigação
alimentar, o que ocorre com frequência quando da separação do casal.

3) A expressão pensão alimentícia é utilizada para fazer menção à soma em


dinheiro destinada ao provimento dos alimentos. Não se olvide, no entanto, a
possibilidade de prestação alimentícia in natura, quando o devedor, ao invés de
entregar ao credor uma soma pecuniária, presta os próprios bens necessários
à sobrevivência. É o exemplo do pai que paga a própria escola do filho e o
plano de saúde, como forma de prestar alimentos. Casuisticamente, o juiz deve
evitar a fixação de alimento in natura por ser fonte de conflitos, em especial nos
litígios envolvendo as partes, por despertar dúvidas acerca da qualidade dos
bens a serem entregues.

b) Pressupostos:
Nos termos dos arts 1694 e 1695 do CC, os pressupostos para o dever
de prestar alimentos são:
- vínculo de parentesco, casamento ou união estável, inclusive a
homoafetiva. Devemos incluir no parentesco a parentalidade
socioafetiva;
- necessidade do alimentando ou credor;
- possibilidade do alimentante ou devedor.
Conforme podemos observar, os dois últimos elementos constituem o
famoso binômio alimentar (necessidade/possibilidade). Entretanto devemos
destacar que alguns doutrinadores falam em trinômio.
Para Maria Berenice Dias, o trinômio é constituído:
proporcionalidade/necessidade/possibilidade.
Para Paulo Lôbo, o trinômio é necessidade/possibilidade/razoabilidade.
De fato a razoabilidade ou proporcionalidade deve ser elevada à condição
de requisito fundamental para se pleitear alimentos. Sendo assi, é possível
rever aquela antiga idéia de que os alimentos visam a manutenção do status
quo da pessoa que os pleiteia. Concretamente, é irrazoável pensar que uma
mulher jovem, que tem plena condição e formação para o trabalho, pode
pleitear alimentos do ex-marido, mantendo-se exclusivamente pela condição de
ex-cônjuge. Essa questão foi analisada pelo STJ e concluiu-se que os
alimentos entre cônjuges têm caráter excepcional, pois aquele que tem
condições laborais deve buscar o seu sustento pelo esforço próprio.

c) Natureza jurídica
Os alimentos se prestam manutenção digna da pessoa humana, sendo
assim podemos concluir que sua natureza é de direito da personalidade, pois
se destinam a assegurar a integridade física, psíquica e intelectual de uma
pessoa humana.
Entretanto tal tema não é pacífico, havendo em sede doutrinária, quem
prefira enxergar uma natureza mista, eclética, com conteúdo patrimonial e
finalidade pessoal, apresentando-se os alimentos como uma relação
patrimonial de crédito-débito. Acredito que não devemos seguir a segunda
teoria, haja visto que se os alimentos fosse uma relação jurídica patrimonial,
estaria submetida obrigatoriamente a uma pretensão com prazo prescricional, e
como sabemos não há prazo extintivo para a cobrança de alimentos.

2) Características.
A obrigação alimentar e o correspondente direito aos alimentos têm
características únicas, que os distinguem de todos os outros direitos e
obrigações. Tanto isso é verdade que o inadimplemento da obrigação de
prestar alimentos fundados em vínculo de Direito de Família possibilita a prisão
do devedor (art.5, LXVII, da CF).
Em reforço, a demonstrar tal qualidade especial, cabem meios excepcionais
de execução para que o crédito seja satisfeito. A título de exemplo podemos
citar que mediante ordem judicial, é admissível, para satisfação do crédito
alimentar atual, o levantamento do saldo de conta vinculada ao FGTS.

a) Obrigação que gera um direito Personalíssimo


No que tange ao credor ou alimentando, o direito aos alimentos é
personalíssimo, uma vez que somente aquele que mantém relação de
parentesco, casamento ou união estável com o devedor ou alimentante pode
pleiteá-los (caráter intuito personae). Por isso, o direito a alimentos não se
transmite aos herdeiros do credor.
b) Reciprocidade
A obrigação de alimentos é recíproca entre os cônjuges e companheiros
(art.1694 do CC).
A reciprocidade do mesmo modo existe entre pais e filhos, sendo
extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em
grau, uns na falta dos outros (art.1696, CC).
Em complemento, preconiza o art.1697 do CC que, na falta de
ascendentes, cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem
sucessória. Na falta de descendentes e ascendentes, os alimentos poderão ser
pleiteados aos irmãos, germanos ou bilaterais (mesmo pai e mesma mãe) e
unilaterais (memo pai ou mesma mãe).
Pode-se afirmar que ambos os dispositivos trazem a ordem a ser
seguida quando se pleiteia os alimentos decorrentes de parentesco:
1) Ascendente: o grau mais próximo exclui o mais remoto.
2) Descendente: o grau mais próximo exclui o mais remoto.
3) Irmão: primeiro os bilaterais, depois os unilaterais.
Em relação aos tios, tios-avós, sobrinhos, sobrinhos-netos e primos, pelo
que consta literalmente da norma, são parentes colaterais, não há que se falar
em obrigação de prestar alimentos. Mas a questão não é pacífica.
Ainda de acordo com a literalidade da norma, não há obrigação de
alimentos entre os parentes afins (caso de sogra, do sogro, do genro e da nora,
do padrasto e da madrasta, do enteado e da enteada). Porém, a respeito da
afinidade na linha reta descendente, há uma tendência de se reconhecer
alimentos, notadamente na relação entre padrasto ou madrasta e enteado ou
enteada. Isso porque está em vigos no Brasil a Lei 11924/2009, que possibilita
que a enteada ou enteado utilize o sobrenome do padrasto ou madrasta, desde
que exista um justo motivo para tanto.

c) Irrenunciabilidade
O CC é expresso ao vedar a renúncia aos alimentos, admitindo apenas
que o credor não exerça tal direito.

d) Obrigação divisível (regra) ou solidária (exceção)


Pelo que consta do art. 1698 do CC, nota-se que a obrigação de prestar
alimentos, em regra, é divisível. Enuncia esse comando que “sendo várias as
pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção
dos respectivos recursos”. Ex: Se um pai não idoso necessita de alimentos e
tem quatro filhos em condições de prestá-los e quer receber a integralidade do
valor alimentar, a ação deverá ser proposta em face de todos (litisconsórcio
passivo necessário).
Mas quando se tratar de alimentando idoso (maior de 60 anos), a
obrigação é solidária, podendo o pai idoso pleitear os alimentos para qualquer
um dos filhos e de forma integral, neste caso ocorrerá o chamamento ao
processo poderá ser utlizado pelos réus, típico da solidariedade.

e) Obrigação imprescritível
A pretensão aos alimentos é imprecritível, por envolver estado de
pessoas e a dignidade humana. Porém, deve-se atentar ao fato de que a
pretensão para a cobrança de alimentos fixados em sentença ou ato voluntário
prescreve em 2 anos, contado a partir da data em que se vencerem. (art.206, §
2, CC)
Além disso, se o alimentando for incapaz (menor de 16 anos, por
exemplo), contra ele não corre a prescrição (art.198, I, CC). Desse modo, todos
os alimentos fixados em senteça vencidos só terão a prescrição iniciada
quando o menor completar 16 anos.
Mais uma regra referente a prescrição da pretensão deve ser lembrada.
Se o pai ou a mãe forem devedores dos alimentos, a prescrição não começa a
correr quando o filho se torna relativamente incapaz (16 anos), porque por
expressa disposição de lei, a prescrição não corre entre ascendentes e
descendentes durante o poder familiar (art.197, II, CC). Em suma, em casos
tais, a prescrição de 2 anos só se inicia, em regra, quando o menor se torna
capaz aos 18 anos, salvo as hipóteses de emancipação.

f) Obrigação incessível e inalienável


O art. 1707 do CC expressa que a obrigação de alimentos não pode ser
objeto de cessão gratuita ou onerosa.
Ex: os alimentos não podem ser objeto de cessão de crédito (a venda de um
direito de crédito; é a transferência ativa da obrigação que o credor faz a
outrem de seus direitos).
Os alimentos do mesmo modo são inalienáveis, não podendo ser
vendidos, doados, locados ou trocados.

g) Obrigação incompensável
O mesmo art. 1707 veda qua a obrigação alimentícia seja objeto de
compensação. A mesma proibição consta do art.373, II do CC. Apesar da
literalidade da lei, parte da doutrina e da jurisprudência entende pela
possibilidade de compensação de alimentos. Ex: há decisões que compensam
os alimentos pagos a mais pelo devedor, aplicando a vedação do
enriquecimento sem causa.

h) Obrigação impenhorável (art. 1707)

i) Obrigação irrepetível
Não cabe ação de repetição de indébito para reaver o que foi pago.
Ex: um homem foi engando enquanto à prole por uma mulher, que lhe disse
que o filho era seu. Constatada a inexistência de vínculo biológico, via DNA,
esse homem não poderá reaver os alimentos pagos, pois esse são irrepetíveis.
Porém poderá ele pleitear indenização por danos morais, segundo o STJ.

j) Obrigação intransacionável e não sujeita à arbitragem


A obrigação alimentar não pode ser objeto de transação, ou seja, de um
contrato pelo qual a dívida é extinta por concessões mútuas ou recíprocas.
Além de ser intransacionável, a obrigação alimentar não pode ser objeto
de compromisso ou arbitragem. Enuncia o art.852 do CC que está vedado o
compromisso para solução de questões de estado e de direito pessoal de
família, caso dos alimentos.

k) Obrigação transmissível
É expresso no art.1700: “A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos
herdeiros do devedor, na forma do art.1694”.
3) Principais classificações/ Espécies dos alimentos.

a) Quanto às fontes:
- Alimentos legais:
Decorrentes da norma jurídica, estando fundamentados no Direito de
Família e decorrentes de casamento, união estável ou relações de parentesco
(art.1694, CC).

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos


outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a
sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.

Os citados alimentos podem ser igualmente definidos como Familiares.


Por força da Lei 11.804/2008 também são devidos os alimentos
gravídicos, ao nascituro e à mulher gestante.
Na falta de pagamento desse alimentos, cabe a prisão civil do devedor
(art.5, LXVII, CF).

- Alimentos convencionais:
Fixados por força de contrato, testamento ou legado, ou seja, que
decorrem da autonomia privada do instituidor.
Não cabe prisão civil pela falta do seu pagamento, a não ser que sejam
legais.

- Alimentos Indenizatórios, Ressarcitórios ou indenitários:


São aqueles devidos em virtude da prática de um ato ilícito como, por
exemplo, o homicídio, hipótese em que as pessoas que do morto dependiam
podem pleiteá-los (art.948, II, CC).

Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras


reparações:
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se
em conta a duração provável da vida da vítima.
Também não cabe prisão civil pela falta de pagamento desses
alimentos.
Tal categoria é estudada no âmbito da responsabilidade civil.

b) Quanto à extensão:
A expressão alimentos vem adquirindo dimensão cada vez mais
abrangente. Engloba tudo o que é necessário para alguém viver com
dignidade, dispondo o juiz de poder discricionário para quantificar o seu valor.
Tal alargamento do conceito de de alimentos levou a doutrina a distinguir os
alimentos em : alimentos civis e alimentos naturais.
A diferenciação entre alimentos civis e naturais adotada pelo Código
Civil dispõe de nítido caráter punitivo.
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos
outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a
sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.

Todos os beneficiários – filhos, pais, parentes, cônjuges e companheiros


– têm assegurado o padrão de vida de que sempre desfrutaram. Merecem
alimentos civis independentemente da origem da obrigação. No entanto, limita
a lei o valor do encargo sempre que é detectada culpa do alimentando.

§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a


situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
Quem, culposamente, dá origem à situação de necessidade faz jus a
alimentos naturais, isto é, percebe somente o que basta para manter a própria
subsistência.
Obs:
Parte da doutrina entende que com o fim do instituto separação pelo
advento da EC 66/10, ruiu o instituto da culpa para o desenlace do casamento.
Levando de arrasto os arts. 1702 e 1704 do CC. Tais dispositivos foram
banidos por fazerem expressa referência à culpa pela dissolução do
casamento, questionamento que não tem mais relevância jurídica. Não persiste
sequer a possibilidade de ocorrer o achatamento do valor dos alimentos pela
ocorrência de culpa geradora da situação da necessidade.
Outra parte da doutrina se posicionam pela possibilidade de discutir a
culpa para fins de fixação de alimentos, entendendo que com o advento da
supracitada emenda constitucional não teria abolido a possibilidade de imputar
a um dos cônjuges a culpa pela ruptura da convivência.
De qualquer modo, quem admitir a discussão da culpa para fins de fixação
de pensão alimentícia, deverá ter em mente que o objeto cognitivo da ação de
divórcio não permite a sua alegação, o que somente será cabível em uma ação
específica de alimentos.

- Alimentos Civis ou Côngruos:


Visam a manutenção do status quo ante, ou seja, a condição anterior da
pessoa, tendo um conteúdo mais amplo (art.1694, CC). Em regra, os alimentos
são devidos dessa forma, incidindo sempre a razoabilidade.
Os alimentos civis destinam-se a manter a qualidade de vida do credor,
de modo a preservar o mesmo padrão e status social do alimentante.

- Alimentos Indispensáveis, naturais ou necessários:


Visam somente ao indispensável à sobrevivência da pessoa, também
com dignidade.
Englobam alimentação, saúde, moradia e vestuário, sem exageros,
dentro do princípio da razoabilidade.

c) Quanto ao tempo:
- Alimentos Pretéritos:
São os que ficaram no passado e que não podem mais ser pleiteados
em regra, eis que o princípio que rege os alimentos é da atualidade.
Lembre-se que podem ser cobrados os alimentos já fixados por
sentença ou acordo entre as partes, no prazo prescricional de 2 anos, contados
do vencimento (art.206, par.2, CC).

Art. 206. Prescreve:


§ 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da
data em que se vencerem.

- Alimentos presentes:
São aqueles do momento e que podem ser pleiteados.

- Alimentos futuros:
São os alimentos pendentes, que poderão ser pleiteados
oportunamente.

d) Quanto à forma de pagamento:


- Alimentos próprios ou in natura:
Pagos em espécie, por meio do fornecimento de alimentação, sustento e
hospedagem, sem prejuízo do dever de prestar o necessário para a educação
dos menores (art.1701, caput, CC).

- Alimentos impróprios:
Pagos mediante pensão, o que é mais comum na prática.
Cabe ao juiz da causa, de acordo com as circunstâncias do caso
concreto, fixar qual a melhor forma de cumprimento da prestação (art. 1701,
p.u, CC).
Art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o
alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de
prestar o necessário à sua educação, quando menor.
Parágrafo único. Compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, fixar a
forma do cumprimento da prestação.

Geralmente são fixados em salários mínimos, sendo esses utilizados


como índice de correção monetária. Esse critério contudo não é obrigatório.
Nos termos do art.1710, CC, os alimentos fixados devem ser atualizados
de acordo com índices oficiais.

Art. 1.710. As prestações alimentícias, de qualquer natureza, serão atualizadas


segundo índice oficial regularmente estabelecido.

e) Quanto à finalidade:
A partir da vigência do Novo CCP, haverá dois tipos de alimentos: os
provisórios e os definitivos.
Ademais, o artigo 1.072 do Novo CPC revoga os artigos 16 a 18 da Lei
5.478/68, no que tange à execução, trazendo em seus artigos 528 a 533, do
cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de
prestar alimentos.

“Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de


prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a
requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para,
em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade
de efetuá-lo.” (…)

Outrossim, do artigo 911 ao 913, do Novo CPC, também trata da execução de


alimentos:

“Art. 911. Na execução fundada em título executivo extrajudicial que contenha


obrigação alimentar, o juiz mandará citar o executado para, em 3 (três) dias,
efetuar o pagamento das parcelas anteriores ao início da execução e das que
se vencerem no seu curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de
fazê-lo.”

Verifica-se aqui, a execução de alimentos fixados em título extrajudicial,


qual seja, escritura pública de divórcio, nos termos da Lei 11.441/07, que
alterou alguns dispositivos do Código de Processo Civil de 1973, possibilitando
a realização de inventário, partilha, separação consensual e divórcio
consensual por via administrativa.

- Alimentos definitivos ou regulares:


Fixados definitivamente, por meio de acordo de vontades ou sentença
judicial transitada em julgado, ou seja que não cabe mais recurso.
A Lei 11.441/2007 possibilitou que esses alimentos sejam fixados por
escritura pública, quando da separação ou do divórcio extrajudiciais.
Apesar da denominação “definitivos”eles podem ser revistos se ocorrer
alteração substancial no binômio ou trinômio alimentar, cabendo majoração,
diminuição ou exoneração de alimentos (art.1699, CC).

Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira


de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar
ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do
encargo.
- Alimentos provisórios:
Fixados antes da sentença na ação de alimentos , ou seja, são os
arbitrados liminarmente pelo juiz, no despacho inicial da ação de alimentos, de
natureza de tutela antecipada, sendo possível quando houver prova pré-
constituída do parentesco (ceridão de nascimento), casamento ou união
estável (certidão de casamento). que segue o rito especial previsto na Lei
5478/1968 (Lei de Alimentos).

OBS: Prisão Civil NCPC


Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de
prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a
requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para,
em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade
de efetuá-lo.
§ 1o Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o
pagamento, não prove que o efetuou ou não apresente justificativa da
impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronunciamento
judicial, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 517.
§ 2o Somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade
absoluta de pagar justificará o inadimplemento.
§ 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não
for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial na
forma do § 1o, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três)
meses.
§ 4o A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar
separado dos presos comuns.
§ 5o O cumprimento da pena não exime o executado do pagamento das
prestações vencidas e vincendas.
§ 6o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da
ordem de prisão.
§ 7o O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o
que compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da
execução e as que se vencerem no curso do processo.
§ 8o O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença
ou decisão desde logo, nos termos do disposto neste Livro, Título II, Capítulo
III, caso em que não será admissível a prisão do executado, e, recaindo a
penhora em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo à impugnação não
obsta a que o exequente levante mensalmente a importância da prestação.
§ 9o Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o
exequente pode promover o cumprimento da sentença ou decisão que
condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu domicílio.
Art. 529. Quando o executado for funcionário público, militar,
diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação do
trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento
da importância da prestação alimentícia.
§ 1o Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao
empregador, determinando, sob pena de crime de desobediência, o desconto a
partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar do protocolo
do ofício.
§ 2o O ofício conterá o nome e o número de inscrição no Cadastro de
Pessoas Físicas do exequente e do executado, a importância a ser descontada
mensalmente, o tempo de sua duração e a conta na qual deve ser feito o
depósito.
§ 3o Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito
objeto de execução pode ser descontado dos rendimentos ou rendas do
executado, de forma parcelada, nos termos do caput deste artigo, contanto
que, somado à parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus
ganhos líquidos.

4) Extinção da obrigação de alimentos


São hipóteses de extinção da obrigação alimentar:
a) morte do credor. Isso porque a obrigação é personalíssima em relação
ao credor.
b) Alteração do binômio ou trinômio alimentar, ou desaparecimento de um
dos seus requisitos (art.1699 do CC)
c) No caso de menores, a obrigação alimentar é extinta quando atingem a
maioridade. Entretanto, por questão de justiça, essa extinção não ocorre
de forma automática, sendo necessária uma ação de exoneração para
tanto.
Prevê a Súmula 358 do STJ: O cancelamento de pensão alimentícia de
filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante
contraditório, ainda que nos próprios autos.
O STJ entende que o pai não é obrigado a custear o ensino pós-
universitário do filho, como é o caso de curso de especialização.
d) Dissolução do casamento ou união estável. Todavia, o art.1709 do CC
admite que a sentença de divórcio fixe alimentos. Em casos tais, em
regra, o novo casamento do cônjuge devedor não extingue a obrigação
constante na sentença de divórcio. Porém essa nova união pode gerar
uma alteração substancial no binômio, extinguindo-se a obrigação por
força do artigo 1699.
Por outro lado o casamento ou a união do credor faz cessar o dever de
prestar alimentos. (art1708, CC).

Art. 1.708. Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor,


cessa o dever de prestar alimentos.
Parágrafo único. Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos,
se tiver procedimento indigno em relação ao devedor.
Art. 1.709. O novo casamento do cônjuge devedor não extingue a obrigação
constante da sentença de divórcio.

e) Comportamento indigno do credor em relação ao devedor. (art.1708, pu,


CC) Se aplica por analogia as hipóteses dos incisos I e II do art.1814 do
CC. Pode gerar exoneração ou redução de alimentos.

Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:


I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso,
ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge,
companheiro, ascendente ou descendente;
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou
incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;
Unidade VIII – DA TUTELA E DA CURATELA

1) DA TUTELA (arts. 1728 a 1766 do CC)

a) Conceito:
Tutela é o instituto de direito assistencial para a defesa/proteção de
interesse de menores não emancipados, que não estejam sob o poder familar,
cujo escopo é assistí-los ou representá-los, bem como lhes administrar os
bens.
Dispòe o art. 1728 que os filhos menores são postos em tutela:
- com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes;
- em caso de os pais decaírem do poder familiar. (art1635 a 1638 do CC).

Obs: Não se pode confundir a tutela com a representação e a assistência.


A tutela tem sentido genérico, sendo presvista para a administração
geral dos interesses de menores, sejam eles absolutamente (menores de 16)
ou relativamente incapazes (entre 16 e 18).
Por outra via, a representação é o instituto que visa atender aos
interesses dos menores de 16 anos em casos específicos, para a prática de
determinados atos da vida civil. Assim também o é a assistência, mas em
relação aos menores entre 16 e 18 anos.
Conceito fundamental é a conclusão de que tutela e poder familiar não
podem coexistir, eis que a tutela visa justamente substituí-lo.

b) Natureza jurídica
Trata-se de un munus público, de um encargo, que o Estado impõe a
alguém, que não pode ser recusado, a não ser em casos excepcionais.
(art.1736 a 1739).
A tutela é uma função personalíssima, sendo, portanto, indelegável, isto
é, o tutor não se pode fazer substituir por outra pessoa. Entretanto o CC de
2002 abre uma exceção a esta indelegabilidade da tutela no art.1743.
São partes da tutela: o tutor, aquele que tem o munus público e o
tutelado ou pupilo, menor a favor de quem os bens e interesses são
administrados
c) Espécies de Tutela

- Tutela Testamentária:
É instituída por ato de última vontade, em testamento ou documento
autêntico. (art.1729, pu)
Esse documento autêntico pode ser uma escritura pública ou um codicilo
(documento privado).
Essa nomeação compete aos pais, em conjunto. Sendo caso de
nulidade absoluta se feita por pai ou mãe que não tinha o poder familiar
no momento de sua morte.(art.1730).
Em caso de o testamento ter indicado mais de um tutor, presume-se que
a tutela foi cometida ao primeiro e que os outros lhe sucederão pela
ordem de nomeação (par.1, art.1733).

- Tutela Legítima:
Na falta de tutor nomeado pelos pais, incumbe a tutela denominada
legítima, ou seja, quando a lei indica o tutor. (art.1731). Essa ordem não
é rígida e sim flexível, pois o juiz pode escolher dentre eles o a mais
apto a exercer a tutela em benefício do menor (princípio do melhor ou
maior interesse da criança).

- Tutela Dativa:
Na falta das tutelas anteriores, o juiz nomeará um tutor idôneo e
residente no domicílio do menor. (art.1732).

Admite-se ainda o tutor interino, que é nomeado provisioriamente na


hipótese de suspensão das funções do tutor (art.762 do NCPC). Este exercerá
a tutela até o juiz restabelecer a tutela anterior ou então até a nomeação de
novo tutor.
Também é possível o tutor ad hoc também chamado de Curador
especial. (art.1733,§ 2). Outro casos da tutela ad hoc ocorre quando os pais
encontram-se desaparecidos. Nesse caso até que se declare a ausência, o juiz
pode nomear um curador especial ao menor. Mas a partir da declaração de
ausência, o menor deve ser colocado sob tutela.

d) Tutela de irmãos
Havendo irmãos órfãos, dar-se-á um só tutor comum (art.1733). O
objetivo da lei é evitar a separação dos irmãos. Na prática, as vezes os juízes
acabam nomeando tutores diferentes para os irmãos.

e) Tutela dos menores abandonados


Os menores abandonados terão tutores nomeados pelo juiz ou serão
recolhidos a estabelecimento público para esse fim destinado, e na falta deste
estabelecimento, ficam sob a tutela das pessoas que, voluntária e
gratuitamente, encarregarem-se da sua criação (art.1734).

f) Incapazes de exercer a tutela


O art.1735 proíbe certas pessoas de serem tutoras. A grosso modo, são
inimigos do menor ou de seus pais, as pessoas de mau comportamento, as
pessoas que não têm a livre administração de seus bens e aqueles que
exercem função pública incompatível com a boa administração da tutela.
Obs importante: Quanto ao credor do menor, aparentemente pode
assumir a tutela deste, mas observado o disposto no art.1751.

g) Hipóteses de escusa da tutela


Como já vimos a tutela é um munus público, razão pela qual a lei
restringe as hipóteses de escusa. Elas estão previstas no art.1736 e 1737.

h) Garantia da Tutela
O juiz somente pode condicionar o exercício da tutela à prestação de
caução, se o patrimônio do menor for de valor considerável. Ainda assim,
poderá dispensá-la s o tutor for de reconhecida idoneidade (art.1745, pu).
Para fiscalizar os atos do tutor o juiz pode nomear um protutor.
(art.1742).

i) Deveres do tutor (art.1740 a 1752 CC)


Certos atos o tutor só pode praticar com a autorização do juiz (art.1748).
Se praticar sem, o juiz pode ratificá-lo posteriormente.
Certos atos que o tutor não pode praticar nem com a autorização do juiz
(art.1749).
Venda de imóveis pertencentes aos menores sob tutela (art.1750)
somente podem ser vendidos:
- manifesta vantagem;
- prévia avaliação judicial;
- aprovação do juiz.

j) Da responsabilidade do juiz, do tutor e do protutor


- art. 1752 : Trata-se de uma responsabilidade civil subjetiva, sendo excluída
na hipótese de dano causado por caso fortuito ou força maior.
Responsabilidadade solidária do protutor (§.2)
- art.1744, II: responsabilidade subsidiária do juiz pelos danos que o tutor
causar ao patrimônio do pupilo.
- art. 1744, I: responsabilidade direta do juiz.

l) Remuneração do tutor e do protutor


- Tutor: ressarcido das despesas efetuadas no exercício da tutela e
proposrcional a imprtnância dos bens administrados (art.1752). Tutor de menor
abandonado, a lei exclui de remuneração.
- Protutor : §.1.

m) Prestação de contas e balanço dos bens


Os tutores prestarão contas de 2 em 2 anos e também quando por
qualquer motivo deixarem a tutela ou toda a vez que o juiz achar conveniente
(art.1757).
No caso de morte, ausência ou interdição do tutor (art.1759).

n) Cessação da tutela
Cessa a condição de tutelado (art.1763)
Cessa as funções do tutor (art.1764)
O procedimento de remoção pode ter iniciativa do MP ou de quem tenha
justo interesse, de acordo com os procedimentos previstos nos arts.761 a 763
do NCPC , correndo na Vara da Infância e Juventude.

2) DA CURATELA (arts 1767 a 1783, CC)

a) Conceito
A curatela igualmente é um institututo assistencial de proteção só que de
maiores incapazes.
Uma outra distinção entre tutela e curatela está o fato de que os pais
não podem exercer a tutela, porque o poder familiar a exclui, mas podem
exercer a curatela.
O juiz pode fixar limites da curatela, ao passo que para a tutela não
existe esse tipo de graduação.
São partes da curatela o curador e o curatelado.
Com a entrada em vigor do NCPC, houve revogação dos artigos 1.768 a
1.773 do CC.

b) Pessoas sujeitas à curatela


O art.1767 do CC traz o rol taxativo dos interditos, ou seja, daqueles
que estão sujeitos a curatela, a saber:
- aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir
sua vontade
- os ébrios habituais (alcoólatras viciados) e os toxicômanos (viciados em
tóxicos).
- Os pródigos (pessoas que gastam de maneira desesperada o próprio
patrimônio o que pode levá-los a penúria)

c) Limites da Curatela
Sempre se considerou que a interdição poderia ser total ou parcial. Essa
era a regra insculpida no artigo 1.772 do CC, em sua redação original, também
revogada pelo artigo 1.072, inciso II, do novo CPC. Agora, o juiz concederá a
curatela e indicará os atos para os quais a mesma será necessária, não
havendo mais que se falar em curatela parcial ou total. Assim, nos termos do
artigo 755 do novo CPC, o juiz nomeará curador e fixará expressamente os
limites da curatela, não podendo mais declarar genericamente que esta será
total ou parcial, até mesmo porque a incapacidade absoluta agora se restringe
aos menores de 16 anos.

d) A escolha do Curador
A curatela pode ser legítima e dativa. O código não prevê a curatela
testamentária.
Na curatela legítima, a nomeação do curador recai sobre uma das
pessoas elencadas no art.1775 do CC. Essa ordem não é rígida, pois deve ser
curador o mais apto a cuidar dos interesses do curatelado. Mas para que essa
ordem seja infringida, deve haver uma justa causa, devidamente motivada na
sentença.
Na curatela dativa, a nomeação do curador recai sobre uma pessoa
idônea, escolhida pelo juiz, que tenha ou não vínculo de parentesco com o
incapaz. Se for do interesse do incapaz, o juiz pode nomear um curador dativo,
em detrimento do legítimo.
Como novidades, vislumbra-se a possibilidade de compartilhamento da
curatela a mais de uma pessoa. (art. 1775-A CC - Estatuto da Pessoa com
Deficiência - Lei 13.146/15).

Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato,


é, de direito, curador do outro, quando interdito.
§1o Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na
falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto.
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha
do curador.
Art. 1.775-A. Na nomeação de curador para a pessoa com deficiência, o juiz
poderá estabelecer curatela compartilhada a mais de uma pessoa.

e) Curatela Prorrogada
Dispõe o art. 1778 que a autoridade do curador estende-se à pessoa e
aos bens dos filhos do curatelado, observado o art. 5.
Isso quer dizer que o curador é automaticamente o tutor dos filhos
menores do curatelado, independentemente de ato judicial nomeando-o para
esse fim.
f) Curatela do Nascituro (art.1779, CC)
Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a
mulher, e não tendo esta o poder familiar.
Se a mulher é capaz, ela mesma exerce o poder familiar sobre o
nascituro, nesse caso não podemos falar em nomeação de curador.
Se a mulher estiver interditada, seu curador será também curador do
nascituro, por força do institudo da curatela prorrogada.
Portanto, dá-se curador ao nascituro apenas quando presente 3
requisitos:
- que o pai faleça estando grávida a mulher;
- que esta não tenha o poder familiar;
- que ela ainda não esteja interditada.

g) Curatela do enfermo ou portador de deficiência física (art.1780, CC)


Revogada pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência, instituído pela Lei
13.146/15, que entrou em vigor no dia 2 de janeiro de 2016.

h) Legitimidade ativa para requerer a interdição (arts 747 e 748 NCPC)


Restaram elencados no novo Código de Processo Civil, como
legitimados para a propositura da curatela: a) o cônjuge ou companheiro; b) os
parentes ou tutores; c) o representante da entidade em que se encontra
abrigado o interditando; d) o Ministério Público (artigo 747).
O artigo 748 do novo CPC passou a estabelecer que o Ministério Público só
promoverá interdição em caso de doença mental grave: a) se as pessoas
designadas nos incisos I, II e III do artigo 747 não existirem ou não
promoverem a interdição; e b) se, existindo, forem incapazes as pessoas
mencionadas nos incisos I e II do artigo 747.
Restou excluída, a bem do entendimento jurisprudencial predominante, a
previsão no CPC revogado de que o Ministério Público representará o
interditando no procedimento quando não for o requerente, sendo-lhe dado
curador especial, função a ser exercida pela Defensoria Pública (artigo 72,
parágrafo único, novo CPC), se o mesmo não constituir advogado.

i) Procedimento de Interdição (arts 749 a 755 NCPC)


Art. 749. Incumbe ao autor, na petição inicial, especificar os fatos que
demonstram a incapacidade do interditando para administrar seus bens e, se
for o caso, para praticar atos da vida civil, bem como o momento em que a
incapacidade se revelou.
Parágrafo único. Justificada a urgência, o juiz pode nomear curador
provisório ao interditando para a prática de determinados atos.
Art. 750. O requerente deverá juntar laudo médico para fazer prova de suas
alegações ou informar a impossibilidade de fazê-lo.
Art. 751. O interditando será citado para, em dia designado, comparecer
perante o juiz, que o entrevistará minuciosamente acerca de sua vida,
negócios, bens, vontades, preferências e laços familiares e afetivos e sobre o
que mais lhe parecer necessário para convencimento quanto à sua capacidade
para praticar atos da vida civil, devendo ser reduzidas a termo as perguntas e
respostas.
§ 1o Não podendo o interditando deslocar-se, o juiz o ouvirá no local onde
estiver.
§ 2o A entrevista poderá ser acompanhada por especialista.
§ 3o Durante a entrevista, é assegurado o emprego de recursos tecnológicos
capazes de permitir ou de auxiliar o interditando a expressar suas vontades e
preferências e a responder às perguntas formuladas.
§ 4o A critério do juiz, poderá ser requisitada a oitiva de parentes e de pessoas
próximas.
Art. 752. Dentro do prazo de 15 (quinze) dias contado da entrevista, o
interditando poderá impugnar o pedido.
§ 1o O Ministério Público intervirá como fiscal da ordem jurídica.
§ 2o O interditando poderá constituir advogado, e, caso não o faça, deverá ser
nomeado curador especial.
§ 3o Caso o interditando não constitua advogado, o seu cônjuge, companheiro
ou qualquer parente sucessível poderá intervir como assistente.
Art. 753. Decorrido o prazo previsto no art. 752, o juiz determinará a produção
de prova pericial para avaliação da capacidade do interditando para praticar
atos da vida civil.
§ 1o A perícia pode ser realizada por equipe composta por expertos com
formação multidisciplinar.
§ 2o O laudo pericial indicará especificadamente, se for o caso, os atos para os
quais haverá necessidade de curatela.
Art. 754. Apresentado o laudo, produzidas as demais provas e ouvidos os
interessados, o juiz proferirá sentença.
Art. 755. Na sentença que decretar a interdição, o juiz:
I - nomeará curador, que poderá ser o requerente da interdição, e fixará os
limites da curatela, segundo o estado e o desenvolvimento mental do interdito;
II - considerará as características pessoais do interdito, observando suas
potencialidades, habilidades, vontades e preferências.
§ 1o A curatela deve ser atribuída a quem melhor possa atender aos interesses
do curatelado.
§ 2o Havendo, ao tempo da interdição, pessoa incapaz sob a guarda e a
responsabilidade do interdito, o juiz atribuirá a curatela a quem melhor puder
atender aos interesses do interdito e do incapaz.
§ 3o A sentença de interdição será inscrita no registro de pessoas naturais e
imediatamente publicada na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal
a que estiver vinculado o juízo e na plataforma de editais do Conselho Nacional
de Justiça, onde permanecerá por 6 (seis) meses, na imprensa local, 1 (uma)
vez, e no órgão oficial, por 3 (três) vezes, com intervalo de 10 (dez) dias,
constando do edital os nomes do interdito e do curador, a causa da interdição,
os limites da curatela e, não sendo total a interdição, os atos que o interdito
poderá praticar autonomamente.

j) Cessação da curatela (art.756 NCPC)


Art. 756. Levantar-se-á a curatela quando cessar a causa que a determinou.
§ 1o O pedido de levantamento da curatela poderá ser feito pelo interdito, pelo
curador ou pelo Ministério Público e será apensado aos autos da interdição.
§ 2o O juiz nomeará perito ou equipe multidisciplinar para proceder ao exame
do interdito e designará audiência de instrução e julgamento após a
apresentação do laudo.
§ 3o Acolhido o pedido, o juiz decretará o levantamento da interdição e
determinará a publicação da sentença, após o trânsito em julgado, na forma do
art. 755, § 3o, ou, não sendo possível, na imprensa local e no órgão oficial, por
3 (três) vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, seguindo-se a averbação no
registro de pessoas naturais.
§ 4o A interdição poderá ser levantada parcialmente quando demonstrada a
capacidade do interdito para praticar alguns atos da vida civil.

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