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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA METALÚRGICA


E DE MINAS

Christian Anthony Hernández Osorio

"CARACTERIZAÇÃO DE PASTAS MINERAIS"

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia


Metalúrgica e de Minas da Universidade Federal de Minas Gerais

Área de Concentração: Tecnologia Mineral


Orientador: Prof. George Eduardo Sales Valadão

Belo Horizonte
Escola de Engenharia da UFMG
2005
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO
.........................................................................................................................................01
1.1. Definição de Alguns Conceitos Básicos
.........................................................................................................................................01
1.2. Aspectos Ambientais da Disposição de Rejeitos
.........................................................................................................................................04

2. OBJETIVOS
.........................................................................................................................................07
2.1. Objetivo Geral
.........................................................................................................................................07
2.1. Objetivos Específicos
.........................................................................................................................................07

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
.........................................................................................................................................08
3.1. Reologia de Suspensões Minerais
.........................................................................................................................................08
3.2. Tecnologia da Preparação das Pastas de Rejeitos
.........................................................................................................................................11
3.3. Fatores Relevantes para Preparação de uma Pasta
.........................................................................................................................................12
3.3.1. Distribuição Granulométrica dos Rejeitos
.........................................................................................................................................12
3.3.2. Efeito dos Aditivos Químicos
.........................................................................................................................................13
3.4. Aplicações Industriais do Preenchimento com Pasta
.........................................................................................................................................15
3.5. Testes Aplicados às Pastas Minerais
.........................................................................................................................................18
3.5.1. Teste de "Slump"
.........................................................................................................................................18
3.5.2. Medições da Viscosidade e Tensão de Escoamento
.........................................................................................................................................22
3.5.3. Teste de Calha (“Flume”)
.........................................................................................................................................27
3.5.4. Resistência à Compressão da Pasta
.........................................................................................................................................33
3.5.5. Ensaio Compressão - Deformação
.........................................................................................................................................38
3.5.6. Permeabilidade do "Pastefill"
.........................................................................................................................................39
3.6. Outras Características das Pastas Minerais
.........................................................................................................................................42
3.6.1. Efeito das Vibrações Mecânicas
.........................................................................................................................................42
3.7. Aspectos Econômicos
.........................................................................................................................................44

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
.........................................................................................................................................45
4.1. Amostras Minerais
.........................................................................................................................................45
4.2. Caracterização do Sólido
.........................................................................................................................................45
4.2.1. Composição Química e Mineralógica do Sólido
.........................................................................................................................................46
4.2.2. Distribuição Granulométrica do Sólido
.........................................................................................................................................46
4.2.3. Massa Específica e Área Superficial Específica
.........................................................................................................................................47
4.3. Caracterização das Pastas Minerais
.........................................................................................................................................50
4.3.1. Medição da Viscosidade
.........................................................................................................................................50
4.3.2. Teste de Calha (“Flume”)
.........................................................................................................................................51
4.3.3. Teste de “Slump”
.........................................................................................................................................51
4.3.4. Ensaios Mecânicos
.........................................................................................................................................52
4.3.5. Testes de Permeabilidade de Água
.........................................................................................................................................53

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
.........................................................................................................................................56
5.1. Caracterização das Amostras Sólidas
.........................................................................................................................................56
5.1.1. Densidade de Amostras Sólidas
.........................................................................................................................................56
5.1.2. Distribuição Granulométrica das Amostras Sólidas
.........................................................................................................................................56
5.1.3. Composição Química das Amostras Sólidas
.........................................................................................................................................61
5.1.4. Composição Mineralógica das Amostras Sólidas
.........................................................................................................................................62
5.1.5. Área Superficial Específica das Amostras Sólidas
.........................................................................................................................................70
5.1.6. Microeletroforese das Amostras Sólidas
.........................................................................................................................................71
5.2. Caracterização das Pastas Minerais
.........................................................................................................................................73
5.2.1. Viscosidade das Pastas Minerais
.........................................................................................................................................73
5.2.1.1.Pastas Minerais das Amostras Originais
.........................................................................................................................................74
5.2.1.2.Pastas Minerais das Misturas
.........................................................................................................................................82
5.2.2. Teste de “Slump”
.........................................................................................................................................97
5.2.3. Teste de Calha (“Flume”)
.......................................................................................................................................103
5.2.4. Ensaios Mecânicos
.......................................................................................................................................110
5.2.5. Testes de Permeabilidade à Água
.......................................................................................................................................121

6. CONCLUSÕES
.......................................................................................................................................122

7. RELEVÂNCIA DOS RESULTADOS


.......................................................................................................................................126

8. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS


.......................................................................................................................................127

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
.......................................................................................................................................128

ANEXOS
.......................................................................................................................................133
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Aspecto de uma pasta mineral utilizada na indústria mineira da Austrália
.........................................................................................................................................02
Figura 1.2: Definição teórica dos conceitos básicos tais como: polpa, polpa de alta
densidade, pasta e torta
.........................................................................................................................................03
Figura 1.3: Ângulos de disposição para polpas de alta densidade e para pasta, em vários
tipos de terreno
.........................................................................................................................................04
Figura 3.1: Aplicação da força F ao plano de área A e distância x ao plano paralelo que
provoca seu deslocamento a velocidade v
.........................................................................................................................................08
Figura 3.2: Curvas de fluxo para suspensões concentradas: (a) relação entre tensão de
cisalhamento e taxa de cisalhamento; (b) relação entre viscosidade e taxa de
cisalhamento
.........................................................................................................................................09
Figura 3.3: Comportamento da viscosidade independente do tempo
.........................................................................................................................................10
Figura 3.4: Comportamento tixotrópico da viscosidade (dependente do tempo)
.........................................................................................................................................10
Figura 3.5: Espessador de alta densidade de cone profundo
.........................................................................................................................................11
Figura 3.6: Distribuição granulométrica de rejeito, cimento e mistura
.........................................................................................................................................12
Figura 3.7: Representação esquemática do teste de abatimento de cone ou "slump"
.........................................................................................................................................19
Figura 3.8: Gráfico da altura "slump" em função do conteúdo de água da pasta
.........................................................................................................................................21
Figura 3.9: Gráfico da tensão de escoamento em função da concentração de sólidos para
uma ampla variedade de rejeitos minerais
.........................................................................................................................................22
Figura 3.10: Gráfico da viscosidade de equilíbrio em função da taxa de cisalhamento
para várias pastas de rejeitos de bauxita
.........................................................................................................................................23
Figura 3.11: Resultados dos testes de "slump" em cone e cilindro junto com os modelos
teóricos em termos adimensionais da altura de "slump" e da tensão de escoamento
.........................................................................................................................................24
Figura 3.12: Esquema do teste de "slump", mostrando as distribuições das tensões
inicial e final
.........................................................................................................................................24
Figura 3.13: Gráfico da altura "slump" adimensional em função do valor adimensional
da tensão de escoamento
.........................................................................................................................................25
Figura 3.14: Gráfico da tensão de escoamento das suspensões de alumina em função da
fração volumétrica de sólidos φ, para o pH de 8,9±0,2
.........................................................................................................................................26
Figura 3.15: Gráfico da tensão de escoamento em função do adensamento da pasta (%
de sólidos em massa)
.........................................................................................................................................27
Figura 3.16: Teste de “flume” para uma pasta com "slump" de 71,12mm (2,8")
.........................................................................................................................................28
Figura 3.17: Plano inclinado e diagrama esquemático do fluido estacionário na calha
.........................................................................................................................................28
Figura 3.18: Consistência da mistura para disposição, seus correspondentes
equipamentos de desaguamento e bombeamento, ângulos de repouso e incremento de
volume depositado
.........................................................................................................................................29
Figuras 3.19 a) e b): Disposições típicas para o sistema "pastefill"
.........................................................................................................................................31
Figura 3.20: Ângulo de repouso (% de "slope") em função da % de sólidos em massa,
obtidos com uma pasta de rejeito de ouro na Venezuela
.........................................................................................................................................31
Figura 3.21: Ângulo de repouso (% de "slope") v/s % de sólidos em massa, obtidos no
laboratório; observa-se também a estratificação do material
.........................................................................................................................................32
Figura 3.22: Gráfico de ângulo de repouso em função da % de sólidos em massa, para
diferentes adições de cal
.........................................................................................................................................33
Figura 3.23: Resistência compressiva relativa da pasta de concreto em função do tempo
de cura, com adições de 5, 10 e 15% de meta caulim (MK)
.........................................................................................................................................36
Figura 3.24: Efeito da adição de MK sobre a distribuição de poros de morteiros,
considerando 100 dias de tempo de cura
.........................................................................................................................................36
Figura 3.25: Resistência compressiva de solo argiloso em função do tempo de cura, com
adições de 6% PLB e com 4% de PC
.........................................................................................................................................37
Figura 3.26: Gráfico da resistência à compressão para diferentes tempos de cura, sob o
efeito da adição e redução de material fino
.........................................................................................................................................37
Figura 3.27: Curvas experimentais tensão compressiva – deformação para diferentes
adições de cimentos (2 – 16% em massa) e 7 dias de cura
.........................................................................................................................................38
Figura 3.28: Gráfico da permeabilidade mínima Kmin (em escala logarítmica) em função
do produto da porosidade pelo tamanho d10 em mm
.........................................................................................................................................40
Figura 3.29: Gráfico da idade do concreto em função do fluxo de água passante
(permeabilidade) para: a) concreto bombeado, b) concreto comum
.........................................................................................................................................42
Figura 3.30: Gráfico da resistência à compressão do concreto bombeado em função
do fluxo de água passante (permeabilidade)
.........................................................................................................................................42
Figura 3.31: Viscosidade aparente ηW em função do fator Af2/D3
.........................................................................................................................................43
Figura 4.1: Cyclosizer Warman de laboratório
.........................................................................................................................................47
Figura 4.2: Picnômetros de laboratório
.........................................................................................................................................47
Figura 4.3: Aparelho de Blaine para determinação da ASE
.........................................................................................................................................48
Figura 4.4: Unidade Tristar Nitrogen Adsorption
.........................................................................................................................................49
Figura 4.5: Viscosímetro Brookfield, modelo DV-III
.........................................................................................................................................50
Figura 4.6: Fotografias da calha construída em acrílico. Vista: a) isométrica; b) superior
.........................................................................................................................................51
Figura 4.7: Testes preliminares de cilindro slump com pasta de 72,5% de sólidos
.........................................................................................................................................52
Figura 4.8: Máquina Instron utilizada nos ensaios mecânicos
.........................................................................................................................................53
Figura 4.9: Aparelho de Germann para determinação do fluxo de água que passa através
da pasta cimentada (GWT)
.........................................................................................................................................53
Figura 4.10: Fotografias mostrando: a) corpo de prova; b) forma de moldagem
.........................................................................................................................................54
Figura 4.11: Fotografias: a) do corpo de prova; b) tubo graduado colado no corpo de
prova, necessário para as medições da permeabilidade de água
.........................................................................................................................................55
Figura 5.1: Distribuições granulométricas das amostras sólidas obtidas mediante
granulômetro Sympatec
.........................................................................................................................................57
Figura 5.2: Distribuições granulométricas da amostra II, obtidas por classificação
centrífuga (Cyclosizer), granulômetro Sympatec e peneiramento
.........................................................................................................................................60
Figura 5.3: Distribuições granulométricas da amostra III, obtidas por classificação
centrífuga, Sympatec e peneiramento
.........................................................................................................................................60

Figura 5.4: Microfotografias MEV da amostra I: a) e- secundários, 3500X; b) e-


secundários, 2000X; c) e- retroespalhados, 1000X; d) seção polida, e- retroespalhados,
750X
.........................................................................................................................................63
Figura 5.5: Microfotografias MEV da amostra II: a) e- secundários, 2000X; b) e-
secundários, 3500X; c) e- retroespalhados, 1000X; d) seção polida, e- retroespalhados,
750X
.........................................................................................................................................64
Figura 5.6: Microfotografias MEV da amostra III: a) e- secundários, 750X; b) e-
secundários, 500X; c) e- retroespalhados, 1000X; d) seção polida, e- retroespalhados,
500X
.........................................................................................................................................65
Figura 5.7: Difratograma de raios X da amostra I
.........................................................................................................................................66
Figura 5.8: Espectro de infravermelho da amostra I
.........................................................................................................................................67
Figura 5.9: Difratograma de raios X da amostra II
.........................................................................................................................................67
Figura 5.10: Espectro de infravermelho da amostra II
.........................................................................................................................................68
Figura 5.11: Difratograma de raios X da amostra III
.........................................................................................................................................69
Figura 5.12: Espectro de infravermelho da amostra III
.........................................................................................................................................69
Figura 5.13: Valores do índice de Blaine para as amostras estudadas
.........................................................................................................................................71

Figura 5.14: Curvas de potencial zeta para as suspensões das amostras II e III
.........................................................................................................................................73
Figura 5.15: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para
pastas preparadas com a amostra I no ciclo 2-100-2 rpm
.........................................................................................................................................75
Figura 5.16: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para
algumas das pastas da amostra I no ciclo 1-21-1 rpm
.........................................................................................................................................75
Figura 5.17: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para
algumas das pastas da amostra II
.........................................................................................................................................76
Figura 5.18: Comportamentos reológicos extremos dos “pastefill” da amostra II
.........................................................................................................................................77

Figura 5.19: Efeito do tempo sobre as medições da viscosidade em uma pasta de 64%
de sólidos da amostra II
.........................................................................................................................................78
Figura 5.20: Efeito do tempo sobre as medições da viscosidade nas pastas da amostra II
.........................................................................................................................................78
Figura 5.21: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para
algumas das pastas da amostra III
.........................................................................................................................................79
Figura 5.22: Efeito da velocidade de rotação da haste sobre as medições da viscosidade
nas pastas da amostra III
.........................................................................................................................................80
Figura 5.23: Efeito do tempo sobre as medições da viscosidade nas pastas da amostra
III, considerando adensamentos diferentes e para valores da velocidade de rotação da
haste de: a) 20 rpm; b) 120 rpm; c) 250 rpm.
.........................................................................................................................................81
Figura 5.24: Efeito da velocidade de rotação da haste sobre as medições da viscosidade
em uma pasta de 82% em sólidos da amostra III
.........................................................................................................................................82
Figura 5.25: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para
algumas das pastas da amostra IV, para o ciclo 1-180-1 rpm.
.........................................................................................................................................83
Figura 5.26: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para
algumas das pastas da amostra IV, para um ciclo 1-20-1 rpm.
.........................................................................................................................................84
Figura 5.27: Efeito da velocidade de rotação da haste e tempo da medição sobre o valor
da viscosidade para diferentes pastas preparadas com a amostra IV
.........................................................................................................................................85
Figura 5.28: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para
algumas das pastas da amostra V, para um ciclo 1-180-1 rpm.
.........................................................................................................................................86
Figura 5.29: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para
algumas das pastas da amostra V, considerando um ciclo 1-20-1 rpm.
.........................................................................................................................................87
Figura 5.30: Efeito da velocidade de rotação da haste e tempo da medição sobre o valor
da viscosidade para diferentes pastas preparadas com a amostra V
.........................................................................................................................................88
Figura 5.31: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para
algumas das pastas da amostra VI, para um ciclo 1-180-1 rpm.
.........................................................................................................................................89
Figura 5.32: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para
algumas das pastas da amostra VI, para um ciclo 1-20-1 rpm.
.........................................................................................................................................90
Figura 5.33: Efeito da velocidade de rotação da haste e tempo da medição sobre o valor
da viscosidade para diferentes pastas preparadas com a amostra VI
.........................................................................................................................................91
Figura 5.34: Comportamentos reológicos no ciclo 1-180-1 rpm para pastas menos
adensadas das diferentes amostras estudadas
.........................................................................................................................................92
Figura 5.35: Comportamentos reológicos no ciclo 1-20-1 rpm para pastas menos
adensadas das diferentes amostras estudadas
.........................................................................................................................................93
Figura 5.36: Comportamentos reológicos no ciclo 1-180-1 rpm para pastas mais
adensadas das diferentes amostras estudadas
.........................................................................................................................................94
Figura 5.37: Efeito do tempo sobre os valores da viscosidade para: a) pastas menos
adensadas; b) pastas mais adensadas
.........................................................................................................................................95
Figura 5.38: Gráfico de altura “slump” em função do adensamento da pasta
considerando amostras originais e misturas.
.........................................................................................................................................98
Figura 5.39: Fotografias de teste de cilindro “slump” para pastas da amostra I
.........................................................................................................................................99
Figura 5.40: Gráfico % de abatimento da altura “slump” em função do adensamento de
pasta, considerando cone e cilindro
.......................................................................................................................................101
Figura 5.41: Fotografias dos testes de “slump” realizados com pastas da amostra V,
utilizando geometrias cônica e cilíndrica
.......................................................................................................................................102
Figura 5.42: Gráfico do ângulo de repouso em função da inclinação da base, para
“pastefill” da amostra I, na faixa de 70 a 76% em sólidos
.......................................................................................................................................104
Figura 5.43: Gráfico do ângulo de repouso em função do adensamento da pasta
.......................................................................................................................................106
Figura 5.44: Fotografias de testes de “flume” de pastas da amostra I
.......................................................................................................................................107
Figura 5.45: Fotografias de testes de “slump” e “flume” de pastas da amostra III
.......................................................................................................................................109
Figura 5.46: Gráfico tensão instantânea em função do tempo para amostra I
.......................................................................................................................................112

Figura 5.47: Comportamento mecânico de corpos de prova de cimento puro


.......................................................................................................................................113
Figura 5.48: Gráfico da tensão de ruptura em função dos “pastefill” estudados
.......................................................................................................................................115
Figura 5.49: Fotografias de corpos de prova da amostra II cimentado com 4% CP e 7
dias de cura, a) antes do rompimento, c) após ruptura
.......................................................................................................................................116
Figura 5.50: Fotografias de corpos de prova da amostra V cimentado com 4% CP e 7
dias de cura, a) antes do rompimento, c) após ruptura
.......................................................................................................................................116
Figura 5.51: Fotografias de corpos de prova da amostra III cimentado com 4% CP e 7
dias de cura, a) antes do rompimento, c) após ruptura
.......................................................................................................................................117
Figura 5.52: Fotografias de corpos de prova da amostra III cimentado com 4%
(MK+CaO) e 7 dias de cura, a) e b) antes de rompimento, c) após ruptura
.......................................................................................................................................117
Figura 5.53: Fotografias de imagens MEV com elétrons retroespalhados de diferentes
corpos de prova fraturados: a) cimento puro, 2000X; b) amostra I + 4% CP, 2000X; c)
amostra III + 4%CP, 2000X; d) amostra III + 4% (MK + CaO), 1000X
.......................................................................................................................................119
LISTA DE TABELAS

Tabela I.1: Incidentes e impactos ambientais relacionados com mineração no ano 2000
.........................................................................................................................................06
Tabela III.1: Resistência a tração (RT) e módulo de elasticidade (ET) para 90 e 180 dias
de cura
.........................................................................................................................................14
Tabela III.2: Propriedades da cinza volante
.........................................................................................................................................15
Tabela III.3: Aplicações industriais do preenchimento com "pastefill"
.........................................................................................................................................18
Tabela III.4: Dimensões e material de construção de três cilindros para teste de "slump"
de laboratório, utilizados nos experimentos de Clayton, Grice e Boger
.........................................................................................................................................20
Tabela III.5: Propriedades físicas das amostras da Mutuca – MBR
.........................................................................................................................................22
Tabela III.6: Área superficial e tamanhos volumétricos médios das partículas de alumina
utilizadas para a formação das suspensões: dn, ds, dv, d90, d50, d10, dv/dn
.........................................................................................................................................26
Tabela III.7: Valores de altura "slump" e ângulo de repouso para pastas com diferentes
conteúdos de sólidos
.........................................................................................................................................30
Tabela III.8: Resistência uniaxial compressiva para a pasta de preenchimento, após 7 e
28 dias de cura
.........................................................................................................................................34
Tabela III.9: Resistência compressiva não confinada (UCS) do "pastefill" em MPa
.........................................................................................................................................35
Tabela III.10: Módulo de elasticidade para diferentes pastas cimentadas, considerando 7
e 28 dias de cura
.........................................................................................................................................39
Tabela III.11: Valores de permeabilidade relativa de preenchimentos hidráulicos
cimentados
.........................................................................................................................................41
Tabela III.12: Classificação standard de concretos segundo o teste de permeabilidade
(usando equipamento GWS) e de acordo ao fluxo de água passante
.........................................................................................................................................41
Tabela III.11: Porcentagens típicas dos custos operacionais do sistema "backfill"
.........................................................................................................................................44
Tabela IV.1: Técnicas e equipamentos requeridos para determinação de características e
propriedades do componente sólido das pastas
.........................................................................................................................................45
Tabela IV.2: Técnicas e equipamentos requeridos para determinação de características e
propriedades das pastas de rejeitos
.........................................................................................................................................50
Tabela V.1: Densidades obtidas através de picnometria simples e a gás expressas em
(g/cm3)
.........................................................................................................................................56
Tabela V.2: Tamanhos d10, d50 e d90 das amostras sólidas estudadas
.........................................................................................................................................57
Tabela V.3 - a: Distribuições granulométricas obtidas mediante granulômetro Sympatec
.........................................................................................................................................58
Tabela V.3 - b: Distribuições granulométricas obtidas mediante classificação centrífuga
.........................................................................................................................................59
Tabela V.3 - c: Distribuições granulométricas obtidas através do peneiramento
.........................................................................................................................................59
Tabela V.4: Análise química quantitativa das amostras I, II e III
.........................................................................................................................................62
Tabela V.5: Tempos de passagem de ar e valores de ASE segundo Blaine
.........................................................................................................................................70
Tabela V.6 - a: Condições experimentais e valores de potencial zeta obtidos nas
suspensões da amostra II
.........................................................................................................................................72
Tabela V.6 - b: Condições experimentais e valores de potencial zeta obtidos nas
suspensões da amostra III
.........................................................................................................................................72
Tabela V.7: Condições dos testes reológicos aplicados nas amostras originais
.........................................................................................................................................74
Tabela V.8: Condições experimentais e características das amostras chamadas misturas
.........................................................................................................................................82
Tabela V.9: Alturas de “slump” obtidas usando geometria cilíndrica
.........................................................................................................................................97
Tabela V.10: Adensamento necessário para abatimento de 50% da altura “slump”
.........................................................................................................................................99
Tabela V.11: Altura e % de abatimento (% ABT) do “slump” usando geometria cônica
.......................................................................................................................................100
Tabela V.12: Ângulos de repouso em função do adensamento do “pastefill” da amostra I
.......................................................................................................................................103
Tabela V.13: Ângulos de repouso em função do adensamento da pasta
.......................................................................................................................................105
Tabela V.14: Valores de altura “slump” e ângulo de repouso para amostras originais
.......................................................................................................................................108
Tabela V.15: Condições experimentais e características dos corpos de prova
.......................................................................................................................................110
Tabela V.16: Resultados dos ensaios mecânicos de compressão simples
.......................................................................................................................................111
Tabela V.17 - a): Valores das resistências e tensões de ruptura alcançadas pelos corpos
de prova das amostras II, III e V, para tempo de cura de 7 dias
.......................................................................................................................................114
Tabela V.17 - b): Valores das resistências e tensões de ruptura alcançadas pelos corpos
de prova das amostras II, III e V, para tempo de cura de 28 dias
.......................................................................................................................................114
Tabela V.18: Porosidade e densidade de alguns dos corpos de prova ensaiados
.......................................................................................................................................118
Tabela V.19 – a): Dados experimentais e calculados dos testes de permeabilidade ao
água para “pastefill” da amostra II
.......................................................................................................................................121
Tabela V.19 – b): Dados experimentais e calculados dos testes de permeabilidade ao
água para “pastefill” da amostra V
.......................................................................................................................................121
LISTA DE NOTAÇÕES

A Área transversal
ASE Área superficial específica
Aw2 Aceleração cíclica
b % em massa do cimento na matriz do “pastefill”
B Área do micrômetro no teste de permeabilidade a água
BET Isoterma do tipo BET
C Gradiente do campo elétrico aplicado na microeletroforese
CAF Sistema de preenchimento com agregado cimentado
Ccp Coeficiente de permeabilidade do concreto ou do ”pastefill”
CHF Sistema de preenchimento hidráulico cimentado
CP Cimento portland
CPF Sistema de preenchimento com pasta cimentada ou "pastefill"
CSN Companhia Siderúrgica Nacional
D80 Diâmetro médio de 80% do material passante pela malha de corte
dn Diâmetro nominal da partícula
ds Diâmetro médio considerando superfície da partícula
dv Diâmetro médio considerando volume da partícula
d10 Diâmetro superficial médio de partícula para 10% passante
d50 Diâmetro superficial médio de partícula para 10% passante
d90 Diâmetro superficial médio de partícula para 10% passante
dZ Diferencial de altura Z no teste de cone “slump”
Deep Cone Espessador de cone profundo
DEMIN Departamento de Engenharia de Minas
DRX Difração de raios X
EAA Espectrofotometria de absorção atômica
EIV Espectroscopia infravermelha
EUA Estados Unidos de América
EE-UFMG Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais
F Força aplicada
FP Fração de sólidos em massa
FV Fração de sólidos em volume
FRX Fluorescência de raios X
g Aceleração da gravidade
g1 Leitura número 1 em mm feita no micrômetro
g2 Leitura número 2 em mm feita no micrômetro
GWT Aparelho de Germann para medição da permeabilidade
H Altura do cone deformado
hP Altura não deformada
h0 Altura de “slump” não deformada
h1 Altura de “slump” deformada
H Altura total do cone ou cilindro de “slump”
HS Altura de “slump”
H1 Altura terminal da pasta no final da calha no teste de “flume”
H2 Altura terminal da pasta no início da calha no teste de “flume”
I Intensidade da corrente elétrica
IV Infravermelho
JPCDS-ICDD Base de dados para difração de raios X (do International Centre for
Diffraction Data)
K Constante do aparelho de Blaine
Kmin Permeabilidade mínima
L Comprimento da pasta no teste de “flume”
L’ Comprimento do corpo de prova onde é aplicada a pressão ∆P
M Mobilidade eletroforética
MBR Minerações Brasileiras Reunidas
MEV Microscopia eletrônica de varredura
MK Meta caulim
MO Microscopia ótica
n Número inteiro da equação de Bragg
P80 Tamanho do produto com 80% passante pela malha de corte
PC Cimento portland
PIE Ponto isoelétrico
PLB Mistura de 70% pozolana com 30% de cal
PG Picnometria a gás
PS Picnometria simples
PZ Potencial zeta
r Direção radial
rpm Rotações por minuto
s Altura de “slump”
s/H Razão de abatimento “slump”
SM Separação magnética
s' Altura de “slump” adimensional
t Tempo em (s) no teste de permeabilidade a ar (Blaine) e a água
TM Tempo médio
TTD Disposição de rejeitos adensados
UCS Resistência compressiva não confinada
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
v Velocidade
V Voltagem
VM Velocidade média
X Aumento ou magnificação da imagem
x Distância no plano x
WDS Espectrômetro dispersivo de raios X
Z Número atômico
ε Porosidade
εmin Porosidade mínima do leito
φ Fração volumétrica de sólidos
γ Taxa de cisalhamento
η Viscosidade
ηN Viscosidade newtoniana
ηW Viscosidade aparente
λ Comprimento de onda
θ Ângulo de difração
θR Ângulo de repouso
ρ Massa específica ou densidade do material
τ Tensão de cisalhamento
τy Tensão de escoamento pelo cisalhamento
τ’y Tensão de escoamento pelo cisalhamento adimensional
∆P Valor selecionado da pressão de água no GWT
∆v Variação ou deslocamento da velocidade
∆x Deslocamento na direção do eixo x
" Polegadas
%ABT % de abatimento “slump”
RESUMO

O sistema de disposição de rejeitos na forma de pasta vem ganhando no último tempo


uma importante participação nas usinas da mineração no contexto mundial. No caso
particular do Brasil também esta tendência está sendo mais comum cada dia, deslocando
o sistema convencional de disposição de rejeitos em forma de polpas minerais contidas
em barragens ou bacias de rejeitos. A disposição de rejeitos em forma de pasta
apresenta variadas vantagens entre as que podem destacarse as seguintes: menores
custos de investimento e de operação, menores impactos ambientais, maiores
recuperações de águas de processo permitindo sua reciclagem, maiores recuperações de
mina.
Uma pasta mineral pode ser conceituada como um sistema coloidal que se apresenta
como um fluído homogêneo, no qual não acontece segregação de partículas, e que se
disposto de forma suave em superficies estáveis, não apresenta drenagem significativa
de água.
As pastas minerais podem ser dispostas de forma superficial ou também ser empregadas
para preencher cavas subterrâneas, operação conhecida como “backfill”. Ao utilizar
“backfill” podem ser alcançadas maiores recuperações de mina além de aproveitar
material rejeitado no processamento mineral. Pode também ser empregado o processo
de “rockfill” que involucra a utilização de rocha estéril misturada com pastas de rejeitos.
Normalmente estas pastas minerais são cimentadas com ajuda de algum ligante, que
classicamente é cimento portland, mas algumas alternativas mais econômicas tem sido
utilizadas com muito sucesso, como é o caso de cinza volante, meta caulim, cal, dentre
outras.
Dentre as características das pastas minerais podem-se mencionar sua viscosidade,
tensão de cisalhamento e escoamento ou ruptura, altura de abatimento (“slump”),
ângulo de repouso, resistências à compressão, cisalhamento, permeabilidade, etc.
O objetivo geral deste trabalho foi caracterizar reológica, física e químicamente pastas
minerais preparadas a partir de diferentes rejeitos do processamento de minérios de
ferro, provenientes do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais.
Dentre as conclusões mais relevantes deste trabalho podem ser destacadas as seguintes:
- O valor da viscosidade de pastas minerais aumentou na razão direta do aumento
da porcentagem de sólidos, nas mesmas condições de operação, sendo as pastas
mais viscosas aquelas preparadas com a amostra II (lamas da ciclonagem).
- Quanto ao comportamento reológico das pastas preparadas com as amostras
originais e misturas, tem-se que amostra III (rejeito de flotação) apresentou as
pastas mais reotrópicas se comparadas com as outras pastas estudadas. As
misturas apresentaram pastas mais tixotrópicas, enquanto que a amostra II
mostrou pastas de comportamento duplo (tixo e reotrópicas).
- Quanto ao teste de abatimento (“slump”) foram as amostras de granulometria
mais fina aquelas que precisaram de maiores proporções de água para formar
pasta mineral (abatimentos entre 0 e 100%).
- No teste de calha (“flume”) determinou-se que para maiores inclinações de calha
se produzem menores ângulos de repouso nas pastas estudadas, agora para
menores adensamentos a queda absoluta destes ângulos foi cada vez mais
gradual. Alcançaram-se ângulos de repouso de até 15° nas pastas ensaiadas em
laboratório.
- No caso das pastas cimentadas com 4 e 8% de cimento portland obtem-se um
comportamento característico nas curvas que mostram quedas e recuperações no
gráfico da tensão instantánea em função do tempo.
- Ao utilizar uma mistura de meta caulim e cal como ligante na pasta mineral se
logrou uma aglomeração das partículas sólidas das pastas, já no caso da adição
de cimento portland podem-se alcançar maiores resistências de ruptura devido as
estruturas do concreto assim formadas.
ABSTRACT

Important participation in the world mining usines have winninig the tailings disposition
system in form of paste. In the particular case of Brazil, this tendence is more comum
everyday, remplacing the convencional system of disposition of tailings in large dam
embankments in form of minerals slurries. The paste disposition form presents various
advantages: lower capital and operations costs, lower enviromental impacts, higher
water recuperations for recicly in the process, higher mine recuperations.
A mineral paste can be defined as well colloidal system equivalent to homogeneus
liquidus, without solid particulate segregation, no presents significatives water losses
when softly disposit on stable surface.
The minerals pastes can be disposited superficially (pastefill) or filled underground
cavities (backfill). Higher mine recuperations can be reached to use backfill te be
usefull mineral processing wastes. Other alternative can be used is rockfill process, wich
misture waste rock and tailings pastes. Normally, these minerals pastes are cemented
with binder, the clasic portland cement, or successly more economical alternatives: fly
ash, metakaolim, lime, etc.
As minerals pastes characterics can be mencionated are viscosity, shear stress, yield
stress, slump, repose angle, compression and shear resistances, permeability, etc.
This work objective was rheological, physical and chemical characterization of mineral
pastes prepared with different tailings of iron mineral processing origined of Minas
Gerais ferriferous quadrilate.
As principals conclusions of this work can be destacated:
- The minerals pastes viscosity incresed in direct relationship to solids
concentration, with equivalents operation conditions, resulting pastes more
viscous in contrast with those preparared with a sample II (slimes of
cyclosizing).
- In reference to rheological behavior of pastes preparared with original and
blended samples, a sample III (flotation tailings) showed reotropic pastes if
compared with others studied pastes. Blended pastes present more tixotropic,
whereas sample II (slimes) pastes present both reotropic and tixotropic behavior.
- Slump test showed fine distribution size samples requered highest water
proportions to form mineral paste (slump batween 0 and 100%).
- In the flume test was determinated for higher slopes of plane produz lower
studied pastes repose angles, for lower solids concentrations more gradual drop
have in repose angles. Angles rised up to 15° in laboratory tested pastes.
- For cemented pastes with 4 and 8% of Portland cement observed characteric
behavior with ups and downs in the curves of instantaneous stress with time.
- A use of blended with metakaolin and lime how mineral paste binder permited
solids particle aglomeration, while a Portland cement adition higher yield stress
can be reached because formed concrete structures.
1. INTRODUÇÃO

O Brasil destaca-se no setor mínero-metalúrgico na produção de ferro e aço.


Principal exportador mundial de matéria-prima contendo ferro, o país tem vastíssimos
recursos potenciais e grandes reservas de minérios de ferro. A produção de minérios de
ferro concentra-se em três regiões do país. Em Minas Gerais e nos estados vizinhos do
Rio de Janeiro e Espírito Santo concentra-se também a produção nacional de aço nas
siderúrgicas integradas, fazendo da região sudeste do país o foco principal de produção
e exportação de produtos tanto da indústria de mineração de ferro como da indústria
siderúrgica.
O volume de rejeitos da mineração de ferro, que atualmente é disposto nas
barragens de rejeitos no Brasil, alcança valores entre 50 e 60 milhões de toneladas por
ano. Esse fato se constitui em um impacto ambiental severo. (Araujo, 2004)
Em outros países, como Chile, segundo Palma (2004), tem-se que em uma usina
da mineração de cobre, de cada 100.000 toneladas diárias processadas, 97.000
correspondem inevitavelmente a rejeitos.
As afirmações anteriores fazem muito interessante a idéia de dispor os rejeitos
da mineração de uma maneira tecnicamente mais eficiente e que signifique um menor
impacto ambiental. Portanto, a disposição de rejeitos adensados na forma de pasta
aparece como uma alternativa atrativa de ser estudada, enfocando o tema a partir de
uma perspectiva da mineração de ferro. Essa tecnologia já está sendo aplicada em
alguns países como Austrália, Canadá, EUA, Japão, Tanzânia, África do Sul, contudo
não se conhecem aplicações industriais em mineração de ferro.

1.1 DEFINIÇÃO DE ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS

Segundo os trabalhos de Jewell (2002) e de Araujo e colaboradores (2003), uma


pasta mineral pode ser conceituada como um sistema coloidal que se apresenta como
um fluido homogêneo, no qual não ocorre a segregação granulométrica das partículas, e
que, se disposto de forma suave em superfícies estáveis, não apresenta drenagem
significativa de água. Sua conformação e consistência durante sua disposição podem
ser avaliadas através dos métodos:
- Teste de cone ou cilindro (teste de "slump")
- Teste de calha (teste de “flume”)
O aspecto visual de uma pasta mineral pode ser observado na Figura 1.1,
considerando diferentes adensamentos.

Figura 1.1: Aspecto de uma pasta mineral utilizada na indústria mineira da Austrália.
(Jewell, 2002)

As características do comportamento das pastas são devidas ao adensamento em


sólidos, fazendo que, a partir de uma determinada porcentagem de sólidos, não haja
segregação das partículas sólidas na mistura. Como resultado, pode-se obter ângulos de
disposição mais elevados do que ao utilizar polpas, por exemplo na faixa de 2 até 5%,
representando um ganho importante em termos de volumes a serem dispostos, sobretudo
para grandes áreas, características das disposições em barragens. (Araujo et al., 2003)

É importante destacar que, dentre as propriedades de uma pasta ou "pastefill"


para a disposição dos rejeitos adensados, destacam-se: tensão de ruptura da pasta; altura
de “slump”, que é determinada através do teste de abatimento ou “slump”; ângulo de
repouso, que pode ser determinado através do teste de calha ou “flume”; viscosidade da
mistura sólido-líquido; resistência à compressão que pode ser determinada através de
um ensaio mecânico de tensão – deformação; permeabilidade do preenchimento obtido.

Laudriault (2002), na Figura 1.2, apresenta um gráfico esquemático da tensão de


ruptura em função do adensamento da mistura sólido-líquido, na qual observam-se
distintos estados possíveis: polpa, polpa de alta densidade, pasta e torta. Também são
indicados alguns dos equipamentos utilizados nas tarefas de desaguamento,
bombeamento e filtragem dessas misturas sólido-líquido, os regimes e velocidades de
fluxo possíveis e as características de segregação das partículas sólidas.
Velocidade crítica de fluxo Velocidade
R E D U Ccrítica
ED Velocidade de fluxo
C R IT I C A L F L O W V E L O C IT Y C R IT I C A L N O C R IT IC A L
FLOW F L Onão
W crítica
V E L O C IT Y
VEreduzida
L O C IT Y

Polpa
SLU RRY H I GPolpa
H D EdeN alta
S IT Y PPasta
ASTE CTorta
AKE
S densidade
LUR RY
SHEAR STRESS (Pa)

A B O V E -Disposição
G R O U N Dsuperficial
D IS P O S A L

U N D E R G Backfill
ROUND subterrâneo
B A C K F IL L
Tensão de Ruptura (Pa)

Segregação Sem segregação


S E G R E G A T IN G N O N - S E G R E G A T IO N

Espessadores
C Oconvencionais
N V E N T IO N A L Espessadores
H IG H de
RAalta
T Evelocidade Deep - Cone Filtros
T H IC K E N E R S T H IC K E N E R S DEEP CONE F IL T E R S
T H IC K E N E R S

Fluxo
T U R Bturbulento
U LE N T L Laminar
A M IN A R P L UFluxo
G F Lpistão
OW
NON-
P U M Não
PABLE
bombeável

Bombas
C E N T RCentrífugas
IF U G A L Bombas de
PUMPS deslocamento
P O S IT IV E
D I S P Lpositivo
ACEMENT
PUMPS

Limite
L IQ U IDdo
PERCEN Llíquido
%T de
S O LSólidos
I D S ( Wem
/ W ) massa IM I T

O VER LAP - SE Área deI Sobrecarga


N S IT V E A R E A para
FOR
C O N T R O L O F C E N T R IF U G A L P U M P S
controle de bombas centrífugas

Figura 1.2: Definição teórica dos conceitos básicos tais como: polpa, polpa de alta
densidade, pasta e torta. (Laudriault, 2002)

Wang e colaboladores (2002) estabelecem a existência de diferentes tipos de


material utilizados para backfill cimentado (preenchimento subterrâneo), dentre esses:
preenchimento com agregado cimentado (CAF), preenchimento hidráulico cimentado
(CHF) e preenchimento com pasta cimentada ou “pastefill” (CPF).

Segundo Sofrá e Boger (2002), o “pastefill” é uma pasta preparada com rejeitos
da mineração, utilizada para preenchimento de cavidades subterrâneas, que melhora as
propriedades de suporte da estrutura permitindo reduzir a disposição superficial dos
rejeitos. Esses rejeitos devem ser primeiramente espessados para formar a pasta e,
normalmente, são misturados com pequenas quantidades de cimento (3 – 5%) para
incrementar suas características de resistência. A pasta flui através de um duto com a
ajuda da gravidade e após é disposta de forma horizontal ao fazer o preenchimento.
A Figura 1.3 apresenta os ângulos possíveis para a disposição de uma polpa de
alta densidade e para uma pasta mineral, em uma visão de caráter qualitativo.

POLPA DE ALTA DENSIDADE PASTA

A) SOBRE TERRENOS PLANOS SEM BACIAS

B) SOBRE TERRENO SUAVEMENTE INCLINADO OU PLANO

C) EM UM VALE

D) NA BASE OU PÉ DE UMA MONTANHA

Figura 1.3: Ângulos de disposição para polpas de alta densidade e para pasta, em vários
tipos de terreno. (Laudriault, 2002)

1.2. ASPECTOS AMBIENTAIS DA DISPOSIÇÃO DE REJEITOS

Segundo Jung e Biswas (2002), o problema dos depósitos de rejeitos, dispostos


em áreas de baixo impacto aparente, é que podem ser ambientalmente mais sensíveis do
que se pensa. Depois da disposição, os rejeitos podem causar efeitos ambientalmente
adversos, devido, por exemplo, a lixiviação de metais pesados e outros poluentes, além
da geração de ácido sulfúrico causada pela oxidação de sulfetos presentes nos rejeitos.
Dessa forma, a disposição de rejeitos no meio ambiente é uma fonte de efluente
aquoso e poluição que podem criar potenciais perigos à saúde pública.
Desde os anos 60, os rejeitos da flotação têm sido coletados em depósitos
superficiais conhecidos como barragens de rejeitos, o que tem significado considerável
impacto ambiental.
A existência das barragens de rejeitos na atualidade representa uma preocupação
constante. O trabalho de Rice (2002) mostra que um rompimento da barragem de
rejeitos pode significar entre outros efeitos: perda de vidas humanas, dano ambiental
severo, impacto direto nos custos de produção da usina, imagem negativa da empresa,
responsabilidade legal, publicidade negativa instantânea.

O trabalho de Sofrá e Boger (2002) também indica que os métodos


convencionais a úmido utilizados para a disposição de rejeitos são problemáticos devido
ao risco de contaminação do solo com as águas da barragem ou bacia de rejeitos e a
difícil recuperação do terreno. Na década de 70 foram registrados em torno de 35 falhas
de barragens no mundo inteiro, resultando em pelo menos 471 mortes de seres
humanos, com um grande dano ambiental associado. Além da problemática ambiental,
existe uma tendência mundial à minimização do uso da água para reduzir assim os
custos operacionais, melhorando a eficiência da usina. Portanto, uma alternativa que
apresenta vantagens significativas, quanto a segurança e outros fatores, seriam as
técnicas de disposição a seco, utilizando rejeitos que devem ser espessados ou
desaguados antes de sua disposição. Dentre as aplicações desses métodos a seco está a
preparação de “pastefill”, que corresponde a uma pasta de preenchimento. A produção
de “pastefill” melhora fatores como recuperação de reagentes e água, além de diminuir
os volumes dos rejeitos a dispor, facilitando a posterior recuperação do solo.

No trabalho de van Deventer e Luckey (2003) são apresentados alguns acidentes


geotécnicos na mineração mundial acontecidas no ano 2000 (ver Tabela I.2). Além
disso, é mostrado que desde 1975 até hoje os incidentes ambientais reportados na
mineração são causados em 76% dos casos pelos acidentes geotécnicos das barragens de
rejeitos, em 18% pelas falhas na tubulação de transporte e em 6% devido a acidentes de
transporte.

Quanto às polpas minerais com 60 – 80% de água em massa, muitos estudos já


foram feitos, mas pouca atenção tem-se dado às polpas muito concentradas em sólido
(por exemplo na faixa 75 – 90% de sólidos em massa), como é o caso das pastas
minerais utilizadas para preenchimento de cavidades subterrâneas, processo mais
conhecido como "backfill" com pasta ou simplesmente "pastefill". Para aumentar a
resistência à compressão da pasta de preenchimento é muito utilizada a adição de
cimento portland.
A substituição parcial de cimento portland por cinza volante (NaOH) não só
permite aumentar a resistência da pasta de preenchimento ou "pastefill", a custos
menores, mas também alivia um pouco o problema meio ambiental associado com os
depósitos de cinza volante nos Estados Unidos da América do Norte.
No caso do Brasil, algumas empresas estão utilizando "pastefill" cimentados
com meta caulim em substituição ao cimento portland, fato que significa uma
diminuição significativa nos custos associados a esse insumo, segundo o trabalho de
Gama e colaboradores (1997).

Tabela I.1: Incidentes e impactos ambientais relacionados com mineração no ano 2000.
(van Deventer e Luckey, 2003)

DATA LOCAÇÃO FALHA PRODUÇÃO MORTES


30-Janeiro- Baia Mare, Rompimento da Cianeto Não
2000 Romênia barragem
10-Março-2000 Borsa, Romênia Rompimento da Metais Não
barragem pesados
21-Março-2000 Papua – Nova Acidente no Cianeto Não
Guiné transporte
24-Julho-2000 Romênia Falha na linha da Chumbo e Não
tubulação Zinco
09-Setembro- Galivare, Falha da barragem Cobre Não
2000 Suécia pelo drenagem no
filtro
14-Setembro- Papua – Nova Acidente no Diesel Não
2000 Guiné transporte
29-Setembro- Shanxi, China Derrame de 5,2 ton Cianeto Não
2000 de NaCN no rio
Shuangjiang
11-Outubro- Inez, EUA Falha da barragem Polpa de Não
2000 dentro da mina descarte de
subterrânea carvão
18-Outubro- Nandan, China Colapso da Cobre 29 mortos,
2000 barragem, ≈100 100
famílias danificadas desaparecidos
2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

- Caracterizar reológica, fisica e quimicamente pastas minerais preparadas a partir de


diferentes rejeitos do processamento de minérios de ferro, provenientes do Quadrilátero
Ferrífero de Minas Gerais.

2.2. OBJETIVOS ESPECIFICOS

- Fazer um estudo do estado do arte relativo a utilização de pastas minerais para a


disposição de rejeitos da mineração e de outras aplicações.

- Caracterizar as amostras de rejeitos do processamento de minério de ferro de várias


origens, determinando algumas características tais como: massa específica, distribuição
granulométrica, composição química e mineralógica, área superficial e potencial zeta.

- Preparar e caracterizar as pastas minerais correspondentes a cada rejeito utilizado, de


forma a determinar e estudar:
* Comportamento da viscosidade (viscosidade em função do adensamento, %
de sólidos)
* Comportamento da fluidez e consistência da pasta:
- Teste de “flume” (ângulo de repouso)
- Teste de “slump” (altura de Slump)
* Características da resistência da pasta cimentada:
- Resistência à compressão
- Resistência à tração
- Resistência ao cisalhamento
* Módulo elástico
* Permeabilidade da pasta cimentada

- Correlacionar as propriedades dos rejeitos com as pastas minerais correspondentes.


3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. REOLOGIA DE SUSPENSÕES MINERAIS

Nos trabalhos de Dealy (1995) e de Klein (2002), apresentam-se algumas


definições básicas da reologia de suspensões minerais e que serão de vital importância
para um melhor entendimento deste estudo. A reologia pode ser definida como a
ciência que estuda a deformação do fluxo da matéria. Uma das propriedades ou
características reológicas importantes é a tensão de cisalhamento, τ, que por definição é
a força aplicada por unidade de área, segundo a equação 3.1, a seguir:

τ = F/A (3.1)

Dentre as unidades de τ, normalmente a mais utilizada é o Pascal.

Outra característica ou resposta reológica de interesse é a taxa de cisalhamento, a


qual corresponde à mudança da velocidade dividida pela distância de separação de dois
planos paralelos, entre os quais encontra-se o fluido em estudo, conforme indicado na
equação 3.2 e observado na Figura 3.1:
.
γ = ∆v / ∆x (3.2)

F ∆v A

∆x

Figura 3.1: Aplicação da força F ao plano de área A e distância x ao plano paralelo que
provoca seu deslocamento a velocidade v. (Klein, 2002)

Aqueles fluidos que obedecem a lei de fluxo viscoso de Newton são os que
exibem um comportamento mais simples, com tensão de cisalhamento sendo
diretamente proporcional a taxa de cisalhamento. A constante de proporcionalidade,
nesse caso, corresponde à viscosidade newtoniana, ηN, que é característica nesse tipo de
fluidos. As suspensões com baixo conteúdo de sólidos normalmente apresentam esse
comportamento newtoniano. A grande maioria das suspensões utilizadas no tratamento
de minérios apresentam um comportamento não newtoniano, e suas curvas de tensão de
cisalhamento em função da taxa de cisalhamento mostram-se como não lineares. Dessa
forma, essas suspensões não têm uma viscosidade simples e sim uma viscosidade
aparente, que é variável com a taxa de cisalhamento. Essa viscosidade aparente é
definida como a inclinação de uma linha que passa pela origem e intercepta a curva de
fluxo na taxa específica de cisalhamento.
Segundo Tadros (1987), exemplos de distintos tipos de comportamento
reológico para suspensões concentradas podem ser representados pelas Figuras 3.2 a) e
b). Na Figura 3.2 a) apresenta-se o gráfico de tensão de cisalhamento em função da taxa
de cisalhamento, enquanto na Figura 3.2 b) mostra-se o gráfico de viscosidade em
função da taxa de cisalhamento.
Tensão de cisalhamento

Pseudoplástico Pseudoplástico
Newtoniano
Viscosidade

Newtoniano

Dilatante Dilatante
Dilatado

. .
Taxa de cisalhamento γ Taxa de cisalhamento γ

a) b)

Figura 3.2: Curvas de fluxo típicas para suspensões concentradas: (a) relação entre
tensão de cisalhamento e taxa de cisalhamento; (b) relação entre viscosidade e taxa de
cisalhamento. (Tadros, 1987)

Nas curvas apresentadas, em ambos casos, podem ser observados os


comportamentos newtoniano, pseudoplástico e dilatante. No comportamento
pseudoplástico, típico das argilas, pode-se ver uma redução na viscosidade com a taxa
de cisalhamento, enquanto que no caso do comportamento de fluxo dilatante, tem-se um
incremento da viscosidade com a taxa de cisalhamento. Portanto as características de
fluxo, que definem o comportamento reológico da suspensão, normalmente são
determinadas pela fração volumétrica da fase dispersa, a magnitude das forças de
interação entre as partículas e a estrutura dos agregados formados.
Segundo Boger (2003), a viscosidade de suspensões concentradas pode mostrar
um comportamento reversível e independente do tempo como aquele mostrado na
Figura 3.3. Isto significa que o valor da viscosidade voltará a seu valor original quando
cessar o torque aplicado.
Alternativamente, as polpas podem exibir um comportamento de sua viscosidade
dependente do tempo. Nesse caso, um dos comportamentos possíveis é o tixotrópico, no
qual a viscosidade decresce com o tempo (Figura 3.4). Um exemplo do comportamento
tixotrópico é aquele usualmente observado na adição de polímeros a uma polpa mineral.
Existe o comportamento chamado reoforético ou reotrópico, que é pouco comum e no
qual o valor da viscosidade η cresce com o tempo.

Comportamento de ida
Viscosidade

Comportamento de volta

Taxa de Cisalhamento

Figura 3.3: Comportamento da viscosidade independente do tempo. (Boger, 2003)

Comportamento de ida
Viscosidade

Comportamento de volta

Taxa de Cisalhamento

Figura 3.4: Comportamento tixotrópico da viscosidade (dependente do tempo).


(Boger, 2003)
Outro parâmetro reológico importante é a chamada tensão de ruptura ou
escoamento, que fornece informações sobre as características para o projeto e
desempenho do processo. Ela é definida como o valor da tensão que deve ser alcançado
para iniciar o fluxo de material. Portanto, esse parâmetro é uma propriedade do material
que denota a transição entre o estado sólido e o comportamento de líquido.
A tensão de ruptura existe nas suspensões de partículas agregadas, sendo a
resultante das forças inter-partículas de atração, formando uma verdadeira estrutura de
tecido tridimensional. Existem métodos diretos e indiretos para sua determinação
experimental, sendo estes últimos os mais utilizados. (Klein, 2002)

3.2. TECNOLOGIA DA PREPARAÇÃO DAS PASTAS DE REJEITOS

Na preparação do "pastefill", existem muitos métodos desenvolvidos e que


atualmente são utilizados na indústria mineral. No método convencional, a primeira
etapa de desaguamento é realizada pelo espessador. Assim, sua descarga é ainda uma
polpa, que pode ser bombeada facilmente. Normalmente, utiliza-se um filtro a vácuo,
seja de disco ou de tambor, para formar a pasta.
O espessador de alta densidade tem sido utilizado para produzir pasta mineral, a
partir de polpas diluídas de rejeito. A Figura 3.5 mostra um espessador industrial de
alta densidade de cone profundo (“deep cone”).

Figura 3.5: Espessador de alta densidade de cone profundo. (Jewell, 2002)


3.3. FATORES RELEVANTES PARA PREPARAÇÃO DE UMA PASTA

3.3.1. DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DOS REJEITOS

A distribuição granulométrica do sólido é importante pois influencia a


porosidade e a resistência da pasta. Usualmente, a adição de cimento na preparação de
pastas de preenchimento melhora tanto as propriedades de bombeamento quanto de
resistência. Isso é atribuído à presença de partículas muito finas que reduzem a perda
por separação do componente água da pasta. Essas partículas permitem também a
minimização da fricção entre as superfícies internas do tubo e a pasta, por exemplo
quando esta última é transportada.
A Figura 3.6 mostra as curvas de distribuição granulométrica para rejeitos de
mina, cimento e a mistura rejeito com 8% em massa de cimento.

Rejeito
% Retida do material

Cimento

Rejeito
+8% de
cimento

Tamanho de partícula (µm)

Figura 3.6: Distribuição granulométrica de rejeito, cimento e mistura. (Jung et al.,


2002)

Segundo Jung et al. (2002), o excesso da quantidade de partículas finas pode


produzir uma redução da resistência da pasta, ainda que uma certa quantidade de
material fino (tamanho < 20µm) seja necessária para bombear a pasta através do tubo
sem perdas da resistência requerida para preenchimento.
3.3.2. EFEITO DOS ADITIVOS QUIMICOS

Os aditivos são componentes incorporados na mistura de pasta de cimento, antes


ou durante o processo de mistura. Pode-se estimar que 80% do concreto produzido na
indústria da construção de América do Norte contém um ou mais tipos de aditivos.
Esses aditivos melhoram as propriedades do concreto e são utilizados mundialmente.
As dificuldades associadas à preparação, transporte e disposição do preenchimento
podem ser reduzidas, em grande parte, com o uso desses aditivos. (Wang et al., 2002)
Os aditivos podem ser empregados para diminuir a quantidade de água, para
incorporar ar, para acelerar ou retardar a fixação e para reduzir a permeabilidade ou para
redução dos volumes de misturas.
Nos Estados Unidos, normalmente são utilizados como aditivos para as pastas de
preenchimento: cinza volante, escórias, meta caulim e fumo de sílica. Eles só têm um
papel complementar aos cimentos ou ligantes. O objetivo de sua adição é a redução de
custos tanto na mineração como na indústria da construção. Nesse último caso, os
aditivos incorporam benefícios físicos e econômicos no concreto.
É importante indicar que na indústria mineira o número de aditivos utilizados é
bastante reduzido em comparação com a indústria da construção.
A classificação geral desses aditivos considera quatro categorias: aceleradores,
retardadores, redutores de água e super-plasticidores.
Segundo Gama (2004), os aditivos para "pastefill" representam um problema
econômico e de disponibilidade de recursos em um determinado país.

3.3.2.1. EFEITO DA POZOLANA OU META CAULIM

As pozolanas, localizadas principalmente na região de Montes Claros e


Nordeste do Brasil, representam uma opção viável técnica e econômica para produção
de "pastefill" utilizado para preenchimentos. Outra alternativa ainda mais econômica
seria a preparação de meta caulim, com um custo de produção da ordem de 0,047 US$/t
(Gama, 2004). Nesse caso há um aumento do módulo de elasticidade e da resistência à
tração da pasta, tanto para os solos mais grossos quanto finos, estudados no trabalho de
Gama e colaboradores (2001). A Tabela III.1 mostra alguns resultados obtidos.
Tabela III.1: Resistência a tração (RT) e módulo de elasticidade (ET) para 90 e 180 dias
de cura. (Gama et al., 2001)

Cura Teor ligante 90 dias 180 dias


(%) RT (MPa) ET (MPa) RT (MPa) ET (MPa)
6 PC --- --- 1.17 14147
Cura seca a 20°C 6 (MK+CaO) 0.19 2458 --- ---
10% (MK+CaO) 0.29 4574 0.92 9393
Cura de imersão 6 (MK+CaO) 0.16 2170 0.41 7711
a 20°C 10% (MK+CaO) 0.22 3362 0.74 10864

3.3.2.2. EFEITO DA CINZA VOLANTE

A cinza volante é um dos componentes mais usados com sucesso nas misturas de
"backfill". Sua inclusão nesses sistemas afeta as propriedades da pasta de
preenchimento. A cinza volante atua em parte como agregado fino e como um agente
ligante.
Na maioria das aplicações nos Estados Unidos, a cinza volante é utilizada com o
propósito de alcançar os seguintes benefícios: (Jung et al., 2002)
a) reduzir o conteúdo de cimento, baixando assim os custos do "backfill";
b) melhorar a plasticidade e/ou as propriedades reológicas;
c) alcançar níveis requeridos para a resistência do "backfill" após 90 dias de cura.
O desenvolvimento de um "backfill"de alta densidade cimentado pode significar
uma promissora alternativa para os depósitos de descarte da mina. As pastas
cimentadas e os "pastefill" de alta densidade têm as seguintes propriedades e vantagens:
i) reduzem ou eliminam os confinamentos dos rejeitos;
ii) reduzem ou eliminam a contaminação da água sub-superficial com metais pesados;
iii) baixam os níveis de armazenamento de descartes perigosos.
Alguns dos fatores que afetam o bombeamento e a resistência de um "backfill"
de alta densidade são os seguintes: (Jung et al., 2002)
- superfície específica dos agregados;
- conteúdo de cimento;
- conteúdo de água;
- características físicas dos componentes do "backfill".
A permeabilidade da mistura pode ser fortemente reduzida e decrescerá mais
ainda com o tempo, isto como resultado da cristalização pozolânica, com a adição da
cinza volante. A Tabela III.2 mostra as propriedades físicas de uma cinza volante
utilizada por Jung et al. (2002).

Tabela III.2: Propriedades da cinza volante. (Jung et al., 2002)

Propriedade Valor
Massa específica 2,25
Máxima densidade seca (pcf) 103,2
Umidade (%) 0,06
Perda ou baixa da secagem – 22 dias (%) 0,005
Porção do material +325 # peneira Sieve (%) 25,75
Permeabilidade (*10-5 cm/s) 0,9

A substituição de cimento por cinza volante permite alcançar uma resistência


mais apropriada e homogênea, a um custo mais baixo.

3.4. APLICAÇÕES INDUSTRIAIS DO PREENCHIMENTO COM PASTA

Alguns exemplos de operações mineiras que trabalham com pastas minerais para
preenchimento de cavas no mundo, segundo Jung et al., 2002, são mostrados a seguir:
 O sistema de "backfill" com pasta na mina subterrânea de Ag–Pb-Zn da empresa
BHP-Cannington é aplicação pioneira na Austrália, em operação desde 1997.
Esse sistema utiliza rejeitos já moídos com aproximadamente 60% em massa de
sólidos e um P80 na faixa de 80 até 100µm. Durante a produção da pasta, os
processos de adição de cimento e controle de qualidade são totalmente
automatizados. A descarga de produto é favorecida com o uso de vácuo.
 As minas Getchell e Merkle, da empresa Barrick Gold, incorporam aditivos na
etapa de "backfill". No caso da usina Getchell, são usados aditivos redutores de
água, o que permite alcançar maiores valores de resistência a compressão. No
caso da mina Merkle é utilizado um aditivo ligante para tratar "ïn-situ" o estéril
já disposto. A mistura de sólido para preenchimento é a seguinte: rocha (66%),
areia (25%) e lama (9%). Nesse caso, foram adicionados na mistura cimento,
dispersante e aditivos para o controle de hidratação. O dispersante atuava sobre
o aumento da fluidez enquanto o aditivo sobre o manuseio de trabalho da pasta.
 Na mina Jiaojia, na China, um novo ligante recentemente desenvolvido é
chamado de material condensado com alto conteúdo de água, capaz de
solidificar uma mistura em que o volume de água seja nove vezes o volume do
sólido. Ao misturar esse tipo de ligante com uma polpa mineral, obtêm-se
resistências médias à compressão maiores que 2MPa após 2 dias de cura. A
mistura considera 7% em massa do ligante em uma polpa de 64% de sólidos de
rejeito. É importante destacar que pode-se obter resistências similares, ao
adicionar cimento portland, apenas depois de 28 dias de cura.
 A mina Neves Corvo, em Portugal, também utiliza preenchimentos com pasta
para suas cavas. O nível de produção da usina de beneficiamento é de
aproximadamente 2 milhões de toneladas de concentrado por ano, composto
principalmente de cobre e cobre/estanho. O rejeito tem concentração de 65% em
massa de sólidos com uma granulometria 100% < 200µm com um D80 na faixa
de 30 – 40µm. O conteúdo de cimento na pasta para preenchimento vai de 1 até
7% em massa, dependendo do método de mineração usado. Um novo ligante
para "backfill" chamado “sungeric” é adicionado em uma razão de 35/1
(areia/ligante), mostrando bom desempenho pois reduz a dificuldade do
transporte da pasta, aumenta a resistência à compressão e reduz os custos de
preenchimento.
Outra alternativa para substituição de cimento é o uso de gesso calcinado. Em
uma pasta com 75% de sólidos em massa, gesso calcinado foi adicionado
obtendo-se uma resistência de 1MPa com muito pouco tempo de cura. A mesma
resistência, utilizando-se cimento, é obtida com quantidades 2 – 3,5 vezes
maiores de gesso calcinado.
O conteúdo de sólidos de uma pasta de preenchimento é dependente de sua
porosidade e do conteúdo de finos. Por exemplo, rejeitos de ouro com
porosidade de 47% apresentavam 75% de sólidos na pasta. Quando esses
rejeitos foram misturados com areias aluviais e rocha com porosidade inferior a
30%, o resultado foi uma pasta com 85% de sólidos em massa.
Os rejeitos que vem da moagem são espessados em um espessador de alta
capacidade, que alimenta um tanque indo depois para um filtro de disco até
alcançar 15% de umidade antes da adição do ligante.
 Na Kinross Gold Corporation, os rejeitos já moídos são diluídos até 10 - 15% de
sólidos e misturados com floculante. Depois são levados para o espessamento,
produzindo uma pasta com menos de 60% de sólidos. Assim, o processo
convencional de três estágios para a preparação de pasta é reduzido só à etapa de
espessamento. Logo, a pasta é misturada com areia e ligante antes de realizar o
preenchimento.
 A mina Enterprise, na Austrália, substituiu seu sistema de preenchimento
hidráulico pelo sistema de "pastefill". Nessa planta a mistura é preparada
considerando a descarga do filtro de correia, que processa os rejeitos de cobre
provenientes do underflow do hidrociclone e a descarga do espessador que trata
o overflow do hidrociclone. Para o ajuste das características da pasta, são
usados a água e os ligantes. Normalmente, essa planta produz uma pasta de 76%
de sólidos.
 A mina Henty Gold, na Austrália, normalmente utiliza pasta de rejeitos filtrados
que são misturados com polpas cimentadas. Atualmente, o estéril da mina é
adicionado à pasta de rejeitos para melhorar sua resistência e reduzir o consumo
de cimento em 50%.
 No ano 1996, a mina Brunswick da Noranda Inc., no Canadá, modificou seu
sistema de "backfill" de "rockfill" cimentado e não cimentado, para
preenchimento com pasta. Os rejeitos com 50 – 60% de sólidos são atualmente
usados para preparar "pastefill". A pasta é transportada aproveitando a
gravidade para preenchimento das cavas subterrâneas, distribuída por tubos de
200mm de diâmetro. O conteúdo de cimento (como ligante) varia de 2 – 7%,
para satisfazer os requerimentos de resistência.
 Na mina japonesa Hard Rock, em Toyoha, cuja usina processa minério contendo
Pb – Zn – Ag, o processo de preparação do “pastefill” é realizado em alta
temperatura. Nesse caso, o cimento é utilizado para melhorar a resistência da
pasta, com adições que variam entre 3 e 7% na mistura.

A Tabela III.3 apresenta algumas aplicações industriais que utilizam o sistema


de preenchimento com "pastefill".
Tabela III.3: Aplicações industriais do preenchimento com "pastefill"

Nome da usina Localidade/Pais Produção Características do sistema


pastefill
Cannington Austrália Pb-Ag-Zn Uso de PC
Jiaojia China 7% outro ligante
Neves Corvo Portugal Cu e Cu/Sn 1-7% PC
Enterprice Austrália Cu Uso de outros ligantes
Brunswick Canadá 2-7% PC
Hard Rock Toyoha/Japão Pb-Zn-Ag 3-7% PC
Bulyanhulu Tanzânia Au Descarga zero de água
Colstrip Montana/EUA Cinza volante
El Peñón Chile Au Disposição seca dos rejeitos
Mantos de Chile Au Disposição seca dos rejeitos
Ouro
Kanowa Belle Austrália Au Cimento (produz pasta, filtros
Eimco)
Argyle Austrália Realiza mistura de 2 tipos de
Diamond Mine rejeitos
Mt - Keith Austrália Ni Uso só de espessamento
Line Creek BC - Canadá Carvão Sistema TTD
Cluff Lake Canadá U Sistema TTD
Ekati Nor-oeste, Canadá Diamante Sistema TTD
Vandreuil Québec - Canadá Produz pasta desde 1.987

3.5. TESTES APLICADOS ÀS PASTAS MINERAIS

3.5.1. TESTE DE "SLUMP"

Verifica-se do trabalho de Clayton, Grice e Boger (2003), que o teste de slump


foi originalmente idealizado para medir a consistência ou plasticidade de misturas de
concreto, sendo normalizado pela norma ASTM a partir de 1998. A Figura 3.3 mostra
uma representação esquemática do teste de “slump”. Nesse teste, o cone é preenchido
com concreto até completar todo seu volume, quando o cone é retirado verticalmente,
verificando-se a diferença entre a altura original e a final, a que é chamada de altura de
abatimento ou “slump”.
s
H

Figura 3.7: Representação esquemática do teste de abatimento de cone ou "slump".


(Clayton et al., 2003)

O teste de "slump" tem sido utilizado para medir a consistência de fluídos


inelásticos, incluindo-se suspensões de rejeitos minerais.
A altura de "slump" é utilizada como parâmetro de controle, para avaliação da
consistência de uma pasta. Essa altura é dependente tanto da tensão de escoamento
quanto da densidade do material. No contexto mineiro, esses fatores poderiam variar
com as mudanças no origem do minério ou mudanças em seu processamento. Como
resultado, a utilização da altura de "slump" como o único parâmetro para avaliação da
consistência para o sistema de disposição de rejeitos potencialmente pode não ser
suficiente.
Pode-se utilizar uma superfície cilíndrica de forma alternativa ao cone. A
Tabela III.4 mostra alguns tamanhos de cilindro utilizado por Clayton, Grice e Boger
(2003).
Tabela III.4: Dimensões e material de construção de três cilindros para teste de
"Slump" de laboratório, utilizados nos experimentos de Clayton, Grice e Boger (2003).

Cilindro Altura, H (mm) Diâmetro, D (mm) Material de construção


1 75 75 PVC
2 102 102 PVC
3 120 120 Perspex
4 200 200 Lâmina metálica

Para aplicações industriais, o teste do cilindro tem várias vantagens sobre o teste
de cone "slump", sendo algumas delas as seguintes:
- determinação mais precisa da tensão de escoamento, com respeito à simetria do cone;
- o modelo cilíndrico, matematicamente mais fácil para um modelamento;
- maior facilidade para o enchimento com menor quantidade de bolhas de ar que podem
afetar os resultados;
- a forma do material que passou pelo teste de "slump" é mais consistente,
especialmente para valores elevados de tensão de escoamento;
- as medições do teste de cilindro de "slump" podem ser completadas usando uma
secção do tubo, enquaanto que as medições de cone só podem ser feitas com um cone
manufaturado com um maior número de especificações.

Na indústria mineral, o teste de "slump" encontra uma importante aplicação para


avaliação de materiais para "pastefill".
Para maximizar a disposição de rejeitos e minimizar o uso de cimento, os
sistemas de "pastefill" operam, normalmente, na faixa de concentração de sólidos entre
70 até 90% em massa. Nessas altas concentrações, a tensão de escoamento da pasta é
muito sensível às mudanças na concentração de sólidos e, portanto, é vital um controle
efetivo da consistência da pasta. (Clayton et al., 2003)
Segundo Jung et al. (2002), utilizando testes de "slump" de acordo a norma
ASTM C143, foram encontradas correlações consistentes entre os valores da altura de
"slump" e os conteúdos de água das misturas ou pastas estudadas. Isso foi muito útil
para estabelecer uma apropriada consistência da mistura com cimento, já que um
adequado conteúdo de água foi compatível com os critérios de projetos existentes.
As medidas de altura de slump de 5,25(") – 5,75(") mostraram que o conteúdo de
água em massa estava na faixa de 21 a 22% em massa das misturas totais. A Figura 3.8
mostra as alturas de "slump" para os conteúdos de água que foram estudados. O tipo de
material utilizado nesse caso, não é especificado pelos autores no artigo original.

Altura Slump (cm)

Conteúdo de água (% em massa)

Figura 3.8: Gráfico altura de "slump" em função do conteúdo de água ou umidade da


pasta. (Jung et al., 2002)

No trabalho dos pesquisadores Araujo, de Souza e Amarante (2003), são


apresentados resultados de testes reológicos feitos com rejeitos e lamas da usina Mutuca
da empresa Minerações Brasileiras Reunidas - MBR, que mostram-se muito
promissores, indicando a possibilidade de se produzir rejeitos adensados com até 75%
de sólidos em massa e alturas de "slump" na faixa 225 – 250mm, utilizando
espessadores de alta capacidade ou espessadores de pasta.

Na Tabela III.5 apresentam-se algumas características físicas das amostras estudadas.


Tabela III.5: Propriedades físicas das amostras da Mutuca – MBR (Araujo et al.,
2003)

Método Conteúdo de Massa específica Granulometria


Sólidos do sólido (< 20µm)
(% em massa) (g/cm3)
GL&V – amostra 01 71 4,5 78,8
EIMCO – amostra 01 67 - 72 4,3 71,0
EIMCO – amostra 02 66 – 68 4,3 71,0
GOLDER (175mm slump) 77 4,5 86,7
GOLDER (250mm slump) 74 4,5 86,7

3.5.2. MEDIÇÕES DE VISCOSIDADE E TENSÃO DE ESCOAMENTO

Como já foi dito no capítulo introdutório, os parâmetros reológicos viscosidade,


tensão de cisalhamento e tensão de escoamento são importantes variáveis a ser
estudadas.
Assim, por exemplo, o trabalho de Sofrá e Boger (2002) apresenta um
interessante estudo do comportamento reológico de algumas espécies minerais presentes
na mineração da Austrália, como é o caso da bauxita, manganês, ouro, níquel e carvão.
Na Figura 3.9 apresenta-se um gráfico da tensão de escoamento em função da
concentração de sólidos para uma ampla variedade de pastas de rejeitos minerais, e a
Figura 3.10 mostra o comportamento da viscosidade em função da taxa de cisalhamento
para diferentes concentrações de sólido de uma pasta de uma lama de bauxita.

Rejeitos manganês
Rejeitos de ouro
Rejeitos de niquel (165µm)
Rejeitos de niquel (165µm)
Tensão de Escoamento (Pa)

Alúmina Brasil (1)


Alúmina Brasil (2)
Alúmina Canadá
Alúmina Jamaica
Alumina Romênia
Alúmina
Rejeitos de carvão (1)
Rejeitos carvão (2)

Concentração de sólidos (% em massa)

Figura 3.9: Gráfico da tensão de escoamento em função da concentração de sólidos


para uma ampla variedade de rejeitos minerais. (Sofrá et al., 2002)
Viscosidade (Pa*s)

) -
Taxa de cisalhamento (s-1)

Figura 3.10: Gráfico da viscosidade de equilíbrio em função da taxa de cisalhamento


para várias pastas de rejeitos de bauxita. (Sofrá et al., 2002)

Na Figura 3.10 observa se que uma maior concentração de sólidos na polpa


significa um aumento de sua viscosidade.

Segundo Thomas et al. (1979), é recomendado que o valor ótimo da


concentração de sólidos em uma polpa (ou pasta), para a maioria dos preenchimentos
hidráulicos, fique na faixa de 65 até 70% em massa. Possivelmente, o uso de aditivos
melhore a operação, mas deve ser feita a avaliação econômica correspondente.
Segundo Clayton et al, 2003, a faixa de 70 até 90% de sólidos em massa,
dependendo do material, é aquela recomendada para trabalhar com pastas para
preenchimentos.
Essa discrepância é apresentada na Figura 3.9, que mostra os diferentes tipos de
materiais com distintos níveis de densidade crítica de sólidos, considerando uma faixa
que varia de 30 até 80% de sólidos em massa.

Clayton et al. 2003 fizeram uma comparação direta dos modelos do cone e
cilindro para medidas da tensão de escoamento de suspensões minerais. A análise
mostra de forma clara que o modelo do cilindro prediz de maneira mais precisa o valor
da tensão de escoamento do material, fato que é mostrado na Figura 3.11.
Altura “slump” adimensional
Modelo do Cone

Resultado Cone

Modelo Cilindro

Resultado cilindro

Tensão de escoamento adimensional

Figura 3.11: Resultados dos testes de "slump" em cone e cilindro colocados junto aos
modelos teóricos em termos adimensionais da altura "slump" e da tensão de
escoamento. (Clayton et al., 2003)

Os parâmetros adimensionais da altura "slump" e da tensão de escoamento, que


são mostrados pela Figura 3.11, são definidos segundo a Figura 3.12 e as seguintes
equações, a seguir:

r s
hP
Z
Não deformada
dZ H h0

h Deformada
h1

Tensão

Figura 3.12: Esquema do teste de "slump", mostrando as distribuições das tensões


inicial e final. (Clayton et al., 2003)

τ'y = τy / (ρ g H) (3.3)
s' = s / H (3.4)
Onde:
τ'y é a tensão de escoamento adimensional
τy é a tensão de escoamento do material
ρ é a densidade do material
g é a aceleração da gravidade
H é a altura total do cilindro slump
s' é a altura de slump adimensional
s é a altura de slump

Showalter e Christensen (1998) apresentam um estudo que utiliza o teste de cone


"slump". Os resultados obtidos mostram uma boa correlação com aqueles obtidos por
outros pesquisadores, segundo o modelo plástico de Bingham. Os dados obtidos no
“mini-testes de slump" (em escala de laboratório) também apresentam boa concordância
com os demais dados, segundo pode-se observar na figura 3.13.

Murata (1984) conc. Normal


Murata (1984) conc. Leve
Grace (escoamento informados)
Altura “slump” adimensional

Grace (medições escoamento)


Mini-Slump
Rojani and Murgenstein (1991)
Dados de Tattersall and Banfill
(1991)
Predição analítica

Tensão de escoamento adimensional

Figura 3.13: Gráfico da altura "slump" adimensional em função do valor adimensional


da tensão de escoamento. (Showalter e Christensen, 1998)

Zhou et al. (1999) apresentam um estudo feito com suspensões de alumina. As


amostras sólidas de alumina são caracterizadas pelos parâmetros granulométricos
mostrados na Tabela III.6. O comportamento da tensão de escoamento em relação à
variação da fração volumétrica de sólidos das suspensões estudadas é apresentado na
Figura 3.14. Dessa figura, observa-se o efeito da granulometria das partículas da
suspensão sobre o valor crítico da concentração de sólido para o qual a tensão de
escoamento cresce significativamente.

Tabela III.6: Área superficial e tamanhos volumétricos médios das partículas de


alumina utilizadas para a formação das suspensões: dn, ds, dv, d90, d50, d10, dv/dn. (Zhou
et al., 1999)

Amostra BET dn ds dv d90 d50 d10 dv / dn


(m2/g) (µm) (µm) (µm) (µm) (µm) (µm)
AKP-15 3.8 0.369 0.580 0.690 0.945 0.548 0.267 1.87
AKP-20 4.3 0.208 0.401 0.558 0.761 0.332 0.147 2.68
AKP-30 6.8 0.146 0.247 0.326 0.451 0.169 0.109 2.23
AKP-50 10.5 0.135 0.185 0.250 0.391 0.140 0.107 1.85
Tensão de Ruptura máxima (Pa)

Fração volumétrica de sólidos

Figura 3.14: Gráfico da tensão de escoamento ou ruptura das suspensões de alumina em


função da fração volumétrica de sólidos, para o pH de 8,9 ± 0,2. (Zhou et al., 1999)
Araujo et al. (2003) mostraram resultados dos testes de tensão de escoamento em
função da concentração de sólidos na pasta, que foram realizados para amostras
representativas da descarga de espessador de lamas, e que são apresentados na Figura
3.15.

Máximo valor da
Viscosidade
Formação da torta
Tensão de Escoamento (Pa)

Concentração de sólidos (% em massa)

Figura 3.15: Gráfico da tensão de escoamento em função do adensamento da pasta (%


de sólidos em massa). (Araujo et al., 2003)

Dessa figura pode-se observar o comportamento típico da pasta quando acontece


o incremento significativo da tensão de escoamento para uma concentração de sólido de
aproximadamente 70%. Acha-se também indicado como referência o ponto de
formação da torta da filtragem (78% de sólidos).

3.5.3. TESTE DE CALHA (“FLUME”)

Outra importante propriedade desses sistemas quase coloidais, denominados


pastas, é seu ângulo de repouso, que pode ser determinado através do teste de calha ou
“flume”. Esse teste consiste em determinar o ângulo máximo possível no qual a pasta
ainda mantém-se no repouso. Chambers et al. (2002) mostram para uma pasta sem
excesso de água e com uma altura de "slump" de 71,12mm (2,8"), o seu comportamento
frente ao teste de “flume” (Figura 3.16).
Figura 3.16: Teste de “flume” para uma pasta com "slump" de 71,12mm (2,8").
(Chambers et al., 2002)

O plano inclinado utilizado para realizar o teste de “flume” por Sofrá et al.
(2002) e um diagrama esquemático do fluido estacionário no plano são apresentados na
Figura 3.17.

Recipiente da
alimentação

Porta móvel

Direção
de fluxo

Figura 3.17: Plano inclinado e diagrama esquemático do fluido estacionário na calha.


(Sofrá et al., 2002)

Segundo a Figura 3.17, o ângulo de repouso, θR, fica definido pela seguinte
equação:
θR = arctan {(H1 – H2) /L} (3.5)

Laudriault (2002) apresenta uma comparação (Figura 3.18) entre as distintas


opções de disposição de um rejeito da mineração: as características de consistência das
misturas, os tipos de equipamentos requeridos para o desaguamento e transporte em
cada caso, os possíveis ângulos de repouso e o incremento no volume depositado.
Dessa figura observa-se que quanto mais adensada é a polpa ou pasta, maiores
ângulos de repouso são possíveis de se obter, atingindo-se, também, maiores volumes
de material disposto por unidade de área superficial.

Equipamento de Incremento
Sistema de
Consistência da Disposição Desaguamento Ângulo no V olume
Bombeamento
requerido Repouso depositado
requerido

Polpa Bomba
Espessador Centrífuga
convencional (Baixas pressões)

Espessador Bomba centrífuga


Polpa de de alta ou de
alta densidade velocidade Pistão/D iafragma

Pasta de Deep Bomba de


alto slump cone Diafragma

Pasta de
Bomba de
baixo slump Filtro
Deslocamento
de
Positivo
Disco

Figura 3.18: Consistência da mistura para disposição, seus correspondentes


equipamentos de desaguamento e bombeamento, ângulos de repouso e incremento de
volume depositado. (adaptado de Laudriault, 2002)

Chambers (2002) apresenta na Tabela III.7 uma correlação entre os valores de


altura "slump" e os ângulos de repouso para diferentes misturas de sólido e líquido.
Esses valores estão de acordo com aqueles mostrados no trabalho de Laudriault (2002)
e indicados na Figura 3.18.
Tabela III.7: Valores de altura de "slump" e ângulo de repouso para pastas com
diferentes conteúdos de sólidos. (Chambers et al., 2002)

Altura de "Slump" Conteúdo de sólidos Ângulo de repouso


(mm / polegadas) (% em massa) (% de inclinação)
177,8 / 7 67,7 13
203,2 / 8 65,5 ---
213,4 / 8,4 --- 8,9
228,6 / 9 63,1 ---
254 / 10 60,2 1,4

Dessa tabela pode-se ver que ao aumentar a concentração de sólidos na pasta,


obtém-se menores alturas de "slump" e maiores ângulos de repouso (expressos como %
de inclinação).

Segundo Robinsky (2002), o sistema de disposição de rejeitos adensados (TTD)


requer mais dados do desempenho que o sistema convencional de disposição de rejeitos
(emprego de barragens de rejeitos). No caso convencional, a abordagem considera que
as propriedades dos rejeitos são fixadas pela planta de processos, enquanto no sistema
TTD, as propriedades dos rejeitos e seu depósito são pensados para situar-se na
topografia da área da disposição. O comportamento dos rejeitos em ambas abordagens é
completamente diferente. No depósito convencional, os rejeitos segregam devido ao
fluxo e sedimentam até ficar como um depósito plano. No sistema TTD obtêm-se uma
superfície inclinada. A diferença principal é que com esse novo sistema os rejeitos são
espessados antes de serem descarregados para ter uma consistência boa e homogênea
que resulte em um fluxo laminar sem segregação, considerando uma curta distância para
a descarga. Isso permite obter um depósito com suporte mais seguro com lados
inclinados, conforme mostrado na Figura 3.19 (a e b).
Robinsky (2002) mostrou que podem ser feitos testes de laboratório nos quais os
rejeitos adensados pelo espessamento são descarregados em seu estado pastoso, usando
diferentes densidades de sólidos pelo que obtém-se diferentes ângulos de repouso.
a b

Figuras 3.19 a) e b): Disposições típicas para o sistema "pastefill". (Robinsky, 2002)

Na Figura 3.20 pode-se observar o gráfico do ângulo de repouso em função do


conteúdo de sólidos (% em massa) para um teste feito em uma mina de ouro na
Venezuela.

Com 0,015%
de CaO
Ângulo de Repouso (% Slope)

Mistura não Com 5min


adequada de mistura

Concentração de sólidos (% em massa)

Figura 3.20: Ângulo de repouso (% de "slope") em função da % de sólidos em massa


de uma pasta de rejeito de ouro na Venezuela. (Robinsky, 2002)

A Figura 3.21 apresenta o resultado de um teste realizado com rejeitos grossos e


finos, mostrando a classificação dos materiais utilizados, quando espessados, em
concordância com a lei de Stokes.
Comportamento Misto Comportamento de Polpa
(com segregação) (sem segregação)

repouso (%)
SLOPE AREIA

AREIAS E FINOS
% DE de
Ângulo

CLASSIFICAÇÃO % FINOS

FINOS

Concentração de sólidos
% SÓLIDOS (em (% em massa)
massa)

Seção A – A’ Seção B

Figura 3.21: Ângulo de repouso (% de "slope") em função da % de sólidos em massa,


obtidos no laboratório; observa-se também a estratificação do material. (Robinsky,
2002)

Da Figura 3.21, observa-se que a fração mais fina torna-se a matriz que leva os
grossos no fluxo laminar. O fator homogeneidade é um requisito vital para o sistema
TTD, embora os rejeitos de grão fino, tais como as operações de alumina, não mostrem,
ao menos visualmente, esse comportamento.

Em algumas operações de disposição de rejeitos pode-se utilizar aditivos, como


por exemplo cal, para mudar a condição de pH da pasta ou polpa espessada pelo
espessamento, ou seja, para alterar as interações inter-partículas. O resultado é um
incremento no ângulo de repouso ou % de inclinação, segundo mostra-se na Figura
3.22. Em alguns casos, esse fato pode ser utilizado para reduzir a dosagem de
floculante, tamanho e/ou número de espessadores.
Sem cal

Ângulo de repouso (%)


Pasta + 0,05% cal
% de Slope Pasta + 0,10% cal

Pasta + 0,15% cal

% de sólidos em massa

Figura 3.22: Gráfico de ângulo de repouso em função da % de sólidos em massa, para


diferentes adições de cal. (Robinsky, 2002)

3.5.4. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DA PASTA

Uma característica importante a ser determinada em uma pasta mineral é sua


resistência à compressão. Segundo Jung e Biswas (2002), existem muitos fatores que
podem afetar a resistência, entre outros: quantidade de cimento, distribuição
granulométrica do sólido, presença de agregados, efeito de aditivos, tempo de cura.

Na Tabela III.8 são mostradas as resistências de uma pasta para preenchimento


após 7 e após 28 dias de cura.

Dessa tabela, observa-se que se alcança uma maior resistência ao considerar um


maior tempo de cura. Além disso, um alto conteúdo de partículas finas permite obter
um material denso que melhorará a resistência do "backfill" além de dar um caráter
mais plástico. As partículas mais grossas proporcionam um melhor efeito de fricção
entre as partículas, melhorando assim, também, sua resistência.
Tabela III.8: Resistência uniaxial compressiva para a pasta de preenchimento, após 7 e
28 dias de cura. (Jung et al., 2002)
______________________________________________________________________
Slump Cimento Portland Amostra Densidade polpa Resistência
(cm) (%) (%) (kPa)____
Dia 7
20 3 A 79.5 377
20 3 B 79.5 457
20 6 A 79.5 1089
20 6 B 79.5 1027
20 9 A 79.5 2021
20 9 B 79.5 1587
20 9 C 79.5 1618
20 12 A 79.5 3324
20 12 B 79.5 2469
20 12 C 79.5 2570
Dia 28
20 3 A 79.5 800
20 3 B 79.5 822
20 6 A 79.5 2228
20 6 B 79.5 2365
20 9 A 79.5 4553
20 9 B 79.5 4333
20 12 A 79.5 5646
20 12 B 79.5 4996
As amostras "C" foram utilizadas só quando as resistências das amostras A e B tenham grande variação.

Quando uma pasta é muito espessa e apresenta uma elevada densidade, pode-se
dizer também que seu conteúdo de água é baixo. As vantagens das misturas ou pastas
com baixo conteúdo de água são as seguintes: (Jung et al., 2002)
- redução no uso de cimento para alcançar uma determinada resistência;
- densidade resultante é mais elevada no lugar do preenchimento;
- mínima decantação de água pelo sistema de desaguamento da mina.

Wang et al. (2002) apresentaram um estudo sobre o efeito dos aditivos pozolana
344N e Meyco MainFill R01 (MMR01) sobre a resistência à compressão do "pastefill".
Na Tabela III.9 são mostrados os resultados obtidos para pastas de 75% em massa de
sólidos e com adições de 6% em massa de cimento. O rejeito utilizado para a
preparação do "pastefill" era originário da Eastern Goldfields, no oeste da Austrália,
com uma granulometria 100% < 250µm.
Tabela III.9: Resistência compressiva não confinada (UCS) do "pastefill" em MPa
(Wang et al., 2002)
______________________________________________________________________
Amostra No. UCS individual Média da UCS % relativo controle
1 0.585
Controle 2 0.654 0.641 100
3 0.683

1 0.771
Pozolana 2 0.810 0.767 120
334N 3 0.722

1 0.800
MMR01 2 0.839 0.834 130
3 0.863
______________________________________________________________________

Observa-se na Tabela III.9 que a incorporação de ambos aditivos em estudo,


proporcionam um melhoramento na resistência à compressão do "pastefill", sendo mais
significativo no caso do MMR01 (130% em relação à amostra de controle). Também
com relação à propriedade fluidez, este aditivo mostrou um melhor desempenho em
comparação com a pozolana 334N.

Sabir e colaboradores (2001) mostram o efeito positivo da adição de insumos


como cinza volante e meta caulim nas pastas cimentadas, tanto para características da
resistência do concreto quanto para aspectos ambientais e econômicos, em comparação
ao uso exclussivo de cimento portland (PC). A variação da resistência relativa em
função do tempo de cura com diferentes dosagens de meta caulim (MK) é mostrada pela
Figura 3.23. O efeito particular do meta caulim sobre a redução da porosidade da pasta
de concreto pode ser observado na Figura 3.24.
1,5
5% MK
10% MK
1,4
15% MK

Resistência relativa
1,3

1,2

1,1

0,9
1 10 100 1000
Tempo de Cura (Dias)

Figura 3.23: Resistência compressiva relativa da pasta de concreto em função do tempo


de cura, com adições de 5, 10 e 15% de meta caulim (MK). (Sabir et al., 2001)

20
Cimento Portland (PC)
% Porosidade (v/v do morteiro)

80% PC + 20% MK

15

10

0
0,001 0,01 0,1 1 10
Raio de poro (µm)

Figura 3.24: Efeito da adição de MK sobre a distribuição de poros de morteiros,


considerando 100 dias de tempo de cura. (Sabir et al., 2001)

Os resultados obtidos por Salvador et al. (2000) e Gama et al. (2001) estão de
acordo com os anteriormente indicados. No primeiro caso, foram obtidas resistências à
compressão muito similares para concretos cimentados com 4% de PC e uma pasta
cimentada com 6% de PLB (mistura de 70% pozolana e 30% cal), conforme observado
na Figura 3.25.
Resistência compressiva (MPa)

Tempo de Cura (Dias)

Figura 3.25: Resistência compressiva do solo argiloso em função do tempo de cura,


com adições de 6% PLB e com 4% de PC. (Salvador et al., 2000)

No caso do trabalho de Gama e colaboradores (2001), já foi apresentada a tabela


III.1, na qual observa-se o efeito positivo da adição do meta caulim sobre os valores do
módulo de elasticidade e a resistência à tração, para o caso dos solos grossos e finos.

Segundo Thomas et al. (1979), uma característica importante das pastas usadas
para preenchimento não cimentado é a coesão aparente que elas apresentam. Sem essa
força de coesão, a pasta não seria capaz de realizar sua função de forma satisfatória.
Entre outros fatores, essa força de coesão depende da distribuição granulométrica,
forma das partículas, densidade de empacotamento. O efeito de uma maior ou menor
proporção de material fino presente na pasta de preenchimento pode ser observado na
Figura 3.26.
compressão (MPa)
Resistência à

16% CIMENTO
Amostra original
Finos removidos
Finos adicionados

Tempo de cura (dias)

Figura 3.26: Gráfico da resistência à compressão para diferentes tempos de cura, sob o
efeito da adição e remoção de material fino. (Thomas et al., 1979)
Da Figura 3.26 observa-se que a resistência é aumentada em aproximadamente
10% ao adicionar material fino (de granulometria aproximada 55% < 200# Tyler), e
reduzida na mesma proporção ao baixar o conteúdo de material fino.

3.5.5. ENSAIO COMPRESSÃO - DEFORMAÇÃO

Através das típicas curvas de resistência à compressão em função da


deformação, pode-se determinar o valor do módulo elástico da pasta, justamente na
zona de comportamento elástico da curva, a qual é caracterizada por sua linearidade. A
Figura 3.27 mostra um gráfico da resistência à compressão em função da deformação,
para preenchimentos com distintas adições de cimento. (Thomas et al., 1979).
Resistência à compressão (MPa)

Deformação
Figura 3.27: Curvas experimentais resistência à compressão – deformação para
diferentes adições de cimento (2 – 16% em massa) e 7 dias de cura. (Thomas et al.,
1979)

Observa-se da Figura 3.27 que para os valores mais baixos de 2 e 4% de adição


de cimento, não se verifica o comportamento elástico. Para maiores adições de cimento
portland, o valor da resistência à compressão do preenchimento também vai
aumentando, de forma semelhante à extensão da zona elástica da curva.

A Tabela III.10 mostra valores de módulos de elasticidade obtidos por Thomas


et al. (1979) para preenchimentos cimentados após 7 e 28 dias de cura.
Tabela III.10: Módulo de elasticidade para diferentes pastas cimentadas, considerando
7 e 28 dias de cura. (Thomas et al., 1979)

Módulo de elasticidade
Conteúdo de cimento (MPa)
Portland (% em massa) 7 dias de cura 28 dias de cura
2* 1,21 × 10 2,57 × 10
4* 2,48 × 10 4,76 × 10
6 9,10 × 10 9,03 × 10
8 1,39 × 102 1,85 × 102
10 1,67 × 102 2,06 × 102
12 2,06 × 102 3,01 × 102
14 3,94 × 102 4,67 × 102
2
16 5,58 × 10 6,43 × 102
Nota: * não apresentam secção linear da curva tensão-deformação, pelo que os valores de módulo de
elasticidade foram apenas estimados.

Da Tabela III.10 pode-se observar que o módulo elástico cresce, quase na


totalidade dos dados, com o tempo de cura, de maneira semelhante à resistência à
compressão, segundo mostram as Figuras 3.25 e 3.26.

3.5.6. PERMEABILIDADE DO "PASTEFILL"

A permeabilidade é outra importante característica dos preenchimentos


cimentados, mesmo considerando-se a dificuldade de avaliação experimental existente.
Os dados disponíveis na literatura são muito escassos, sendo normalmente aceito que
um valor de taxa de percolação de 100mm/h seria adequado para a maioria das
situações.
Uma das metodologias para estimar a taxa de percolação foi proposta por
Thomas no ano 1969. A base desta técnica considera duas propriedades do meio
poroso:
a) εmin: porosidade mínima para a qual a amostra de preenchimento pode ser reduzida
por uma vibração estendida e substancialmente forte.
b) d10: 10% mais fino do tamanho da distribuição granulométrica do sólido.
Portanto, o valor de εmin é o único parâmetro que descreve a distribuição de
tamanho das partículas (em uma base relativa) e a forma das partículas, ou seja, ela dá
uma idéia da tortuosidade do meio poroso. O valor de d10 é um simples descritor do
tamanho absoluto dos canais de fluxo, e esse fluxo é controlado provavelmente pelo
mesmo meio poroso, o que revela a importância das partículas finas nessa função.
A permeabilidade mínima é definida então pelo menor valor da porosidade, ε,
sendo expressa pela seguinte equação matemática:

Kmin = ε3/(1+ε) (3.6)

A Figura 3.28 mostra o resultado da técnica de Thomas ao apresentar o gráfico


da permeabilidade mínima, Kmin (em escala logarítmica), em função do produto da
porosidade mínima, εmin, pelo tamanho d10.

Kmin
×
10-12

(m2)

εmin * d10 * 10-2 (mm)

Figura 3.28: Gráfico da permeabilidade mínima, Kmin (em escala logarítmica) em


função do produto da porosidade pelo tamanho d10 em mm. (Thomas et al., 1979)

No caso dos preenchimentos hidráulicos cimentados, tem-se que a adição de


cimento portland reduz fortemente a permeabilidade do meio. A Tabela III.11 apresenta
valores de permeabilidade relativa obtidos ao adicionar de 4 até 16% em massa de
cimento. É importante indicar que os valores da porosidade foram alcançados ao
utilizar tensões de compactação constantes para o preenchimento.
Tabela III.11: Valores da permeabilidade relativa de preenchimentos hidráulicos
cimentados. (Thomas et al., 1979)

Conteúdo de cimento Porosidade Permeabilidade relativa


(% em massa) (%)
0 0,689 100
4 0,664 25,4
8 0,644 10,1
12 0,646 5,03
16 0,603 2,43

Mais recentemente, Gomes e colaboradores (2003) apresentam uma


classificação relativa ao grau de permeabilidade dos concretos, utilizando o
equipamento para medir permeabilidade de Germann (GWT). Essa classificação é
mostrada pela Tabela III.12.

Tabela III.12: Classificação standard de concretos segundo o teste de permeabilidade


(usando equipamento GWT) e de acordo ao fluxo de água passante. (Gomes et al.,
2003)

Item Fluxo de água (mm/s) Categoria


1 ≥ 1,0×10-3 Permeabilidade alta
2 1,0×10-3 a 1,0×10-4 Permeabilidade média
-5 -6
3 1,0×10 a 1,0×10 Permeabilidade baixa
4 1,0×10-6 a 1,0×10-7 Impermeabilidade alta
5 1,0×10-7 a 1,0×10-9 Impermeabilidade muito alta

Gomes et al. (2003) determinaram que a dependência da idade do concreto e de


sua resistência à compressão são inversas ao fluxo de água passante sob pressão, nos
testes de permeabilidade, segundo pode ser observado nas Figuras 3.29 e 3.30, para dois
tipos de concretos (bombeado e comum).
Idade (Dias)

Idade (Dias)
Fluxo de água (mm/s)
b)
a) Fluxo de água (mm/s)

Figura 3.29: Gráfico da idade do concreto em função do fluxo de água passante


(permeabilidade) para: a) concreto bombeado, e b) concreto comum. (Gomes et al.,
2003)
Resistência compressão (Mpa)

Fluxo de água (mm/s)


a)
Figura 3.30: Gráfico da resistência à compressão do concreto bombeado em função do
fluxo de água passante (permeabilidade). (Gomes et al., 2003)

3.6 OUTRAS CARACTERISTICAS DAS PASTAS

3.6.1. EFEITO DAS VIBRAÇÕES MECÂNICAS

Deysarkar e Turner (1981) fizeram medições reológicas para determinar o


comportamento de uma pasta mineral preparada com um minério de ferro, com uma
concentração de sólidos de 84% (16% em massa de água), que estava fluindo por um
tubo vibrado mecanicamente. A faixa de freqüência cíclica utilizada foi 15 – 30Hz e da
amplitude máxima entre os picos 0,508 – 1,270mm.
As vibrações mecânicas têm a propriedade de "fazer mais líquidas" as pastas.

Supondo-se que não existe deslizamento da pasta nas paredes do tubo vibrado,
então a viscosidade calculada para qualquer diâmetro do tubo pode-se correlacionar
com a aceleração cíclica, Aw2. Na Figura 3.31 mostra-se o gráfico da viscosidade
aparente, ηW, em função do fator, Af2/D3, onde Af é a medida do pico da aceleração
cíclica em (Hz)2 e D é o diâmetro do tubo.

D=4,57*10-3m
D=6,35*10-3m
D=7,77*10-3m

ηW

(Pa s)

Af2 / D3 [Hz]2 [m]-2

Figura 3.31: Viscosidade aparente, ηW, em função do fator Af2/D3. (Deysarkar et al.,
1981)

Da Figura 3.31 pode-se observar que a dependência inversa da viscosidade como


uma função do diâmetro do tubo poderia ser uma conseqüência da dificuldade que a
onda vibratória tem de ser transmitida da parede do tubo à pasta ou através da mesma
pasta.
Agora sob a suposição que, se existe deslizamento entre a pasta e as paredes do
tubo, tem-se que as vibrações teram dificuldade para transmitir-se através das paredes
ao corpo da pasta, e portanto, ela apresenta menor probabilidade de influenciar suas
propriedades reológicas. Ou seja, a pasta tenderia a um comportamento similar a uma
barra sólida.
Além do anterior, o uso de diferentes aparelhos mostrou um comportamento
distinto nas pastas que foram sujeitas a vibração mecânica.
3.7. ASPECTOS ECONÔMICOS

Segundo Jung et al. (2002), para a maioria das usinas mineiras, as análises de
custos de um sistema de preenchimento depende dos custos de investimento e de
operação. Além disso, muitas combinações de materiais devem ser avaliadas para
ambos tipos de custos. O custo de investimento de um sistema de preenchimento
depende de como seja o projeto do "pastefill". O maior custo, nesse caso, é relacionado
com o bombeamento e instalações de mistura. O maior custo de operação será o
cimento, como mostra a Tabela III.13. Para o desenvolvimento de um novo sistema de
preenchimento com pasta, devem ser avaliados em detalhe os custos de investimento e
de operação.

Tabela III.13: Porcentagens típicas dos custos operacionais do sistema "backfill". (Jung
et al., 2002)
______________________________________________________________________
Descrição Custo total Custo prenchimento/t Custo minério/t___
- Tarefa:
Manutenção/hora 6% 6% 6%
Operação/hora 12% 12% 12%
Salários 0,2% 0,2% 0,2%
- Provisão:
Manutenção 8% 8,5% 8,5%
Floculante 0,4% 0,4% 0,5%
Cimento 73,4% 72,9% 72,8%
TOTAL 100% 100% 100%______
4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

4.1. AMOSTRAS MINERAIS

Para alcançar os objetivos planejados, foram estudadas e caracterizadas as


amostras dos rejeitos e/ou lamas provenientes de duas das usinas de minérios de ferro
do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais: Mutuca – MBR e Mineração Casa de Pedra
– CSN. Foram caracterizados tanto os componentes sólidos quanto as pastas formadas
com adição da água industrial correspondente em cada caso.
Foram utilizados nos testes de resistência mecânica das pastas, cimento portland
de alta pureza (CP-05), meta caulim (MK) que foi preparado previamente peneirando e
calcinado a 650°C e CaO desidratada.

4.2. CARACTERIZAÇÃO DO SÓLIDO

Para a caracterização do componente sólido das amostras em estudo, foram


utilizadas técnicas e equipamentos que são apresentados na Tabela IV.1.

Tabela IV.1: Técnicas e equipamentos requeridos para determinação de características


e propriedades do componente sólido das pastas.

Propriedade Técnica utilizada Equipamento(s) requerido(s)


Densidade Picnometria - Picnômetro simples
- Picnômetro a hélio
Granulometria Peneiramento e classificação - Peneiras de laboratório
centrífuga - Cyclosizer
Composição - Fluorescência de raios X (FRX) - Espectrômetro de raios X dispersivo
química - Absorção atômica (WDS)
- Espectrofotômetro de absorção
atômica
Composição - Difração de raios X (DRX) - Espectrômetro de raios X
mineralógica - Espectrometria de Infra Vermelha - Espectrômetro de luz infra-vermelha
(EIV) - Micro-sonda eletrônica
- Emissão de raios X - Microscópio ótico
- Microscopia ótica - Microscópio eletrônico de varredura
- Microscopia eletrônica de varredura (MEV)
(MEV)
Área -Adsorção de nitrogênio (BET) - Sistema automático de determinação
superficial - Método de Blaine (Permeabilidade de ASE e porosidade de pós (BET)
específica ao ar) - Aparelho de Blaine
Potencial zeta Microeletroforese (para mobilidade - Célula de laboratório para
eletroforética) micreoeletroforese
Para a obtenção dos sólidos a partir das polpas industriais, foi realizada filtragem
e secagem no Laboratório de Tratamento de Minérios do Departamento de Engenharia
de Minas da UFMG. Posteriormente, foram obidas amostras representativas para
determinação de algumas propriedades físicas e químicas deste componente sólido das
pastas minerais, de modo que foi caracterizado de forma física, química, mineralógica.

4.2.1.- COMPOSIÇÃO QUÍMICA E MINERALÓGICA DO SÓLIDO

Para a determinação da composição química dos componentes das amostras do


sólido em estudo, foram utilizadas as seguintes técnicas e equipamentos:

- Absorção atômica (quantitativa), espectrofotômetro de AA, modelo A-Analyst


200.
- Fluorescência de raios X (qualitativa), espectrômetro de raios X modelo
PW3710 – Phillips.

No caso da determinação da composição mineralógica dos componentes das


amostras do sólido em estudo, foram empregadas as seguintes técnicas:

- Observação microscópica ótica e MEV (qualitativas), microscópio eletrônico


de varredura, modelo JSM 5410 – Jeol.
- Espectroscopia de Infravermelho (qualitativa), espectrômetro de luz
infravermelha, modelo PE 735 – Perkin Elmer.
- Difração de raios X (qualitativa), Espectrômetro de raios X, modelo PW3710
– Phillips.

4.2.2.- DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DO SÓLIDO

Por tratar-se de amostras de rejeito fino e lama de minério de ferro, o estudo de


sua distribuição granulométrica foi feito considerando apenas as peneiras mais finas e o
Cyclosizer Warman, mostrado pela Figura 4.1.
Também foi utilizado o granulômetro Sympatec - Helos para a obtenção das
curvas de distribuição granulométrica das amostras sólidas. Nesse caso, foi preparada
uma suspensão de no máximo 20% de sólidos em massa, que era desagregada usando
ultrasom. Posteriormente, a suspensão já dispersada era colocada no granulômetro que
entrega os resultados já prontos mediante o uso do software correspondente.
Para o presente estudo foram utilizados o Cyclosizer do Laboratório de
Tratamento de Minérios e o granulômetro Sympatec - Helos do Laboratório de
Fenômenos de Interface do Departamento de Engenharia de Minas da UFMG.

Figura 4.1: Cyclosizer Warman de laboratório. (www.weirminerals.com)

4.2.3.- MASSA ESPECÍFICA E ÁREA SUPERFICIAL ESPECÍFICA

A determinação da massa específica do material sólido foi realizada por meio da


picnometria simples e a gás (hélio). A Figura 4.2 apresenta uma fotografia de
picnômetros de uso normal no laboratório.

Figura 4.2: Picnômetros de laboratório. (www.particletechlabs.com)


No caso da determinação da área superficial específica ou ASE do material
sólido em estudo, foram utilizados o método Blaine, que baseia-se na resistência que um
fluxo de ar apresenta ao passar por um leito poroso é o método de BET, que utiliza
adsorção de nitrogênio na superfície sólida.

O aparelho de Blaine é apresentado de forma esquemática na Figura 4.3.

Pistão

Filtro de papel

Leito compactado

Filtro de papel

Placa furada

Chave

Marca 1

Marca 2

Marca 3 Dispositivo
Marca 4 de sucção

Líquido
manométrico

Figura 4.3: Aparelho de Blaine para determinação da ASE . (www.vt1.tu-harburg.de)

O procedimento utilizado foi aquele apresentado na Norma NBR NM 76,


utilizada usualmente para determinação da finura do cimento portland. A equação
básica para a determinação é mostrada abaixo:

ASE = K / ρ × ε3/2 / (1+ε) × (t / 0,1η)1/2 (3.7)


O permeabilímetro utilizado é um aparelho construído segundo as especificações
da norma NBR NM 76, do Laboratório de Fenômenos de Interface do Departamento de
Engenharia de Minas da UFMG.
As amostras caracterizadas através da metodologia Blaine foram as chamadas
amostras puras e também aquelas denominadas misturas das amostras puras, de forma a
verificar a correlação esperada segundo as granulometrias das amostras.

A Figura 4.4 mostra uma unidade de adsorção de nitrogênio BET, como a


utilizada nesse estudo (Laboratório de Hidrometalurgia do Departamento de Engenharia
Metalúrgica e de Materiais da UFMG).

Figura 4.4: Unidade Tristar Nitrogen Adsorption. (www.particletechlabs.com)

Na tabela IV.2 apresentam-se os métodos e equipamentos requeridos para a


caracterização de pastas minerais.

Dentre as técnicas e equipamentos indicados na tabela IV.2, para caracterização


das pastas minerais, os mais importantes para o estudo proposto são apresentados em
detalhe a seguir. Nesse caso, inclui-se viscosímetro, calha para o teste de “flume”,
cilindro e cone de “slump”, prensa hidráulica para testes mecânicos e permeabilímetros
a água.
Tabela IV.2: Técnicas e equipamentos requeridos para determinação de características
e propriedades das pastas de rejeitos.

Propriedade Técnica utilizada Equipamento(s)


requerido(s)
Estrutura microscópica - Microscopia ótica - Microscópio ótico
- Microscopia eletrônica de - MEV
varredura
Adensamento da pasta - Pesagem de sólido e líquido
- Balanza de laboratório
- Medição direta de % sólidos
- Balanza Marcy
Viscosidade - Viscosimetria - Viscosímetro Brookfield com
interface ao computador
Consistência e fluidez da Teste de calha (“flume”) - Plano inclinado (ângulo de
pasta repouso)
Consistência e fluidez da Teste de “slump” - Cone slump
pasta - Cilindro slump
Resistência a compressão Ensaio de compressão - Máquina MTS
Módulo elástico Ensaio de compressão - Máquina MTS
Permeabilidade - Teste de permeabilidade a - Aparelho de Germann para
(Taxa de percolação) água determinação da permeabilidade
a água (GWT).

4.3. CARACTERIZAÇÃO DAS PASTAS MINERAIS

4.3.1. MEDIÇÃO DA VISCOSIDADE

A Figura 4.5 mostra um viscosímetro digital Brookfield, modelo DV-III,


semelhante ao utilizado nos testes considerados neste estudo. O viscosímetro utilizado
foi Brookfield modelo DV-III do Laboratório de Fenômenos de Interface do
Departamento de Engenharia de Minas da UFMG, que dispõe de interface para
computador. Através do software rheocalc foi possível a coleta de dados reológicos.

Figura 4.5: Viscosímetro Brookfield, modelo DV - III.


(www.brookfieldengineering.com)
Mediante a utilização do Viscosímetro Brookfield modelo DV-III, foi possível
estudar o comportamento reológico das diferentes pastas minerais, ou seja, realizando
testes com crescentes velocidades de rotação da haste ou “spindle” até alcançar um
valor máximo e logo retornar ao ponto inicial, se determinou se o sistema de “pastefill”
comporta-se em forma tixo ou reotrópica. Também, foram utilizados aqueles testes que
medem a viscosidade conforme transcorre o tempo, para um valor fixo da rotação da
haste. Foi preciso o uso das hastes ou “spindles” LV-3 e LV-4, que permitem registrar
maiores valores da viscosidade.

4.3.2. TESTE DE CALHA (“FLUME”)

Uma calha foi construída para a realização dos testes de “flume”, constituída de
material em acrílico com 100cm de comprimento, 20cm de largura e 20cm de altura. A
Figura 4.6 mostra uma fotografía do aparelho especialmente construído para esta
finalidade.

a b

Figura 4.6: Fotografias da calha construída em acrílico. Vista: a) isométrica; b) superior.

4.3.3. TESTE DE “SLUMP”

Os testes de “slump” foram realizados considerando-se uma norma NBR NM67,


utilizando-se nesse caso cilindro de PVC de 10cm de diâmetro e 10cm de altura.
Também foi usado o cone “slump” em escala piloto de dimensões: 10cm de raio
superior, 20cm de raio inferior e 30 cm de altura. Foram estudadas as três amostras
básicas mais aquelas outras três correspondentes às misturas, conhecidas como amostras
IV, V e VI.

Na Figura 4.7 são mostradas fotografias dos testes de cilindro “slump” para uma
pasta de 72,5% em sólidos.

Figura 4.7: Testes preliminares de cilindro "slump" com pasta de 72,5% de sólidos.

4.3.4. ENSAIOS MECÂNICOS

Dentre os ensaios mecânicos indicados na Tabela IV.2, os mais importantes para


este estudo correspondem aos ensaios de compressão, que foram feitos tanto no caso das
pastas cimentadas com CP quanto com MK. Dentre os equipamentos mais utilizados
para realizar esse tipo de ensaio estão as máquinas MTS e Instron, a qual é mostrada na
Figura 4.8. Este tipo de máquina é um equipamento muito versátil que permite ensaiar
uma grande variedade de materiais, tais como metais, cerâmicos, plásticos, material
particulado, misturas de cimentos, etc., e considerando, além disso, diferentes tipos de
ensaio como tração, compressão, “creep” (frio ou quente), dentre muitos outros. Neste
estudo foram utilizadas as máquinas EMIC e MTS do Laboratório de Concretos do
Departamento de Construção Civil e Materiais da UFMG.
Os testes mecânicos considerados neste trabalho para a caracterização dos
sistemas de pastas minerais, foram aplicados às amostras puras de cimento portland
(CP-05), “pastefill” puro, “pastefill” ciimentado com CP-05, “pastefill” cimentado com
meta caulim (MK), “pastefill” cimentado com uma mistura de 95% MK e 5% CaO
(Gama, 2004). Foram consideradas inicialmente as dosagens de 4 e 8% em massa do
componente ligante, segundo as informações tiradas das referências consultadas. Para a
fabricação dos corpos de prova foi considerado como ponto de consistência ótimo
aquele definido pelo abatimento de 50% no teste de cone de “slump”.

Figura 4.8: Máquina Instron utilizada nos ensaios mecânicos. (www.instron.com)

4.3.5. TESTES DE PERMEABILIDADE DE ÁGUA

Para a determinação da permeabilidade dos corpos de prova das pastas


consideradas no presente estudo, foi utilizado o aparelho de Germann para determinação
do fluxo de água que passa através da pasta cimentada (GWT). Este aparelho é
mostrado na Figura 4.9.

Figura 4.9: Aparelho de Germann para determinação do fluxo de água que passa
através da pasta cimentada (GWT). (Gomes et al., 2003)
Para fazer medidas comparativas de fluxo de água, q, pode ser usada a seguinte
equação:
B (g1 – g2)
q = (4.1)
A t

Onde a área B é equivalente a 78,54mm2 para um diâmetro do pin do


micrômetro igual a 10mm, a área A é equivalente a 3019mm2 (diâmetro de 62mm).
Desta forma, a equação 3.8 pode ser reduzida à seguinte expressão:

q = 0,026 × (g1 – g2) / t (4.2)


Mediante a aplicação da Lei de Darcy, o coeficiente da permeabilidade do
material, Ccp, pode ser expresso segundo a equação 3.10 a seguir:

Ccp = q / (b × (∆P / L’)) (4.3)

Ccp fica expresso nas unidades de mm/s.

Na preparação dos corpos de prova, foram utilizadas formas de moldagem de 15


× 15cm com uma altura que permita obter “pastefill” cimentados de no mínimo 2cm.
Nesse caso foram construídos em madeira, e sua forma pode ser vista na Figura 4.10.

a b

Figura 4.10: Fotografias mostrando: a) corpo de prova; b) forma de moldagem.


No caso da técnica de permeabilidade de Karsten, são apresentados na Figura
4.11, os corpos de prova e os tubos graduados utilizados para a determinação da
permeabilidade à passagem de água.

a b

Figura 4.11: Fotografias: a) do corpo de prova; b) tubo graduado colado no corpo de


prova, necessário para as medições da permeabilidade de água.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS SÓLIDAS

5.1.1. DENSIDADE DAS AMOSTRAS SÓLIDAS

Os valores de densidade das amostras sólidas, que são a base deste estudo,
podem ser conferidos na Tabela V.1, a seguir:

Tabela V.1: Densidades obtidas através de picnometria simples e a gás


3
expressas em (g/cm )

Nome da Origem/Característic Densidade Densidade Densidade


amostra as (g/cm3) (g/cm3) Média
(PS)* (PG)** (g/cm3)
Amostra I Mutuca- 4,295 4,530 4,413
MBR/Mistura de
rejeito SM*** e lama
de Fe
Amostra II Casa de Pedra- 3,550 3,760 3,655
CSN/Lama da
ciclonagem
secundária
Amostra Casa de Pedra- 3,320 3,300 3,310
III CSN/Rejeito de
flotação
(*) PS – Picnometria simples; (**) PG – Picnometria à gás; (***) SM - Processo de separação magnética.

Ao comparar os valores obtidos mediante a aplicação de ambas técnicas de


picnometria, são observadas diferenças que atingem erros relativos menores a 6% para
as três amostras, indicando uma boa correlação dos resultados.

5.1.2. DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DAS AMOSTRAS SÓLIDAS

Para determinar as distribuições granulométricas das amostras sólidas


consideradas bases do presente estudo, foram consideradas as metodologias de
classificação em peneiras de laboratório, classificação centrífuga mediante o uso do
Ciclosizer e também utilizando o método de difração de laser através do granulômetro
Helos – Sympatec.
As distribuições granulométricas das três amostras estudadas, obtidas mediante
esse granulômetro, são apresentadas na Figura 5.1, a seguir:

Tam a nho de pa rtíc ula (µm )


0 1 10 100 1000
100
90
% Pas s ante ac um ula da

80
70
60
50
40
30
20
10
0

A m os tra I A m ostra II A m ostra III

Figura 5.1: Distribuições granulométricas das amostras sólidas obtidas mediante


granulômetro Symptec.

Essa análise via granulômetro Sympatec também fornece os parâmetros de


alguns tamanhos típicos que caracterizam uma determinada distribuição granulométrica.
Neste caso são apresentados na Tabela V.2 os tamanhos d10, d50 e d90 expressos em µm
para as três amostras sólidas. Estes valores representam o tamanho de partícula para o
qual tem-se uma fração de material passante de 10, 50 e 90% respectivamente.

Tabela V.2: Tamanhos d10, d50 e d90 das amostras sólidas estudadas

Nome da Origem/Características d10 d50 d90


amostra (µm) (µm) (µm)
Amostra I Mutuca-MBR/Mistura de 0,94 6,44 17,10
rejeito da SM e lama de Fe
Amostra II Casa de Pedra-CSN/Lama 0,84 4,34 14,52
da ciclonagem secundária
Amostra III Casa de Pedra-CSN/Rejeito 20,72 71,54 152,59
de flotação

Da Tabela V.2 observa-se que as duas primeiras amostras apresentam uma


distribuição de tamanho de partículas muito fina, como esperado já que são compostas
de lamas e ultrafinos. Já a amostra III é muito mais grosseira, fato que pode ser
observado por meio dos parâmetros fornecidos.
Se este resultado é comparado com os outros obtidos através de uso do
Cyclosizer e peneiras de laboratório, obtém-se uma boa concordância, o que pode ser
apreciado ao observar tanto as Tabelas V.3 - a, b e c, quanto a Figura 5.2, a qual mostra
o resultado das três técnicas usadas para caracterizar a amostra II.

Tabela V.3 - a: Distribuições granulométricas obtidas pela análise Sympatec

Amostra I Amostra II Amostra III


d (µm)* F3 (%)** d (µm) F3 (%) d (µm) F3 (%)
0,18 0,00 0,18 0,00 1,80 0,00
0,22 0,00 0,22 0,00 2,20 0,00
0,26 0,10 0,26 0,08 2,60 0,00
0,30 0,34 0,30 0,34 3,00 0,15
0,36 0,89 0,36 0,97 3,60 0,54
0,44 1,89 0,44 2,14 4,40 1,20
0,52 3,09 0,52 3,56 5,20 1,88
0,62 4,73 0,62 5,55 6,20 2,62
0,74 6,76 0,74 8,03 7,40 3,22
0,86 8,74 0,86 10,47 8,60 3,54
1,00 10,89 1,00 13,17 10,00 3,72
1,20 13,67 1,20 16,72 12,00 4,06
1,50 17,33 1,50 21,51 15,00 5,34
1,80 20,54 1,80 25,83 18,00 7,57
2,10 23,38 2,10 29,73 21,00 10,25
2,50 26,68 2,50 34,30 25,00 13,95
3,00 30,27 3,00 39,19 30,00 18,54
3,60 34,15 3,60 44,33 36,00 23,76
4,20 37,80 4,20 49,01 42,00 28,57
5,00 42,44 5,00 54,62 50,00 34,54
6,00 47,85 6,00 60,69 60,00 41,78
7,20 53,74 7,20 66,84 72,00 50,32
8,60 59,74 8,60 72,70 86,00 59,72
10,20 65,79 10,20 78,15 102,00 69,19
12,20 72,94 12,20 83,96 122,00 79,01
14,60 81,59 14,60 90,22 146,00 88,23
17,40 91,03 17,40 96,24 174,00 95,75
20,60 98,43 20,60 100,00 206,00 100,00
24,60 100,00 24,60 100,00 246,00 100,00
29,40 100,00 29,40 100,00 294,00 100,00
35,00 100,00 35,00 100,00 350,00 100,00
* **
( ) d – tamanho de partícula; ( ) F3 – % acumulada passante
Tabela V.3 - b: Distribuições granulométricas obtidas mediante classificação centrífuga

Amostra I Amostra II Amostra III


d (µm) F3 (%) d (µm) F3 (%) D (µm) F3 (%)
8 51,5 8 64,8 8 1,8
10 55,7 10 69,5 10 3,0
14,4 68,9 14,4 80,7 14,4 4,0
20 87,3 20 89,9 20 11,0
28 93,7 28 96,5 28 22,0

Tabela V.3 - c: Distribuições granulométricas obtidas através do peneiramento

Amostra I Amostra II Amostra III


d (µm) F3 (%) d (µm) F3 (%) D (µm) F3 (%)
74 99,000 74 99,900 360 99,944
56 97,880 56 99,110 255 99,327
37 94,710 37 98,030 181 94,694
----- ----- ----- ----- 128 84,983
----- ----- ----- ----- 91 66,432
----- ----- ----- ----- 64 53,742
----- ----- ----- ----- 49 40,83
----- ----- ----- ----- 41 33,764

Ao observar a Figura 5.2, se pode visualizar que tanto a classificação centrífuga


quanto o peneiramento fornecem uma distribuição de tamanho de partículas mais
grosseira que a exibida pela análise do granulômetro Sympatec. Provavelmente, isso
pode ser explicado pelas limitações das primeiras técnicas quando se está em presença
de um material de granulometria muito fina, como é o caso certamente da amostra II.

No caso da amostra III, que apresenta uma granulometria mais grosseira, tem-se
que as curvas de distribuição de tamanho de partículas, obtidas através dessas diferentes
técnicas, são bem mais próximas de acordo com a Figura 5.3.
100
90

% Passante acumulada
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0,1 1 10 100
Tamanho de partícula (µm)

Cyclosizer Sympatec Peneiramento

Figura 5.2: Distribuições granulométricas da amostra II, obtidas por


classificação centrífuga, Sympatec e peneiramento.

100
90
% Passante acumulada

80
70
60
50
40
30
20
10
0
1 10 100 1000
Tamanho de partícula (µm)

Sympatec Peneiramento Cyclosizer

Figura 5.3: Distribuições granulométricas da amostra III, obtidas por


classificação centrífuga (Cyclosizer), Sympatec e peneiramento.

Da Figura 5.3 e dos valores obtidos em cada uma das distribuições, pode-se
observar que a máxima dispersão dos tamanhos típicos como d10, d50 e d90 não supera a
barreira de 15% para a amostra III. No caso da amostra II, as dispersões podem
alcançar valores de até 27%, como é o caso do parâmetro d90 predito pelo granulômetro
Sympatec e pelo Cyclosizer (ver Figura 5.2).

5.1.3. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DAS AMOSTRAS SÓLIDAS

Os espectros de FRX, apresentados no Anexo I deste trabalho, indicam:

- Amostra I: presença do elemento ferro como principal componente da amostra,


ao ser utilizado o cristal LiF200. Foram determinados como elementos importantes o
silício e o alumínio, isto com o uso dos cristais de liga InSb e do orgânico PE. O uso do
cristal PX-1 revelou uma baixa participação do elemento oxigênio e, secundariamente
de Mg. Os elementos presentes em quantidades muito pequenas, como o caso do
enxofre e fósforo, foram detectados com a ajuda do cristal de liga InSb e do cristal de
Ge.
- Amostra II: presença do elemento ferro como principal componente da amostra,
e uma presença importante do elemento manganês, ao ser utilizado o cristal LiF200.
Aparecem também outros elementos importantes como o silício e o alumínio, isto com o
uso dos cristais de liga InSb e do orgânico PE. O uso do cristal PX-1 revelou uma
significativa presença do elemento oxigênio, e secundárias de Mg e Na. Elementos
presentes em pequenas quantidades, como o caso do enxofre e fósforo, foram detectados
com a ajuda do cristal de Ge.
- Amostra III: presença do elemento ferro como um dos componentes majoritários
da amostra, e uma presença menos importante do elemento manganês (em comparação
com a amostra II), ao ser utilizado o cristal LiF200. Aparecem também outros
elementos importantes como o silício, que apresentou elevados picos, e em grau muito
menor o alumínio, detectado com o uso dos cristais de liga InSb e do orgânico PE. O
uso do cristal PX-1 revelou uma significativa presença do elemento oxigênio, e
secundárias de Mg e Na. Os elementos presentes em pequenas quantidades, como o
caso do enxofre e fósforo, foram detectados com a ajuda do cristal de Ge.

As análises químicas quantitativas, que foram obtidas através de EAA e por via
úmida da amostra I, indicam o elemento ferro como predominante, com conteúdos
baixos de silício e alumínio, que são muito mais significativos para o caso das amostras
II e, em alto grau, na amostra III quanto ao silício. A amostra II apresenta importantes
conteúdos de elementos tais como Al, Mn e voláteis. A Tabela V.4 apresenta os
resultados das análises químicas das três amostras.

Tabela V.4: Análise química quantitativa das amostras I, II e III

Elemento/espécie Amostra I Amostra II Amostra III


(% em massa)
Fe total 60,21 51,67 30,81
SiO2 5,07 9,65 52,35
Al2O3 3,86 8,97 0,30
Mn 0,24 ----- -----
Mg ----- 0,128 0,016
P 0,100 0,087 0,017
PPC* 3,62 6,63 0,46
(*) PPC – Perda por gravimetria

5.1.4. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA DAS AMOSTRAS SÓLIDAS

Da observação no microscópio MEV, são apresentadas as Figuras 5.4, 5.5 e 5.6, que
mostram fotografias das amostras sólidas puras (I, II e III), preparadas
com diferentes técnicas. Em primeiro lugar, a Figura 5.4 apresenta
quatro fotografias da amostra I.

Nas Figuras 5.4 – a e 5.4 – b, as amostras sólidas foram dispersadas utilizando


hexametafosfato de sódio a 0,5% p/v, e depositadas sobre uma fita de grafita. De ambas
fotografias pode-se apreciar a morfologia da estrutura cristalina e o tamanho fino das
partículas. A Figura 5.4 – c, mostra a microfotografia de uma amostra utilizando
somente a fita de grafita sem dispersante. Nessa fotografia podem-se visualizar uma
partícula maior de hematita (cor mais clara) e duas menores de quartzo (de cor mais
escura). A Figura 5.4 – d, mostra uma microfotografia na qual pode ver-se, em sua
parte superior, uma partícula de hematita (cor mais clara), outra de quartzo (cor mais
escura) e imediatamente abaixo da anterior e no centro, uma partícula mista.
a b

Fe2O3

Fe2O3
SiO2

c d

Figura 5.4: Microfotografias MEV da amostra I: a) e- secundários, 3500X; b) e-


secundários, 2000X; c) e- retroespalhados, 1000X; d) seção polida, e- retroespalhados,
750X.

Na Figura 5.5 são apresentadas quatro fotografias correspondentes à


amostra II. Especificamente, as Figuras 5.5 - a e 5.5 – b mostram as imagens MEV das
amostras sólidas que foram dispersadas da mesma maneira que a amostra I e
depositadas sobre uma fita de grafita. De ambas fotografias pode-se apreciar a
morfologia da estrutura cristalina e o tamanho fino das partículas. Na Figura 5.5 – b
observa-se uma partícula maior e muitas outras de tamanho menor, isto considerando o
aumento de 3500X. No caso da Figura 5.4 – c, na qual a imagem foi obtida através dos
elétrons retroespalhados, pode-se ver uma série de partículas aglomeradas as quais
correspondem tanto a minerais de ferro (principalmente de hematita) e de quartzo (da
cor mais escura). A Figura 5.4 – d mostra uma fotografia em cuja parte superior
esquerda pode-se ver uma partícula de hematita (cor mais clara) e outras duas de
quartzo (cor mais escura), uma maior na parte inferior esquerda e outra no extremo
superior direito do campo.

a b

Fe2O3
SiO2

SiO2

c d
Figura 5.5: Microfotografias MEV da amostra II: a) e secundários, 2000X; b) e-
-

secundários, 3500X; c) e- retroespalhados, 1000X; d) seção polida, e- retroespalhados,


750X.

Na Figura 5.6 são apresentadas quatro fotografias correspondentes à amostra III.


As duas primeiras foram preparadas e colocadas sobre a fita de grafita e suas imagens
obtidas através dos elétrons secundários, enquanto que as duas últimas foram obtidas
através dos elétrons retroespalhados.
a b

Fe2O3
Fe2O3
SiO2

SiO2
SiO2
Fe2O3

c d

Figura 5.6: Microfotografias MEV da amostra III: a) e- secundários, 750X; b) e-


secundários, 500X; c) e- retroespalhados, 1000X; d) seção polida, e- retroespalhados,
500X.

As Figuras 5.6 - a e 5.6 – b mostram as imagens MEV das amostras sólidas que
foram dispersadas da mesma maneira que a amostra I e depositadas sobre uma fita de
grafita. A morfologia das partículas (cúbica) e o tamanho evidenciam a diferença em
relação às amostras I e II. Na Figura 5.6 – c, na qual a imagem foi obtida através dos
elétrons retroespalhados, pode-se ver algumas partículas de minerais de ferro
(principalmente de hematita), de quartzo (de cor mais escura) e uma partícula mista no
setor esquerdo da fotografia. A Figura 5.6 – d apresenta uma fotografia da imagem
obtida através dos elétrons retroespalhados, em que podem-se distinguir partículas de
quartzo na zona inferior, uma partícula mista na zona superior, acompanhada de uma
partícula menor de hematita.
No difratograma de raios X correspondente à amostra I, mostrado pela Figura
5.7, observa-se, de forma qualitativa, a presença das seguintes espécies mineralógicas:
hematita (Fe2O3) que é predominante, quartzo (SiO2), goethita (FeO(OH)), gibbsita
(Al(OH)3) e caulinita (Al2Si2O5(OH)4). Na mesma Figura 5.7 aparecem identificados os
picos correspondentes a cada um desses minerais.

800
H = HEMA TITA
700 H Q = QUA RTZO
G = GOE THITA
600 B = GIB S ITA
C = C A ULINITA
I (pulsos/s)

500 H
H

400
H H
300 H
H H

200 H H
H
H
C B C
G G
100 Q Q
G H
H H
H
H H
B B HC G H
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
2 θ(T heta)

Figura 5.7: Difratograma de raios X da amostra I

Mediante o emprego da técnica analítica de espectrometria de infravermelho


(EIV), foi ratificada a presença das espécies minerais hematita, goethita e caulinita. A
Figura 5.8 apresenta o espectro infravermelho correspondente à amostra I, na qual são
indicados os valores dos picos de absorção correspondentes.
Especificamente, da Figura 5.8 podem-se distinguir os valores dos picos de
absorção correspondentes às espécies: hematita (462 e 536cm-1), goethita (798, 912,
3240 e 3244cm-1) e caulinita (1007, 1018, 1032, 3616 e 3690cm-1).
23,0
22

20

18 1631

16
3887

14 3838
1107
912
%T

12 3143 802
3695
%T 3239
10 3619 1030
3439 1008
8

2
536
0,0
4000,0 3000 2000 1500 1000 400,0
cm-1
Número de Onda (cm-1)

Figura 5.8: Espectro de infravermelho da amostra I

O difratograma de raios X correspondente à amostra II é mostrado na Figura 5.9.


Verifica-se a presença das seguintes entidades mineralógicas: hematita (Fe2O3) que é
predominante, goethita (FeO(OH)), pirolusita (MnO2), talco (Mg3(OH)2Si4O10) e
caulinita (Al2Si2O5(OH)4).

1400
H = HEMATITA
C
1200 G - GOETHITA
C = CAULINITA
1000 H
T = TALCO
I (pulsos/s)

G
P = PIROLUSITA
800
C

600
G

400 H
H G
G H
T G P
H G H GG
200 C G P
G H
H
H
G P G G G
GG G H
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
2 θ(Theta)

Figura 5.9: Difratograma de raios X da amostra II


Mediante espectrometria de infravermelho, foi observada a presença das
espécies minerais hematita, goethita, talco e caulinita. A Figura 5.10 apresenta o
espectro de infravermelho correspondente à amostra II, incluídas as bandas de absorção
correspondentes.
Especificamente, podem-se distinguir os valores dos picos de absorção
correspondentes às espécies: hematita (470 e 538cm-1), goethita (797, 912 e 3153cm-1),
talco (1106 e 3676cm-1) e caulinita (1031, 3618, 3651 e 3694cm-1).

50,0

45

40

35 1633

797
%T

3694
30 3618
%T
3424
25
1106
912

20

15 1031
1009
470
538

10,0
4000,0 3000 2000 1500 1000 400,0
cm-1
Número de Onda (cm-1)

Figura 5.10: Espectro de infravermelho da amostra II

O difratograma de raios X para a amostra III é mostrado pela Figura 5.11.


Observa-se a presença das seguintes espécies mineralógicas: quartzo (SiO2) que é
predominante, hematita (Fe2O3) que tem uma significativa participação como
componente dessa amostra, gibbsita (Al(OH)3) e caulinita (Al2Si2O5(OH)4), estas
últimas em quantidades menores.
Mediante espectrometria de infravermelho, foi ratificada a presença das espécies
minerais hematita e quartzo. A Figura 5.12 apresenta o espectro de infravermelho
correspondente à amostra III, no qual estão incluídos os valores dos picos de absorção
correspondentes.
5000
H = HEMATITA
Q
B - GIBSITA
4000 C = CAULINITA
Q = QUARTZO
I (pulsos/s)

3000

2000
Q
H
1000 Q
Q Q
H HQ
Q H Q Q QQ Q H Q
B QHQ Q H Q H HHQ
C C Q H H H
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
2 θ(T heta)

Figura 5.11: Difratograma de raios X da amostra III

80,0
78
76
74

72
70
68 795 687
1455
%T

66 908
1630 1426
%T 64
1383
62 521
1170
60
1153 463
58

56
3440
54 1082

52
50,0
4000,0 3000 2000 1500 1000 400,0
cm-1
Número de Onda (cm-1)

Figura 5.12: Espectro de infravermelho da amostra III

Especificamente, podem-se distinguir os valores dos vales correspondentes as


espécies: quartzo (690, 795, 1082 e 3440cm-1) e hematita (463 e 520cm-1).
No caso da amostra I observa-se na Figura 5.8 um espectro de infravermelho
com baixas trasmitâncias se comparados com aqueles mostradas pelas Figuras 5.10 e
5.12 correspondentes às amostras II e III, isso devido provavelmente a residuos de
amina que não estariam presentes na amostra I.

5.1.5. ÁREA SUPERFICIAL ESPECÍFICA DAS AMOSTRAS SÓLIDAS

Foram caracterizadas as três amostras sólidas já apresentadas nos resultados


anteriores, mais três misturas das amostras II e III, considerando as proporções em
massa de 25 – 75; 50 – 50 e 75 – 25, as quais serão consideradas de agora em diante
como as amostras IV, V e VI, respectivamente.
Os resultados do índice de Blaine, obtidos para as amostras originais e misturas,
podem ser visualizados na Tabela V.5:

Tabela V.5: Tempos de passagem de fluxo de ar e valores de ASE segundo Blaine

Nome da Origem e/ou Tempo ASE


amostra Características (s) (cm2/g)
Amostra I Mutuca-MBR/Mistura de rejeito 204,61 4.680,10
da Sep. Magnética e lama de Fe
Amostra II Casa de Pedra-CSN/Lama da 537,99 9.541,61
ciclonagem secundária
Amostra III Casa de Pedra-CSN/Rejeito de 3,66 813,11
flotação
Amostra IV Mistura de 75% Amostra II e 84,72 3.753,60
25% Amostra III
Amostra V Mistura de 50% Amostra II e 57,94 3.149,79
50% Amostra III
Amostra VI Mistura de 25% Amostra II e 31,62 2.358,00
75% Amostra III

Dos valores de ASE (Índice de Blaine), nota-se a tendência, já esperada, de


aumento do valor de resistência à passagem de ar quando o material do leito sólido
apresenta uma distribuição granulométrica mais fina, fato que também é observado nos
valores dos tempos de passagem de líquido pelas marcas do aparelho de Blaine.
Para o caso específico das amostras com distribuições de tamanho mais fina
como I, II e IV, tem-se que os valores do índice de Blaine são mais elevados (superiores
a 3.750 cm2/g), fato que indica uma maior presença de material ultrafino e lamas.
A dependência entre a granulometria da amostra e seu índice de Blaine
obviamente não é linear. Assim, na Figura 5.13 pode-se observar como varia o valor da
ASE ou índice de Blaine em função das diferentes granulometrias consideradas.

d50 = 4,34µm
10000

8000
ASE (cm 2 /g)

d50 = 6,44µm
6000
4000
d50 = 71,54µm
2000
0
Amostra II Amostra I Amostra IV Amostra V Amostra VI Amostra III

Figura 5.13: Valores do índice de Blaine para as amostras estudadas

Se corrobora ao observar a Figura 5.13 que o valor do índice de Blaine da


amostra I é significativamente inferior ao da amostra II, ainda que suas distribuições
granulométricas sejam próximas, conforme ilustrado na Figura 5.1. A afirmativa
anterior ratifica-se ao analisar a variação do parâmetro d50, o qual somente aumenta de
4,34 (amostra I) para 6,44µm (amostra II). Portanto, o valor do índice de Blaine, que
representa a Área Superficial Específica, é muito mais sensível para um material de
granulometria mais fina. No caso das misturas, os valores do d50 não foram
determinados.

5.1.6. MICROELETROFORESE DAS AMOSTRAS SÓLIDAS

Os resultados dos ensaios para a determinação da mobilidade


eletroforética e potencial zeta das amostras II e III são apresentados na Tabela V.6 e na
Figura 5.14.
Tabela V.6: Condições experimentais e valores mobilidade eletroforética (M) e
potencial zeta (PZ) para as amostras II e III

Amostra II
pH I (µA) V (Volts) TM (s) VM C [M] PZ (mV)*
(µm/s) (V/cm) (µm*cm/V/s)
2,5 70 80 45,56 10,97 10,07 1,090 + 13,982
4,2 70 90 90,32 5,54 11,33 0,489 + 6,269
6,1 60 90 205,18 2,44 11,33 0,215 + 2,760
7,0 80 85 150,30 3,33 10,70 0,311 -3,992
8,1 70 90 56,30 8,88 11,33 0,784 -10,057
10,0 75 90 32,15 15,55 11,33 1,373 - 17,611
11,2 80 85 21,91 22,82 10,70 2,132 -27,359
Amostra III
pH I (µA) V (Volts) TM (s) VM C [M] PZ (mV)*
(µm/s) (V/cm) (µm*cm/V/s)
2,40 100 80 19,32 25,88 10,07 2,570 +32,967
3,10 90 83 57,81 8,65 10,45 0,828 +10,621
3,95 80 92 110,50 4,53 11,58 0,391 +5,018
5,02 60 80 110,33 4,53 10,07 0,450 - 5,771
6,50 40 80 62,19 8,04 10,07 0,798 - 10,244
8,01 30 90 23,15 21,60 11,33 1,906 - 24,450
10,20 30 90 19,51 25,63 11,33 2,262 - 29,021
11,20 70 90 11,78 42,44 11,33 3,746 - 48,064
(*) Os valores de PZ foram calculados através da equação de Smoluchowski.
40
30

P otencial z eta (mV )


20
PIE=6,6
10
0
-10
PIE=4,3
-20
-30
-40
-50
-60
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
pH

A mostra II A mostra III

Figura 5.14: Curvas de potencial zeta para as suspensões das amostras II e III

A Figura 5.14 mostra as curvas de potencial zeta das suspensões aquosas


preparadas com as amostras II e III. Também são apresentados os valores dos pontos
isoelétricos (PIE), correpondendo a um valor de pH igual a 4,3 para a amostra III e pH
de 6,6 para a amostra II. Esses valores estão em concordância com o informado pela
bibliografia, se consideram-se as tendências mostradas pelas espécies mineralógicas
majoritárias das amostras. A primeira delas está composta principalmente por hematita
(67% em massa) e a segunda, pelas espécies quartzo (52% em massa) e hematita (44%
em massa), e segundo a bibliografia (Deo et al., 2001), acham-se valores do PIE para
quartzo puro na faixa 2 - 3, quanto que no caso da hematita próximo da faixa 6 - 8.

5.2. CARACTERIZAÇÃO DAS PASTAS MINERAIS

5.2.1. VISCOSIDADE DAS PASTAS MINERAIS

Em seguida apresentam-se os resultados obtidos com as pastas preparadas com


as amostras originais I, II e III e com as misturas (IV, V e VI). As tabelas de dados
correspondentes são apresentadas no anexo IV. Foram estudados os ciclos reológicos 1-
20-1 rpm (baixas rotações da haste) e 1-100-1, 1-180-1 rpm (altas rotações da haste) e o
comportamento da viscosidade da pasta no tempo.
5.2.1.1. VISCOSIDADE DE PASTAS DAS AMOSTRAS ORIGINAIS

As amostras sólidas chamadas originais foram estudadas nas faixas de


adensamento nas quais seu comportamento foi de pasta (isto segundo os resultados
preliminares do teste de “slump”). Estas e outras características dos ensaios são
apresentadas na Tabela V.7:

Tabela V.7: Condições dos testes reológicos aplicados nas amostras originais

Nome da Origem e/ou %S Haste Temperatura


amostra Características N° (°C)
Amostra I Mutuca-MBR/Mistura de rejeito 60 – 73 LV-4 18 e 19
da Sep. Magnética e lama de Fe
Amostra II Casa de Pedra-CSN/Lama da 60 – 77 LV-4 21 e 22
ciclonagem secundária
Amostra III Casa de Pedra-CSN/Rejeito de 60 – 81 LV-3 e LV-4 22
flotação

A Figura 5.15 mostra um gráfico correspondente ao comportamento reológico de


duas pastas preparadas com a amostra I com adensamentos de sólidos diferentes. Em
ambos casos verifica-se um comportamento tixotrópico, fato que pode ser confirmado
ao revisar a Tabela I do anexo IV.

Na Figura 5.15 pode observar-se também, comportamentos muito similares em


ambas pastas minerais, atingindo maiores valores de viscosidade naquela pasta mais
adensada, em toda a faixa de rotações consideradas para a haste. Neste caso, o ciclo
reológico considerado foi aquele que considera os trajetos de ida: 2 - 100 rpm, e de
volta: 100 - 2 rpm (ciclo 2-100-2 rpm).

Deve-se observar que os dois primeiros e os dois últimos valores das medições
realizadas da viscosidade não foram considerados de uma maneira geral, na construção
dos correspondentes gráficos em virtude do crescimento muito significativo da
viscosidade para valores extremamente baixos de velocidade de rotação da haste.
5000

Viscosidade (cP)
4000

3000

2000

1000

0
0 20 40 60 80 100
Velocidade de rotação da haste (rpm)

72,5%S 70%S

Figura 5.15: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da


haste para pastas preparadas com a amostra I no ciclo 2-100-2 rpm.

Também foram considerados ciclos reológicos para baixas velocidades de


rotação da haste, ou seja, para a faixa de 1 até 21 rpm, cujos principais resultados são
apresentados na Figura 5.16, a seguir:

350

300

250
Viscosidade (P)

200

150

100

50

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Velocidade de rotação da haste (rpm)
%S=75 %S=73 %S=71

Figura 5.16: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para


algumas das pastas da amostra I no ciclo 1-21-1 rpm
Segundo a Figura 5.16 observa-se que não há um comportamento único quanto
ao caráter reológico das pastas, ou seja, em parte do ciclo a pasta apresenta-se
tixotrópica (mais baixas velocidades de rotação) e reotrópica (para as maiores
velocidades de rotação). Além disso, à medida que a pasta se apresenta como mais
adensada, o caráter tixotrópico cresce e o reotrópico diminui.

Ao comparar as Figuras 5.15 e 5.16 verifica-se que aquelas pastas submetidas ao


ciclo reológico 1-21-1 rpm apresentam valores muito mais elevados da viscosidade que
aquelas que foram submetidas ao ciclo 2-100-2 rpm.

Na Figura 5.17 são mostrados os comportamentos reológicos de pastas


preparadas com a amostra II. Neste caso, o ciclo reológico considerado foi aquele que
considera os trajetos de ida: 1 - 180 rpm, e de volta: 180 - 1 rpm (ciclo 1-180-1 rpm).

7000

6000

5000
Viscosidade (cP)

4000

3000

2000

1000

0
0 50 100 150 200
Velocidade de rotação da haste (rpm)

% S=58 % S=61 % S=65

Figura 5.17: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para


pastas da amostra II.

A Figura 5.17 mostra os comportamentos reológicos das pastas com 58, 61 e


65% de sólidos em massa. Verifica-se que não há um comportamento reológico único,
pois, em algumas etapas do ciclo, o comportamento é tixotrópico e em outras é
reotrópico. Assim, naquelas pastas com menores adensamentos (58 e 61% de sólidos)
nota-se uma diminuição do valor da viscosidade no trajeto de retorno do ciclo, ou seja
apresentam-se como tixotrópicas, enquanto que no caso da pasta mais adensada (65%S),
pode observar-se um maior predomínio do comportamento reotrópico, dado aos maiores
valores registrados na viscosidade ao retorno do ciclo (ver Tabela II do anexo IV).

Os casos extremos estudados para as pastas da amostra II correspondem aos


adensamentos de 58 e 65% em massa de sólidos. A Figura 5.18 apresenta o
comportamento reológico que está em concordância com o observado na Figura 5.17.
Verifica-se um caráter mais tixotrópico na pasta menos adensada (58% em sólidos) e
mais reotrópico naquela de maior adensamento (65% de sólidos).

58%S 65%S

4500
4000
REOTRÓPICO
Viscosidade (cP)

3500
3000
2500
2000
1500 TIXOTRÓPICO

1000
500
0
20 50 80 110 140 170 200
Rotação da haste (rpm)

Figura 5.18: Comportamentos reológicos extremos dos “pastefill” da amostra II

O efeito do tempo de registro sobre os valores de viscosidade, considerando um


mesmo ciclo de 1-180-1 rpm na velocidade de rotação da haste, para 64% em sólidos
para a amostra II, pode ser visualizado na Figura 5.19.
9000
8000
7000

Viscosidade (cP)
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
0 50 100 150 200
Velocidade de rotação da haste (rpm)

t=1min t=5min t=10min

Figura 5.19: Efeito do tempo sobre as medições da viscosidade em uma pasta de 64%
de sólidos da amostra II

A Figura 5.19 mostra que as diferenças dos valores de viscosidade são grandes
(da ordem de 15% ou mais), concorrendo para este fator a sedimentação do sólido. Este
dado indica que a determinação da viscosidade deve ser realizada, neste caso, em
menores intervalos de tempo.

A variação da viscosidade em função do tempo, para valores fixos de velocidade


de rotação da haste, para a amostra II, pode ser vista na Figura 5.20.

3500
3000
Viscosidade (cP)

2500
2000
1500
1000
500
0
0 20 40 60 80 100 120 140
Tempo (s)

%S=59 %S=61 %S=65

Figura 5.20: Efeito do tempo sobre as medições da viscosidade nas pastas da amostra II
Da Figura 5.20 observa-se que as medidas da viscosidade vão experimentando
uma queda em seu valor conforme transcorre o tempo do teste, confirmando o
comportamento não newtoniano da amostra II. Verifica-se também a ordem decrescente
dos valores de viscosidade, à medida que a pasta se torna menos adensada.

Na Figura 5.21 são mostrados os comportamentos reológicos de pastas


preparadas com a amostra III, especificamente para os adensamentos de 78, 80 e 82%
de sólidos em massa. Neste caso, pode-se visualizar um comportamento
predominantemente reotrópico, em todas as pastas estudadas no ciclo 1-180-1 rpm (ver
Tabela III do anexo IV).

7000

6000
Viscosidade (cP)

5000

4000

3000

2000

1000

0
0 50 100 150 200
Velocidade de rotação da haste (rpm)

%S=78 %S=80 %S=82

Figura 5.21: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para


algumas das pastas da amostra III

A Figura 5.22 mostra a variação da viscosidade em função do tempo, para três


valores distintos de velocidade de rotação da haste, para uma pasta com 75% de sólidos
em massa preparada com a amostra III.
1400

Viscosidade (cP)
1200
1000
800
600
400
200
0
0 20 40 60 80 100
Tempo (s)

20 rpm 120 rpm 250 rpm

Figura 5.22: Efeito da velocidade de rotação da haste sobre as medições da viscosidade


em pasta com 75% de sólidos em massa da amostra III

Na Figura 5.22 pode observar-se que para uma velocidade de rotação da haste
de 20rpm, a pasta mineral apresenta um comportamento crescente na viscosidade com o
tempo (20 - 80s), o que confirma o caráter mais reotrópico da pasta. Para velocidades
de rotação de 250rpm há uma tendência à estabilidade nos valores da viscosidade do
sistema, a partir dos 40s aproximadamente. A viscosidade mostrou um valor constante
para a rotação de 120rpm, o que poderia, sem uma análise detalhada, indicar uma
característica de fluido newtoniano nestas condições.

A Figura 5.23 apresenta o efeito do tempo sobre a viscosidade para pastas com
três adensamentos distintos da amostra III, considerando-se três valores de rotação da
haste.

Ao observar a Figura 5.23, verifica-se que, para velocidades baixas de rotação da


haste (20rpm), a viscosidade apresenta elevados valores e uma tendência ao crescimento
com o tempo. Para a velocidade de 120rpm, tem-se um comportamento com tendência à
estabilidade, mostrando valores intermediáros no que diz respeito à viscosidade. No
caso das maiores velocidades (250rpm), verificam-se de forma geral, os menores
valores da viscosidade, sendo a maior variação nesta viscosidade encontrada para a
pasta mais adensada.
a) Rotação haste = 20 rpm b) Rotação haste = 120 rpm

5000 1200
Viscosidade (cP)

Viscosidade (cP)
4000 1000
800
3000
600
2000
400
1000 200
0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Tempo (s) Tempo (s)

%S=75 %S=78 %S=82 %S=75 %S=78 %S=82

c) Rotação haste = 250 rpm

500
Viscosidade (cP)

400
300
200
100
0
0 20 40 60 80 100
Tempo (s)

%S=75 %S=79 %S=82

Figura 5.23: Efeito do tempo sobre os valores de viscosidade em pastas da amostra III,
considerando-se adensamentos diferentes e três valores da velocidade de rotação da
haste: 20, 120 e 250rpm.

O efeito da velocidade de rotação da haste sobre o valor medido da viscosidade


da pasta em função do tempo, no caso do adensamento máximo de 82% em massa de
sólidos utilizando a amostra III, para cinco velocidades de rotação: 20, 50, 120, 180 e
250rpm, é mostrado na Figura 5.24.

Há nesse caso, uma tendência geral, independentemente da velocidade de


rotação da haste, ao crescimento no valor da viscosidade da pasta, a qual era a mais
adensada das pastas da amostra III (82% em sólidos), e segundo já foi verificado como
um comportamento mais reotrópico (ver Figura 5.21).
4500
4000

VISCOSIDADE (cP)
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
0 20 40 60 80 100
TEMPO (s)

20 rpm 50 rpm 120 rpm


180 rpm 250 rpm

Figura 5.24: Efeito da velocidade de rotação da haste sobre o valor da viscosidade em


uma pasta de 82% em sólidos da amostra III.

5.2.1.2. VISCOSIDADE DAS PASTAS MINERAIS DE MISTURAS

As misturas das amostras sólidas originais, foram estudadas nas condições


experimentais e características apresentadas pela Tabela V.8:

Tabela V.8: Condições experimentais e características das amostras chamadas misturas

Nome da mistura Origem e/ou %S Haste Temperatura


Características N° (°C)
Amostra IV Mistura de 75% Amostra II 60 – 73 LV-4 20 e 22
e 25% Amostra III
Amostra V Mistura de 50% Amostra II 60 – 77 LV-4 21
e 50% Amostra III
Amostra VI Mistura de 25% Amostra II 60 – 81 LV-4 22
e 75% Amostra III

Na Figura 5.25 são mostrados os comportamentos reológicos de algumas das


pastas estudadas e preparadas com a amostra IV, considerando o ciclo 1-180-1 rpm.
6000

5000
Viscosidade (cP)
4000

3000

2000

1000

0
0 50 100 150 200
Velocidade de rotação da haste (rpm)

60%S 63%S 65%S 71%S 73%S

Figura 5.25: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para


pastas da amostra IV, para o ciclo 1-180-1 rpm.

Ao se observar a Figura 5.25 e a Tabela IV do anexo IV, nota-se o duplo caráter


reológico de todas as pastas preparadas com esta amostra IV, apresentando, contudo,
neste ciclo de 1-180-1 rpm, uma maior tendência à tixotropia. Há um ordenamento nos
valores da viscosidade segundo os correspondentes adensamentos, com exceção da
pasta mais adensada de 73% em sólidos que, a partir de 40 rpm de rotação da haste,
apresenta menores valores na viscosidade em comparação as pastas de 65 e 71% em
sólidos.

Na Figura 5.26 são mostrados os comportamentos reológicos de pastas


preparadas com a amostra IV. Neste caso, são apresentados os resultados obtidos ao
utilizar um ciclo reológico de 1-20-1 rpm.

Ao observar a Figura 5.26 e a Tabela IV do anexo IV, verifica-se o duplo caráter


reológico de todas as pastas preparadas com esta amostra IV, apresentando neste ciclo
de 1-20-1 rpm, no entanto, uma maior tendência à reotropia. Ao se observar as
diferentes curvas apresentadas no gráfico anterior, verificam-se maiores valores de
viscosidade naquelas pastas mais adensadas, em faixas de baixa velocidade de rotação
da haste (1-10rpm). Em rotações mais elevadas (15-20rpm) os valores da viscosidade
são muito mais próximos.
50000

Viscosidade (cP) 40000

30000

20000

10000

0
0 5 10 15 20 25
Velocidade de rotação da haste (rpm)

60%S 63%S 65%S 70%S 72%S

Figura 5.26: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para


algumas das pastas da amostra IV, para um ciclo 1-20-1 rpm.

Os efeitos da velocidade de rotação da haste e do tempo são apresentados na


Figura 5.27, considerando-se adensamentos de 61, 65, 70 e 71% de sólidos.

Nas Figuras 5.27-a) e 5.27-b) são mostrados os comportamentos das pastas de


61 e 65% em massa de sólidos, os quais são similares, dado que para 20rpm na rotação
da haste observam-se os mais elevados valores da viscosidade, tanto para a pasta testada
a 1min quanto aquela de 5min. Especificamente, na pasta de 61% de sólidos, os valores
registrados na viscosidade apresentam grande oscilação, efeito que diminui com o
tempo. Para a pasta de 65% de sólidos, não se nota essa mesma oscilação, e as
diferenças nos registros da viscosidade em 1 e 5min, apresentam-se somente ao inicio
do teste, pois transcorridos os primeiros 30s seus valores ficaram muito próximos. Para
as maiores velocidades de rotação, verifica-se uma tendência à queda dos valores da
viscosidade, mostrando importantes diferenças nos valores medidos em 1 e 5min.
b) Pasta com 65%S
a) Pasta com 61%S
3000 7000

2500 6000

5000

Viscosidade (cP)
Viscosidade (cP)

2000
4000
1500
3000
1000
2000

500 1000

0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Tempo (s) Tempo (s)

20rpm-1min 20rpm-5min 120rpm-1min 20rpm-1min 20rpm-5min 120rpm-1min


120rpm-5min 250rpm-1min 250rpm-5min 120rpm-5min 250rpm-1min 250rpm-5min

c) Pasta com 70%S d) Pasta com 71%S


14000 20000
18000
12000
16000
10000 14000
Viscosidade (cP)
Viscosidade (cP)

8000 12000
10000
6000
8000
4000 6000
4000
2000
2000
0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Tempo (s) Tempo (s)

20rpm-1min 20rpm-5min 120rpm-1min 20rpm-1min 20rpm-5min 120rpm-1min


120rpm-5min 250rpm-1min 250rpm-5min 120rpm-5min 250rpm-1min 250rpm-5min

Figura 5.27: Efeito da velocidade de rotação da haste e tempo da medição sobre o valor
da viscosidade para diferentes pastas preparadas com a amostra IV, a) 61%S; b) 65%S;
c) 70%S; d) 71%S.

Nas Figuras 5.27-c) e 5.27-d) são mostrados os comportamentos das pastas com
70 e 71% em massa de sólidos. Apesar de serem próximos os valores de adensamento,
o comportamento reológico é diferenciado para a curva de 20rpm de rotação da haste e
1min, para a quase totalidade dos pontos. Nas demais curvas, há uma tendência na
obtenção de valores similares de viscosidade.

Na Figura 5.28 são mostrados os comportamentos reológicos de algumas das


pastas estudadas e preparadas com a amostra V, considerando o ciclo 1-180-1 rpm.

7000
6000
Viscosidade (cP)

5000
4000
3000
2000
1000
0
0 50 100 150 200
Velocidade de rotação da haste (rpm)

60%S 65%S 75%S 77%S

Figura 5.28: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para


pastas da amostra V, para um ciclo 1-180-1 rpm.

A Figura 5.28 mostra que as pastas menos adensadas (60 e 65% de sólidos)
apresentam comportamentos muito similares. As pastas mais adensadas, de 75 e 77% de
sólidos, mostram curvas com maiores valores de viscosidade. Ao se observar a Tabela
V do anexo VI, nota-se que nos adensamentos menores, o comportamento reológico não
é único, mas com uma maior tendência ao tixotropismo. Para os adensamentos maiores,
as curvas apresentam-se totalmente tixotrópicas.

Na Figura 5.29 são mostrados os comportamentos reológicos de pastas


preparadas com a amostra V. Neste caso, são apresentados os resultados obtidos ao
utilizar um ciclo 1-20-1 rpm.
30000

25000

Viscosidade (cP) 20000

15000

10000

5000

0
0 5 10 15 20 25
Velocidade de rotação da haste (rpm)

60%S 65%S 75%S 76%S

Figura 5.29: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para


pastas da amostra V, considerando um ciclo 1-20-1 rpm.

Pode se observar, considerando-se a Figura 5.29, que as pastas menos adensadas


(60 e 65% de sólidos) mostram comportamentos muito similares. As pastas mais
adensadas de 75 e 76% de sólidos apresentam curvas com maiores valores de
viscosidade e claramente diferenciadas, observando-se também alta histerese. Ao se
observar a Tabela V do anexo IV, verifica-se que em todos os adensamentos estudados,
o comportamento reológico é duplo, com uma maior tendência ao reotropismo, efeito
que se acentua nos adensamentos maiores.

Os efeitos da velocidade de rotação da haste e do tempo são apresentados na


Figura 5.30, considerando-se adensamentos de 60, 65, 75 e 77% de sólidos.
a) Pasta com 60%S b) Pasta com 65%S
1600 1600

1400 1400

1200 1200

Viscosidade (cP)
Viscosidade (cP)

1000 1000

800 800

600 600

400 400

200 200

0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Tempo (s) Tempo (s)

20rpm-1min 20rpm-5min 120rpm-1min 20rpm-1min 20rpm-5min 120rpm-1min


120rpm-5min 250rpm-1min 250rpm-5min 120rpm-5min 250rpm-1min 250rpm-5min

c) Pasta com 75%S d) Pasta com 77%S


9000 10000
8000 9000
7000 8000
Viscosidade (cP)

7000
Viscosidade (cP)

6000
6000
5000
5000
4000
4000
3000
3000
2000 2000
1000 1000
0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Tempo (s) Tempo (s)

20rpm-1min 20rpm-5min 120rpm-1min 20rpm-1min 20rpm-5min 120rpm-1min


120rpm-5min 250rpm-1min 250rpm-5min 120rpm-5min 250rpm-1min 250rpm-5min

Figura 5.30: Efeito da velocidade de rotação da haste e do tempo da medição sobre o


valor da viscosidade para diferentes pastas preparadas com a amostra V.

Nas Figuras 5.30 – a e 5.30 - b são mostrados os comportamentos reológicos


das pastas de 60 e 65% em massa de sólidos. Para a pasta de 60% de sólidos, nota-se
grande oscilação nos valores de viscosidade para baixas rotações da haste, observando-
se valores mais elevados em 1min em comparação com aqueles obtidos em 5min. De
forma semelhante, para a pasta de 65% de sólidos, os valores de viscosidade apresentam
oscilação. Para as maiores velocidades de rotação há uma tendência na queda dos
valores da viscosidade, mostrando pequena diferença nos valores medidos em 1 e 5min.
Nas Figuras 5.30 - c e 5.30 - d são mostrados os comportamentos das pastas de
75 e 77% em massa de sólidos. Para ambos casos, observam-se tendências bem
similares. No caso da baixa velocidade de rotação (20rpm), a curva para 1min mostra
uma tendência à queda na viscosidade, já na curva de 5min há uma tendência à
estabilidade. Para altas velocidades de rotação da haste, existem diferenças mínimas
nas curvas reológicas em 1 e 5min a partir do inicio. O comportamento também é
similar quando se comparam as rotações de 20 e 120rpm.

Na Figura 5.31 são mostrados os comportamentos reológicos de pastas


preparadas com a amostra VI, no ciclo 1-180-1 rpm.

6000

5000
V iscosidade (cP)

4000

3000

2000

1000

0
0 50 100 150 200
Velocidade de rotação da haste (rpm)

60%S 65%S 75%S 79%S 81%S

Figura 5.31: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para


pastas da amostra VI, para um ciclo 1-180-1 rpm.

Neste caso, observa-se um duplo comportamento em todas as pastas estudadas.


De forma mais específica, é possível estabelecer que para as pastas menos adensadas
(60 até 75% S) predomina o comportamento reotrópico, e para aquelas mais adensadas
(78 até 81% S) o tixotropismo é cada vez mais dominante (ver Tabela VI do Anexo IV).
Na Figura 5.32 são mostrados os comportamentos reológicos de pastas
preparadas com a amostra VI. Neste caso, são apresentados os resultados obtidos ao
utilizar um ciclo 1-20-1 rpm.

10000

8000
Viscosidade (cP)

6000

4000

2000

0
0 5 10 15 20 25
Velocidade de rotação da haste (rpm)

60%S 65%S 75%S 79%S 81%S

Figura 5.32: Gráfico da viscosidade em função da velocidade de rotação da haste para


algumas das pastas da amostra VI, para um ciclo 1-20-1 rpm.

Da Figura 5.32 observa-se que não há um comportamento único em todas as


pastas estudadas. De forma mais especifica, pode se estabelecer que para as pastas
menos adensadas (60 até 65%) predomina o comportamento reotrópico, e para aquelas
mais adensadas (75 até 81%) o tixotropismo é cada vez mais dominante (ver Tabela VI
do Anexo IV).

O efeito da velocidade de rotação da haste e do tempo sobre a viscosidade,


considerando os adensamentos de 60, 65, 76 e 81% de sólidos, é apresentado na Figura
5.33.

.
a) Pasta com 60%S b) Pasta com 65%S
900 1200

800
1000
700

Viscosidade (cP)
600 800
Viscosidade (cP)

500
600
400
300 400

200
200
100
0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Tempo (s) Tempo (s)

20rpm-1min 20rpm-5min 120rpm-1min 20rpm-1min 20rpm-5min 120rpm-1min


120rpm-5min 250rpm-1min 250rpm-5min 120rpm-5min 250rpm-1min 250rpm-5min

c) Pasta com 76%S d) Pasta com 81% S


7000 16000

14000
6000
12000
5000
Viscosidade (cP)
Viscosidade (cP)

10000
4000
8000
3000
6000
2000 4000

1000 2000

0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Tempo (s) Tempo (s)

20rpm-1min 20rpm-5min 120rpm-1min 20rpm-1min 20rpm-5min 120rpm-1min


120rpm-5min 250rpm-1min 250rpm-5min 120rpm-5min 250rpm-1min 250rpm-5min

Figura 5.33: Efeito da velocidade de rotação da haste e do tempo da medição sobre o


valor da viscosidade para diferentes pastas preparadas com a amostra VI.

Nas Figuras 5.33 – a e 5.33 - b são mostrados os comportamentos bastante


similares das pastas de 60 e 65% de sólidos em massa. Observa-se que para 20rpm na
rotação da haste, há grande oscilação nos valores da viscosidade, tanto para a pasta
testada em 1min quanto para aquela em 5min. Especificamente, na pasta de 60% de
sólidos, os valores de viscosidade são bem próximos. Para a pasta de 65% de sólidos, a
viscosidade mostra uma queda importante em seu valor, após 5min do início do teste.
Nas Figuras 5.33 - c e 5.33 – d são mostrados os comportamentos das pastas
de 76 e 81% em massa de sólidos, que também apresentam tendências similares. Em
20rpm, observa-se uma queda nos valores de viscosidade a medida que aumenta o
tempo do ensaio. Nas velocidades de rotação superiores (120 e 250rpm) essa tendência
vai diminuindo, tendendo a valores constantes de viscosidade.

A Figura 5.34 apresenta um ciclo reológico 1-180-1 rpm, para as pastas das
amostras originais II e III e das misturas chamadas amostras IV, V e VI.

4000
Viscosidade (cP)

3000

2000

1000

0
0 50 100 150 200
Velocidade de rotação da haste (rpm)

65%S-Am.II 78%S-Am. III 65%S-Am. VI


65%S-Am.V 65%S-Am.IV

Figura 5.34: Comportamentos reológicos no ciclo 1-180-1 rpm para pastas menos
adensadas das diferentes amostras estudadas.

Nesta figura observa-se que os maiores valores da viscosidade são apresentados


pela pasta com 65%S da amostra IV para baixas velocidades de rotação da haste
(<80rpm) e pela pasta de 65%S da amostra II para maiores velocidades (80-180rpm).
Ambas apresentam duplo comportamento reológico, sendo a pasta da amostra IV mais
tixotrópica e a correspondente à amostra II, de predomínio reotrópico.
As outras três pastas consideradas apresentam valores da viscosidade e
tendências similares, com a consideração que a pasta da amostra III contém 78% em
sólidos enquanto que as pastas das misturas (amostras V e VI) somente contêm 65% em
sólidos. Quanto a seu comportamento reológico, pode verificar-se que as pastas
preparadas com as amostras III e VI são reotrópicas nessas condições. No caso da pasta
da amostra V tem-se um comportamento também misto com maior predomínio do
tixotropismo, fato que poderia atribuir-se a maior quantidade de material fino contido
nessa amostra (50% amostra II e 50% amostra III).

A Figura 5.35 apresenta o ciclo reológico 1-20-1 rpm, nas pastas preparadas com
65% de sólidos das amostras II, IV, V e VI.

40000
35000
Viscosidade (cP)

30000
25000
20000
15000
10000
5000
0
0 5 10 15 20 25
Velocidade de rotação da haste (rpm)

65%S-Am.II 65%S-Am. IV
65%S-Am.V 65%S-Am.VI

Figura 5.35: Comportamentos reológicos no ciclo 1-20-1 rpm para pastas menos
adensadas das diferentes amostras estudadas

Na Figura 5.35 observa-se que os maiores valores da viscosidade são


apresentados pela pasta com 65% de sólidos da amostra II, superando o máximo de
35.000cP, para 3rpm de rotação da haste. A pasta da amostra IV também apresenta
altos valores na viscosidade com curvas próximas daquela correspondente à pasta da
amostra II. Seus valores estão incluídos na faixa de 5.000 à 35.000cP aproximadamente.
Já no caso das pastas das amostras V e VI com 65% de sólidos, são observados valores
muito inferiores na viscosidade (ver gráfico da Figura 5.35). Quanto ao caráter
reológico das pastas, tem-se que todas têm predominância reotrópica, sendo menos
acentuado no caso das amostras IV e V. Isto pode ser explicado pelo fato de estar
considerando um ciclo com valores baixos de velocidade de rotação da haste.
A Figura 5.36 mostra as curvas reológicas para um ciclo 1-180-1 rpm, no caso das
pastas preparadas com as amostras originais (II e III) e as misturas (IV, V e VI), de
forma mais adensada.

16000
14000
Viscosidade (cP)

12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
0 50 100 150 200
Velocidade de rotação da haste (rpm)

68%S-Am.II 82%S-Am. III 81%S-Am. VI


77%S-Am.V 73%S-Am.IV

Figura 5.36: Comportamentos reológicos no ciclo 1-180-1 rpm para pastas mais
adensadas das diferentes amostras estudadas.

A Figura 5.36 mostra que os maiores valores da viscosidade são alcançados pela
pasta de 68% de sólidos preparada com a amostra II (faixa de 2.000 a 16.000cP).
É interessante observar que o resultado mostrado pela pasta de 82% em sólidos da
amostra III, que apresenta elevados valores de viscosidade nas baixas velocidades de
rotação da haste (<100rpm) no retorno do ciclo. No trajeto de ida seus valores são os
mais baixos, segundo pode-se ver na mesma Figura 5.36. As demais pastas com altos
adensamentos de sólidos, preparadas como misturas, apresentam curvas com tendências
similares. Quanto ao comportamento reológico destes sistemas de pastas, pode dizer-se
que predomina o tixotropismo na quase totalidade das pastas consideradas nesta análise.
Há, nesse caso, somente uma exceção que é a pasta da amostra III, que mostrou ser
altamente reotrópica.
Na Figura 5.37 é mostrado o efeito do tempo sobre os valores registrados na
viscosidade, considerando 120rpm de rotação da haste e 5min de tempo para registro de
dados.

a) Pastas menos adensadas

3000

2500
Viscosidade (cP)

2000

1500

1000

500

0
0 20 40 60 80 100
Tempo (s)

Am.II-65%S Am.III-75%S Am.VI-65%S


Am.V-65%S Am.IV-65%S

b) Pastas mais adensadas

3500

3000

2500
Viscosidade (cP)

2000

1500

1000

500

0
0 20 40 60 80 100
Tempo (s)

Am.II-68%S Am.III-82%S Am.VI-81%S


Am.V-77%S Am.IV-73%S

Figura 5.37: Efeito do tempo sobre os valores da viscosidade: a) pastas menos


adensadas; b) pastas mais adensadas.
Na Figura 5.37 – a observa-se que a grande maioria das curvas mostradas
apresentam tendências a valores constantes da viscosidade, sendo a pasta com 65% de
sólidos da amostra II aquela de maiores valores registrados (na faixa 2.654 à 2.744cP),
depois aparece a curva da pasta com 65%S da amostra IV, com valores da viscosidade
na faixa entre 1.505 e 1.840cP. Finalmente, mostram-se muito próximas as curvas
reológicas correspondentes às pastas minerais com 65% de sólidos das amostras V e VI
e 75% em sólidos da amostra III, também com tendências a alta estabilidade.

Na Figura 5.37 - b correspondente às pastas mais adensadas, observa-se uma


maior variabilidade nos valores registrados da viscosidade, se comparada com a Figura
5.37 - a. Especificamente, para a pasta com 68% de sólidos da amostra II, pode-se notar
que a curva com maiores valores na viscosidade, a partir de 20s do início, já que nos
primeiros segundos, é a pasta com 73% de sólidos da amostra IV a que registra os
maiores valores na viscosidade. A pasta preparada com 77% de sólidos da amostra V
exibe um comportamento intermediário. As curvas correspondentes as pastas com 81%
de sólidos da amostra VI e 82% de sólidos da amostra III mostram os menores valores
de viscosidade, mesmo tendo maior proporção de sólidos. A distribuição
granulométrica muito mais grosseira poderia explicar este resultado.
5.2.2. TESTE DE SLUMP

Os resultados do teste de “slump”, utilizando geometria cilíndrica em escala de


laboratório, são apresentados na Tabela V.9 e na Figura 5.38, a seguir:

Tabela V.9: Alturas de “slump” obtidas usando geometria cilíndrica

Altura “slump”, HS (cm)


%S Amostra I Amostra II Amostra III Amostra IV Amostra V Amostra VI
60 ----- 6,70 ----- ----- ----- -----
61 ----- 5,40 ----- ----- ----- -----
62 ----- 4,80 ----- ----- ----- -----
63 ----- 4,40 ----- ----- ----- -----
64 ----- 3,75 ----- ----- ----- -----
65 ----- 2,50 ----- ----- ----- -----
66 ----- ----- ----- ----- ----- -----
67 ----- ----- ----- ----- ----- -----
68 ----- ----- ----- ----- ----- -----
69 ----- ----- ----- ----- ----- -----
70 7,70 ----- ----- 8,00 ----- -----
71 7,55 ----- ----- 7,50 ----- -----
72 7,00 ----- ----- 5,70 ----- -----
73 6,50 ----- ----- 4,80 8,10 -----
74 5,75 ----- ----- 4,00 7,20 -----
75 4,40 ----- ----- 3,20 6,20 -----
76 3,50 ----- ----- 2,40 4,60 7,70
77 2,50 ----- ----- 1,80 4,10 7,10
78 2,10 ----- 8,50 1,30 3,70 4,80
79 ----- ----- 7,00 0,85 2,50 3,40
80 1,50 ----- 6,20 0,65 1,40 2,50
81 ----- ----- 4,40 ----- 0,75 1,80
82 0,85 ----- 2,90 ----- ----- 1,20
(------) indica que o teste não foi realizado naquela condição.
9
8

Altura de Slump (cm)


7
6
5
4
3
2
1
0
50 60 70 80 90 100
% Sólidos em massa

Amostra II Amostra III Amostra IV


Amostra V Amostra VI Amostra I

Figura 5.38: Gráfico de altura “slump” em função do adensamento da pasta


considerando amostras originais e misturas.

Da Tabela V.9 e da Figura 5.38, observa-se o comportamento esperado para


todas as pastas estudadas, ou seja, menores alturas de “slump”, à medida que cresce o
adensamento da pasta. Observa-se, também, um ordenamento das curvas obtidas: para
granulometrias mais finas, precisa-se de faixas de adensamento cada vez menores
(maiores consumos de água), de modo a obter uma mesma resposta no teste de “slump”.
Essa resposta tem a ver com a consistência da correspondente pasta mineral.
Para o caso da amostra I, que corresponde a uma origem diferente das demais
amostras, nota-se um comportamento muito similar ao apresentado pela amostra IV,
cuja distribuição granulométrica, ASE e composição química mais se aproximam desta
(ver Tabelas V.4 e V.5).

É importante destacar, que na totalidade das pastas minerais estudadas, a faixa


de adensamento na qual apresentam-se valores de altura “slump” mensuráveis é estreita,
fato que pode ser melhor observado na Figura 5.39 que mostra o comportamento
“slump” de pastas preparadas com a amostra I e adensamentos de 73 e 75% em massa
de sólidos.
73% S

75% S

Figura 5.39: Fotografias de teste de cilindro “slump” para pastas da amostra I para
adensamentos de 73 e 75% de sólidos.

Para se poder comparar os resultados de “slump”, foi preparada uma maior


quantidade de amostra para ser levada ao cone “slump” de escala piloto, de modo a
analisar o adensamento necessário para atingir um abatimento em 50% da altura inicial
do cone ou cilindro. Para as amostras testadas, o resultado é apresentado na Tabela
V.10 a seguir:

Tabela V.10: Adensamento necessário para abatimento de 50% da altura “slump”

# da %S para 50% de abatimento %S para 50% de abatimento Diferença


amostra em cilindro laboratório em cone planta piloto absoluta
D = 10cm, H = 10cm D = 20, d = 10, H = 30cm (%)
I 74,6% 79,8% 5,2
II 61,7% 75,2% 13,5
III 80,7% 81,0% 0,3
V 75,8% 78,8% 3,0

Dos resultados mostrados na Tabela V.10, no caso da amostra II, observa-se a


maior diferença (superior aos 13 pontos percentuais) nos valores de adensamento de
sólidos necessário para atingir 50% de abatimento na altura de “slump”, ao considerar
geometria cônica ou cilíndrica. No caso das amostras I e IV, que correspondem a
misturas de lamas e rejeitos, observam-se valores mais próximos, já que suas diferenças
são de 3 e 5,2%. Finalmente, no caso da amostra III, aquela diferença é quase nula, fato
que pode ser explicado pela distribuição granulométrica mais grosseira desta amostra.

Outra análise comparativa, também referida à geometria do teste de “slump”, foi


realizada registrando uma série de dados da altura “slump” obtida, para o caso das
pastas preparadas com amostras originais (II e III) e uma mistura (V). Na Tabela V.11
são apresentados os valores da altura “slump” e % de abatimento, obtidos no teste de
cone, para as pastas preparadas com as amostras II, III e V. A Figura 5.40 apresenta um
gráfico com os valores dos % de abatimento da altura “slump” no caso das pastas
preparadas com as amostras II, III e V, considerando ambas geometrias.

Tabela V.11: Altura e % de abatimento (% ABT) do “slump” usando geometria cônica

Amostra II Amostra III Amostra V


%S HS (cm) % ABT HS (cm) % ABT HS (cm) % ABT
71,7 23,00 76,67 ----- ----- ----- -----
72,5 22,50 75,00 ----- ----- ----- -----
73,4 21,00 70,00 ----- ----- ----- -----
74,2 20,00 66,67 ----- ----- ----- -----
75,0 17,00 56,67 ----- ----- ----- -----
76,0 12,00 40,00 ----- ----- ----- -----
77,1 ----- ----- ----- ----- 22,50 75,00
77,9 ----- ----- ----- ----- 20,50 68,33
78,1 ----- ----- ----- ----- 20,00 66,67
78,7 ----- ----- ----- ----- 15,50 51,67
79,4 ----- ----- 22,50 75,00 ----- -----
79,5 ----- ----- ----- ----- 10,00 33,33
80,3 ----- ----- 18,50 61,67 ----- -----
81,2 ----- ----- 14,50 48,33 ----- -----
82,1 ----- ----- 8,40 28,00 ----- -----
83,1 ----- ----- 5,50 18,33 ----- -----
84,0 ----- ----- 3,50 11,67 ----- -----
100

% Abatim ento S lum p


80

60

40

20

0
50 60 70 80 90 100
% Só lidos em m assa

C ONE - A mostra III C ILIND RO - A mostra III


C ILIND RO - A mostra II C ONE - A mostra II
C ILIND RO - A mostra V C ONE - A mostra V

Figura 5.40: Gráfico % de abatimento da altura “slump” em função do adensamento de


pasta, considerando cone e cilindro.

Ao se observar a Figura 5.40 nota-se que, em geral, o cilindro prediz sempre


adensamentos menores de pasta para atingir uma mesma altura “slump”.
Especificamente, para as pastas estudadas, observa-se que a maior diferença obtida
corresponde ao sistema de pasta da amostra II, que apresenta a distribuição
granulométrica mais fina, seguida da amostra V que corresponde a mistura de 50% da
amostra II e 50% da amostra III e por último a amostra III, que apresenta uma diferença
mínima.

Na Figura 5.41 são apresentadas fotografias dos testes de cone e cilindro


“slump” realizados com a amostra V, indicando também os valores dos
correspondentes adensamentos de pasta e frações de abatimento do “slump”.
As Figuras 5.41 – a, 5.41 – c e 5.41 – e mostram as fotografias correspondentes
aos testes de cone “slump”, enquanto as Figuras 5.41 – b, 5.41 – d e 5.41 – f exibem
os perfis dos testes de cilindro “slump”, realizados com as pastas da amostra V. As
indicações dos adensamentos utilizados e da resposta, expressa como % de abatimento
do cone ou cilindro, são mostrados nesta mesma figura.
cone cilindro

80,1 % S a b 74 % S
76 % S
s/H = 0.75 s/H = 0.72
c d s/H = 0.46

81,7 % S
s/H = 0.52

82,5 % S
s/H = 0.33
e f
cone cilindro

78 % S
s/H = 0.37

cone cilindro

Figura 5.41: Fotografias dos testes de “slump” realizados com pastas da amostra V,
utilizando geometrias cônica e cilíndrica.

A Figura 5.41 ilustra as diferenças que foram registradas na totalidade das


amostras estudadas, as quais são certamente menores no caso da amostra de
granulometria mais grosseira (amostra III), o que pode ser observado na Figura 5.40
anterior, e muito mais significativa para o caso da amostra II de granulometria mais fina
(a qual alcança mais de 13 pontos percentuais).
5.2.3. TESTE DE CALHA (“FLUME”)

O sistema de “pastefill” formado a partir da amostra I foi estudado com


inclinações de base de 0, 1, 2 e 3% para uma altura fixa de pasta na caixa da
alimentação (13cm aproximadamente) correspondente a um volume de 5.148cm3. A
Tabela V.12 mostra os resultados obtidos considerando os valores dos parâmetros
experimentais H1, H2 e L, mediante os quais foi possível calcular os valores dos ângulos
de repouso, θR.

Tabela V.12: Ângulos de repouso em função do adensamento do “pastefill” da amostra I

%S Inclinação da L H1 H2 θR
base (%) (cm) (cm) (cm) (°)
0 > 100 2,9 0,3 1,49
70 1 >100 2,5 0,3 1,26
2 > 100 2,1 0,3 1,03
3 >100 1,9 0,3 0,92
0 > 100 3,1 0,4 1,55
71 1 >100 2,9 0,3 1,49
2 > 100 2,6 0,3 1,32
3 >100 2,3 0,4 1,09
0 > 100 3,8 0,5 1,89
72 1 >100 3,4 0,4 1,72
2 > 100 3,0 0,5 1,43
3 >100 2,8 0,5 1,32
0 95,0 4,2 0,2 2,18
73 1 >100 3,9 0,6 1,89
2 >100 3,7 0,5 1,83
3 >100 3,5 0,5 1,72
0 92,5 5,0 0,9 2,35
74 1 >100 4,7 0,9 2,18
2 >100 4,6 0,9 2,12
3 >100 4,2 0,8 1,95
0 71,5 4,9 0,9 3,20
75 1 73,0 4,7 0,8 2,35
2 85,2 4,4 0,9 2,35
3 87,7 4,4 0,9 2,29
0 58,2 5,6 0,9 4,62
76 1 59,6 5,2 0,7 4,32
2 64,8 5,0 0,6 3,88
3 71,5 4,7 0,5 3,36

A Figura 5.42 apresenta o gráfico do ângulo de repouso, θR em função da


inclinação da base (expressa em %) para os adensamentos de 70 até 76% de sólidos em
massa, considerados para as pastas da amostra I.
5
4,5
Ângulo de repouso (°)
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
0 1 2 3
% Inclinação da base

70%S 71%S 72%S 73%S 74%S 75%S 76%S

Figura 5.42: Gráfico do ângulo de repouso em função da inclinação da base, para


“pastefill” da amostra I, na faixa de 70 a 76% em sólidos.

Considerando-se a Tabela V.12 e a Figura 5.42, observa-se uma tendência à


queda nos valores do ângulo de repouso das pastas, quando a inclinação da base da
calha vai sendo incrementada, efeito que se apresenta na totalidade das pastas estudadas.
Essa queda é cada vez mais gradual em termos absolutos, conforme a pasta encontra-se
mais diluída. Isto pode ser verificado fazendo-se a comparação das pastas com 70 e
76% em sólidos. Na pasta de 70% de sólidos, o ângulo de repouso cai em 0,23°, 0,46° e
0,57° em referência do valor inicial sem inclinação da base; já para a pasta de 76% de
sólidos, o ângulo de repouso cai em 0,30°, 0,74° e 1,26° nas mesmas condições
anteriores.

A Tabela V.13 mostra os valores de ângulo de repouso obtidos para as 6


amostras estudadas, considerando-se a inclinação da base da calha de 0 e 3%.
Tabela V.13: Ângulos de repouso em função do adensamento da pasta

Ângulo de repouso, θR (°)


%S Inclinação Amostra I Amostra II Amostra III Amostra IV Amostra V Amostra VI
base (%)
57 0 ----- 2.63 ----- ----- ----- -----
3 ----- 1.89 ----- ----- ----- -----
58 0 ----- 3.53 ----- ----- ----- -----
3 ----- 2.68 ----- ----- ----- -----
59 0 ----- 4.68 ----- ----- ----- -----
3 ----- 3.39 ----- ----- ----- -----
60 0 ----- 5.62 ----- ----- ----- -----
3 ----- 4.76 ----- ----- ----- -----
61 0 ----- 7.77 ----- ----- ----- -----
3 ----- 6.26 ----- ----- ----- -----
62 0 ----- 9.46 ----- ----- ----- -----
3 ----- 8.47 ----- ----- ----- -----
63 0 ----- 12.56 ----- ----- ----- -----
3 ----- 11.44 ----- ----- ----- -----
64 0 ----- 16.62 ----- ----- ----- -----
3 ----- 15.58 ----- ----- ----- -----
65 0 ----- 8.28 ----- ----- ----- -----
3 ----- 8.63 ----- ----- ----- -----
68 0 ----- ----- ----- 5,5 ----- -----
3 ----- ----- ----- 5,0 ----- -----
69 0 ----- ----- ----- 7,2 ----- -----
3 ----- ----- ----- 6,5 ----- -----
70 0 1,49 ----- ----- 10,5 ----- -----
3 0,92 ----- ----- 9,9 ----- -----
71 0 1,55 ----- ----- 12,3 ----- -----
3 1,09 ----- ----- 11,8 ----- -----
72 0 1,89 ----- ----- 16,0 ----- -----
3 1,32 ----- ----- 15,4 ----- -----
73 0 2,18 ----- ----- 13,1 5,0 -----
3 1,72 ----- ----- 12,5 4,3 -----
74 0 2,35 ----- 1,15 10,4 7,0 -----
3 1,95 ----- 0,86 10,0 6,4 -----
75 0 3,20 ----- 1,43 ----- 11,5 -----
3 2,29 ----- 1,09 ----- 10,7 -----
76 0 4,62 ----- 1,83 ----- 15,9 -----
3 3,36 ----- 1,2 ----- 14,7 -----
77 0 ----- ----- 3,23 ----- 10,0 -----
3 ----- ----- 2,23 ----- 8,9 -----
78 0 ----- ----- 4,43 ----- ----- 4,12
3 ----- ----- 4,07 ----- ----- 2,98
79 0 ----- ----- 9,42 ----- ----- 6,32
3 ----- ----- 9,34 ----- ----- 5,48
80 0 ----- ----- 15,61 ----- ----- 10,79
3 ----- ----- 16,54 ----- ----- 9,71
81 0 ----- ----- 15,26 ----- ----- 15,04
3 ----- ----- 14,48 ----- ----- 14,88
82 0 ----- ----- 12,77 ----- ----- 6,12
3 ----- ----- 10,11 ----- ----- 3,47
A Figura 5.43 mostra a relação entre os ângulos de repouso dos “pastefill” em
função dos adensamentos considerados nas diferentes pastas estudadas.

18
16
14
Ângulo repouso (°)

12
10
8
6
4
2
0
55 60 65 70 75 80 85
% Sólidos (em massa)
Amostra III - 0% incl. Amostra III - 3% incl. Amostra II - 0%
Amostra II - 3% Amostra VI - 0% Amostra VI - 3%
Amostra V - 0% Amostra V - 3% Amostra IV - 0%
Amostra IV - 3% Amostra I - 0% Amostra I - 3%

Figura 5.43: Gráfico do ângulo de repouso em função do adensamento da pasta.

Da Tabela V.13 e da Figura 5.43 observa-se que há um ordenamento das curvas


correspondentes ao ângulo de repouso dos sistemas de “pastefill” estudados em função
do adensamento da pasta, aparecendo como extremos as correspondentes as amostras II
e III. Um fato a ser ressaltado, neste caso, é que os menores valores obtidos para o caso
da pasta da amostra I, que corresponde a uma mistura de rejeitos da separação
magnética e de lamas de ferro, não superaram os 5°, já que, na realidade, não foi
atingido seu máximo valor como nos demais sistemas. De qualquer forma, um valor de
5° de ângulo de repouso é interessante na hora de se projetar a disposição final desse
material. Todas as demais curvas superam o valor de 15° no ângulo de repouso, valor
muito mais elevado que o normalmente utilizado nas minerações que empregam este
tipo de sistema de disposição. Cabe destacar o fato que obteve-se uma ampla faixa de
adensamento de sólidos dos “pastefill”, para os quais diferentes sistemas de rejeitos e
lamas de ferro podem apresentar valores muito atrativos na necessidade de disposição
destes materiais, sejam preenchimentos subterrâneos ou superficiais.
É também importante salientar o fato de que a maior inclinação da base causa
redução no possível ângulo de repouso do “pastefill”, que está relacionado diretamente
com o tipo de terreno considerado para a disposição do material.
A maior ou menor inclinação no terreno, no qual vai ser disposto o material de
tipo “pastefill”, pode influenciar outros aspectos como é o caso da eliminação da água
da pasta. Este e outros fenômenos são apresentados na Figura 5.44.

a b
73% S
0% 74% S
incl.
1% incl.

71% S 5 min.

0%
incl.
c

Figura 5.44: Fotografias de testes de “flume” de pastas da amostra I.

Na Figura 5.44 - a pode-se apreciar o perfil da calha após realizado um teste de


“flume” usando uma pasta com adensamento de 73% de sólidos e com 0% de inclinação
da base da calha. Na Figura 5.44 – b mostra-se o detalhe do perfil final de uma pasta
mais adensada (74% em sólidos) e considerando uma inclinação de 1% na calha,
observou-se maior facilidade de separar da água quando foram decorridos 5 minutos do
início do teste. Na Figura 5.44 - c observa-se a aparição de estrias, que seria outra
característica do fluxo de “pastefill”, neste caso em uma pasta com menor adensamento
que as anteriores (71% em sólidos) e sem inclinação na calha.
Uma correlação entre os resultados de altura de “slump” e do ângulo de repouso
determinado através da realização do teste de “flume” pode ser facilmente obtida ao
contrastar esses resultados para quaisquer das pastas estudadas. Como exemplo, podem
ser consideradas as amostras I, II e III, cujas respostas a aqueles parâmetros são
apresentadas na Tabela V.14.
Tabela V.14: Valores de altura “slump” e ângulo de repouso para amostras originais

Amostra I Amostra II Amostra III


%S Inclinação HS θR HS θR HS θR
base (%) (cm) (°) (cm) (°) (cm) (°)
57 0 ----- ----- ----- 2.63 ----- -----
3 ----- 1.89 -----
58 0 ----- ----- ----- 3.53 ----- -----
3 ----- 2.68 -----
59 0 ----- ----- ----- 4.68 ----- -----
3 ----- 3.39 -----
60 0 ----- ----- 6,70 5.62 ----- -----
3 ----- 4.76 -----
61 0 ----- ----- 5,40 7.77 ----- -----
3 ----- 6.26 -----
62 0 ----- ----- 4,80 9.46 ----- -----
3 ----- 8.47 -----
63 0 ----- ----- 4,40 12.56 ----- -----
3 ----- 11.44 -----
64 0 ----- ----- 3,75 16.62 ----- -----
3 ----- 15.58 -----
65 0 ----- ----- 2,50 8.28 ----- -----
3 ----- 8.63 -----
66 0 ----- ----- ----- ----- ----- -----
3 ----- ----- -----
67 0 ----- ----- ----- ----- ----- -----
3 ----- ----- -----
68 0 ----- ----- ----- ----- ----- -----
3 ----- ----- -----
69 0 ----- ----- ----- ----- ----- -----
3 ----- ----- -----
70 0 7,70 1,49 ----- ----- ----- -----
3 0,92 ----- -----
71 0 7,55 1,55 ----- ----- ----- -----
3 1,09 ----- -----
72 0 6,50 1,89 ----- ----- ----- -----
3 1,32 ----- -----
73 0 5,75 2,18 ----- ----- ----- -----
3 1,72 ----- -----
74 0 4,40 2,35 ----- ----- ----- 1,15
3 1,95 ----- 0,86
75 0 3,50 3,20 ----- ----- ----- 1,43
3 2,29 ----- 1,09
76 0 2,50 4,62 ----- ----- ----- 1,83
3 3,36 ----- 1,2
77 0 2,10 ----- ----- ----- ----- 3,23
3 ----- ----- 2,23
78 0 ----- ----- ----- ----- 8,50 4,43
3 ----- ----- 4,07
79 0 1,50 ----- ----- ----- 7,00 9,42
3 ----- ----- 9,34
80 0 ----- ----- ----- ----- 6,20 15,61
3 ----- ----- 16,54
81 0 0,85 ----- ----- ----- 4,40 15,26
3 ----- ----- 14,48
82 0 ----- ----- ----- ----- 2,90 12,77
3 ----- ----- 10,11
Assim, a Figura 5.45 apresenta fotografias dos testes de “slump” e “flume”
realizados com pastas da amostra III. Observa-se a correlação que existe entre os
parâmetros reológicos HS e θR , que caracterizam esses sistemas de “pastefill”.

a
θR = 14,48° θR = 4,07° d
c
Amostra III - 81%S Amostra III - 78%S
HS = 4,4 cm HS = 8,5 cm
b e

Figura 5.45: Fotografias de testes de “slump” e “flume” de pastas da amostra III.

A Figura 5.45 mostra uma grande diferença de comportamento das pastas com
adensamentos próximos como 78 e 81% em sólidos. A pasta com 81% de sólidos
apresenta alto valor do ângulo de repouso (14,48°, Figura 5.45 - a) e uma altura de
“slump” muito apropriada de 4,4cm no cilindro de laboratório (44% de abatimento,
Figura 5.45 - b). A forma do “slump” formado neste caso revela um comportamento
diferente ao tradicional abatimento com forma de cone truncado, fato que pode ser
explicado dada a origem particular desse tipo de material, que corresponde a um rejeito
do processo de flotação, e que, portanto, deve apresentar um mais alto grau de
hidrofobicidade. A pasta com 78% de sólidos depositada com uma inclinação da base
da calha de 3%, apresenta 4,07° para o ângulo de repouso (Figura 5.45 - c), que é um
valor menor que o anterior, e uma altura de “slump” muito grande (8,5cm que
representa um abatimento de um 85%, Figura 5.45 - e). Na fotografia mostrada pela
Figura 5.45 - d, nota-se desprendimento da água da pasta ao final do teste, fato que está
de acordo com o caráter mais hidrofóbico da amostra III.
5.2.4.- ENSAIOS MECÂNICOS

Os resultados apresentados neste capítulo são aqueles obtidos nos testes de


compressão simples, aplicados aos corpos de prova fabricados segundo a norma NBR
7215 de cimento portland, e com as condições experimentais apresentadas na Tabela
V.15:

Tabela V.15: Condições experimentais e características dos corpos de prova

Amostra Tempo de Adição de Data de Data de N° de corpos


sólida usada cura (dias) ligante (%)elaboração rompimento de prova
Cimento 7 ----------
28-10-2004 04-11-2004 3
puro (CP-05) 21 ----------
28-10-2004 18-11-2004 3
28 ----------
28-10-2004 25-11-2004 3
35 ----------
28-10-2004 02-12-2004 3
Amostra I 21 4 e 8% de 28-10-2004 18-11-2004 6
35 CP-05 28-10-2004 02-12-2004 6
Amostra I 21 4 e 8% de 28-10-2004 18-11-2004 6
35 MK 28-10-2004 02-12-2004 6
Amostra II 7 4% de CP-05 22-12-2004 29-12-2004 4
28 22-12-2004 19-01-2005 4
Amostra III 7 4% de CP-05 22-12-2004 29-12-2004 4
28 22-12-2004 19-01-2005 4
Amostra III 7 4% de 22-12-2004 29-12-2004 4
28 (MK + CaO) 22-12-2004 19-01-2005 4
Amostra V 7 4% de CP-05 22-12-2004 29-12-2004 4
28 22-12-2004 19-01-2005 4

Os resultados desses testes de compressão simples são apresentados na Tabela


V.16.
Ao observar de forma geral os valores da Tabela V.16, verifica-se que tanto para
as amostras de cimento portland puro (CP-05) quanto para o “pastefill” da amostra I, os
valores máximos da tensão de ruptura são alcançados para os 21 dias de cura. Ao
analisar os valores das tensões de ruptura do “pastefill” da amostra I observa-se
claramente que todos os registros superam a cota de 2MPa, ao considerar 21 e 35 dias
de cura. Apreciam-se diferenças entre as tensões obtidas com “pastefill” cimentado
com 4 e 8% de CP, sendo maiores no segundo caso (quase 1MPa a mais, considerando
os valores médios).
Tabela V.16: Resultados dos ensaios mecânicos de compressão simples

N° corpo de Tempo de Adição de Data de Data de Tensão de


prova cura (dias) ligante (%) fabricação rompimento ruptura (MPa)
1 (CP-05) 7 ---- 28-10-2004 18-11-2004 15,48
2 (CP-05) 7 ---- 28-10-2004 18-11-2004 16,14
3 (CP-05) 7 ---- 28-10-2004 18-11-2004 14,79
1 (CP-05) 21 ---- 28-10-2004 18-11-2004 30,14
2 (CP-05) 21 ---- 28-10-2004 18-11-2004 28,58
3 (CP-05) 21 ---- 28-10-2004 18-11-2004 29,78
1 (CP-05) 28 ---- 28-10-2004 18-11-2004 25,11
2 (CP-05) 28 ---- 28-10-2004 18-11-2004 28,55
3 (CP-05) 28 ---- 28-10-2004 18-11-2004 26,81
4 (CP-05) 35 ---- 28-10-2004 02-12-2004 26,55
5 (CP-05) 35 ---- 28-10-2004 02-12-2004 25,30
6 (CP-05) 35 ---- 28-10-2004 02-12-2004 27,68
7 (Am. I) 21 4% CP-05 28-10-2004 18-11-2004 2,450
8 (Am. I) 21 4% CP-05 28-10-2004 18-11-2004 2,101
9 (Am. I) 21 4% CP-05 28-10-2004 18-11-2004 2,227
10 (Am. I) 35 4% CP-05 28-10-2004 02-12-2004 2,165
11 (Am. I) 35 4% CP-05 28-10-2004 02-12-2004 2,066
12 (Am. I) 35 4% CP-05 28-10-2004 02-12-2004 ----
13 (Am. I) 21 8% CP-05 28-10-2004 18-11-2004 3,014
14 (Am. I) 21 8% CP-05 28-10-2004 18-11-2004 2,947
15 (Am. I) 21 8% CP-05 28-10-2004 18-11-2004 3,102
16 (Am. I) 35 8% CP-05 28-10-2004 02-12-2004 2,547
17 (Am. I) 35 8% CP-05 28-10-2004 02-12-2004 2,694
18 (Am. I) 35 8% CP-05 28-10-2004 02-12-2004 3,168

Nas Tabelas do Anexo V são apresentados os dados dos testes de compressão


simples, aplicados aos corpos de prova de cimento puro e dos pastefill estudados.

Na Figura 5.46 são apresentadas as curvas dos gráficos da tensão instantânea em


função do tempo, para a amostra I cimentada com 4% e 8% de CP para tempos de cura
de 21 e 35 dias.

Da Figura 5.46 observa-se um comportamento de constantes quedas e


recuperações nos valores da carga aplicada, o qual foi comum em todos os corpos de
prova dos “pastefill” estudados. Especificamente nesta figura, foram apresentados
resultados de corpos de prova individuais e não de valores médios calculados. Também
foram informados os valores da tensão de ruptura (TR) para as quatro curvas
apresentadas, as que revelam que o maior valor corresponde ao “pastefill” cimentado
com 8% de CP e curado de 21 dias (3,01MPa), enquanto que o menor valor de 2,10MPa
corresponde ao “pastefill” cimentado com 4% de CP e curado de 21 dias. Os perfis das
curvas correspondentes à adição de 8% de CP como ligante apresentam um máximo e
logo um decaimento no valor da tensão instantânea. No caso dos corpos de prova
cimentados com 4% de CP como ligante aprecia-se uma tendência a estabilidade no
valor da tensão.

3,5
TR=3,01 MPa
3,0
TR=2,55 MPa
T ensão (M Pa)

2,5
TR=2,17 MPa TR=2,10 MPa
2,0

1,5

1,0

0,5

0,0
0 200 400 600 800 1000
T empo (s)

Am.I+8% CP-21dias Am.I+4% CP-35dias


Am.I+4% CP-21dias Am.I+8% CP-35dias

Figura 5.46: Gráfico tensão instantânea em função do tempo para amostra I.

Outro aspecto interessante que mostra a Figura 5.46 é a longa duração desses
testes de compressão, que alcançaram valores equivalentes a 1000s (corpos de prova
curados durante 35dias), em comparação com os de cimento puro, que registraram
ciclos máximo de ruptura equivalentes aos 200s. Para chegar a este resultado foi
preciso trabalhar com a mínima velocidade da prensa hidráulica, que neste caso
correspondeu à aquela velocidade mínima da máquina (V1). Observa-se também ao
visualizar os valores de tensão instantânea, que existem ciclos de queda e recuperação
nos valores da carga aplicada, segundo mostram as curvas do gráfico da Figura 5.46 e
que caracteriza o comportamento mecânico destes sistemas de “pastefill”, efeito não
observado no caso do cimento puro, segundo mostra-se na Figura 5.47.
35

Tensão instantânea (MPa)


30
25
20
15
10
5
0
0 100 200 300 400
Tempo (s)

CP-1 CP-2 CP-3

Figura 5.47: Comportamento mecânico de corpos de prova de cimento puro.

Da Figura 5.47 observa-se que para as três curvas apresentadas que


correspondem a três corpos de prova (CP-1, CP-2 e CP-3) de cimento puro com tempo
de cura de 35 dias, existe uma tendência ao crescimento até alcançar o valor máximo da
tensão de ruptura. A curva se apresenta sem oscilações dos valores, diferentemente do
comportamento mostrado pelos corpos de prova dos diferentes “pastefill” cimentados.
Além disso, observa-se valores de resistência (tensão de ruptura) muito maiores que os
atingidos pelo cimento puro CP-05, que em média alcançou o valor equivalente a
28MPa.

Uma comparação dos comportamentos mecânicos das amostras originais II e III


e da mistura, chamada amostra V, consierando os tempos de cura de 7 e 28 dias,
empregando os ligantes CP e (MK+CaO), é apresentada na Tabela V.17.
Deve-se mencionar o fato que neste último caso (estudo das amostras II, III e V)
foi utilizada outra prensa hidráulica para realizar os ensaios de compressão simples,
dado que a máquina mais moderna e conectada ao computador através de uma interface,
não estava em operação na data programada para os rompimentos. A máquina usada
neste caso não conseguia alcançar as baixas velocidades de aplicação de carga
desejadas, essa seria a explicação dos menores valores das resistências à compressão
obtidas.
Tabela V.17 - a): Valores das resistências e tensões de ruptura alcançadas pelos corpos
de prova das amostras II, III e V, para tempo de cura de 7 dias

# Amostra Ligante Resistência Tensão Ruptura Tensão Ruptura


corpo Ruptura (MPa) média (MPa)
prova (kgf)
1 II 4% CP 200 1,039
2 II 4% CP 260 1,350
3 II 4% CP 200 1,039 1,169
4 II 4% CP 240 1,246
1 III 4% CP 220 1,142
2 III 4% CP 250 1,298
3 III 4% CP 280 1,454 1,298
4 III 4% CP 250 1,298
1 V 4% CP 400 2,077
2 V 4% CP 450 2,337
3 V 4% CP 450 2,337 2,207
4 V 4% CP 400 2,077
1 III 4% (MK+CaO) ------ ------
2 III 4% (MK+CaO) ------ ------
3 III 4% (MK+CaO) ------ ------ ------
4 III 4% (MK+CaO) ------ ------

Tabela V.17 - b): Valores das resistências e tensões de ruptura alcançadas pelos corpos
de prova das amostras II, III e V, para tempo de cura de 28 dias

# Amostra Ligante Resistência Tensão Ruptura Tensão Ruptura


corpo Ruptura (MPa) média (MPa)
prova (kgf)
1 II 4% CP 100 0,519
2 II 4% CP 110 0,571
3 II 4% CP 110 0,571 0,584
4 II 4% CP 130 0,675
1 III 4% CP 220 1,142
2 III 4% CP 230 1,194
3 III 4% CP 180 0,935 1,039
4 III 4% CP 170 0,883
1 V 4% CP 360 1,869
2 V 4% CP 375 1,947
3 V 4% CP 325 1,688 1,818
4 V 4% CP 340 1,766
1 III 4% (MK+CaO) 45 0,234
2 III 4% (MK+CaO) 55 0,286
3 III 4% (MK+CaO) ------ ------ 0,260
4 III 4% (MK+CaO) ------ ------
Para esquematizar os valores obtidos da tensão média de ruptura nos diferentes
corpos de prova estudados, é apresentado o gráfico ilustrado na Figura 5.48. Neste
gráfico de barras foram considerados os valores médios das tensões de ruptura
alcançadas nos corpos de prova das amostras II, III e V para tempos de cura de 7 e 28
dias e para os elementos ligantes 4% de CP e 4% de (MK+CaO), devido a que a adição
de meta caulim sozinho não apresentou o resultado esperado.

2,5
Tensão ruptura

2,0
1,5
(MPa)

1,0

0,5
0,0
28 C P
P

K
28 C P
P

-4 P
M
C
C
II-2 %C

III- %C
V- %
%
4%

4%

%
-4

4
-4

-4
7-
8-

7-
II-7

28
V-
III-
III-

Figura 5.48: Gráfico da tensão de ruptura para os “pastefill” estudados.

A Figura 5.48 mostra que a maior resistência e, portanto, maior tensão de


ruptura alcançada é aquela exibida pelo “pastefill” preparado com a amostra V com 7
dias de cura e 4% de CP usado como ligante, a qual supera a cota dos 2MPa de
resistência da mesma forma que os corpos de prova testados com a amostra I (ver
Tabela V.12 e Figura 5.46), ainda considerando a maior velocidade de aplicação de
carga na prensa hidráulica utilizada. No caso do “pastefill” preparado com a amostra III
tem-se um comportamento médio similar ao apresentado por aquele da amostra II, com
a diferença que este cresceu no valor da tensão de ruptura ao aumentar o tempo de cura
(de 7 para 28 dias). No caso da amostra cimentada com MK e CaO, tem-se a resistência
mais baixa, que apenas supera a cota dos 0,25MPa. Este resultado é muito interessante
dado que o ligante utilizado não contém cimento, ainda que somente foi possível medir
resistência à compressão em dois corpos de prova daqueles com 28 dias de cura. Deve
mencionar-se que a consistência do “pastefill” obtido com o ligante MK e CaO é aquela
requerida para a disposição superficial ou subterrânea, dado seu maior tempo de
endurecimento, além de que o custo associado é muito menor.

Sob um ponto de vista mais macroscópico, são apresentadas fotografias dos


corpos de prova antes e após o rompimento nos testes de compressão não confinada,
que podem ser vistas nas Figuras 5.49 até 5.52.

Figura 5.49: Fotografias de corpos de prova da amostra II cimentado com 4% CP e 7


dias de cura, a) antes do rompimento, c) após ruptura

Figura 5.50: Fotografias de corpos de prova da amostra V cimentado com 4% CP e 7


dias de cura, a) antes do rompimento, c) após ruptura
a

Figura 5.51: Fotografias de corpos de prova da amostra III cimentado com 4% CP e 7


dias de cura, a) antes do rompimento, c) após ruptura

a b

Figura 5.52: Fotografias de corpos de prova da amostra III cimentado com 4%


(MK+CaO) e 7 dias de cura, a) e b) antes de rompimento, c) após ruptura

É muito interessante destacar que o tipo de fratura é o mesmo apresentado nos


dois períodos de cura considerados (7 e 28 dias), oblíqua no sentido vertical do corpo de
prova.
As propriedades físicas de permeabilidade e densidade, foram determinadas para
alguns dos corpos de prova ensaiados. Os resultados são apresentados na Tabela V.18 a
seguir:

Tabela V.18: Porosidade e densidade de alguns dos corpos de prova ensaiados

Corpo Amostra Ligante Tempo cura ε Densidade


prova (dias) (cm3/cm3) (g/cm3)
1 CP-05 100% CP 35 0,648 2,516
2 I 4% CP 35 0,665 3,950
3 I 8% CP 35 0,698 3,643
4 II 4% CP 28 0,720 3,450
5 V 4% CP 28 0,670 3,332
6 III 4% CP 28 0,475 3,628
7 III 4% (MK+CaO) 28 0,542 3,043

A Tabela V.18 mostra que o corpo de prova de cimento puro tem a menor
densidade em relação aos demais corpos de prova ensaiados e uma porosidade
significativa em relação aos demais (0,648). Destacam-se como casos extremos o corpo
de prova da amostra I com a maior densidade (3,95) e aqueles da amostra III que foram
cimentados com CP e a mistura (MK+CaO), os quais mostram-se com a mais baixa
porosidade (0,475) e mais baixa densidade dentro dos “pastefill” cimentados (3,043),
respectivamente.
Nota-se que a adição de meta caulim e cal causa uma queda no valor da
densidade do material (já que o valor da amostra III era de 3,31g/cm3), incrementando a
porosidade do “pastefill” (ao comparar com aquele cimentado com CP), e claro,
melhorando sua resistência à compressão, mediante seu papel de aglomerante. Esta
afirmação é somente válida no caso da amostra III, que foi a única testada com a adição
dessa mistura ligante. No caso do ligante CP dependendo da granulometria do
“pastefill” empregado, pode ocasionar quedas nos valores da densidade dos “pastefill”
de granulometria mais fina (caso das amostras I e II) ou aumentos naqueles de
granulometria mais grosseria (caso da amostra III). Isso pode ser observado ao
comparar os resultados apresentados nas Tabelas V.1 e V.18.
A microscopia eletrônica de varredura (MEV) forneceu algumas informações
sobre a morfologia das partículas e aglomerados formados no caso das pastas
cimentadas que foram estudadas. Na Figura 5.53 são apresentadas as fotografias de
MEV correspondentes aos corpos de prova já fraturados, cujas superfícies somente
foram metalizadas. São incluídos os corpos de prova fraturados do cimento puro CP-05,
do “pastefill” da amostra I cimentada com 4% de CP, ambos com 35 dias de cura.
Também os corpos de prova dos “pastefill” preparados com a amostra III e cimentados
com 4% de CP e com 4% da mistura MK e CaO, ambos com períodos de cura de 7 dias,
foram analisados.

a b

c d

Figura 5.53: Fotografias de imagens MEV com elétrons retroespalhados de diferentes


corpos de prova fraturados: a) cimento puro, 2000X; b) amostra I + 4% CP, 2000X; c)
amostra III + 4%CP, 2000X; d) amostra III + 4% (MK + CaO), 1000X

A Figura 5.53 – a mostra a estrutura do corpo de prova de cimento puro CP-05,


fraturado após 35 dias de cura. Observa-se que não aparecem grãos, e se apreciam
estruturas de tipo agulhas, as quais são típicas das amostras cimentadas.
A Figura 5.53 – b, que apresenta a estrutura do corpo de prova da amostra I
cimentada com 4% de CP, fraturado após 35 dias de cura, mostra uma estrutura mais
cristalina que a anterior e menos agregada. Além disso, nota-se uma região de poros
(direita) e as típicas formas de agulhas em mais baixa proporção (zona central).
A Figura 5.53 – c apresenta a estrutura do corpo de prova da amostra III
cimentada com 4% de CP, fraturado após 7 dias de cura, mostrando uma estrutura
cristalina com partículas de maior tamanho que a apresentada na Figura 5.24 – b,
apreciando-se as típicas formas de agulhas das amostras cimentadas com CP.
Finalmente, a Figura 5.53 – d apresenta a estrutura do corpo de prova da
amostra III cimentada com 4% da mistura de MK e CaO, também fraturado após 7 dias
de cura, apresentando uma estrutura cristalina com partículas de granulometria mais
grosseira que a ilustrada na Figura 5.53 – b, apreciando-se uma formação mais
aglomerada das partículas minerais, provavelmente devido à ação da adição do meta
caulim nesses sistemas de “pastefill”.
5.2.5.- TESTES DE PERMEABILIDADE À ÁGUA

Não foi possível obter resultados de testes de permeabilidade com os corpos de


prova das amostras II, III e V, cimentados com 4 e 8% de CP, de dimensões
15cm×15cm e 2cm de espessura, empregando o permeabilimetro de Germann, dada a
baixa resistência mecânica dos corpos de prova. Optou-se em fazer a determinação da
permeabilidade de Karsten, que é uma técnica que não aplica tensão sobre o corpo de
prova. Os resultados obtidos neste caso são apresentados na Tabela V.19. É
importante mencionar que somente se conseguiu registrar valores dentro da escala de
medida, em dois dos cinco corpos de prova ensaiados.

Tabela V.19 – a): Dados experimentais e calculados dos testes de permeabilidade à água
para pastefill da amostra II

Dosagem Leitura Tempo Volume de Fluxo de água


Ligante água ×104 (ml/s)
CP (%) N° (min) (ml)
8 1 3 0,4 22,22
8 2 6 0,7 19,44
8 3 10 0,7 11,67
8 4 90 4,0 7,41

Tabela V.19 – b): Dados experimentais e calculados dos testes de permeabilidade à água
para pastefill da amostra V

Dosagem Leitura Tempo Volume de Fluxo de água


Ligante água ×104 (ml/s)
CP (%) N° (min) (ml)
8 1 3 0,5 27.78
8 2 6 0,7 19,44
8 3 10 1,0 16,67
8 4 90 5,0 9,26

Dos valores apresentados nas Tabelas V.19 – a e V.19 – b, observa-se que


ambos “pastefill” apresentaram uma menor permeabilidade que os demais corpos de
prova (amostra III com 4 e 8% de CP, das mesmas amostras II e V cimentadas com 4%
de CP), e além disso aparece um pouco menos permeável ao fluxo de água o pastefill
preparado com a amostra II que aquele da amostra V. Deve mencionar-se que o tempo
de cura destes corpos de prova ensaiados foi de apenas 7 dias.
6.- CONCLUSÕES

Segundo a revisão bibliográfica considerada neste estudo de caracterização de


pastas minerais, pode-se concluir que a medida que o tempo avança cada vez cresce
mais o número de usinas mineiras que praticam o sistema de disposição de rejeitos de
seu processo produtivo na forma de pastas minerais. Este tipo de disposição apresenta
variadas vantagens sobre o tratamento convencional de disposição dos rejeitos, que
contempla a utilização de bacias ou barragens de rejeitos, que confinam esses produtos
na forma de polpas.

Quanto às amostras sólidas estudadas, pode-se concluir o seguinte:

- As amostras sólidas originais (I, II e III) foram originadas em distintos


estágios do tratamento de minério de ferro e apresentaram características físicas e
químicas muito diferentes.
A amostra I apresentou a maior densidade (4,41 g/cm3), uma distribuição
granulométrica bastante fina (d50 equivalente a 6,44µm), e elevado valor do índice de
Blaine (4680 cm2/g).
A amostra II mostrou uma densidade intermediária em relação às amostras
originais (3,66 g/cm3), distribuição granulométrica mais fina (d50 equivalente a
4,34µm), e o mais alto valor do índice de Blaine (9545 cm2/g).
A amostra III apresentou o mais baixo valor da densidade (3,31 g/cm3), a
distribuição granulométrica mais grosseira de todas (d50 equivalente a 71,54µm), e o
mais baixo dos valores obtidos para o índice de Blaine (813 cm2/g).

- Quanto às características químicas das amostras sólidas, como a composição


química, composição mineralógica e comportamento da carga superficial, pode-se
concluir:
A amostra I mostrou a espécie mineralógica hematita como a predominante
(80% em massa aproximadamente), acompanhada de outras espécies como quartzo
(5%) e alumina (4%), o que pode ser afirmado com base nos resultados das técnicas de
EAA, e DRX, respaldados pelos obtidos através de FRX, MEV e EIV.
A amostra II também mostrou a espécie mineralógica hematita como a
predominante (60% em massa aproximadamente), além de outras espécies como
quartzo (10%), caulinita, talco e pirolusita, dentre outras.
A amostra III mostrou a predominância de duas espécies mineralógicas, o
quartzo (52% em massa) e a hematita (44% em massa).

- Através da técnica de MEV, pode-se corroborar qualitativamente a presença


de espécies de maior predominância em cada uma das amostras.

- Quanto ao comportamento da carga superficial das partículas, foram


estudadas as suspensões aquosas das amostras II e III, devido a suas características
físicas e químicas tão desiguais. Pode-se concluir que o valor de pH determinado para o
ponto isoelétrico (PIE) para a amostra II foi de 6,6 e para a amostra III, 4,3. Ambos
valores estão em concordância como os informados na literatura científica, pH do PIE
na faixa 7 – 8 para a hematita, e na faixa 2 – 3 para quartzo.

- Com a finalidade de comparar os valores da ASE das amostras originais e


das misturas, foi determinado o índice de Blaine de todas as amostras em sua forma
sólida. Conclui-se que os valores da ASE registrados ao usar a metodologia de Blaine,
apresentaram a ordem crescente que seria a correspondente às amostras: III, VI, V, IV e
II.

Quanto às pastas minerais estudadas, pode-se concluir:

- De uma maneira geral, o valor da viscosidade das pastas minerais aumentou na


razão direta do aumento da porcentagem de sólidos, nas mesmas condições de operação,
as pastas preparadas com a amostra II apresentaram os maiores valores de viscosidade,
tanto nos ciclos reológicos mais lentos (1 – 20 – 1 rpm) quanto naqueles mais rápidos
(1 –180 – 1 rpm).
- Quanto às leituras da viscosidade em função do tempo para velocidades de
rotação da haste fixas, pode dizer-se que, em geral, os menores valores na viscosidade
foram registrados naqueles “pastefill” preparados com a amostra III.

- Quanto ao comportamento reológico das pastas preparadas com as amostras


originais e misturas, tem-se que a amostra III se apresentou mais reotrópica em
comparação aos demais “pastefill” estudados. Em geral, as misturas apresentam-se
como mais tendentes a tixotropia, enquanto que a amostra II se mostrou quase sempre
com regimes reológicos duplos (tixo e reotrópicos).
- A viscosidade normalmente cresce de forma muito significativa quando
consideram-se baixas velocidades na rotação da haste, quando aumenta o adensamento
da pasta e quando é maior a proporção de material fino e ultrafino.

- No teste de “slump”, realizado com cilindro, as amostras de granulometria


mais fina foram as que precisaram de maiores proporções de água para obter
abatimentos de “slump” compreendidos entre 0 e 100%.
- Especificamente, a amostra II mostrou as medidas de “slump” na faixa de
adensamento 60 – 65% de sólidos em massa, na amostra V na faixa 73 –81 % de sólidos
e a amostra III entre os valores 78 e 82%S, sendo neste último caso, uma faixa muito
mais estreita quanto o adensamento.
- Ao comparar as simetrias cilíndrica e cônica do “slump”, observa-se que o
teste de cone piloto, requer de maiores adensamentos para fornecer a mesma resposta de
abatimento que o cilindro de laboratório, diferença que é muito mais significativa nas
pastas de granulometria menor (amostra II) e quase nula no caso da granulometria mais
grosseira, como a amostra III.

- Quanto ao comportamento reológico das pastas no teste de calha, conclui-se


que através desta simples ferramenta pode-se determinar o ângulo de repouso dos
“pastefill” em estudo. Quando foi estudado o comportamento de pastas preparadas com
a amostra I, a calha foi inclinada 1, 2 e 3% em referência à horizontal. Determinou-se
que para uma maior inclinação da base de calha, se produzem menores ângulos de
repouso e quando os adensamentos foram menores, a queda absoluta do θR foi cada vez
mais gradual.
- Pode-se concluir que é possível alcançar valores do ângulo de repouso de até
15° ou mais, no caso das pastas preparadas com as demais amostras sólidas, cota que
corresponde a um valor muito interessante na hora de pensar na disposição final deste
material.

- Para os “pastefill” cimentados obtém-se um comportamento muito especial


com curvas que apresentam quedas e recuperações no gráfico da tensão instantânea
como uma função do tempo, fato que não é observado nos corpos de prova de cimento
puro.
- Para a amostra I, com 21 e 35 dias de cura, pode-se alcançar tensões de
ruptura superiores a 2MPa, sendo menores os valores no caso de 21 dias. Esses
resultados foram obtidos com adições de ligante de 4 e 8% em massa.
- As fotografias das imagens MEV mostraram que a ação da mistura de
MK e CaO é no sentido de aglomerar as partículas do “pastefill”, já o uso do cimento
portland permite alcançar tensões de ruptura mais elevadas, devido à sua reação com a
água, que gera estruturas diferentes. Os corpos de prova dos “pastefill” cimentados com
CP-05 e aqueles própios de cimento puro mostram, em sua estrutura, a formação das
formas aciculares típicas desses sistemas.

- Finalmente, em referência às medidas de permeabilidade de Karsten à


água dos “pastefill” cimentados com CP-05, conclui-se que uma maior presença de
ligante aumenta a impermeabilidade deste material, considerando um período de cura de
7 dias.
7. RELEVÂNCIA DOS RESULTADOS

Como já foi indicado nas conclusões, este sistema de disposição de rejeitos na


forma de pasta mineral, permite alcançar variadas vantagens frente ao ainda empregado
sistema convencional que utiliza as bacias ou barragens de rejeitos.

No contexto atual de América Latina, e do Brasil em particular, cada vez um


maior número de usinas da mineração metálica vêm incorporando este sistema de
sistema de disposição de forma mais adensada, a qual tem demonstrado grande sucesso
no mundo mineiro.

Especificamente analisando os resultados obtidos neste estudo de caracterização


de pasta mineral, destaca-se o fato de alcançar ângulos repouso dos “pastefill”
estudados da ordem de 15°, valor muito promissor ao se pensar na disposição deste
material.

Outro resultado relevante é, sem dúvida, a consistência adequada e a aceitável


resistência mecânica da pasta cimentada com a mistura de meta caulim e cal, que é
suficiente para disposição dos rejeitos numa cavidade subterrânea ou em um depósito
superficial da mineração.

São muito interessantes os resultados dos testes mecânicos de resistência à


compressão daqueles “pastefill” que foram cimentados com cimento portland (CP-05),
já que para baixas velocidades de aplicação da carga, obtêm-se níveis de resistência à
ruptura muito adequados já que superam a barreira dos 2MPa, com adição de apenas 4%
em massa deste ligante.

Foi também demostrado neste estudo, que os testes de “slump” e de “flume” são
ferramentas muito simples de realizar, mas a importância de seus resultados reológicos
fornecem uma informação muito apropriada do material que está sendo caracterizado.
As medidas da viscosidade também são de muito interesse, junto aos comportamentos
reológicos destes “pastefill”, devido a que forneceram importantes parâmetros para
dimensionamento de equipamentos de separação sólido-líquido e de transporte,
principalmente.
8. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A grande maioria dos objetivos planejados foram alcançados, mas alguns não
puderam ser completados. Por exemplo, a determinação dos módulos elásticos dos
“pastefill” cimentados é uma tarefa que ficou pendente. Do mesmo modo, a
caracterização dos “pastefill” cimentados com meta caulim ou sem adição de ligantes,
através de ensaios de caracterização de solos, como são os testes de cisalhamento direto
e triaxial, também é um desafio que está pendente. A determinação de características
físicas como o ângulo de atrito ou a coesão do material em estudo, também seria de
muito interesse.

Outros aspectos que não foram abordados neste estudo, mas que sem dúvida são
de altíssimo interesse no tema relativo às pastas minerais, é a temática relativa ao
meioambiente, gerenciamento do recurso aquoso, gerenciamento dos rejeitos
produzidos pela mineração, dimensionamento dos equipamentos produtores de pastefill,
recuperação das áreas onde os rejeitos foram dispostos, simulação dos processos de
erosão e efeito do clima sobre os preenchimentos superficiais de rejeitos na forma de
pasta, estudo de outros elementos ligantes de potencialidade técnica e econômica,
influência de reagentes (como o uso de floculantes poliméricos), dentre outros.
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ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Norma para


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ANEXOS

ANEXO I: Espectros da FRX

ANEXO II: Espectros e fichas da base de dados da DRX (JPPCDS ICDD)

ANEXO III: Dados experimentais e calculados da microeletroforese

ANEXO IV: Dados dos testes de viscosidade das pastas minerais

ANEXO V: Dados dos testes ou ensaios mecânicos de compressão simples


ANEXO I: Espectros da Fluorescência de raios X

GRAFICO I: Espectros de FRX da amostra I


GRAFICO II: Espectros de FRX da amostra II
GRAFICO III: Espectros de FRX da amostra III
ALGUMAS FICHAS DA BASE DE DADOS PARA DRX
ANEXO II: Espectros e fichas da base de dados da Difração de raios X

GRAFICO I: Espectros de DRX da amostra I


GRAFICO II: Espectros de DRX da amostra II
GRAFICO III: Espectros de DRX da amostra III
TABELA I: ALGUMAS FICHAS DE ELEMENTOS DA BASE DE DADOS JPCDS
ICDD
ANEXO III: Dados experimentais e calculados da Microeletroforese

TABELA I: Tempos registrados nos testes de microeletroforese da amostra II

pH = 8,10 – Polaridade direta


# 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ti (s) 32,58 39,28 33,18 31,84 41,18 40,28 36,10 35,60 30,20 37,80

pH = 8,10 – Polaridade reversa


# 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Ti (s) 34,90 35,40 40,00 35,90 37,70 32,10 40,70 32,80 34,75 40,41

EXEMPLO DE CÁLCULO, PARA pH = 8,10


20
tempo médio: TM = Σ Ti / n = 725,70/20 = 36,29 (s)
i =1

Velocidade média: VM = 500/36,29 = 13,78 (µm/s)

Gradiente de campo elétrico aplicado: C = V/L = 90/7,943 = 11,33 (Volts/cm)

Mobilidade eletroforética: M = VM/C = 13,78/11,33 = 1,216 (µm*cm/V/s)

Potencial Zeta (*): PZ = 12,83*M = 12,83*1,216 = - 15,603 (mV)

(*): Segundo a expressão de Smoluchowski,

Assim, a tabela com resultados de microeletroforese para a amostra II, seria a seguinte:

TABELA II: Mobilidade eletroforética e potencial zeta das suspensões da amostra II

pH I (µA) V (Volts) TM VM C M PZ (mV)


2,5 70 80 45,56 10,97 10,07 1,090 + 13,982
4,2 70 90 90,32 5,54 11,33 0,489 + 6,269
6,1 60 90 205,18 2,44 11,33 0,215 + 2,760
7,0 80 85 150,30 3,33 10,70 0,311 - 3,992
8,1 70 90 56,30 8,88 11,33 0,784 -10,057
10,0 75 90 32,15 15,55 11,33 1,373 - 17,611
11,2 80 85 21,91 22,82 10,70 2,132 -27,359
TABELA III: Mobilidade eletroforética e potencial zeta das suspensões da amostra III

pH I (µA) V (Volts) TM VM C M PZ (mV)


2,40 100 80 19,32 25,88 10,07 2,570 + 32,967
3,10 90 83 57,81 8,65 10,45 0,828 + 10,621
3,95 60 90 205,18 2,44 11,33 0,215 + 5,018
5,00 60 80 110,33 4,53 10,07 0,450 - 5,771
6,50 40 80 62,19 8,04 10,07 0,798 - 10,244
8,00 30 90 23,15 21,60 11,33 1,906 - 24,450
10,20 30 90 19,51 25,63 11,33 2,262 - 29,021
11,20 70 90 11,78 42,44 11,33 3,746 - 48,064
ANEXO IV: Dados dos testes de Viscosidade das Pastas Minerais

Tabela I-a: Pastas da amostra I de 70 e 72,5% em sólidos, ciclo 1-100-1 rpm, Haste LV-4

Amostra de 72,5% Amostra de 70 % Amostra de 72,5% Amostra de 70 %


Rotação Torque Viscosidade Torque Viscosidade Rotação Torque Viscosidade Torque Viscosidade
(rpm) (%) (%) (rpm) (%) (%)
(mPa*s) (mPa*s) (mPa*s) (mPa*s)
2.0 33.2 99579 18.8 56388 98.0 54.0 3305 36.6 2248
4.0 90.9 136321 59.9 89831 96.0 53.9 3368 35.5 2218
6.0 102.1 185947 70.2 70185 94.0 54.0 3446 34.8 2221
8.0 57.4 43041 37.8 28344 92.0 53.5 3488 34.2 2230
10.0 50.0 29994 33.6 28156 90.0 52.7 3513 34.2 2280
12.0 45.7 22845 36.9 18446 88.0 50.7 3456 33.4 2277
14.0 46.0 19710 33.4 14311 86.0 49.4 3446 33.1 2309
16.0 47.9 17959 31.9 11960 84.0 49.2 3514 32.9 2349
18.0 45.9 15297 31.1 10364 82.0 48.7 3563 32.7 2392
20.0 46.1 13827 31.5 9448 80.0 48.4 3629 32.3 2422
22.0 45.2 12325 31.7 8644 78.0 47.3 3638 32.0 2461
24.0 44.3 11073 34.1 8523 76.0 46.9 3702 31.5 2486
26.0 44.8 10336 34.0 7844 74.0 45.9 3721 31.0 2513
28.0 45.7 9791 34.4 7370 72.0 45.2 3766 30.7 2558
30.0 45.9 9178 34.8 6959 70.0 44.4 3885 30.4 2605
32.0 46.7 8754 33.9 6355 68.0 43.2 3811 30.1 2655
34.0 46.8 8257 34.1 6016 66.0 41.8 3799 29.8 2789
36.0 47.6 7932 35.0 5832 64.0 40.8 3824 29.3 2746
38.0 48.3 7625 35.3 5572 62.0 39.9 3868 29.1 2816
40.0 48.5 7273 34.8 5219 60.0 40.2 4019 28.6 2859
42.0 48.5 6927 35.8 5113 58.0 39.8 4116 28.1 2906
44.0 49.5 6749 35.6 4854 56.0 39.3 4210 27.7 2967
46.0 49.9 6507 35.8 4669 54.0 38.9 4321 27.4 3044
48.0 50.1 6261 36.3 4537 52.0 38.3 4418 27.3 3149
50.0 50.2 6023 36.3 4355 50.0 37.9 4457 26.9 3227
52.0 50.2 5791 36.5 4211 48.0 37.3 4662 26.5 3312
54.0 49.9 5543 36.6 4066 46.0 36.7 4786 26.0 3391
56.0 50.8 5442 36.1 3867 44.0 37.0 5044 25.8 3517
58.0 51.0 5275 35.3 3651 42.0 36.8 5256 25.8 3685
60.0 51.2 5119 35.8 3579 40.0 36.0 5399 25.3 3794
62.0 51.6 4992 35.6 3444 38.0 35.5 5604 25.3 3994
64.0 51.4 4818 35.8 3356 36.0 35.1 5849 24.9 4149
66.0 50.8 4617 36.0 3272 34.0 33.9 5981 24.5 4323
68.0 50.7 4473 36.1 3185 32.0 33.8 6336 23.7 4443
70.0 50.9 4362 36.6 3136 30.0 32.7 6539 22.4 4479
72.0 51.2 4266 37.0 3083 28.0 32.5 6963 22.4 4799
74.0 51.5 4175 37.4 3032 26.0 32.2 7429 22.2 5122
76.0 51.9 4096 37.7 2976 24.0 32.0 7998 22.1 5524
78.0 52.0 3999 37.7 2899 22.0 31.2 8507 21.0 5726
80.0 52.6 3944 37.5 2812 20.0 30.8 9238 20.9 6269
82.0 53.1 3885 37.6 2751 18.0 30.7 10231 20.7 6899
84.0 53.1 3792 37.8 2699 16.0 29.8 11173 20.4 7648
86.0 53.0 3697 36.5 2546 14.0 29.0 12426 20.6 8827
88.0 53.6 3654 36.4 2481 12.0 30.3 15147 20.1 10048
90.0 53.8 3586 36.8 2453 10.0 29.3 17576 21.7 13017
92.0 53.7 3501 37.1 2419 8.0 30.9 23170 21.3 15972
94.0 54.1 3452 37.3 2380 6.0 31.5 31493 20.9 28896
96.0 54.1 3381 37.5 2343 4.0 34.0 50909 22.0 32993
98.0 54.2 3318 37.5 2295 2.0 30.8 92380 20.7 62887
100.0 54.1 3245 37.4 2244
Tabela I–b: Pastas da amostra I de 70 e 71% em sólidos, ciclo 1-21-1 rpm, Haste LV-4

70% S 71% S

Rotação Torque Viscosidade Rotação Torque Viscosidade


(rpm) (%) (rpm) (%)
(mPa*s) (mPa*s)
1,0 25,0 29993,6 1,0 25 29873,6
2,0 41,4 24834,7 2,0 53 31673,2
3,0 70,2 28074,0 3,0 72 28673,9
4,0 83,5 25044,7 4,0 67 19945,7
5,0 39,3 9430,0 5,0 27 6574,6
6,0 38,9 7778,3 6,0 30 6018,7
7,0 41,5 7112,8 7,0 28 4867,5
8,0 38,6 5788,8 8,0 31 4664
9,0 38,3 5105,6 9,0 30 3945,8
10,0 38,4 4607,0 10,0 30 3539,2
11,0 38,3 4177,3 11,0 30 3315,7
12,0 40,8 4079,1 12,0 32 3179,3
13,0 41,1 3793,0 13,0 35 3267
14,0 43,6 3736,3 14,0 39 3299,3
15,0 46,3 3703,2 15,0 43 3431,3
16,0 49,7 3726,7 16,0 53 3951,7
17,0 55,6 3923,9 17,0 61 4319,1
18,0 63,5 4232,4 18,0 70 4665,7
19,0 71,2 4495,9 19,0 78 4906,3
20,0 78,5 4709,0 20,0 86 5170,9
21,0 83,9 4793,3 21,0 89 5084,6
20,0 83,3 4996,9 20,0 85 5116,9
19,0 78,8 4975,8 19,0 79 4994,7
18,0 73,2 4879,0 18,0 73 4839
17,0 66,9 4721,3 17,0 68 4820,1
16,0 61,8 4634,0 16,0 62 4664
15,0 59,2 4735,0 15,0 57 4535
14,0 53,6 4593,3 14,0 54 4661,9
13,0 51,0 4706,7 13,0 48 4411,4
12,0 46,1 4609,0 12,0 44 4439,1
11,0 44,2 4820,8 11,0 39 4264,5
10,0 39,8 4775,0 10,0 37 4475
9,0 38,8 5172,2 9,0 33 4399,1
8,0 34,1 5113,9 8,0 32 4799
7,0 31,9 5467,4 7,0 30 5056,1
6,0 30,9 6178,7 6,0 24 4819
5,0 27,7 6646,6 5,0 24 5734,8
4,0 26,2 7858,3 4,0 26 7678,4
3,0 25,9 10357,8 3,0 25 10037,9
2,0 26,8 16076,6 2,0 24 14336,9
1,0 27,9 33472,9 1,0 24 28793,9
Tabela I–c: Pastas da amostra I de 72 e 73% em sólidos, ciclo 1-21-1 rpm, Haste LV-4

72% S 73% S

Rotação Torque Viscosidade Rotação Torque Viscosidade


(rpm) (%) (rpm) (%)
(mPa*s) (mPa*s)
1 17,9 21475,4 1 20,9 25074,6
2 38,7 23215 2 49,3 29573,7
3 62,9 25154,6 3 70,4 28154
4 77,9 23365 4 81,5 24444,8
5 32,5 7798,3 5 38,5 9238
6 32,8 6558,6 6 42,9 8578,2
7 31,6 5416 7 43,7 7489,8
8 29,7 4454 8 41,8 6268,7
9 29,5 3932,5 9 41,8 5572,1
10 28,6 3431,3 10 41,9 5026,9
11 30,8 3359,3 11 38,2 4166,4
12 32,3 3229,3 12 39,3 3929,2
13 34,4 3174,7 13 38,9 3590
14 37,2 3187,9 14 40,3 3453,5
15 39,7 3175,3 15 45,1 3607,2
16 42,6 3194,3 16 48,1 3606,7
17 45,9 3239,3 17 56,8 4008,6
18 53,6 3572,6 18 63,2 4212,4
19 62,2 3927,6 19 67,7 4274,9
20 71,2 4271,1 20 72,6 4355,1
21 82,6 4719 21 77,2 4410,5
20 85,9 5152,9 20 78,1 4685
19 82,5 5209,4 19 76,9 4855,8
18 76,2 5078,9 18 73,2 4879
17 69 4869,5 17 69,3 4890,7
16 64 4799 16 65,9 4941,4
15 60,5 4839 15 62,8 5022,9
14 53,1 4550,5 14 56,4 4833,3
13 48,6 4485,2 13 53,1 4900,5
12 43,8 4379,1 12 47,4 4739
11 40 4362,7 11 46,3 5049,8
10 36,7 4403,1 10 40,9 4907
9 36,2 4825,6 9 42 5598,8
8 31,9 4784 8 35,3 5293,9
7 30,5 5227,5 7 32,9 5638,8
6 30,2 6038,7 6 32,1 6418,6
5 26 6238,7 5 29,5 7078,5
4 25,9 7768,3 4 26,9 8068,3
3 25,5 10197,8 3 25,9 10357,8
2 26,9 16136,6 2 25,9 15536,7
1 27,6 33112,9 1 27,1 32513,1
Tabela I–d: Pastas da amostra I de 74 e 75% em sólidos, ciclo 1-21-1 rpm, Haste LV-4

74% S 75% S

Rotação Torque Viscosidade Rotação Torque Viscosidade


(rpm) (%) (rpm) (%)
(mPa*s) (mPa*s)
1 31,9 38271,8 1 16,4 19675,8
2 53,8 32273,1 2 43,7 26214,4
3 61,7 24674,7 3 69,7 27874,1
4 63,1 18926 4 91,5 27444,1
5 38,3 9190 5 35,8 8590,2
6 43,6 8718,1 6 41,5 8298,2
7 41,8 7164,2 7 34,6 5930,2
8 39,4 5908,7 8 41,6 6238,7
9 38,1 5078,9 9 39,1 5212,2
10 43,1 5170,9 10 36,6 4391,1
11 40,6 4428,1 11 39,7 4330
12 44,9 4489 12 39,6 3959,2
13 44,1 4069,9 13 47,7 4402,1
14 48,6 4164,8 14 48,5 4156,3
15 49,2 3935,2 15 55,5 4439,1
16 56,5 4236,6 16 63,4 4754
17 66,3 4679 17 67,2 4742,5
18 73,8 4919 18 76,5 5098,9
19 80,4 5076,8 19 84,6 5342
20 87,9 5272,9 20 90,4 5422,8
21 92,8 5301,7 21 96,4 5507,4
20 92,7 5560,8 20 97,9 5872,7
19 89,8 5670,4 19 95,9 6055,5
18 82,2 5478,8 18 91,6 6105,4
17 74,1 5229,5 17 83,1 5864,6
16 69,2 5188,9 16 71,7 5376,4
15 62 4958,9 15 65,2 5214,9
14 54,5 4670,4 14 59,3 5081,8
13 52,3 4826,7 13 51,1 4715,9
12 45 4499 12 48,4 4839
11 43,3 4722,6 11 40,1 4373,6
10 37,9 4547 10 41,2 4942,9
9 37,7 5025,6 9 35,3 4705,7
8 35,7 5353,9 8 32,9 4933,9
7 31,8 5450,3 7 32,7 5604,5
6 31,7 6338,6 6 28,6 5718,8
5 32,2 7726,4 5 26 6238,7
4 30,3 9088,1 4 26,5 7948,3
3 26,6 10637,7 3 28,4 11357,6
2 26,3 15776,6 2 28,9 17336,3
1 27 32393,1 1 29,3 35152,5
ANEXO V: Dados dos testes Ensaios Mecânicos de Compressão Simples

Tabela I - a: Dados dos ensaios realizados a um corpo de prova de cimento puro, para
tempo de cura de 35 dias (I Parte)

Tempo(s) Força(N) Tensão (MPa) Tempo(s) Força(N) Tensão (MPa) Tempo(s) Força(N) Tensão (MPa)
0,02 1563,10 0,83 24,23 11062,00 5,86 48,82 23567,00 12,48
0,52 1563,10 0,83 24,73 11182,00 5,92 49,32 23808,00 12,60
1,02 1803,60 0,95 25,23 11423,00 6,05 49,82 23808,00 12,60
1,52 2164,30 1,15 25,67 11904,00 6,30 50,32 24048,00 12,73
2,02 2044,10 1,08 26,17 11904,00 6,30 50,82 24529,00 12,98
2,52 2284,60 1,21 26,67 12144,00 6,43 51,32 24649,00 13,05
3,02 2525,10 1,34 27,17 12505,00 6,62 51,82 24770,00 13,11
3,52 2525,10 1,34 27,67 12625,00 6,68 52,32 25130,00 13,30
4,02 2645,30 1,40 28,17 12866,00 6,81 52,82 25491,00 13,49
4,52 2885,80 1,53 28,67 13106,00 6,94 53,32 25732,00 13,62
5,02 3006,00 1,59 29,17 13467,00 7,13 53,82 25972,00 13,75
5,52 3366,70 1,78 29,67 13467,00 7,13 54,32 26333,00 13,94
6,02 3487,00 1,85 30,17 13828,00 7,32 54,82 26453,00 14,00
6,52 3727,50 1,97 30,67 13948,00 7,38 55,32 26693,00 14,13
7,02 3727,50 1,97 31,17 14188,00 7,51 55,82 26934,00 14,26
7,45 4208,40 2,23 31,67 14549,00 7,70 56,32 26814,00 14,19
7,95 4208,40 2,23 32,17 14429,00 7,64 56,73 27295,00 14,45
8,45 4208,40 2,23 32,67 14790,00 7,83 57,23 27535,00 14,58
8,95 4448,90 2,36 33,15 15271,00 8,08 57,73 27776,00 14,70
9,45 4689,40 2,48 33,65 15511,00 8,21 58,23 28016,00 14,83
9,95 4809,60 2,55 34,15 15631,00 8,27 58,73 28377,00 15,02
10,45 5050,10 2,67 34,65 15992,00 8,47 59,23 28257,00 14,96
10,95 5170,40 2,74 35,15 15992,00 8,47 59,73 28497,00 15,08
11,45 5410,80 2,86 35,53 16473,00 8,72 59,98 28978,00 15,34
11,95 5531,10 2,93 36,03 16834,00 8,91 60,48 28978,00 15,34
12,45 5771,60 3,06 36,53 16954,00 8,97 60,93 29459,00 15,59
12,95 5771,60 3,06 37,03 17194,00 9,10 61,43 29579,00 15,66
13,45 6012,00 3,18 37,53 17194,00 9,10 61,68 30060,00 15,91
13,95 6372,80 3,37 38,03 17555,00 9,29 61,90 30541,00 16,17
14,45 6613,30 3,50 38,53 17796,00 9,42 62,40 30541,00 16,17
14,95 6733,50 3,56 39,03 18036,00 9,55 62,90 30782,00 16,29
15,45 6974,00 3,69 39,53 18156,00 9,61 63,23 31503,00 16,68
15,95 6974,00 3,69 40,03 18397,00 9,74 63,73 31503,00 16,68
16,45 6974,00 3,69 40,53 18277,00 9,67 64,22 31984,00 16,93
16,95 7334,70 3,88 40,93 18758,00 9,93 64,72 32345,00 17,12
17,45 7575,20 4,01 41,43 18878,00 9,99 65,22 32345,00 17,12
17,95 7815,70 4,14 41,93 19239,00 10,18 65,72 32465,00 17,19
18,45 8176,40 4,33 42,43 19599,00 10,37 66,22 32585,00 17,25
18,95 8416,90 4,46 42,93 19720,00 10,44 66,72 33066,00 17,50
19,45 8416,90 4,46 43,38 20321,00 10,76 67,22 33307,00 17,63
19,95 8657,30 4,58 43,88 20561,00 10,88 67,72 33667,00 17,82
20,45 9018,10 4,77 44,38 20802,00 11,01 68,22 33667,00 17,82
20,95 9378,80 4,96 44,88 21042,00 11,14 68,32 34148,00 18,08
21,45 9619,30 5,09 45,38 21283,00 11,27 68,82 34389,00 18,20
21,95 9739,50 5,16 45,88 21643,00 11,46 69,30 34870,00 18,46
22,45 10100,00 5,35 46,38 22004,00 11,65 69,80 34870,00 18,46
22,95 10341,00 5,47 46,88 22245,00 11,78 70,17 35351,00 18,71
23,45 10461,00 5,54 47,38 22605,00 11,97 70,67 35471,00 18,78
23,73 10942,00 5,79 47,88 22726,00 12,03 71,17 35591,00 18,84
24,23 11062,00 5,86 48,38 23086,00 12,22 71,65 36072,00 19,09
Tabela I - b: Dados dos ensaios realizados a um corpo de prova de cimento puro, para
tempo de cura de 35 dias (II Parte)

Tempo(s) Força(N) Tensão (MPa) Tempo(s) Força(N) Tensão (MPa) Tempo(s) Força(N) Tensão (MPa)
72,15 36313,00 19,22 95,72 48698,00 25,78 118,90 57836,00 30,62
72,42 36914,00 19,54 96,22 48577,00 25,71 119,40 57836,00 30,62
72,92 36914,00 19,54 96,68 49058,00 25,97 119,90 57956,00 30,68
73,42 37034,00 19,60 97,18 49299,00 26,10 120,40 58197,00 30,81
73,92 37275,00 19,73 97,68 49299,00 26,10 120,90 57956,00 30,68
74,42 37034,00 19,60 98,18 49659,00 26,29 121,40 58197,00 30,81
74,85 37515,00 19,86 98,43 50140,00 26,54 121,90 58076,00 30,74
75,35 37876,00 20,05 98,93 50020,00 26,48 122,40 58317,00 30,87
75,85 38116,00 20,18 99,43 50381,00 26,67 122,90 58557,00 31,00
76,35 38357,00 20,30 99,93 50742,00 26,86 123,40 58798,00 31,12
76,85 38477,00 20,37 100,43 50982,00 26,99 123,90 58918,00 31,19
77,30 38958,00 20,62 100,78 51463,00 27,24 124,40 58918,00 31,19
77,80 39199,00 20,75 101,28 51704,00 27,37 124,90 59038,00 31,25
78,30 39559,00 20,94 101,78 52064,00 27,56 125,40 58918,00 31,19
78,68 40040,00 21,20 102,28 52185,00 27,62 125,90 58798,00 31,12
79,18 40281,00 21,32 102,78 52545,00 27,81 126,27 59279,00 31,38
79,68 40521,00 21,45 103,28 52786,00 27,94 126,28 59760,00 31,63
80,18 40882,00 21,64 103,78 53146,00 28,13 126,78 59519,00 31,51
80,68 41002,00 21,70 104,28 53387,00 28,26 127,28 59639,00 31,57
81,18 41363,00 21,90 104,78 53146,00 28,13 127,78 59399,00 31,44
81,68 41964,00 22,21 105,28 53146,00 28,13 128,28 59639,00 31,57
82,18 42084,00 22,28 105,78 53507,00 28,32 128,78 59639,00 31,57
82,68 42325,00 22,40 106,28 53748,00 28,45 129,28 59639,00 31,57
83,18 42565,00 22,53 106,43 54349,00 28,77 129,78 59519,00 31,51
83,68 42806,00 22,66 106,93 54229,00 28,71 130,28 59399,00 31,44
84,18 42806,00 22,66 107,43 54469,00 28,83 130,78 59279,00 31,38
84,68 43046,00 22,79 107,93 54349,00 28,77 131,00 58798,00 31,12
85,18 43407,00 22,98 108,43 54108,00 28,64 131,45 59279,00 31,38
85,68 43647,00 23,10 108,60 54710,00 28,96 131,95 59038,00 31,25
86,18 44008,00 23,30 109,10 55070,00 29,15 132,45 58918,00 31,19
86,68 44249,00 23,42 109,60 55311,00 29,28 132,95 58678,00 31,06
87,18 44609,00 23,61 110,10 55551,00 29,41 133,45 58557,00 31,00
87,68 44369,00 23,49 110,60 55792,00 29,53 133,95 58197,00 30,81
88,18 44730,00 23,68 110,97 55311,00 29,28 134,45 57956,00 30,68
88,68 44850,00 23,74 111,47 55672,00 29,47 134,95 57475,00 30,42
89,18 45211,00 23,93 111,97 55912,00 29,60 135,45 57114,00 30,23
89,68 45451,00 24,06 112,47 56032,00 29,66 135,78 56633,00 29,98
90,15 45932,00 24,31 112,92 55070,00 29,15
90,65 46052,00 24,38 113,28 55551,00 29,41
91,15 46173,00 24,44 113,55 56032,00 29,66
91,65 46413,00 24,57 113,90 56513,00 29,92
91,87 45932,00 24,31 114,40 56393,00 29,85
92,37 45812,00 24,25 114,90 56633,00 29,98
92,65 46293,00 24,51 115,40 56994,00 30,17
92,97 46774,00 24,76 115,90 57114,00 30,23
93,47 47134,00 24,95 116,40 57355,00 30,36
93,78 47615,00 25,20 116,90 57475,00 30,42
94,28 47976,00 25,40 117,40 57475,00 30,42
94,78 48096,00 25,46 117,90 57235,00 30,30
95,22 48577,00 25,71 118,40 57355,00 30,36
Tabela II - a: Dados dos ensaios realizados a um corpo de prova de pastefill da amostra
I, cimentado com 8% de CP e para tempo de cura de 21 dias (I Parte)

Tempo(s) Força(N) Tensão (MPa) Tempo(s) Força(N) Tensão (MPa) Tempo(s) Força(N) Tensão (MPa)
0,02 3126,3 1,65 2,25 3366,7 1,78 5,70 3607,2 1,91
0,08 3126,3 1,65 2,32 3366,7 1,78 5,75 3607,2 1,91
0,33 3246,5 1,72 2,38 3366,7 1,78 5,80 3487,0 1,85
0,48 3126,3 1,65 2,43 3366,7 1,78 5,85 3487,0 1,85
0,52 3006,0 1,59 2,48 3366,7 1,78 5,97 3487,0 1,85
0,55 3006,0 1,59 2,53 3366,7 1,78 6,47 3607,2 1,91
0,58 3126,3 1,65 2,58 3366,7 1,78 6,53 3607,2 1,91
0,62 3126,3 1,65 2,63 3366,7 1,78 6,60 3607,2 1,91
0,63 3126,3 1,65 2,68 3487,0 1,85 6,67 3607,2 1,91
0,65 3006,0 1,59 2,73 3366,7 1,78 6,73 3607,2 1,91
0,67 3006,0 1,59 2,78 3487,0 1,85 6,78 3487,0 1,85
0,68 3126,3 1,65 2,83 3487,0 1,85 6,83 3607,2 1,91
0,70 3006,0 1,59 2,88 3487,0 1,85 6,88 3607,2 1,91
0,72 2885,8 1,53 2,93 3487,0 1,85 6,93 3607,2 1,91
0,73 3006,0 1,59 2,98 3487,0 1,85 7,00 3727,5 1,97
0,75 3006,0 1,59 3,03 3487,0 1,85 7,05 3727,5 1,97
0,77 2885,8 1,53 3,08 3366,7 1,78 7,10 3607,2 1,91
0,78 3006,0 1,59 3,13 3366,7 1,78 7,15 3727,5 1,97
0,80 3006,0 1,59 3,20 3366,7 1,78 7,20 3607,2 1,91
0,82 3006,0 1,59 3,33 3246,5 1,72 7,27 3607,2 1,91
0,83 3006,0 1,59 3,38 3246,5 1,72 7,35 3607,2 1,91
0,85 2885,8 1,53 3,42 3246,5 1,72 7,53 3607,2 1,91
0,87 2885,8 1,53 3,45 3246,5 1,72 7,68 3607,2 1,91
0,88 2885,8 1,53 3,48 3246,5 1,72 7,77 3727,5 1,97
0,90 3006,0 1,59 3,52 3246,5 1,72 7,85 3607,2 1,91
0,92 3006,0 1,59 3,58 3246,5 1,72 7,95 3607,2 1,91
0,93 2885,8 1,53 3,68 3366,7 1,78 8,03 3607,2 1,91
0,95 3006,0 1,59 3,83 3246,5 1,72 8,12 3727,5 1,97
0,97 2885,8 1,53 4,00 3366,7 1,78 8,53 3487,0 1,85
0,98 3006,0 1,59 4,50 3366,7 1,78 8,60 3487,0 1,85
1,00 3006,0 1,59 4,62 3246,5 1,72 8,72 3607,2 1,91
1,02 3006,0 1,59 4,67 3366,7 1,78 9,07 3727,5 1,97
1,03 3006,0 1,59 4,72 3366,7 1,78 9,15 3607,2 1,91
1,07 3006,0 1,59 4,77 3246,5 1,72 9,23 3727,5 1,97
1,10 3006,0 1,59 4,82 3126,3 1,65 9,33 3727,5 1,97
1,13 3006,0 1,59 4,85 3246,5 1,72 9,47 3727,5 1,97
1,17 3126,3 1,65 4,88 3246,5 1,72 9,75 3607,2 1,91
1,23 3006,0 1,59 4,92 3246,5 1,72 9,88 3727,5 1,97
1,32 3006,0 1,59 4,95 3246,5 1,72 9,97 3727,5 1,97
1,55 3126,3 1,65 4,98 3246,5 1,72 10,05 3727,5 1,97
1,62 3246,5 1,72 5,02 3366,7 1,78 10,17 3727,5 1,97
1,67 3246,5 1,72 5,08 3366,7 1,78 10,23 3727,5 1,97
1,72 3366,7 1,78 5,28 3487,0 1,85 10,30 3847,7 2,04
1,78 3246,5 1,72 5,33 3487,0 1,85 10,37 3847,7 2,04
1,85 3246,5 1,72 5,38 3487,0 1,85 10,43 3847,7 2,04
1,92 3246,5 1,72 5,43 3487,0 1,85 10,48 3847,7 2,04
1,98 3366,7 1,78 5,48 3487,0 1,85 10,53 3847,7 2,04
2,05 3246,5 1,72 5,55 3487,0 1,85 10,58 3968,0 2,10
2,12 3366,7 1,78 5,60 3487,0 1,85 10,63 3968,0 2,10
2,18 3246,5 1,72 5,65 3607,2 1,91 10,68 3847,7 2,04
Tabela II - b: Dados dos ensaios realizados a um corpo de prova de pastefill da amostra
I, cimentado com 8% de CP e para tempo de cura de 21 dias (II Parte)

Tempo(s) Força(N) Tensão (MPa) Tempo(s) Força(N) Tensão (MPa) Tempo(s) Força(N) Tensão (MPa)
10,73 3847,7 2,04 15,75 4328,7 2,29 21,38 4569,2 2,42
10,80 3847,7 2,04 15,82 4328,7 2,29 21,50 4689,4 2,48
10,87 3847,7 2,04 15,88 4328,7 2,29 21,68 4448,9 2,36
10,93 3847,7 2,04 15,95 4208,4 2,23 21,95 4328,7 2,29
11,03 3847,7 2,04 16,02 4328,7 2,29 22,02 4328,7 2,29
11,20 3727,5 1,97 16,08 4328,7 2,29 22,08 4448,9 2,36
11,30 3847,7 2,04 16,15 4328,7 2,29 22,15 4448,9 2,36
11,37 3847,7 2,04 16,23 4208,4 2,23 22,23 4328,7 2,29
11,43 3847,7 2,04 16,38 4208,4 2,23 22,30 4448,9 2,36
11,50 4088,2 2,16 16,48 4208,4 2,23 22,40 4448,9 2,36
11,55 3968,0 2,10 16,58 4208,4 2,23 22,57 4569,2 2,42
11,62 3968,0 2,10 16,70 4328,7 2,29 23,07 4328,7 2,29
11,68 3968,0 2,10 16,78 4208,4 2,23 23,18 4448,9 2,36
11,75 3968,0 2,10 16,87 4328,7 2,29 23,30 4448,9 2,36
11,82 3847,7 2,04 16,95 4328,7 2,29 23,38 4328,7 2,29
11,90 3968,0 2,10 17,03 4328,7 2,29 23,47 4448,9 2,36
11,97 3968,0 2,10 17,13 4328,7 2,29 23,62 4569,2 2,42
12,03 3847,7 2,04 17,23 4328,7 2,29 23,73 4328,7 2,29
12,13 3968,0 2,10 17,32 4328,7 2,29 23,83 4448,9 2,36
12,22 4088,2 2,16 17,40 4328,7 2,29 23,97 4448,9 2,36
12,28 3968,0 2,10 17,52 4328,7 2,29 24,12 4448,9 2,36
12,35 3968,0 2,10 17,65 4328,7 2,29 24,23 4328,7 2,29
12,42 3968,0 2,10 17,75 4328,7 2,29 24,30 4448,9 2,36
12,48 3968,0 2,10 17,92 4448,9 2,36 24,43 4448,9 2,36
12,55 4088,2 2,16 18,03 4208,4 2,23 24,57 4448,9 2,36
12,62 4088,2 2,16 18,23 4328,7 2,29 24,73 4448,9 2,36
12,68 3968,0 2,10 18,45 4328,7 2,29 24,82 4448,9 2,36
12,77 3968,0 2,10 18,58 4448,9 2,36 24,92 4448,9 2,36
12,85 3968,0 2,10 18,68 4448,9 2,36 25,08 4328,7 2,29
12,95 3968,0 2,10 18,77 4448,9 2,36 25,17 4448,9 2,36
13,05 3968,0 2,10 18,85 4569,2 2,42 25,35 4448,9 2,36
13,15 4088,2 2,16 18,95 4448,9 2,36 25,80 4448,9 2,36
13,22 4088,2 2,16 19,05 4328,7 2,29 26,30 4569,2 2,42
13,28 4088,2 2,16 19,20 4569,2 2,42 26,80 4448,9 2,36
13,37 3968,0 2,10 19,32 4448,9 2,36 26,90 4448,9 2,36
13,48 4088,2 2,16 19,43 4569,2 2,42 27,00 4448,9 2,36
13,65 3968,0 2,10 19,55 4448,9 2,36 27,12 4448,9 2,36
14,15 4088,2 2,16 19,65 4569,2 2,42 27,22 4448,9 2,36
14,28 4088,2 2,16 19,75 4448,9 2,36 27,32 4569,2 2,42
14,38 4088,2 2,16 19,85 4448,9 2,36 27,55 4448,9 2,36
14,48 3968,0 2,10 19,95 4448,9 2,36 27,93 4448,9 2,36
14,60 4088,2 2,16 20,07 4448,9 2,36 28,03 4448,9 2,36
14,95 4088,2 2,16 20,20 4569,2 2,42 28,10 4448,9 2,36
15,08 4088,2 2,16 20,33 4569,2 2,42 28,20 4448,9 2,36
15,18 4088,2 2,16 20,47 4569,2 2,42 28,32 4328,7 2,29
15,35 4088,2 2,16 20,62 4448,9 2,36 28,37 4448,9 2,36
15,48 4328,7 2,29 20,77 4448,9 2,36 28,42 4328,7 2,29
15,55 4208,4 2,23 20,97 4569,2 2,42 28,47 4448,9 2,36
15,62 4328,7 2,29 21,12 4448,9 2,36 28,53 4448,9 2,36
15,68 4328,7 2,29 21,25 4569,2 2,42 28,67 4448,9 2,36
Tabela II - c: Dados dos ensaios realizados a um corpo de prova de pastefill da amostra
I, cimentado com 8% de CP e para tempo de cura de 21 dias (III Parte)

Tempo(s) Força(N) Tensão (MPa) Tempo(s) Força(N) Tensão (MPa)


208,25 4328,7 2,29 217,88 4088,2 2,16
208,37 4208,4 2,23 218,38 4088,2 2,16
208,48 4208,4 2,23 218,62 4088,2 2,16
208,60 4328,7 2,29 218,72 4088,2 2,16
208,73 4208,4 2,23 218,85 4208,4 2,23
208,93 4088,2 2,16 219,25 4208,4 2,23
209,20 4208,4 2,23 219,45 4208,4 2,23
209,37 4208,4 2,23 219,82 4088,2 2,16
209,50 4208,4 2,23 220,32 4088,2 2,16
209,63 4208,4 2,23 220,68 4208,4 2,23
210,13 4088,2 2,16 221,18 4208,4 2,23
210,42 4208,4 2,23 221,68 4088,2 2,16
210,62 4208,4 2,23 221,80 3968,0 2,10
210,80 4208,4 2,23 221,87 4088,2 2,16
210,97 4328,7 2,29 221,97 3968,0 2,10
211,15 4208,4 2,23 222,07 4088,2 2,16
211,30 4328,7 2,29 222,52 4208,4 2,23
211,43 4208,4 2,23 222,77 4689,4 2,48
211,55 4328,7 2,29 222,85 4448,9 2,36
211,68 4328,7 2,29 222,95 3727,5 1,97
211,82 4328,7 2,29 223,02 3727,5 1,97
211,97 4208,4 2,23 223,03 3847,7 2,04
212,47 4208,4 2,23 223,05 3847,7 2,04
212,75 4208,4 2,23 223,08 3968,0 2,10
212,95 4328,7 2,29 223,12 3968,0 2,10
213,45 4208,4 2,23 223,17 4088,2 2,16
213,77 4208,4 2,23 223,23 4088,2 2,16
213,78 4208,4 2,23 223,35 4088,2 2,16
214,28 4088,2 2,16 223,85 4088,2 2,16
214,78 4328,7 2,29 223,95 3968,0 2,10
215,28 4328,7 2,29 224,05 3968,0 2,10
215,78 4328,7 2,29 224,13 3847,7 2,04
216,28 4088,2 2,16 224,18 3968,0 2,10
216,78 4208,4 2,23 224,23 3968,0 2,10
217,13 3968,0 2,10 224,30 3968,0 2,10
217,18 4088,2 2,16 224,38 3968,0 2,10
217,23 4088,2 2,16 224,50 3968,0 2,10
217,28 3968,0 2,10 224,97 3968,0 2,10
217,33 4088,2 2,16 225,07 3847,7 2,04
217,38 4088,2 2,16 225,13 3968,0 2,10
217,43 4088,2 2,16 225,23 3968,0 2,10
217,48 4088,2 2,16 225,33 3968,0 2,10
217,53 3968,0 2,10 225,83 3968,0 2,10
217,57 3847,7 2,04 226,33 3968,0 2,10
217,60 3847,7 2,04 226,83 4088,2 2,16
217,63 3847,7 2,04 227,18 3968,0 2,10
217,65 3968,0 2,10 227,68 4088,2 2,16
217,68 3968,0 2,10 228,17 3847,7 2,04
217,72 4088,2 2,16
217,77 4088,2 2,16

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