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p. 91
1. Considere a letra da canção dos Deolinda – Parva que eu sou – e o artigo que se lhe segue.
Parva que eu sou – Deolinda
Cartaz de uma campanha da WWF (2007). Nele podemos ler: «Tu podes ajudar. Para o aquecimento global.
Animais de todo o mundo estão a perder os seus habitats em virtude do aquecimento global. Desligando a
TV, a aparelhagem e o computador quando não os estás a usar, contribuis para prevenir isso.»
1.1.Formule um argumento dedutivo válido a partir da imagem.
1.2.Construa uma generalização a partir da imagem.
1.3.Apresente uma previsão, considerando a imagem.
1.4.Formule um argumento por analogia, considerando a imagem.
1.5.Construa um argumento de autoridade a propósito da imagem.
Cenários de resposta
1.1. Os animais estão a perder o seu habitat em virtude do aquecimento global. A foca é um animal. Logo, a
foca está a perder o seu habitat em virtude do aquecimento global.
1.2. Focas, ursos-polares e pinguins são animais das regiões polares que têm vindo a perder o seu habitat em
virtude do aquecimento global do planeta. Logo, todos os animais das regiões polares têm vindo a perder os
seus habitats em virtude do aquecimento global do planeta.
1.3. Até hoje sempre desliguei o computador quando não o estou a usar. Logo, da próxima vez que não
estiver a usar o computador ele estará desligado.
1.4. Os sem-abrigo das grandes cidades vivem hoje em condições muito precárias e dramáticas. As focas,
em virtude da perda dos seus habitats, são hoje como os sem-abrigo das grandes cidades. Logo, as focas, em
virtude da perda dos seus habitas, vivem hoje em condições muito precárias e dramáticas.
1.5. A WWF afirma que, em virtude do aquecimento global do planeta, animais de todo o mundo estão a
perder os seus habitats. Logo, é verdade que, em virtude do aquecimento global do planeta, animais de todo
o mundo estão a perder os seus habitats.
p. 92
1. Considere o cartaz da Amnistia Internacional (Portugal, 2008).
1.1.O preconceito islamofóbico tem subjacente uma generalização precipitada. Apresente as premissas e a
conclusão do argumento.
Cenário de resposta
1.1. Premissas: A é muçulmano e é terrorista. B é muçulmano e é terrorista (uma amostra claramente
reduzida e pouco representativa dos muçulmanos no seu todo). Conclusão: Logo, todos os muçulmanos são
terroristas.
p. 93
1. Considere o cartaz publicitário da TBWA (França, 2006).
1.1.O argumento por analogia estabelece uma comparação. Apresente as premissas e a conclusão do
argumento implícito neste anúncio publicitário.
1.2.Que elementos relevantes sobre o que está a ser comparado são ignorados?
Cenários de resposta
1.1. Premissas: As almofadas são retangulares, fofas e capazes de produzir bem-estar. As fatias de pão da
marca em questão são como almofadas. Conclusão: Logo, as fatias de pão da marca em questão são
retangulares, fofas e capazes de produzir bem-estar.
1.2. Compara-se, por exemplo, um alimento (o pão) com algo cuja função é substancialmente distinta (a
almofada). Além disso, a própria noção de «fofo» ou «macio» é distinta quando falamos de pão ou
almofadas.
p. 94
1. Considere o cartaz da APAV (Portugal, 2011).
Campanha criativa da cidade de Denver, no Estado do Colorado (EUA), cujo objetivo é promover a
poupança de água (use apenas o que precisa). A ética surge nas nossas vidas de forma muito comum e
quotidiana. Por exemplo, podemos agir eticamente enquanto consumidores, poupando recursos e/ou
preferindo produtos amigos do ambiente.
Sugestões de questões para introduzir o debate a propósito do sentido.
1.1.Que deveres éticos temos enquanto consumidores?
1.2.O que significa agir eticamente do ponto de vista ambiental?
p. 279
1. Leia atentamente a notícia que se segue.
Os imigrantes que trabalham nas obras das infraestruturas para o Mundial de Futebol de 2022, no Qatar, são
tratados “como gado”, revela um relatório da Amnistia Internacional.
O documento – O Lado Negro da Imigração: o setor da construção no Qatar antes do Campeonato
Mundial de Futebol – surge uma semana depois de o presidente da Federação Internacional de Futebol
(FIFA), Joseph Blatter, ter estado no Qatar e de dizer, após um encontro com as autoridades do país, que
«está tudo no bom caminho» quanto aos direitos dos trabalhadores.
Uma grande investigação do jornal britânico TheGuardian tinha denunciado que os imigrantes eram tratados
como escravos. O relatório da Amnistia vem corroborar o que era dito na reportagem do Guardian.
«É imperdoável que um dos países mais ricos do mundo submeta os imigrantes a esta forma brutal de
exploração, que os prive dos seus salários e que os deixe à sua sorte para sobreviverem», disse o secretário-
geral da Amnistia Internacional, SalilShetty. «A nossa investigação indica que há um elevado nível de
exploração no setor da construção no Qatar. A FIFA tem o dever de dizer publicamente que não tolera este
abuso dos direitos humanos na construção dos projetos relacionados com o Mundial.»
Os investigadores da Amnistia foram ao Qatar várias vezes entre outubro de 2012 e março de 2013,
observaram as condições de trabalho e de vida dos imigrantes e fizeram muitas entrevistas para chegar às
suas conclusões: os trabalhadores vivem em pavilhões superpovoados, não têm acesso a água corrente, estão
expostos ao lixo e muitos não podem desistir daquele trabalho porque têm, para com os empregadores,
dívidas que pagam através dos seus salários (o custo das viagens para o Qatar e da alimentação).
São os empregadores que ficam com os passaportes dos trabalhadores quando estes entram no Qatar. Por
isso, estão “presos” a contratos que os condenam a uma «forma moderna de escravatura», escreve a
Amnistia Internacional no relatório que concluiu que os operários sofrem de «danos psicológicas graves»; e
alguns suicidaram-se. De acordo com um documento obtido pelo Guardian para a reportagem «Os escravos
do Mundial do Qatar», publicada em setembro, entre 4 de junho e 8 de agosto morreram 44 trabalhadores,
todos nepaleses. Mais de metade morreu de ataque cardíaco e de acidentes no trabalho.
«Por favor, há alguma maneira de sair daqui? Estamos a enlouquecer», perguntou um nepalês que trabalha
há sete meses no Qatar sem receber e que estava proibido, pelo contrato, de sair do Qatar por mais três
meses. Muitos trabalhadores são mandados embora no fim dos contratos ou quando o empregador quer, sem
qualquer pagamento. O relatório relata casos de imigrantes que só foram autorizados a sair do Qatar depois
de assinarem, em frente a funcionários do Governo, documentos a dizer que tinham sido pagos quando não o
foram.
A exaustão foi um fator de peso nestas mortes, apesar de a lei do Qatar dizer que uma jornada de trabalho
não pode ter mais de dez horas e que no verão (quando as temperaturas sobem aos 50 graus) é proibido
trabalhar entre as 11h30 e as 15h. A falta de segurança também é um problema; a Amnistia relata que em
muitas zonas de construção os operários não têm sequer capacetes para se proteger. Os sindicatos ocidentais
que reagiram à notícia estimaram que há o risco de quatro mil pessoas morrerem na construção dos estádios
do Mundial 2022.
O Qatar tem a mais alta taxa de imigrantes e estes trabalham na sua esmagadora maioria em serviços
domésticos ou nos serviços mais baixos, como a construção civil. Para a construção dos estádios e das
infraestruturas do Mundial de 2022, recrutou mais 1,5 milhões de pessoas e 40% delas são nepaleses;
também há trabalhadores de outras zonas da Ásia, por exemplo do Bangladesh.
A Amnistia encontrou um encarregado de obra que trata os operários que tem a seu cargo por “animais”. É
contado o caso de um grupo de trabalhadores encarregados de levar mantimentos a uma zona em construção
- o documento refere que é no complexo onde deverá ser a sede da FIFA durante o Mundial - que denunciou
ser vítima de abusos e que contou ser tratado “como gado”.
As denúncias do Guardian e as advertências dos sindicatos levaram a FIFA a reagir e o seu presidente
anunciou que iria visitar o Qatar e avaliar o que se passava. Blatter encontrou-se com o emir, Tamim bin
Hamad bin Khalifa al-Thani, e no final disse ter ficado descansado com o que lhe foi apresentado e anunciou
que o Mundial do Qatar vai ser “espetacular”.
Mas, perante este relatório, a Federação Internacional de Futebol teve de reagir. «A FIFA espera que quem
organiza os torneios e as competições também tenha o maior respeito pelos direitos humanos», lê-se num
comunicado do organismo. O texto lembra que foram dadas a Blatter garantias de que as leis do trabalho
«estavam a ser melhoradas» e termina com um desejo: «O Mundial 2020 vai ter um efeito muito positivo no
Qatar e no próprio Médio Oriente e será uma grande oportunidade para esta região descobrir o futebol como
uma plataforma para que ocorram mudanças na sociedade, incluindo a melhoria da legislação do trabalho e
dos direitos dos imigrantes.»
A. G. Ferreira, «Relatório da Amnistia: trabalhadores imigrantes no Qatar são tratados "como gado"»,
Público em linha, 18-11-2013, in http://www.publico.pt/mundo/noticia[consultado a 18-2-2014].
Sugestões de questões para introduzir o debate a propósito do sentido.
1.1. Coloque-se na posição de dirigente da FIFA. O que seria viver uma vida eticamente refletida face à
situação descrita? Porquê?
1.2. Coloque-se na posição de um jogador de futebol selecionado para o Mundial do Qatar. O que seria viver
uma vida eticamente refletida considerando o caso descrito? Porquê?
1.3. Coloque-se na posição de um adepto de futebol que pensa participar no Mundial do Qatar. O que seria
viver uma vida eticamente refletida considerando o caso descrito? Porquê?
1. Seleciona a única opção que permite obter uma afirmação correta.
As conectivas verofuncionais da lógica proposicional clássica são:
a) sim; não; e; ou; ou…ou; se… então; se e somente se.
b) não; e; ou; ou…ou; se… então; se e somente se.
c) não; e; ou; ou… ou; se… então; se e claro que.
d) não; e; ou; ou…ou; se… então.
2. Seleciona a única opção que permite obter uma afirmação correta.
A diferença, em termos de valores de verdade, entre a disjunção exclusiva e a disjunção inclusiva é:
a) a disjunção inclusiva é verdadeira se, e só se, todas as frases disjuntas forem verdadeiras e a
exclusiva se pelo menos uma das frases disjuntas for verdadeira.
b) a disjunção inclusiva é verdadeira se, e apenas se, pelo menos uma das frases disjuntas for
verdadeira e a exclusiva é verdadeira se, e só se, apenas uma das suas frases disjuntas for
verdadeira.
c) a disjunção inclusiva é verdadeira se pelo menos uma das frases disjuntas for falsa e a exclusiva é
verdadeira se, e só se, apenas uma das suas frases disjuntas for verdadeira.
d) a disjunção inclusiva é verdadeira se pelo menos uma das frases disjuntas for verdadeira e a
exclusiva é verdadeira se todas as frases disjuntas forem falsas.
3. Seleciona a única opção que permite obter uma afirmação correta.
Uma fórmula (_________) se, e somente se, existem atribuições de valores de verdade às variáveis
proposicionais que a tornam falsa e outras atribuições que a tornam verdadeira.
a) diz-se tautológica.
b) diz-se contraditória.
c) diz-se traumatológica.
d) diz-se contingente.
4. Seleciona a única opção que permite obter uma afirmação correta.
A fórmula P → Q → R é uma:
a) condicional.
b) disjunção inclusiva.
c) disjunção exclusiva.
d) negação
5. Seleciona a única opção que permite obter uma afirmação correta.
Formaliza o argumento seguinte de forma correta:
«Se não houvesse testes de lógica então todos passariam. Há testes de lógica. Logo, nem todos
passam.»
a) ¬P→Q P ∴¬Q.
b) ¬P→Q ¬P ∴¬Q
c) ¬P↔Q P ∴¬Q
d) P→¬Q P ∴¬Q
6. Estabelece a correspondência entre os operadores e as respetivas definições das colunas abaixo.
1.A conjunção A.Tem o valor de verdade oposto ao da frase de
partida.
2. A negação
B. Só será verdadeira se, e apenas se, todas as
3. A condicional proposições simples que a compõem forem também
verdadeiras.
4. A bicondicional
C. É falsa se, e apenas se, a antecedente for verdadeira
e a consequente falsa.
14. c)
15. a)
16. a)
17. categóricas; declarativas; afirmativas; negativas; universais; particulares.
18. A – F; B – F; C – F; D – V; E – V.
19. A – V; B – V; C – F; D – F; E – F.
20. A – F; B – F; C – V; D – V; E – V.
21. 1 – A; 2 – B; 3 – C; 4 - D.
22. 1 – A; 2 – B; 3 – C; 4 – D.
23. 1 – A; 2 – B; 3 – C; 4 – D.
25. Seleciona a única opção que permite obter uma afirmação correta.
A lógica formal:
a) é o estudo dos argumentos válidos.
b) é o estudo da verdade dos factos num discurso.
c) torna explícitas regras materiais dos argumentos.
d) distingue argumentos certos e errados.
26. Seleciona a única opção que permite obter uma afirmação correta.
Um argumento pode ser considerado verdadeiro ou falso?
a) Não, porque os argumentos apenas podem ser considerados válidos ou inválidos.
b) Sim, porque ser válido ou inválido é correspondente a ser verdadeiro ou falso.
c) Não, porque os argumentos apenas podem ser considerados como valores de verdade.
d) Sim, porque a lógica é o estudo da validade dos argumentos.
27. Seleciona a única opção que permite obter uma afirmação correta.
Um argumento é formado por:
i) um conjunto de proposições de partida a que chamamos conclusões a partir das quais se inferem
outras que são as premissas.
j) um conjunto de proposições de partida a que chamamos premissas a partir das quais se chega a
uma outra que é a conclusão. Ao movimento entre premissas e conclusão chama-se aferência.
k) um conjunto de proposições de partida, a que chamamos premissas, a partir das quais se infere
uma outra que é a conclusão.
l) um qualquer conjunto de proposições.
28. Seleciona a única opção que permite obter uma afirmação correta.
Um argumento é necessariamente inválido se:
e) as premissas são falsas e a conclusão é verdadeira.
f) algumas premissas são verdadeiras e outras falsas e a conclusão é falsa.
g) as suas premissas são falsas e a conclusão é falsa.
h) as suas premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa.
29. Seleciona a única opção que permite obter uma afirmação correta.
Um argumento dedutivamente válido:
e) é ampliativo porque a conclusão diz mais que as premissas.
f) é demonstrativo, mas não é ampliativo.
g) não é demonstrativo.
h) só o é se for simultaneamente demonstrativo e ampliativo.
30. Estabelece a correspondência entre os conceitos e as respetivas definições das colunas abaixo.
1.Lógica formal A.É um complexo formado por um conjunto de
proposições (premissas e conclusão). A relação entre
2. Argumento estas proposições é de sustentação.
2.
2.1. (B); 2.2. (A); 2.3. (A); 2.4. (C); 2.5. (C)
GRUPO II
1. a) Nenhuma pessoa que tem pouco dinheiro poderá comprar esta peça de ouro.
Todos os nossos clientes são pessoas que têm pouco dinheiro.
Logo, nenhum dos nossos clientes poderá comprar esta peça de ouro.
b) Todos os maiores de 12 anos podem ver este filme.
c) Nenhum extraterrestre é um ser talentoso.
d) Alguns assaltantes são fugitivos.
Todos os assaltantes são terroristas.
Logo, alguns terroristas são fugitivos.
2. a) Todos os psicólogos fizeram estágio no hospital.
Algumas colegas são psicólogas.
Logo, algumas colegas fizeram estágio no hospital.
Silogismo válido. Tem três termos. O termo médio não aparece na conclusão. O termo médio está
distribuído na primeira premissa.
Nenhum termo tem maior extensão na conclusão que na premissa onde ocorre. Não tem premissas
negativas. Não tem duas premissas particulares. As duas premissas são afirmativas e a conclusão
também o é. A conclusão segue a parte mais fraca.
b) Todos os dias de sol são claros.
Alguns dias de chuva são dias claros.
Logo, nenhum dia de chuva é um dia de sol.
Silogismo inválido. Regras violadas: há um aumento de extensão do termo menor. O termo médio nunca
é tomado universalmente.
A conclusão não segue a parte mais fraca. De duas premissas afirmativas não pode extrair-se uma
conclusão negativa. Regras respeitadas: o silogismo tem três termos. O termo médio não aparece na
conclusão. De duas premissas negativas nada se pode concluir. De duas premissas particulares nada se
pode concluir.
c) Algumas pessoas são pessoas que mergulham no mar em janeiro.
Algumas pessoas são pessoas que passeiam na Nazaré ao fim de semana.
Logo, todos os que passeiam na Nazaré ao fim de semana são pessoas que mergulham no mar em
janeiro.
Silogismo inválido. Regras violadas: há um aumento de extensão do termo menor. O termo médio nunca
é tomado universalmente.
De duas premissas particulares nada se pode concluir. A conclusão não segue a parte mais fraca. Regras
respeitadas: o silogismo tem três termos. O termo médio não aparece na conclusão. De duas premissas
afirmativas não pode extrair-se uma conclusão negativa. De duas premissas negativas nada se pode
concluir.
3. Nenhum papagaio é um ser de bico dourado.
Alguns papagaios são louros.
Logo, alguns louros não são seres de bico dourado.
Modo: EIO
4. a) Silogismo inválido: há um aumento de extensão do termo maior. Falácia da ilícita maior.
b) Silogismo inválido: há um aumento de extensão do termo menor (falácia da ilícita menor) e a
conclusão não segue a parte mais fraca.
5. Nenhuma aeronave é uma ave.
Algumas aves são voadoras.
Logo, alguns voadores não são aeronaves.
Modo: EIO (também é válido o modo EAO)
6. Falácia do termo não distribuído. O termo médio "felinos" nunca é tomado universalmente nas
premissas, o que deveria acontecer pelo menos uma vez.
7. Falácia da ilícita menor. O termo menor "canários" tem maior extensão na conclusão que na premissa
onde ocorre.
GRUPO III
1. A verdade de uma proposição está relacionada com a adequação entre o que é enunciado e o que
acontece na realidade, enquanto a validade se prende com a relação de necessidade estabelecida entre as
premissas e a conclusão de um argumento.
III - RACIONALIDADE ARGUMENTATIVA E FILOSOFIA
3 – Argumentação e Filosofia
3.1. Filosofia retórica e democracia
Leia atentamente o texto que se segue e responde às questões propostas.
O relativismo sofístico (…) não é mais do que uma reação contra as precedentes atitudes pré-
-socráticas, centradas na realidade da physis e que nela procuravam encontrar princípios universais, se
bem que impercetíveis.
Isto quanto à justificação teórica, porque no que diz respeito à razão histórica para o desenvolvimento da
retórica em Atenas, W. C. Guthrie diz-nos que ela foi favorecida pelo desenvolvimento histórico da
democracia ateniense.
Tanto Platão como Aristóteles acreditam que existe uma realidade para além e independente do nosso
conhecimento e crenças. Em contraste, Protágoras pensa que "nada existe a não ser aquilo que cada um
de nós perceciona e conhece".
T. C. Cunha, Razão Provisória, UBI: LusoSofia:Press, 2004, p. 16.
1. Descreva o contexto político apresentado no texto que esteve na origem da projeção histórica da
retórica.
2. Apresente a posição de Platão quanto à retórica praticada pelos sofistas do seu tempo.
3. Contextualize e explique a afirmação de Protágoras destacada no texto.
TÓPICOS DE RESPOSTADE RESPOSTA
1. O texto apresenta a democracia como o fenómeno político que esteve na origem da afirmação da
retórica. A democracia ateniense exigia aos seus cidadãos uma participação ativa na vida pública. A
afirmação política do jovem ateniense passou a depender do uso da palavra, pelo que a retórica, ensinada
pelos sofistas, assumiu um papel de destaque na Grécia antiga.
2. Platão assume uma posição de recusa quanto à retórica ensinada pelos sofistas. Como afirma o texto,
Platão defende que a verdade e o conhecimento não podem ser transitórios, dependendo do momento ou
da vontade do orador. Neste sentido, a retórica é um engano e prejudica a educação dos atenienses.
Platão reclama para a Filosofia um papel de relevo na educação e construção de uma democracia
fundada no conhecimento, na justiça e na verdade.
3. Os sofistas eram professores itinerantes que haviam conhecido outras culturas e lugares, o que em
certo sentido terá influenciado a sua visão relativista da realidade. Defendiam com frequência que a
verdade é relativa e que "o homem é a medida de todas as coisas", frase atribuída a Protágoras (um dos
mais reconhecidos sofistas da antiguidade). Neste sentido, a afirmação destacada no texto revela-nos a
posição relativista dos sofistas, assumida neste excerto por Protágoras.
III - RACIONALIDADE ARGUMENTATIVA E FILOSOFIA
2 – Argumentação e retórica
2.2. O discurso argumentativo – principais tipos de argumentos e falácias informais
1. Classifique como verdadeiras ou falsas as afirmações que se seguem.
1.1. Na antiguidade clássica aceitavam-se como etapas fundamentais do discurso argumentativo o
exórdio, a apresentação, a discussão e a peroração.
1.2. A peroração consiste na fase inicial do discurso argumentativo e tem por função informar o
auditório da tese a apresentar no exórdio.
1.3. O discurso argumentativo tem de estar sempre fundamentado em factos.
1.4. Num argumento indutivo que recorra a uma generalização as conclusões são mais amplas do que as
premissas.
1.5. Um argumento indutivo que recorra a uma previsão é uma demonstração válida sempre que tenha
uma forma lógica correta.
1.6. Um argumento por analogia extrai conclusões com base em semelhanças conhecidas entre objetos.
1.7. A falácia da petição de princípio consiste num raciocínio dedutivo que procura provar uma
conclusão com base em premissas falsas.
1.8. A falácia do falso dilema consiste num raciocínio em que o orador apresenta normalmente apenas
duas das alternativas possíveis quando na realidade existem mais.
1.9. A falácia ad hominemocorre quando se descredibiliza a pessoa que argumenta em vez de se
demonstrar o erro de argumentação cometido.
2. Identifique as falácias cometidas nos argumentos que se seguem expondo como se pode
argumentar contra elas.
2.1. "Os fantasmas não existem, porque até hoje nunca ninguém demonstrou a sua existência."
2.2. "As boas obras de arte impressionam sempre o seu auditório, pois as obras de arte só têm valor
estético se emocionarem o público."
2.3. "Os políticos ou são corruptos ou não são eleitos, por isso, todos os políticos eleitos são corruptos."
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TÓPICOS DE RESPOSTADE RESPOSTA
1. 1.1. V; 1.2. F; 1.3. F; 1.4. V; 1.5. F; 1.6. V; 1.7. F; 1.8. V; 1.9. V
2.
2.1. O argumento incorre na falácia do apelo à ignorância. Para se demonstrar a fragilidade desta falácia
pode argumentar-se quenão é pelo facto de não ter sido possível demonstrar a existência de fantasmas
que fica provada a sua inexistência, logo aconclusão não está sustentada convenientemente.
2.2. O argumento contém a falácia da petição de princípio. Para se demonstrar a fragilidade desta falácia
pode argumentar-se que a premissa e a conclusão afirmam o mesmo: as boas obras de arte são as que
emocionam o seu público. No argumento não se apresenta nenhuma boa razão para sustentar a relação
entre a emoção e a qualidade da arte.
2.3. O argumento contém a falácia do falso dilema. Pode argumentar-se contra a falácia demonstrando
que o dilema apresentado é falso em virtude de poder haver políticos eleitos que não sejam corruptos.
III - RACIONALIDADE ARGUMENTATIVA E FILOSOFIA
2 – Argumentação e retórica
2.1. O domínio do discurso argumentativo – A procura da adesão do auditório
1. Classifique como verdadeiras ou falsas as afirmações que se seguem.
1.1 A argumentação estabelece sempre uma relação necessária entre a conclusão e as premissas.
1.2 A validade de uma demonstração não depende do contexto em que se apresenta.
1.3 A argumentação é permeável à interpretação e permite a refutação das suas teses.
1.4 A argumentação apresenta-nos uma cadeia de argumentos irrefutável, dada a sua forma lógica.
1.5 Um discurso político convincente é sempre uma demonstração lógica, pelo que qualquer auditório é
compelido à sua aceitação.
1.6 A demonstração estabelece uma relação necessária entre as premissas e a conclusão, não dependendo
do auditório em causa.
1.7 Uma demonstração é do domínio da evidência e constrange à sua aceitação.
1.8 Um anúncio publicitário pode ser considerado um discurso argumentativo.
1.9 O discurso argumentativo, quando apresenta teses fortes, não depende do auditório, dado que compele
à sua aceitação.
1.10 Uma demonstração está limitada pelo cálculo lógico-formal estabelecido.
1.11 A argumentação é aberta à refutação porque as suas teses não são necessárias mas apenas prováveis.
2.Compare demonstraçãoeargumentação, tendo em conta as afirmações que se seguem.
“Uma demonstração descarta a ambiguidade da linguagem natural, contrariamente, o discurso
argumentativo permite sempre a interpretação. A força do argumento depende do que é dito, de quem o
profere e do auditório que o recebe.”
3.Leia atentamente o discurso que se segue.
Yeswe can!
Se alguém ainda duvida que a América é o lugar onde todos os sonhos são possíveis, se ainda questiona se
os sonhos dos nossos fundadores ainda estão vivos, se ainda questiona o poder da nossa democracia, teve
esta noite a resposta.
Foi a resposta dada pelas filas que se estendiam à volta das escolas, das igrejas em números que a nossa
nação nunca viu antes, (…) porque acreditavam que desta vez tinha de ser diferente. (…)
Foi a resposta que levou aqueles a quem foi dito durante tanto tempo para serem cínicos e receosos e
duvidarem do que somos capazes (…). Levou muito tempo, mas esta noite, por causa do que fizemos hoje
nesta eleição e neste momento decisivo, a mudança chegou à América. (…) Não era o candidato mais
provável para este cargo. Não começamos com muito dinheiro ou patrocínios. (…) Ganhamos força com os
mais novos que rejeitaram o mito da geração apática, que deixaram as suas casa, famílias, empregos mal
pagos e noites mal dormidas. Ganhou força com a geração já não tão jovem que se aventurou no frio e no
calor para bater a portas de estranhos. Isto é vitória!
E sei que não fizeram isto somente para ganhar a eleição. E sei que não o fizeram por mim. Fizeram-no
porque perceberam a enorme tarefa que nos espera. Porque apesar de celebrarmos esta noite, sabemos que os
desafios que o dia de amanhã nos trás são os maiores da nossa vida. (…)
Apesar de estarmos aqui esta noite, sabemos que existem americanos no deserto do Iraque, nas montanhas
do Afeganistão que arriscam as suas vidas por nós.
Há mães e pais que não conseguem adormecer e que ficam a pensar como pagar as hipotecas ou as contas do
médico ou se conseguem poupar o suficiente para a educação dos filhos.
Temos de rentabilizar a nossa energia, criar novos postos de trabalho, construir novas escolas e lidar com
ameaças e reparar alianças. O caminho que nos espera é longo. (…)
(…) Mas essa é a verdadeira genialidade da América: a sua capacidade de mudança. A nossa união pode ser
perfeita. O que conseguimos dá-nos ainda mais esperança em relação ao que podemos conseguir amanhã.
Esta eleição tinha muitas estreias e muitas histórias que serão contadas ao longo de gerações. Mas uma que
está na nossa mente hoje é sobre uma mulher que votou em Atlanta. Ela assemelha-se a muitos milhões que
estiveram na fila para fazer ouvir a sua voz nesta eleição por uma razão. Ann Nixon Cooper tem 106 anos.
Ela nasceu na geração da escravatura; num tempo em que não havia carros na estrada, aviões no céu; quando
alguém como ela não podia votar por duas razões: porque era mulher e por causa da cor da sua pele.
E, esta noite, penso em tudo o que viu no centenário de vida na América – o desespero e a esperança; a luta
e o progresso; as vezes que nos disseram que não eram capazes e aqueles que mantiveram a sua capacidade
de dizer: Sim, somos capazes [Yeswecan].(…)
E este ano, nesta eleição, ela tocou com o dedo no ecrã e fez o seu voto, porque depois de 106 anos na
América, depois dos melhores tempos e dos mais obscuros, ela sabe que a América pode mudar.
Sim, somos capazes [Yeswe can].
(…) E aqui estamos nós, frente a frente com o cinismo e as dúvidas daqueles que nos dizem que não somos
capazes, e a quem respondemos com o credo intemporal que representa o espírito de um povo: Sim,
somos capazes. [Yeswe can]
Argumento inválido. Há uma situação em que todas as premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa.
c)
P: Os amantes de jazz gostam de fado.
Q: O cantor é afinado.
R: Os amantes de jazz gostam de música desafinada.
Q R ¬P→(¬QɅ
P Q ∴P
¬R)
V V V V F V V
V F V V F F V
F V V F F V F
F F V F F F F
V V F V F V V
V F F V V F V
F V F F F V F
F F F V V F F
Argumento válido. Nas duas situações em que todas as
premissas são verdadeiras a conclusão também o é.
III - RACIONALIDADE ARGUMENTATIVA E FILOSOFIA
1 – Argumentação e lógica formal
1.2. Formas de inferência válida e principais falácias – OPÇÃO A
1. Classifique as afirmações que se seguem como verdadeiras ou falsas.
a) Numa proposição universal afirmativa o predicado é tomado universalmente.
b) Numa proposição particular afirmativa o predicado não é tomado universalmente.
c) Numa proposição universal negativa o predicado é tomado universalmente.
d) Nas proposições particulares não há termos tomados universalmente.
e) Numa proposição particular negativa o sujeito não é tomado universalmente.
f) Nas proposições universais o sujeito é sempre tomado universalmente.
g) Numa proposição universal afirmativa o sujeito é tomado universalmente.
h) Nas proposições negativas não há termos tomados universalmente
2. Teste a validade dos silogismos categóricos que se seguem. No caso de serem inválidos, indique as
regras violadas.
a) Alguns alunos que estudam são universitários.
Nenhum universitário é aluno do ensino secundário.
Logo, alguns alunos do ensino secundário não são alunos que estudam.
b) Alguns idealistas são revolucionários.
Todos os revolucionários são partidários de mudanças de regime.
Logo, alguns partidários de mudanças de regime não são idealistas.
3. Teste a validade dos silogismos categóricos que se seguem.No caso de serem inválidos, indique as
regras violadas.
a) Modo IAI, 1.ª figura.
b) Modo EOO, 2.ª figura.
c) Modo AAA, 3.ª figura.
d) Modo IAI, 4.ª figura.
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TÓPICOS DE RESPOSTA
1. a) F; b) V; c) V; d) F; e) V; f) V; g) V; h) F
2.
a) Argumento inválido. Falácia da ilícita maior: o termo maior tem maior extensão na conclusão que na
premissa.
b) Argumento inválido. Falácia da ilícita maior: o termo médio tem maior extensão na conclusão que na
premissa; de duas premissas afirmativas não pode extrair-se uma conclusão negativa.
3.
a) Argumento inválido. Falácia do termo não distribuído: o termo médio nunca é tomado universalmente.
b) Argumento inválido. De duas premissas negativas nada se pode concluir.
c) Argumento inválido. Falácia da ilícita menor: o termo menor tem maior extensão na conclusão do que na
premissa onde ocorre.
d) Argumento válido. Todas as regras são respeitadas.
III - RACIONALIDADE ARGUMENTATIVA E FILOSOFIA
1 – Argumentação e lógica formal
1.3. Distinção: validade - verdade.
1. Indique se as frases que se seguem são ou não proposições.
a) Os novos smartphones são minicomputadores
b) Podes passar-me o sal?
c) Passa-me o sal.
d) Boas férias!
e) O estado das coisas tem vindo a melhorar.
f) Algumas pessoas inteligentes cometem erros.
2. Classifique as proposições que se seguem quanto à quantidade e à qualidade.
a) Os automóveis maiores tendem a gastar mais combustível.
b) Há lâmpadas que não são fluorescentes.
c) Alguns revolucionários tornam-se ditadores
d) Não há neve quente.
e) Há mamíferos aquáticos.
f) Os dinossauros extinguiram-se.
3. Identifique os indicadores de premissa e de conclusão.
a) Por conseguinte
b) Devido a
c) Já que
d) Daí que
e) Por isso
f) Dado que
g) Uma vez que
h) Assim
4. Coloque os argumentos que se seguem na forma padrão do silogismo categórico.
a) Alguns jogadores de golfe não são extraterrestres. Sabemos isso porque há portugueses que são
jogadores de golfe e os portugueses não são extraterrestres.
b) Dado que não há leitores analfabetos e os estudantes de Filosofia são leitores, segue-se que os
estudantes de Filosofia não são analfabetos.
c) Há utilitaristas que são consequencialistas e não há utilitaristas kantianos e, pelo que há
consequencialistas que não são kantianos.
5. Indique a proposição em falta em cada um dos silogismos categóricos que se seguem.
a) Sabemos que o António é um atleta, pois treina salto em comprimento todos os dias.
b) O Luís desafina muito, pelo que não poderá ser um cantor profissional.
c) A Joana gosta de passear na praia, dado que nasceu em novembro.
6. Explique a diferença entre verdade e validade.
7. Explique o que é um entimema.
TÓPICOS DE RESPOSTA
1. São proposições as alíneas a), e) e f).
2.
a) Universal afirmativa (tipo A).
b) Particular negativa (tipo O).
c) Particular afirmativa (tipo I).
d) Universal negativa (tipo E).
e) Particular afirmativa (tipo I).
f) Universal afirmativa (tipo A).
3. a) Conclusão.
b) Premissa.
c) Premissa.
d) Conclusão.
e) Conclusão.
f) Premissa.
g) Premissa.
h) Conclusão.
4. a) Nenhum português é um extraterrestre.
Alguns portugueses são jogadores de golfe.
Logo, alguns jogadores de golfe não são extraterrestres.
b) Nenhum leitor é analfabeto.
Todos os estudantes de Filosofia são leitores.
Logo, nenhum estudante de Filosofia é analfabeto.
c) Nenhum utilitarista é kantiano.
Alguns utilitaristas são consequencialistas.
Logo, alguns consequencialistas não são kantianos.
5. a) Todos os que treinam salto em comprimento todos os dias são atletas.
b) Nenhuma pessoa que desafine muito poderá ser um cantor profissional.
c) Todos os que nasceram em novembro gostam de passear na praia.
6. A verdade de uma proposição prende-se com a adequação entre o que esta declara e a realidade, enquanto
a validade está relacionada com a relação de necessidade entre as premissas e a conclusão.
7. Um entimema é um argumento em que uma ou mais premissas não são explicitamente apresentadas.