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DA HABITAÇÃO
NO ANO 2003
Apoio ao arrendamento 8
Apoio à recuperação 11
ANEXOS 45
FONTES DE INFORMAÇÃO 51
“O Sector da Habitação 2003” é uma edição que tem como objectivo apresentar, de uma
forma sintética, um conjunto de informações sobre o sector da habitação em Portugal e
das actividades que lhe são conexas.
Pretende ser, antes de mais, um verdadeiro documento de trabalho que servirá de refe-
rência e orientação às diversas iniciativas que o Governo está a promover no âmbito da
política habitacional.
Este documento foi elaborado na convicção de que as opções políticas devem obedecer a
critérios de responsabilidade social e racionalidade económica, cujo cumprimento só é pos-
sível com um adequado e rigoroso conhecimento da realidade.
Em curso está a reforma do arrendamento urbano, habitacional e comercial, que visa resta-
belecer as relações inquilino/senhorio fundadas nos direitos e obrigações de cada parte.
Está também em curso um novo programa para apoiar e incentivar a reabilitação urbana,
que será gerido pelo INH, em coerência com as alterações do arrendamento urbano e da
legislação que prevê a intervenção nos centros históricos e nas áreas críticas de reconver-
são urbanística.
É nesse sentido, com esse propósito e com muita determinação, que estamos a trabalhar.
O Estado Português tem vindo a apoiar de forma crescente, o acesso dos portugueses, à
habitação.
Figura 1
Apoios do Estado à Habitação
7
Valores em Euros
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Como se pode observar, entre 1992 e 2002, o total de apoios concedido aumentou de
forma muito significativa, passando de EUR. 295 milhões em 1992 para EUR. 942 milhões
em 2002, ou seja, um aumento de 219% em 10 anos, o que corresponde a uma Taxa de
Crescimento Anual Acumulada (TCAA) de 12.5% ao ano. No entanto, o fim do crédito
bonificado à habitação, provocará necessariamente uma redução do esforço do Estado ao
nível do apoio à aquisição de casa própria.
Apoio ao arrendamento
O Estado tem vindo a apoiar o arrendamento habitacional público e privado.
O arrendamento público
Por seu lado, cabe às Câmaras efectuar o recenseamento das famílias que no seu municí-
8 pio residem em barracas ou alojamentos similares, assumindo adicionalmente, o compro-
misso de após efectuado o realojamento destas famílias, demolir as suas antigas habitações,
e não permitir a construção de alojamentos “abarracados” nos seus concelhos.
De facto, existe hoje, uma preocupação generalizada não só sobre a qualidade das
Figura 2
Programas de Realojamento
Montante em Euros
5 000
80 000 000
4 000
60 000 000
3 000
Fonte: INH.
Pela leitura do gráfico supra, verifica-se que o montante da comparticipação do Estado a estes
programas aumentou de forma muito significativa, nos últimos 10 anos, passando de aproxi-
madamente EUR. 26 milhões em 1992 para cerca de EUR. 87 milhões em 2002.
Na Figura 3, apresenta-se, a evolução do IAJ desde o seu início até 2002 e verifica-se que
Figura 3
Incentivo ao Arrendamento Jovem (IAJ)
60 000 000
25 000
50 000 000
Número de beneficiários
20 000
Montante em Euros
40 000 000
15 000
30 000 000
10 10 000 20 000 000
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Fonte: INH.
Este subsídio, chegou a abranger cerca de 12 mil famílias em 1988, mas tem vindo gradual-
mente a perder importância.
Em 2001 foram apoiadas através deste subsidio, cerca de 7 mil familias correspondendo a
um apoio do Estado, de cerca de 1,3 milhões de EUR.
Apoio à recuperação
A recuperação urbana do parque habitacional privado também tem sido apoiada, ainda que
com resultados aquém do desejável.
Este último programa é relativamente recente, e devido às suas próprias características, tem
vindo a implantar-se de forma lenta. Entre 1999-2002 apenas beneficiaram deste programa 11
cerca de 700 habitações, com empréstimos no montante de 5 milhões de EUR.
Figura 4
Recria, Rehabita, Recriph e Solarh
5 000
20 000 000
4 000
15 000 000
3 000
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Fonte: INH.
Como se pode verificar, quer o número de fogos concluídos, quer o número de fogos em
curso aumentou consideravelmente desde o lançamento destes programas. Entre 1992 e
2002, o número de fogos concluídos aumentou de 1.558 para 1.885, ao que corresponde
um aumento no montante de subsídio atribuído pelo Estado de EUR 6 milhões para EUR.
18 milhões e pelos municípios de EUR. 4 milhões para EUR. 12 milhões. Não obstante ter-se
verificado um crescimento nos fogos intervencionados, é evidente a pouca eficácia dos
programas, já que em dez anos se recuperaram apenas 23.710 fogos.
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Como se pode constatar, os incentivos à aquisição de casa própria têm sido muito signi-
ficativos, representando em 2002 cerca de EUR. 767 milhões, repartidos entre bonificação
de juros de empréstimos (EUR. 410 milhões) e benefícios e deduções fiscais (EUR. 356 mi-
lhões). O peso destes incentivos tem vindo a aumentar de forma acelerada, passando de
aproximadamente EUR. 258 milhões em 1992 para os já referidos EUR. 767 milhões em
2002; ou seja, um aumento de 197% em 10 anos, o que corresponde a uma TCAA de
11.5% ao ano.
Figura 6
Apoio ao Arrendamento e Apoio à Aquisição
100%
Repartição do apoio do Estado por política
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Quadro 1
Apoios do Estado à Habitação (Valores em EUR milhões)
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
1.Apoio ao Arrendamento
INH
Número de fogos concluídos 1 283 605 776 1 272 2 128 2 200 4 965 7 107 5 835 7 590 6 343
Comparticipação ao Investimento 26 521 20 794 25 817 28 271 48 687 97 046 111 206 110 119 130 812 124 533 87 630
Total Parque de
Arrendamento Público 26.521 20 794 25 817 28 271 48 687 97 046 111 206 110 119 130 812 124 533 87 630
Parque de
Arrendamento Privado
Incentivo ao
Arrendamento Jovem (IAJ)
Número de beneficiários 1 727 5 253 9 097 12 059 16 649 19 519 22 740 23 491 24 610 24 681 23 862
Comparticipação 754 9 758 18 172 25 436 36 311 43 561 51 687 53 875 57 378 58 390 57 423
Número de fogos concluídos 1 558 1 397 1 822 2 205 1 915 2 183 3 637 2 527 1 956 1 965 1 885
Número de fogos em curso 1 600 2 866 2 861 3 378 5 049 7 248 5 858 6 056 5 361 5 353 5 497
Comparticipação IGAPHE 5 915 10 240 12 185 15 258 20 640 27 563 29 688 28 032 16 944 17 013 18 224
Comparticipação Municipios 3 890 8 035 8 035 10 055 13 597 18 191 19 582 18 535 11 219 11 247 12 006
Total Parque de
Arrendamento Privado 10 560 28 033 38 392 50 749 70 548 89 315 100 957 100 442 85 541 86 650 87 653
2.Apoios a Compra
de Casa Própria
Número de Empréstimos 51 376 62 227 84 445 95 009 118 211 154 215 216 631 226 593 175 113 153 134 167 835
Montante 1 406 610 1 945 311 3 014 887 3 694 831 4 922 688 6 945 166 10 474 401 11 988 269 10 456 459 9 865 743 11 723 930
Valor de Bonificação 162 802 162 293 194 241 226 992 229 132 244 331 346 854 408 116 365 976 345 301 410 338
Valor das deduções fiscais 95 469 114 424 143 254 199 718 250 645 295 787 340 878 348 719 349 953 355 552 356 974
Total Apoios a
Compra Casa Própria 258 272 276 717 337 495 426 710 479 777 540 118 687 732 756 835 715 929 700 853 767 312
Total de Apoios do Estado 295 354 325 544 401 704 505 730 599 012 726 479 899 895 967 396 932 282 912 036 942 595
Quadro 2
Número de Alojamentos Familiares Clássicos no Continente
Nas últimas três décadas o número de alojamentos familiares clássicos praticamente dupli-
cou, passando de 2.5 milhões em 1970, para 4.8 milhões em 2001. Note-se, no entanto, que
o aumento de fogos para residência habitual no mesmo período é aproximadamente de
1.2 milhões, sendo que o aumento de fogos de uso sazonal e vagos, é de aproximadamente
1 milhão, o que representa uma taxa de crescimento superior a 200% nas últimas três
décadas.
Figura 7
Repartição e Evolução de Alojamentos Clássicos por Tipo de Ocupação
6 000
5 000
%
2.14
-20 01)=
4 000 A(1970
TCA
milhões de fogos
3 000
2 000
1 000
Assim, verifica-se que uma parte substancial do crescimento de alojamentos familiares clás-
sicos no Continente se ficou a dever em grande medida ao aumento do número de aloja-
mentos de uso sazonal e vagos.
Nos últimos anos, o parque residencial manteve uma evolução apreciável, tendo o número
de alojamentos aumentado em cerca de 21% (800 mil alojamentos) entre 1991 e 2001.
Figura 8
Evolução do Número Total de Alojamentos entre 1991 e 2001
4.866
21%
34
4.028
-9%
37 1.422
34%
1.062
16%
3.411
2.929
1991 2001
17
Residência Habitual Uso sazonal/vago Outros Alojamentos
Quadro 3
Crescimento do número de alojamentos por zona geográfica
Alojamentos Clássicos
Alojamentos
Total
Como residência Uso não clássicos
habitual Sazonal/vagos
Continente 21 16 34 -9
Grande Porto 31 24 60 32
Península de Setúbal 26 23 35 76
Resto do Continente 18 13 30 -7
18
Fonte: Portugal, INE – Censos 1991 e 2001.
Figura 9
Distribuição do Número de Alojamentos por Zona Geográfica em 2001
19%
Grande Lisboa
63% 11%
Resto do Continente Grande Porto
7%
Península de Setúbal
Quadro 4
Taxas de Crescimento Anual Acumulada por Período
Figura 10
Taxas de Crescimento de Alojamentos por Período
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Portugal Espanha França Itália Grã-Bretanha EUA
Fontes: Portugal, INE – Censos 1970,1981,1991 e 2001; Espanha, EHS – 1980,1990,2000; França, ISEE – Censos 1990 e 1999;
Itália, ISTAT – Censos 1971, 1981, 1991 e 2001; Grã-Bretanha, SEH – 1971, 1980, 1990 e 2000; EUA, USA – USCB,
Censos 1970, 1980, 1990 e 2000.
20
A Figura 11 ilustra o que se pode denominar por “padrão mediterrânico”, ou seja, países
que estão mais expostos ao turismo apresentam um maior rácio de alojamento por família.
É o caso de Portugal, Espanha, França e Itália.
Figura 11
Número de Alojamentos por Família
1,5 1.44
1.38
1.20 1.20
1.10
1.00
1,0
0,5
0
Portugal Espanha França Itália Grã-Bretanha EUA
Fontes: Portugal, INE – Censos 1970,1981,1991 e 2001; Espanha, EHS – 1980,1990,2000; França, ISEE – Censos 1990 e 1999;
Itália, ISTAT – Censos 1971, 1981, 1991 e 2001; Grã-Bretanha, SEH – 1971, 1980, 1990 e 2000; EUA, USA – USCB,
Censos 1970, 1980, 1990 e 2000.
Figura 12
Alojamentos Clássicos Segundo Forma de Ocupação (Portugal)
3 000
2 000
11%
924
1 000
544
105 80 331
28
0
Resid. Uso Total Para Para Para Outros Total Total
Habitual Sazonal Venda Arrendamento Demolição Geral
Ocupados Vagos
Tendo por base os dados do Censo 2001 para Portugal, apresenta-se na Figura 12 a repar-
tição dos alojamentos segundo a forma de ocupação.Verifica-se que 89% dos alojamentos
se encontravam ocupados; no entanto, destes, cerca de 924 mil, ou seja, 20%, têm apenas
Quadro 5
Evolução do Número de Alojamentos Clássicos, Ocupados como Residência Habitual,
Segundo Entidade Proprietária em Portugal
Variação Variação
Censo 1981 Censo 1991 Censo 2001
2001/1981 %
Estado,.Autarquias.e.outras.ent.
Públicas.e.de.fins.sociais 123.481 141.499 117.982 -5.499 -4,5
Este efeito fez-se sentir de forma mais intensa entre 1998 e 2001, período em que se veri-
ficou um crescimento muito elevado no endividamento das famílias, resultante não só do
facto das taxas de juro já se encontrarem a níveis historicamente muito baixos, mas também
de uma agressividade comercial do sector financeiro na concessão de crédito para habitação.
Quadro 6
Comparação do Regime de Propriedade dos Alojamentos Clássicos de Residência Habitual de
Acordo com a Data de Construção no Continente
Antes de 1980 1.938.014 100,0 1.314.928 67,8 555.332 28,7 67.754 3,5
De acordo com o Censo 2001 (ver Quadro 6), a maioria dos alojamentos ocupados como
residência habitual tem uma data de construção anterior a 1980 (cerca de 57%). O número
de alojamentos ocupados pelo proprietário é, em termos médios, bastante elevado (75.4%
do total de alojamentos ocupados), sendo de salientar que esta tendência se faz sentir mais
intensamente nos alojamentos ocupados, construídos após 1991.
Assim, a grande fatia do parque habitacional construído após 1990 foi destinado a habitação
própria (86.9%), em contraste com apenas 13% dos fogos ocupados por não proprietários
(9.5% + 3.5%). Note-se que relativamente aos alojamentos com data de construção ante-
rior a 1980, estes valores são de 67.8% e 32.2% respectivamente, o que traduz uma maior
mobilidade das famílias portuguesas durante a década de 90 relativamente ao passado e o
facto de apesar do regime de crédito à habitação ter sido criado em 1976, só com a legis-
lação publicada em 1980 começa a ter impacto.
Observando os dados sobre o regime de ocupação por zona geográfica (Figura 13), verifi-
ca-se que nas zonas metropolitanas o peso relativo dos alojamentos clássicos ocupados
pelo proprietário é menor do que no resto do país, sugerindo uma maior importância do
mercado de arrendamento nestas áreas. Com efeito, apenas 64.7% dos alojamentos se
encontra ocupado pelos proprietários na Grande Lisboa, quando comparado com 81%
para o resto do Continente.
Figura 13
Distribuição do Regime de Propriedade na Grande Lisboa, Grande Porto, Península de Setúbal
e resto do Continente
20.4% 17.0%
29.3% 28.1%
75.6% 81.0%
64.7% 65.8%
% do total de alojamentos
Estado, Autarquias e outras Entidades Públicas e de fins sociais
Outros particulares e empresas privadas
Ocupante
No que diz respeito aos alojamentos de residência habitual não ocupados pelos proprie-
tários (ver Figura 14 e Quadro 7), verifica-se que cerca de 86% dos alojamentos estão
arrendados ou subarrendados, sendo que apenas 14% se encontram classificados como
cedência gratuita ou outras situações.
Figura 14
Alojamentos de Residência Habitual, não Ocupados pelo Proprietário no Continente
14.0% 100,0%
2.2% 117.804
8.6%
16.0% 72.402 18.695
59.1% 134.321
839.772
496.550
Quadro 7
Distribuição de Alojamentos de Residência Habitual, não Ocupados pelo Proprietário
por Zona Geográfica em 2001
Alojamentos arrendados
segundo o tipo de contrato
Zona Sub- Outras
Total
Geográfica Contrato Contrato Contrato -arrendados operações
Total de duração renovável de renda
limitada sem prazo social/apoiada
Continente 100 84 16 59 9 2 14
Quanto aos contratos de duração limitada, estes atingem uma maior proporção no resto
do Continente, quando comparados com a Grande Lisboa, Grande Porto e Península de
Setúbal. Registe-se ainda o elevado número de alojamentos não arrendados no Resto do
Continente, sendo muitos destes cedências gratuitas do alojamento.
Quadro 8
Evolução do Número de Alojamentos Clássicos não Ocupados Habitualmente no Continente
Variação Variação
Censo 1981 Censo 1991 Censo 2001
2001/1981 %
Figura 15
Peso dos Alojamentos Clássicos não Ocupados Habitualmente por Região em 2001 (%)
40
35
30
10.4%
25
10.9 %
10.9%
20
11.6%
15
10
22.9%
11.9%
27
18.6 % 17.5%
5 9.7% 9.9%
0
Continente Resto do Península de Grande Porto Grande Lisboa
Continente Setúbal
Carências habitacionais
Portugal tem ainda fortes carências habitacionais, que podem ser caracterizadas de duas
formas: carências habitacionais quantitativas, ou seja, ao nível do número de fogos neces-
sário ao alojamento de agregados familiares que residem em alojamentos não clássicos e à
eliminação de situações de coabitação, ainda que em alojamentos clássicos; e carências
habitacionais qualitativas, ou seja, ao nível das condições mínimas de habitabilidade.
Dezassete anos após ter aderido à então Comunidade Económica Europeia, Portugal apre-
senta ainda hoje muitas carências habitacionais. O Quadro 9 mostra as famílias que residem
em alojamentos familiares não clássicos, tendo por base os dados obtidos no Censo 2001.
Verifica-se que existiam em 2001 cerca de 27 mil alojamentos não clássicos, com um total
de aproximadamente 29 mil famílias residentes (ou seja, uma média superior a 1 família por
alojamento), o que corresponde a mais de 80 mil pessoas a residirem em alojamentos não
clássicos.
Para além desta situação, existiam ainda 121.119 famílias que, embora residindo em aloja-
mentos clássicos, partilham a habitação com uma ou mais famílias, situação que representa
cerca de 3% das famílias.
Quadro 9
Carências Habitacionais em Portugal, Alojamentos Familiares não Clássicos
Embora não seja totalmente correcto fazer uma correspondência directa entre o número
de fogos vagos e as carências habitacionais, sobretudo quando se trata de valores agrega-
dos, pode, todavia, afirmar-se, que a resolução das carências habitacionais poderá passar em
grande medida pela colocação dos fogos vagos no mercado, evitando desse modo a neces-
sidade de novas construções.
Figura 16
Evolução do Número Total de Alojamentos Familiares Clássicos
3.3
3.2
3.1
3.0
2.9
2.8
2.7
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001
A construção de fogos tem crescido de forma sustentada nos últimos anos. Analisando a
30 evolução de fogos construídos por tipo de promotor, concluímos que este aumento se
deve maioritariamente a promotores privados. No Quadro e Figura seguintes, apresenta-se
a evolução de construção de fogos novos por tipo de promotor.
Quadro 10
Fogos Construídos por Tipo de Promotor
Figura 17
Crescimento Anual do Número de Alojamentos Familiares Clássicos por Promotor Privado e Total
Total
120 000
100 000
Sector Privado
80 000
n.º de alojamentos
60 000
40 000
20 000
0
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001
31
Quer do Quadro 10, quer da Figura 17 resulta claramente que o sector privado tem sido
o motor do crescimento habitacional em Portugal. Comparando os rácios de fogos cons-
truídos por população residente verificamos que, enquanto os organismos públicos e as
cooperativas apresentam rácios praticamente constantes durante o período em análise, este
indicador para o sector privado apresenta um crescimento surpreendente, situando-se,
desde 1999, de forma sustentada acima de 1% ou seja, em cada ano, Portugal está a cons-
truir habitação para alojar mais de 1% da sua população.
Como atrás foi referido, a descida sustentada das taxas de juro em Portugal nos últimos
anos, bem como a maior facilidade de acesso ao crédito, permitiu que muitos portugueses
comprassem casa.
Figura 18
Estado de Conservação dos Alojamentos em Portugal em 2001
4 000 80%
3 091
Nº de Alojamentos
% de Alojamentos
62%
3 000 60%
A análise por regime de ocupação revela que dos 800 mil alojamentos a necessitar de
obras, 510 mil (64%) são de residência habitual, 180 mil (22%) encontram-se vagos e os
32 restantes 110 mil (14%) são de uso sazonal.
Quadro 11
Alojamentos Clássicos de Acordo com o Regime de Ocupação por Estado de Conservação dos
Edifícios em Portugal
Quanto à distribuição geográfica dos alojamentos a necessitar de obras, importa referir que 36%
se localizam nas Áreas Metropolitanas de Lisboa Porto, mas quando a avaliação se restringe aos
alojamentos de residência habitual, o peso das áreas metropolitanas sobe para 41%.
O estado de degradação dos alojamentos em Portugal pode ser explicado pelo reduzido inves-
timento na sua conservação e manutenção (o que por sua vez se deve ao reduzido valor das
rendas dos contratos de arrendamento anteriores a 1990).
Quando comparado com os restantes países do espaço económico europeu verifica-se que
Portugal apresenta o valor de investimento em recuperação mais baixo dos países considera-
dos. Apenas 5,66% do total de investimentos em construção.
Quadro 12
Investimentos em Construção na Europa em 2000
34
A acentuada descida das taxas de juro associadas ao crédito à habitação explica, em grande
medida, o forte impulso que o sector habitacional registou em Portugal durante os últimos
anos. A Figura 19 retrata esta situação.
Figura 19
Evolução do Montante do Crédito à Habitação (EUR milhões) e da Taxa de Juro de Referência
(Euribor a 6 meses, %)
14 000 12
Euribor a 6 meses
12 000 10
10 000
Montante (milhões de euros)
Percentagem
8 000
6
6 000
4 000
4
35
2 000 2
0 0
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
No entanto, outros factores foram igualmente relevantes para que a aquisição de habitação
própria com recurso ao crédito sofresse tão significativa expansão. De entre estes, desta-
cam-se:
● As restrições do lado da oferta no mercado de arrendamento privado, nomeada-
ziu em políticas mais agressivas e persuasivas junto dos seus clientes, o que redirec-
cionou a procura de habitação para o mercado da aquisição em detrimento do mer-
cado de arrendamento;
Tendo em atenção que as taxas de juro praticadas pelas diversas instituições de crédito nos
vários produtos associados ao crédito à habitação estão indexadas às taxas de juro nego-
ciadas no mercado monetário interbancário, importa analisar a evolução recente de uma
delas, nomeadamente a Euribor a 6 meses, a mais utilizada para empréstimos à habitação.
Figura 20
Evolução Recente das Taxas de Juro Relevantes para o Mercado da Habitação (%)
6
Euribor a 6 meses
36
5
Taxa de Referência do BCE
Percentagem
2
1994 1996 1998 2000 2002
Euribor a 6 meses Taxa de Referência do BCE
Fonte: Bloomberg.
Como a Figura 20 indica, a evolução que a Euribor a 6 meses tem vindo a experimentar
está intimamente relacionada com a política de taxas de juro seguida pela autoridade mo-
netária europeia, o Banco Central Europeu. Por exemplo, analisando o período posterior a
2000, pode-se facilmente constatar que, ou por movimentos de antecipação ou de reacção,
a Euribor a 6 meses tem vindo a acompanhar todos os movimentos da taxa Refi (taxa de
juro directora do Banco Central Europeu). Assim, depois de em Outubro de 2000 ter
atingido um máximo de 5.2%, face à política expansionista seguida pelo BCE, a Euribor a 6
meses tem vindo a descer de um modo significativo, tendo atingido o valor historicamente
baixo de 2% em Maio de 2003.
Figura 21
Taxa de Endividamento das Famílias (em % do Rendimento Disponível)
120
100
80
Percentagem
60
40
20
0
1992 1994 1996 1998 2000 2002
37
Fonte: Banco de Portugal.
Durante os últimos anos, nomeadamente nos últimos quatro, o nível de endividamento das
famílias (medido pela relação do montante de encargos com empréstimos face ao rendi-
mento disponível, ver Figura 21) tem vindo a crescer de forma acentuada e sistemática, pas-
sando de próximo de 18% em 1992 para mais de 100% em 2002. Esta evolução encontra-
-se fundamentalmente relacionada com a já referida descida das taxas de juro afectas ao
crédito à habitação, mas também devido à descida da taxa de inflação, ao crescimento
económico sustentado (entretanto interrompido em 2001...) e à maior liberalização da con-
cessão de crédito por parte das instituições financeiras.
o de tentar moralizar o acesso ao crédito bonificado, dando prioridade aos agregados fami-
liares com maiores necessidades. A Figura 22 ilustra esta situação.
Figura 22
Repartição do Crédito à Habitação (número de contratos)
140 000
120 000
Número de contratos
100 000
80 000
60 000
40 000
20 000
0
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Ao nível dos montantes envolvidos, constata-se igualmente que o ritmo de crescimento foi
significativo, passando de um valor contratado, em 1994, de EUR 3 mil milhões para EUR
11.7 mil milhões em 2002 (ver Figura 23).
Figura 23
Repartição do Crédito à Habitação (montante, EUR milhões)
8 000
7 000
montante (milhões euros)
6 000
5 000
4 000
3 000
2 000
1 000
0
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
De acordo com os dados do Censo 2001, aproximadamente 69% dos alojamentos ocupa-
dos pelos proprietários (cerca de 1.840 mil habitações) não tinham qualquer encargo asso-
ciado com a sua aquisição (ver Figura 24), estando os restantes 31% (isto é, 845 mil
habitações) a serem pagos a instituições financeiras ou outras entidades.
Figura 24
Recurso ao Crédito Junto das Instituições Financeiras (% do total de proprietários)
120%
100%
80%
40%
20%
31%
39
20%
0%
1998 2001
Este número tem vindo a crescer não só pelo aumento do número de alojamentos adquiri-
dos, mas também devido ao facto da grande maioria destes serem adquiridos com recur-
so a crédito. Tal como já foi referido, esta situação em muito se deve à descida acentuada
das taxas de juro e ao aumento do dinamismo da actividade bancária no nosso país.
Tendo por base o Inquérito à Habitação realizado pelo INE e referente a 1998, é possível
concluir que a dívida média neste ano rondava EUR. 27 mil, o prazo residual dos emprésti-
mos era de 15 anos e que o encargo mensal médio era de EUR. 215.
Como seria de esperar, a classe etária que mais recorre às instituições financeiras para
adquirir habitação é a mais jovem (até aos 30 anos). No entanto, é de realçar que só a par-
tir dos 65 anos é que a maioria dos novos proprietários recorre a capitais próprios para
aquisição de habitação própria (ver Figura 25).
Figura 25
Faixa Etária dos Ocupantes dos Alojamentos Clássicos desde 1988
100%
18,1%
27,9%
80% 48,3%
60% 83,7%
81,9%
40% 72,1%
51,7%
20%
16,3%
0%
Até 30 anos (31-45) anos (46-64) anos 65 ou mais anos
40 Em termos de valor médio dos encargos relacionados com a aquisição de habitação, este
representa mais do dobro da renda média. Esta disparidade é ainda maior no que respeita
aos edifícios mais antigos (construídos até 1960) e nos mais recentes (construídos após
1996). Existe uma relação proporcional entre o valor médio de encargos e a idade recente
de construção dos imóveis (em especial após 1970). Por seu lado, ao nível das rendas médias
regista-se uma inversão no seu aumento nos edifícios construídos após 1990.
Figura 26
Encargos e Rendas Médias em Portugal em 2001, Segundo a Época de Construção
400
350
300
250
EUR
200
150
100
50
Antes 1919 1919-45 1946-60 1961-70 1971-80 1987-85 1986-90 1991-95 1996-2001
Rendas Encargos
Comparando Portugal com alguns países europeus relativamente ao custo total associado
à habitação, constata-se que Portugal apresenta um custo de arrendamento muito reduzi-
do face à média comunitária, 1,8% em comparação com 4,4% (ver Quadro 13). A percen-
tagem de despesa total em manutenção e reparação situa-se em Portugal muito acima da
média comunitária (14,4% contra 2,2%).
Quadro 13
Custo Médio da Habitação (em % da despesa total), 2001
Figura 27
Evolução do Índice de Preços no Consumidor e do Custo da Habitação (1980=100)
900
800
700
600
500
400
300
200
100
1980 1985 1990 1995 1999 2000 2001
A evolução dos custos de habitação (medidos tendo por base os custos de renda e
aquisição, manutenção e reparação, água e esgotos, e electricidade e gás) apesar de signi-
ficativa, tem acompanhado a evolução do índice de preços no consumidor, ou seja, os cus-
tos de habitação têm aumentado a um ritmo semelhante ao do índice de preços no con-
sumidor. Este facto é ilustrado na Figura 27.
Figura 28
Proporção dos Alojamentos Ocupados pelo Proprietário em 1991 e 2001
Enquadramento Internacional
100
42 90
80
70
60
Percentagem
50
40
30
20
10
0
Portugal Espanha França Itália Grã-Bretanha EUA
1991 2001
Fontes: Portugal, INE – Censos 1970,1981,1991 e 2001; Espanha, EHS – 1980,1990,2000; França, ISEE – Censos 1990 e 1999;
Itália, ISTAT – Censos 1971, 1981, 1991 e 2001; Grã-Bretanha, SEH – 1971, 1980, 1990 e 2000; EUA, USA – USCB,
Censos 1970, 1980, 1990 e 2000.
Como referido anteriormente, foi a partir de 1998 que a construção de habitações regis-
tou um maior dinamismo, tendo atingido o valor de 10.8 fogos por mil habitantes em 2000.
Para este resultado, contribuiu de forma decisiva o desempenho do sector privado, que tem
compensado as quebras verificadas na construção de habitações a cargo de organismos
públicos e de cooperativas. Este fenómeno é ilustrado na Figura 29.
Figura 29
Fogos Construídos por Tipo de Promotor, 1994-2001
0.35 12
0.30 10
Milhares de habitantes por fogo construído
0.10
5 43
2
0.05
0.00 0
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2001
Figura 30
Licenças Concedidas e Fogos Licenciados pelas Autarquias, 1994-2001
140 000
N.º de licenças concedidas e de fogos licenciados
120 000
100 000
80 000
60 000
40 000
20 000
0
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001
Em termos europeus, constata-se que Portugal, entre 1990 e 1998, apresentou um ritmo
de licenciamento anual de fogos por mil habitantes claramente acima da média europeia –
5.6 fogos por mil habitantes (ver Figura 31). Esta diferença é ainda mais significativa quando é
comparada com o valor registado em 1999, de aproximadamente 12 fogos por mil habitantes.
Figura 31
Número Médio Anual de Fogos Licenciados por Mil Habitantes em Alguns Países da União
Europeia, 1990-1998
12
10
8
Percentagem
0
Portugal
Bélgica
Dinamarca
Alemanha
Grécia
Espanha
França
Irlanda
Itália
Luxemburgo
Holanda
Áustria
Finlãndia
Suécia
Portugal 1999
• Estatísticas Internacionais – OTB Research Institute for Housing, Urban and Mobility
Studies, Housing Statistics in the European Union, 2001 e 2002.
Ficha Técnica
Editor
MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS,TRANSPORTES E HABITAÇÃO
Secretaria de Estado da Habitação
Instituto Nacional de Habitação
Concepção Gráfica
5W - Comunicação e Marketing Estratégico, Lda.
Impressão e Acabamento
Soartes-artes gráficas, lda.
Tiragem
2.500 exemplares
Depósito Legal
205750/04
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