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CURSO DE BRIGADA DE INCÊNDIO

Carga horária: 20h

Desenvolvido por:
8931 – GEPES CURITIBA - PR

Curitiba, 2019.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................5
2 OBJETIVO DO CURSO ..........................................................................................................................5
3 BRIGADA DE INCÊNDIO.......................................................................................................................5
3.1 Composição da Brigada de Incêndio ............................................................................................................. 5
3.2 Organização da brigada de incêndio ............................................................................................................. 6
3.3 Programa do Curso de Brigada de Incêndio .................................................................................................. 7
3.4 Ações da Briga da de Incêndio ...................................................................................................................... 7
3.5 Controle do programa de brigada de incêndio ............................................................................................. 7
3.6 Identificação da brigada ................................................................................................................................ 8
3.7 Comunicação interna e externa .................................................................................................................... 9
3.8 Grupos de apoio ............................................................................................................................................ 9
4 ASPECTOS LEGAIS ...............................................................................................................................9
5 IMPLANTAÇÃO DA BRIGADA DE INCÊNDIO..................................................................................... 10
6 TEORIA DO FOGO E ELEMENTOS DA COMBUSTÃO......................................................................... 10
6.1 Triângulo do Fogo........................................................................................................................................ 10
6.2 Reação em cadeia ....................................................................................................................................... 14
6.3 Fases do incêndio ........................................................................................................................................ 15
7 PRODUTOS DA COMBUSTÃO .......................................................................................................... 16
7.1 Lesões por inalação de fumaça ................................................................................................................... 17
8 PROPAGAÇÃO DO FOGO ................................................................................................................. 19
8.1 Condução .................................................................................................................................................... 19
8.2 Convecção ................................................................................................................................................... 20
8.3 Radiação ...................................................................................................................................................... 20
9 CLASSES DE INCÊNDIO ..................................................................................................................... 20
9.1 Incêndio classe A: ........................................................................................................................................ 21
9.2 Incêndio classe B ......................................................................................................................................... 21
9.3 Incêndio classe C ......................................................................................................................................... 21
9.4 Incêndio classe D ......................................................................................................................................... 21
9.5 Incêndio classe K ......................................................................................................................................... 22
10 TÉCNICAS DE PREVENÇÃO DE INCÊNDIO E EXPLOSÕES .................................................................. 22
10.1 Regras básicas ............................................................................................................................................. 23
11 MÉTODOS DE EXTINÇÃO ................................................................................................................. 23
11.1 Extinção por ISOLAMENTO .......................................................................................................................... 24
11.2 Extinção por ABAFAMENTO ........................................................................................................................ 24
11.3 Extinção por RESFRIAMENTO ...................................................................................................................... 24
11.4 Extinção QUÍMICA ...................................................................................................................................... 25
11.5 Extinção de incêndios classe C .................................................................................................................... 25
11.6 Algumas observações sobre extinção de incêndios classe D ...................................................................... 25
12 AGENTES EXTINTORES ..................................................................................................................... 25
12.1 Agua ............................................................................................................................................................ 26
12.2 Espumas mecânica ...................................................................................................................................... 27
12.3 Dióxido de carbono (CO2) ............................................................................................................................ 28
12.4 Pó químico seco (PQS)................................................................................................................................. 29
13 EPI – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL ........................................................................... 30
13.1 Proteção respiratória .................................................................................................................................. 30
13.2 Proteção para cabeça .................................................................................................................................. 31
13.3 Proteção para o tronco ............................................................................................................................... 31
13.4 Proteção para as mãos e pés....................................................................................................................... 32
14 EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIO ................................................................................... 32
14.1 Extintores e acessórios ................................................................................................................................ 32
14.2 Sistema de Hidrantes .................................................................................................................................. 37
14.3 Sprinklers..................................................................................................................................................... 39

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14.4 Detecção e Alarme de Emergência ............................................................................................................. 39
14.5 Iluminação de Emergência .......................................................................................................................... 40
14.6 Sinalização de Emergência .......................................................................................................................... 40
14.7 Porta corta-fogo .......................................................................................................................................... 41
14.8 Corrimão ..................................................................................................................................................... 41
15 ABANDONO DE ÁREA ...................................................................................................................... 41
15.1 Procedimentos básicos de emergência: ...................................................................................................... 42
15.2 Ordem de Abandono ................................................................................................................................... 43
15.3 Pontos de Encontro ..................................................................................................................................... 43
15.4 Recomendações gerais para a população da planta ................................................................................... 43
16 PESSOAS COM MOBILIDADE REDUZIDA .......................................................................................... 44
16.1 Transporte de Apoio ................................................................................................................................... 45
16.2 Transporte pelas Extremidades................................................................................................................... 45
16.3 Transporte de Cadeira ................................................................................................................................. 46
16.4 Transporte nas Costas ................................................................................................................................. 46
16.5 Transporte de Bombeiro ............................................................................................................................. 46
17 RISCOS ESPECÍFICOS ........................................................................................................................ 47
17.1 Produtos Químicos ...................................................................................................................................... 47
17.2 Gerador de energia ..................................................................................................................................... 47
17.3 Bomba de incêndio ..................................................................................................................................... 48
17.4 Grupo de abandono - GRUA ........................................................................................................................ 49
18 PSICOLOGIA EM EMERGÊNCIAS ...................................................................................................... 51
18.1 Tempo de Pré-movimento (TPre)................................................................................................................ 51
18.2 Viés da normalidade: .................................................................................................................................. 51
18.3 Reação de luta ou fuga ................................................................................................................................ 52
18.4 Pânico .......................................................................................................................................................... 52
18.5 Pânico x Afiliação ........................................................................................................................................ 52
18.6 Busca por locais familiares .......................................................................................................................... 52
18.7 Medo paralisante: ....................................................................................................................................... 52
18.8 Vítimas são vítimas;..................................................................................................................................... 53
18.9 Conclusões: ................................................................................................................................................. 53
19 SISTEMA DE CONTROLE DE ACIDENTES .......................................................................................... 53
19.1 Histórico ...................................................................................................................................................... 54
19.2 Utilização da ferramenta ............................................................................................................................. 54
19.3 Utilização da ferramenta no Banco do Brasil .............................................................................................. 55
20 PRIMEIROS SOCORROS .................................................................................................................... 57
20.1 Na situação de emergência cabe ao brigadista: .......................................................................................... 57
20.2 Na avaliação e realização dos primeiros socorros cabe ao brigadista: ....................................................... 57
21 AVALIAÇÃO DO CENÁRIO E ABORDAGEM INICIAL .......................................................................... 58
21.1 Acionamento do serviço especializado de urgência/emergência ............................................................... 59
21.2 Atendimento inicial à vítima ....................................................................................................................... 60
22 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA .................................................................................................... 61
22.1 DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS ............................................................................................................... 64
23 HEMORRAGIA .................................................................................................................................. 68
24 DESMAIO ......................................................................................................................................... 68
25 CRISE CONVULSIVA .......................................................................................................................... 69
26 FERIMENTOS .................................................................................................................................... 70
26.1 Cortes e machucados .................................................................................................................................. 70
26.2 Ferimentos extensos ou profundos ............................................................................................................ 71
27 FRATURAS, ENTORSES E LUXAÇÕES ................................................................................................ 72
27.1 Fraturas ....................................................................................................................................................... 72
27.2 Entorses....................................................................................................................................................... 73
27.3 Luxações ...................................................................................................................................................... 74
28 QUEIMADURAS ................................................................................................................................ 74
29 CHOQUE........................................................................................................................................... 76

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30 ENVENENAMENTO E INTOXICAÇÕES .............................................................................................. 77
31 PICADA DE ANIMAIS PEÇONHENTOS .............................................................................................. 79
31.1 Serpentes .................................................................................................................................................... 79
31.2 Aranhas ....................................................................................................................................................... 82
31.3 Escorpiões ................................................................................................................................................... 83
32 OUTRAS EMERGÊNCIAS CLÍNICAS ................................................................................................... 84
32.1 AVC (Acidente Vascular Cerebral) ............................................................................................................... 84
32.2 Hipoglicemia ................................................................................................................................................ 85
32.3 Corpos Estranhos ........................................................................................................................................ 86
33 TRANSPORTE DE ACIDENTADOS...................................................................................................... 87
34 KIT DE PRIMEIROS SOCORROS......................................................................................................... 88

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1 INTRODUÇÃO

O curso de brigada de incêndio é um requisito legal previsto no Código de Segurança


Contra Incêndio e Pânico do Paraná e frente a esta demanda, buscou-se com este material
apresentar o conteúdo do curso, bem como padroniza-lo de acordo com a NPT – Norma de
Procedimento Técnico nº 17 – Brigada de Incêndio, do Código de Segurança Contra Incêndio e
Pânico Paraná. Outro aspecto importante é o alinhamento com as Instruções Normativas do
Banco do Brasil, mais especificamente a IN 399-1 e as peculiaridades da atividade bancaria, em
especial aspectos de segurança patrimonial e Gestão da Continuidade de Negócios previsto na
IN 420-1.

2 OBJETIVO DO CURSO

Apresentar aos integrantes da brigada de incêndio as condições mínimas para a


composição, formação, implantação, treinamento e reciclagem da brigada de incêndio, para
atuação em edificações e áreas de risco do Banco do Brasil no Estado do Paraná, na prevenção
e no combate ao princípio de incêndio, abandono de área e primeiros socorros, visando, em
caso de sinistro, proteger a vida e o patrimônio, reduzir os danos ao meio ambiente, até a
chegada do socorro especializado, momento em que poderá atuar no apoio.

3 BRIGADA DE INCÊNDIO

Grupo organizado de pessoas, voluntárias ou não, treinadas e capacitadas para:


- Orientar e ajudar na saída com segurança das pessoas que ocupem a edificação;
- Prestar os primeiros socorros;
- Combater o foco do fogo para proteger a vida humana e a propriedade;
- Avisar, receber e orientar o Corpo de Bombeiros para o acesso ao local do fogo.
As brigadas de incêndio são formadas por funcionários do Banco do Brasil e de
empresas contratadas com funcionários fixos na dependência, treinadas pelo SESMT – Serviço
Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho ou empresas especializadas,
para controlar princípios de incêndio de forma rápida e eficiente, pois a Brigada de Incêndio
conhece as instalações, os perigos específicos e os meios de extinção que a dependência
dispõe.
A brigada de incêndio é uma exigência do Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico
e leva em conta o grau de risco, a área construída e altura da edificação. Após o curso, o
proprietário e/ou responsável legal da empresa e/ou edificação deve emitir a declaração de
brigada de incêndio (NPT 17-1, 5.1.1) com data do ano vigente.

3.1 Composição da Brigada de Incêndio

A composição da brigada de incêndio de cada pavimento, compartimento ou setor é


determinada pela Tabela A.1 da NPT 17, que leva em conta a área do pavimento ou
compartimento, o grau de risco e os grupos e/ou divisões de ocupação da edificação.

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A composição da brigada de incêndio deve levar em conta a participação de pessoas de
todos os setores.

3.2 Organização da brigada de incêndio

A brigada de incêndio deve ser organizada funcionalmente, como segue:


a) Brigadistas: membros da brigada que executam as atribuições previstas na NPT
17;
b) Líder: responsável pela coordenação e execução das ações de emergência de
um determinado setor/pavimento/compartimento. É escolhido dentre os
brigadistas aprovados no processo seletivo;
c) Chefe da edificação ou do turno: brigadista responsável pela coordenação e
execução das ações de emergência de uma determinada edificação da planta. É
escolhido dentre os brigadistas aprovados no processo seletivo;
d) Coordenador geral: brigadista responsável pela coordenação e execução das
ações de emergência de todas as edificações que compõem uma planta,
independentemente do número de turnos. É escolhido dentre os brigadistas
que tenham sido aprovados no processo seletivo, devendo ser uma pessoa com
capacidade de liderança, com respaldo da direção da empresa ou que faça
parte dela. Na ausência do coordenador geral, deve estar previsto no plano de
emergência da edificação um substituto treinado e capacitado, sem que ocorra
o acúmulo de funções.

3.2.1 Organograma da Brigada de Incêndio

O organograma da brigada de incêndio da planta varia de acordo com o número de


edificações, o número de pavimentos em cada edificação e o número de empregados em cada
pavimento, compartimento, setor ou turno.
Exemplo de organograma de brigada de incêndio para prédio com três pavimentos ou
pavimento com mais de um setor.

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3.3 Programa do Curso de Brigada de Incêndio

Os candidatos a brigadista devem frequentar curso com carga horária de mínima de 8h


para agências bancárias e de 20h para as unidades de apoio do Banco do Brasil.
Os brigadistas que concluírem a formação ou a recapacitação, com aproveitamento
mínimo de 70% em avaliação teórica e/ou prática, podem receber certificados de brigadista, a
critério do profissional habilitado.

3.4 Ações da Brigada de Incêndio

As atribuições da brigada de incêndio são voltadas para ações de prevenção e também


para ações de emergência, entre elas destacamos:

3.4.1 Ações de prevenção

a) Análise dos riscos existentes durante as reuniões da brigada de incêndio;


Notificação ao setor competente da empresa ou da edificação das eventuais
irregularidades encontradas no tocante a prevenção e proteção contra incêndios;
b) Orientação à população fixa e flutuante;
c) Participação nos exercícios simulados;
d) Conhecer o plano de emergência da edificação.

3.4.2 Ações de Emergência

a) Identificar a situação;
b) Acionar alarme e orientar para abandono do prédio;
c) Acionar bombeiros ou ajuda externa;
d) Corte de energia;
e) Primeiros socorros;
f) Combate ao princípio de incêndio;
g) Recepção e orientação ao corpo de bombeiros.

3.5 Controle do programa de brigada de incêndio

Para que o trabalho da brigada de incêndio tenha êxito, além do curso de formação, dos
treinamentos de reciclagem e exercícios simulados é importante a realização de reuniões
periódicas e extraordinárias.

3.5.1 Reuniões ordinárias

Devem ser realizadas reuniões periódicas (mensais ou bimestrais) com os membros da


brigada, com registro em ata, onde são discutidos os seguintes assuntos (NPT17-2, 5.6.1):

a) Funções de cada membro da brigada dentro do plano;


b) Condições de uso dos equipamentos de combate a incêndio;

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c) Apresentação de problemas relacionados à prevenção de incêndios
encontrados nas inspeções para que sejam feitas propostas corretivas;
d) Atualização das técnicas e táticas de combate a incêndio;
e) Alterações ou mudanças do efetivo da brigada;

3.5.2 Reuniões extraordinárias

Após a ocorrência de um sinistro ou quando identificada uma situação de risco


iminente, fazer uma reunião extraordinária para discussão e providências a serem tomadas. As
decisões tomadas são registradas em ata e enviadas às áreas competentes para as providências
pertinentes.

3.5.3 Exercícios Simulados

Devem ser realizados exercícios simulados de abandono de área, parciais e completos,


na edificação, com a participação de todos os ocupantes, sendo recomendada uma
periodicidade máxima de um ano para simulados completos. No Banco do Brasil, a
periodicidade dos simulados, deve ser aquela recomendada pela IN 399-1.
Os exercícios simulados e são divididos em três partes.
Fase de Preparação: Consiste em avaliar os tipos de ocorrências que podem ocorrer na
planta e elaborar um programa de simulados prevendo um ou mais tipos de emergências de
forma isolada ou simultâneas, descrevendo o que será executado e como será executado.
Fase de Acompanhamento: Consiste no acompanhamento do simulado, observando o
comportamento individual durante a realização do mesmo, o atendimento da emergência
simulada pelos responsáveis, bem como o seu desenrolar, com sugestões de melhorias pelos
observadores.
Fase de Fechamento: Logo após a realização do simulado é realizada uma reunião
extraordinária para avaliação e correção das falhas ocorridas. Deve ser elaborada ata na qual
conste:
a) Data e horário do evento;
b) Tempo gasto no abandono;
c) Tempo gasto no retorno;
d) Tempo gasto no atendimento de primeiros socorros;
e) Atuação dos profissionais envolvidos;
f) Comportamento da população;
g) Participação do Corpo de Bombeiros (se houver) e tempo gasto para sua
chegada;
h) Ajuda externa (se houver) (PAM - Plano de Auxílio Mútuo);
i) Falhas de equipamentos;
j) Falhas operacionais;
k) Demais problemas levantados na reunião.

3.6 Identificação da brigada

Devem ser distribuídos em locais visíveis e de grande circulação quadros de aviso ou


similares, sinalizando a existência da brigada de incêndio e indicando seus integrantes com suas
respectivas localizações.

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O brigadista deve utilizar constantemente em lugar visível uma identificação que o
reconheçam como membro da brigada.
No caso de uma situação real ou simulado de emergência, o brigadista deve usar
braçadeira, colete ou capacete para facilitar sua identificação e auxiliar na sua atuação.
É vedado ao brigadista ou brigadista profissional o uso de uniformes ou distintivos iguais
ou semelhantes aos utilizados pelo Corpo de Bombeiros

3.7 Comunicação interna e externa

Nas plantas em que houver mais de um pavimento, setor ou edificação, deve ser
estabelecido previamente um sistema de comunicação entre os brigadistas, a fim de facilitar as
operações durante a ocorrência de uma situação real ou simulado de emergência.
Essa comunicação pode ser feita através de telefones, quadros sinópticos, interfones,
sistemas de alarme, rádios, alto-falantes, sistemas de som interno etc.
Caso seja necessária a comunicação com meios externos (Corpo de Bombeiros ou Plano
de Auxílio Mútuo), o(a) telefonista ou operador de rádio é o(a) responsável. Para tanto, faz-se
necessário que essa pessoa seja devidamente treinada e que esteja instalada em local seguro e
estratégico para o abandono.

3.8 Grupos de apoio

O grupo de apoio é formado com a participação da Segurança Patrimonial, de


eletricistas, encanadores, telefonistas e técnicos especializados na natureza da ocupação.

4 ASPECTOS LEGAIS

Um dos critérios básicos para ser brigadista é ter responsabilidade legal, ou seja, maior
idade é quando todo indivíduo plenamente capaz é responsável civil e criminalmente pelos atos
que comete, ou seja, tudo o que fizer pode gerar obrigação de reparar seu prejuízo e cumprir
pena criminal.
O Brigadista pode, então, ser obrigado a indenizar todo e qualquer prejuízo que causar
ao patrimônio de terceiro, bem como pela morte ou lesão causada por seu erro.
A indenização varia de acordo com o bem atingido, o grau de lesão ou prejuízo causado,
a situação financeira da vítima e do brigadista e, ainda, em caso de lesão, conforme se a lesão
incapacita ou não para o trabalho e em caso de morte, com a idade da vítima.
Além das atribuições previstas na NPT 017 – Parte 02, deve o brigadista estar ciente da
documentação relativa à certificação do Corpo de Bombeiros referente à edificação, Certificado
de Vistoria em Estabelecimento (CVE) e Plano de Segurança Contra Incêndio e Pânico (PSCIP).
Deve atentar-se sobre atualização e validade dos documentos citados.
Acionar o Corpo de Bombeiros quando necessário, devendo o responsável de maior
hierarquia da brigada de incêndio (coordenador-geral, chefe da brigada ou líder, conforme o
caso) designar 1 (um) brigadista para aguardar o socorro na entrada principal da edificação, e
repassar as informações necessárias ao atendimento de sinistros.
Segundo item 6.2.3, da NPT 17, deve priorizar a evacuação da edificação nos casos de
sinistro.

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5 IMPLANTAÇÃO DA BRIGADA DE INCÊNDIO

O Anexo “C” da NPT 17 traz todas as informações e etapas para implantação da brigada
de incêndio.

6 TEORIA DO FOGO E ELEMENTOS DA COMBUSTÃO

O fogo ou combustão é a reação química de uma substância combustível (sólida, líquida


ou gasosa) pela ação do calor e em presença de um gás comburente (oxigênio).
Quando está sob controle o fogo é uma fonte de energia que o homem utiliza para o seu
maior conforto, podendo ser utilizado no meio doméstico ou industrial. (Ex.: Fogão, Caldeiras,
Lareira, Vela etc.)
Princípio de Incêndio: É o incêndio de mínimas proporções, embrionário, e que pode ser
facilmente extinto pela utilização de um ou mais aparelhos extintores portáteis.
Incêndio: É o fogo que foge ao controle do homem, e necessita de meios específicos
(Homens e Equipamentos Especializados) para o seu controle. (Ex.: Prédio, Casa, Mato, Carro
etc.)
Para que haja fogo, é necessário existir um combustível que, atingindo seus pontos de
fulgor e combustão, gera gases inflamáveis, os quais, misturados com um comburente
(geralmente o oxigênio contido no ar), precisam apenas de uma fonte calor (faísca elétrica,
uma chama ou um superaquecimento) para inflamar e começar a reação em cadeia.

6.1 Triângulo do Fogo

É formado pelos três elementos básicos do


fogo que são: CALOR, COMBUSTÍVEL e OXIGÊNIO,
que ao reagirem entre si formam um efeito físico de
uma reação química que se caracteriza pelo
desprendimento de luz e calor também denominado
de Combustão.

Figura 1: Triângulo do fogo

As técnicas para extinguir o fogo, visam à eliminação de um ou mais desses elementos:


separar o combustível do oxigênio com uma camada isolante (abafamento), eliminar o
combustível (isolamento = retirada do material), diminuir a temperatura do combustível até
ficar abaixo da temperatura de ignição (resfriamento).

6.1.1 Combustível

Combustível é o material ou substância que será oxidada ou queimada durante o


processo de combustão. Em termos científicos, o combustível, em uma reação de combustão, é
conhecido como o agente redutor. Tendo por base o seu estado físico, eles podem classificar-se
em sólidos, líquidos e gasosos, sendo que os sólidos e os líquidos se transformam
primeiramente em gás pelo calor e depois inflamam.

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a) Combustíveis Sólidos:

Quando exposto a um determinado nível de energia (calor ou radiação) sofre um


processo de decomposição térmica, denominado pirólise, e desenvolvem produtos gasosos (gás
e vapor), que, com o oxigênio do ar, forma a mistura inflamável (ou explosiva). Essa mistura na
presença de uma fonte de energia ativante (faísca, chama, centelha) se inflama.

De forma simplificada, quando os combustíveis sólidos são aquecidos, eles se


decompõem e liberam gases combustíveis. A este processo se dá o nome de pirólise.
A pirólise é uma forma de decomposição que ocorre em um ambiente com pouco ou
nenhum oxigênio que é muito quente, e também pode estar em alta pressão. Esta forma de
decomposição pode ocorrer na natureza, e também pode ser usado em ambientes controlados
para vários fins. Alguns produtos industriais são produzidos com o auxílio da pirólise e também
são usados para produzir combustíveis experimentais e em várias outras aplicações, tanto
experimentais quanto comerciais.

Com a pirólise, ocorre a decomposição


térmica, com o material quebrando sob o calor para
produzir gases, alguma água e subprodutos sólidos
que podem assumir a forma de cinzas ou carvão.
São exemplos combustíveis sólidos: Madeira,
papel, tecido, algodão, etc.
Figura 2: Combustíveis sólidos

b) Combustíveis Líquidos

Quando exposto a um determinado grau de calor, não sofre decomposição térmica,


mas, sim, o fenômeno físico denominado evaporação, que é a liberação dos vapores, os quais,
em contato com o oxigênio do ar, forma a mistura inflamável (ou mistura explosiva). Essa
mistura na presença de uma fonte de energia ativante (faísca, chama, centelha) se inflama.

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Os líquidos têm massa e volume definido, no
entanto, não possuem forma definida, exceto por
sua superfície sempre plana. Os líquidos assumem a
forma do recipiente que os contêm. Se derramados,
os líquidos se espalham pelo solo, fluindo para e se
acumulando nas partes mais baixas.
Exemplos: gasolina, etanol (álcool),
querosene, ...
Figura 3: Combustíveis líquidos

c) Combustíveis Gasosos

Assim considerado quando se apresenta em forma de gás ou vapor na temperatura do


ambiente. Esse combustível em contato com o oxigênio do ar forma a mistura inflamável (ou
mistura explosiva), que na presença de uma energia ativante (faísca, chama, centelha) se
inflama.

São os mais perigosos, já que estão nas condições requeridas;


- Dependem apenas de mistura ideal com o ar;
- Possuem massa, no entanto, não possuem forma e volume definidos.
Riscos:
- Possibilidade de vazamento – formar misturas explosivas com o ar;
- Ao vazar, atingir fonte de ignição;
- Fogo extinto apenas depois do corte do fluxo do gás;
- Levar em consideração densidade do gás;

Expansão:

- Aquecidos aumentam volume – válvula


de segurança. Disco que se rompe por
pressão ou dispositivo que se funde por
temperatura;
- Mais provável explosão do gás no
recipiente.
Figura 4: Gás de cozinha

6.1.2 Comburente

É todo elemento que, associando-se quimicamente ao combustível, é capaz de fazê-lo


entrar em combustão na presença de uma fonte de calor inicial.

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O oxigênio é o comburente mais comumente encontrado, sua presença em
concentrações a partir de 16% no ar atmosférico possibilita vida às chamas e intensifica a
combustão.
A atmosfera é composta por 21% de oxigênio, 78% de nitrogênio e 1% de outros gases.
Em ambientes com a composição normal do ar, a queima desenvolve-se com velocidade e de
maneira completa. Notam-se chamas. Contudo, a combustão consome o oxigênio do ar num
processo contínuo. Quando a porcentagem do oxigênio do ar do ambiente passa de 21% para a
faixa compreendida entre 16% e 9%, a queima torna-se mais lenta, notam-se brasas e não mais
chamas. Quando o oxigênio contido no ar do ambiente atinge concentração menor que 9%, não
há combustão.

6.1.3 Calor

É uma forma de energia. É o elemento que dá início ao fogo, é ele que faz o fogo se
propagar.
Pode ser uma faísca, uma chama ou até um superaquecimento em máquinas e
aparelhos energizados.
Vimos que um corpo precisa ser aquecido para liberar destilados. Estes é que irão
queimar e no processo de aquecimento de uma substância, até que ela queime, são observadas
várias fases limitadas por temperaturas ou pontos.

a) Ponto de Fulgor

É a temperatura mínima necessária para que um combustível desprenda vapores ou


gases inflamáveis, os quais, combinados com o oxigênio do ar em contato com uma chama,
começam a se queimar, mas a chama não se mantém porque os gases produzidos são ainda
insuficientes

Figura 5: Ponto de fulgor

b) Ponto de Combustão

É a temperatura mínima necessária para que um combustível desprenda vapores ou


gases inflamáveis que, combinados com o oxigênio do ar e ao entrar em contato com uma
chama, se inflamam, e, mesmo que se retire a chama, o fogo não se apaga, pois essa
temperatura faz gerar, do combustível, vapores ou gases suficientes para manter o fogo ou a
transformação em cadeia.

13
Figura 6: Ponto de combustão

c) Ponto de ignição

Existe uma temperatura a partir da qual os gases desprendidos irão queimar-se mesmo
que não se tenha aproximado nenhuma fonte de calor. É o ponto de ignição ou temperatura de
ignição.

Figura 7: Ponto de ignição

6.2 Reação em cadeia

A reação em cadeia torna a queima


autossustentável. O calor irradiado das chamas
atinge o combustível e este é decomposto em
partículas menores, (moléculas que foram
quebradas formando radicais livres) que se
combinam com o oxigênio (comburente) e
queimam, irradiando outra vez calor para o
combustível, formando um ciclo constante.

Figura 8: Reação em cadeia

Os elementos, combustível, comburente e calor, isoladamente, não produzem fogo.


Quando interagem entre si, realizam a reação em cadeia, gerando a combustão e permitindo
que ela se auto mantenha. Algumas literaturas apontam a reação em cadeia como um quarto
elemento, porém, analisando a função dela na combustão, verifica-se que ela nada mais é do
que a interação do combustível, do comburente e do calor.
Reação em cadeia é um termo que faz referência a uma sucessão de reações químicas
ou, subprodutos de reações idênticas provindas de um mesmo ponto de reação sem nenhuma
interferência aparente no processo até que a atividade reacional se esgote. Para entendermos
essa temática, vamos retomar o conceito de reação química.

14
Reação química: Toda reação química implica na obtenção de produtos os quais sofrem
transformações em suas propriedades físicas e químicas ao longo do processo de reação. Em
outras palavras, em um dado sistema, reação química é a transformação em que novas
substâncias são formadas a partir da atividade interatômica de outras.
Alguns exemplos de reação em cadeia: Reação de Combustão; Fissão nuclear.
Reação de Combustão: reação de combustão é uma reação de oxidação completa
autossustentada de um combustível, ao menos, até que o comburente e o combustível sejam
mantidos. O Hidrogênio (H), o Carbono (C) e o Enxofre (S) são os principais elementos
considerados combustíveis. Evidencia uma reação em cadeia pela liberação de radicais livres e
gases inflamáveis que mantém o ciclo de reação. O calor emitido é a energia liberada pelo
processo exotérmico.

6.2.1 Tetraedro do Fogo

Considerando os quatro elementos estudados acima, teremos o TETRAEDRO DO FOGO,


que representa a união dos quatro elementos essenciais do fogo. A propagação do fogo vai
depender da existência de energia suficiente para a reação em cadeia.

Figura 9: Tetraedro do fogo

6.3 Fases do incêndio

Pré-Ignição: Nesse estágio podem ser consideradas duas fases: abrasamento e


chamejamento.
No abrasamento a combustão é lenta, sem chama e produção de pouco calor, mas com
potencial para preencher o compartimento com gases combustíveis e fumaça.
Essa combustão pode ter a duração de algumas horas antes do aparecimento de
chamas.
As formas físicas dos materiais que queimam por abrasamento são diversas. Por
exemplo: serragem de madeira, pilhas de sacos de papel ou de fibras naturais, palhas, folhas
secas, capim seco e alguns tipos de material sintético expandido (espuma plástica).
Devido à produção de pouco calor, a força de flutuação da fumaça e ou dos gases
gerados é pequena e seus movimentos serão determinados pelo fluxo do ar ambiente.
O chamejamento é a forma de combustão que estamos acostumados a ver, ou seja, com
chama e fumaça.
O desenvolvimento do calor e da fumaça/gases é mais rápido que a combustão por
abrasamento.

15
Figura 10: Fase do incêndio

Crescimento: Nesse estágio ocorre a propagação do fogo para outros objetos


adjacentes e ou para o material da cobertura ou teto.
A temperatura do compartimento se elevará na razão direta do desenvolvimento do
calor dos materiais em combustão.
Nessa fase, a elevação da temperatura no compartimento, antes de atingir o
“flashover”, pode ser calculada utilizando-se o conceito de modelo por zona e assumindo que a
camada dos gases quentes no teto é uniforme.
Queima Livre: Nessa fase as temperaturas do ambiente atingirão valores acima de
1.100C e todos os materiais combustíveis do ambiente entrarão em combustão. O incêndio irá
se propagar por meio das aberturas internas, fachadas e coberturas da edificação.
Deve-se considerar como constante a razão de consumo dos materiais combustíveis que
compõem a carga de incêndio do compartimento. A duração desse estágio está ligada à carga
de incêndio que passa dos 80% para 30% do valor inicial.
A razão de desenvolvimento do calor é diretamente proporcional ao consumo da massa
do combustível e do seu efetivo poder calorífico.

7 PRODUTOS DA COMBUSTÃO

Contrariamente a opinião popular, o maior risco à vida devido aos incêndios, não se
constitui nem das chamas, nem do calor, senão da inalação de fumaça e gases aquecidos e
tóxicos, assim como a deficiência de oxigênio.
A quantidade e os tipos de gases da combustão presentes durante e depois de um
incêndio varia fundamentalmente com a composição química do material da combustão, com a
quantidade de oxigênio disponível e também com a temperatura do incêndio.
Dentre os produtos da combustão, aqueles que apresentam impacto mais significativo
em bombeiros, brigadistas e pessoas envolvidas em um incêndio são o calor e a fumaça.
A fumaça gerada em incêndios contêm gases asfixiantes e irritantes.
Os asfixiantes são aqueles que causam a depressão do sistema nervoso central,
produzindo desorientação, intoxicação, perda da consciência e até morte.
A redução dos níveis de oxigênio como resultado de um incêndio também provocará
efeitos narcóticos nos humanos.

16
Os agentes irritantes são substâncias que causam lesões na respiração (irritantes
pulmonares), além de inflamação nos olhos, vias aéreas superiores e pele (irritantes sensoriais).

7.1 Lesões por inalação de fumaça

Os pulmões e as vias aéreas são mais vulneráveis a lesões decorrentes de incêndio que
outras áreas do corpo, em virtude de os sinistros, sejam ao ar livre ou confinados,
apresentarem atmosfera potencialmente tóxica. Por isso, somente bombeiros treinados e
protegidos, adequadamente, devem efetuar o combate ao fogo.
Existem quatro mecanismos de lesão inalatória associada a incêndio:
- Deficiência de oxigênio;
- Temperatura elevada;
- Partículas encontradas na fumaça; e
- Gases tóxicos associados ao incêndio

a) Deficiência de oxigênio

O processo de combustão consome oxigênio enquanto produz gases tóxicos que


ocupam o espaço do oxigênio ou diminuem sua concentração. Quando a concentração de
oxigênio é menor que 18% o corpo começa a reagir, aumentando a frequência respiratória.
- Normal 21%;
- Abaixo de 17% diminuição do controle muscular;
- Entre 14 e 10% perdem orientação e tendem a ficar muito cansados;
- Entre 10 e 6% produzem desmaios e até a morte, caso a vítima não seja transferida
para um ambiente com atmosfera normal e receba tratamento com oxigênio
medicinal suplementar.

b) Temperatura elevada

A ação decorrente da temperatura da fumaça inalada raramente provoca lesões abaixo


da laringe. Apesar de possuir alta temperatura, a fumaça tende a ser seca, o que diminui muito
o potencial de troca de calor.
As lesões em vias aéreas superiores (nariz e boca) são caracterizadas pela presença de
vermelhidão, inchaço e feridas, podendo haver sangramento local ou mesmo obstrução da área
atingida. Se a fumaça estiver misturada a vapor úmido, o dano é ainda maior
A entrada repentina de ar quente nos pulmões pode causar queda de pressão e falha do
sistema circulatório. Também pode ocorrer edema pulmonar, que é o inchaço por acúmulo de
fluidos nos pulmões, levando à morte por asfixia.
O dano aos tecidos respiratórios causado pelo ar quente não é revertido
imediatamente, pela inalação de ar fresco.

c) Partículas encontradas na fumaça

A fumaça produzida pelo incêndio é uma suspensão de partículas de carbono, alcatrão e


poeira, flutuando numa combinação de gases aquecidos. As partículas fornecem uma área para
condensação de alguns dos gases da combustão, especialmente ácidos orgânicos e aldeídos.
Estes gases podem ser ASFIXIANTES e IRRITANTES, que podem levar a morte.

17
Os ASFIXIANTES são aqueles que causam a depressão do sistema nervoso central,
produzindo desorientação, intoxicação, perda da consciência e até morte. Os mais comuns são:

a) Monóxido de Carbono – CO

É resultante da queima incompleta de combustíveis a base de carbono. É o produto da


combustão que causa mais mortes em incêndios. É um gás incolor e inodoro presente em todo
incêndio, mas principalmente naqueles pouco ventilados. Em geral, quanto mais escura a
fumaça, mais monóxido de carbono está sendo produzido.
O monóxido de carbono não age sobre o corpo, mas impede que o oxigênio seja
transportado pelo sangue ao cérebro e tecidos. Por isso, a exposição ao gás deve ser
imediatamente interrompida.
A concentração de monóxido de carbono no ar acima de 0,05% (500 partes por milhão)
pode ser perigosa. Quando a porcentagem passa de 1% (10.000 partes por milhão) pode
acontecer perda de consciência, sem que ocorram sintomas anteriores perceptíveis, podendo
provocar convulsões e a morte.

b) Dióxido de Carbono – CO2

A inalação deste gás em grandes quantidades produz um aumento da velocidade e da


intensidade da respiração.
Concentrações de até 2% do gás aumentam em 50% o ritmo respiratório do indivíduo.
Se a concentração do gás na corrente sanguínea chegar a 10%, pode provocar a morte.

c) Ácido cianídrico, gás cianídrico, cianeto ou cianureto de hidrogênio - HCN:

Produzido a partir da queima de combustíveis que contenham nitrogênio, como os


materiais sintéticos: lã, seda, nylon, poliuretanos, plásticos e resinas. Ele praticamente não se
combina com a hemoglobina, mas impede a utilização do oxigênio por parte das células.
- É aproximadamente vinte vezes mais tóxico que o monóxido de carbono.
- É o produto mais tóxico presente na fumaça.
- Impede a utilização do oxigênio por parte das células, é letal a 0,3% no ambiente.

Os IRRITANTES são substâncias que causam lesões na respiração (irritantes pulmonares),


além de inflamação nos olhos, vias aéreas superiores e pele (irritantes sensoriais). Que são:

a) Acroleína:

É um irritante pulmonar que se forma a partir da combustão de polietilenos


encontrados em tecidos. Extremamente irritante mesmo em baixas concentrações e seus
efeitos poderão causar a morte por complicações pulmonares horas depois da exposição.

b) Ácido sulfídrico (H2S)

Proveniente da madeira e materiais orgânicos que contenham enxofre, danifica o


sistema nervoso e paralisa o sistema respiratório, letal acima de 0,07% em 30 min.

18
c) Ácido clorídrico - cloreto de hidrogênio:

Se forma a partir da combustão de materiais que contem cloro (exemplo: PVC). Agente
irritante sensorial e pulmonar. Irritantes aos olhos, parte superior do trato respiratório e pode
produzir distúrbios de comportamento. De forma geral eles produzem disfunções respiratórias
e certa susceptibilidade à infecções.

d) Outras complicações

A fumaça afeta também a segurança das pessoas das seguintes maneiras:


a) Tira a visibilidade das rotas de fuga;
b) Aumenta a palpitação devido à presença de gás carbônico;
c) Provoca o pânico por ocupar grande volume do ambiente;
d) Debilita a movimentação das pessoas pelo efeito tóxico de seus componentes;
e) Tem grande mobilidade podendo atingir ambientes distantes em poucos
minutos

8 PROPAGAÇÃO DO FOGO

O fogo pode se propagar:


- Pelo contato da chama em outros combustíveis;
- Através do deslocamento de partículas incandescentes;
- Pela ação do calor.
O calor é uma forma de energia produzida pela combustão ou originada do atrito dos
corpos. Ele se propaga por três processos de transmissão:

8.1 Condução

É a forma pela qual se transmite o


calor através do próprio material (sólido), de
molécula a molécula ou de corpo a corpo.

Figura 11: Transferência de calor por condução

19
8.2 Convecção

É a transferência de calor pelo


movimento ascendente de massas de gases
ou de líquidos dentro de si próprio.

Figura 12: Transferência de calor por convecção

8.3 Radiação

É quando o calor se transmite por


ondas de energia caloríficas através do
espaço, sem utilizar qualquer meio material.

Figura 13: Transferência de calor por radiação

9 CLASSES DE INCÊNDIO

Os incêndios são classificados de acordo com as características dos seus combustíveis.


Somente com o conhecimento da natureza do material que está se queimando, pode-se
descobrir o melhor método para uma extinção rápida e segura.

20
9.1 Incêndio classe A:

Ocorrem em combustíveis sólidos e


fibrosos, queimam em superfície e profundidade,
deixando resíduos. Seu combate deve ser feito
utilizando soluções aquosas através do
resfriamento. Dentre eles estão: tecido, papel,
algodão, borracha e madeira, ...

Figura 14: Fogo Classe A

9.2 Incêndio classe B

Ocorrem em combustíveis que queimam em


superfície e geralmente não deixam resíduos. Seu
combate é feito por abafamento com uso de pós
químicos e CO2 e espuma mecânica. Fazem parte
desse grupo o óleo, a gasolina, o querosene,
graxas, tintas e álcoois, em geral.

Figura 15: Fogo Classe B

9.3 Incêndio classe C

Equipamentos elétricos energizados,


oferecem risco a vida, desligados transformam-se
em classe “A”. O combate é feito com substâncias
menos condutoras de eletricidade com pós
químicos e gás carbônico. Fazem parte os
computadores, quadros de disjuntores, ...

Figura 16: Fogo Classe C

9.4 Incêndio classe D

21
Metais pirofórico como: magnésio, potássio,
alumínio em pó, que necessitam para sua extinção
de agentes extintores especiais que quebram a
reação em cadeia quando inflamados.

Figura 17: Fogo Classe D

9.5 Incêndio classe K

Os óleos de cozinha usados para fritura têm uma faixa ampla de temperaturas de
autoignição. Ela pode ocorrer em qualquer intervalo entre 288ºC e 385º C. Quando o óleo é
aquecido além destas temperaturas, ocorre a autoignição, uma vez em chamas, a temperatura
de autoignição pode baixar cerca de 10º C e incêndio será sustentado a menos que a massa
inteira de óleo for refrigerada abaixo da nova temperatura de autoignição.

Caracteriza-se por fogo em óleo e gordura


de cozinha. Esse tipo de incêndio é extinto pelo
método de abafamento.
Existem extintores especiais para este tipo
de incêndio, mas ele pode ser controlado com uso
de Pó B-C.
Nunca utilizar água para este tipo de fogo.

Figura 18: Fogo Classe D

Quando um agente extintor de base alcalina (Pó B-C) são aplicados, á gorduras
saturadas a altas temperaturas, ocorre uma reação chamada de “saponificação”. A reação
forma uma espuma “ensaboada” que abafa o fogo e contém os vapores inflamáveis e o
combustível quente.
Pós a base de monofosfato de amônia (ABC) são ácidos por natureza e não saponificam
quando aplicados a combustível de cozinha queimando.

10 TÉCNICAS DE PREVENÇÃO DE INCÊNDIO E EXPLOSÕES

As técnicas de prevenção de incêndio, envolvem desde o Projeto Contra Incêndio e


Pânico (PSCIP), que faz o dimensionamento dos sistemas de segurança contra incêndio e pânico
conforme requisitos legais, até as atividades de educação dos ocupantes da edificação.
As atividades relacionadas com a educação consistem no preparo da população através
de simulados de abandono e divulgação das regras básicas de segurança e procedimentos de
abandono da edificação. Para tanto, é importante:

22
- Manter GRUA e/ou Brigada de Incêndio devidamente dimensionados, treinados e
preparados para identificar situações de risco e atuar frente a emergências;
- Realizar os simulados de abandono conforme preconizado na NPT 17 e IN 399-1;
- Realizar inspeção nos equipamentos de prevenção e controle de incêndio;

10.1 Regras básicas

- Não use cestos de lixo como cinzeiros;


- Evite o acúmulo de lixo em locais não apropriados;
- Coloque os materiais de limpeza em recipientes próprios e identificados;
- Não deixe os equipamentos elétricos ligados após sua utilização. Desconecte-os da
tomada;
- Ao utilizar materiais inflamáveis, faça-o em quantidades mínimas, armazenando-os
sempre na posição vertical e na embalagem original;
- Não improvise instalações elétricas, nem efetue consertos em tomadas e
interruptores sem que esteja familiarizado com isso;
- Não sobrecarregue as instalações elétricas com a utilização de “plugues T” ou
extensões;
- Substitua plugues e tomadas defeituosas;
- Verifique, antes de concluir seu trabalho, se os equipamentos elétricos estão
desligados.
- Permaneça na cozinha enquanto houver chamas no fogão ou churrasqueira;
- Não deixe crianças brincar com inflamáveis, fogo ou mesmo permanecer na
cozinha;
- Cuidado com equipamentos aquecidos, lâmpadas...
- Não ingira bebidas alcoólicas durante o manuseio de fogo;
- Calma e planejamento ao manusear fogo ou inflamáveis;
- Manter desobstruídas as áreas de escape e não deixar, mesmo que
provisoriamente, materiais nas escadas e corredores;
- Não acender interruptor ou fósforo com cheiro de gás de cozinha;
- Verificar sempre a validade e condição da mangueira e registro;
- Teste de vazamento com espuma, nunca com fogo (chama);
- Ao utilizar o forno ligue o fósforo e depois abra a saída de gás.

11 MÉTODOS DE EXTINÇÃO

Partindo do princípio de que, para haver fogo, são necessários o COMBUSTÍVEL,


COMBURENTE e o CALOR, formando o triângulo do fogo ou, mais modernamente, o quadrado
ou tetraedro do fogo, quando já se admite a ocorrência de uma reação em cadeia, para nós
extinguirmos o fogo, basta retirar um desses elementos.
Com a retirada de um dos elementos do fogo, temos os seguintes métodos de extinção:
extinção por retirada do material, por abafamento, por resfriamento e extinção química.
No entanto, ao extinguirmos o fogo, raramente adotamos apenas um método de
extinção.

23
11.1 Extinção por ISOLAMENTO

Consiste na retirada ou interrupção do COMBUSTÍVEL que ainda não foi atingido pelo
incêndio, com suficiente margem de segurança do campo de propagação do fogo.

Figura 19: Extinção por retirada de material

11.2 Extinção por ABAFAMENTO

Este método consiste na diminuição ou impedimento do contato de OXIGÊNIO com o


combustível.

Figura 20: Extinção por retirada do comburente

Esta técnica é mais aplicada nos incêndios em combustíveis classe B, pois estes
incêndios geram muito calor e sua extinção não é fácil. Necessitam, no entanto, de grandes
quantidades de oxigênio, cujo suprimento uma vez interrompido, irá extinguir a combustão.

11.3 Extinção por RESFRIAMENTO

Este método consiste na retirada do CALOR baixando a temperatura do combustível até


que ele não desprenda gases.

24
Figura 21: Extinção por retirada de calor

Este método é mais adequado para incêndio em combustíveis classe A, uma vez que, as
características dos incêndios classe A é a geração de pouco calor e sobre esta característica,
portanto, que se deve atuar para extingui-lo.

11.4 Extinção QUÍMICA

Ocorre quando interrompemos a reação em cadeia. Este método consiste no seguinte:


Quando lançamos determinados agentes extintores ao fogo, suas moléculas se dissociam pela
ação do calor e se combinam com a mistura inflamável (gás ou vapor mais comburente),
formando outra mistura não–inflamável.

11.5 Extinção de incêndios classe C

A principal característica deste tipo de incêndio é o risco de vida por estarmos lidando
com eletricidade.
A extinção deve, portanto, iniciar-se com o desligamento do equipamento que queima.
Há casos em que o início de incêndio classe C gera incêndios classe A e/ou B (ar condicionado
entrando em curto-circuito e incendiando a cortina próxima, por exemplo).

11.6 Algumas observações sobre extinção de incêndios classe D

Alertamos apenas que os agentes extintores usados normalmente para debelar


incêndios classe A, B e C nem sempre servem para incêndios classe D porque ou são inúteis ou
até podem aumentar o fogo. Por exemplo: a água reage violentamente com sódio e com o
potássio. Água, espuma química e o gás carbônico aumentam o fogo do magnésio em
combustão. Para combater este tipo de incêndio devemos utilizar: areia, grafite e pós-químicos
especiais.

12 AGENTES EXTINTORES

Agentes extintores são produtos químicos usados na prevenção e extinção de incêndios


e na prevenção ou supressão de explosões. Habitualmente são utilizados através de
equipamentos especializados, móveis ou fixos, com a finalidade de projetar os mesmos contra
o fogo ou no ambiente a fim de prevenir, combater ou suprimir incêndios ou explosões.

25
Os agentes extinguem o fogo física ou quimicamente, podendo, às vezes, combinar
estas duas ações. São armazenados e utilizados nos estados: sólido, líquido ou gasoso.
Os agentes extintores mais conhecidos e utilizados para a prevenção, combate ou
supressão de incêndio ou explosão, são os seguintes:
a) Água;
b) Espuma;
c) Dióxido de carbono (CO2);
d) Pós químicos.

12.1 Agua

A água é o agente extintor de incêndios mais antigo e mais utilizado através dos tempos,
sendo a substância mais difundida na natureza e de valor financeiro irrelevante em relação aos
outros agentes existentes. A água pode ser encontrada na natureza sob os três estados físicos
fundamentais da matéria, ou seja, sólido, líquido ou gasoso.

Figura 22: Estados físicos da água

Embora o vapor de água tenha função importante na prevenção ou combate a


incêndios, para este curso, será estudado sua aplicação no estado líquido, através de jato
compacto e neblina.
No estado sólido a água pode causar transtorno para os equipamentos de combate a
incêndio, destruindo-os ou impedindo o seu uso. Por este motivo, nos locais sujeitos a
temperaturas que implicam no congelamento da água, raros no Brasil, empregam-se ante
congelantes para proteção e funcionamento do equipamento.

12.1.1 Jato Sólido

Tem sua ação por resfriamento e,


portanto, é indicado para fogos classe A,
normalmente é utilizado para atingir maiores
distâncias. Porém deve-se verificar as condições
de segurança do operador, uma vez que o jato
compacto não protege com eficiência o
operador contra o calor e a fumaça

Figura 23: Jato sólido

26
12.1.2 Neblina

Sua utilização surgiu com o avanço da


tecnologia dos equipamentos de combate a
incêndio, principalmente dos esguichos. Sua ação
extintora se dá por resfriamento na classe A, e um
pouco por abafamento. É uma ótima opção quando
se pretende atingir uma maior área com
quantidade menor de água.

Figura 24: Neblina

Ao contrário do jato sólido, a neblina protege o operador apresentando maior eficiência


contra o calor e a fumaça, permitindo sua aproximação ao fogo. Pode também ser utilizada na
retirada de fumaça em ambientes fechados.

12.1.3 Condutividade elétrica da água

É inadequado o uso da água como agente extintor para incêndios de Classe C, devido a
condutividade elétrica que a água apresenta, podendo causar danos à segurança do operador.
O meio mais comum de combate a incêndios desta classe, é a eliminação da fonte de
corrente elétrica para, só depois, promover a extinção utilizando água, ou simplesmente,
utilizar um outro agente extintor que não seja condutor de corrente elétrica.

12.2 Espumas mecânica

As espumas mecânicas se baseiam em líquidos geradores de espuma (LGE), tenso ativos


de origem proteínica (origem anima) ou sintética, contendo, no interior de suas bolhas, ar
atmosférico.
O sistema de geração de espuma mecânica é representado esquematicamente na figura
abaixo.

Figura 25: Sistema de geração de espuma mecânica

Em termos de combate a incêndios, a espuma é definida como um sistema físico-


químico constituído de três elementos fundamentais: água, ar e agente formador de espuma.
A espuma formada por estes elementos possui densidade bem baixa, flutuando sobre
líquidos inflamados, contornando obstáculos e, desta forma, formando um lençol compacto. O
lençol formado impede a passagem de gases aquecidos, isolando o combustível do contato com
o ar.

27
12.2.1 Princípio de extinção

A espuma apaga o fogo primariamente por abafamento ou isolamento e,


secundariamente, por resfriamento causado pela água resultante da decomposição da espuma.
As espumas são especialmente indicadas para extinção de incêndios em combustíveis
ou inflamáveis líquidos, isto é, pertencentes à Classe B, onde, cobrindo totalmente a superfície
do líquido inflamado, isola-o do oxigênio extinguindo o fogo.

Figura 26: Sistema gerador de espuma

As espumas também podem ser usadas para extinção de incêndios em materiais de


Classe A, pois, cobrindo estes materiais, os isolam do oxigênio, havendo extinção do incêndio.
Entretanto, será sempre necessário resfriar estes materiais com água após sua extinção com
espuma, para que sua temperatura seja levada abaixo do seu ponto de ignição.
As espumas jamais deverão ser usadas na extinção de materiais Classe C (equipamentos
energizados), por serem condutoras de eletricidade.

Vantagens
- É o único agente extintor que flutua sobre os combustíveis inflamados;
- É o único agente extintor que, em ambiente aberto, permanece isolando o combustível
por períodos prolongados; e
- Pelas características anteriores, é o único agente extintor capaz de extinguir incêndios
de Classe B em grandes áreas abertas.

12.3 Dióxido de carbono (CO2)

O CO2 é um agente extintor de grande eficiência no combate a incêndios classes B e C.


Para utilizá-lo, deve-se armazená-lo em cilindros especiais de aço, liquefazendo-se a uma
pressão de aproximadamente 60 atm. Ao ser aliviado da compressão, ocorre uma rápida
vaporização, e expansão acompanhada de uma violenta queda de temperatura, até cerca de -
78º C, solidificando parte do gás em pequenas partículas, formando na superfície do
combustível uma neve carbônica (gelo seco).

12.3.1 Princípios de extinção

Ao ser liberado de seu reservatório, o gás carbônico envolve o combustível incendiado e


dilui a concentração de oxigênio ou reduz os produtos gasosos do mesmo na atmosfera a níveis

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que impedem a combustão, atuando desta forma por ABAFAMENTO, que é sua principal
característica. Age também por resfriamento como ação secundária.

12.3.2 Eficiência do gás carbônico

a) Incêndios de classe A

Apesar de ser efetivo na extinção das chamas por abafamento, o gás carbônico torna-se
ineficiente para incêndios Classe A, em função de sua falta de penetração e do pouco poder de
resfriamento na superfície do combustível, permitindo sua reignição. Para contornar este
problema, é necessária uma concentração de CO2 capaz de reduzir a concentração de O2 no
ambiente para níveis abaixo de 6%, até o resfriamento total do combustível.

b) Incêndios de classe B

Em virtude do CO2 ser eficiente na ação de abafamento e ter razoável poder de


resfriamento superficial, ele se transforma em um agente extintor eficaz em incêndios de
Classe B. O único problema é cobrir a superfície do líquido combustível com gás em incêndios
com grande área superficial e ambientes abertos.

c) Incêndios de classe C

O CO2 é o mais eficiente agente extintor para incêndio Classe C, pois não é condutor de
corrente elétrica e não deixa resíduos que danificam equipamentos elétricos e eletrônicos.

d) Produtos Químicos Reagentes

Os produtos químicos reagentes (sódio, potássio, magnésio, titânio, zircônio e hidretos


metálicos) têm a característica de decompor o dióxido de carbono, fazendo com que seu uso
como agente extintor seja ineficaz.

12.4 Pó químico seco (PQS)

É um material finamente pulverizado, não condutor de eletricidade, com característica


de fluido, tratado para ser repelente a água, resistente a aglomeração, resistente à vibração e
com propriedades extintoras variadas de acordo com o tipo e a classificação.
A principal e mais importante propriedade extintora do PQS é a sua capacidade de
quebrar a cadeia de reação da combustão, impedindo que os radicais livres reajam entre si,
dando continuidade à reação.

12.4.1 Classificação do PQS

Pode-se classificar de acordo com o combustível, em:


a) Pó Químico Regular (Comum): empregado em incêndios Classe B e C;
b) Pó Químico para Múltiplos Propósitos: empregado em incêndios Classes A, B e
C; e
c) Pó Químico Especial: empregado em incêndios de metais combustível.

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a) À Base de Bicarbonato de Sódio (B-C)

Os pós a base de bicarbonato de sódio são eficientes na extinção de incêndios Classe B e


C, especialmente em óleos e gorduras, pois ele reage formando uma espécie de sabão na
superfície do combustível. Apesar de eficiente em Classe C, o pó em maquinários pode
provocar danos nos equipamentos devendo ser evitado o seu emprego.
Para incêndios Classe A possui ação eficiente nas chamas, mas o seu pouco poder de
resfriamento o torna não recomendado.

b) Tipo ABC

A base de monofosfato de amônia e ao contrário dos outros, o pó ABC, apresenta


considerável eficiência em incêndios de Classe A, pois quando aquecido se transforma em um
resíduo fundido, aderindo à superfície do combustível e isolando-o do comburente.

c) Para incêndios Classe D

Nos incêndios Classe D, também conhecidos como incêndios em materiais pirofóricos ou


metais combustíveis, não é recomendável a utilização dos pós químicos comuns usados nas
Classes A, B e C, mas sim os chamados pós químicos especiais.
O pó químico especial é normalmente encontrado em instalações industriais, que
utilizam estes tipos de metais ou em seus depósitos. Tendo em vista a peculiaridade dos
diferentes materiais pirofóricos, agentes extintores específicos devem ser pesquisados para
cada caso.

13 EPI – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

De acordo com a NR 6 Equipamento de Proteção Individual, é todo dispositivo de uso


individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a
segurança e a saúde no trabalho.
É regra fundamental que ninguém, no combate a incêndios, entre numa edificação
saturada de fumaça, temperatura elevadas e gases, sem proteção respiratória. A não-utilização
deste equipamento pode não só causar fracasso das operações como também trazer
consequências sérias, inclusive a morte.
Conforme já tratado nesta apostila, os principais riscos associados ao incêndio são:
- Falta de oxigênio
- Temperatura elevadas;
- Fumaça;
- Gases tóxicos.
Diante deste cenário, a proteção do brigadista é fundamental para atuar numa situação
de emergência. Para tanto, os principais EPIs são:

13.1 Proteção respiratória

Os bombeiros e brigadistas devem dispensar atenção especial aos aparelhos de


proteção respiratória, isto porque os pulmões e as vias respiratórias são mais vulneráveis às
agressões ambientais do que qualquer outra área do corpo.

30
Diante disso, o equipamento de respiração
autônoma é o EPI mais indicado.
- Cilindro com ar respirável sob pressão,
- Máscara facial inteira com visor transparente;
- Suporte para conduzir o equipamento nas
costas; e
- Demais instrumentos para operação e
controle.
Figura 27:Proteção respiratória

13.2 Proteção para cabeça

Capacete para bombeiros, destinado a proteção do crânio e face contra agentes


térmicos e queda de objetos. Possui características especiais, tais como:
- Aba lateral e frontal, maior na parte traseira para evitar que produtos e água
possam cair dentro da capa e nas costas;
- Protetor facial articulável;
- Protetor auricular e de nuca

13.3 Proteção para o tronco

Jaquetas e calças, confeccionada com mais de


uma camada de tecidos especiais, para proteção
contra riscos:
- Térmicos;
- Mecânica;
- Químicos;
- Água.

Figura 28: Vestimenta de proteção

31
13.4 Proteção para as mãos e pés

Botas de borracha com tratamento térmico


para proteção dos pés contra agentes:
- Térmicos;
- Cortantes e perfurantes;
- Com reforço para proteção da canela;

Figura 29: Botas de proteção

Luvas de couro e outros materiais para


proteção das mãos contra agentes térmicos:
- Calor;
- Fogo;

Figura 30: Luvas de proteção

14 EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIO

Os equipamentos de combate a incêndio são itens extremamente importantes para


ajudar na prevenção e combate a incêndios. Estes equipamentos visam garantir a segurança e
ajudam a salvar vidas. Os extintores de incêndio, mangueiras de incêndio e bombas para
hidrantes, são parte de alguns dos equipamentos contra incêndio mais utilizados.

14.1 Extintores e acessórios

Os extintores portáteis fazem parte do sistema básico de segurança contra incêndio em


edificações e devem ter como características principais: portabilidade, facilidade de uso,
manejo e operação, e tem como objetivo o combate de princípio de incêndio.
Quando os extintores forem instalados em paredes ou divisórias, a altura de fixação do
suporte deve variar, no máximo, entre 1,6 m do piso e de forma que a parte inferior do extintor
permaneça, no mínimo, a 0,10 m do piso acabado.
É permitida a instalação de extintores sobre o piso acabado, desde que permaneçam
apoiados em suportes apropriados, com altura recomendada entre 0,10 m e 0,20 m do piso.
Os extintores não devem ser instalados em escadas. Devem estar desobstruídos e
devidamente sinalizados com placas fotoluminescentes.

32
Figura 31: Detalhe da fixação do extintor de incêndio

14.1.1 Manutenção e operação

Nunca teste seu extintor. Mesmo uma pequena descarga poderá reduzir a pressão
interna tornando o extintor inoperante. Em caso de dúvida sobre seu funcionamento consulte
uma empresa de manutenção;
Não descarregue o extintor no rosto ou em qualquer parte do corpo de uma pessoa.
Esta ação poderá causar sérias queimaduras de pele;
Nunca incinere o extintor, mesmo que vazio, mantendo-o sempre longe do fogo. O
aumento da pressão interna poderá provocar explosão;
A manutenção desses equipamentos juntamente com o treinamento de pessoas para
seu uso é fundamental para seu objetivo.
Os extintores devem estar lacrados, com a pressão adequada e possuir selo de
conformidade concedida por órgão credenciado pelo Sistema Brasileiro de Certificação
(Inmetro).

O prazo de validade da carga e a


garantia de funcionamento dos extintores
deve ser aquele estabelecido pelo fabricante,
se novo, ou pela empresa de manutenção
certificada pelo Inmetro, se recarregado.
Ao enviar o extintor para a recarga o
anel (lacre) deverá ser substituído por outro
na cor referente a usada no ano
correspondente.

Figura 32: Selos e etiquetas

Os lacres mudarão de cor a cada ano, veja abaixo as cores e seus respectivos anos:
- De 01/01/2016 a 30/12/2016 PRETO

33
- De 01/01/2017 a 30/12/2017 ALARANJADA
- De 01/01/2018 a 30/12/2018 PÚRPURA
- De 01/01/2019 a 30/12/2019 AMARELO
- De 01/01/2020 a 30/12/2020 VERDE
- De 01/01/2021 a 30/12/2021 BRANCO

ITENS DE VERIFICAÇÃO OBRIGATÓRIOS NA INSPEÇÃO PERIÓDICA


1. A validade da carga e garantia está dentro do prazo?
2. A data da validade do ensaio hidrostático está dentro do prazo?
3. O extintor está limpo e bem conservado?
4. O lacre de inviolabilidade, ou pino trava estão intactos ou faltando?
5. O orifício de saída (descarga) está desobstruído?
6. O recipiente do extintor está afetado por corrosão ou recebeu algum impacto
mecânico?
7. As condições de acesso e sinalização do extintor estão conforme especificação?
8. O quadro de instrução está legível e adequado ao tipo e modelo do extintor?
9. O conjunto mangueira está bem rosqueado na válvula? (O mesmo não deverá
permitir sua retirada com a mão).
10. Está colocado em ambiente não agressivo ou necessita ser protegido por uma
capa plástica ou abrigo próprio?
11. Existem todos os componentes conforme vista explodida anexo a este manual?

14.1.2 Água Pressurizada

- Aplicado na forma de jato compacto


- É indicado para incêndios de classe A;
- Age por resfriamento e/ou abafamento;
- Este extintor possui carga padrão de 10 litros
ATENÇÃO:
- Nunca use água em fogo das classes C e D.
- Nunca use jato direto na classe B.
Figura 33: Extintor AP

14.1.3 Pó Químico Seco

O pó químico mais comum, do tipo BC é fabricado a base de bicarbonato de sódio e


como gás de pressurização pode se utilizar gás nitrogênio.

34
- É indicado para combater incêndios da classe B;
- Pode ser utilizado na classes C, podendo danificar o
equipamento;
- Age por abafamento;
- Age por quebra da reação em cadeia, impedindo que os
radicais livres reajam entre si, dando continuidade a
reação em cadeia;
- A carga varia de 4kg a 12kg, sendo o de 4kg o mais
comum nas agências.
Figura 34: Extintor PQS

14.1.4 Gás Carbônico (CO2)

- Ideal para incêndios da classe C, por não ser condutor


de eletricidade
- A carga varia de 4kg a 6kg, sendo este o mais comum
nas agências.
- Age por abafamento, diminuindo a concentração de
oxigênio;
- Resfriamento: É obtido pela neve carbônica que
cobre a superfície do combustível.
Figura 35: Extintor CO2

14.1.5 Espuma Mecânica

O Extintor Espuma Mecânica é composto por água e uma espécie de sabão líquido que
ao misturar com ar no difusor, forma o agente extintor, no caso a espuma.

- Indicado para incêndio da Classe B;


- Pode ser usada em classe A;
- Age por abafamento e secundariamente por
resfriamento.
- Por ter água na sua composição, não se pode utiliza-
lo em incêndio de classe C, pois conduz corrente
elétrica.
Figura 36: Extintor
espuma mecânica

14.1.6 Pó Químico Especial

- É o agente extintor indicado para incêndios da classe D;


- Age por abafamento e por quebra da reação em cadeia.

35
14.1.7 Pó ABC (Fosfato de Monoamônico)

São extintores com pó químico de coloração amarelada que atuam também em fogo de
combustíveis Classe A. Estes utilizam o como agente extintor o fosfato de monoamônico que é
capaz de derreter e fluir a 177º C formando uma capa para abafar o fogo.
- Age por abafamento;
- Age por quebra da reação em cadeia.

14.1.8 Aplicação dos Extintores

Os princípios de incêndios têm características diferentes em função de sua origem


elétrica ou não, e materiais combustíveis envolvidos, o que exige o uso de agentes extintores
apropriados para cada caso.

TIPO DE EXTINTOR PÓ GÁS CARBÔNICO ÁGUA


CLASSE A Satura o material e não
BC: Não recomendado.
Materiais sólidos (papel, Não recomendado permite a reignição.
ABC - ADEQUADO
madeira, tecidos) ADEQUADO
O Pó abafa o fogo e
CLASSE B
interrompe a cadeia de PROIBIDO
Líquidos inflamáveis e Não deixa resíduos
combustão. A cortina Pode espalhar o
hidrocarbonetos, Gasolinas, ADEQUADO
criada protege o operador incêndio
óleos e tintas
ADEQUADO
CLASSE C Não condutor de Não é condutor, não deixa
PROIBIDO
Incêndio onde há a presença eletricidade e protege o resíduos e não danifica
por ser condutor de
de eletricidade, tais como operador do calor equipamentos
eletricidade
motor elétrico ligado, etc ADEQUADO ADEQUADO

14.1.9 Capacidade Extintora

Capacidade extintora é um dado importante, pois é o que vai determinar o poder de


extinção e não deve ser confundido com unidade extintora.

Figura 37: Capacidade Extintora para Classe A Figura 38: Capacidade Extintora Classe B

14.1.10 Técnicas de utilização

Extintores portáteis de incêndio são aparelhos a serem usados por uma só pessoa para
combater princípios de incêndios. Constituídos de um recipiente contendo uma substância

36
extintora, expelida por ação manual devido à pressão de um gás propelente ou como resultado
de uma reação química.
- Identifique o Extintor através de sua aparência externa e etiqueta presa ao mesmo,
observando se o manômetro está carregado;
- Retire o Extintor do suporte preso a parede ou outro lugar em que esteja
acondicionado;
- Retire o lacre e o pino de segurança;
- Empunhe a mangueira para baixo e aperte o gatilho rapidamente, a fim de
confirmar o agente extintor;
- Transporte o Extintor até próximo do local sinistrado;
- Aperte o gatilho e direcione o jato para a base do fogo e movimente-o em forma de
"ziguezague" horizontal.
- Nos extintores de CO2, segure a mangueira sempre pelo cabo do difusor (nunca no
cone), evitando assim possíveis queimaduras pelo congelamento provocado pelo
agente CO2;
- Inicie o combate há uma distância segura e em seguida aproximando-se conforme a
capacidade de alcance do extintor.

14.2 Sistema de Hidrantes

É o sistema que torna possível transportar a água


dos locais de abastecimento às imediações do fogo. É
constituído de canalizações, abastecimento de água,
registros para manobras, tomadas de água (hidrantes),
mangueiras de incêndio e esguicho regulável e/ou
compacto. Hidrante propriamente dito é o ponto de contato
da água entre a tubulação fixa (canalizações) e a tubulação
móvel (mangueiras). Os hidrantes se apresentam em caixas
metálicas embutidas nas áreas internas.

Figura 39: Caixa de hidrantes

O abastecimento de água poderá ser por gravidade ou através de bombas que


pressurizam a água no sistema conforme a necessidade.

14.2.1 Acondicionamento de mangueiras

As mangueiras de incêndio devem ser acondicionadas aduchadas dentro dos abrigos,


sendo que as mangueiras de incêndio semirrígidas (mangotinhos) podem ser acondicionadas
enroladas, com ou sem o uso de carretéis axiais ou em forma de oito, permitindo sua utilização
com facilidade e rapidez.

37
A mangueira deve ser guardada de modo
ADUCHADA, ou seja, dobrada próximo ao meio, ficando o
lado de fora cerca de 40cm mais comprido que o de dentro
e enrolada a partir da dobra em direção as extremidades.
Após o uso as mangueiras devem ser deixadas para
secar em um plano inclinado ou em posição vertical para
escoar a água (em lugar seco e se possível ao abrigo do
sol).
Figura 40: Mangueira de hidrante

Alguns cuidados com as mangueiras:


- Mantenha as mangueiras desconectadas dos hidrantes;
- Evitar arraste da mangueira e uniões sobre o piso, principalmente se ela estiver
vazia ou com pressão muito baixa;
- Evite queda de uniões;
- Nunca permita que as mangueiras estejam amarradas (fitas, arames, linhas).

14.2.2 Esguicho

Os esguichos podem ser fixos para produzir um jato compacto de água ou reguláveis
para produzir jato compacto, jato de neblina ou fechar a saída de água.
A vantagem do jato compacto é o seu maior alcance. O jato de neblina permite maior
aproximação nos incêndios, provê resfriamento de uma maior área, formando uma cortina de
proteção ao usuário contra o calor e causa menos danos ao patrimônio.

Figura 41: Esguicho jato sólido Figura 42: Esguicho regulável

14.2.3 Chave Storz

Ideal para utilização no sistema de hidrantes com


acoplamentos de mangueiras de incêndio, esguicho e
outros acessórios que tenham conexão tipo storz de
1.1/2" ou 2.1/2". Facilita soltar mangueiras e conexões
tipo storz com engate rápido

38
Figura 43: Chave storz

14.3 Sprinklers

Sprinkler são chuveiros contra incêndio instalados


em vários pontos de uma tubulação e equipados com um
elemento que, ao ser submetido a uma temperatura
superior a 68º, rompe-se permitindo a passagem livre de
água da rede de distribuição. Esta água ao atingir o
dispositivo denominado defletor é distribuída na forma de
um chuveiro sobre o foco do incêndio.

Figura 44: Chuveiro Sprinkler

Este sistema fixo de proteção contra incêndios apresenta a grande vantagem de evitar a
propagação do fogo e os danos causados pela água
Quando se origina um princípio de incêndio o equipamento entra automaticamente em
operação fazendo soar um alarme e somente os chuveiros nas proximidades do fogo se
rompem e entram em funcionamento.
Sensibilidade Térmica: É a medida da velocidade de operação de um elemento termo
sensível, na maneira como instalado em um chuveiro específico. Uma medida da sensibilidade
térmica é o índice de tempo de resposta (RTI) medido sob condições padronizadas de teste.

Figura 45: Modelos de chuveiros automáticos

14.4 Detecção e Alarme de Emergência

O sistema de detecção e alarme de incêndio é composto de acionadores (botoeiras)


manual e detectores de fumaça e temperatura, instalados estrategicamente no ambiente,
detectando a presença irregular de fumaça ou calor no local através de dispositivo automático.
Esses equipamentos funcionam integrados a uma central de detecção, que recebe esses alertas
acionando os alarmes e outros acessórios do sistema de detecção e alarme de incêndio.

39
Figura 46: Acionador manual Figura 47: Detector de fumaça

14.5 Iluminação de Emergência

Composto de luminárias com baterias que na falta de energia elétrica ascendem


automaticamente. Este sistema é instalado em todas as circulações, acessos, escadas, áreas de
escape das instalações com o objetivo de clarear o ambiente para que a saída seja realizada
com segurança evitando acidentes e garantir a evacuação das pessoas do prédio.

Figura 48: Luz de emergência de led Figura 49: Luz de emergência tipo farolete

14.6 Sinalização de Emergência

É o sistema de sinalização com placas fotoluminescentes ou iluminação de balizamento


que indicam equipamentos de combate a incêndio e rotas de saída mais rápida do prédio.
Este sistema permite que qualquer pessoa mesmo não tendo um conhecimento geral do
local em que está, faça a evacuação do prédio o mais rápido possível seguindo a indicação das
placas da rota de fuga, que levará a uma área externa o deixando em segurança.

40
Figura 50: Indicação de rotas de fuga Figura 51: Indicação de equipamento de combate a
incêndio

14.7 Porta corta-fogo

As portas corta-fogo são próprias para isolamento e proteção de rotas de saída,


retardando a propagação do fogo e da fumaça.
Toda porta corta-fogo deve abrir sempre no sentido de saída das pessoas e seu
fechamento deve ser completo. Além disso, elas nunca devem ser trancadas com cadeados ou
fechaduras e não devem ser usados calços, cunhas ou qualquer outro artifício para mantê-las
abertas.
Não se esqueça de verificar constantemente o estado das molas, trincos, maçanetas e
folhas da porta.
Corredores, escadas, rampas, passagens e saídas são rotas de fuga e estas devem
sempre ser mantidas desobstruídas e bem sinalizadas.

14.8 Corrimão

Os corrimãos das rotas de fuga devem ser contínuos e sem pontos de enrosco. Estes são
importantes para evitar quedas e ao mesmo tempo, levam ao local seguro, ou seja, caso ocorra
falta de luz e o sistema de iluminação de emergência falhar, o corrimão é o guia para chegar ao
local seguro.

15 ABANDONO DE ÁREA

No Banco do Brasil, temos o GRUA – Grupos de Abandono normatizado pela IN 399-1


item 16, que tem por função preparar a população da edificação para uma saída rápida e
segura em caso de situações de emergência.
Da mesma forma que a brigada de incêndio, a IN 399-1 recomenda a realização de
simulados de abandono. Sendo este, também um requisito da NPT 17, recomendamos que os
simulados sejam realizados em conjunto entre Grua e Brigada de Incêndio, o que será melhor
discutido no item riscos específicos.

41
15.1 Procedimentos básicos de emergência:

Os procedimentos aqui apresentados, foram extraídos das NPT 16 Plano de emergência


contra incêndio e NPT 17 Brigada de incêndio.

a) Alerta:

Identificada uma situação de emergência, qualquer pessoa pode alertar, através dos
meios de comunicação disponíveis, os ocupantes e os brigadistas

b) Análise da situação:

Após o alerta, a brigada deve analisar a situação, desde o início até o final do sinistro.

c) Acionar alarme e orientar para abandono do prédio:

Proceder ao abandono da área parcial ou total, quando necessário, conforme


comunicação preestabelecida, removendo para local seguro, permanecendo até a definição
final;

d) Apoio externo:

Havendo necessidade, acionar o Corpo de Bombeiros e apoio externo, e desencadear os


procedimentos necessários que podem ser priorizados ou realizados simultaneamente, de
acordo com o número de brigadistas e com os recursos disponíveis no local. No planejamento,
deve haver um responsável pelo acionamento, recebendo orientação do Coordenador Geral da
Brigada repassando informações claras e precisas sobre o sinistro, localização com pontos de
referência, motivo do chamado, possível estado das vítimas, entre outros;

e) Primeiros socorros:

Prestar primeiros socorros às possíveis vítimas, mantendo ou restabelecendo suas


funções vitais com SBV (Suporte Básico da Vida) e RCP (Reanimação Cardiopulmonar) até que
se obtenha o socorro especializado.

f) Corte de energia:

Cortar, quando possível ou necessário, a energia elétrica dos equipamentos da área ou


geral. Deve ser objeto de análise e definição por parte do Coordenador Geral da Brigada ou por
outro membro designado por ele. No planejamento, devem ser definidos os cenários nos quais
deve ocorrer o corte e nos quais ele não deve ocorrer devido as consequências da atitude. Caso
seja definido pela interrupção, atenção especial deve ser dada aos elevadores, mantendo-os no
nível térreo sem pessoas no seu interior, a abertura de catracas de controle de fluxo e a certeza
de funcionamento da iluminação de emergência e da bomba de incêndio;

g) Abandono de área:

Proceder ao abandono da área parcial ou total, quando necessário, conforme


comunicação preestabelecida, removendo para local seguro, a uma distância mínima de 100 m
do local do sinistro, permanecendo até a definição final.

42
h) Confinamento do sinistro:

Evitar a propagação do sinistro e suas consequências.

i) Isolamento da área:

Isolar fisicamente a área sinistrada de modo a garantir os trabalhos de emergência e


evitar que pessoas não autorizadas adentrem ao local.

j) Combate ao princípio de incêndio:

Evitar a propagação do sinistro e suas consequências. Utilizar os materiais de combate.


Isolar, se necessário, fisicamente a área sinistrada de modo a garantir os trabalhos de
emergência e evitar que pessoas não autorizadas adentrem ao local;

k) Extinção:

Eliminar o sinistro restabelecendo a normalidade.

15.2 Ordem de Abandono

O responsável máximo da brigada de incêndio (coordenador geral, chefe da brigada ou


líder, conforme o caso) determina o início do abandono, devendo priorizar os locais sinistrados,
os pavimentos superiores a estes, os setores próximos e os locais de maior risco.

15.3 Pontos de Encontro

Local estratégico e sinalizado destinado a reunir os brigadistas


para distribuição de tarefas. De acordo com a NPT 17, devem ser
previstos um ou mais pontos de encontro dos brigadistas.
Não se pode confundir ponto de encontro com local seguro,
também previsto na NPT 17, pois o primeiro é para reunir a Brigada e o
local seguro é para onde a população será conduzida.
Figura 52: Sinalização
ponto de encontro

15.4 Recomendações gerais para a população da planta

Em caso de abandono, adotar os seguintes procedimentos:


- Acatar as orientações dos brigadistas;
- Manter a calma;
- Caminhar em ordem, sem atropelos;
- Permanecer em silêncio;
- Pessoas em pânico: se não puder acalmá-las, deve-se evitá-las. Se possível, avisar
um brigadista;

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- Nunca voltar para apanhar objetos;
- Ao sair de um lugar, fechar as portas e janelas sem trancá-las;
- Não se afastar dos outros e não parar nos andares;
- Levar consigo os visitantes que estiverem em seu local de trabalho;
- Ao sentir cheiro de gás, não acender ou apagar luzes;
- Deixar a rua e as entradas livres para a ação dos bombeiros e do pessoal de socorro
médico;
- Encaminhar-se ao ponto de encontro e aguardar novas instruções.

Em locais com mais de um pavimento:


- Nunca utilizar o elevador, salvo por orientação da brigada;
- Descer até o nível da rua e não subir, salvo por orientação da brigada;

Em situações extremas:
- Evitar retirar as roupas e, se possível, molhá-las;
- Se houver necessidade de atravessar uma barreira de fogo, molhar todo o corpo,
roupas, sapatos e cabelo;
- Proteger a respiração com um lenço molhado junto à boca e ao nariz e manter-se
sempre o mais próximo do chão, já que é o local com menor concentração de
fumaça;
- Antes de abrir uma porta, verificar se ela não está quente;
- Se ficar preso em algum ambiente, aproximar-se de aberturas externas e tentar de
alguma maneira informar sua localização;
- Nunca saltar.

16 PESSOAS COM MOBILIDADE REDUZIDA

É a ação de remover ou retirar uma pessoa de um local para outro ou até leva-la ao
hospital. A vítima de um acidente pode ter seu estado agravado se não forem tomados
cuidados mínimos e essenciais em seu transporte para o atendimento médico. Portanto, para
evitar riscos:
- Alguns membros da equipe de brigada ou das equipes de auxiliares deverão ser
destacados para o auxílio à saída destas pessoas.
- A remoção das pessoas com mobilidade reduzida depende da análise do grupo
responsável pela retirada das pessoas considerando as características dos locais e
da população.
- Um transporte mal feito pode provocar danos muitas vezes irreversíveis;
- O transporte de vítimas é assunto que suscita polêmicas. Devemos tentar trocar
experiências.
- A proficiência depende quase que exclusivamente de prática e habilidade física.
- Enquanto se prepara o transporte de um acidentado, acalmá-lo, principalmente
demonstrando tranquilidade, com o controle da situação.

44
16.1 Transporte de Apoio

Este tipo de transporte é usado para as vítimas de


vertigem, de desmaio, com ferimentos leves ou pequenas
perturbações que não os tornem inconscientes e que lhes
permitam caminhar.
Passa-se o braço do acidentado por trás da sua nuca,
segurando-a com um de seus braços, passando seu outro braço
por trás das costas do acidentado, em diagonal.

Figura 53: Transporte de apoio

Quando uma única pessoa não consiga remover a


vítima, o transporte pode ser feito por dois socorristas.
Passa-se o braço do acidentado por trás da nuca das
duas pessoas que estão socorrendo, segurando-a com um dos
braços, passando o outro braço por trás das costas do
acidentado, em diagonal

Figura 54: Transporte de apoio

16.2 Transporte pelas Extremidades

Uma das pessoas que estão prestando os primeiros socorros segura com os braços o
tronco da vítima, passando-os por baixo das axilas da mesma. A outra, de costas para o
primeiro, segura as pernas da vítima com seus braços.

Figura 55: Transporte pelas extremidades

45
16.3 Transporte de Cadeira

Quando a vítima está numa cadeira, pode-se usa-la para


o transporte.
Uma pessoa segura a parte da frente da cadeira, onde os
pés se juntam ao assento. O outro segura lateralmente os
espaldares da cadeira pelo meio. A cadeira fica inclinada para
trás, pois a pessoa da frente coloca a borda do assento mais alto
que a de trás. A atenção durante a remoção é muito importante
para que a vítima não caia
Figura 56: Transporte de cadeira

16.4 Transporte nas Costas

O transporte nas costas é usado para remoção de pessoas envenenadas ou com


entorses e luxações dos membros inferiores, previamente imobilizados.

Uma só pessoa socorrendo também pode carregar o


acidentado nas costas. Esta põe os braços sobre os ombros da
pessoa que está socorrendo por trás, ficando suas axilas
sobre os ombros deste. A pessoa que está socorrendo busca
os braços do acidentado e segura-os, carregando o
acidentado arqueado, como se ela fosse um grande saco em
suas costas.
Figura 57: Transporte nas costas

16.5 Transporte de Bombeiro

Este transporte pode ser aplicado em casos que não envolvam fraturas e lesões graves.
É um meio de transporte eficaz e muito útil, se puder ser realizado por uma pessoa ágil e
fisicamente capaz.
Primeiro coloca-se o acidentado em decúbito ventral. Em seguida, ajoelha-se com um só
joelho e, com as mãos passando sob as axilas do acidentado, o levanta, ficando agora de pé, de
frente para ele.
A pessoa que está prestando os primeiros socorros coloca uma de suas mãos na cintura
do acidentado e com a outra toma o punho, colocando o braço dela em torno de seu pescoço.
Abaixa-se, então, para frente, deixando que o corpo do acidentado caia sobre os seus ombros.
A mão que segurava a cintura do acidentado passa agora por entre as coxas, na altura da dobra
do joelho, e segura um dos punhos do acidentado, ficando com a outra mão livre.

46
Figura 58: Transporte de bombeiro

17 RISCOS ESPECÍFICOS

O GLP – Gás Liquefeito de Petróleo é inodoro e por isso é acrescentado o metil-


mercaptano (produto com cheiro forte e característico) que é responsável pelo "cheiro de gás".
O GLP é mais pesado que o ar e por isso quando vaza de um recipiente acumula-se nas
partes inferiores de salas ou buracos. Portanto, quando ocorrer um vazamento não devemos
nos arrastar pelo chão, pois respiraremos maior quantidade de gás.
Dois por cento (2%) de gás no ar pode fazer com que uma faísca provoque uma
explosão. Abaixo desta concentração não ocorre explosão. Por sabermos disto é que arejamos
o ambiente quando existe vazamento de gás.
A válvula de segurança se romperá a mais ou menos à 70°C.
O maior número de ocorrências de vazamentos se dá nos botijões de 13 kg, mais
facilmente encontrado nas residências. No botijão de 1 kg por não ter válvula de segurança à
risco de explosão.
O GLP oferece uma margem de segurança e o consumidor deve guiar-se pelas seguintes
recomendações:
- Somente instalar equipamento aprovado e executado por uma companhia
especializada no ramo;
- Não usar martelo ou objeto semelhante para apertar a válvula de abertura dos
botijões;
- Não abrir o gás para depois riscar o fósforo;
- Ao constatar qualquer vazamento, fazer o teste para verificar o local exato com
espuma de sabão, nunca com fogo (chama);
- Verificar sempre a validade e condição da mangueira e registro.

17.1 Produtos Químicos

Quando houver vazamentos estancar com material absorvente (areia, terra, serragem) e
não provocar faísca ou chama (interromper fontes de ignição). Caso ocorra fogo, quando
pequeno, usar extintor pó químico.
Evitar que o produto derramado atinja meios hídricos com barreiras de material
absorvente.

17.2 Gerador de energia

Segundo a ABNT NBR ISO 8528-1:2014 “um grupo gerador consiste em um ou mais
motores alternativos de combustão interna para produzir energia mecânica e um ou mais
alternadores para converter a energia mecânica em energia elétrica.

47
Os grupos geradores incluem ainda componentes utilizados para conectar o(s)
motor(es) mecânico(s) e alternador(es)
elétrico(s), como acoplamentos, caixa de
transmissão, entre outros. O gerador de energia
é um equipamento bastante útil em casos de
interrupção ou oscilação do fornecimento de
eletricidade. Os geradores podem ser
classificados em dois tipos: gerador a gasolina ou
gerador a óleo diesel. A definição do combustível
que será utilizado dependerá da quantidade de
energia necessária e do tipo de aplicação. No
Banco do Brasil somente são utilizados geradores movidos a diesel.
O sistema pode ficar no interior ou exterior do edifício. Em ambos os casos devem ser
previstos meios de impedir o acesso de pessoas não autorizadas e sistemas de combate a
incêndio de acordo com o Plano de Segurança contra incêndio e Pânico – PSCIP.
O diesel fica armazenado em tanques que devem possuir sistemas de retenção de
vazamentos através de pisos, canaletas, tanques, entre outros. De acordo com a Ficha de
Informações de Segurança de Produto Químico – FISPQ ele é classificado como líquido
inflamável. A combustão pode formar gases irritantes e tóxicos como monóxido, dióxido de
carbono e sulfeto de hidrogênio. Ele é muito perigoso quando exposto a calor excessivo ou
outras fontes de ignição como: faíscas, chamas abertas ou chamas de fósforos e cigarros,
operações de solda, lâmpadas-piloto e motores
elétricos. Pode acumular carga estática por
fluxo ou agitação. Os vapores são mais densos
que o ar e tendem a se acumular em áreas
baixas ou confinadas, como bueiros, porões,
etc. Podem deslocar-se por grandes distâncias
provocando retrocesso da chama ou novos
focos de incêndio tanto em ambientes abertos
como confinados. O combate a incêndio neste
caso só pode ser realizado com Equipamento de
proteção respiratória do tipo autônomo (SCBA)
com pressão positiva e vestuário protetor
completo.

17.3 Bomba de incêndio

A bomba de incêndio é um equipamento utilizado para bombear água com vazão


elevada para edificações comerciais, residenciais, industriais entre outros. Para o perfeito
funcionamento do sistema de bomba de incêndio é necessário a instalação de válvula de alivio
de pressão ou válvula redutora de pressão. A Bomba pode ser elétrica ou com motor a
combustão, podendo também possuir chave compensadora para no momento do desligamento
da energia elétrica passar automaticamente para o gerador de energia.
As bombas devem possuir local apropriado, pois precisam estar protegidas para uso em
emergências. Por isso é necessário atentar-se a alguns cuidados com a casa de bombas. Como
por exemplo, iluminação do local com luzes alimentadas por bateria ou gerador. Também é
importante que a casa de bombas de incêndio seja um local isolado, para que no momento do

48
incêndio se tenha um fácil acesso a ela. As bombas devem passar por teste de funcionamento
com certa frequência, para garantir que tudo esteja funcionando perfeitamente.

17.4 Grupo de abandono - GRUA

O Banco do Brasil, em consonância com tendência mundial de valorização das práticas


de Responsabilidade Social, visando a preservação da segurança de funcionários, parceiros,
clientes e demais ocupantes de seus edifícios, busca, por meio da IN 399-1, item 16, disciplinar
procedimentos que possibilitem maior controle sobre as ações de abandono predial em
situação de emergência.
De acordo com a IN 399-1 todos os prédios ocupados pelo Banco devem possuir GRUA -
Grupo de Abandono, preparados para atuar e coordenar as ações de retirada dos ocupantes
dos edifícios em caso de incêndio ou outras emergências que requeiram a desocupação do
prédio, tais como: suspensão do fornecimento de energia elétrica, ameaça de bomba,
enchente, vendaval, abalo sísmico, desmoronamento, etc.
A existência de brigada de incêndio não elimina o GRUA, uma atende a legislação
estadual e a outra a norma interna do Banco. Visando facilitar a atuação e manter os
integrantes alinhados, com a mesma periodicidade de treinamento e forma de atuação, devido
as características do trabalho, recomenda-se que sejam os membros da Brigada também
membros do GRUA.
O dimensionamento do Grua deve ser feito na proporção de 1 (um) integrante para
cada 10 (dez) pessoas, considerando-se a população fixa constituída por funcionários,
estagiários, contratados e terceirizados.
A Composição mínima do Grua deverá ser de 4 (quatro) elementos e grupo deve dispor
das seguintes atribuições:
- Líder - responsável pela coordenação das ações de desocupação no seu pavimento;
- Puxa-fila - responsável pela indicação do local de saída, atuando como um guia;
- Fecha-fila - responsável pela organização e controle da fila e
- Vistoriador - responsável pela verificação das condições gerais dos ambientes
desocupados.
Deve ser designado um funcionário do Banco responsável pela coordenação geral do
Grua do prédio. Da mesma forma, a NPT 17 recomenda que a brigada de incêndio tenha
coordenador geral, chefe de turno ou edificação e líder de setor ou pavimento. Percebe-se que
estas funções são as mesmas e para evitar sobreposição, o ideal é que a coordenação do Grua e
da brigada seja confiada a mesma pessoa.
Deve se ter o cuidado ao nomear estas funções, pois todos os componentes da brigada
de incêndio, inclusive coordenador e líderes, precisam necessariamente passar pelo
treinamento de brigadista.
Para um bom funcionamento do Grua, a IN 399-1 recomenda a elaboração de Plano de
Abandono, já a NPT 17 recomenda que seja elaborado em Plano de Emergência que deve ser
elaborado com base na NPT 16 – Plano de Emergência. Sugerimos que estes dois planos
estejam alinhados ou até unificados para uma boa atuação em conjunto dois grupos em
simulados e situações reais de emergência.
Outro aspecto importante que ser levando em conta no Plano de Emergência de
agências bancárias é a segurança patrimonial. Esta ao mesmo tempo que não pode deixar a
agência vulnerável, também precisa estar preparada para atender a legislação de segurança
contra incêndio e pânico.

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Segundo a NPT 11 – Saída de Emergência as portas das ROTAS DE SAÍDA e das SALAS
COM CAPACIDADE ACIMA DE 50 PESSOAS devem abrir no sentido de trânsito de saída. Sendo
assim, a porta giratória não é considerada saída de emergência e no Plano de Emergência deve
constar os procedimentos para porta de saída de emergências.
Já as portas que possuem sistemas de abertura automática devem possuir dispositivo
que, em caso de falta de energia, pane ou defeito de seu sistema, permaneçam abertas.
A IN 739 – Projetos e Especificações de Arquitetura - Redes de Distribuição, recomenda
o uso de caixa tipo "quebre o vidro" para guardar a chave da porta alternativa. Esta deve estar
em paredes próximas a porta alternativa, em local de fácil visualização, para uso em caso de
emergência.

17.4.1 Plano de emergência:

A Brigada de incêndio/GRUA deve elaborar o Plano de Emergência conforme a IN 399-1,


item 16. Este plano contempla a maior parte das informações requeridas pelo Corpo de
Bombeiros do estado do Paraná, pois na NPT 16 é estabelecido a mesma obrigatoriedade.
No Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico – CSCIP, tabela 6D, encontra-se a
indicação de Plano de Emergência de acordo com a NPT 16 para edifícios de escritórios
bancários que tenham mais de 60 metros de altura. Para estes casos, a Brigada deve preencher
o plano de emergência da IN 399-1 acrescido das seguintes informações:

a) No item Forma de acionamento/Descrição do fluxo de ações, deve ser incluído


o item B.2.6 da NPT 016:
Abandono de área: deve indicar a metodologia a ser usada, caso seja necessário
abandonar o prédio e as pessoas responsáveis por este processo.

b) No item Outras Informações devem ser incluídos os seguintes itens da NPT 16:
B.2.3 Apoio externo: deve identificar quem é a pessoa responsável por acionar o Corpo
de Bombeiros ou outro meio de ajuda externa. Deve estar claro que esta pessoa deve
fornecer, no mínimo, as seguintes informações:
a. nome e número do telefone utilizado;
b. endereço da planta (completo);
c. pontos de referência;
d. características do incêndio ou do sinistro;
e. quantidade e estado das eventuais vítimas.
Uma pessoa, preferencialmente um brigadista, deve orientar o Corpo de Bombeiros ou
o meio de ajuda externa quando da sua chegada, sobre as condições e acessos, e
apresentá-los ao Chefe da Brigada.
B.2.4 Primeiros socorros e hospitais próximos: deve indicar quem são as pessoas
habilitadas para prestar os primeiros socorros às eventuais vítimas e os hospitais
próximos.
B.2.5 Eliminar riscos: deve indicar quem é a pessoa responsável pelo corte da energia
elétrica (parcial ou total) e pelo fechamento das válvulas das tubulações, se necessário.
B.2.7 Isolamento de área: deve indicar a metodologia a ser usada para isolar as áreas
sinistradas e as pessoas responsáveis por este processo.
B.2.8 Confinamento do incêndio: deve indicar a metodologia a ser usada para evitar a
propagação do incêndio e suas consequências, bem como, as pessoas responsáveis por
este processo.
B.2.9 Combate ao incêndio: deve indicar quem vai combater o incêndio e os meios a
serem utilizados em seu combate.

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B.2.10 Investigação: após o controle total da emergência e a volta à normalidade, o
Chefe da Brigada deve iniciar o processo de investigação e elaborar um relatório, por
escrito, sobre o sinistro e as ações de contenção, para as devidas providências e/ou
investigação.
B.3 Responsabilidade pelo plano: o responsável pela empresa (preposto) e o
responsável pela elaboração do Plano de Emergência contra Incêndio devem assinar o
plano.

Para os demais prédios, preencher o Plano de Emergência constante no item 16 da IN


399-1.

18 PSICOLOGIA EM EMERGÊNCIAS

Segundo o autor Valero Santiago, "Psicologia em Emergências e Desastres é o ramo da


Psicologia que se orienta dos estudos e das reações dos indivíduos e dos grupos humanos
antes, durante e após uma situação de emergência ou desastre, assim como também da
implementação de estratégias de intervenção psicossocial orientadas para a mitigação e
preparação da população, estudando como os seres humanos respondem aos alarmes e como
otimizar os alertas, evitando e reduzindo as respostas inapropriadas durante o impacto do
evento e facilitando a posterior reabilitação e reconstrução".

18.1 Tempo de Pré-movimento (TPre)

As pessoas, via de regra, não reagem prontamente a um alarme sonoro de incêndio,


pois ele suscita dúvida, gasta-se um tempo precioso para reconhecimento desse alarme e para
uma tomada de atitude, até decidir a abandonar o ambiente.
Durante uma situação de perigo, somos afetados por diversas reações emocionais,
físicas, cognitivas e interpessoais de várias intensidades. Nosso coração acelera
instantaneamente, a boca fica seca, os músculos ficam tensos e os nervos entram em alerta.
Sentimos ansiedade, medo ou, até, terror. Tomamos consciência da nossa vulnerabilidade e
nosso poder e esperanças são abalados.
Isto afeta também os integrantes da brigada de incêndios, por isso a importância dos
treinamentos e simulados é com eles que podemos aprender as situações de emergência e
controlar nossos próprios sentimentos, diminuindo os possíveis traumas ou consequências
prejudiciais frente a uma situação inesperada.
Pelo exposto, o tempo de escape é influenciado pelos tempos abaixo:
T escape = T alarme + T pré movimento + T movimento

18.2 Viés da normalidade:

Conforme Ripley (2008), nós temos a tendência de acreditar que tudo está bem porque
antes daquele momento quase sempre a situação esteve realmente bem.
É diferente do medo. Aqui não se observa uma reação de “congelamento” por medo.
Muito pelo contrário.

51
18.3 Reação de luta ou fuga

Atualmente é bastante difundido o conceito de que os seres humanos, quando expostos


a situações de medo ou estresse extremo, como as encontradas durante emergências, irão de
modo imediato apresentar o clássico comportamento de “lutar ou fugir”, isto é, irão enfrentar a
situação diretamente ou tomar uma ação evasiva.

18.4 Pânico

Segundo a Organização Mundial da Saúde (1991), a ideia de que desastres trazem à tona
o pior do comportamento humano, como tumultos e saques é um mito. A organização coloca
que, “embora existam casos isolados de comportamento antissocial (...), a maioria das pessoas
responde de modo espontâneo e generoso”.
Quarantelli (1954) concluiu que para a existência de pânico são necessárias três
condições:
- As pessoas devem ter a sensação que estão aprisionadas;
- Devem ter uma grande sensação de impotência;
- Profundo isolamento.

18.5 Pânico x Afiliação

Segundo Mawson (2005) “(...) busca da proximidade de pessoas e lugares conhecidos,


mesmo que isso possa envolver aproximação ou permanência em uma situação de perigo; na
verdade, a separação dos afiliados é um estressor maior do que o perigo físico propriamente
dito”.

18.6 Busca por locais familiares

Experimentos sobre o escape de pessoas de uma sala grande com uma porta principal e
uma saída de emergência foram relatados por Sime (1985) e mostram que, de maneira geral, os
funcionários saíram pela saída de emergência, enquanto membros do público saíram pela
mesma porta que entraram.
No World Trade Center em 2001, 94% dos coordenadores de abandono jamais havia
saído dos prédios como parte de um treinamento e apenas 50% se disseram capazes de se
evadir dos prédios sozinhos.

18.7 Medo paralisante:

Durante o naufrágio da embarcação MV Estonia no Mar Báltico, em 28/09/1994, muitos


passageiros foram vistos apenas aguardando, sem se mover enquanto outros pareciam
paralisados e aparentemente incapazes de compreender o que estava acontecendo.

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18.8 Vítimas são vítimas;

Conforme a Organização Mundial da Saúde, existe um mito de que durante um desastre


a população envolvida estará demasiadamente chocada e impotente para responsabilizar-se
por sua própria sobrevivência, embora isso não se verifique.
Conforme relatado pelo National Institute of Standards and Technology – NIST (2005),
após pesquisa com sobreviventes dos ataques terroristas ao World Trade Center em 11 de
setembro de 2001, os ocupantes do WTC 1 (Torre Norte) empenharam-se em várias atividades
entre a percepção do impacto da aeronave e o início da evacuação.
Algumas delas foram relacionadas à sobrevivência própria ou de colegas, como ajudar
outras pessoas (30% dos entrevistados) ou combater focos de incêndio (6%), e outras não
diretamente ligadas ao escape da ameaça, como falar com outros (70%), pegar itens pessoais
(46%), desligar computadores (6%) ou ainda simplesmente continuar trabalhando (3%).

18.9 Conclusões:

- O comportamento influenciado pelas condições locais e pelo conhecimento do que


fazer e por onde seguir;
- O abandono depende do recebimento do aviso de incêndio, se precoce ou tardio, e
da familiaridade da saída de emergência de onde estiver;
- Saídas conhecidas são mais procuradas;
- Sinalização é menos importante que a regularidade do uso;
- Treinamentos de abandono condicionam os procedimentos;
- Atenção a avisos precoces, como barulhos estranhos, como vidros quebrando e
atividade extra dos outros ocupantes;
- Devem ser providenciadas as comunicações iniciais sobre sinistros;
- Cada demora pode ser perigosa.
Portanto, existe a tendência de as pessoas adotar o percurso mais familiar para a saída,
que é a entrada normal da edificação, do que uma saída de emergência pouco familiar (SIME,
1991). Isso reforça a necessidade de treinamentos de abandono para que população da
edificação se familiarize com as rotas e com o sistema de alarme de incêndio, diminuído
consideravelmente o tempo de saída da edificação.

19 SISTEMA DE CONTROLE DE ACIDENTES

Os incidentes devem ser objeto de controle de forma organizada visando a minimização


das consequências. Embora nas dependências do Banco do Brasil os procedimentos são
relativamente simples, envolvendo a retirada de pessoas e o combate ao princípio do incêndio,
cabe ter em mente que o trabalho deverá ocorrer de forma organizada, com funções definidas
e comando central.
Para explanação do conceito, optou-se por recorrer ao Manual de Sistema de Comando
de Incidentes – Nível Operações, do Corpo de Bombeiros do estado do Paraná. Embora não
realizamos comando de incidentes e sim controle dos mesmos, alguns conceitos utilizados
neste material podem ser aplicados/adaptados às instalações do Banco do Brasil.

53
19.1 Histórico

O conceito de Sistema de Comando de Incidentes foi desenvolvido a mais de 30 anos


atrás, após um incêndio florestal que devastou a Califórnia. Durante treze dias, no ano de 1970,
dezesseis vidas foram perdidas, além de danos materiais que resultaram em custo estimado de
$ 18 milhões por dia. E, embora todas as agências e instituições que responderam aos incêndios
tenham dado o melhor de si mesmas, a falta de comunicações integradas e coordenação entre
elas levaram à perda de efetividade das ações desenvolvidas.
Após analisar os resultados desastrosos da atuação integrada e improvisada de diversos
órgãos e jurisdições naquele episódio, concluiu-se que o problema maior não estava na
quantidade nem na qualidade dos recursos envolvidos, o problema estava na dificuldade em
coordenar as ações de diferentes órgãos e jurisdições de maneira articulada e eficiente.
A correta utilização do Sistema de Comando de Incidentes e, no nosso caso Controle de
Incidentes, vai permitir com que sejam atingidos três objetivos principais durante o
atendimento de um incidente:
 A segurança dos respondedores do incidente, bem como de todas as pessoas
envolvidas ou atingidas pelo evento;
 O cumprimento dos objetivos táticos definidos para o desenvolvimento das ações
relacionadas ao incidente;
 O uso eficiente dos recursos disponibilizados.
A flexibilidade inerente à ferramenta faz com que ela possa expandir ou contrair para
atingir as diferentes necessidades impostas pelo evento que se está atendendo.

19.2 Utilização da ferramenta

O Sistema de Comando de Incidentes é uma ferramenta de gerenciamento. Sendo


assim, ele possui uma série de princípios, nove no total, que, colocados em prática, torna-o
uma ferramenta adequada para coordenar a atuação integrada de múltiplos órgãos em
situações diversas. Dentre estes destacamos:
Terminologia Comum: Durante a resposta a um incidente você não pode se dar ao luxo
de aprender uma nova língua ou jargões técnicos, por isso a linguagem deve ser simples e
acessível;
Alcance de Controle: Alcance de controle refere-se simplesmente ao número de
pessoas que são coordenadas por uma única pessoa. Quando o sistema foi desenvolvido
concluiu-se que o número de pessoas que se reportam a um líder, supervisor, coordenador e
assim por diante, tem que ser limitado. O ideal é que este número esteja por volta de cinco.
Entretanto, o alcance de controle pode variar de três a sete indivíduos se reportando a uma
pessoa. Por isso nas nossas dependências, deve ser previsto o coordenador Geral da Brigada e
os Líderes dos setores.
Comunicações Integradas: Outra importante característica do Sistema do Comando de
Incidentes é o uso de comunicações integradas. Portanto a informação das ações realizadas
deve sempre retornar aos Líderes e ao Coordenador Geral, que além da tomada de decisões
tem a função de receber o Corpo de Bombeiros repassando as informações e colocando a nossa
Brigada à disposição do mesmo.
Plano de Ação do Incidente: Todo incidente deve ter um Plano de Ação do Incidente
(PAI), verbal ou escrito. O Plano de Ação do Incidente deve ser desenvolvido de modo a

54
permitir a transição entre o período reativo e o período proativo sem solução de continuidade
das ações. Cada membro da Brigada deve saber qual medida tomar em cada provável situação
de emergência.
A primeira resposta e o período inicial: A gestão de um incidente é iniciada pelas
pessoas a chegam primeiro à cena, conhecidos como “primeiros respondedores”. A capacidade
dos primeiros respondedores de executar corretamente determinadas tarefas pode decidir se o
incidente será resolvido com sucesso ou não.

19.3 Utilização da ferramenta no Banco do Brasil

Considerando a demanda de atuação da Brigada do Banco do Brasil, que deve pautar a


sua atuação inicialmente pela retirada das pessoas e combate ao princípio do incêndio,
recomenda-se:
- Utilização do Plano de Abandono do GRUA disponível na IN 399-1;
- Definição do Organograma da Brigada atendendo o item 3.2.1 desta apostila;
- Centralização do comando das ações;
- Utilização do Plano de Continuidade de Negócios;
- Definição da sequência de ações técnicas;
- Previsão dos principais cenários para atuação da Brigada de Incêndio;
- Reuniões para organização da atuação dos Brigadistas;
- Treinamentos com simulação dos cenários;
- Avaliação da atuação após os treinamentos e situações reais;
Atendimento a situações reais de acordo com o item 3.4 desta apostila adaptado
segundo definição da própria Brigada.

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56
20 PRIMEIROS SOCORROS

Socorros de urgência, ou primeiros socorros, são medidas iniciais e imediatas aplicadas a


vítima, fora do ambiente hospitalar executadas por qualquer pessoa, para assegurar a vida do
acidentado e evitar o agravamento das lesões existente, enquanto se aguarda a intervenção
dos profissionais especializados.
O brigadista não é obrigado a prestar os primeiros socorros, se não se sentir habilitado
para isso, contudo, é importante que acione os serviços de atendimento de urgência, como o
SAMU (192) e o corpo de bombeiros (193), para que receba as orientações necessárias até a
chegada da equipe de resgate.

20.1 Na situação de emergência cabe ao brigadista:

- Certificar-se das condições seguras para a prestação do socorro;


- Conhecer os recursos da comunidade para atendimento de emergências;
- Avaliar as necessidades imediatas da vítima;
- Acionar os serviços de urgência ou encaminhar a vítima para atendimento
especializado;
- Ao comunicar a ocorrência para equipe do ambulatório ou serviço externo fornecer
todos os dados sobre o acidente: cinemática, número de vítimas, estado da vítima,
atendimento prestado até o momento;
- Ter iniciativa e liderança;
- Estabelecer prioridades;
- Obter colaboração do grupo (se existente), evitando o pânico e afastando os
curiosos das proximidades;
- Confiar em seu conhecimento e em sua capacidade, mas reconhecer suas
limitações;
- Saber improvisar e adaptar recursos, sem expor-se a riscos.

20.2 Na avaliação e realização dos primeiros socorros cabe ao brigadista:

- Fazer rigorosamente o essencial;


- Não se se expor a riscos, o que inclui a utilização de equipamentos de proteção
individual, como luvas de procedimento, e afastar-se caso o local não apresente
condições seguras para o atendimento;
- Realizar avaliação inicial;
- Identificar as lesões existentes, priorizando o atendimento das que comprometem a
sobrevivência;
- Seguir as instruções dos serviços de atendimento de emergência que foram
acionados para a ocorrência;
- Procurar manter sistema respiratório e cardíaco da vítima para preservar sua vida;
- Não mobilizar ou retirar a vítima do local do acidente, especialmente nas situações
de trauma;

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- Priorizar o atendimento às vítimas mais graves, nos casos de acidentes com
múltiplas vítimas;
- Imobilizar fraturas, entorses e luxações, mantendo o posicionamento dos membros
da forma como se encontram. Não tentar colocar na posição anatômica normal;
- Verificar a existência de lesões menos graves;
- Manter a vítima calma (se consciente);
- Nunca administrar líquidos de qualquer espécie ou medicamentos;
- Preparar a vítima para a remoção segura;
- Se necessário, auxiliar a equipe especializada durante o atendimento.

21 AVALIAÇÃO DO CENÁRIO E ABORDAGEM INICIAL

Muitas sequelas e até mesmo mortes provocadas por acidentes acabam sendo fruto não
do acidente em si, mas da maneira incorreta com que as vítimas recebem os primeiros
socorros, principalmente, quando prestado por pessoas não preparadas. Entretanto existe
situações em que o auxílio imediato pode determinar a diferença entre a vida e a morte do
acidentado.
O objetivo do atendimento inicial à vítima é identificar rapidamente situações que
coloquem a vida em risco e demandem atenção imediata pela equipe de socorro. Deve ser
rápido, organizado e eficiente permitindo decisões quanto ao atendimento e ao transporte
adequados, assegurando à vítima maiores chances de sobrevida.
Contudo, antes de iniciar o atendimento deve-se garantir sua própria condição de
segurança, a das vítimas e dos demais presentes. Observe, reconheça e avalie cuidadosamente
os riscos que o ambiente oferece (para você, sua equipe e terceiros – paciente, familiares,
testemunhas, curiosos), qual o número de vítimas envolvidas, gravidade da situação. Ninguém
deve se expor a um risco de forma a se transformar em vítima, o que levaria a deslocar ou
dividir recursos de salvamento disponíveis para aquela ocorrência.
Tenha sempre em mente que o ambiente nunca está 100% seguro e uma situação
aparentemente controlada pode tornar-se instável e perigosa a qualquer momento. Portanto, a
segurança deverá ser reavaliada constantemente. Identifique as ameaças ao seu redor, tais
como riscos de atropelamento, colisão, explosão, desabamentos, eletrocussão, agressões, etc.
Na existência de qualquer perigo em potencial, aguarde o socorro especializado. Lembre-se:
não se torne mais uma vítima! Quanto menor o número de vítimas, melhor.
Verifique se há necessidade de solicitar recursos adicionais, tais como corpo de
bombeiros, defesa civil, polícia militar, companhia elétrica e outros. Acione-os de acordo com a
necessidade. É importante também sinalizar a cena e torná-la o mais segura possível. Utilize o
triângulo de sinalização, pisca-alerta, faróis, cones, galhos de árvores, etc.
Além disso, ao se aproximar da cena do acidente, é importante avaliar os mecanismo de
lesão, ou seja, observar e colher informações pertinentes, tentando identificar o que
aconteceu. Por exemplo, em uma colisão de automóveis, que tipo de veículos estão envolvidos
(carro, moto, caminhão, ônibus, etc.), a colisão foi frontal, lateral, traseira, capotamento ou
atropelamento; quais foram os danos nos veículos; número de vítimas; posição dos veículos e
das vítimas. O mesmo vale para outras situações, como quedas, em que se procura verificar a
altura da queda, superfície de impacto e posição da vítima. Esta observação oportuniza
prospectar as possíveis lesões e em qual parte do corpo estão localizadas.
Desta forma, devem ser seguidos os seguintes passos para o atendimento das situações
de acidentes:

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1) Aproximar-se do local e verificar as condições de segurança;
2) Proteger-se e aos demais;
3) Acionar os serviços de apoio (defesa civil, corpo de bombeiros, polícia, companhia
elétrica, etc.);
4) Avaliar como ocorreu o acidente, buscando evidências e informações sobre o tipo
de acidente (queda, colisão de veículos, mau súbito, etc.);
5) Não havendo riscos, aproximar-se da vítima;
6) Verificar rapidamente se há lesões aparentes (hemorragias, fraturas, cortes,
eviscerações, etc.), e se a pessoa está respirando e consciente;
7) Confirmar o endereço, localização do acidente;
8) Acionar o serviço de urgência/emergência.

Somente após acionar o atendimento especializado é que se presta os primeiros


socorros.

21.1 Acionamento do serviço especializado de urgência/emergência

Praticamente em todas as cidades brasileiras existem dois serviços públicos que podem
ser acionados para o atendimento de situações de urgência e emergência: SAMU (Sistema de
Atendimento Móvel de Urgência) e o corpo de bombeiros. O serviço é gratuito e o acionamento
é feito por telefone (192 – SAMU; 193 – bombeiros).

SAMU – 192
BOMBEIROS – 193

O SAMU funciona 24 horas por dia com equipes de profissionais de saúde, como
médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e socorristas que atendem às urgências de
natureza traumática, clínica, pediátrica, cirúrgica, gineco-obstétrica e de saúde mental da
população. Realiza o atendimento de urgência e emergência em qualquer lugar: residências,
locais de trabalho e vias públicas, contando com as Centrais de Regulação, profissionais e
veículos de salvamento.
A ligação é atendida por técnicos na Central de Regulação que identificam a emergência
e, imediatamente, transferem o telefonema para o médico regulador. Este faz o diagnóstico da
situação, inicia o atendimento com orientações imediatas a serem adotadas, avalia o melhor
procedimento para o paciente, desde a procura por um posto de saúde; ou a designação de
uma ambulância de suporte básico de vida, com auxiliar de enfermagem e socorrista para o
atendimento no local; ou, de acordo com a gravidade do caso, envia uma UTI móvel, com
médico e enfermeiro. Ele ainda comunica a ocorrência aos hospitais públicos e, dessa maneira,
reserva leitos para que o atendimento de urgência tenha continuidade.
O corpo de bombeiros atende ocorrências que envolvem casos de urgência e
emergência, casos de incêndio urbano ou florestal, envolvimento de pessoas em situação de
risco, seja em ambiente aquático, confinado ou em altura e, ainda, decorrentes de trauma ou
emergências clínicas. Atendem às vítimas de acidentes ocorridos em vias e logradouros
públicos, em ambientes profissionais e domiciliares, garantindo o suporte básico e avançado de

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vida, e transporte para os hospitais de referencias integrados ao sistema, por meio de
ambulâncias, em condições ideais, com equipamentos e procedimentos médicos indispensáveis
ao suporte de vida, evitando o agravamento das lesões e melhorando suas condições clínicas.
Geralmente, o corpo de bombeiros deve ser acionado quando há traumas e situações
que demandem uso de máquinas e equipamentos específicos para o resgate. Além disso, são
especializados no atendimento ao ataque de animais.

21.2 Atendimento inicial à vítima

Ao examinar e manipular a vítima, é imprescindível tomar todas as precauções para


evitar a sua contaminação por agentes infecciosos, sangue, secreções ou produtos químicos. O
uso de equipamento de proteção individual (EPI), tais como luvas descartáveis, óculos de
proteção, máscaras e aventais, é essencial para a segurança da pessoa que está prestando os
primeiros socorros. Portanto, antes de iniciar qualquer procedimento é necessário se proteger
e evitar contaminações.
O Suporte Básico de Vida consiste no reconhecimento e na correção imediata da
falência dos sistemas respiratório e/ou cardiovascular. A pessoa que presta o atendimento deve
ser capaz de avaliar e manter a vítima respirando, com batimento cardíaco e sem hemorragias
graves, até a chegada de uma equipe especializada. Em outras palavras, ao inicia-lo por meio de
medidas simples, não invasivas e eficazes garante-se a manutenção das funções vitais da vítima
e se evita o agravamento de suas condições.
A avaliação inicial ou abordagem primária, como também é conhecida, é sucinta e
objetiva, dura no máximo 60 segundos. Tem por finalidade a rápida identificação de condições
de risco de morte, o início precoce das manobras de ressuscitação cardiopulmonar e o
desencadeamento de recursos de apoio, tais como atendimento especializado no local e
ambulância para o transporte. Avalia-se rapidamente o nível de consciência, respiração e
circulação. Este é o atendimento que se espera que o brigadista seja capaz de realizar. Contudo,
como já mencionado, ele deve fazê-lo apenas se considerar-se habilitado para isso.
Para observar o estado geral da vítima ao se aproximar dela fale seu nome (Meu nome é
...., estou aqui para te ajudar) e faça perguntas como: Qual é seu nome? O que aconteceu com
você? Uma resposta adequada permite esclarecer se a vítima está consciente, se respira e se as
vias aéreas estão permeáveis. Caso não haja resposta, avaliar a vítima utilizando a sequência C-
A-B:
C (circulation – circulação)
A (airways – vias aéreas)
B (breathing – respiração).

A verificação do pulso deve ser na carótida, havendo pulsação, observe se as vias aéreas
estão desobstruídas. Se houver algum objeto que esteja impedindo a passagem de ar, ele deve
ser removido, se não houver verifique a respiração. Não havendo circulação e/ou respiração
deve-se proceder, o mais breve possível, às manobras de ressuscitação cardiopulmonar. Nos
próximos itens (parada cardiorrespiratória e desobstrução de vias aéras) serão abordadas as
técnicas que devem ser utilizadas para tal.
Nas situações em que há mais de uma vítima, o atendimento deve ser priorizado
conforme o risco, ou seja, primeiro as que apresentem risco de morte, em seguida as que
apresentem risco de perda de membros e, depois as demais.

60
A abordagem primária é realizada sem mobilizar a vítima de sua posição inicial, salvo em
situações especiais que possam comprometer a segurança ou agravar o seu quadro, tais como:
- Situações climáticas extremas: geada, chuva, frio, calor, etc.;
- Risco de explosão ou incêndio;
- Risco de choque elétrico;
- Risco de desabamento.

De preferência não movimentar a vítima, pois esta mobilização pode agravar o seu
estado ou produzir lesões. Se for extremamente necessária, a mobilização deve ser feita em
bloco, ou seja, mantendo o posicionamento do corpo.

Figura 59 – Movimentação em bloco

22 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA

É a cessação dos movimentos respiratórios e dos batimentos cardíacos, impossibilitando


a oxigenação dos órgãos vitais. A ocorrência isolada de uma delas só existe em curto espaço de
tempo; a parada de uma acarreta a parada da outra. A parada cardiorrespiratória leva à morte
no período de 3 a 5 minutos, por isso requer intervenção imediata.

Sinais e sintomas:
- Ausência de pulso (batimentos cardíacos);
- Ausência de movimentos respiratórios;
- Inconsciência.

Diversas podem ser as causas de parda cardiorrespiratória (PCR), como obstrução das
vias aéreas, afogamento, overdose de drogas, choque elétrico, problemas cardíacos, trauma,
grandes hemorragias e outras situações clínicas. Independente da causa, o atendimento à
vítima é o mesmo.

61
O que fazer:
1) Avalie se a vítima está respondendo e observe se a respiração está normal ou
anormal. Se sem resposta, sem respiração ou com respiração anormal (gasping),
chame por ajuda.
2) Acione o serviço de emergência/urgência e busque o desfibrilador, se disponível, e
retorne à vítima;
3) Verifique o pulso da vítima (por no mínimo 5 seg e no máximo 10 seg);
4) Se não sentir nenhum pulso em 10 seg, execute as compressões;
5) Posicione-se ao lado da vítima;
6) Verifique se a vítima está deitada sobre uma superfície plana e firme. Se estiver
deitada com o rosto voltado para baixo, vire-a para cima com cuidado. Se suspeitar
que a vítima tenha traumatismo craniano ou trauma cervical, tente manter a
cabeça, o pescoço e tronco alinhados ao rolar a vítima para colocá-la com o rosto
voltado para cima;
7) Coloque o calcanhar de uma mão no centro do tórax da vítima, na metade inferior
do esterno;
8) Coloque o calcanhar da outra mão sobre a primeira mão;
9) Estique seus braços e posicione seus ombros alinhados ao tórax da vítima;
c) Comprima com força e rapidez
- Pressione pelo menos 5cm em cada compressão. Lembre-se de comprimir o esterno
em linha reta.
- Administre as compressões de modo regular, a uma frequência de, no mínimo,
100/min.
- Ao final de cada compressão permita o retorno do tórax. Se o retorno for
incompleto há redução no fluxo sanguíneo criado pelas compressões torácicas.
Portanto, os tempos de compressão e de retorno/relaxamento do tórax devem ser
aproximadamente iguais.
10) Em crianças, comprimir o tórax com a parte inferior da palma de uma das mãos e
atentar para a profundidade que deve ser de 4cm;
11) Em bebês, fazer compressão com o dedo indicador ou com os dedos indicador e
médio de uma das mãos;
12) Verificar retorno da pulsação palpando o pulso carotídeo.
13) Minimize interrupções.

O pulso a ser verificado na PCR é o carotídeo, para localizá-lo posicione os dedos


indicador e médio no pomo-de-Adão, deslize-os para o lado e comprima.

Figura 60 – Localização do pulso carotídeo

62
É importante iniciar as compressões nos primeiros 10 segundos da constatação da
parada cardiorrespiratória. Além disso, de acordo com a American Heart Association
(Associação Americana de Cardiologia), que estabelece e atualiza as diretrizes para o
atendimento a PCR, a ressuscitação cardiopulmonar deve ser de qualidade, ou seja, com
frequência e profundidade de compressão adequadas, permitindo retorno total do tórax após
cada compressão, minimizando interrupções nas compressões. A frequência de compressão
mínima é de 100/min e a profundidade de compressão, em adultos, 5 cm. Verifique nas
imagens a seguir o posicionamento das maõs e do corpo durante as compressões.

Figura 61 – Posicionamento das mãos sobre o tórax para realização das compressões torácicas

Figura 62 – Posicionamento do corpo para realização das compressões torácicas

63
Figura 63 – Posicionamento das mãos para compressão torácica em bebês

Sempre que disponível no local deve-se utilizar o Desfibrilador Automático Externo


(DEA). Este equipamento, quando corretamente instalado, tem a capacidade de ler o traçado
eletrocardiográfico e indicar e aplicar ou não o choque. O aparelho identifica automaticamente
o ritmo cardíaco; orienta por voz o que deve ser feito, como por exemplo a necessidade de
compressão cardíaca pela pessoa que está atendendo a vítima ou o seu afastamento para
aplicação do choque; prepara o choque nas situações em que é recomendado, de acordo com
protocolos já estabelecidos. Além disso, grava o som do ambiente e mantém registrado o que
foi realizado com a vítima.
O choque é indicado em poucas situações em que a parada cardíaca foi causada por
arritmias graves. Sua finalidade é reorganizar o ritmo cardíaco. Contudo, não é recomendado
para a parada cardíaca ocasionada por outros fatores. Por este motivo o uso do aparelho é
importante, pois permite identificar a necessidade ou não da aplicação do choque, e também
orienta o atendimento durante a PCR, servindo de guia ao socorrista.

22.1 DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS

A causa mais comum de emergências respiratórias é a obstrução das vias aéreas


superiores – um corpo estranho bloqueando o nariz, o fundo da boca ou a área ao redor da
laringe. A língua é a maior responsável por esse tipo de obstrução em vítimas inconscientes. As
vias aéreas superiores podem também ser bloqueadas por alimentos, pequenos objetos ou
líquidos, incluindo saliva, muco, sangue ou vômito.
A obstrução pode ser parcial ou completa. Se for somente parcial, a vítima conseguirá
tossir e poderá haver um ruído semelhante a um ronco quando ela respira. Se a troca de ar for
razoavelmente boa, incentivar a vítima a tossir e expelir o corpo estranho.
A troca ineficiente de ar é indicada pela presença de:
- Tosse ineficaz e fraca;
- Ruídos respiratórios gementes ou estridentes;
- Dificuldade respiratória;

64
- Gestos de sufocação (levar as mãos à garganta);
- Incapacidade de falar, gemer ou tossir;
- Cianose.

Os métodos de desobstrução das vias aéreas variam de acordo com o tipo de objeto que
está causando a obstrução. Caso ocorra a obstrução por líquidos, a vítima deve ser lateralizada
para que o líquido seja retirado pela boca evitando assim, sua aspiração para os pulmões. Caso
a vítima apresente uma obstrução das vias aéreas por sólidos, deve-se realizar:
- Remoção manual do objeto – se superficial e visível;
- Manobra de Heimlich.

Para remover manualmente o objeto que está visível (alimentos, próteses dentárias,
etc.), abra a boca da vítima, eleve sua mandíbula, insira o dedo indicador em gancho, sem
aprofundar, e retire o objeto. Se o objeto não está visível realize a manobra de Heimlich.

Figura 64– Desobstrução manual de vias aéreas

Manobra de Heimlich:
1) Posicione-se em pé atrás da vítima;
2) Posicione uma perna entre as pernas da vítima, e a outra perpendicular (90°) a esta,
para que possa apoiar a vítima caso ela desmaie;
3) Coloque ambos braços em torno do abdomem da vítima;
4) Feche uma das mãos e apoie o lado do polegar contra o abdômen da vítima entre o
umbigo e o apêndice xifoide (final do osso esterno);
5) Apoie a outra mão aberta e pressione o abdômen da vítima, fazendo um
movimento rápido para cima e para dentro;
6) Repita o procedimento até a vítima expelir o corpo estranho ou ficar inconsciente.
Acione o mais rápido possível o serviço de emergência se a vítima ficar
inconsciente.

65
Figuras 65 e 66 - Manobra de Heimlich

Se a vítima estiver inconsciente:


1) Acione o serviço de emergência;
2) Coloque a vítima de costas para o chão, puxe seu queixo para frente e tente
identificar se o objeto causador do engasgo. Se tiver visível retire-o com cuidado.
3) Se não visualizar o objeto causador da obstrução, debruce sobre a pessoa, com um
joelho em cada lado do seu corpo, entrelace as mãos e comprima na mesma região
(entre umbigo e osso esterno) de baixo para cima.
4) Se houver parada cardiorrespiratória inicie as manobras de ressuscitação
cardiopulmonar até a chegada da equipe de socorro.

66
Figura 67 - Manobra de Heimlich em vítima inconsciente

Se a vítima for um bebê:


1) Coloque o bebê de bruços sobre seu antebraço, segurando com a mão sua face e
com as pernas e braços para os lados, deixando a cabeça em nível mais baixo que o
tronco;
2) Com a outra mão em concha, bata nas costas do bebê, verifique se o objeto foi
expulso.
3) Se bebê ficar inconsciente chame imediatamente o serviço de emergência.
Verifique o pulso, se estiver em parada cardiorrespiratória inicie as manobras de
ressuscitação cardiopulmonar.

Figura 68 - Manobra de Heimlich em bebês

67
23 HEMORRAGIA

É a perda de sangue causada pelo rompimento de vasos sanguíneos causados por


ferimentos, fraturas, esmagamentos, contusões, entre outros. Toda hemorragia deve ser
controlada prontamente, pois quando abundante e não controlada pode causar a morte em 3 a
5 minutos. As hemorragias podem ser classificadas em três tipos:
- Arterial – sangramento em jato, pulsátil, de coloração vermelho-vivo. A pressão e
velocidade da perda são maiores do que no sangramento venoso.
- Venosa – sangramento contínuo, geralmente de coloração escura.
- Capilar – sangramento contínuo com fluxo lento.
O controle da hemorragia é feito com compressão direta sobre o local, usando um pano
limpo ou compressas gaze. Esta compressão deve ser mantida por pelo menos 2 minutos, sem
interrupções, para que haja coagulação sanguínea. Do contrário, o sangramento não é
estancado e reinicia. Se o pano ou gaze estiverem encharcados, devem ser adicionados por
cima novos panos ou gazes, sem retirar aqueles que estão em contato direto com o ferimento,
justamente para não remover o coágulo recém-formado e reiniciar o sangramento.

Figura 69 – Compressão direta para controle de hemorragia

24 DESMAIO

É a perda transitória da consciência e da força muscular, sem a parada da respiração,


causada pela diminuição do fluxo sanguíneo no cérebro. Pode ser provocado por vários
motivos, como: falta de alimentação, fadiga, emoções fortes, grande perda de sangue,
ambientes muito abafados. É grave se causado por hemorragia e ferimentos ou traumatismos
na cabeça.

Sinais e sintomas:
- Tontura;
- Sensação de mal estar;
- Pulso rápido e fraco;
- Respiração presente de ritmos variados;
- Pele fria, pálida e úmida;
- Inconsciência superficial.

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O que fazer:
- Se a vítima estiver consciente, faça-a se sentar com os joelhos um pouco afastados
e colocar a cabeça entre eles. Afrouxe as roupas e retire óculos, e peça para que
inspire profundamente pelo nariz e expire pela boca;
- Se a vítima estiver inconsciente, deite-a e eleve as pernas, de modo que a cabeça
fique em nível mais baixo que o resto do corpo;
- Em ambas situações, mantenha o ambiente arejado;
- Se o desmaio durar mais do que 1 minuto, acione o serviço de emergência e siga as
orientações.

Figura 70 – Posicionamento de vítima inconsciente durante desmaio

O que não fazer:


- Tentar acorda a vítima com atitudes como jogar água fria, colocá-la em pé ou
sacudí-la;
- Dar-lhe tapas no rosto;
- Fazer inalar qualquer tipo de substância, incluindo álcool e vinagre.

25 CRISE CONVULSIVA

Ocorre em função do aumento excessivo da atividade elétrica cerebral. Ela pode


acontecer em consequência de febre muito alta, intoxicação, epilepsia ou lesões no cérebro.
Existem diversos tipos de crise convulsiva, aqui vamos descrever o grande mal (ou consulsões
tônico-clônicas).

Sinais e sintomas:
- Inconsciência;
- Queda abrupta da vítima;
- Contração brusca e involuntária dos músculos;
- Salivação abundante e vômito;
- Enrijecimento da mandíbula, travando os dentes;
- Pode ocorrer perda de urina e fezes;
- Amnésia;

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- Após a crise ocorre cansaço e sonolência (profunda ou não), confusão mental
discreta e dor de cabeça.

O que fazer:
- Deite a vítima no chão e afaste tudo o que estiver ao seu redor que possa machucá-
la;
- Proteja a cabeça e gire-a para o lado, para que a vítima não se engasgue com a sua
própria saliva ou vômito;
- Afrouxe as roupa da vítima;
- Não introduza nenhum objeto na boca, nem tente puxar a língua para a fora.
- Se a crise persistir por mais de 3 minutos, é necessário acionar o serviço de
emergência.

Figura 71 – Atendimento a vítima de crise convulsiva

26 FERIMENTOS

26.1 Cortes e machucados

Consistem em lesões na pele causadas por qualquer tipo de acidente.

O que fazer:
1) Lave bem as mãos antes de atender o ferido;
2) Limpe o ferimento com soro fisiológico, usando uma gaze esterilizada ou pano
limpo;
3) Se houver sangramento, comprima o local para estancamento;

70
4) Proteja o ferimento com gaze esterilizada ou pano limpo, para evitar contaminação;
5) Faça um curativo;
6) Não tente retirar vidros ou partículas de metal do ferimento, a menos que elas
saiam facilmente durante a limpeza. Nestes casos, é necessário encaminhar a vítima
para atendimento médico;
7) Nunca coloque lenços usados e outros materiais sujos sobre o ferimento, para
evitar contaminação;
8) Oriente a vítima a procurar atendimento médico se a ferida estiver com corpo
estranho ou mesmo ficar dolorida ou inchada posteriormente.

Figura 72 – Realização de curativos em ferimentos

26.2 Ferimentos extensos ou profundos

São aqueles provocados por objetos perfurantes, cortantes, esmagamentos ou por


forças de tração.
O que fazer:
1) Não remova o objeto causador da ferida;
2) Se houver sangramento, comprima o local para estancamento;
3) Cubra o local com gaze esterilizada ou pano limpo;
4) Se houver amputação de membro:
a) Controle a hemorragia;
b) Lave a parte amputada com soro fisiológico;
c) Envolva a parte amputada em gaze umedecida com soro fisiológico;
d) Acondione-a em um cartucho plástico limpo e fechado;
e) Coloque o saco plástico em um recipiente com gelo. Encaminhe junto com a
vítima a parte amputada devidamente acondicionada;
f) Jamais coloque gelo diretamente na parte amputada.

5) Se houver evisceração (saída de órgãos internos para o meio externo):

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g) Cubra o órgão exposto com gaze estéril ou pano limpo umedecido com soro
fisiológico, para protegê-lo;
h) Jamais tente reintroduzir o órgão eviscerado.

6) Em ferimentos profundos do tórax:


i) Coloque uma gaze estéril ou pano limpo sobre o local, de modo a impedir a
penetração de ar;
j) Pressione firmemente este curativo e o envolva com atadura ou outra faixa de
pano, para que o ferimento fique fechado. Cuidado para não apertar em
demasia e impedir os movimentos respiratórios.

7) Em todas as situações acima é necessário acionar o serviço de urgência ou


encaminhar a vítima para atendimento hospitalar.

27 FRATURAS, ENTORSES E LUXAÇÕES

27.1 Fraturas

São caracterizadas pela ruptura parcial ou total de qualquer osso do corpo. Podem ser
fechadas ou abertas (expostas), neste último caso, há rompimento da pele e exposição do
tecido ósseo e demais tecidos adjacentes.

Sinais e sintomas:
- Deformidade do local afetado;
- Edema e hematomas;
- Incapacidade funcional (não consegue movimentar o membro atingido);
- Crepitação óssea (ao palpar se percebe um atrito entre as partes fraturadas).

O que fazer:
1) Imobilize a parte afetada com talas e ataduras, sem alterar a posição em que foi
encontrada. As talas devem abranger as articulações acima e abaixo da lesão.
2) Na falta de talas é possível improvisar com tábuas, revistas dobradas, cabos de
vassouras, palitos de sorvete, revestidos de panos para não lesionar a pele;
3) Nas fraturas expostas é possível que haja sangramento, que deve ser estancado
mediante compressão da articulação acima da área da lesão. Não pressionar a área
exposta diretamente. Além disso, o ferimento deve ser protegido com gaze estéril
ou pano limpo.
4) Encaminhar a vítima para atendimento hospitalar.

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Figura 73 e 74 – Exemplos de imobilização

27.2 Entorses

O entorse ocorre quando uma articulação sofre um movimento brusco, e ocorre o


estiramento ou ruptura de ligamentos. São menos graves que as luxações e fraturas.

Sinais e sintomas
- Dor local intensa;
- Dificuldade em movimentar a região afetada;
- Hematoma;
- Edema.

O que fazer:
1) Aplique gelo ou compressas frias no local (não colocar o gelo diretamente na pele e
sim sobre um pano, pois o gelo queima);
2) Imobilize a articulação afetada;
3) Mantenha o membro afetado elevado e em repouso;
4) Encaminhe para avaliação médica.

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Figura 75 – Aplicação de gelo

27.3 Luxações

Consiste na perda de contato das extremidades ósseas com as articulações, decorrente


de um estiramento dos ligamentos além do esperado. Também são traumas graves, podem
estar acompanhadas de hematoma local após algumas horas.

Sinais e sintomas
- Dor intensa;
- Deformidade local, com edema;
- Perda completa do movimento;
- Palidez do membro.

O que fazer:
1) Aplique gelo ou compressas frias no local (não colocar o gelo diretamente na pele e
sim sobre um pano, pois o gelo queima);
2) Imobilize a articulação afetada;
3) Mantenha o membro afetado elevado e em repouso;
4) Encaminhe para avaliação médica.

28 QUEIMADURAS

São lesões produzida no tecido de revestimento do organismo ocasionada por agentes


físicos (calor, frio, eletricidade, radiação) ou químicos (produtos químicos, veneno de animais
ou plantas).
Podem ser classificadas quanto à profundidade em:
- Primeiro grau – a lesão se limita à camada mais superficial da pele. Provoca
vermelhidão, dor, ardor, porém torna-se grave quando atinge mais da metade do
corpo. É causada geralmente por exposição prolongada à luz solar ou por contato
breve com líquidos ferventes. Não há formação de bolhas.
- Segundo grau - ocorre lesão nas camadas um pouco mais profundas da pele.
Provoca vermelhidão dor, ardência local, há formação de bolhas. Pode haver
desprendimento das camadas da pele e desidratação da vítima.

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- Terceiro grau - a lesão atinge as camadas mais profundas da pele, podendo atingir
músculos e ossos. A lesão se apresenta seca, esbranquiçada ou de aspecto
carbonizado, sem bolhas e sem dor, devido a destruição das terminações nervosas.
É comum nos acidentes com energia elétrica.

Figura 76 – Classificação das queimaduras de acordo com profundidade da lesão

O que fazer:
1) Queimadura por calor:
a) Aplique compressas frias umedecidas com água ou soro fisiológico;
b) Estimule a vítima a beber líquidos, para evitar desidratação;
c) Se possível, retirar anéis, pulseiras e relógios, pois o tecido circundante a lesão
incha e estes acessórios podem restringir circulação local;
d) Caso a vítima esteja com as roupas pegando fogo, não deixe-a correr, para não
alastrar as chamas; abafe o fogo com toalhas ou cobertores, de preferência
molhados; ou oriente a vítima a rolar no chão.
e) Queimadura por agentes químicos:
f) Lavar a área com água em abundância para retirada completa do produto
químico;
g) Em queimaduras por pó químico retirar primeiramente o excesso de pó antes
de lavar com água em abundância, para que o produto não fique aderido ao
tecido subcutâneo;
h) Seguir as instruções contidas nos rótulos do produto ou nas suas fichas de
emergência (FISPQ – Ficha de Informações sobre Produtos Químicos).

2) Queimaduras por eletricidade:

75
a) Em primeiro lugar, interrompa o contato da vítima com a corrente elétrica.
Desligue rapidamente a chave geral de energia. Se for o acidente for em áreas
externas (postes, fiação de alta tensão, transformadores, etc.) acione o serviço
responsável para que seja feito o desligamento;
b) Se isso não for possível, afaste a fonte elétrica da vítima com material isolante
(material emborrachado, pedaço de madeira, couro ou panos secos). Não
esqueça de verificar se seus pés estão secos e calçados, e se não está pisando
em chão molhado;
c) Verifique as condições gerais da vítima: pulso, respiração, nível de consciência,
presença de hemorragias e fraturas. Se necessário, inicie as manobras de
ressuscitação cardiopulmonar.
d) Solicite o atendimento do serviço de urgência ou encaminhe a vítima para
assistência médica especializada.

Figura 77 – Atendimento inicial em queimadura por calor


O que não fazer:
I. Não perfure as bolhas;
II. Não retire roupas ou acessórios que aderiram ao tecido lesado, apenas resfrie
com água ou soro fisiológico;
III. Não aplique nenhum tipo de creme, loção, pasta de dente, pó de café, ou outro
produto, pois pode atingir a área lesada e acabar complicando e interferindo no
tratamento;
IV. Não aplique gelo, pois ele queima e irá agravar a lesão existente.

29 CHOQUE

O choque acontece quando o fluxo de oxigênio para as células do corpo diminui ou para
por completo. Ele vai aumentando gradativamente e causando danos nos tecidos de acordo
com sua extensão, até o momento em que o coração não recebe oxigênio suficiente e para de
bater, causando a morte.
As causas podem ser várias: traumatismo externo ou interno do crânio, tórax e
abdômen; grandes hemorragia; infarto e outros problemas cardíacos; queimaduras graves;
envenenamentos; afogamento; choque elétrico, picada de animais peçonhentos; infecção,
exposição a extremos de frio e calor; entre outros. Todo acidentado pode entrar em estado de
choque, progressiva ou insidiosamente, nos minutos ou horas que se seguem ao acidente. Se a

76
vítima apresentar algum dos sintomas abaixo, é necessário agir rapidamente, principalmente
para tentar evitar que ela entre em choque.

Sinais e sintomas
- Pulso rápido e fraco;
- Respirações curtas, rápidas e irregulares;
- Pele fria e úmida;
- Extremidades pálidas e arroxeadas;
- Agitação ou redução do nível de consciência.

O que fazer:
1) Colocar a vítima em local arejado, afastar curiosos e afrouxar as roupas;
3) Manter a vítima deitada com as pernas mais elevadas;
4) Manter a vítima aquecida;
5) Lateralizar a cabeça em casos de vômitos;
6) Procurar manter sinais vitais (ventilação e circulação);
7) Encaminhar para atendimento hospitalar.

Figura 78 – Atendimento inicial à vítima de choque

30 ENVENENAMENTO E INTOXICAÇÕES

Decorrem do contato, geralmente pelas vias respiratórias, cutânea ou digestiva, com


substâncias tóxicas (produtos químicos). Os sinais e sintoma dependem do produto que causou
o envenenamento ou intoxicação.

O que fazer:
1) Em casos de contaminação na pele:
a) Retirar a roupa impregnada;
b) Lavar a região atingida com água em abundância;
c) Retirar substâncias sólidas (resíduos) antes de lavar com água;
d) Agasalhar a vítima;
e) Encaminhar para atendimento hospitalar.
2) Em casos de contaminação por aspiração/inalação:
a) Afastar a vítima do local de exposição;

77
b) Abrir e manter vias aéreas;
c) Encaminhar para atendimento hospitalar.
3) Nos casos de ingestão (via digestiva):
a) Identificar o tipo de substância ingerida;
b) Não provocar vômitos;
c) Oferecer água, desde que a pessoa esteja consciente e não tenha ingerido soda
cáustica;
d) Encaminhar para atendimento hospitalar.
4) Em todas as situações:
a) Avalie as condições da vítima quanto a respiração, circulação e nível de
consciência;
b) Se necessário, realize as manobras de ressuscitação cardiopulmonar;
c) Se houver parada cardiorrespiratória ou perda de consciência acione o serviço
de emergência;
d) Se possível investigue o acidente: informações sobre a vítima (idade, doenças
prévias, uso de medicamentos); informações sobre o produto ao qual foi
expostas (nome, forma de apresentação, concentração, quantidade, via de
penetração); tempo decorrido desde a exposição; local da exposição. Repasse
estas informações para os profissionais responsáveis pelo atendimentos
especializado.
e) Se possível, faço contato com o Centro de Informações e Assistência
Toxicológica (Ciat de seu estado ou do DF. E siga as recomendações que forem
passadas pelo atendente.
A Anvisa criou o Disque-Intoxicação, cuja ligação é gratuita e atende pelo número 0800-
722-6001. A pessoa é atendida por uma das 36 unidades da Rede Nacional de Centros de
Informação e Assistência Toxicológica (Renaciat).
Os Ciats funcionam em hospitais universitários, Secretarias Estaduais e Municipais de
Saúde e fundações, em 19 estados brasileiros. Há estados que ainda estão em processo de
abertura dos centros, como Amapá, Acre, Maranhão e Tocantins.

Disque-Intoxicação
0800-722-6001

Ao acionar o serviço pelo 0800, a ligação é transferida para o Ciat mais próximo, que
está preparado para receber ligações de longa distânia, 24 horas por dia, sete dias por semana,
durante o ano todo. A resposta rápida fornecida permite à população e aos profissionais de
saúde o atendimento inicial às vítimas de intoxicação e envenenamento.

78
31 PICADA DE ANIMAIS PEÇONHENTOS

31.1 Serpentes

Existem quatro gêneros de serpentes de importância médica no Brasil, para as quais há


antiveneno específico, são elas: Bothrops (jararaca e jararacuçu), Lachesis (surucucu), Crotalus
(cascavel), e Micrurus (coral).

Figura 79, 80, 81, 82 – Tipos de serpentes

Inicialmente é importante reconhecer as características do animal venenoso:


- Cabeça chata, triangular, bem destacada;
- Olhos pequenos, com pupila em fenda vertical e fosseta loreal entre os olhos e as
narinas;
- Escamas do corpo alongadas, pontudas, imbricadas, com carena mediana, dando
ao tato a impressão de aspereza;
- Cabeça com escamas pequenas semelhantes às do corpo;
- Cauda curta, afinada bruscamente;
- Quando perseguida, toma atitude de ataque, enrodilhando-se.

79
Figura 83 – Quadro comparativo de características entre cobras peçonhentas e não peçonhentas

Sinais e sintomas:
Dependem do tipo de animal envolvido no acidente:
Jararaca – são os acidentes mais comuns, ocorrem em todo o país.
- Pequeno sangramento;
- Dor e inchaço precoces;
- Equimose (extravasamento de sangue) no local ou próxima dele;
- Pode haver bolhas de conteúdo variável (seroso, hemorrágico, necrótico ou
purulento).

80
Figura 84 – Picada de jararaca
Cascavel – cursa com poucas manifestações locais sendo as sistêmicas as mais
importantes:
- Turvação visual;
- Queda de pálpebra;
- Diferença no tamanho da pupila;
- Dificuldade para engolir;
- Alterações no olfato e paladar.

Coral:
- Dormência e sinais inflamatórios locais;
- Turvação visual, queda da pálpebra e visão dupla são os primeiros sintomas
sistêmicos a aparecer.

Surucucu – os acidentes são raros, ocorrem na Amazônia e em algumas regiões da Mata


Atlântica.
- Dor, edema e equimose locais;
- Os sintomas locais podem evoluir e afetar todo o membro.

Figura 85, 86 – Sinais de picada de cobra (equimose, bolhas, necrose)

O que fazer:
1) Mantenha a pessoa deitada e imóvel;
2) Mantenha elevado o membro atingido;
3) Retire anéis, pulseiras e outros objetos que possam dificultar a circulação do
sangue, proncipalmente se estiverem próximos ao local da picada;
4) Se houver dor, aplique gelo ou compressa de água fria;

81
5) Encaminhe para atendimento médico imediatamente, cuidando para que a pessoa
se movimente o mínimo possível;
6) Se possível, leve também o animal que a atacou, porém, atentando-se para não ser
mais um ferido.

O que não fazer:


I. Jamais faça garrotes ou torniquetes no membro ferido;
II. Não faça incisões ou cortes;
III. Não aplique nenhum tipo de substância, exceto gelo, no local da picada;
IV. Não dê bebidas ou medicamentos para o acidentado.

31.2 Aranhas

No Brasil, existem três gêneros de aranhas associadas a envenenamento de importância


médica: Loxosceles (aranha marrom), Phoneutria (aranha armadeira) e Latrodectus (viúva-
negra). Os sinais e sintomas dependem do tipo de animal envolvido no acidente.

Aranha marrom
Estes acidentes predominam na região Sul do Brasil, principalmente nos meses quentes
e chuvosos da região metropolitana de Curitiba. O quadro, que tem instalação lenta e
progressiva, inicia-se com dor discreta após a picada. Posteriormente, em período que pode
varia de 4 a 8 horas, a dor reaparece juntamente com edema e eritema. Na evolução, surgem
áreas de equimose mescladas com palidez (placa marmórea) e, posteriormente, em intervalo
de até duas semana, forma-se uma área de necrose seca de extensão e profundidade variável.
Associado à lesão de pele, podem ser observados, jás nas primeiras 24 horas do acidente,
fenômenos gerais como febre, náuseas, vômitos, tontura, cefaleia e exantema maculopapular.

Figura 87 – Evolução da picada de aranha marrom

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Aranha armadeira
São venenosas e responsáveis pela maioria dos acidentes graves, que ocorrem
principalmente nos estados do Sul e Sudeste, nos meses de abril a maio. A dor imediata é o
sintoma mais frequente, podendo ser de forte intensidade e irradiar-se até a raiz do membro
afetado. Outras manifestações como edema e eritema também são comuns, e a sudorese
também pode ser observada no local da picada.

Aranha viúva negra


Os acidentes por este gênero são infrequentes no Brasil e ocorrem principalmente na
região Nordeste. Após a picada, ocorre dor local imediata, podendo ser intensa, e irradiar-se
aos gânglios linfáticos regionais. Com a progressão do envenenamento, a dor pode se
generalizar, a vítima apresentar agitação e ansiedade. Podem ocorres contraturas musculares e
fasciculação.

Figura 88, 89 – Aranhas peçonhentas brasileiras

O que fazer:
1) Aplique gelo ou compressa de água fria no local;
2) Encaminhe para atendimento médico;
3) Se possível, leve também o animal causador do acidente.

O que não fazer:


I. Jamais faça garrotes ou torniquetes no membro ferido;
II. Não esprema e nem faça cortes no local;
III. Não aplique nenhum tipo de substância, exceto gelo, no local da picada.

31.3 Escorpiões

Os acidentes com escorpiões são mais comuns na zona urbana e sua sazonalidade varia
em cada região do país.
A dor local da picada é o sintoma mais frequente, e ocorre logo após a inoculação do
veneno e em geral é intensa. Pode haver irradiação para a raiz do membro acometido. Outras
manifestações incluem formigamento, vermelhidão, sudorese e piloereção.
O que fazer:
1) Aplique gelo ou compressa de água fria no local;
2) Encaminha para atendimento médico;
3) Se possível, leve também o animal causador do acidente.

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Figura 90 - Escorpião

32 OUTRAS EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

32.1 AVC (Acidente Vascular Cerebral)

Conhecido popularmente como “derrame cerebral” o acidente vascular cerebral (AVC),


ou também denominado acidente vascular encefálico (AVE) decorre da obstrução ou
rompimento de um vaso sanguíneo que irrigam o cérebro, provocando a paralisia da área
cerebral que ficou comprometida pelo evento.
Há dois tipos de AVC: o isquêmico e o hemorrágico. O AVC isquêmico ocorre devido a
uma obstrução na artéria, impedindo a passagem de oxigênio para as células cerebrais. Esta
obstrução pode ocorrer por um trombo (coágulo de sangue ou placa de gordura), que se forma
na parede do vaso sanguíneo ou se desloca para um vaso de menor calibre. Já o AVC
hemorrágico é quando há o rompimento de um vaso cerebral, que ocasiona hemorragia em
algum ponto do sistema nervoso. Este tipo é menos comum, mas causa maior mortalidade do
que o isquêmico.

Sinais e sintomas
- Dificuldade ou incapacidade na fala;
- Desvio da boca para um dos lados;
- Pálpebra caída em um dos olhos;
- Perda de força ou da coordenação motora em um dos lados do corpo;
- Alteração súbita da sensibilidade com sensação de formigamento na face, braço ou
perna de um lado do corpo;
- Perda súbita de visão em um olho ou nos dois;
- Dor de cabeça súbita e intensa sem causa aparente;
- Instabilidade, vertigem súbita intensa e desequilíbrio associado a náuseas ou
vômitos.

O que fazer:
1) Aplique a escala pré-hospitalar de AVC para avaliação, se um dos itens avaliados
estiver presente (sinal positivo) é indicativo de AVC:
a) Peça para a vítima sorrir, para verificar se há desvio da boca;

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b) Peça para a vítima levantar os dois braços, e verá se um deles cai por falta de
força;
c) Peça para a vítima cantar uma música ou falar uma frase simples, como “o céu
é azul”, para verificar se há alguma dificuldade na fala;
2) Acione o serviço de emergência ou levar imediatamente a vítima para atendimento
hospitalar;
3) Enquanto aguarda o atendimento, siga as orientações da central de emergência, e
mantenha a vítima confortável e longe de riscos que possam agravar sua situação
clínica.

Figura 91 – Tipos de AVC

Figura 92 33 – Identificação dos sinais e sintomas do AVC

32.2 Hipoglicemia

Trata-se do nível baixo de açúcar no sangue (glicemia), e pode afetar pessoas portadoras
ou não de diabetes. As causas são variadas, como uso inadequado de hipoglicemiantes por
diabéticos, consumo de ácool, jejum prolongado, esforço físico intenso, hipersecreção de
insulina.

Sinais e sintomas

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- Tremor, ansiedade, confusão, agitação;
- Palpitação, taquicardia, dilatação das pupilas;
- Sudorese, sensação de frio, palidez, dificuldade para respirar;
- Visão dupla ou embaçada, cefaleia;
- Alteração do nível de consciência e comportamentos que podem ser confundidos
com embriaguez, cansaço, fraqueza, sensação de desmaio.

O que fazer:
1) Se a vítima estiver consciente:
a) Oferecer líquido doce (suco de laranja, refrigerante, água com açúcar, etc.), e
depois alimentos como pão e bolacha;
b) Deixá-la sentada ou deitada, em local arejado;
c) Acompanhar sinais vitais (C – A – B);
d) Encaminhar para atendimento médico;
2) Se a vítima estiver inconsciente, acionar o serviço de emergência, o mais breve
posspivel, ou levá-la para atendimento hospitalar.

Figura 93 – Sinais e sintomas da hipoglicemia

32.3 Corpos Estranhos

São pequenas partículas de poeira, madeira, vidro, carvão, areia, minerais diversos,
grãos, sementes, pequenos insetos, espinhos ou farpas que se alojam em alguma parte do
corpo.
Quando alojados na garganta, causam obstrução das vias aéreas e a conduta
recomendada é a manobra de Heimlich, já apresentada anteriormente. Quando presente nos
olhos, causa dor, ardência, vermelhidão e lacrimejamento.

O que fazer:
1) Não esfregar os olhos;
2) Lavar o olho com água limpa;
3) Não remover o corpo estranho manualmente e nem soprar;
4) Se o corpo estranho não sair com a lavagem, cobrir os dois olhos com pano limpo;
5) Encaminhar para atendimento hospitalar.

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Se o objeto estiver nos ouvidos ou nariz, causam edema local, que pode estar associado
a dor, secreção de pús e/ou sangue.

O que fazer:
1) Encaminhar para atendimento médico.

O que não fazer:


I. Nunca tente remover o corpo estranho do nariz ou do canal auditivo (com
palito, pinça, arame, etc.), pois o objeto poderá ser levado ainda mais para
dentro e pode ocorrer perfuração do tímpano ou broncoaspiração.

É possível ainda que farpas, espinhos, ferrão de insetos sejam introduzidos na pele.
Nestes casos, pode se tentar retirar os corpos estranhos com pinças, desde que visíveis e
salientes.
O que não fazer:
I. Se o objeto for um anzol, não puxe-o, pois sua ponta farpada aumenta o
tamanho da lesão, da dor e do sangramento. Ao contrário, se possível,
empurre-o para que a ponta apareça livre do outro lado, corte esta ponta
farpada e retirar o anzol pelo lado de entrada;
II. Não esprema, pois este procedimento aumenta a lesão e pode agravá-la;
III. Encaminhe a vítima ao serviço de saúde para atendimento.

33 TRANSPORTE DE ACIDENTADOS

O transporte de feridos é tarefa complexa que deve ser executada por profissionais
treinados. Diante de uma emergência, você deve acionar o serviço de emergência e solicitar o
atendimento pré-hospitalar.
Diante da impossibilidade de se conseguir ajuda, desde que não haja riscos, algumas
medidas podem ser observadas. Em primeiro lugar, deve-se lembrar que a manipulação da
vítima sem o devido cuidado ou mal feita pode causar-lhes problemas, que podem ser de maior
gravidade que aqueles do próprio acidente, principalmente se houver ferimentos na coluna,
tórax, bacia ou crânio. Movimentos imtempestivos podem causar paralisia irreversível e até a
morte.
Ao socorrer uma pessoa que tenha caído de uma altura considerável ou tenha sido
atropelada, considere sempre a possibilidade de lesão medular (coluna), fraturas, hemorragias,
parada cardiorrespiratória. Portanto, tome cuidado ao transportá-la ou mesmo muda-la de
posição. O recomendado é não mobilizá-la da posição em que se encontra, e apenas manter a
coluna estabilizada e imobilizada até a chegada do socorro.
O transporte do acidentado com suspeita de lesão medular exige sempre muito
cuidado. O indivíduo com fratura de coluna pode apresentar dor intensa, impossibilidade de
movimentação do tronco, formigamento ou paralisia nas extremidades (braços e pernas) e
dificuldade de respiração.

O que fazer:
1) Faça o controle da cervical e mantenha a vítima na posição em que foi encontrada
até a chegada da equipe de socorro;

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2) Se não houver risco à sua segurança, mas a vítima precisar ser removida do local em
que se encontra, ela deve ser mantida na mesma posição e o transporte deve ser
feito preferencialmente em tábua de madeira própria para resgate. Se esta não
estiver disponível, utilize chapa de metal ou qualquer superfície firme e lisa. É
imprescindível que a espinha dorsal não seja curvada ou deslocada de posição. Siga
os seguintes procedimentos:
a) Coloque a tábua de madeira no chão ao lado da vítima, role o acidentado sobre
seu próprio corpo (mobilização em bloco) e, a seguir, sobre a maca, sem que
ele dobre ou curve a coluna ou gire a cabeça;
b) Se possível, preste o socorro com outras duas pessoas, para que uma segure a
cabeça, a outra as costas da vítima, e a terceira as nádegas e as pernas. As três
pessoas devem erguer a vitima ao mesmo tempo e colocá-la sobre a tábua de
madeira, cuidando para não dobrar a coluna e não mobilizar a cabeça da vítima
(se necessário, a cabeça deve girar junto com o corpo, sem ficar deslocada para
trás ou para os lados).
c) Imobilize a vítima na tábua antes do transporte, ou seja, coloque almofadas de
pano ou toalhas em ambos lado da cabeça e amarrando sua testa à tábua com
uma faixa ou qualquer tira de pano. Amarre também o corpo à tábua, na altura
do peito, do quadril, do joelho e próximo aos pés.
Antes de preparar a vítima para o transporte, os ferimentos devem ser protegidos e
imobilizados, se for o caso. Vítimas com quadros graves devem ser acompanhadas na
ambulância até o local de atendimento, e há necessidade de informar seus familiares.

34 KIT DE PRIMEIROS SOCORROS

A NR-07 que trata do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO)


prevê que todo estabelecimento deve estar equipado com material necessário à prestação dos
primeiros socorros, considerando as características da atividade desenvolvida no local. Esse
material deve ser guardado em ambiente adequado e aos cuidados de pessoa treinada para
esse fim.
No Banco do Brasil, o kit de primeiros socorros está normatizado na IN-844 – Saúde
Ocupacional, que além de designar responsável pela sua manutenção e guarda (CIPA ou RPA),
também define seu conteúdo.
Este kit deve ficar sempre em locais de fácil acesso. Por medida de precaução, não é
conveniente trancá-lo, facilitando o acesso a ele e seu manuseio em emergências. Em seu
interior, os materiais devem ser bem acondicionados, organizados e rotulados, para facilitar o
uso. Deve ser feita vistoria periódica para verificar o prazo de validade dos materiais e a
necessidade de aquisição para reposição dos itens.
Ao usar os materiais é importante deixar o kit arrumado e organizado, bem como
informar a necessidade de reposição, para que não haja dissabores na próxima utilização,
especialmente se for uma situação de urgência ou emergência.

Fim - Obrigado pela participação


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