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A cidade de Detroit, nos Estados Unidos, exerce grande fascínios sobre os Street
Photographers seja pelo seu momento de glória como uma cidade opulenta e glamourizada,
berço das mais importantes indústrias automotivas do país e modelo de uma arquitetura
moderna e grandiosa , seja por sua paisagem em ruína que se revela na atualidade. Fotógrafos
como William Eaggleston, Robert Frank, Doug Rickard e Philip Jarmain estão entre os que
retrataram Detroit . Os dois primeiros revelaram imagens de uma época áurea , entre as décadas
de 1950 e 1960, em que a cidade se destacava como uma das principais dos Estados Unidos em
número de habitantes e em geração de riquezas. Capital do automóvel, um terço da produção
automobilística mundial era proveniente de Detroit. Próspera, reunia trabalhadores de todo o
país em suas fábricas e comércio local, além das estrelas de cinema e magnatas ligados à
metalurgia. No entanto, em 1970, com a entrada dos concorrentes japoneses na indústria do
automóvel, a cidade entra em recessão e as fábricas fecham. Com o desemprego em massa, os
trabalhadores migram para outras regiões do país deixando para trás uma cidade em franca
decadência. É este cenário de abandono, degradação e paisagem em ruína, que chama a atenção
dos fotógrafos contemporâneos Philip Jarmain e Doug Rickard, cujas obras foram escolhidas
para este ensaio por conta da semelhança nas temáticas adotadas e do contraste em suas
imagens e técnicas de trabalho.
Entre paisagem, ruína e memória , há uma tensão entre passado e presente, vida e
morte, numa fragmentação do tempo, que se alinha com a noção da fotografia enquanto
fragmento Barthes (1984). Ao fotografar a paisagem em ruína, a imagem evidencia uma
ambiguidade e ambivalência entre tempos, o que possibilita uma “imagem dialética” Walter
Benjamim (1994), que coloca a ruína enquanto uma metáfora para o entendimento da história
, uma imagem catastrófica que guarda em si a possibilidade de redenção, afinal, as ruínas são
indicialidades de resistência ao tempo que se foi. Na imagem abaixo há o registro do exterior do
prédio da empresa ligada ao mercado de automóveis, Fisher Body, uma divisão da General
Motors, em Detroit, uma “imagem dialética”, que tensiona o tempo e características como
prosperidade e falência, dedicação e abandono.
Imagem 2 : Fisher Body Plant 21, Detroit, 2013
Referência Bibliográfica