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Luysa Nóbrega
SANÇÃO PENAL
É a restrição que a lei impõe a um indivíduo que praticou uma infração penal (fato ilícito,
antijurídico e culpável)
É através da sanção penal que o Estado exerce seu ius puniendi
Conceitualmente a PENA é um castigo, mas isso difere de sua função, que é prevenir e
ressocializar (em teoria)
PENA: imputáveis; caráter retributivo
MEDIDA DE SEGURANÇA: inimputáveis e semiputáveis; caráter preventivo; aplica-se aos
indivíduos que possuem capacidade mental reduzida
A sanção penal está ligada diretamente ao contexto social, político e econômico de cada
sociedade
ORIGEM E EVOLUÇÃO
A pena sempre foi utilizada para repreender e coibir determinados atos rejeitados pela sociedade
por ameaçarem ou danificarem determinados bens jurídicos (ex.: Cód. De Hamurabi, de Manu,
etc).
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
ANTIGUIDADE:
▪ Não era utilizada como sanção penal e sim como função de custodia.
▪ Preservava o réu até o dia do julgamento e execução.
▪ Até os fins do séc. XVIII as penas tinham caráter corporal.
▪ NA GRECIA: havia a prisão para devedores (prática inicialmente
privado e depois pública).
▪ EM ROMA: como custodia, mas também havia prisão por dívida.
IDADE MÉDIA:
▪ No período medieval as penas tinham o objetivo de provocar o medo
coletivo, sem se importar com a dignidade da pessoa do réu.
▪ A prisão continua como custódia.
▪ As penas sangrentas eram as favoritas do povo (até hoje existem
resquícios disso).
▪ Nesse período surgiram:
▪ >Prisão de Estado: para inimigos do governo
equivalentes.
▪ >Prisão Eclesiástica: clérigos rebeldes;
penitência; meditação.
• O Direito Canônico teve forte influência nesse período, contribuiu para o
surgimento da prisão moderna, primeiras ideias de reforma do
condenado.
IDADE MODERNA:
▪ A pobreza se estende por toda a Europa.
▪ A criminalidade aumenta e as reações penais começam a falhar.
▪ No séc. XVI houve a criação e construção de prisões organizadas para
correção dos apenados (através do trabalho e da disciplina).
▪ Na Inglaterra: Houses of Correction e Workhouses.
▪ Só no séc. XVIII surgiu a pena de prisão (contribuição do Iluminismo e
de Beccaria).
▪ No séc. XX passou a existir uma maior preocupação com a dignidade
da pessoa humana (ONU, pós II Guerra Mundial).
▪ Em um Estado Constitucional de Direito a pena deve ser aplicada em
observância aos princípios expressos e implícitos na CF.
ATUALMENTE: A elevação dos índices de criminalidade faz a sociedade clamar por cada vez
mais atuação do Direito Penal (que é ultima ratio), sendo o inverso do plano jurídico
FINALIDADES DAS PENAS – TEORIAS INFORMADORAS (ART. 59, CP)
Finalidades e demais conceitos ligados à forma do Estado
TEORIA ABSOLUTISTA OU DA RETRIBUIÇÃO – POR QUE PUNIR?
➢ Finalidade de castigo, de retribuir o mal que foi provocado pelo infrator à
coletividade.
➢ Se desvincula totalmente do caráter de qualquer efeito social ou de
ressocialização.
➢ Finalidade que satisfaz a sociedade (sensação de justiça).
➢ Considera a pena como um mal necessário (pela vingança).
➢ Justificativa da pena no FATO PASSADO.
TEORIA RELATIVA, FINALISTA, UTILITÁRIA OU DA PREVENÇAO – PARA QUE PUNIR?
➢ Finalidade de prevenir a realização de novos ilícitos.
➢ Justificativa da pena passa a ser baseada em EFEITOS FUTUROS,
prevenção.
➢ Também considera um mal necessário (mas pela finalidade).
CRITÉRIO DE PREVENÇÃO GERAL: o Estado pretende prevenir a prática
novos ilícitos por parte da coletividade.
NEGATIVA (por intimidação):
▪ Ameaça coletividade através da punição ao infrator (atenta contra a
dignidade da pessoa).
▪ Beccaria e Feuerbach defendiam.
POSITIVA (integradora):
▪ Tem finalidade pedagógica, pretende disciplinar a consciência coletiva.
▪ O Estado pretende exercitar com a coletividade a fidelidade ao Direito.
▪ As normas devem ser respeitadas.
CRITÉRIO DE PREVENÇÃO ESPECIAL: prevenção da prática por parte do
condenado.
NEGATIVA (neutralização)
▪ Possível somente em penas privativas de liberdade.
▪ O Estado neutraliza segregando o infrator do meio social.
▪ Impossibilita que o indivíduo pratique novos crimes.
POSITIVA (ressocialização)
▪ Regeneração do indivíduo para que ele desista da prática de novos
crimes.
▪ Fazer com que o agente medite sobre sua conduta, inibindo-o.
MEDIDA DE SEGURANÇA
SANÇÃO
MULTA
PENA
RESTRITIVA DE DIREITOS
reclusão
prisão simples
a) pena maior que 8 anos = fechado (não precisa analisar se é primário ou se as circunstâncias
são desfavoráveis)
b) pena maior que 4 e menor ou igual a 8 anos = semiaberto (o réu não pode ser reincidente e
as circunstâncias devem ser favoráveis) > circunstâncias do art. 59. CP
c) pena igual ou menor a 4 anos = aberto (o réu não pode ser reincidente e as circunstâncias
devem ser favoráveis) > circunstâncias do art. 59. CP
d) condenado reincidente em qualquer qtd. de pena = fechado (exceto se a pena anterior tiver
sido de multa, interpretação do STF ao art. 77, § 1°, CP; há a possibilidade de concessão de
regime inicial semiaberto ao reincidente condenado a pena de até 4 anos, se favoráveis as
circunstâncias) > Súmula 269, STJ
e) se as circunstâncias do art. 59 forem desfavoráveis = fechado (se a pena for inferior a 8 anos
exige-se uma motivação idônea para essa determinação, pois exige-se uma maior análise e
fundamentação para a determinação de um regime mais severo que o previsto) > art. 33, §§ 2° e
3° e art. 59, CP / súmulas 718 e 719, STF / súmula 440, STJ
Hipóteses para b) condenado definitivamente ou preso provisório cuja presença seja de alto
a aplicação do risco para a seg. do estabelecimento e sociedade (art. 52, § 1°). Esse regime
r.d.d. pode ser aplicado também criminosos conhecidos pela mídia e sociedade
REQUISITO SUBJETIVO:
➢ Bom comportamento carcerário devidamente atestado pelo diretor (art. 112).
➢ Consiste no comportamento mediano, com respeito e boa conduta.
REQUISITOS PROCEDIMENTAIS:
➢ O juiz deve decidir se concede, a decisão deve ser motivada, precedida de manifestação
do MP e da defesa (art. 112, § 1°).
➢ O juiz deve equiparar ao livramento condicional, exigindo prévia manifestação do
Conselho Penitenciário (art. 112, § 2°).
Internação
Ex. K ficou preso provisoriamente por 6 meses antes do trânsito em julgado, após a sentença ele
foi condenado a 4 anos definitivamente, mas cumprirá apenas 3 anos e 6 meses
Obs. Existe um prazo para a realização de um exame após a medida de segurança ser
instaurada, para analisar a periculosidade do indivíduo, se está cessou (de 1 a 3 anos), e a
detração diz respeito ao tempo em que o juiz determinou para a realização do primeiro exame
de cessação de periculosidade, ou seja, a contagem do prazo não é feita para o fim de cessar
a medida de segurança, mas no prazo mínimo necessário à realização obrigatória do exame.
COMPETÊNCIA PARA A APLICAÇÃO:
▪ A competência passou a ser do juiz sentenciante (art. 387, § 2°, CPP).
▪ O juiz sentenciante irá aplicar a detração na sentença, no próprio ato da sentença ele
desconta, já estabelecendo junto o regime inicial.
Ex. A ficou preso provisoriamente durante 6 meses, o juiz sentenciante realizou a
dosimetria e a pena estabelecida foi de 4 anos e 2 meses, mas detraiu a pena, ficando
de 3 anos e 8 meses, sendo estabelecido o regime inicial aberto.
▪ Se o sentenciante não detrair o da execução pode aplicar art. 66, III, c, LEP).
▪ É inadmissível a detração em pena de multa, sendo possível a aplicação somente em
privativa de liberdade ou medida de segurança.
▪ É inadmissível a detração no SURSIS (suspensão condicional da pena, art. 77, CP), a
pena não poderá ser detraída porque no SURSIS a pena não estará em execução,
estará suspensa, pois é impossível a diminuição de uma pena que nem sequer está
sendo cumprida, por se encontrar suspensa.
▪ Computa-se o tempo de internação em hospital de custódia ou em tratamento
psiquiátrico.
DETRAÇÃO EM PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO (art. 55, CP)
▪ Há uma corrente que é contra e outra a favor, a que é a favor considera controverso ter
benefício em uma pena mais grave e em uma mais branda não tem (essa corrente é
mais favorável).
▪ 1 dia de prisão provisória, administrativa ou internação por 1 dia de pena definitiva fixada
em sentença condenatória.
▪ Muito embora a detração penal não faça referências quanto à possibilidade do cálculo
de abatimento da pena em relação às penas restritivas de direitos, a doutrina majoritária
é no entendimento de que é perfeitamente cabível esse instituto.
▪ Quando se mantém alguém preso durante o processo, para ao final, aplicar-lhe pena
não privativa de liberdade, como ainda maior razão não deve ser desprezado o tempo
de encarceramento cautelar. Além disso, a pena restritiva de direitos substitui a privativa
de liberdade pelo mesmo tempo de sua duração (Código Penal, art. 55), tratando-se de
simples forma alternativa de cumprimento da sanção penal, pelo mesmo período. Assim,
deve ser admitida a detração.
▪ Se a lei admite o desconto do tempo de prisão provisória para a pena privativa de
liberdade, beneficiando quem não fez jus à substituição por penalidade mais branda,
fugiria ao bom senso impedi-lo nas hipóteses em que o condenado merece tratamento
legal mais tênue, por ter satisfeito todas a s exigências de ordem objetiva e subjetiva.
CRIME DOLOSO: pena menor ou igual a 4 anos, sem que tenha havido
violência ou grave ameaça
I
CRIME CULPOSO: qualquer que seja a quantidade de pena
• O juiz da execução que irá designar a entidade junto ao qual o condenado deverá
trabalhar
d) Interdição temporária de direitos (art. 47, CP)
É a única que, literalmente, restringe direitos, diferente das demais
Ex. pena privativa de 2 anos pena de interdição durante 2 anos
Proibição de exercício de cargo, função ou atividade pública (durante tempo relativo à
condenação) (art. 47, I, CP)
▪ É uma pena restritiva, logo, o indivíduo fica proibido por um tempo (art. 44, CP).
▪ Difere da perda de cargo, função ou atividade pública, pois este é um efeito
extrapenal específico junto com a pena privativa, nesse caso o indivíduo perde
definitivamente seu cargo, como previsto nas hipóteses do art. 92, I, a e b.
a) Indivíduo que é funcionário público, pratica crime funcional contra a
administração pública e é condenado a pena igual ou maior a 1 ano (o juiz
declarará expressamente na sentença a perda do cargo).
b) Funcionário público que pratica qualquer crime e é condenado a mais de
4 anos, o juiz declarará a perda do cargo
Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de
licença ou autorização do poder público (art. 47, II, CP)
▪ Crime no exercício de sua profissão, seu modo habitual de subsistência.
▪ Evita que o indivíduo continue usando sua profissão para praticar ilícitos (punição e
prevenção).
Suspensão de habilitação para dirigir veículo (art. 47, III, CP)
A habilitação será suspensa por tempo equivalente a pena privativa
Pode ser aplicada somente em uma situação:
Nos casos onde o indivíduo não esteja dirigindo veículo automotor, e sim veículos de
tração humana ou animal, como bicicleta, carroça, etc
Em casos de crime culposo ou doloso em direção de veículo automotor, é aplicada pena
autônoma ou como mero efeito da condenação, que é a inabilitação do indivíduo para dirigir
veículo (arts. 302 e 303 do CTB) – pena privativa + suspensão ou proibição de habilitação para
dirigir veículo
Proibição de frequentar determinados lugares (art. 47, IV, CP)
▪ Proibido por tempo equivalente a pena privativa.
▪ Sua eficácia é questionada.
Proibição de inscrever-se em concursos, avaliações ou exames públicos (art. 47, V, CP)
▪ Deverá ser aplicado em casos onde houveram crime em concursos, avaliações e
exames públicos (fraude).
▪ Inclui exame no DETRAN.
▪ Não inclui a seleção para estudar em instituição pública (mas fica proibido de fazer o
ENEM).
e) Limitação de fim de semana (art. 48, CP e arts. 151 e 152, LEP)
O condenado terá a obrigação de permanecer 5 horas diárias aos sábados e domingos na casa
de albergado ou estabelecimento adequado
PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA
Proibição de inscrever-se em
concursos, av. ou exame público
CONVERSÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS EM PENA PRIVATIVA (art. 44, § 4°,
CP e art. 181, LEP)
▪ Se o agente não cumprir toda a pena restritiva, todo o período cumprido valerá como
pena cumprida, será computado.
▪ O prazo mínimo de pena privativa de liberdade é de 30 dias, portanto, se um indivíduo
para de cumprir injustificadamente a pena restritiva faltando, v.b., 12 dias para o término
da pena, ele terá de cumprir ainda assim 30 dias de pena privativa, por ser o limite
mínimo.
▪ A pena de prestação de serviços será convertida em privativa nas seguintes situações
(art. 181, § 1°, a) até e):
➢ Quando o indivíduo está desaparecido
➢ Não comparecer injustificadamente (deve haver audiência de justificação)
➢ Recusar-se injustificadamente a prestar o serviço
➢ Praticar falta grave
➢ (Decidirá do juiz) quando o indivíduo sofrer condenação por outro crime à pena
privativa de liberdade, se substituirá
Art. 181, § 1°, e) – se o crime tiver sido
cometido durante a execução da pena
restritiva