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Campus de JACOBINA
Jacobina
2018
REFERÊNCIA DA OBRA
COUTEUR, Penny Le; BURRESON, Jay. Os botões de Napoleão: As 17 moléculas que
mudaram a história. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Editora Zahar,
2003. 1-99 p.
Na Europa medieval um condimento, a pimenta, era tão valioso que uma libra dessa
baga seca era suficiente para comprar a liberdade de um servo ligado à propriedade
de um nobre. Embora a pimenta figure hoje nas mesas de jantar do mundo inteiro, a
sua demanda e a das fragrantes moléculas da canela, do cravo-da-índia, da noz-
moscada e do gengibre estimularam uma procura global que deu início à Era dos
Descobrimentos. (p. 23)
A Companhia das Índias Orientais — ou, para citar o nome oficial com que foi
fundada em 1600, a Governor and Company of Merchants of London Trading into
the East Indias — foi formada para assegurar um papel mais ativo para a Inglaterra
no comércio das especiarias das Índias Orientais. Como os riscos associados ao
financiamento do envio à Índia de um navio que voltaria carregado de pimenta eram
altos, de início os negociantes compravam “cotas” de uma viagem, limitando assim
o tamanho do prejuízo potencial para um único indivíduo. Essa prática acabou
dando lugar à compra de ações da própria companhia, podendo portanto ser
considerada responsável pelo início do capitalismo. Não seria muito exagero dizer
que a piperina, que sem dúvida deve ser considerada hoje um composto químico
relativamente insignificante, foi responsável pelo início da complexa estrutura
econômica das atuais bolsas de valores. (p. 28)
Nos séculos XIV e XV, quando o desenvolvimento de jogos de velas mais eficientes
e de navios bem equipados tornou possíveis as viagens mais longas, o escorbuto
passou a ser comum no mar. As galés propelidas a remo, como as usadas por gregos
e romanos, e os pequenos barcos a vela dos negociantes árabes sempre haviam
permanecido bastante perto da costa. Essas embarcações não eram suficientemente
bem construídas para resistir às águas bravias e aos vagalhões do mar aberto. Em
consequência, raramente se aventuravam longe do litoral e podiam se reabastecer de
provisões a intervalos de dias ou semanas. O acesso regular a alimentos frescos
significava que o escorbuto raramente se tornava um problema de vulto. No século
XV, porém, as longas viagens oceânicas em grandes navios a vela introduziram não
só a Era dos Descobrimentos mas também a dependência de alimentos em conserva.
(p. 38-39)
Entre os mamíferos, somente os primatas, os ratos de cobaia e o morcego-da-fruta
indiano requerem vitamina C em sua dieta. Em todos os demais vertebrados — o
cachorro ou o gato da família, por exemplo — o ácido ascórbico é fabricado no
fígado a partir da simples glicose do açúcar por meio de uma série de quatro reações,
cada uma catalisada por uma enzima. Por isso o ácido ascórbico não é uma
necessidade dietética para esses animais. Presumivelmente, em algum ponto ao
longo do percurso evolucionário, os seres humanos perderam a capacidade de
sintetizar ácido ascórbico a partir de glicose, o que pode ter decorrido da perda do
material genético que nos permitia fazer gulonolactona oxidase, a enzima necessária
para o passo final dessa sequência. (p. 46)
Não tivesse sido a demanda de açúcar, é provável que nosso mundo fosse muito
diferente hoje. Afinal, foi o açúcar que estimulou o tráfico escravista, levando
milhões de africanos negros para o Novo Mundo, e foram os lucros obtidos com ele
que, no início do século XVIII, ajudaram a estimular o crescimento econômico na
Europa. Os primeiros exploradores do Novo Mundo retornaram falando de terras
tropicais que lhes haviam parecido ideais para o cultivo da cana-de-açúcar. (p. 53)
O primeiro dos adoçantes artificiais modernos a ser desenvolvido foi a sacarina, que
é um pó fino. Os que trabalham com ela detectam por vezes um sabor doce se levam
os dedos acidentalmente à boca. Ela é tão doce que uma quantidade muito pequena é
suficiente para desencadear uma resposta de doçura. Evidentemente foi isso que
aconteceu em 1879, quando um estudante de química na Universidade Johns
Hopkins, em Baltimore, percebeu uma doçura inusitada no pão que comia. (p. 68)
2. TEXTO CRÍTICO
A obra em epígrafe apresenta uma abordagem clara e objetiva sobre a descoberta de
algumas moléculas químicas e principalmente a sua importância considerando que as mesmas
provocaram mudanças significativas no rumo da história da humanidade.
Há dezenas de anos atrás, o ser humano sobrevivia em um contexto completamente
diferente da atualidade em que nos encontramos. Logo, procedimentos simples como, por
exemplo, alimentar-se de maneira digna, deslocar-se para longas distâncias em ambientes
salubres e, sobretudo gozar de boa saúde, encejaria ser grandes desafios em muitas das
situações vividas naquele cotidiano, a exemplo das expedições marítimas que se tornaram em
algumas das vezes insuperáveis, devido ao pouco conhecimento científico e tecnológico em
que a conjuntura daquele tempo permitia para aqueles bravos homens.
Penny Le Couteur e Jay Burreson iniciam a sua obra, com uma riqueza de detalhes,
apresentando um fato interessante que se ambientou em uma das batalhas entre o exército de
Napoleão Bonaparte versus o exército da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas,
que na ocasião, os franceses se depararam inesperadamente com um poderoso inimigo, o
inverno rigoroso da gélida URSS.
Segundo os autores, naquele momento difícil o exército francês ainda assim foi
surpreendido com mais outro imprevisto, a suposta desintegração dos botões do fardamento
de sua tropa, devido à baixa temperatura das terras soviéticas. Para este fato histórico, os
autores conseguem transportar o leitor para ápice daquela batalha de forma inteligível e nos
faz entender, o quanto a química foi e continua sendo responsável pelo curso de nossa
história.
Na presente obra, Penny Le Couteur e Jay Burreson vem desencadear o surgimento de
cada molécula abordada, como também pormenoriza o seu contexto histórico e temporal,
trasladar o leitor, página por página, para cada expedição marítima, para cada praia aportada,
para cada situação vexatória, sem cometer qualquer tipo de anacronismo durante todo o
enredo histórico, despertando e aguçando mais e mais a cede pelo conhecimento e pela
história de cada composto químico.
Nos capítulos objeto deste fichamento, percebe-se o quão importante as moléculas
abordadas (pimenta, noz-moscada, cravo-da-índia, ácido ascórbico, glicose, celulose,
compostos nitratos, seda e nylon) foram para o crescimento hegemônico da economia das
grandes nações daquela época, uma vez que, foi através do comércio manufatureiro de
especiarias, como por exemplo, noz-moscada, cravo-da-índia e a pimenta-do-reino, que se
intensificaram a Era das grandes navegações e dos descobrimentos, como também atribui-se a
derrota de Napoleão Bonaparte e seu exército, pelo seu desconhecimento das reações
químicas em que o estanho, poderia sofre no rigoroso inverno soviético.
Dada a cada uma a sua importância, estas moléculas químicas foram capazes de
despertar no homem durante séculos o desejo de conquistar novos territórios, promover
acordos e tratados entre nações, a abertura de novas rotas para o mercado internacional e suas
respectivas bolsas comerciais, o desenvolvimento de novas tecnologias e principalmente a
realização de pesquisas e estudos científicos com o objetivo de descobrir e denominar novas
vitaminas como também a cura de inúmeras doenças que assolavam a humanidade.
Em suma, tendo em vista os fatos mencionados, a obra em epígrafe teve relevante
importância no meu aprendizado tendo como mérito despertar uma percepção em
compreender a importância em que as moléculas e seus respectivos elementos químicos têm
na vida profissional de um aspirante a profissão de Engenheiro Civil, considerando que na
construção civil, existem inúmeros processos químicos, seja na confecção de uma argamassa,
na pintura de uma porta, na projeção e execução de uma estrutura metálica enfim, a química
está indubitavelmente presente na vida do indivíduo.