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1. Discorra sobre a Teoria dos Sistemas de Luhmann e sua relação com autopoiesis,
desenvolvendo também o conceito de Direito para Luhmann.
Jurgen Habermas nasceu em 1929, na Alemanha. Fez parte da Escola de Frankfurt, o que fica
muito claro ao observar a influência em sua Teoria. Tal Escola, defendia, após o movimento
Iluminista e o desenvolvimento do homem como centro do universo e ascensão da razão
humana, que a racionalidade moderna pode ter um lado de dominação, possuía uma visão
negativa dessa razão. Além disso, compartilhava da visão marxista em alguns assuntos,
incluindo a ideia de dominação e necessidade da tomada de consciência.
Habermas elabora, então, sua Teoria social baseando-se nessas duas razões e relacionando-
as a dois diferentes espaços de integração: o sistema social e o Mundo da Vida. O sistema
social vincula-se a razão sistêmica, ligado a dominação, possui integradores sistêmicos (os
próprios ordenamentos), instrumentos especializados em criar códigos específicos e capazes
de impor esses códigos a sociedade sem deliberação. Como exemplo, tem-se a Economia, um
indivíduo é inserido nela por seu integrador sistêmico, que nesse caso é a moeda, sem
realmente pensar sobre o assunto. Já o Mundo da Vida está ligado a racionalidade
comunicativa, emancipatória, é pautado na linguagem e na comunicação. Nele, as experiências
cotidianas podem ganhar outros significados a partir de tematizações, deliberações no espaço
público. Tal espaço, muito importante para Habermas, seria essencial para essa troca
deliberativa, pois se conceitua como um espaço de discussão que todos deveriam ter acesso
para, assim, se emancipar.
Como exemplo prático dessa duplicidade da Razão aplicada na Teoria Social, Habermas
estuda o Direito. Este funcionaria como uma “Correia de Transição”, que perpassa, acopla, o
sistema social e o Mundo da Vida pois, ao mesmo tempo que é produzido sistematicamente,
com seus códigos específicos e instrumentos de imposição, pode ser constantemente
tematizado em diversos aspectos de seu conteúdo e, consequentemente, sofrer alterações
adaptativas. Para o autor, o lado sistêmico do Direito está associado a sua validade, vinculado
com o que o próprio ordenamento, código específico jurídico, diz que é válido; e o âmbito
comunicacional associa-se a sua legitimidade, ou seja, uma norma é legitimada pela troca
argumentativa feita no Mundo da Vida. Quanto mais restringido o espaço público de
discussão, menos legítima é a norma, sendo necessários mais mecanismos de coerção e
imposição. Por isso, Habermas defende um Direito Procedural, em que haja o
desenvolvimento de procedimentos que visem equilibrar os dois espaços de integração, de
modo a fomentar discussões democráticas, permitindo a interpenetração entre o sistêmico e o
comunicacional.
MARCELO NEVES