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O "DIÁRIO XII", DE MIGUEL TORGA, FOI INTEGRALMENTE CONVERTIDO PARA "LINGUAGEM SMS".

E JÁ ESTÁ DISPONÍVEL NA INTERNET.


O "Diário XII", de Miguel Torga, foi integralmente convertido
para "linguagem SMS" por alunas de Comunicação Social do
Instituto Superior Miguel Torga (ISMT), em Coimbra, estando
já disponível na Internet, revelou o coordenador do projeto.

Inserida no projeto "Torga em SMS", coordenado pelo


docente do ISMT Dinis Manuel Alves, a conversão "em
versão integral para telemóvel ou Messenger" compreende
27.882 palavras, 114.796 caracteres (sem espaços),
encontrando-se disponível, na íntegra, em
http://diarioxii.blogspot.com

O projeto "pretende-se provocador da discussão em torno de


tema assaz candente e controverso", segundo refere o VIAGM
docente Dinis Manuel Alves numa nota enviada à Lusa. "As
páginas convertidas em SMS dos escritos originais de Miguel É o vnto k m lva.
Torga (...), um exercício salutar para levar os jovens a O vnto lusitano.
perceberem melhor o encanto e os pergaminhos da língua É st sopro humano
portuguesa", acrescenta. Univrsal
K nfuna a inkietaçao d Portugal.
Na opinião do coordenador, a escrita compulsiva das
É sta fúria d loucura mnsa
mensagens de texto e mais recentemente no Twitter, tem
vindo a originar códigos de palavras e incorreções na escrita,
K td alcança
muitas vezes indecifráveis por parte dos docentes. Sm alcançar.
Trata-se de "um problema que vai ganhando contornos K vai d céu em céu,
alarmantes e que é transversal aos vários ciclos de ensino". D mar em mar,
De acordo com o professor da licenciatura em Comunicação Ate nc chgar.
Social do ISMT, "o problema não é, naturalmente, exclusivo É sta tntaçao d m ncontrar
de Portugal, com alertas surgindo mundo fora". + rico d amargura
Embora seja esta a primeira obra convertida para "linguagem Nas pausas da avntura
SMS" em Portugal, outros países já avançaram com a D m procurar…
mesma iniciativa.
Em 2005, o serviço de telemóveis dot.mobile anunciava ter
procedido à tradução para linguagem SMS das principais
obras da literatura britânica, num projeto que contou com a
colaboração de John Sutherland (University College
London).
O académico considerou o projeto como "uma forma de
ajudar os estudantes do Reino Unido a rever a matéria para
os exames". Há outros casos, em Itália, no Japão, na Índia e
no Brasil.
Por fim, há quem assuma uma postura mais controversa
nestes domínios e, como tal, o escritor Phil Marso vem
defender a transformação da "linguagem SMS" em género
literário.
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Página

Formadora: Elsa Pereira


CALÇADA DE CARRICHE lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
Luísa sobe, sobe a calçada,
desarranjada;
sobe e não pode que vai cansada.
coseu a roupa
já remendada;
Sobe, Luísa, Luísa, sobe,
despiu-se à pressa,
sobe que sobe sobe a calçada.
desinteressada;
caiu na cama
Saiu de casa
de uma assentada;
de madrugada;
chegou o homem,
regressa a casa
viu-a deitada;
é já noite fechada.
serviu-se dela,
Na mão grosseira,
não deu por nada.
de pele queimada,
leva a lancheira
Anda, Luísa, Luísa, sobe,
desengonçada.
sobe que sobe, sobe a calçada.
Anda, Luísa, Luísa, sobe,
Na manhã débil,
sobe que sobe, sobe a calçada.
sem alvorada,
salta da cama,
Luísa é nova,
desembestada;
desenxovalhada,
puxa da filha,
tem perna gorda,
dá-lhe a mamada;
bem torneada.
veste-se à pressa,
Ferve-lhe o sangue
desengonçada;
de afogueada;
anda, ciranda,
saltam-lhe os peitos
desaustinada;
na caminhada.
range o soalho
a cada passada,
Anda, Luísa. Luísa, sobe,
salta para a rua,
sobe que sobe, sobe a calçada.
corre açodada,
galga o passeio,
Passam magalas,
desce o passeio,
rapaziada,
desce a calçada,
palpam-lhe as coxas
chega à oficina
não dá por nada.
à hora marcada,
A Calçada de Carriche apresenta-nos puxa que puxa,
uma imagem da mulher que passa pela Anda, Luísa, Luísa, sobe,
larga que larga,
sobe que sobe, sobe a calçada.
vida, como que automatizada, puxa que puxa,
programada para servir os outros: o Chegou a casa
larga que larga,
patrão, os filhos e o marido, e que puxa que puxa,
não disse nada.
larga que larga,
parece nem ter consciência de que ela Pegou na filha,
puxa que puxa,
própria também existe. deu-lhe a mamada;
larga que larga;
bebeu a sopa
toca a sineta
numa golada;
na hora aprazada,
lavou a loiça,
1. Converta o poema em linguagem SMS. corre à cantina,
varreu a escada;
2. De que forma a nova forma de escrita volta à toada,
deu jeito à casa
puxa que puxa,
alterou a sua perceção do poema? desarranjada;
larga que larga,
3. Inspirando-se nesta poesia de António coseu a roupa
puxa que puxa,
já remendada;
Gedeão escrevam (grupos de 4) um larga que larga,
despiu-se à pressa,
poema sobre a Mulher Moderna, a sua desinteressada;
puxa que puxa,
vida do quotidiano com várias tarefas larga que larga.
caiu na cama
Regressa a casa
para cumprir, beneficiando, contudo, do de uma assentada;
é já noite fechada.
valioso contributo das novas chegou o homem,
Luísa arqueja
tecnologias. viu-a deitada;
pela calçada.
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada,
Anda, Luísa. Luísa, sobe, sobe que sobe, sobe a calçada,
sobe que sobe, sobe a calçada. sobe que sobe, sobe a calçada.

Anda, Luísa, Luísa, sobe,


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Chegou a casa
não disse nada. sobe que sobe, sobe a calçada.
Pegou na filha,
Página

deu-lhe a mamada;
bebeu a sopa António Gedeão,
numa golada; in Poesias Completas (1956-67)

Formadora: Elsa Pereira

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