Sie sind auf Seite 1von 182

Glaucinei Dutra Galvão

Nataniel dos Santos Gomes


Sônia Maria do Espírito Santo de Moura (orgs.)
Glaucinei Dutra Galvão
Nataniel dos Santos Gomes
Sônia Maria do Espírito Santo de Moura (orgs.)

# Somos Todos Super-Heróis


Glaucinei Dutra Galvão
Nataniel dos Santos Gomes
Sônia Maria do Espírito Santo de Moura (orgs.)

# Somos Todos Super-Heróis


1ª Edição

Créditos:
Supervisão editorial:
Glaucinei Dutra Galvão
Nataniel dos Santos Gomes

Revisão:
Glaucinei Dutra Galvão
Nábia Massaroto da Silva
Nataniel dos Santos Gomes

Diagramação:
Marcos Paulo de Souza

Quadrinhos da Capa:
Thiago de Barros Santa Lucci e Silva

Foto de abertura de capítulo:


Fanjianhua - Freepik.com

Campo Grande - MS
2018

Catalogação na Publicação (CIP)


Ficha Catalográfica feita pelo autor

G146s GALVÃO, Glaucinei Dutra. G632s GOMES, Nataniel dos


Santos. M924s MOURA, Sônia Maria do Espírito Santo de.
Somos todos super-heróis – Campo Grande: Editora Colégio
Alexander Fleming/NUPEQ, 2018. 182 p.

ISBN 978-85-65158-46-6
1. Língua Portuguesa. I. Título
CDD 469
SUMÁRIO
Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
Prefácio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06

Capítulo 01 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
PRECONCEITO CONTRA OS QUADRINHOS
Capítulo 02 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Capítulo 03 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
MODALIDADES DA LINGUAGEM: INTERFACES ENTRE AS OBRAS LITERÁRIAS E AS PARTICULARIDADES
DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Capítulo 04 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NO ENSINO DE LITERATURA: UMA PROPOSTA PARA A SALA DE AULA
Capítulo 05 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
MARCOS LEGAIS QUE RESPALDAM O USO DOS QUADRINHOS NO ENSINO
Capítulo 06 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
A LEITURA E OS QUADRINHOS
Capítulo 07 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
A LEITURA E A IMAGINAÇÃO ATRAVÉS DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS
Capítulo 08 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E OS SUPER-HERÓIS GANHANDO ESPAÇO NAS SALAS DE AULAS
Capítulo 09 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
A CONTRIBUIÇÃO DO GÊNERO HISTÓRIA EM QUADRINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA CIDADANIA
Capítulo 10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
PRODUÇÃO DE HISTÓRIA EM QUADRINHOS COM AS TEMÁTICAS SAÚDE, VIDA E SOLIDARIEDADE
Capítulo 11 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
PROJETOS ESCOLARES UMA PODEROSA FERRAMENTA DE ENSINO
Capítulo 12 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171
ARTE POP ART, LÍNGUA INGLESA E TECNOLOGIA NO UNIVERSO DO SUPER–HERÓI

4
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS
AGRADECIMENTOS

Nossa sincera gratidão ao Professor Vítor Hugo Bordingnon e a Professora Dulce Botelho
Ferreira pela confiança dispensada a Equipe Pedagógica do Fundamental I, professores
e alunos, pois seria impossível escrever este livro sem a credibilidade dos senhores no
profissionalismo dos envolvidos neste projeto.

Os senhores são exemplos de super-heróis, pois estruturam ao longo de anos 37 anos


uma escola sólida, com excelência na qualidade do ensino que acredita, valoriza e
ensina aos seus alunos valores morais, sociais, éticos e de cidadania, e baseado nestes
princípios e valores que as ideias surgiram e se solidificaram neste livro. O Colégio
Alexander Fleming é resultado do trabalho de dois super-heróis que acreditam no
ensino como base para uma vida de sucesso.

5
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS
PREFÁCIO
A arte é conhecida como um meio de se expressar através das cores, desenhos, formas e
diversas outras maneiras de comunicar-se uns com os outros. Quando se trabalha com
o desenho da criança, percebe-se que alguns trabalhos têm algo em comum, ao mesmo
tempo pode-se analisar os trabalhos infantis de outra maneira, ou seja, dar o enfoque
naquilo que a criança faz de diferente, algo singular, a marca pessoal da criança.
O trabalho artístico da criança tem uma história própria e única. Por meio do desenho
cada criança tem um modo de se expressar, seja uma história de vida, uma fantasia,
imagens e acontecimentos guardados na memória, enfim, cada uma tem algo diferente
para contar.
Ao executar um trabalho artístico a criança trabalha com o corpo, ela ri, canta, se mexe,
senta, levanta, fala, enfim, há uma necessidade de se expressar de todos os modos
possíveis. Por isso é de suma importância oferecer a liberdade de se expressar, pois a
criança transborda expressividade. Dar condições para a criança se expressar por meio
da linguagem visual requer um suporte de qualidade.
Com base no contexto acima, buscou-se por meio do trabalho em conjunto entre
professores e alunos a realização de um livro com histórias em quadrinhos produzidas
pelos alunos das séries iniciais com a intenção de aprofundar conhecimentos sobre
o tema e a importância de envolver os alunos no processo da produção textual, da
criatividade e da imaginação de cada criança.

Sandra Mara Adania Luz

6
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS
CAPÍTULO 1

PRECONCEITO CONTRA OS QUADRINHOS


Nataniel dos Santos Gomes
INTRODUÇÃO
As histórias em quadrinhos vêm superando preconceitos de toda uma sociedade. Elas têm sido utilizadas como
ferramentas para auxiliar na imaginação e até mesmo servindo de estímulo para desenvolver o prazer pela leitura dos
clássicos.
A utilização de desenhos para a comunicação do homem é antiga, e foram empregados pelos nossos ancestrais para
registrar as festas, as lutas, as caças e o convívio entre eles, como podem confirmar os registros encontrados, por
exemplo, nas cavernas de Lascaux e Chauvet, França, de Altamira, na Espanha, de Tassili, na região do Saara, África, e as
do município de São Raimundo Nonato, no Piauí, Brasil.
As histórias em quadrinhos são mais do que uma forma de entretenimento ou uma leitura “preguiçosa”, como muitos
comentam. A leitura de uma história em quadrinhos é uma atividade complexa, que perpassa pelo aguçamento
de diversos sentidos, envolvendo diversos processos dimensionais visuais, cognitivos, argumentativos, afetivos e
simbólicos necessários e benéficos à interpretação, compreensão e transformação do leitor.

1. A RESISTÊNCIA ÀS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS


Qual é o espaço que as histórias em quadrinhos ocupam na sociedade, apesar, dos pensamentos errados que muitos
têm a respeito da arte sequencial?

1.1. Algumas visões distorcidas sobre as histórias em quadrinhos


Ao se pensar nas histórias em quadrinhos, elas ficam relegadas a um segundo plano, colocadas como algo que só
pertence ao universo infantil e que não teriam nada a acrescentar na formação do leitor, de acordo com o senso comum.
A maioria das pessoas traz conceitos, como: as histórias são de super-heróis que vão salvar o mundo; são produtos
feitos para as crianças; elas não têm nada para ensinar. Tais estereótipos precisam ser desfeitos para que elas possam
ser melhor exploradas, embora essas noções negativas estejam mudando aos poucos. Lentamente os quadrinhos vem
ganhando espaço dentro da educação, até mesmo sendo utilizados em provas como o ENEM – Exame Nacional de
Ensino Médio e a Prova Brasil.
Para responder aos questionamentos contra os quadrinhos, oferecemos alguns argumentos para desmistificá-los. O
mais comum é que as histórias em quadrinhos são de super-heróis de uma bondade impossível de ser alcançada.
Quando vemos os quadrinhos europeus descobrimos que eles tratam de histórias que não possuem como personagens
principais heróis com poderosos, mas pessoas comuns que lidam com os problemas que fazem parte do seu dia a dia.
Outro preconceito bastante recorrente é quando se afirma que os quadrinhos não trazem nada que possa ser utilizado
no processo da aprendizagem. O fato é que existem inúmeros livros e artigos que apresentam que os quadrinhos
podem auxiliar no ensino-aprendizagem dentro e fora de sala de aula. Destacamos A leitura dos quadrinhos, de Paulo
Ramos, e, Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula, de Waldomiro Vergueiro, assim como o texto A eterna luta
do bem contra o mal: os quadrinhos pela educação, de Cesar Lotufo e André Luís Smarra, presentes no livro Quadrinhos
8
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 1 · Preconceito Contra os Quadrinhos
e Transdisciplinaridade organizado por Nataniel dos Santos Gomes. De um modo geral, os alunos estão familiarizados
com os quadrinhos, o que pode facilitar a sua utilização como ferramenta para o ensino.

1.2. O surgimento das histórias em quadrinhos


Mesmo assim, as histórias em quadrinhos têm um longo caminho para serem aceitas pelo público como suporte
didático/literário ou instrumento de cultura. Por isso trazemos uma retrospectiva sobre o surgimento delas.
O grande precursor das histórias em quadrinhos foi Rodolphe Töpffer, um escritor e artista suíço que “dedicou-se a meia
dúzia de histórias em imagens posteriormente publicadas sob o título de Histoires en Estampes, em 1846-47”. (MOYA,
1986, p. 13)
É por meio da sequência de imagens trabalhadas em conjunto com um texto que se fez uma narrativa. Provavelmente
a imagem e o texto não fariam sentido se estivem separadas.
Christophe Colomb, em “1889 criou a Famille Fenouillard, que alguns consideram a primeira história em quadrinhos
moderna” (MOYA, 1986, p. 16). Ele inseria um texto sob seus quadros, não utilizando os balões de fala e os ângulos
trabalhados eram de diferentes perspectivas.
As falas eram retratadas embaixo de cada quadro de uma forma ilustrativa. Na época ainda não haviam os balões
para indicar a fala ou pensamentos dos personagens, que surgiram com o Menino Amarelo, de Richard F. Outcault. A
partir desse personagem que apareceu nos jornais que outras histórias em quadrinhos foram produzidas. Os leitores
batizaram o personagem de Menino Amarelo por causa do camisolão amarelo que ele usava, além de ser careca,
orelhudo, de estatura baixa e de aparência oriental.
Ao longo do tempo as HQs foram desenvolvendo balões para suprir as necessidades de suas histórias. Por exemplo,
a questão dos diferentes formatos dos balões para indicar fala, pensamento, raiva entre outras formas de expressão
ganharam espaço nas narrativas, assim como as onomatopeias começaram a ser inseridas nas histórias no intuito de
estimular as percepções dos sentidos entre o texto e o leitor.
A seguir vamos apresentar as divisões da história das HQs em períodos e as características de cada uma delas.

1.3. As eras das histórias em quadrinhos


Alguns especialistas dividem as histórias em quadrinhos em eras.
A Era de Ouro, nomeada dessa forma devido à consolidação das histórias de aventuras no formato de revista, começou
na década de 1930 e estendeu-se até meados da década de 1950. Nesse período foi criado e definido o conceito
de super-herói. Também foram criadas imagens de super-heróis que estão presentes até a atualidade, entre eles,
Superman e Batman.
Os quadrinhos passaram por uma crise, quando a caça aos quadrinhos foi “decretada”, que aconteceu porque os
“poderiam” propagar ideias de forma fácil e influenciar os leitores. O livro Sedução dos Inocentes, de Fredric Wertham,
1954, levantou a polêmica em relação aos quadrinhos, afirmando, que os quadrinhos carregavam a culpa das mudanças
9
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 1 · Preconceito Contra os Quadrinhos
de paradigmas que juventude daquela época vivenciava. Daí surgiu o Comics Code Authority (Código dos quadrinhos),
que tinha a intenção de regular o conteúdo dos quadrinhos. Assim, os quadrinhos passaram a receber um selo na capa,
explicando que a narrativa não continha nada que podia persuadir os jovens, mantendo, dessa forma, os valores morais
da cultura norte-americana. Com o passar do tempo, o selo foi perdendo a sua força e a sua importância e as editoras
deixaram de submeter as histórias aos seus preceitos do código.
Em meados dos anos 1960, um novo conceito de herói surge e é dado início à chamada Era de Prata. Chegaram às
bancas versões modernizadas dos heróis que já existiam na Era de Ouro. O perfil dos leitores mudou e com isso essa
nova identidade fez com que os leitores se identificassem com novos heróis que surgiram. Na Era de Ouro, os heróis
traziam em sua constituição de personagens os valores relacionados com questões políticas, uma fundamentação
mitológica, na Era de Prata os valores dos heróis estavam ligados à ciência, em parte devido à eminência de uma
possível guerra nuclear entre a União Soviética e os Estados Unidos. A Era de Prata trouxe de volta os super-heróis.
Novas versões de heróis já conhecidos foram aparecendo nas revistas. Não somente as história em quadrinhos estavam
em mudança, mas também a sociedade. A motivação para a criação desses heróis era a ciência e seus riscos para a
sociedade.
A década de 1970 trouxe mudanças significativas no mundo dos quadrinhos, tais como: a atualização do Comics Code
Authority; surgem temáticas como abuso e tráfico de drogas; personagens populares são reconstruídos; heróis ou anti-
heróis sem poderes se tornam mais populares; personagens importantes morrem (diferente da moda dos últimos anos
que o herói morre, mas dá um jeito de voltar algumas edições depois). Tudo isso serviu para quebrar o paradigma de
que os quadrinhos não tratavam de assuntos polêmicos.
Na década de 1980, começa a Era Moderna. As mudanças sociais provocaram uma mudança nas temáticas, os
quadrinhos tornaram-se mais maduros. Houve também um grande crescimento de interesse do público com os anti-
heróis, artistas, como Art Spiegelman, ganharam reconhecimento fora “gueto” das histórias em quadrinhos, inclusive
com premiações como o Prêmio Pulitzer por seu Maus.
Nos anos 2000, o consumo das revistas já não tão expressivo como nas décadas passadas, até que outros suportes
buscaram nos quadrinhos a sua fonte de inspiração. Os personagens foram licenciados para jogos eletrônicos e para
adaptações cinematográficas, o que trouxe um novo impulso para os quadrinhos.

2. AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NO BRASIL


No Brasil, o surgimento das histórias em quadrinhos veio com Ângelo Agostini, um italiano radicado no Brasil, jornalista,
crítico da monarquia e defensor da abolição da escravatura, com a obra As Aventuras do Nhô Quim ou Impressões de uma
Viagem à Corte, publicada em 30 de janeiro de 1869 na Revista Vida Fluminense (CALAZANS, 1997, p. 5). As Aventuras do
Nhô Quim ou Impressões de uma Viagem à Corte foi uma forma que Agostini encontrou de criticar, de forma irreverente,
os costumes, os problemas urbanos e os costumes sociais e políticos da época.
As Aventuras do Nhô Quim pode ser considerada a primeira história em quadrinhos do mundo, porém, a história não
ganhou esse mérito e ainda há divergências quanto sua veracidade, conforme explica Bari (2008, p. 44), que para efeito
10
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 1 · Preconceito Contra os Quadrinhos
de internacionalização da linguagem, o primeiro registro mundial fica com Yellow Kid, de Richard Felton Outcault,
lançada em 1895 (BARI, 2008, p. 95). Talvez Agostini tenha produzido a primeira história em quadrinhos e não foi
divulgada ao público na época, por isso não recebeu o título de criador da Nona Arte.
Os quadrinhos brasileiros assumiram, com o passar do tempo, um ar de sarcasmo e os humorístas políticos sofreram
perseguições e o destaque ficou, especialmente, aos chargistas e quadrinistas evidenciando as obras infanto-juvenis.
Assim, as histórias em quadrinhos infanto-juvenis foram “a menina dos olhos” de muitas editoras, entre eles estão os
proprietários Adolfo Aizen com Suplemento Juvenil e Roberto Marinho com O Globo Juvenil, sendo os dois concorrentes
nas publicações (Universo HQ, março 2015).
Os quadrinhos infantis brasileiros ganharam força entre os anos de 1950 e 1960. Os cartunistas Maurício de Sousa e
Ziraldo Alves Pinto, criaram personagens tipicamente brasileiros que encantam gerações há mais de cinco décadas.
Conhecido por suas obras chargistas na imprensa, Ziraldo, lançou vários personagens infantis como A Turma do Pererê,
Super-Mãe e O Menino Maluquinho (best sellers), suas publicações se mantém até 2007, suas obras passaram por
adaptações para o cinema, desenhos animados e séries televisivas, assim como os personagens do cartunista Maurício
de Sousa.

11
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 1 · Preconceito Contra os Quadrinhos
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os quadrinhos têm uma interface com as ações sociais, com o universo da imaginação, da literatura, do entretenimento,
das artes, da história. São textos que motivam e convidam para interpretação e produção de sentidos a partir de
perspectivas selecionadas individualmente no ato da leitura.
As imagens cheias de cores quentes, frias, onomatopeias e demais traços são mais do que uma composição narrativa
artística com linguagem mista, um estímulo visual que aguça a imaginação e promove o desenvolvimento das
habilidades presentes nas diferentes áreas artísticas, tais como a cênica, a pintura, a escultura, a fotográfica, entre
outras.
O entreterimento por meio dos quadrinhos pode servir para aprender, o que pode tornar uma química perfeita, que
liga o conhecimento de forma mais prazerosa e significativa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CAGNIN, A. L. Os Quadrinhos. São Paulo: Ática, 1975.
_________. Os Quadrinhos: Linguagem e Semiótica. Um estudo abrangente da Arte Sequencial. São Paulo: Editora
Criativo, 2015.
CALAZANS, Flavio M. A. (Org.). As histórias em quadrinhos no Brasil: teoria e prática. São Paulo: Intercom, Sociedade
Brasileira de Estudos Interdisciplinares, 1997.
GOMES, Nataniel dos Santos e ABRÃO, Daniel. Grandes poderes trazem grandes responsabilidades: refletindo
sobre o uso das histórias em quadrinhos em sala de aula. 1ª ed. Curitiba: Appris, 2014.
MOYA, Álvaro de. Histórias das histórias em quadrinhos. Porto Alegre: L&M, 1986.
VERGUEIRO, Waldomiro. O uso das HQs no ensino. In: BARBOSA, Alexandre. Como usar as histórias em quadrinhos na
sala de aula. 2. Ed. São Paulo: Contexto, 2005. P. 07-30
_________. Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. 3ª ed. São Paulo: Contexto, 2006.
_________. RAMOS, Paulo. CHINEN, Nobu. Os pioneiros no estudo em quadrinhos no Brasil. São Paulo: Criativo,
2013.

12
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 1 · Preconceito Contra os Quadrinhos
CAPÍTULO 2

HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E
ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Marly Custódio da Silva
INTRODUÇÃO
Por algumas décadas a concepção de que as Histórias em Quadrinhos, doravante HQs, não seriam uma rica e interessante
opção de leitura se manteve. O crescimento desse preconceito acabou por caracterizar as HQs como “leitura para
preguiçosos” ou “leitura para criança”, podendo atrapalhar o desempenho cognitivo do leitor, ou até mesmo levá-lo ao
lado da malignidade e diversas outras concepções a partir da leitura desse gênero textual. Para Vergueiro:
Vergueiro (2016, p. 6) assinala que, durante boa parte do século XX, as histórias em quadrinhos sofreram rejeição quase
que generalizada por parte da sociedade, sendo alvo de preconceitos, perseguições e medidas judiciais que visavam
conter ou erradicar da face da Terra qualquer produto quadrinístico.
Por outra vertente, há instituições de ensino que adotam as HQs como leitura prazerosa, o que conquista cada vez mais
o seu alunado, tentando extinguir a concepção de que as HQs não podem adentrar ao mundo escolar para transformar
a leitura em algo que vai além da imaginação.
É constante o esforço que os professores têm feito em relação ao ensino de Língua Portuguesa em sala de aula, seja por
meio da leitura, compreensão, interpretação, produção textual e as próprias regras gramaticais contextualizadas por
meio dos variados gêneros textuais. Dentre os diversificados gêneros, um em especial chama a atenção, as histórias em
quadrinhos, as HQs. São textos de muito boa aceitabilidade por parte dos alunos de qualquer idade, pois une imagem
e texto, deixando pistas de ser algo voltado ao lúdico e não à cobrança burocrática da disciplina de Língua Portuguesa.
Por meio de um trabalho direcionado é possível levar para sala de aula exemplos de variação linguística em quadrinhos,
como, por exemplo, do Chico Bento e Turma da Mônica Jovem, onde um aborda a variação do estereotipado personagem
caipira e a outra a variação do dialeto dos adolescentes.
As histórias em quadrinhos utilizam recursos de descrição, narração e emoção crescentes, numa técnica muito bem
elaborada para envolver o leitor em seu contexto, principalmente se esse for de suspense e sem falar das páginas
multicoloridas que ajudam nesse processo, conforme Flávio Calazans (2004 p.18) “o roteiro de uma história em
quadrinhos, cada quadrinho atua como se fosse uma frase, cada sequência como um parágrafo e cada página como
um capítulo, que, se for finalizada com suspense, faz com que o leitor queira continuar a leitura.”
Nesse sentido, é possível analisar a crescente aceitação do gênero quadrinhos no ambiente escolar.

1. A CONTRIBUIÇÃO DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NAS AULAS DE LÍNGUA


PORTUGUESA
O ensino da língua portuguesa abrange além das regras gramaticais o desafio de incentivar os estudantes a serem
leitores assíduos e competentes. Sem contar com a gama tecnológica que é oferecido ao público jovem, com
equipamentos mega atrativos que os considerados livros impressos, por mais que haja os e-books e kindles, a leitura
não acontece de forma esperada.

14
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 2 · Histórias em Quadrinhos e Ensino de Língua Portuguesa
Se no passado as histórias em quadrinhos foram consideradas uma ameaça ao aprendizado dos estudantes, hoje
se pode tê-la como uma das principais ferramentas no auxilio à aquisão do conhecimento. Professores buscam nos
gêneros textuais histórias em quadrinhos e tirinhas maneiras atrativas em consonância ao conteúdo trabalhado como
suporte pedagógico em suas aulas. É o resultado é o boa aceitabilidade por parte dos estudantes.
Conforme Vergueiro (2016), o despertar das Histórias em Quadrinhos como ferramenta didática surgiu inicialmente
na cultura européia, ganhando o mundo algum tempo depois de forma tímida quando eram utilizadas para ilustrar
matérias antes explicadas por texto escrito, mesmo assim as Histórias em Quadrinhos eram de uso bastante restrito nos
livros escolares, pois temiam que não fosse aceitável tal texto.
A inclusão efetiva das histórias em quadrinhos em materiais didáticos começou de forma tímida. Inicialmente, elas
eram utilizadas para ilustrar aspectos específicos das matérias que antes eram explicados por um texto escrito.
Nesse momento, as Histórias em Quadrinhos apareciam nos livros didáticos em quantidade bastante restrita, pois
ainda temia-se que sua inclusão pudesse ser objeto de resistência ao uso do material por parte das escolas. No
entanto, constatando os resultados favoráveis de sua utilização, alguns autores de livros didáticos – muitas vezes,
inclusive, por solicitação das próprias editoras –, começaram a incluir os quadrinhos com mais freqüência em suas
obras, ampliando sua penetração no ambiente escolar. (VERGUEIRO, 2016, p.20)

Ainda citando Vergueiro (2016, p.26): “No caso dos quadrinhos, pode-se dizer que o único limite para seu bom
aproveitamento em sala de aula é a criatividade do professor e sua capacidade de bem utilizá-los para atingir seus
objetivos.” Nesse sentido, o uso das HQs em sala de aula deve ser direcionado para que não transpareça algo fútil
quanto ao aprendizado e não gerar o efeito contrário da proposta que é auxiliar o educando no aprendizado.
É comum ouvirmos falar que pessoas gostam de Língua Portuguesa, mas não da gramática. Em épocas passadas o
ensino da Língua Portuguesa limitava-se pela gramática normativa, o aluno deveria aprender, por exemplo, a temida
oração subordinada substantiva objetiva direta, para que tivessem as regras de uma “boa língua” ou “língua correta”.
Não podemos dizer que o aprendizado das regras gramaticais não sejam válidos, mas quando pensamos em língua
elevamos nosso pensamento a todo e qualquer modo da língua se manifestar. Ramos (2016, p.65) enfatiza que hoje
“Ensina-se a língua em uso, como processo de comunicação, em seus mais diversos contextos.” O principal suporte
pedagógico para o ensino da língua são os diversos tipos e gêneros textuais. São disponibilizados textos jornalísticos,
cartas publicitárias, propagandas, dentre outros para que seja estudado a língua em uso e, a gramática normativa em
produções formais.
E o gênero textual história em quadrinho oferece um dos mais atraentes suportes pedagógico para que a gramática e
os estudos linguísticos sejam trabalhados de forma coerente e lúdica. Segundo conforme Vergueiro (2016, p. 21 a 25),
eis motivos para utilizar as histórias em quadrinhos em sala de aula:
Os estudantes querem ler os quadrinhos e não há qualquer tipo de rejeição por parte dos alunos que as recebem
de forma entusiasmada. As histórias em quadrinhos unem palavras e imagens para melhor aprendizado. Existe
um alto nível de informação nos quadrinhos, versando dos mais variados temas. A familiriaridade dos alunos com
os quadrinhos facilitam o entendimento do conteúdo e os auxiliam no desenvolvimento do hábito da leitura. Os
quadrinhos quando bem direcionados enriquecem o vocabulário dos estudantes e os obrigam a pensar e elevar
sua imaginação em determinadas cenas, globaliza culturas e miscigena povos, podendo ser utilizado em qualquer
nível escolar.

15
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 2 · Histórias em Quadrinhos e Ensino de Língua Portuguesa
Os quadrinhos são riquíssimos suportes pedagógicos no ensino da língua portuguesa, desde que bem trabalhados,
propõem maior conhecimento do conteúdo. Por exemplo, pode-se trabalhar a questão do preconceito linguístico.
Selecionando um quadrinho do Chico Bento e trazer para sala de aula a questão da variação linguística que há em toda
e qualquer comunidade de falantes, sem contar que pode unir ao conteúdo as marcas de oralidade presentes na fala
do dia a dia das pessoas com ou sem estudo, enfatizando que a oralidade não segue a escrita.

16
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 2 · Histórias em Quadrinhos e Ensino de Língua Portuguesa
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso das HQs auxilia no desenvolvimento do hábito de leitura, podendo ampliar a leitura para os desejados clássicos
literários, bem como ampliar o leque vocabular do estudante. Por ser uma narrativa com linguagem fixa, a dinâmica da
linguagem dos quadrinhos leva o leitor a pensar, a imaginar e elevar o mais alto nível de criatividade perante a cena
observada. As imagens auxiliam no entendimento e compreensão de vocabulário não conhecidos dentro do contexto.
O conhecimento prévio sobre o conteúdo ministrado aos alunos e as características e personalidades das histórias em
quadrinhos auxiliam o entendimento do enredo como um todo.
A escrita na história em quadrinho é feita com uma linguagem acessível, sendo que, a maioria das palavras faz parte do
cotidiano dos estudantes e, ao mesmo tempo, abordando de assuntos diversificados, proporciona inserção de novas
palavras aos leitores, obtendo assim a ampliação de vocabulário de forma contextualizada.
As histórias em quadrinhos são um rico e excelente suporte pedagógico para o aprendizado da língua como processo
de comunicação, podendo ser trabalhado nos mais variados conteúdos gramaticais, compreensão, interpretação de
texto e produção textual. Proporcionando ao estudante contato com o aprendizado de forma lúdica e divertida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CALAZANS, Flávio Mário de Alcântara. Histórias em quadrinhos na escola – São Paulo – Editora Paulus – 2004.
RAMOS, Paulo. CHINEN, Nobu. Os pioneiros no estudo em quadrinhos no Brasil. 1ª ed. São Paulo: Criativo, 2013.
RAMOS, Paulo. Os quadrinhos em aulas de Língua Portuguesa. In.: BARBOSA, A. et al. Como usar as histórias em
quadrinhos na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2016.
VERGUEIRO, W. Uso das HQs no ensino. In.: BARBOSA, A. et al. Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula.
São Paulo: Contexto, 2016, pp. 7-29

17
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 2 · Histórias em Quadrinhos e Ensino de Língua Portuguesa
CAPÍTULO 3
MODALIDADES DA LINGUAGEM:
INTERFACES ENTRE AS OBRAS LITERÁRIAS
E AS PARTICULARIDADES DAS
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Vanderlis Legramante Barbosa
INTRODUÇÃO
Para quem nutre sentimentos de admiração em relação aos textos literários, impressiona-se com os recursos estilísticos
utilizados pelos escritores na elaboração das estruturas narrativas e na construção imagética e expressiva do enredo,
isso tudo por meio da linguagem verbal escrita. Essa estratégia de produção é uma das formas mais condensadas
de elaboração do pensamento e da criatividade do universo ficcional. Portanto, não se pretende, neste capítulo,
discutir os entrelaçamentos da linguagem literária e as possibilidades de imersão no conjunto universal de produções
que absorvem e envolvem as percepções do ser humano. Isso, sem dúvida, seria uma atividade muito mais ampla
e questionadora quanto às noções da linguagem que comunica e abstrai do indivíduo impressões instigadas nos
momentos de trocas e diálogos textuais.
Nesse sentido, o que se propõe, nessa breve discussão, é olhar a literatura por entre as frestas da fechadura. Abreviar
a visão para outros formatos. Não menos expressivos, nem mesmo menos envolventes, mas sim permissivos na
elaboração de novas perspectivas no(s) sentido(s) dos textos. Esse convite de “espionagem” vem acompanhado por
cores, formatos, dimensões, ângulos, expressões, permitindo aos textos literários novas leituras, não com o intuito de
substituir, mas sim de expandir os significados e/ou reinterpretações do texto. Esses recursos, presentes nos gêneros
de histórias em quadrinhos (doravante HQ), vêm sendo uma das alternativas de aprendizagem e de leitura de obras
literárias, considerando-se a oportunidade de discutir, comparar e analisar as peculiaridades entre os gêneros textuais
e a composição das modalidades linguísticas.

1. LITERATURA E QUADRINHOS: INTERFACES


Não é de hoje que o as histórias vêm sendo narradas e representadas por imagens ou desenhos (GOMES, 2014). Nesse
espaço visual, as histórias em quadrinhos se destacaram e hoje são consideradas formas legitimadas de leitura, de
expressão artística e, sobretudo, literária.
As dimensões a que as HQs alcançaram se traduzem, hoje, em diversas adaptações de clássicos da literatura. Dessa
forma, o formato dos quadrinhos buscou abranger outras possibilidades de atrair públicos diferenciados, valendo-se
de outras opções de leitura de cânones literários. A exemplo disso, inúmeras obras da literatura foram adaptadas para
as HQs como Dom Casmurro, Escrava Isaura, O Cortiço, Grande Sertão: Veredas, entre outras.

19
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 3 · Modalidades da Linguagem: Interfaces entre as Obras Literárias e as particularidades das Histórias em Quadrinhos
Esse tipo de publicação representa diferentes concepções de associação e ressignificação da leitura. Sabe-se que a
leitura literária é repleta de condensações que se remetem, muitas vezes, a universos muito além da superficialidade e
trazem consigo muito das características do autor. Com isso, a preocupação com a qualidade desse tipo de adaptação
literária é um dos questionamentos sobre a perda do “valor”’ estético do texto quando representado em outro formato
que foge à percepção do autor.
Primeiramente, a adaptação não é a obra original, o termo já remete a tal entendimento. Dessa forma, a leitura do
material ocorrerá por outro ponto de vista devido aos artifícios característicos de cada gênero. Outro ponto a se
observar, deve-se ao fato de analisar o tipo de plataforma em que o texto está inserido, pois se assistimos a um filme
adaptado de um livro, por exemplo, outros recursos serão utilizados para o formato do gênero e para atrair o público
que o assiste. O mesmo ocorre com as HQs, as estratégias utilizadas para representar a essência e o caráter da obra
são específicos para o aguçamento das percepções do leitor que contará com a sensibilidade em observar detalhes
diferentes de uma narrativa apenas verbal escrita. Verificamos esses aspectos na passagem da obra Dom Casmurro, por
exemplo, no capítulo II, em que o autor explica o porquê do livro:
O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não
consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem
os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna
é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que
apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não aguenta tinta. Uma certidão que me
desse vinte anos de idade poderia enganar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os
amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos-santos.
Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas creem na mocidade. Duas ou
três fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal frequência
é cansativa. (Dom Casmurro, Machado de Assis)

No fragmento acima do livro Dom Casmurro, percebemos o detalhismo descritivo do autor em retratar os sentimentos
que o levaram a escrever o livro. A reminiscência dos pensamentos e sensações remetem a uma pessoa angustiada,
solitária, mas com ânsia em buscar a essência do que representou ter sido os melhores momentos da vida, preso em
suas lembranças. Essa busca resulta na frustação do personagem diante das relações do presente que lhe causam vazio
e desânimo.
A transposição do excerto acima é representada no quadro abaixo na adaptação da obra em HQ, produzido por Rodrigo
Rosa e Ivan Jaff.

20
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 3 · Modalidades da Linguagem: Interfaces entre as Obras Literárias e as particularidades das Histórias em Quadrinhos
Nesse quadro, notam-se os artifícios utilizados para retratar uma passagem bastante forte e importante da obra.
Diversos termos que descrevem as sensações do personagem não são verbalizados no quadrinho, no entanto, outros
recursos aludem aos pensamentos e aos aspectos importantes do texto como entender o motivo do livro “atar as
duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência”, representado por uma corda amarrada e na ponta as duas
etapas da vida de Bentinho, a velhice e a adolescência, num confrontamento de olhares perdidos, reproduzido pelas
cabeças das duas pessoas: o que foi e o é na busca do passado. Na sequência, é demostrada a desilusão e desânimo
do protagonista, sentado, sozinho, em meio a fotografias, em um ambiente pálido, sombrio, com aspectos de solidão
e desencanto. Essa imagem procurou representar a frustração na tentativa desastrosa de reconstruir o que teve: “se só
me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta
lacuna é tudo.” E por fim a alusão à perda dos amigos de longa data “os amigos que me restam são de data recente;
todos os antigos foram estudar a geologia dos campos-santos”, nesse caso, a metáfora é representada visualmente
pelas cruzes, pela cor preta, referindo-se à morte e às mudanças que o levaram a escrever o livro.
Ao se analisar aspectos tão detalhistas e carregados de sentidos, como são os textos em quadrinhos, não se pode
esquecer de levar em conta as ressignificações das leituras. Para um leitor que já conhece, por exemplo, a obra Dom
Casmurro, a leitura fluirá com um ritmo diferente daquele que está tendo o primeiro contato. No entanto, mesmo para
um leitor conhecedor da obra original, os quadrinhos apresentam perspectivas novas de releitura do texto. Elementos
ou situações que podem não ser muito observados na leitura verbal, podem ser compreendidos ou reinterpretados na
leitura que conta com modalidades de linguagens. O visual reproduz questões que muitas vezes vão além da escrita, e
ampliam as possibilidades de imaginação e compreensão do texto, que para alguns alunos pode significar um empasse
para gostar dos clássicos. “No diálogo com os quadrinhos, na relação com outras artes e outros saberes, podemos
refletir o que significa sua presença no universo de leitura, a partir de trabalhos diferenciados no diálogo entre palavra
e imagem” (ABRÃO e GOMES, 2014). Por isso a relevância em desenvolver a leitura que observa e reinterpreta elementos
não verbais em consonância com a literatura. Nesse sentido, vale refletir sobre a visão de multimodalidade configurada
por:
linguagens e tecnologias que vão além da linguística, vale considerar como somos influenciados por essas
linguagens e como as lemos, ou, quais estratégias são usadas no processo de compreensão dos textos que nos
cercam no cotidiano. Sobretudo, como esses textos interagem na composição dos recursos multimodais para
então, aliados ao que os alunos já sabem, trazerem novas leituras, sentidos e compreensão de um determinado
texto. (BARBOSA, 2018)

Nessa perspectiva textual, a autora enfatiza o resgate para as outras modalidades das linguagens como propulsoras de
estímulo à leitura e interpretação textual. Levando-se em conta que as HQs são compostas por modalidades distintas,
percebe-se que cada modo de composição textual desempenha uma função no processo de construção de sentido do
texto. Dessa forma, quando se refere à leitura e interpretação dos textos de HQs, reforça-se um exercício mais amplo
que conhecer uma determinda obra literária. Na realidade, ressaltam-se outros aspectos a serem analisados e postos
em xeque. Em outras palavras, é possível abstrair do texto associações, releituras e entendimentos de reelaboração que
ultrapassam a mera compreensão textual.

21
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 3 · Modalidades da Linguagem: Interfaces entre as Obras Literárias e as particularidades das Histórias em Quadrinhos
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola é o espaço para o conhecimento e crescimento do aluno, conduzindo-o por direções que auxiliam na percepção
crítica comparativa dos textos. Ao se referir ao clássico literário, “utilizando a imagem, os quadrinhos passam a atingir
e seduzir o leitor dentro de parâmetros ainda incorporados pelos valores da crítica canônica” (ABRÃO e GOMES, 2014,
p.17). Sendo assim, o uso das HQs é uma forma de divulgação e de abertura para alternativas de leituras que não
substituem a verbalização, entretanto, ampliam as possibilidades de construção dos sentidos dos textos a partir de
outras relações envolvendo as múltiplas linguagens.
Não pretendemos discutir a respeito da importância em se ler os clássicos originais, sobretudo por entender a “relevância
de se recorrer a clássicos para o entendimento do ser humano” (SOUZA, 2014, p. 188), até porque o que procuramos
analisar em relação à literatura e quadrinhos são as possibilidades de desenvolvimento da leitura e do conhecimento
que podem ser explorados no ensino.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, L. V. Multiletramentos críticos e construção de sentidos em textos multimodais nas aulas de Língua
Portuguesa, 2018. 125 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Campo
Grande/MS, 2018.
GOMES, Nataniel dos Santos e ABRÃO, Daniel. Grandes poderes trazem grandes responsabilidades: refletindo sobre
o uso das histórias em quadrinhos em sala de aula. 1ª ed. Curitiba: Appris, 2014.
GOMES, Nataniel dos Santos; RODRIGUES, Marlon Leal. Para o alto e avante!
Textos sobre histórias em quadrinhos para usar em sala de aula. Curitiba Appris, 2013.
SOUZA, Ana Aparecida Arguelho. Por que ler os clássicos. In. GOMES, Nataniel dos Santos e ABRÃO, Daniel. Pesquisa
em letras. Curitiba: Appris, 2012.
22
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 3 · Modalidades da Linguagem: Interfaces entre as Obras Literárias e as particularidades das Histórias em Quadrinhos
CAPÍTULO 4
AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
NO ENSINO DE LITERATURA:
UMA PROPOSTA PARA A SALA DE AULA
Taís Turaça Arantes (UERJ)
INTRODUÇÃO
Vamos aqui falar sobre como quadrinhos podem auxiliar no ensino de literatura no nível básico da educação. Para isso,
é importante ressaltar que este texto se apropria da palavra “literatura” de uma forma mais abrangente, ou seja, sem
restrições quanto ao que seria literatura clássica ou cultura de massa. Fazer essa explicação se torna algo importante,
pois compreende-se que, tanto no Ensino Fundamental II ou Ensino Médio, o aluno possui acesso a vários tipos de
textos.
Este texto demonstra, de forma breve, a importância de se trabalhar adaptações dentro da sala de aula. Contudo, com
o cuidado que se é preciso, uma vez que escolher como opção essa abordagem exige um trabalho consciente, ou seja,
não é esquecer a obra original, e sim fazer com que o aluno perceba e crie uma própria ponte entre o texto original e a
obra adaptada. Esse tipo de exercício contribui para a formação teórica e humana do aluno.

1. A SEMIÓTICA
Este texto apresenta uma abordagem através da semiótica de Charles Sanders Peirce, assim como da tradução
intersemiótica, que nasceu da referida semiótica. Mas o que é semiótica?
Peirce (2012) nos explica que a semiótica é o estudo das leis gerais dos signos. Em outras palavras, é o funcionamento
do sistema de signos. O conceito de signo da humanidade segundo a filosofia define o mesmo como um sinal, de
preferência verbal, que representa alguma coisa. Entende-se que o estudo dos signos sempre esteve relacionado ao
estudo do conhecimento. Por isso que os estudos dos signos são chamados de semiótica ou semiologia, de acordo
com a escola em que ele está inserido.
Antes de nos aprofundarmos, se torna necessário explicar que Peirce era um filósofo-lógico-matemático. Essa afirmação
nos demonstra que a semiótica de Peirce diferencia-se de seu contemporâneo Saussure, da mesma forma que se
diferencia da semiótica discursiva de Greimas e da semiótica da cultura de Bakhtin. Peirce apresenta ao mundo uma
teoria que permite enxergá-lo através de uma ótica triádica.
Como explicado anteriormente, Saussure foi contemporâneo de Peirce. Isso quer dizer que ambos os teóricos
construíram sua ciência sem terem entrado em contato um com o outro. Logo, para Saussure o signo é diático, possui
significante (o som ou as letras) e significado (a idéia transmitida). Enquanto para Peirce é triádico, ou seja, além de
significante e significado, também possui representante (imagem de um objeto físico associado, por exemplo).
A semiótica é compreendida como a ciência que nos permite ler o mundo, e quem nos aponta isso é Décio Pignatari
(2004). O que o pesquisador nos indica é que, enquanto seres humanos, estamos rodeados de signos. O mundo à nossa
volta são signos verbais e visuais. Por exemplo, se você escutar a palavra cabo, o que imagina? A palavra cabo pode
ativar em sua mente a imagem de um cabo de televisão, de um cabo de vassoura ou ativar a imagem de uma patente
militar. Enquanto seres constituintes, vivemos a analisar e interpretar esse signos. Em outras palavras, estamos sempre
lendo o mundo.

24
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 4 · As Histórias em Quadrinhos no Ensino de Iteratura: uma proposta para a Sala de Aula
Santaella (2012), em seu livro O que é semiótica, nos descreve que o mundo inteiro é permeado por linguagens. “As
linguagens estão no mundo e nós estamos na linguagem”. A linguagem é um fenômeno de produção de significado de
sentido. Nós, enquanto seres humanos, vivemos interpretando esses significados e dar-lhes sentido. Quando estamos
dirigindo e olhamos para o semáforo, sabemos que o vermelho é para parar e o verde, para seguir, da mesma forma
que, ao vermos uma pessoa balançando a cabeça horizontalmente de um lado para o outro, sabemos que ela está
dizendo “não” para algo, assim como, quando vamos a um restaurante e vemos a palavra cardápio escrita em um
quadro, sabemos que ali estão as nossas opções de pratos que podemos escolher.
Vemos então que a semiótica é o que Santaella (2012) nos explica, que por meio dela nos é possível interpretar o
mundo por intermédio das experiências subjetivas de consciência de cada um. Isto é. enxergar o mundo através de
sua primeiridade (tudo aquilo que está presente em sua consciência no momento presente), secundidade (o que dá
à experiência o seu caráter de fato, as nossas reações aos acontecimentos do mundo) e, por fim, a terceiridade (como
interpretamos as coisas presentes no mundo).

2. A TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA
Assim entramos na discussão da tradução intersemiótica. Roman Jakobson é um dos primeiros teóricos a utilizar o
termo “traducão intersemiótica”. Para ele, o processo cognitivo de tradução não é baseado apenas em traduzir um texto
de um sistema linguístico para outro, mas sim carrega em seu significado a tradução de uma linguagem para a outra,
como, por exemplo, “da arte verbal para a música, a dança, o cinema ou pintura” (JAKOBSON, 1997, p. 64–65).
Essa tradução intersemiótica está relacionada com a tradução de um signo para outro. Isso quer dizer que há uma
transposição de um sistema de linguagem para outro. Por exemplo, você pode verificar o ensaio fotográfico Alice in
Waterland, realizado pela fotógrafa Elena Kalis, traduzido do livro Alice no País das Maravilha, do autor Lewis Carroll, da
mesma forma que você vai ao cinema assistir um filme dos Vingadores, que foi inspirado nas histórias em quadrinhos.
Ou então você pode ler o livro Assassin’s Creed : Renascença, do autor Oliver Bowden, que foi traduzido do jogo Assassin’s
Creed II, desenvolvido pela Ubisoft Montreal.
Nesse mérito, Júlio Plaza nos explica que a tradução intersemiótica não é simplesmente traduzir um texto da língua
inglesa para a portuguesa, mas também pode ser a tradução de uma história em quadrinhos para um filme. Para
o teórico, é importante se atentar para as relações estruturais dos diferentes signos. A tradução está presente nos
diversos meios de comunicação e nos de produção, como livros e filmes (PLAZA, 2001, p. 14).
Compreende-se que a tradução implica em decodificar signos de uma linguagem para a outra, e que isso irá modificar
a matriz da linguagem adaptada (DINIZ, 1995, p. 33), como, por exemplo, ao adaptar uma obra literária para um filme,
o diretor cria as ambientações para as cenas do jeito que lhe parece mais pertinente.
A partir disso, torna-se importante explicar que, como a pesquisadora Daniela Araújo (2011) apresenta no escopo do
seu estudo, vários autores concordam que não há uma relação de fidelidade nas traduções; uma vez que uma obra é
adaptada, a sua matriz original sofre alterações, visto que aquele que está adaptando a obra realizará a sua própria
leitura, através de seus referentes.
25
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 4 · As Histórias em Quadrinhos no Ensino de Iteratura: uma proposta para a Sala de Aula
Logo, a partir desta breve discussão sobre semiótica e tradução intersemiótica, compreende-se que os signos existem
no mundo e permeiam o cotidiano de todos; interpretá-los e traduzi-los faz parte do processo de leitura de mundo
pelo ser humano.

3. OS QUADRINHOS E O ENSINO DE LITERATURA


Como apontado no início desse texto, tratamos literatura de uma forma mais ampla, pois entendemos que, durante o
processo de formação do aluno, ele estará em contato com diversos tipos de textos, sendo eles de literatura clássica ou
de cultura de massa.
É através do ensino de literatura que o aluno desenvolve sua concepção estética, assim como desenvolve os seus
aspectos cognitivos e linguísticos. Não se pode esquecer também que é através da literatura que a criança e o adolescente
têm o seu processo de formação. Em suma, a partir da literatura que se desenvolvem as habilidades interpessoais, por
exemplo, a empatia, a sensibilidade e a concentração. Contudo, uma das principais funções da literatura é o lazer em
si, e isso quer dizer que é de suma importância que a criança e o adolescente desenvolvam o hábito da leitura, seja ela
através de texto literário ou de livros pertencentes à cultura de massa.
Nesse sentido, mencionam-se exemplos de títulos adaptados, ou traduzidos, para as histórias em quadrinhos, visto que
as histórias em quadrinhos podem ser consideradas como a nona arte partindo de sua formação estrutural de signos
verbais e visuais. Os alunos não leem apenas os textos, mas também as imagens. Por isso que as histórias em quadrinhos
podem ser ótimas ferramentas para o professor dentro da sala de aula, pois permitem trabalhar o texto original junto
com adaptação para, em seguida, debater com os alunos o quão bem a adaptação ilustrou a obra original, e se eles
concordam com essa produção estética.
É preciso atentar para o fato de que o aluno possui o seu próprio gosto de leitura, e torna-se necessário aproveitá-lo.
Não se pode esperar que o aluno desfrute de textos literários canônicos querendo que o mesmo abandone as suas
leituras já realizadas. É possível que a criança e o adolescente desenvolvam o hábito por ambos e deve-se incentivá-lo.
Para exemplificar melhor, seguem abaixo algumas adaptações que podem ser trabalhadas em sala de aula e
apresentadas para os alunos:

26
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 4 · As Histórias em Quadrinhos no Ensino de Iteratura: uma proposta para a Sala de Aula
Os títulos apresentados são adaptações de clássicos da literatura e de um livro considerado pertencente à cultura de
massa por alguns teóricos. Dessa forma, temos duas obras da literatura inglesa, uma da brasileira e outra da francesa. A
escolha se deu para demonstrar que, através das adaptações, as crianças e os adolescentes podem estabelecer contatos
com diferentes tipos de obras.
O Hobbit, do filólogo britânico Tolkien; Sonho de uma noite de verão, do escritor também britânico, William Shakespeare;
O Alienista, de Machado de Assis da literatura brasileira; e O Pequeno Príncipe, do francês Antoine de Saint-Exupéry. Por
intermédio dessas quatro adaptações, os alunos conseguirão estabelecer os processos fenomenológicos da estética.
Isso quer dizer que é necessário ler a obra original e as adaptações em histórias em quadrinhos. A partir desse exercício,
o aluno poderá fazer suas próprias construções semióticas e intersemióticas de significado, significante e representante.

27
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 4 · As Histórias em Quadrinhos no Ensino de Iteratura: uma proposta para a Sala de Aula
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Demonstrou-se aqui que os seres humanos são permeados pela linguagem constantemente em seu cotidiano.
Signos verbais e visuais nos rodeiam constantemente. Por isso que estudar semiótica e a tradução intersemiótica nos
possibilitam um aprofundamento de nós mesmos, pois compreendemos a nossa dimensão enquanto seres humanos
em um mundo de símbolos.
A partir dessa reflexão, também é possível compreender como se realizam os processos de leitura dos signos visuais e
verbais, assim como abre possibilidades de leitura em diferentes abordagens.
Logo, como exposto no decorrer do texto, é de suma importância que as crianças e os adolescentes estejam em contato
permanente com a leitura, seja ela através de adaptações de livros de cultura de massa e de clássicos, ou através de
história em quadrinhos como arte também. Um ato de leitura possibilita novas perspectivas para o desenvolvimento
humano, e é através da literatura que processos cognitivos são acionados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Daniela da Silva. A tradução intersemiótica do livro Cidade de Deus para o cinema: o testemunho da
violência. 64f. Dissertação (Mestrado) – Departamento de Linguística Aplicada Universidade Estadual do Ceará, 2011.
DINIZ, Taís Flores Nogueira. A tradução intersemiótica e o conceito de equivalência. In: Literatura e diferença – IV
Congresso da ABRALIC: Anais. São Paulo: Bartira, 1995, p. 1001-1004.
JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. São Paulo: Cultrix, 1997.
PLAZA, Julio. Tradução intersemiótica. São Paulo: Perspectiva, 2001.
PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2012.
PIGNATARI, Décio. Semiótica e literatura. Cotia: Ateliê, 2004.
SANTAELLA, Lucia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 2012.
28
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 4 · As Histórias em Quadrinhos no Ensino de Iteratura: uma proposta para a Sala de Aula
CAPÍTULO 5

MARCOS LEGAIS QUE RESPALDAM


O USO DOS QUADRINHOS NO ENSINO
Ariane Wust de Freitas Francischini
1. INTRODUÇÃO
Neste texto vamos discorrer sobre a admissão das histórias em quadrinhos (HQs) como complemento dos componentes
curriculares da área de linguagem, Língua Portuguesa e Língua Estrangeira Moderna, estabelecida na Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), abordando conteúdos relacionados aos gêneros textuais e/ou discursivos.
A proposta aqui é apresentar ao leitor fundamentos legais que evidenciam o uso das histórias em quadrinhos como
uma ferramenta pedagógica no ensino e complemento dos componentes curriculares de línguas, inseridas nos
conteúdos gêneros textuais/discursivos. Sendo assim poderão ser utilizadas para incentivar a leitura, e isso permite
que o professor empregue esse gênero a sua prática docente como forma de trabalhar as diversas linguagens. O
gênero HQs é considerado uma ferramenta eficaz para o ensino de línguas, visto que colabora para o desenvolvimento
de habilidades como leitura, escrita, competência argumentativa, senso crítico, imaginário, além da compreensão e
apropriação de diferentes linguagens.
Assim traremos ao texto não somente questões teóricas e práticas, mas também marcos legais que embasam a inserção
das histórias em quadrinhos como recurso pedagógico.

1. FUNDAMENTOS LEGAIS QUE CONTRIBUÍRAM PARA CONSTRUÇÃO DA BASE NACIONAL


COMUM CURRICULAR – BNCC E USO DOS HQS
Mediante a apresentação do panorama das diretrizes legais que respaldam a construção das normatizações
educacionais, evidenciaremos a utilização das histórias em quadrinhos como uma ferramenta pedagógica eficaz para
o ensino dos diferentes componentes curriculares.
Dentre os documentos citamos a Constituição Federal de 1988, no seu artigo sexto ao eludir que a educação representa
um direito fundamental de natureza social. Por conseguinte, vale destacar o artigo 22, inciso vigésimo quarto ao
mencionar que compete privativamente à união legislar sobre as diretrizes da educação nacional.
Assim, por intermédio da emenda constitucional nº 59 de 2009, a Constituição Federal passou a determinar que,
A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com objetivo de articula o sistema nacional
de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, metas e estratégias de implementação para assegurar
a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações
integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas [...] (BRASIL, 2009).

Logo a proeminência dada aos artigos seis e vinte e dois da Constituição Federal, fornecem subsídios legais para
a criação da Base Nacional Comum Curricular - BNCC, como também estabelecem as normatizações para a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação- LDB e o Plano Nacional de educação-PNE.
Já a Lei nº 9394/96 de dezembro de 1996, conhecida como LDB, determina no inciso quarto do nono artigo que:
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes
para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos
mínimos, de modo a assegurar formação básica comum; (BRASIL, 1996).
30
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 5 · Marcos Legais que respaldam o uso dos Quadrinhos no Ensino
Cabe ressaltar que a referida lei foi sancionada a mais de vinte anos com objetivo de assegurar a formação básica
comum para todos os cidadãos e em todas as etapas de ensino. No entanto, como todo o percurso histórico educacional
brasileiro, vivenciamos a morosidade na execução das diretrizes com uma perspectiva de execução de médio a longo
prazo, o que corresponde a um período entre dez e vinte anos para sua implantação parcial. Dessa forma, somente
em 2013, por intermédio das metas e estratégias traçadas no Plano Nacional de educação – PNE, Planos Estaduais
de Educação – PEE e Planos Municipais de Educação – PME iniciaram diagnósticos e estudos que culminaram na
elaboração das versões da BNCC, prescrita mediante a aprovação da Lei nº 12.796/2013. Orientada pelas Diretrizes
Curriculares da Educação Básica (DCN), a BNCC visa à formação humana integral e a construção de uma sociedade justa
democrática e inclusiva (MEC, 2016).
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional
comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte
diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos.
(BRASIL, 2013)

Apoiado pela Medida provisória nº 746, de 22 de setembro de 2016, passou a ser obrigatório no currículo escolar o
ensino da língua portuguesa, matemática, conhecimento do mundo físico, natural e da realidade social e política,
especialmente da república federativa do Brasil (Brasil, 2016).
Salientamos que a LDB permite a complementação da BNCC de acordo com o contexto local. Dessa forma, os currículos
serão construídos levando em conta as especificidades e diversidades dos alunos e instituições, sendo responsabilidade
das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação nortear as decisões curriculares e didático-pedagógicas, seja para a
rede pública ou privada de ensino.
O referido documento também aponta diversas competências e habilidades no uso das tecnologias da informação e
comunicação - TICs, que precisam ser trabalhadas por professores e alunos nos diferentes componentes curriculares
reforçando o emprego das histórias em quadrinhos como uma possibilidade ferramenta digital para o ensino.
Esses pressupostos poderão ser compreendidos através das abordagens sintetizadas pelas autoras Lacerda, Sepel e
Falkembach (20017, p. 65) no quadro abaixo:

31
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 5 · Marcos Legais que respaldam o uso dos Quadrinhos no Ensino
ARTE
TICs/BNCC
Compreender as relações entre as linguagens
pelo uso das TICs e multimeios (animações, LÍNGUA PORTUGUESA
jogos eletrônicos, gravações em áudio e vídeo, Utilizar recursos de TICs, adequando
fotografia, softwares e etc.) nos processos vocabulário, pronúncia, entonação, gestos,
de criação artística. pausas e ritmo.

EDUCAÇÃO FÍSICA
Identificar as transformações nas GEOGRAFIA
Utilização de geotecnologias.
características dos jogos eletrônicos.

Utilização de forma crítica, significativa,


reflexiva e ética nas diversas práticas
do cotidiano para se comunicar,
acessar e disseminar informações, produzir
conhecimentos e resolver problemas.
LÍNGUA INGLESA
HISTÓRIA
Utilizar com novas linguagens e modos
Utilização de diferentes marcadores do tempo.
de interação.

MATEMÁTICA CIÊNCIAS
Utilizar para modelar e resolver problemas Discutir e avaliar desenvolvimento de novos
cotidianos. materiais e tecnologias.

De acordo com a BNCC, as HQs são recomendadas como ferramenta pedagógica, permitindo ao professor o uso desse
hipergênero como forma de trabalhar as diversas linguagens em sala de aula, seja por meio das tecnologias (TICs)
como também pela utilização da escrita, imagens e recursos gráficos (balões, letras, onomatopeias) possibilitando
melhores resultados na aprendizagem.
Os eixos norteadores das áreas de conhecimento de Língua Portuguesa e Línguas estrangeiras foram organizados de
maneira a atender as seguintes competências e habilidades: oralidade, leitura, escrita, conhecimentos linguísticos e
gramaticais, dimensão intercultural.
[...] potencializa as possibilidades de participação e circulação – que aproximam e entrelaçam diferentes semioses
e linguagens (verbal, visual, corporal, audiovisual). Essas práticas criam novas possibilidades de identificar e
expressar ideias, sentimentos e valores (BNCC, 2017).

32
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 5 · Marcos Legais que respaldam o uso dos Quadrinhos no Ensino
Destarte compreendemos as HQs como uma ferramenta pedagógica no ensino e complemento dos componentes
curriculares de línguas, colaborando para o desenvolvimento de atividades de leitura, escrita, competência
argumentativa, senso crítico, imaginário, além da compreensão e apropriação de diferentes linguagens. Tendo como
objetivo garantir a todos os alunos o acesso aos saberes linguísticos necessários para a participação social e o exercício
da cidadania
Vale enfatizar que as temáticas apresentadas nas HQs perpassam os diferentes componentes curriculares, permitindo
ao docente um trabalho sequenciado e interdisciplinar, principalmente nos anos iniciais e finais do ensino fundamental.
De acordo com Vergueiro (2010) também podem ser utilizadas nas diversas disciplinas para facilitar a compreensão de
assuntos complexos em que os alunos têm pouco interesse, trabalhando diferentes temas, questões éticas, científicas
e tecnológicas.
O uso dos quadrinhos em sala de aula faz parte de um processo continuo que busca demonstrar de uma forma
pedagógica como é possível tratar de diversos assuntos com os quadrinhos, uma vez que os alunos possuem uma
proximidade forte com esse tipo de material e por acreditar que faz parte do papel do professor levar para as crianças
e adolescentes das escolas um forma diferente de se trabalhar os assuntos decorrentes do ano escolar.

33
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 5 · Marcos Legais que respaldam o uso dos Quadrinhos no Ensino
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreendemos neste contexto que toda a atividade humana está relacionada ao uso da língua, que se efetiva por
meio de enunciados orais e escritos que se emanam de diversificados campos do saber, ou seja, não podemos tratar o
gênero independente de sua realidade social, pois são por meio de enunciados concretos que as práticas discursivas
marcam a relação do homem com a linguagem, sendo remetida à história e à historicidade do sujeito, que podem ser
representadas por gêneros como, por exemplo, as HQs.
Diante da importância que as HQs exercem no processo de aprendizagem, apresentamos neste texto alguns marcos
legais que respaldaram a construção da Base Nacional Comum Curricular – BNCC e especificamente a amplitude de
utilização das histórias em quadrinhos em sala de aula.
Já faz parte de uma maioria de professores a realidade dos quadrinhos em sala de aula. Não só porque está estabelecido
isso nos currículos, mas por existir docentes que acreditam que esse material é uma ferramenta eficaz. Sendo assim
a admissão das HQs como complemento dos componentes curriculares da área de linguagem, Língua Portuguesa
e Língua Estrangeira Moderna, estabelecida na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), colaborará não somente
para despertar o interesse dos alunos quanto para desenvolver habilidades e competências de leitura, por meio da
construção de sentidos, reflexão crítica, apropriação e elaboração desse gênero do discurso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução de Paulo Bezerra. 6º ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
_______________. Os gêneros do discurso. Tradução Paulo Bezerra. 1º ed. São Paulo: Martins Fontes, 2017.
BALLMANN, Fábio. A nona Arte: história, estética e linguagem e quadrinhos. Dissertação (Mestrado) - Universidade
do Sul de Santa Catarina. Tubarão, 2009.
Disponível em: http://aplicacoes.unisul.br/pergamum/pdf/100250_Fabio.pdf. Acesso em 19 de julho de 2018.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: 1988. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: Jul. 2018
_________Base Nacional Comum Curricular – BNCC de março de 2017. Dispõe sobre a terceira versão que
complementa e revisa a segunda versão. Brasília, DF: MEC/SEB.
_________ Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa. Brasília, DF: MEC/SEF.
_______. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
Brasília:1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L9394.htm>. Acesso em: Jul. 2018
34
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 5 · Marcos Legais que respaldam o uso dos Quadrinhos no Ensino
_______. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: proposta preliminar. 2 ed. Brasília. 2016.
_______. Emenda constitucional nº 59 de 11 de novembro de 2009.
_______. Congresso Nacional. Lei n. 12.796 de 4 de Abril de 2013.
_______. Lei n. 13.005 de 25 de junho de 2014.
CAGNIN, A. L. Os Quadrinhos: Linguagem e Semiótica. Um estudo abrangente da Arte Sequencial. São Paulo:
Editora Criativo, 2015.
Kensky, V. M. (2007). Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas, SP: Papirus.
LACERDA, C. C., SEPEL, L. M. N., & Falkembach, G. M. Toodoo: o uso de histórias em quadrinhos como objeto de
aprendizagem na formação continuada de professores. Revista Imagens da Educação, v. 7, n. 3, p. 63-73, 2017.
VERGUEIRO, Waldomiro. O uso das HQs no ensino. In: BARBOSA, Alexandre. Como usar as histórias em quadrinhos na
sala de aula. 2. Ed. São Paulo: Contexto, 2010. p. 07-30

35
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 5 · Marcos Legais que respaldam o uso dos Quadrinhos no Ensino
CAPÍTULO 6

A LEITURA E OS QUADRINHOS
Dagmar Vieira Nogueira Silva
INTRODUÇÃO
O uso de Histórias em Quadrinhos (HQs) no ensino já é bastante comum em escolas de todo o país. Livros didáticos,
das mais variadas editoras, trazem desde as formas mais curtas, como tirinhas, até outras mais amplas, que ocupam
algumas páginas desses suportes. Isso porque o formato HQ é bastante envolvente e propicia um leque de atividades
pedagógicas favoráveis ao desenvolvimento do educando. Esse gênero que pode ser percebido como um gênero
híbrido, outrora visto apenas como uma possibilidade de leitura rasa, traz para a sala de aula, temas diversos,
oportunizando diálogos, e ampliando o olhar crítico e reflexivo do leitor.
Assim, nas próximas linhas, faremos uma reflexão muito breve sobre leitura e quadrinhos, com o desejo que isso possa
despertar o leitor para nossas descobertas sobre esses dois universos tão fascinantes.

1. LEITURA E QUADRINHOS
Desde os tempos mais remotos da humanidade, a leitura de códigos verbais e/ou não verbais fez-se presente em
diferentes contextos sociais, exercendo um papel de suma importância para a transmissão de valores, crenças, costumes
e a construção do conhecimento. É possível ler, no sentido amplo da palavra, as nuvens no céu para identificar se
vai chover ou não, deduzir que o morador de uma determinada casa tem boas condições financeiras ou não, mas é
possível também ler palavras escritas em nossa língua materna, no nosso caso, da esquerda para a direita, de cima para
baixo (em algumas outras línguas o processo é um pouco diferente).
Saber ler é uma habilidade transformadora que possibilita o desenvolvimento de várias outras habilidades e a
interação social. Nas palavras de Silva (1999, pp. 16-17), “Ler é uma prática social de interação com signos, permitindo
a produção de sentido(s) através da compreensão-interpretação desses signos. [...] é interagir [...] é produzir sentido
[...] é compreender e interpretar.”
Sendo assim, essa prática social deve ser desenvolvida, buscando promover o conhecimento e ampliando a visão de
mundo do leitor. Por essa perspectiva, é fundamental que em uma instituição como a escola, os que estão ali como
docentes e discentes possam realizar essa prática, afiançados por suportes literários múltiplos.
Nesse sentido, vale observar que dentre os suportes mais cativantes para o leitor ainda aprendiz, estão as histórias em
quadrinhos, muitas vezes como um dos primeiros suportes de leitura do texto impresso que os estudantes têm acesso.
Os quadrinhos são veículos de linguagem mista, repletos de formas e cores que exercem certo fascínio, em especial,
no público infantil, tão seduzido pela linguagem visual, sem que isso signifique o desprezo por leitores mais velhos,
inclusive, a maior parte dos leitores de quadrinhos está na faixa etária dos trinta anos.
As histórias em quadrinhos são textos muito bem recebidos pelos estudantes, visto que é uma literatura que combina
imagem e texto, refletindo contextos, valores culturais, colaborando com a educação de seus leitores, discutindo
estereótipos e ampliando seus conhecimentos sobre o mundo social, quase sempre uma leitura que envolve a palavra
e a imagem, em uma relação de complementariedade. Esse tipo de material permite que as instituições educacionais
promovam projetos pedagógicos com uma visão inclusiva uma vez que tem a função de acrescentar valores de
cidadania e de conscientização social ante as diferenças do outro, presente dentro e fora dos muros da escola.
37
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 6 · A Leitura e os Quadrinhos
Utilizada como apoio para o desenvolvimento da leitura, a aquisição da escrita e/ou como promovedora de debates
sobre assuntos variados, as HQs possibilitam um leque de atividades pedagógicas, promovendo aprendizados
significativos para os educandos. Assim, figuram em livros didáticos, em muitos formatos, nas distintas áreas do saber,
ainda que não sejam aproveitadas com todo o seu potencial de leitura, de crítica e de criatividade que possuem.
Diante disso, é preciso ensinar o aluno a ler as imagens, para que ele possa interpretar e compreender os códigos não
verbais, carregados de sentidos e de diversos discursos sociais, ampliando noções que extrapolam o uso adequado ou
inadequado da língua, que pode ser a noção de movimento, a expressão facial da personagem, o quadro ao fundo e
tantos outros elementos que fazem parte do texto visual e que o leitor precisa decodificar.
Conforme Vergueiro, “A “alfabetização” na linguagem específica dos quadrinhos é indispensável para que o aluno
decodifique as múltiplas mensagens neles presentes e, também, para que o professor obtenha melhores resultados
em sua utilização (2009, p. 31) Dessa forma, o professor deve estar atento aos vários elementos constitutivos das HQs,
para que se alcance uma leitura mais crítica e reflexiva de tais suportes.
Pode-se afirmar que o uso das HQs nos anos iniciais e finais do ensino fundamental já é bastante comum, em
virtude das várias possibilidades apresentadas por esses suportes, o que favorece a construção do pensamento
crítico e a alfabetização. Ressaltando que o uso das HQs no ensino médio também adquire valor construtivo
quanto ao desenvolvimento de habilidades de percepção e interpretação. Efeitos como ironia, sarcasmo, humor,
entre outras inferências são muito frequentes nesse gênero, e também fazem parte da leitura. Em outras palavras,
diversas competências podem ser exploradas no contexto dos vários componentes curriculares, a fim de expandir as
possibilidades de aprendizagem e integração com o currículo escolar.
Com temáticas que abordam diversas questões sociais e culturais, as HQs tornam-se ponto de partida para debates
sobre fatos que refletem o comportamento humano. Nesse sentido, atividades que sugerem a construção de diálogos
em consonância com o que está sendo retratado pelas imagens são favoráveis à prática da produção textual.

38
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 6 · A Leitura e os Quadrinhos
Extraído do site https://www.acessaber.com.br/atividades/genero-
textual-historia-em-quadrinhos-5o-e-6o-ano/ em 14/06/2018.

O exemplo acima mostra a leitura dos balões de grito e de fala, mas não trazem palavras, o que não impede que o leitor
entenda o texto e possa achar graça da história.
Doutra forma, textos constituídos apenas pelo código verbal são utilizados como suportes e incentivo ao
desenvolvimento das habilidades artísticas, como o desenho e a pintura. Os leitores retratam cenas de uma narrativa,
dando asas a imaginação, conforme as ideias construídas com base no texto.
Estimular a escrita em atividades de leitura e produção textual, bem como o desenvolvimento da coordenação motora
fina, com o incentivo do desenho é uma forma profícua de construção do pensamento e do aperfeiçoamento de
habilidades fundamentais ao ser humano (para quem não sabe parte dos desenhistas de sucesso no mundo nasceu
no Brasil).
39
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 6 · A Leitura e os Quadrinhos
Além dessas atividades que perfazem os planejamentos pedagógicos, é possivel observar que outros conhecimentos
são efetivados no uso das HQs em sala de aula. Noções de espacialidade, enquadramento, tamanho, combinação de
cores, entre outros fundamentos podem ser explorados em trabalhos lúdicos e prazerosos aos educandos. Assim, as
HQs podem ser consideradas ferrramentas vantajosas para a construção do pensamento crítico e reflexivo.

40
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 6 · A Leitura e os Quadrinhos
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dessa forma, a leitura de histórias em quadrinhos em sala de aula não pode mais ser pensada apenas como atividade
de fomento à leitura e a escrita, mas também, como suporte literário capaz de ampliar a visão de mundo do educando,
viabilizando diálogos, contruindo e reconstruindo conhecimentos. Afinal, trata-se de um recurso didático diversificado
de linguagem mista que possibilita múltiplas abordagens e encanta pessoas de todas as idades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Alexandre. Os quadrinhos no ensino de artes. In: RAMA, Angela; VERGUEIRO, Waldomiro. Como usar as
histórias em quadrinhos na sala de aula. 3. ed São Paulo: Contexto, 2009. In:http://www2.eca.usp.br/anais2ajornada/
anais4asjornadas/q_e_letramentos/fabio_tavares_da_silva_e_rogerio_junior_tavares.pdf
SILVA, Theodoro Ezequiel. Concepções de leitura e suas consequências no ensino. Florianópolis: Perspectiva, 1999.

41
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 6 · A Leitura e os Quadrinhos
CAPÍTULO 7

A LEITURA E A IMAGINAÇÃO ATRAVÉS


DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS
Fabiana Durben Rocha Bettio
Jaqueline Cleto Cavalheiro Lopes
Luciana Garcia Côrtes Marinho
INTRODUÇÃO
A modernidade da contemporaneidade tem contribuído em alguns aspectos com o desinteresse pela leitura,
limitando o vocabulário e registros da língua escrita. A necessidade de se comunicar por meio de registros é latente
desde antiguidade, o que levou a sociedade a buscar o aprimoramento dessa comunicação. E é por meio da escrita e
da leitura que dialogamos com o mundo, sendo assim, crucial para a aprendizagem do ser humano, pois é por meio
da escrita e da leitura que podemos enriquecer o nosso vocabulário, obter conhecimento, dinamizar o raciocínio e
interpretar os textos que nos cercam no dia-a-dia. Pensando nestes fatores nosso grupo de professoras do 1º ano do
Colégio Alexander Fleming decidiu introduzir no cotidiano da sala de aula as Histórias em Quadrinhos com propostas
de leituras e produções que vislumbraram contribuir com a aprendizagem dos alunos.

1. JUSTIFICATIVA
O presente artigo mostra os caminhos percorridos por nós professoras do 1º ano A, B e C a fim de que os seus alunos
desenvolvam suas habilidades com a leitura e escrita através de produção de textos, e a integração das atividades de
sala de aula com o Projeto #SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS.

2. A TURMA DA MÔNICA E OS HERÓIS DO PRIMEIRO ANO A


Visando um bom desenvolvimento do projeto ora citado, iniciamos com a leitura coletiva e individual das histórias em
quadrinhos (HQs) da Turma da Mônica, logo após, fizemos questionamentos sobre o conhecimento prévio que tinham
sobre esse tipo de texto. Na sequência, apresentamos, oralmente uma definição sobre as HQs e passamos a explorar as
tirinhas explicando suas características: balões, cenários, características dos 4 principais personagens são eles Mônica,
Cebolinha, Magali e Cascão e propusemos que os alunos transformassem cada personagem em um super-herói.
Após cada aluno pode fazer sua contribuição, organizamos a turma em 4 grupos com os respectivos personagens
Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão. Cada personagem assumiu a personalidade de um super-herói Mônica: Mulher-
Maravilha defensora dos animais, Cebolinha: Lanterna Verde o defensor dos animais, Magali: Bat-Girl que não gostava
de ver nenhuma criança sem se se alimentar e Cascão: Superman que apesar de não gostar de tomar banho, mas
gosta de ver tudo limpinho. Na sequência propusemos aos alunos a produção de uma HQs e depois de organizá-los
direcionamos a atividade e demos aos grupos algumas sugestões para que produzissem uma história em quadrinhos
a fim de conscientizar as pessoas sobre temas tão importantes.
As HQs contribuem para despertar o interesse pela leitura e pela escrita nas crianças e para sistematizar a alfabetização.
Segundo Vergueiro (2004,p.26): “[...] pode-se dizer que o único limite para seu bom aproveitamento em qualquer sala
de aula é a criatividade do professor e sua capacidade de bem utilizá-las para atingir seus objetivos de ensino”. Como as
HQs em geral unem palavra e imagem, elas contemplam tanto alunos que já leem fluentemente quanto os que estão
iniciando, pois conseguem deduzir o significado da história observando os desenhos. A curiosidade em saber o que
está escrito dentro dos balões e o colorido das imagens, cria o gosto pela leitura e escrita e, assim, os gibis podem ter
grande eficácia nas aulas de alfabetização.
43
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
3. SUPERGIRL, MULHER-MARAVILHA, SUPERMAN E OS HERÓIS DO PRIMEIRO ANO B E D
Com o objetivo de desenvolver o projeto #SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS, exploramos em sala de aula os personagens
Supergirl, Mulher-Maravilha e Superman, ficou claro o envolvimento das turmas com os personagens. Segundo
a Perspectiva de Sistemas de Csikszentmihalyi (Csikszentmihalyi, 1988; 1997), a criatividade resulta da interação de
três fatores: o domínio, o indivíduo e o campo. Dentro dessa perspectiva pudemos perceber o quanto foi importante
dominar o tema abordado e preparar os alunos para receber o conhecimento.
Solicitamos aos alunos que descrevessem momentos em que foram super-heróis em sua vida, observando momentos
em que sem perceber fazem o bem ao próximo, ou até mesmo para a natureza e como em algumas vezes para a
sociedade. No segundo momento assistimos aos filmes desses super-heróis e após assistirmos os filmes fizemos uma
roda em que cada um pode descrever os heróis abordados e quais eram os seus poderes. Todos queriam participar,
o grupo ficou harmonioso e sugerimos que cada aluno trouxesse em um determinado dia uma novidade sobre os
personagens.
Até que chegou o grande dia da execução do projeto com as produções das HQs, e resultado não poderia ser diferente,
porque os pequenos amaram e desenvolveram com muita habilidade as produções o que nos surpreendeu por tratar-
se de crianças de 6 a 7 anos. Após a escrita de suas produções pedimos para que fossemos ao pátio do nosso colégio a
fim de que trocassem as produções, fazendo assim o uso da leitura da história do colega e observar e mostrar ao colega
caso ele encontrasse algum tipo de erro.

4. A TURMA DA MÔNICA EM UMA PERSPECTIVA TRANSFORMADORA COM OS ALUNOS DO


PRIMEIRO ANO C
No atual modelo de sociedade em que vivemos, o domínio da tecnologia começa muito cedo, e, conforme esse uso
aumenta nossas crianças interessam-se menos pelos livros de leitura. A escola é uma instituição fundamentalmente
social que contribui para a formação do indivíduo culturalmente, cientificamente e politicamente. Seu papel é tornar o
aluno ativo e participante da sociedade, utilizando a leitura e a escrita como ferramentas.
O professor é o agente que pode iniciar a vida de leitor do aluno, pode desenvolver nele a aptidão pela leitura. A escolha
por histórias em quadrinhos (HQs) vem favorecer esse momento e a Turma da Mônica é uma forma lúdica e prazerosa
de se iniciar como leitor. Os personagens são crianças, falam de maneira simples e retratam fatos do cotidiano, então
unimos a Turma da Mônica representando os super-heróis. Toda criança tem o seu super-herói preferido e tem vontade
de ser um, faz parte do mundo fantasioso e infantil e de acordo com Vagueiro (2004, p. 21):
[...] a inclusão das histórias em quadrinhos na sala de aula não é objeto de rejeição por parte dos estudantes, que,
em geral, as recebem de forma entusiasmada, sentindo-se, com sua utilização, propensos a uma participação mais
ativa nas atividades de aula.

Elaborar o projeto de super-heróis com a Turma da Mônica foi um processo muito prazeroso para as crianças e para
nos professoras. As crianças gostaram muito de ouvir as histórias em quadrinhos em que a turma fazia o papel de
super-heróis. Manifestaram desejo em escrever suas próprias histórias em quadrinhos, e por intermédio da observação
44
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
de imagens materializou-se a ideia de construir a sua própria história, mesmo os alunos que ainda não adquiriram o
domínio da escrita tentaram do seu jeito expor sua escrita. Precisaram de ajuda, mas não desanimaram na criação da
sua própria história.
Percebemos que houve o encantamento pelas histórias em quadrinhos, mesmo não sendo de super-heróis. O momento
é de cultivar e tentar criar um hábito em sala nos momentos livres para utilizarem desse recurso rico e criativo que são
as histórias em quadrinhos, assim estarão aprimorando a leitura e desenvolvendo a criatividade e a capacidade de
escrita.

45
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
5. CONCLUSÃO
Concluímos assim nosso registro das práticas e procedimentos utilizados em sala de aula para estimular a leitura e
imaginação dos alunos. Cada etapa descrita só veio a enriquecer a criação de belíssimas HQs que além de contribuir
com o estimulo da leitura e imaginação agregaram conhecimentos aos pequenos aprendizes em seu processo de
aquisição da língua escrita.
Mas o projeto não termina por aqui, já que cada turma apresentará uma música com coreografia sobre os temas
trabalhados em sala de aula, também termos a exposição de jogos com materiais recicláveis, histórias em quadrinhos,
desenhos e muito mais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CSIKSZENTMIHALYI, M. (1988). Society, culture and person: a systems view of creativity. In R. J. Sternberg (Org.),
The nature of creativity: contemporary psychological perspective (pp.325-339). New York: Cambridge University
Press.
CSIKSZENTMIHALYI, M. (1997). Creativity: flow and the psychology of discovery and invention. New York: Harper
Perennial.
VERGUEIRO, W. et all. Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2004.
46
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS 1º A

Chiara Pietribiasi
Isadora Pilan Holsback
João Guilherme Silveira Biava
Lorena Almeida Vinha
Valentina Silveira Faccin

47
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
48
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
49
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
50
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
51
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
52
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS 1º B

Julia Moura de Lima


Felipe de Castro Cunha Salgueiro
Manuela Chiarello Scaff
Mariana Santin Abrão
Marie Jurgielewicz Medeiros

53
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
54
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
55
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
56
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
57
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
58
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS 1º C

Sophia Faria Saling


Mariana Marini Pinheiro de Lacerda

59
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
60
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
61
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
62
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
63
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
64
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
65
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
66
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
67
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS 1º D

Alfredo Borghetti Zampieri de Paula Eduardo Filint


Bruno Cézar Leite de Campos
Diego Menegat Rondon
Guilherme Marini Pinheiro de Lacerda
João Pedro Bianchin Barbosa

68
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
69
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
70
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
71
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
72
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
73
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 7 · A Leitura e a Imaginação através da História em Quadrinhos
CAPÍTULO 8
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E
OS SUPER-HERÓIS GANHANDO
ESPAÇO NAS SALAS DE AULAS
Fabiola Albuquerque
Fernanda Zanardi dos Santos Aguirre
Luziane Santana de Oliveira
INTRODUÇÃO
Com a atualidade os livros têm sido deixados de lado pelas crianças, que muitas vezes demostram maior interesse pela
tecnologia, que entrega a informação de maneira mais rápida, porém o livro entrega a criança riquezas de informações,
detalhes, capacidade de interpretação e leitura, com isso sendo essencial para a vida e desenvolvimento total da criança.
Cada vez que uma pessoa lê um livro recebe toda aquela riqueza de palavras e amplia seu vocabulário, traz interpretação
e raciocínio. Para Solé (1998, p. 72), o aluno se torna autônomo e competente quando recebe o auxílio e o suporte
de um leitor mais experiente – o professor. Sendo assim, o grupo de professores, das turmas do segundo ano, do
ensino fundamental, do Colégio Alexander Fleming tornaram-se super-professoras comprometidas em desenvolver o
hábito de leitura nas crianças desde tão pequenas, para que seja a leitura um exercício prazeroso e não algo que traga
sacrifício, tornando-a essencial na vida.
A história em quadrinhos faz parte da infância das crianças há muito tempo, e com ela muitas vezes vem o prazer da
leitura, podendo ser textual e da leitura de imagem. Essa maneira de trazer desenhos com expressões tão marcantes
faz com o que a criança entenda o contexto da história apresentada, conheça seus personagens favoritos e mergulhe
na história, assim exercitando sua imaginação e criatividade.

1. SUPER-PROFESSORA FERNANDA E OS HERÓIS DO SEGUNDO ANO A


O presente projeto foi desenvolvido no 2º ano A com o intuito de conscientizar sobre as maneiras de cuidado com
meio ambiente, trabalhando assim o projeto que os alunos exerceram em sala sobre os cuidados com a natureza,
incluindo o projeto anual do colégio #Somo todos super-heróis, adotamos o super-herói Homem-Aranha como um
herói da natureza, como cada aluno pode ser se tiver os cuidados com o planeta.
Foi apresentado para a turma o ideia inicial de transformar o herói adotado pela turma em um herói da natureza
podendo assim salvar o planeta, posteriormente apresentamos alguns modelos de Histórias em Quadrinhos (HQs)
para que eles pudessem se familiarizar com o gênero. Os alunos apresentaram para a turma a sua ideia e como seria
esse personagem, cada um foi inspirando o outro com suas ideias, mostrando que cada ser humano comum pode ser
um herói quando se preocupa com o planeta e com a vida do próximo.
Após dividirem as ideias, os alunos leram livros de HQs, e puderam perceber como é escrito, as diferentes maneiras que
os textos de apresentam e os desenho que fazem parte das narrativas, já que os alunos teriam que criar além da história
e falas, também o desenho, que desse um sentido ainda maior a história. Logo, trabalhamos o assunto por alguns
dias, primeiramente se familiarizando com o assunto e com as possíveis maneiras de criar. No dia que foi proposto o
desenvolvimento os alunos receberam a folha e começaram a criar, se mostraram bastante animados com as ideias
fluindo. Para Kneller (1978, p. 26):
(...) a criatividade parece envolver certas capacidade mentais (…) a capacidade de mudar a maneira pela qual cada
pessoa aborda um problema, de produzir ideias relevantes e ao mesmo tempo inusitadas, de ver além da situação
imediata e de redefinir o problema ou algum aspecto dele.

75
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
E, baseada nesta perspectiva, os alunos puderam compartilhar com o colega a sua produção e ler para todos em roda,
desenvolveram o texto e os desenhos e se sentiram capazes por ter a capacidade de criar e passar para o papel uma
história que trouxe soluções para cuidar do ambiente e assim conscientizar o leitor de seus quadrinhos.
O maior objetivo foi trabalhar com o aluno a capacidade de criar, explorar a criatividade e interagir os pequenos de
maneira prazerosa com a leitura. Mostrar aos mesmos a capacidade de se tornar um herói do planeta, que todos são
capazes de proteger o ambiente e fazer a sua parte como os heróis dos quadrinhos.
Os alunos foram envolvidos com atividades de interpretação e produção das HQs, e com a leitura dos gibis exploraram
o universo mágico da leitura, desenvolveram a criatividade e oralidade por meio da leitura.

2. SUPER-PROFESSORA LUZIANE E OS HERÓIS DO SEGUNDO ANO B E D


Nesta temática do emprego das histórias em quadrinhos no projeto escolar foi apresentado o herói Aquaman, o
fundo do mar, animais marinhos e meio ambiente. Envolveu dois gêneros textuais a narrativa e os quadrinhos. Os
textos narrativos são os mais empregados na produção textual em sala aula e é de conhecimento dos alunos logo
após a alfabetização. Contudo, é evidente que antes mesmo do processo de alfabetização o aluno tenha conhecido e
manuseado um gibi. No primeiro momento observando os desenhos, cores e imagens. Em seguida na alfabetização
facilitando a leitura, deixando mais prazerosa e encantadora. Atrelar os dois gêneros promoveu a escrita e criação
individual do HQs.
O projeto anual do Colégio Alexander Fleming, acontece todos os anos, com temas e formatos diferentes, contudo
neste ano 2018, proporcionou uma proposta diferente. Desenvolver projeto através de heróis em quadrinhos, conectar
os heróis as disciplinas estudadas.
As turmas do 2º ano B e D desenvolveu projeto sobre o personagem Aquaman, conheceu suas habilidades, seu modo
de vida. Atrelou a disciplina de ciência, estudando animais marinhos, vida aquática e meio ambiente. Trazer os HQs
para o âmbito escolar propiciou de forma lúdica a aprendizagem e despertou nos alunos o interesse pelos quadrinhos.
Em um primeiro momento, foram apresentados os gibis com histórias em quadrinhos da Turma da Mônica, os alunos
manusearam e produziram a releitura do quadrinho e realizaram apresentações. Em seguida, apresentamos o herói
Aquaman, por intermédio de vídeos e imagens a história, as habilidades e modo de vida deste herói. Por se tratar de
um herói que vive no mar, conheceram também os animais que possivelmente faria parte de seu convívio, os animais
marinhos, conheceram as principais espécies.
A produção textual surgiu da proposta de criar um pequeno livro, ilustrado, contando a história do Herói Aquaman. Esta
produção foi escrita no gênero textual narrativo contado em 1º e 3º pessoa, sem balões de diálogo e com ilustrações.
Cada aluno produziu o seu.
Livro concluído iniciou a próxima fase a apresentação do gênero textual quadrinhos. Segundo Bortoni-Ricardo (2013,
p. 51), o professor trabalha realizando intervenções didáticas, promovendo a interação com os alunos, levando-
os à compreensão do texto. E, de acordo com Bortoni-Ricardo, nossa primeira intervenção no processo de criação
dos quadrinhos foi apresentar o formato de tiras, as expressões, balões de diálogo, pensamentos e a narração por
76
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
interlocutores que não o personagem e as principais técnicas para produzir uma história em quadrinhos.
Os quadrinhos foram produzidos a partir da proposta do livro, criado pelos alunos. Eles tiraram a informação principal
de sua história e transcreveram no formato de HQs, colocando balões de diálogo e pensamentos.
A produção dos HQs, foi realizada individualmente, no colégio, pelos alunos do 2º ano com idade entre 6 e 7 anos.
Alguns alunos partiram do desenho e depois colocaram os balões de diálogo na sequência, outros já iniciaram com os
balões e depois colocaram o desenho e teve aqueles que optaram em não colocar balões de diálogo. A elaboração e
escolha de colocar balões ou não ficou a critério do aluno.

3. SUPER-PROFESSORA FABIOLA E OS HERÓIS DO SEGUNDO ANO C


Com objetivo de contribuir com as habilidades de leitura e produção de HQs no 2ºano C apresentamos aos alunos os
super-heróis Os Incríveis, animação produzida pela Disney-Pixar. Transforma um homem forte e poderoso num burocrata
escondido numa sala de uma companhia de seguros, impedido de exercer o que mais sabe e gosta de fazer, ou seja,
colocar a justiça na ordem do dia. A fantástica capacidade da Mulher-Elástica está sendo utilizada apenas nos afazeres
domésticos. Seus filhos, herdeiros de uma herança genética que os coloca na condição de possíveis combatentes do
mal não podem demonstrar suas habilidades em público, vivem frustrados por causa disso.
Dessa forma exploramos os valores da família e o desenvolvimento da oralidade, criatividade e escrita com o objetivo
de aprimorar a leitura, a interpretação e produção textual com os alunos. O primeiro passo foi conversar sobre os
personagens e tão logo surpreendida, pois todos já conheciam e falaram com muito entusiasmo, cada um contou um
pouco da história. Depois fomos para a sala de vídeo para ver o resumo do filme, mesmo todos já tendo visto o episódio
fizeram questão de assistir.
Após este momento apresentamos aos alunos as histórias em quadrinhos, fizemos leituras, pois para Solé (2013, p.
71) acredita que para alcançar a compreensão do texto, o leitor precisa utilizar estratégias de leitura, as quais são
“responsáveis pela construção de uma interpretação para o texto (...).”. Após este momento expusemos as características
do gênero preparando-os para a proposta de produção de texto. Sendo assim os alunos puderam criar HQs que
envolvendo os super-heróis Os Incríveis e os valores familiares.

77
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
4. CONCLUSÃO
No quadrinho, há diversidade de possibilidades de aprender. O relacionamento do aluno com os HQs é afetivo, há
poucos entraves, desta maneira o aluno pode ampliar sua criatividade, as ilustrações são fascinantes e se ajustam aos
pequenos diálogos. Na elaboração dos HQs, os alunos mostraram-se receptivos, participativos e entusiasmados com
a produção. A criação foi instantânea, existia apenas a preocupação em demonstrar através das falas e desenhos as
expressões faciais das personagens e seguir a sequência dos acontecimentos. E a cada momento pode-se notar os
progressos alcançados pelos alunos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KNELLER, George Frederick. Arte e ciência da criatividade / George F. Kneller; tradução de J. Reis – 5a ed. - São Paulo:
IBRASA, 1978.
BORTONI-RICARDO, Stella Maris, MACHADO, Veruska Ribeiro, CASTANHEIRA, Salete Flôres. Formação do professor
como agente letrador. São Paulo: Contexto, 2013.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
78
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS 2º A

Joana Rodrigues Azambuja


Laudy Chehou Corrêa
Lucca Rocha Zampiere
Manuela Cruvinel Garcia
Rafaela Melke Penteado Siravegna

79
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
80
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
81
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
82
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
83
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
84
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS 2º B E D

Ana Júlia Marcondes de Souza


Benicio de Figueiredo Vieira
Carlos Henrique Cavalheiro Lopes
Glória Barcelos Cansanção Silveira
Guilherme Espíndola de Araújo Lopes
Henrique Orenha Siqueira
Isabella Busato Furlani
Julia Garcia Daros Alves
Luis Eduardo Amaral Fernandes
Milena Bazzan Pess
Vitor Moura Figueira

85
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
86
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
87
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
88
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
89
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
90
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
91
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
92
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
93
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
94
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
95
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
96
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS 2º C

Gabriela Pereira Gonçalves


Giovana Freitas Marquete Paiva
Pedro Buainain Thomazi França
Rafaela Solari Gomes
Samuel Boscarki Falavigna

97
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
98
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
99
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
100
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
101
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
102
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 8 · Histórias em Quadrinhos e os Super-Heróis ganhando espaço nas salas de aulas
CAPÍTULO 9
A CONTRIBUIÇÃO DO GÊNERO
HISTÓRIA EM QUADRINHOS PARA O
DESENVOLVIMENTO DA CIDADANIA
Emilene Meza
Janaina Samaia Fernandes Pereira Ferreira
Sandra Mara Adania Luz
INTRODUÇÃO
O projeto anual do Colégio Alexander Fleming no atual ano, 2018, propôs a equipe pedagógica, professores e alunos
que trabalhassem com um tema atual e bem relevante, as histórias em quadrinhos (HQs). Surgindo então, o projeto
#Somos todos super-heróis.
Esse projeto estimulou professores e alunos a terem mais contato com as HQs, foi possível desenvolver a oralidade,
a criatividade e a escrita, utilizando as histórias em quadrinhos como um suporte, aprimorando assim, a leitura, a
interpretação e produção textual dos alunos.
As histórias em quadrinhos são objetos de estudos de diversos campos do conhecimento há muito tempo. Logo,
optou-se por apresentar as histórias em quadrinhos aos alunos para atender aos pedidos dos mesmos de trabalhar
com este tipo de gênero que deu início à formação de grande parte dos alunos como leitores. Optando por dar início
ao projeto partindo da chamada “alfabetização” (VERGUEIRO, 2009, p. 31) a linguagem específica dos quadrinhos é
indispensável para que o aluno decodifique as múltiplas mensagens neles presentes e, também, para que o professor
obtenha melhores resultados em sua utilização.
Visto que o uso de atividades lúdicas como ferramenta de ensino pode proporcionar um melhor desempenho do
processo ensino-aprendizagem, fazendo com que as aulas se tornem mais atrativas e prazerosas, tanto para o professor
quanto para o aluno, além disso, esse tipo de atividade ainda pode melhorar a interação e a relação professor/
aluno. Seguindo esta linha de raciocínio e olhando especificamente para o gênero textual História em Quadrinhos,
acreditamos que este tipo de texto possa ser uma ferramenta lúdica possível de despertar nos alunos o gosto pela
leitura, motivando-os a outras leituras e a terem também um melhor desempenho na resolução das atividades de
um modo geral. A maneira como são criadas as HQs, contação de histórias e fatos através de desenhos, pode passar
ao aluno a ideia de que o lúdico proporciona o aprender brincando, pois os desenhos são os primeiros contatos das
crianças com o mundo escolar. Esta afirmação é corroborada por Sousa (2014), na seguinte passagem:
[...] os quadrinhos têm um aspecto lúdico para a criança, ótimo para a iniciação à leitura. A junção de texto e
imagem, a noção de movimento, cada descoberta após virar a página, tudo isso desperta o interesse pela leitura. E
já há até pesquisas, inclusive no Brasil, mostrando que crianças que lêem gibis têm mais facilidade de aprendizado.
Ler exercita a imaginação, aguça a curiosidade e desperta o interesse pelo desconhecido. (SOUSA, 2014)

Em suma, a escolha das HQs não pode ser feita aleatoriamente, e requer alguns cuidados por parte do professor. Este
precisa estar atento quanto à adequação da faixa etária de cada aluno; e também se a linguagem dessas HQs é clara e
coerente com o tema abordado em sala de aula.

1. CAMINHOS PERCORRIDOS NO 3º ANO A


O primeiro passo para o desenvolvimento do projeto foi apresentar algumas revistas em quadrinhos, para que eles
compreendessem de forma concreta o gênero textual em estudo. Eles tiveram a liberdade de escolher e ler algumas
histórias em quadrinhos na sala de leitura. No primeiro momento, lemos algumas HQs, fazendo entonações na voz de
acordo com os balões, apresentamos alguns balões e onomatopeias mostrando a diferença entre elas.
104
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
Ao concluir a primeira etapa com a leitura, passamos para a segunda etapa com a interpretação de HQs. Os alunos
realizaram as interpretações nas aulas de LIP (Leitura, interpretação e produção de texto), com a participação ativa
dos alunos foi feita a leitura, em seguida, eles realizavam a interpretação. Esse momento, foi determinante no
desenvolvimento cognitivo e raciocínio – lógico de cada aluno.
Na terceira etapa, os alunos iniciaram a realização da sua história em quadrinhos. Eles fizeram um esboço, até chegarem
a história final, alguns alunos tiveram dificuldade em desenhar, apesar disso, foi notado o empenho de todas as crianças
em deixar seu desenho bonito, e o texto coerente com o tema Cidadania, a qual trabalhamos durante a realização da
história em quadrinhos.
Os alunos tiveram a liberdade de criar seu próprio super-herói ou utilizar os super-heróis que eles mais se identificavam
ou gostavam. Foi possível observar o desenvolvimento das habilidades artísticas, como também o desenvolvimento
da leitura e produção de texto. Além das produções de HQs, foi inserido a projeto bimestral Cidadania, realizando uma
interdisplinaridade entre os conteúdos das disciplinas do componente curricular do Ensino Fundamental I.
Após as etapas apresentadas os alunos produziram em sala de aula uma história em quadrinhos, os alunos foram
direcionados a abordar em suas HQs o tema cidadania. Eles apresentaram uma história em quadrinhos, cujo o super-
herói deveria representar um bom cidadão, demonstrando atitudes de cidadania. Entende-se que ser cidadão é saber
dos nossos direitos e deveres, é respeitar os direitos alheios, para que se tenha uma integração social, formando uma
sociedade mais justa.
De acordo com Paro, “...a tarefa primeira do educador é oferecer as condições propícias ao desenvolvimento de sua
vontade de aprender”. (2010. p. 55) Pensando nisso, foi proporcionado um ambiente estimulador para que o aluno
desenvolve-se a leitura das HQs. A sala de aula foi toda decorada de acordo com o tema super-heróis, os alunos tiveram
momentos de leitura das HQs na sala de leitura e também assistiram ao filme do Quarteto Fantástico. Foi possível
observar, que isso desenvolveu e estimulou as habilidades da escrita e a criatividade na hora da produção de sua HQ.
Os alunos realizaram a história em quadrinhos com muita facilidade, alguns inventaram seu próprio super-herói, outros
utilizaram os heróis que já existem nas HQs. O resultado foi incrível. Paro (2010) afirma que:
O professor aprende enquanto ensina e se fortalece em seus atributos intelectuais, tornando-se mais poderoso à
medida que enriquece sua personalidade. (p.49)

Diante disso, foi possível observar, que o projeto anual do Colégio Alexander Fleming #Somos todos super-heróis, não
favoreceu apenas os alunos no seu desenvolvimento cognitivo, linguístico, criativo e raciocínio – lógico. Ele desempenhou
um papel como facilitador entre professor-aluno, aluno-professor, demonstrando que aluno aprende com o professor
e professor aprende com aluno, um ciclo que não termina, ele apenas evolui e aumentando conhecimentos de ambas
as partes.
O trabalho realizado foi muito satisfatório, muitos conhecimentos foram alcançados, habilidades que antes eram
desconhecidas foram descobertas e desenvolvidas. O desenvolvimento do projeto abriu muitas possibilidades a serem
trabalhadas, o professor que visa o crescimento e desenvolvimento do seu aluno deve estar sempre buscando favorecer
um ambiente que aguce a busca do conhecimento.

105
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
2. CAMINHOS PERCORRIDOS NO 3º ANO B
A ideia inicial para a produção das histórias em quadrinhos faz parte do projeto anual do Colégio Alexander Fleming,
com o tema #Somos todos super-heróis. A partir desse tema, foram elencados diversos assuntos referentes ao nosso
cotidiano. Para a criação das histórias em quadrinhos os alunos do 3º ano B tiveram como tema direcionado a cidadania.
Para a elaboração da história em quadrinhos foi apresentado dois vídeos aos alunos. O vídeo apresentado foi conhecer o
criador da primeira história em quadrinhos. O segundo vídeo demonstrou como elaborar uma história em quadrinhos,
desde a criação do desenho até o balão adequado nas falas das personagens.
Os alunos criaram um esboço com os desenhos, montaram uma sequência da história organizados em seis quadros. O
segundo momento foi a criação dos balões e as falas, e por fim o momento de colorir os desenhos.
Os alunos puderam apresentar aos colegas sua HQs e este momento foi de suma importância para a execução do
trabalho, pois trata-se de uma forma de enriquecer o processo criador da criança. Sensibilizar os alunos, para que eles
buscassem inspiração para se expressar a partir do assunto “cidadania”, deu um novo significado para a criação das
histórias. Além de ampliar os o conhecimento dos alunos acerca dos gêneros textuais as HQs também colaboraram
com a formação bons leitores e escritores.

3. CAMINHOS PERCORRIDOS NO 3º ANO C


A ideia inicial para a produção das histórias em quadrinhos faz parte do projeto anual do Colégio Alexander Fleming,
cujo tema do ano de 2018 é #Somos todos super-heróis”. A partir desse tema, foram elencados diversos assuntos
referentes ao nosso cotidiano. A turma do 3º ano teve como assunto principal nas suas histórias, a cidadania como já
mencionado.
Os alunos fizeram um texto narrativo a partir do tema proposto, partindo para a produção das histórias em quadrinhos
por meio do texto escrito. Iniciaram os desenhos com criação de esboços da página e dos quadros, montaram as
histórias e depois fizeram os desenhos definitivos.
O último passo, a parte mais divertida do trabalho foi o momento de colorir os desenhos, definindo as cores e os
detalhes a serem concluídos. A apresentação de histórias em quadrinhos foi de suma importância para a execução do
trabalho, pois trata-se de uma forma de enriquecer o processo criador da criança. Sensibilizar os alunos, para que eles
buscassem inspiração para se expressar a partir do assunto “cidadania”, deu um novo significado para a criação das
histórias.

106
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No desenvolvimento do projeto anual #Somos todos super-heróis, foi possível agregar outro projeto, a qual realizamos
no 3º bimestre, com o tema Cidadania. Entende-se que a escola é formadora de cidadãos e tem a função de apresentar
e desenvolver os valores, direitos e deveres de maneira consciente, coerente e crítica. Verificou-se que os alunos
conseguiram entender na prática, o que é ser um bom cidadão, pois além de atitudes que eles deveriam ter como bons
cidadãos, como ajudar seu colega quando não entender o conteúdo, até jogar lixo no lixo, eles também desenvolveram
suas histórias em quadrinhos de acordo com o tema. Percebe-se que eles entenderam que ser cidadão vai além saber
seus direitos e deveres, são valores que ficarão guardados em sua mente e em seu coração.
Trabalhar nesse projeto foi especial e muito gratificante. O foco principal foi o respeito e a valorização do trabalho de
cada criança. Ampliar o repertório na busca de novos saberes para as aulas diárias é de suma importância para um
ensino com mais qualidade. Quando o professor oferece formas diferentes de se trabalhar, a criança enriquece o seu
processo criativo, sempre preservando e respeitando a cultura de cada indivíduo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PARO, Vitor Henrique. Educação como exercício do poder: crítica ao senso comum. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2010.
RAMOS, Paulo. A leitura dos quadrinhos. São Paulo: Contexto, 2009.
SOUSA, Mauricio de. Texto de Maurício de Sousa sobre a importância da leitura nas escolas. 13. out. 2007. Disponível
em: . Acesso em: 29 Jul. 2014.
VERGUEIRO, Waldomiro e RAMA, Ângela – Como Usar as Histórias em Quadrinhos na Sala de Aula – Editora Contexto
– São Paulo – 2009.

107
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS 3º A

Catarina Fleury Vieira Lajo


Catharina Gimael Garcia Hojas Lofrano
Francisco Guilherme Antônio
Thais Kanomata de Mesquita Gasparini
Victor Huang

108
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
109
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
110
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
111
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
112
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
113
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS 3º B

Bruno Bovolenta El Khouri


Heloisa Dapont Zanin
Isabela Homaidan Cervieri
Isis Alencar Corrêa Costa
Maria Clara Brazili de Quadros

114
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
115
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
116
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
117
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
118
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS 3º C

Beatriz Camargo Tompstti Borghetti Zampieri


Felipe Seiki Furucho Novaes
Fernanda Olibone Tabosa
João Marco Guimarães Corrêa
Manuela Santos da Silva Monteiro

119
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
120
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
121
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
122
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
123
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
124
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 9 · A Contribuição do Gênero História em Quadrinhos para o Desenvolvimento da Cidadania
CAPÍTULO 10
PRODUÇÃO DE HISTÓRIA EM
QUADRINHOS COM AS TEMÁTICAS
SAÚDE, VIDA E SOLIDARIEDADE
Lisane de Castro Cruz dos Santos
Terezinha de Jesus Ferreira
INTRODUÇÃO
Visando estimular, no Âmbito social, da vida, saúde, a solidariedade e a coparticipação no âmbito pedagógico, o gosto
pela leitura e a escrita das crianças, foi elaborado e posto em prática o projeto pedagógico #Somos todos super-heróis.
Pautado sob o tema transversal Ética e Saúde, o projeto promove uma reflexão sobre atitudes simples do cotidiano
que, diante da realidade atual, acabam se tornando atitudes próprias de super-heróis.
Temos vivido tempos modernos, presenciando grandes descobertas e avanços em diversas áreas de conhecimento,
mas, por outro lado, estamos pagando um alto preço por tanta tecnologia, inovação e estímulos a todo instante, onde
os cidadãos ficam a mercê das redes sociais e que de certa forma os tornam pessoas sedentárias e individualistas
deixando de interagir e socializar com as pessoas que estão a sua volta. Assim, faz-se necessário incentivar em nossas
crianças atitudes solidárias, de respeito ao próximo, de trabalho em equipe, afinal, ensinar nossas crianças a compartilhar
no mundo real é imprescindível.

1. OS HERÓIS DA SAÚDE, VIDA E SOLIDARIEDADE NA VERSÃO DOS ALUNOS DO 4º A


As etapas do projeto #Somos todos super-heróis foram planejadas e executadas sob os olhos criteriosos de profissionais
que buscam a formação integral do cidadão. Em um primeiro momento, aguçamos a curiosidade dos alunos a partir
do seguinte questionamento: “Para você, o que é ser um super-herói?”. Cada aluno teve a oportunidade de expor sua
opinião que girou em torno dos heróis de quadrinhos que eles conhecem. Segundo Barbosa (2004, p. 21):
há várias décadas, as histórias em quadrinhos fazem parte do cotidiano de crianças e jovens, sua leitura sendo
muito popular entre eles. [...] As histórias em quadrinhos aumentam a motivação dos estudantes para o conteúdo
das aulas, aguçando sua curiosidade e desafiando seu senso crítico.

Então pertinentemente levamos os alunos a raciocinarem sobre as características que os heróis de quadrinhos
possuem. Com a nossa intervenção e conhecimento dos alunos conceituamos que o super-herói é aquele possuidor
de superpoderes e usa os mesmos para ajudar quem está em dificuldade. A utilização das histórias em quadrinhos
no ensino faz com que os alunos tenham um bom rendimento nas escolas, possibilitando um melhor desempenho no
processo de ensino e aprendizagem. O que corrobora com o autor Barbosa 2004, p. 23):
Os quadrinhos auxiliam no desenvolvimento do hábito de leitura – a ideia preconcebida de que as histórias em
quadrinhos colaboravam para afastar as crianças e jovens da leitura de outros materiais foi refutada por diversos
estudos científicos. [...] Os leitores de histórias em quadrinhos são também leitores de outros tipos de revistas, de
jornais e de livros”. (BARBOSA, 2004, p. 23)

Sendo assim, os alunos estavam preparados para a próxima etapa do projeto, a transposição para a realidade.
Enfatizando o personagem Homem de Ferro, os alunos foram convidados a refletir sobre a tecnologia, seus usos e
suas consequências. Focando a problemática do individualismo, pedimos aos alunos para listarem atitudes que
combateriam o egoísmo e, dessa forma, os alunos chegaram ao conceito de solidariedade.
Na próxima etapa, os discentes foram levados a pensar sobre o heroísmo de algumas práticas solidárias. Citamos
exemplos do conhecimento de mundo deles, como por exemplo, o trabalho dos bombeiros, lixeiros, enfermeiros,
126
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
médicos, mães ou pais que sustentam sozinhos suas casas, professores que se dedicam a ensinar, entre outros. Sobre
superpoderes foram citados sentimentos como paciência, bondade, amor, altruísmo, determinação, entre outros. Por
essa perspectiva os alunos concluíram que há muitos super-heróis reais, que não precisam de capa e nem de poderes
fantásticos para ajudarem ao próximo, mas, precisam de boa vontade, disposição e garra para tornar melhor o dia de
alguém.
Após toda a contextualização do tema, os alunos foram levados a refletir sobre o gênero textual adequado para que
pudessem expressar a ideia central do trabalho: #Somos todos super-heróis, e fora acordado que o gênero História
em Quadrinhos seria excelente para expor a ideia do super-herói, além de propiciar uma experiência estética aos
educandos.
De tal modo, foi necessário trabalhar os conceitos e características do gênero em questão, o que fora feito a partir
de textos de apoio e mostra de gibis. Retomamos conteúdos acerca da linguagem, explicitando a importância da
linguagem não verbal nas HQs. Por meio da leitura de gibis, os alunos puderam perceber a relevância das expressões
faciais e corporais das personagens, bem como a escolha adequado dos balões. Outro conteúdo trabalhado com os
alunos foi das onomatopeias, uma vez que seu uso enriquece e contribuiria para o entendimento global de um texto
desse gênero.
Para concluir o projeto, a última etapa consistia na produção de uma HQs com seis quadrinhos que, por meio da
linguagem multimodal, retrataria uma situação na qual uma pessoa comum demonstrasse seu lado heroico a partir
de uma atitude solidária. Intermediamos toda a elaboração do texto, auxiliando nos aspectos linguísticos e artísticos.
Após o término, dessa etapa os alunos foram incentivados a realizarem uma mostra e leitura coletiva dos trabalhos.
A avaliação do envolvimento, participação e desempenho de cada aluno em relação às etapas do projeto nos permite
afirmar o sucesso desse trabalho. Os trabalhos construídos pelos educandos fornecem-nos subsídios para garantir que
houve aprendizagem no que tange o tema em questão, dessa forma, é certo assegurar que a partir desse projeto foi
possível ensinar a nossas crianças uma lição de cidadania, ética e solidariedade.

2. OS HERÓIS DA SAÚDE, VIDA E SOLIDARIEDADE NA VERSÃO DOS ALUNOS DO 4º B E C


A temática desenvolvida com os alunos dos 4º anos B e C foi voltada para o cientista Alexander Fleming que descobriu
acidentalmente a Penicilina.
A principio foi discutido com os discentes sobre as HQs, o que eles mais gostavam nas HQs, quais os personagens que
mais lhe chamavam atenção, o que eles conheciam dos super-heróis, suas qualidades e fraquezas. Dentro desse contexto
falamos a respeito de alguns super-heróis como Superman, Homem-Aranha e Batman, levantamos questionamentos
sobre o que eles sabiam a respeito de cada um deles e nesse momento houve uma troca de informações e experiências
vivenciadas por cada aluno. Ressaltamos nesse momento as características de cada super-herói como honestidade,
respeito, sinceridade, a busca pelo bem comum, justiça e a bondade.
Questionamos se conheciam algum herói que fez algo grandioso que tenha atingido toda a humanidade com sua
benfeitoria e se era possível que algum de nós pudesse ser considerado um herói e alguns alunos opinaram dizendo
127
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
que um bombeiro que salva a vida de uma pessoa pode ser considerado um herói. Aproveitamos esse momento
para enfatizar que a nossa produção de HQs seria voltada para o médico-cientista Alexander Fleming e que os alunos
deveriam a partir de sua biografia construir a sua produção tendo ele como super- herói. Fizemos um estudo detalhado
sobre a biografia do cientista para que os alunos pudessem ampliar seus conhecimentos e pudessem elaborar e planejar
a construção de sua HQ. Para facilitar a elaboração e construção das mesmas estudamos as características do gênero
em questão, uma vez que na sala de aula temos uma pequena “gibiteca” à disposição dos alunos para que eles possam
ler entre o intervalo de uma atividade e outra. Pode de acordo com Rezende (2009, p.16):
As HQs são “[...] obras ricas em simbologia – podem ser vistas como objeto de lazer, estudo e investigação. A
maneira como as palavras, imagens e as formas são trabalhadas apresenta um convite à interação autor-leitor.

No caderno de leitura, interpretação e produção anexamos algumas informações de como se produzir HQs, como
utilizar as onomatopeias, as falas nos balões, os tipos de balões utilizados e uma pequena produção no caderno como
“treinamento” antes de colocar em prática tudo o que foi assimilado em sala de aula.
Para concluir o projeto, a última etapa consistia na produção de uma HQs com seis quadrinhos, onde os discentes
tinham como objetivo criar um super-herói tendo como referência Alexander Fleming. Nesse momento houve troca de
experiências e informações entre os alunos.
Os educandos foram avaliados quanto ao envolvimento, participação e desempenho de cada um em relação às etapas
do projeto. Os trabalhos construídos fornecem-nos subsídios para garantir que houve aprendizagem no que tange o
tema em questão, dessa forma, é certo assegurar que a partir desse projeto foi possível ensinar a nossas crianças uma
lição de cidadania, ética, saúde e solidariedade.

128
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com Projeto #Somos todos super-heróis e a produção de HQs vimos em nossos discentes a sensibilidade e a dedicação
em produzir, criar e acima de tudo compartilhar com o outro as experiências vivenciadas e o prazer pela leitura. Em
virtude das atividades mencionadas, a HQs pretende não só ampliar o contato dos alunos com o gênero textual, como
também colaborar para a formação de atitudes favoráveis a leitura, a escrita e o aprendizado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Alexandre et al. Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2006.
REZENDE, Lucinea Aparecida de. Leitura e Formação de Leitores: Vivências TeóricoPráticas.Londrina: Eduel, 2009.
129
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS 4º A

Isadora Alves Allegretti


Manuela Allreri Pinto de Arruda
Maria Clara Guilherme Barros
Maria Luiza Miranda Cavalli
Matheus Souza Guimarães

130
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
131
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
132
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
133
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
134
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS 4º B

Helena Silva Bellin


Luca Lopes Telles Mendonça Lima
Maria Clara Dalpasquale da Silva
Pedro Figueiredo Moreira
Rafael de Castro Tanaka
Thyago Lefchak Dias da Silva
Vitória Barbosa Chinaglia

135
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
136
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
137
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
138
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
139
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
140
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
141
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
142
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS 4º C

Joaquim Espindola de Araújo Lopes


João Gilberto Moreira de Andrade
Murilo Zan Schossler
Pedro Micnov Bogue Mendes
Yann Matheus Ferreira de Melo

143
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
144
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
145
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
146
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
147
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
148
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 10 · Produção de História em Quadrinhos com as temáticas Saúde, Vida e Solidariedade
CAPÍTULO 11
PROJETOS ESCOLARES UMA
PODEROSA FERRAMENTA DE ENSINO
Cristiane Adriane Okama
Glaucinei Dutra Galvão
Hélia Martins Góes
INTRODUÇÃO
O presente capítulo apresenta uma série de experiências metodológicas com Histórias em Quadrinhos (HQs) para
alunos do 5º ano do Ensino Fundamental. Estas experiências buscaram contribuir com o aprimoramento da língua
escrita, leitura, interpretação e oralidade dos alunos além de somar com o desenvolvimento do projeto #Somos todos
super-heróis.
As experiências compartilhadas surgiram a partir da proposta da coordenação do Colégio Alexander Fleming com
a união de outros quatro projetos bimestrais desenvolvidos ao longo do ano, são eles: Valores, Meio Ambiente/
Sustentabilidade, Cidadania e Vida é Saúde, os mesmos se compilaram em um único projeto anual denominado #Somos
todos super-heróis. As professoras dos 5º anos trabalharam com todos os projetos, mas os desdobramentos maiores
foram dedicados ao projeto Sáude é Vida.
Logo um turbilhão de ideias surgiram com a proposta de unir os ideais dos projetos com as disciplinas de Ciências,
Geografia, Gramática, História, Matemática e Leitura e Produção de Texto e nas linhas que seguem tecemos nossas
experiências na perspectiva de se usar as HQs como uma poderosa ferramenta de ensino.

1. A RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA NA CONSTRUÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE ENSINO E


APRENDIZAGEM
Logo no início do ano tivemos o privilégio de receber em nossa escola o Núcleo de Pesquisas em Quadrinhos (NuPeQ),
da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, nas pessoas do Professor Doutor Nataniel dos Santos Gomes e da
Professora Mestra Marly Custódio da Silva, que nos presentearam com uma belíssima palestra sobre as possibilidades
de se trabalhar com as HQs explorando o tema #Somos todos super-heróis, além de apresentarem teóricos e teorias
sobre o tema.
No mês de junho deste ano os alunos do 4º e 5º ano também foram brindados com uma palestra do NuPeQ, contamos a
presença do Professor Doutor Nataniel dos Santos Gomes e Professora Mestra Dagmar Nogueira da Silva, os professores
abordaram o tema Inclusão e Super-heróis. O que a escola buscou com as palestras foi desconstruir alguns mitos sobre
as HQs, pois de acordo com Saviani (2005) que para instalar uma nova teoria é preciso que se desestabilize o que já está
instituído; não basta reconhecer o novo como uma verdade, para que esse fato altere a forma de pensar. Sendo assim,
este primeiro contato com as teorias que cercam o mundo das HQs solidificaram os demais passos do projeto.

2. IMAGINAÇÃO E CRIATIVIDADE NA CRIAÇÃO DE HQS


Com o intuito de envolver todas as matérias com o gênero HQs o material adotado pela escola Coleção Phases que faz
parte do Sistema de Ensino Poliedro colaborou ricamente, pois o mesmo explora as HQs em todas as disciplinas, e dedica
na Coleção Phases Português do 1º semestre um capítulo inteiro sobre o estudo do gênero em questão. Neste capítulo
da unidade os alunos puderam ampliar sua visão sobre as características do gênero e produzir belíssimos quadrinhos
enriquecendo o trabalho.
150
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
E com base nesta gama de conhecimentos obtidos e postos em prática, entramos na segunda fase que seria levar os
pequenos escritores a produzirem quadrinhos que abordassem um dos temas dos projetos bimestrais. Para as turmas
do 5º anos ficou decidido que abordaríamos o projeto Saúde é Vida. Logo foi organizando duas aulas com vídeos curtos
sobre a história das HQs, na primeira aula exploramos o trabalho do youtuber André Teixeira com o vídeo intitulado
“Quem inventou a história em quadrinho (hq)?” e o segundo da bibliotecária Michele, cujo o tema do vídeo é “Como
fazer História em Quadrinhos”, após este momento de descontração procuramos dirimir as dúvidas dos alunos relação
à produção de HQs.
Para envolver a temática Saúde é Vida assistimos dois vídeos curtos produzidos pelo Mistério da Saúde e Mistérios da
Educação que abordaram o tema Saúde na Escola e Alimentação Saudável, os vídeos foram produzidos para alunos
dessa faixa etária de estudante o que favoreceu o envolvimento dos mesmos com o tema, por conseguinte Gasparin
(2005) busca fundamentar uma proposta, baseada também na teoria Histórico-Cultural de Vigotsky, a qual considera e
privilegia os conhecimentos que os alunos já trazem de casa, bem como estimula a aquisição daqueles que os discentes
precisam saber.
Dialogamos com os alunos sobre a importância de discutir temas como estes na escola, porque é uma oportunidade
de compartilharmos a adquirimos novos conhecimentos com nossos professores e colegas de classe. Começamos
desde os primeiros passos aguçar a imaginação e criatividades dos alunos para produção das HQs de acordo com
Vigotsky, 1982, p. 8:
A imaginação, como base de toda atividade criadora, se manifesta por igual em todos os aspectos da vida cultural,
possibilitando a criação artística, científica e técnica. Neste sentido, absolutamente tudo que nos rodeia e tenha
sido criado pela mão do homem, todo o mundo e a natureza, tudo é produto da imaginação e da criação humana,
baseado na imaginação.
Dentro desta proposta de enriquecimento da imaginação e criatividade buscou-se estabelecer um ensino voltado
para o desenvolvimento de competências e habilidades linguísticas, interpessoal e intrapessoal. Desta forma os
alunos criaram HQs que foram além das expectativas, criando super-heróis da Vida e da Saúde, deixando claro como é
importante estimular, despertar a imaginação e criatividade.

3. INTERAÇÕES DE CONTEÚDOS E DISCIPLINAS


Para dar continuidade ao desenvolvimento do projeto #Somos todos super-heróis com as demais disciplinas de Ciências,
Geografia e História propusemos aos alunos, que apresentassem seminários sobre os personagens escolhidos para as
turmas do 5º ano - os Vingadores, esta escolha é fruto do sucesso que com o público em geral, pois de acordo a revista
Época, 2018:
Universo Cinematográfico Marvel é a franquia de maior sucesso financeiro da história do cinema. Em 10 anos, os
18 filmes da Marvel Studios arrecadaram quase US$ 15 bilhões em bilheteria. Vingadores: Guerra Infinita chega [...]
duas semanas antes da estreia, a produção já havia ultrapassado os sete últimos filmes da Marvel combinados na
pré-venda de ingressos.
E todo este sucesso favoreceu o desenvolvimento dos seminários e demais atividades de sala, pois é importante que
os alunos sintam-se envolvidos com conteúdo proposto, Santos (2008, p.73), apresenta as sete atitudes recomendadas
nos ambientes de aula:
151
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
1. Dar sentido ao conteúdo: toda aprendizagem parte de um significado contextual e emocional.
2. Especificar: após contextualizar o educando precisa ser levado a perceber as características específicas do que
está sendo estudado.
3. Compreender: é quando se dá a construção do conceito, que garante a possibilidade de utilização do
conhecimento em diversos contextos.
4. Definir: significa esclarecer um conceito. O aluno deve definir com suas palavras, de forma que o conceito lhe
seja claro.
5. Argumentar: após definir, o aluno precisa relacionar logicamente vários conceitos e isso ocorre por meio do
texto falado, escrito, verbal e não verbal.
6. Discutir: nesse passo, o aluno deve formular uma cadeia de raciocínio pela argumentação.
7. Levar para a vida: o sétimo e último passo da (re) construção do conhecimento é a transformação. O fim último
da aprendizagem significativa é a intervenção na realidade. Sem esse propósito, qualquer aprendizagem é inócua.
(SANTOS, 2008, pp. 73-74).

E com base nas colocações de Santos, procuramos envolver os alunos com as características dos personagens Vingadores
e ao mesmo tempo levá-los a produzirem diversos gêneros textuais como biográficas, histórias em quadrinhos, você
sabia e curiosidades. Dentro destes processos de criação os alunos leram, interpretaram, produziram, ampliaram seu
repertório linguístico e compartilharam seus conhecimentos já adquiridos.

152
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizamos este artigo agradecendo ao Colégio Alexander Fleming pela criação de projetos tão envolventes e
motivadores, que contribuem ricamente com o processo de aprendizagem dos seus alunos e aprimoramento das
práticas pedagógicas de seus professores. A execução de diferentes tipos de projetos requer práticas pedagógicas e
dinâmicas com alunas diferenciadas que enriquecem o processo de ensino.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GASPARIN, J. L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 3 ed. Campinas: Autores Associados, 2005
NEGÓCIOS, Época. ‘Vingadores: Guerra Infinita’ e o sucesso financeiro do Universo Cinematográfico Marvel.
Disponível em: <https://epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2018/04/vingadores-guerra-infinita-e-o-sucesso-
financeiro-do-universo-cinematografico-marvel.html>. Acessados em: 06 de set. 2018.
SANTOS, J. C. F. dos. Aprendizagem Significativa: modalidades de aprendizagem e o papel do professor. Porto
Alegre: Mediação, 2008.
SAVIANI, Dermeval. Educação socialista, pedagogia histórico-crítica e os desafios da sociedade de classes. In:
LOMBARDI, José Claudinei; SAVIANI, Dermeval (Org.)
Marxismo e Educação: debates contemporâneos. Campinas: Autores Associados, 2005.

153
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS 5º A

Beatriz Chedid Mendonça


Julia Huang
Marcelo Lima Queiroz
Maria Eduarda Martins Toledo
Maria Rita Marcato de Souza

154
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
155
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
156
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
157
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
158
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
159
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS 5º B

Ana Lila Maidana Maltez


Amanda Rezende e Hoffmeister Pasohoini
Gustavo do Amaral Liberali
Pedro Herculano dos Santos Barros
Thiago de Barros Santa Lucci e Silva

160
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
161
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
162
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
163
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
164
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
165
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS 5º C

Davi Barcelos Cansanção Silveira


Gabriel Ostuka Toyota
Helena Saalfeld Ferreira
Luis Gustavo Barboza Sanches
William Hota Oliveira de Melo

166
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
167
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
168
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
169
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
170
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 11 · Projetos Escolares uma poderosa Ferramenta de Ensino
ARTE POP ART, LÍNGUA INGLESA
CAPÍTULO 12
E TECNOLOGIA NO UNIVERSO
DO SUPER–HERÓI
Deylla Thalyta Fogaça de Souza1
Marilyn Gomes Pael 2
Sabrina Wohnrath Bianchi 3

1 Graduação em Tecnologia em produção multimídia - UNIDERP, Licenciatura em computação – UFGD,


Pós Graduada em Mídias na Educação - UFMS
2 Licenciatura em Letras – Inglês – UNIDERP, Pós Graduação em Psicopedagogia clínica hospitalar e
escolar – UNASSELVI
3 Licenciatura em Educação Artística – FATEA, Licenciatura em Artes Visuais – IESF, Pós Graduada em
Cultura e Criação – SENAC, Pós Graduação em Gestão e Coordenação Pedagógica – Libera Limes.
INTRODUÇÃO
A arte pop surge no final dos anos de 1950, utilizando referências e imagens da cultura popular. Foi chamada assim
pela primeira vez, pelo crítico de arte Lawrence Allowey, referindo-se a tudo que era produzido pela cultura popular,
principalmente na América do Norte. O movimento iniciou na Inglaterra e logo frutificou nos EUA, posteriormente, sua
abrangência foi inesperadamente global, popularizando através da arte, ícones pops, inclusive em culturas e países
fechados, como Cuba e China.
O alto poder imagético das produções artísticas veio na contramão do Expressionismo Alemão que até então dominava
o cenário artístico. Agora chegara a vez da cultura de massa, o culto às imagens. Tudo poderia ser utilizado como
material artístico, caixas de sabão – Brillo Box, latas de sopas Campbell – Campbell’s Soup Cans, imagens televisivas e
até mesmo as histórias em quadrinho.
Nos anos 1960 tudo era produzido massivamente, e criou-se uma aura especial em torno do que é considerado
popular. Desta esfera foi transplantada a simbologia e os signos típicos da massa, para que assim fossem rompidas
todas as possíveis barreiras entre a arte e o povo. Dessa maneira, houve um certo fascínio em torno do modo de vida
da população dos EUA. Sobre o movimento da pop art (WILSON, s.d. p.14) comenta:
O pop está enraizado no ambiente urbano. Não somente enraizado: o pop contempla aspectos especiais daquele
ambiente, aspectos que por suas associações e nível cultural pareciam à primeira vista incompatíveis temas para
arte. Esses temas eram os quadrinhos e revistas ilustradas; anúncios e embalagens de toda a espécie; o mundo
do espetáculo popular, incluindo o cinema de Hollywood, a música popular e feiras de amostras, parques de
diversões, rádio, televisão e tabloides sensacionalistas; bens de consumo duráveis, principalmente refrigerantes;
carros; estradas e postos de gasolina; alimentos, especialmente cachorros-quentes, sorvetes e tortas; e por último,
mas não menos importante, o dinheiro.

Os artistas pop tratam de forma ironizada o excesso de consumo que domina o comportamento social, eles adotam
materiais como a tinta acrílica, poliéster, látex, colorações fortes, imitando artefatos da rotina popular, tornando o
kitsch aceitável e até mesmo “Cult”.

1. EXPLORANDO A LINGUAGEM POP ART NA DISCIPLINA DE ARTE


Dentro do projeto “#Somos todos super-heróis”, a linguagem POP foi escolhida para desenvolvimento de trabalhos
interdisciplinares entre a Arte, Inglês e Informática, para as turmas dos 5º anos. A onomatopeia, comum nos fragmentos
de histórias em quadrinhos de Roy Lichtenstein e presente no universo super-herói, fez a ponte de ligação para
trabalharmos linguagens artísticas, expressões e vocabulário na Língua Inglesa e ferramentas tecnológicas para criação
de um autorretrato “superpop”.
Em um primeiro momento, apresentamos a Arte Pop e os principais artistas, mostrando a dinâmica da linguagem
artística, levantando questionamentos sobre a desmaterialização humana provocada pelos modismos e pela indústria
de consumo. O tema é bastante relevante, visto que estamos trabalhando valores e apontando para um ser humano
herói, que abre mão de si próprio para enxergar o próximo.

172
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 12 · Arte Pop Art, Língua Inglesa e Tecnologia no Universo do Super–Herói
Para melhor aproximação do tema super-heróis, o artista enfatizado foi Roy Lichtenstein, o qual transmite exatamente
o estilo das HQs, trabalhando com cores fortes, marcação dos contornos e técnicas como o pontilhismo, para recriar as
retículas dos quadrinhos impressos. De acordo com Toledo (2018), há uma intensa valorização das obras Pop Art e ao
mesmo tempo da ascensão cultural de gênero dos quadrinhos que vem acontecendo nos últimos 20 anos.
Na prática, os alunos recriaram obras de Roy Lichtenstein com caneta hidrográfica com o objetivo de entender e se
apropriar do estilo do artista. A retícula dos quadrinhos também foi aplicada sobre onomatopeias.

2. EXPLORANDO A LINGUAGEM POP ART NA AULA DE INFORMÁTICA


Na pós modernidade, a informática vem se tornando uma ferramenta essencial para o desenvolvimento integral do
aluno, adquirindo cada vez mais relevância na vida estudantil. Mendes (2009) alerta para a necessidade de desenvolver
outras linguagens na escola, saindo apenas das aulas com quadro, giz e/ou pincel, e retroprojetor e buscando uma
exploração do computador e suas linguagens no intuito de acrescentar novas práticas. Logo ela tem seu lugar de
destaque também neste projeto.
As três turmas dos 5º anos, foram organizadas em grupos menores, para uma efetiva orientação, chegando ao
nível individual. O desafio foi transformar a própria foto em um autorretrato dentro da linguagem artística de Roy
Lichtenstein, já mencionado anteriormente. O processo de criação iniciou-se a partir da importação da foto do aluno,
organizadas previamente pela professora de informática na Pasta Meus Documentos, as imagens foram retiradas do
Sistema do Colégio Alexander Fleming.
A seguir foi realizado um tratamento da imagem utilizando a ferramenta Charcoal 2, do programa Be Funky, que
transforma o retrato em desenho, na qual é possível modificar a intensidade de cores, enfatizando as linhas de
expressão tão presente na obra de Lichstenstein. O filtro proporciona também o aumento do nível de detalhamento e
pixel presentes na imagem.
Utilizando a ferramenta Gráficos Speech Bubbles, os alunos incluíram onomatopeias pré-selecionadas na pasta,
modificando o tamanho e formato da imagem para tornar o seu autorretrato pop ainda mais divertido e exclusivo.
Feito todo esse processo, a nova imagem foi salva na Pasta, agora com a identificação e série. A professora de Informática
importou a nova imagem para o Photoshop, recortando a mesma e deixando com o fundo transparente, transportando
para um background Pop arte. Os trabalhos foram impressos na gráfica no tamanho A3 no papel couchê brilho (gloss)
na gramatura 230g/m².

3. EXPLORANDO A LINGUAGEM POP ART NA DISCIPLINA DE LÍNGUA INGLESA


Como o trabalho da Língua Inglesa é um grande desafio para a professora, visto que é o primeiro ano da disciplina no
Ensino Fundamental, buscamos incluir no projeto anual #Somos todos super-heróis, as onomatopeias das histórias em
quadrinhos onde observamos os uso de sons e interjeições muitas vezes em inglês. As onomatopeias são as imitações
de sons naturais em formas de palavras. Já na Língua Inglesa as onomatopeias são chamadas de “onomatopoeia”.
173
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 12 · Arte Pop Art, Língua Inglesa e Tecnologia no Universo do Super–Herói
O Objetivo do uso da onomatopeia é potencializar tanto a aprendizagem da Língua Inglesa como também ampliar o
vocabulário dos estudantes de uma maneira lúdica e descontraída.
Nas aulas de inglês foram apresentados cartazes com diferentes tipos de onomatopeias e juntamente com os alunos,
buscou-se o significado de cada figura a comparação entre o português e o inglês, assim como a familiaridade com
termos e expressões americanas, que vão além da aulas de gramática e textos convencionais. Os alunos foram bastante
receptivos ao assunto, demonstraram grande interesse para por em prática as onomatopeias tão comuns na Pop Art.
Segue abaixo uma amostra das onomatopeias e interjeições que foram usadas no desenvolvimento do projeto:

Ai Atchim Bang Bi-bi Buá Clap, clap


(Dor) (Barulho de espirro) (Tiro) (Buzina) (Choro) (Bater palmas)

Cof, cof Crack Crash Din-don Eca Ei


(Tosse) (Algo quebrando) (Batida) (Campainha) (Nojo) (Chamando alguém)

Grrr Nhac Opa Shhh Smack Tchibum


(Raiva) (Mordida) (Surpresa) (Pedindo silêncio) (Beijo) (Mergulho)

174
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 12 · Arte Pop Art, Língua Inglesa e Tecnologia no Universo do Super–Herói
Grrr Nhac Opa Shhh Smack Tchibum
(Raiva) (Mordida) (Surpresa) (Pedindo silêncio) (Beijo) (Mergulho)

Tic, tac Toc, toc Trrim Tum, tum Uau Ufa


(Barulho do relógio) (Batida na porta) (Telefone tocando) (Batida do coração) (Admiração) (Alívio)

Vrum Zzzz
(Motor de carro) (Sono, dormindo)

Este trabalho foi realizado entre o 5ª A, 5ª B, 5ª C, em diferentes dias da semana. E para cada sala foram dispensadas
duas aulas de 45 minutos cada. No primeiro momentos foi apresentado o assunto: onomatopeias em inglês, verificou
se previamente o que os alunos conheciam sobre o assunto, foi entregue em um papel impresso com algumas delas e
juntos conversamos sobre o significado em Português, fizemos as comparações entre Inglês e Português.
Foi então proposto para que cada confeccionasse em um folha A4 uma onomatopeia em Inglês para exposição que
será para em Outubro.

175
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 12 · Arte Pop Art, Língua Inglesa e Tecnologia no Universo do Super–Herói
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho realizado foi muito gratificante e enriquecedor tanto para nós, professoras, como para os alunos. Observando
os resultados, constatou-se o quão necessário se faz a interdisciplinaridade nos anos iniciais do Ensino Fundamental,
como meio de uma melhor aprendizagem e construção do conhecimento. As experiências teóricas e práticas com
os alunos demonstraram a grande importâncias da inovação de metodologias e processos entre as áreas escolhidas.
Como resultado final, obtivemos o sucesso na aprendizagem, os alunos demonstraram interesse e foram motivados a
realizarem em sua individualidade, o melhor possível.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ENGLISH EXPERTS. Disponível em: <https://www.englishexperts.com.br/onomatopeias-em-ingles/> Acessado em:
06 de set. de 2018.
MENDES, Lina Maria Braga. Experiências de Fronteira: os meios digitais em sala de aula. Dissertação apresentada
à Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Educação. São Paulo,
2009. Crystal, D. (2003).
LINDSAY, C. &KNIGHT, P. (2006). Learning and teaching English: a course for teachers. New York: Oxford University
Press.
TOLEDO, Marília. Pop Art e os Quadrinhos. Disponível em: <https://guiadamonografia.com.br/citacao-de-site-e-
artigo-da-internet/>. Acessado em: 29 de ago. 2018.
WILSON, Simon. A Arte Pop. Barcelona Editorial Labor do Brasil, S.A, s.d.

176
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS Capítulo 12 · Arte Pop Art, Língua Inglesa e Tecnologia no Universo do Super–Herói
177
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS
178
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS
179
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS
180
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS
181
#SOMOS TODOS SUPER-HERÓIS
Campo Grande - MS
2018

Das könnte Ihnen auch gefallen