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iluministas, que era voltado para proteger os cidadãos contra a tirania do Estado e
individuais. Este direito caracterizado pela pena de prisão, Silva Sanchez classifica
onde as penas privativas de liberdade são substituídas por penas alternativas, como
Estado mantê-la. Argumenta o autor que nos últimos anos a Alemanha tem
1
SILVA SANCHEZ. Op. Cit., p. 148.
2
Estado demonstra sua reprovação aos crimes não pela intensidade da sanção e sim
unificado3.
2
ROXIN, Claus. Tem futuro o Direito Peal? Doutrina Penal - primeira seção. Revista dos
Tribunais. n. 790. agosto de 2001, ano 90, p. 468-9.
3
SILVA SANCHEZ. Op. Cit., p. 75- 84.
4
D'AVILA, Fabio Roberto. A Crise da Modernidade e as suas Conseqüências no Paradigma Penal
(Um breve excurso sobre o Direito Penal do Risco). Mundo Jurídico. Disponível em:
<http://www.mundojuridico.adv.br/html/artigos/documentos/texto050.htm> Acesso em: 14.dez.
2004.
3
rígidos, não está preparado para tanto, surge como alternativa a “teoria dualista do
dois níveis5”.
Penal leva em conta que aos delitos socioeconômicos são imputadas penas
privativas de liberdade, sendo que para estas devem ser respeitadas todas as
com as penas.
5
SILVA SANCHEZ. Op. Cit., p. 142.
6
Idem, p. 142-3.
7
Idem, ibidem.
8
HASSEMER. Op. Cit., p. 68-9.
4
núcleo dos delitos individuais clássicos, para os quais é prevista a pena de prisão.
Mas, para as novas modalidades de delitos, os quais não colocam um perigo real a
das regras de imputação, é o preço pago por Direito Penal funcional, com o fim de
9
SILVA SHANCHEZ. Op. Cit., p. 146.
10
Idem, p. 145.
5
FILOSÓFICOS
Direito Penal moderno, tem raízes filosóficas distantes. Kant e Hobbes, entre outros
mutuamente sem revelarem suas hostilidades, pondo em risco a segurança uns dos
tornando-se uma ameaça perpétua13. Sendo que, nas palavras de Kant, “posso
inimigo, sendo legítima qualquer hostilidade contra ele. Para tanto, não é necessário
que cometa delitos, pois estando fora do Estado civil, ameaça constantemente a
paz15.
11
CANCIO MELIÁ, Manuel, in JAKOBS, Günter; CANCIO MELIA, Manuel, Direito Penal do
Inimigo, moções e críticas. Org. e Trad.: André Luis Callegari e Nereu José Giacomolli. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 57-65.
12
Idem, p. 25- 30.
13
KANT, Emmanuel. A paz perpétua. São Paulo: Brasil, 1936, p. 45-6.
14
Idem, p. 46.
15
KANT. Op. Cit., p. 46.
6
Hobbes, o inimigo é aquele indivíduo que rompe com a sociedade civil e volta a viver
usar seu próprio poder, de maneira que quiser, para a preservação de sua própria
natureza, ou seja, de sua vida”16. Portanto, para este autor, o estado natural dos
homens é o estado de guerra, onde todos os homens são inimigos dos outros, e um
homem pode tudo contra seus inimigos17. Pois na guerra não há lei e onde não há
pela busca de uma vida mais segura. Portanto, os homens uniram-se entre si, em
cidades, contra seus inimigos comuns pela busca da paz duradoura, renunciando de
Para Hobbes, as leis civis são feitas para os cidadãos, sendo que, os
inimigos não estão sujeitos a elas, pois negaram a autoridade do Estado, dessa
Pois,
16
HOBBES. Thomas. Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil.
Trad. João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. [s.l.]: Ed. Nova Cultural, 1997, p. 113.
17
Idem, p. 109.
18
Idem, p. 110.
19
HOBBES, Thomas. Do cidadão. São Paulo: Martin Claret, 2004. Cap. V, 10 e 11. Não paginado.
20
Idem, ibidem.
7
Dessa forma, são inimigos os que renegam o poder do Estado, sendo que
estes não devem ser punidos pela lei civil, e sim pela lei natural, isto é, “não como
súditos civis, porém como inimigos do governo, não pelo direito de soberania, mas
pelo de guerra”22.
inocente que não é súdito, portanto, inimigo, se for para o benefício do Estado, e
direito de natureza original, no qual a espada não julga, [...], nem tem outro respeito
aquele que rompe com o contrato cidadão perde todos os seus direitos de cidadão e
como ser humano e passa ao estado de ausência total de direitos. Afirma o autor
que a execução de um indivíduo, pela sua personalidade, não é pena, mas medida
de segurança24.
21
HOBBES. Leviatã, p. 237.
22
HOBBES. Do cidadão. Cap. XIV, 22. Não paginado.
23
HOBBES. Leviatã, p. 239.
24
FITCHE apud JAKOBS, In JAKOBS;CANCIO MELIÁ. Op. Cit., p. 26.
8
primeira vez, em 1985, numa palestra me Frankfurt, não recebeu muito interesse,
Jakobs defende que devem existir dois tipos de Direito, um voltado para o
cidadão e outro voltado para o inimigo. Segundo o autor, “não se trata de contrapor
contexto jurídico-penal”27.
modo coativo, mas como cidadão, pela pena28. Neste caso, o Estado não vê no
indivíduo um inimigo, que precisa ser destruído, mas o autor de um fato normal29,
que, mesmo cometendo um ato ilícito, mantêm seu status de pessoa e seu papel de
cidadão dentro do Direito. Além do que, não pode despedir-se da sociedade pelo
seu ato30.
pessoa, “pois um indivíduo que não admite ser obrigado a entrar em um estado de
pessoa, por outro lado, está envolvida com a sociedade (mundo objetivo), tornando-
se sujeito de direitos e obrigações frente aos outros membros do grupo do qual faz
procesos naturales, y aquélla un producto social que se define como la unidad ideal
31
Idem, p. 35.
32
Idem, p. 36.
33
JAKOBS, Günter. La idea de la normativización en la Dogmática jurídico-penal, in Moisés Moreno
Hernández (coordenador), Problemas capitales del moderno Derecho penal a principios del
siglo XXI, Cepolcrim, D. R. México D.F.: Editorial Ius Peonale, 2003, p. 69 e ss.
34
JAKOBS. Günter apud MARTÍN, Luis Gracia. Consideraciones críticas sobre el actualmente
“Derecho Penal del enemigo”. Revista Electrónica de Ciencia Penal y Criminología. 2005, n.
07-02. Disponível em: <http://criminet.urg.es/recpc/07/recpc07-02.pdf> Acesso em: 02 jun.2005, p.
25.
10
conciencia”35.
resultará numa pena como forma de sanção pelo ato ilícito cometido. Ao inimigo o
tratamento é diverso, a ele o Estado atua pela coação, a ele não é aplicada pena e
Pois, “o Estado tem direito a procurar segurança frente a indivíduos que reincidem
que sua personalidade tende para tanto40. Já o inimigo não oferece esta garantia,
devendo ser combatido pela sua periculosidade, e não punido segundo a sua
35
JAKOBS. In Moisés Moreno Hernández. Op. Cit., p. 72.
36
JAKOBS. In JAKOBS;CANCIO MELIÁ. Op. Cit., p. 24.
37
Idem, p. 22-3.
38
Idem, p. 29.
39
Idem, p. 30.
40
JAKOBS. In JAKOBS;CANCIO MELIÁ. Op. Cit., p. 33-4.
11
do fato. Assim,
tese, como exemplo típico de um ato terrorista. Dessa forma, o autor afirma que o
delinqüente por tendência não pode ser tratado como um cidadão que age
penal”47. Com estas afirmações, Jakobs sustenta que a separação entre Direito
41
Idem, p. 36.
42
CANCIO MELIÁ. In JAKOBS;CANCIO MELIÁ. Op. Cit., p. 80.
43
JAKOBS. In JAKOBS;CANCIO. Op. Cit., p. 44.
44
SILVA SANCHEZ. Op. Cit., p. 149.
45
Idem, p. 150.
46
JAKOBS. In JAKOBS;CANCIO MELIÁ. Op. Cit., p. 36.
47
Idem, p. 37.
12
Portanto, o Estado não deve tratar o inimigo como pessoa, pois do contrário
PENAL?
com a tese do Direito Penal do Inimigo, uma outra tendência - ou talvez seria melhor
dizer previsão - do Direito Penal moderno, a total exclusão dos direitos e garantias
48
Idem, p. 29.
49
Idem, p. 42.
13
uma terceira velocidade do Direito Penal. Na qual o ”Direito Penal da pena de prisão
estabilidade52.
delinqüentes que são responsáveis por um grande número de delitos e que tendem
50
SILVA SANCHEZ. Op. Cit., p. 148.
51
Idem, p. 148-9.
52
Idem, p. 151.
53
SILVA SANCHEZ. Op. Cit., p. 130-1.
14
liberdade vigida, que visam manter o individuo sob controle do Estado mesmo após
cidadãos têm direito. Dessa forma, o inimigo não pode ser tratado como sujeito
ordenada do processo”56.
advogado. Além de que, são admitidas contra ele provas obtidas por meios ilícitos,
ter-se um avanço da prisão preventiva como regra, que é exceção num processo
54
Idem, p. 134-5.
55
JAKOBS. In JAKOBS;CANCIO MELIÁ. Op. Cit., p. 39.
56
Idem, p. 40.
57
JAKOBS. In, JAKOBS;CANCIO MELIÁ. Op. Cit., p. 39-41.
15
Direito Penal do Inimigo como um Direito de terceira velocidade elabora por Silva
começar pelo próprio nome utilizado por Jakobs para descrever a teoria em análise,
58
CANCIO MELIÁ. In JAKOBS;CANCIO MELIÁ. Op. Cit., p. 67.
59
CANCIO MELIÁ. In JAKOBS;CANCIO MELIÁ. Op. Cit., p. 54.
16
condiz com a realidade. Alega que, mesmo sem levar-se em conta os estudos de
psicologia social em casos importantes para o Direito Penal do Inimigo, como tráfico
autor:
Inimigo, pois não é somente determinado fato que pertence à tipificação penal, mas
também outros elementos que permitam a classificação do autor como inimigo. “De
60
Idem, p. 70-1.
61
Idem, p. 71-2.
62
CANCIO MELIÁ. In JAKOBS;CANCIO MELIÁ. Op. Cit., p. 72.
17
Câncio Meliá não aceita a teoria do Direito Penal do Inimigo como inevitável,
pois afirma ser a mesma inconstitucional, além de não ser efetiva na prevenção de
argumentou,
voltado para o cidadão e outro voltado para o inimigo está destinada ao fracasso,
conforme constata Prittwitz, pois, relata o autor que, o Direito Penal como um todo
está infectado pelo Direito Penal do Inimigo, de forma que é impensável uma
que o Direito como um todo perca influência na medida em que ameaça os direitos e
Como o Direito Penal do Inimigo pune o autor pela sua periculosidade, não
Ferri e Garófalo, que propugnavam, inclusive, pelo fim das penas e imposição
um determinado fato69.
Uma crítica pode ser feita quanto à afirmação de Jakobs de que o inimigo é
uma não pessoa. Desse conceito decorre uma indagação, se o conceito de Direito
após a incidência do mesmo. Resta que a resposta afirmativa deva ser dada
segunda opção, conforme afirma Jakobs, pois do contrário, estaria-se supondo que
o Direito Penal do Inimigo pudesse ser aplicado também aos cidadãos, pois como
humano, o status de pessoa não pode ser ou deixar de ser atribuído a alguém, ou
seja, ninguém pode ser classificado como não-pessoa72. Assim, em não podendo
de que o Direito em questão é o dos cidadãos, e que este Direito somente possa ser
infringindo por quem seja destinatário de suas normas, e, conforme afirma o Direito
Penal do Inimigo este só pode ser uma pessoa, por certo se chega à conclusão de
Direito dos cidadãos. E para que se comprove que este indivíduo em questão tenha
infringido realmente o Direito dos cidadãos ele terá que ser submetido
necessariamente a um processo penal que por certo deverá ser o dos cidadãos, pois
ele entra no processo como cidadão e protegido pelas garantias desse Direito73.
71
MARTÍN, Luis Gracia. Consideraciones críticas sobre el actualmente “Derecho Penal del
enemigo”. Revista Electrónica de Ciencia Penal y Criminología. 2005, n. 07-02. Disponível em:
<http://criminet.urg.es/recpc/07/recpc07-02.pdf>.Acesso em 02.jun. 2005, p. 27- 8.
72
CONDE, Muñoz. Edmund Mezger y el Derecho penal de su tiempo. Estudios sobre el Derecho
penal en el nacionalsocialismo, Ed. Tirant lo Blanch: Valencia, 2002, p. 118.
73
MARTÍN. Op. Cit., p. 29.
20
cometeu o ato ilícito deverá sofrer as conseqüências jurídicas do Direito Penal dos
cidadãos, pois foi este Direito que o mesmo infringiu e pelo qual foi julgado. E,
mesmo que seja com o processo que o indivíduo perca sua condição de pessoa e
passe a ser um inimigo, não resta dúvida de que o mesmo deverá transcorrer
sistema jurídico, frente aos problemas sociais como os riscos do mundo pós-
modernos, internamente disfuncional76. Pois, “os fenômenos, frente aos quais reage
o Direito penal do inimigo, não tem esta periculosidade terminal pra a sociedade
74
Idem, ibidem.
75
Idem, p. 20 e 30.
76
CANCIO MELIÁ. In JAKOBS;CANCIO MELIÁ. Op. Cit., p. 76.
77
Idem. Ibidem.
78
CANCIO MELIÁ. In JAKOBS;CANCIO MELIÁ. Op. Cit., p. 77.
21
excepcionalidade”79.
incrível do Estado de Direito nos últimos dois séculos, ainda que considerando
frente às políticas dos EUA que defendem a liberdade por meio da violação do
direito à liberdade. Este sucesso, afirma o autor, deve ser observado na busca por
uma reposta aos riscos da sociedade atual, não devendo dar espaço para outro que
6 CONCLUSÃO
79
Idem, p. 78.
80
Idem, p. 80.
81
PRITTWITZ. Op. Cit., p. 45.
22
contensão social e gestão de riscos. Por certo que os problemas sociais devem ter
solução, porém o Direito Penal não é o melhor e o único caminho para tanto. O
que contenham essa violência. O Direito Penal do Inimigo surge como alternativa
para justificar atitudes ilícitas dos governos contra os supostos inimigos, neste caso
processuais, o Estado demonstra que não irá tolerar certos crimes, porém ao
retrocesso no desenvolvimento do Direito Penal que deveria tender a ser cada vez
mais a ultima ratio, ou seja, deveria ser utilizado somente quando esgotadas todas
séculos de evolução do Direito Penal, que não podem ser renegadas pela ânsia do
ordem social e jurídica da normalidade, dando plena eficácia a proteção dos direitos
6 BIBLIOGRAFIA:
GOMES. Luiz Flávio. Críticas à tese do Direito Penal do Inimigo. Carta Maior.
Disponível em: <http://cartamaior.uol.com.br/cartamaior.asp?
id=1294&coluna=opiniao> Acesso em: 28 jun. 2005.
HASSEMER, Winfried. Três temas de Direito Penal. Porto Alegre: AMP/ Escola
Superior do Ministério Público, 1993.
ROXIN, Claus. Tem futuro o Direito Peal? Doutrina Penal - primeira seção. Revista
dos Tribunais. n. 790. agosto de 2001, ano 90.