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TOMADA DE DECISAO
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DE QUEM E
N
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OS NEGOCIOS, A PRINCIPAL MOEDA E´ A DECISAO.
˜ TODO
sucesso, todo percalço, toda oportunidade agarrada ou
perdida é fruto de uma decisão que alguém tomou ou
YVETTA FEDOROVA
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TOMADA DE DECISAO
qual opere, o tamanho e a popularidade de sua empre- cliente, são as divisões de negócios; a matriz pensa no
sa, a astúcia de sua estratégia — se você for incapaz de todo, define metas amplas, mantém a organização foca-
tomar a decisão certa de modo rápido e eficaz, e colo- da em vencer. Onde deveria estar o poder de decisão?
car em prática o que foi decidido, seu negócio vai per- Um grande investimento de capital, por exemplo,
der terreno. deveria depender da aprovação da divisão de negó-
Com efeito, tomar boas decisões e garantir que cios que vai tocar o projeto? Ou caberia à matriz bater
sejam cumpridas são a marca de corporações de alto o martelo?
desempenho. Numa pesquisa sobre eficácia organiza- O gargalo mais comum na tomada de decisão talvez
cional com executivos de 350 companhias globais ape- seja o de departamento x departamento. Na concepção
nas 15% disseram contar com uma organização que de um novo produto, por exemplo, toda empresa preci-
ajuda a empresa a se sair melhor do que a concorrên- sa encontrar um equilíbrio entre o setor de desenvolvi-
cia. O que distingue essa elite é a qualidade, a velocida- mento de produtos e o de marketing. A quem cabe
de e a execução do processo decisório. Campeãs em decidir o quê? Soluções surgidas de decisões transfun-
eficiência, tiram boa nota nas grandes decisões estraté- cionais são um meio-termo ineficaz — e volta e meia
gicas: que mercados explorar ou abandonar, que em- precisam ser revistas porque as pessoas certas não parti-
presas comprar ou vender, como alocar capital e ciparam delas desde o início.
talentos. Mas é em decisões operacionais críticas, que O quarto gargalo da tomada de decisões, na junção
exigem coerência e uniformidade — como promover a parceiros internos x externos, ganhou destaque com a es-
inovação em produtos, escolher o melhor meio de po- calada da terceirização, da joint venture, da aliança es-
sicionar a marca ou administrar parceiros de canal —, tratégica, da franquia. Num acordo desses a empresa
que elas realmente brilham. deve deixar bem claro que decisões são da alçada do
Porém, mesmo em empresas respeitadas por sua de- parceiro externo (em geral as ligadas à execução da es-
terminação, pode haver ambigüidade no momento de tratégia) e quais seguirão sendo tomadas internamente
determinar quem é responsável por quais decisões. Isso (decisões sobre a estratégia propriamente dita). No
pode emperrar todo o processo decisório, em geral em caso da terceirização, fabricantes de roupas e calçados
um de quatro gargalos: global x local, central x divisão de marcas famosas acharam a certa altura que o forne-
de negócios, departamento x departamento e parceiros cedor estrangeiro poderia cuidar sozinho de decisões
internos x externos. sobre salários e condições de trabalho da mão-de-obra.
O primeiro gargalo da lista, o da tomada de decisão Erraram feio.
global x local, pode surgir em quase todo grande proces-
so ou departamento da empresa. É comum emperrarem
ali decisões de investimento na marca e no desenvolvi- Rompendo os gargalos
O
mento de produtos — com a empresa lutando para defi- passo mais importante para romper gargalos na
nir que grau de autoridade conceder a divisões locais tomada de decisão é atribuir com clareza papéis
para o ajuste de produtos a seus mercados. O marketing e responsabilidades. Um bom tomador de de-
é outro ringue clássico do global x local — o poder de cisões sabe que tipo de resolução realmente
definir preços e publicidade deveria ou não ser do mer- pesa para o desempenho. Pensa bem sobre quem deve
cado local? sugerir essa ou aquela rota, quem deve assinar embaixo,
O segundo gargalo, o da tomada de decisão central x quem deve receber informações, quem é o responsável
divisão de negócios, costuma afligir controladoras e suas final por tomar a decisão, quem deve cuidar do projeto
subsidiárias. Quem está na linha de frente, perto do dali em diante. Para esse líder, é um processo rotineiro.
E o resultado é uma coordenação maior e uma resposta
Paul Rogers (paul.rogers@bain.com) é sócio da Bain & Com- mais ágil.
pany em Londres e diretor do departamento de organização Existem vários métodos para deixar claros papéis de
global da firma. Marcia Blenko (marcia.blenko@bain.com) decisão e atribuir responsabilidades. Graças a uma abor-
é sócia da Bain em Boston e líder do departamento organiza- dagem que vem evoluindo com o tempo, a RAPID, pu-
cional da firma na América do Norte. demos ajudar centenas de empresas a formular dire-
Recomendação >> Quem exerce este papel é res- decisão — e o destino dela. Essa pessoa tem autoridade
ponsável por formular a proposta, coletar informações e para resolver todo impasse no processo decisório e para
apresentar dados e análises pertinentes para que uma comprometer a organização a agir.
decisão sensata seja tomada na hora certa. Para fazer a
proposta, consulta indivíduos responsáveis por dar input Prática >> Uma vez tomada a decisão, um indivíduo
— e, além de ouvir e computar a opinião deles, vai bus- ou grupo será responsável por colocá-la em prática. Em
cando sua adesão ao projeto. Quem recomenda também certos casos, os responsáveis por implementar a decisão
precisa ter capacidade analítica, bom senso e tino organi- serão os mesmos que a recomendaram.
zacional. Explicitar papéis e atribuir responsabilidades são pas-
sos essenciais, mas a boa tomada de decisão exige tam-
Aceitação >> Indivíduos neste papel têm poder de bém o processo certo. Um processo normatizado demais
veto sobre a recomendação — poder que, quando exerci- pode ruir sob seu próprio peso. O processo mais eficaz é
do, gera um debate entre eles e o pessoal da recomen- aquele fundado em detalhes específicos, mas simples o
dação para a alteração da proposta original. Se essa bastante para ser adaptado, se necessário.
negociação se arrastar demais ou for impossível chegar Quando o processo fica moroso, o entrave em geral é
a um acordo, A e R devem levar a questão ao indivíduo devido a um de três pontos problemáticos. O primeiro é
responsável pelo D. a falta de clareza sobre a autoridade pelo D. Se mais de
uma pessoa julga ser responsável por uma determinada
Input >> Este pessoal é consultado sobre a decisão. decisão, tal decisão será disputada em um cabo-de-
Uma vez que quem dá input em geral estará envolvido guerra. Igualmente nociva para a empresa é uma
na implementação da decisão, quem recomenda tem alto situação na qual ninguém se julgue responsável por
interesse em levar a sério sua opinião. Nenhum input decisões cruciais. O segundo ponto é a proliferação de
tem força de lei, mas nem por isso é menos relevante. gente com poder de veto, o que pode tornar dura a vida
Sem o envolvimento e a motivação das pessoas certas é de quem recomenda. Um excesso de responsáveis por
bem maior a chance de que a decisão perca força na exe- aceitar propostas na empresa costuma ser um indício de
cução. que as decisões não estão avançando muito organização
trizes claras de tomada de decisão. Obviamente não é re, e também de senso comum para julgar o que é razoá-
uma panacéia (um tomador de decisões indeciso, por vel, prático e eficaz.
exemplo, põe a perder qualquer sistema). Mas é um Quem aceita uma recomendação são aqueles que pre-
bom começo. Cada letra de RAPID representa um papel cisam autorizá-la antes que siga em frente. Se vetam uma
crucial no processo decisório — mas nem sempre de- proposta, devem colaborar com quem a sugeriu na busca
sempenhado na seguinte ordem: Recomendação, de alternativa, ou passar a bola ao responsável pelo D.
Aceitação, Prática, Input e Decisão (veja o quadro “Guia Para que o processo decisório transcorra sem atropelos,
da tomada de decisão”). poucas pessoas devem ter poder de veto — entre elas exe-
Quem recomenda um curso de ação é responsável por cutivos responsáveis pela conformidade com leis e nor-
fazer propostas ou sugerir alternativas. Essa pessoa pre- mas pertinentes ou chefes de divisões cujas operações
cisa de dados e análises que respaldem aquilo que suge- sejam consideravelmente atingidas pela decisão.
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A
a base de toda boa decisão. A proposta é prática? A tualmente, toda grande empresa opera no mer-
área de produção tem como assimilar a mudança no cado global, comprando matéria-prima num
projeto? Se houver divergência ou choque de opiniões, lugar, despachando os insumos para outro, ven-
é importante ter essa gente à mesa na hora certa. dendo o produto acabado ao redor do mundo.
Quem fez a recomendação não é obrigado a tomar pro- A maioria tenta simultaneamente adquirir presença
vidências com base no input recebido, mas suposta- local e know-how e obter economias de escala. A tomada
mente deveria levá-lo em conta — sobretudo porque a de decisão nesse ambiente nem de longe é algo simples.
informação em geral é fornecida por gente que te- Muitas decisões entrecortam as fronteiras de gerentes
rá de implementar a decisão. Consenso é uma meta globais e locais — atingindo, às vezes, uma camada regio-
válida, mas como critério para a tomada de deci- nal entre aqueles dois níveis. Que investimentos vão oti-
sões pode ser um obstáculo à ação ou levar a soluções mizar nossa cadeia de suprimento? Até onde devemos ir
que apelam ao mínimo denominador comum. Um na padronização de produtos ou em sua adaptação ao
objetivo mais prático é conquistar a adesão de todos mercado local?
os envolvidos. No processo decisório o segredo é evitar tanto a pos-
No final, alguém vai tomar a decisão. Esse indivíduo tura descabidamente global quanto a irremediavelmen-
concentra toda a responsabilidade — é quem declara te local. Se o poder de decidir pender demais para
oficial a decisão e faz a organização se comprometer executivos globais, aquilo que a clientela local prefere
a executá-la. Para ser forte e eficaz, o responsável pelo pode acabar sendo ignorado, minando a eficiência e a
D precisa ter um bom tino empresarial, uma boa no- agilidade das operações locais. Já com uma autoridade
ção das concessões relevantes, o pendor à ação e um local excessiva a empresa tende a perder economias de
profundo entendimento da organização que executará escala cruciais ou oportunidades com clientes globais.
a decisão. Para chegar a um equilíbrio a empresa deve saber
O papel final no processo envolve aqueles que colo- quais são suas fontes mais importantes de valor e garan-
carão em prática a decisão. Sua função é garantir a tir que os papéis de decisão estejam alinhados com elas.
64% do pessoal de projetos disse: “A nós.” 83% do pessoal de marketing disse: “A nós.”
Perguntamos: “A quem cabe decidir em que cores o modelo será lançado?”
77% do pessoal de projetos disse: “A nós.” 61% do pessoal de marketing disse: “A nós.”
Naturalmente, isso retardava o lançamento de novos veículos.
mais coesão na inovação e na gestão de clientes. plicitamente cultivada para papéis de liderança no futu-
Broughton não queria, contudo, que a empresa perdesse ro. Paul Adams, que acabou sucedendo a Broughton na
a agilidade e o afã de competir no mercado local — um presidência, foi convocado, por exemplo, para liderar o
risco caso o poder de decisão pendesse muito para exe- grupo encarregado de reformular a tomada de decisão
cutivos no comando global. na gestão de marcas e de clientes. Na época, Adams era
O primeiro passo foi explicitar papéis para as decisões líder regional de um dos braços operacionais do grupo.
mais importantes. O setor de compras virou um campo Ao lado de outros altos executivos, incluindo alguns di-
de ensaio. Até ali, cada braço operacional definira os pró- retamente subordinados a ele, Broughton determinou
prios fornecedores e negociara contratos para todo insu- que o papel dos grupos de trabalho seria fornecer subsí-
mo exigido. Na gestão de Broughton foi criada uma dios, e não vetar recomendações. Broughton não come-
equipe de compras na matriz com autoridade para esco- teu o erro, muito comum, de buscar consenso, em geral
lher fornecedores e negociar preços e qualidade da ma- um entrave à ação. Em vez disso, deixou claro que a
téria-prima, incluindo o tabaco a granel e certos tipos de meta não era decidir se o processo decisório seria ou
embalagem. Equipes regionais de compras até podiam não mudado, mas chegar a um acordo sobre como pro-
opinar sobre as estratégias globais, mas em última ins- mover a mudança do modo mais eficaz possível.
tância tinham de acatar a decisão da equipe. Assim que Os novos papéis de decisão criaram a base de que a
essa equipe global fechava o contrato com fornecedores, BAT precisava para atuar com sucesso em escala global
A
meros detalhes. Além disso, autoridade para tomar de- primeira regra para a tomada de boas decisões é
cisões é poder — algo que ninguém gosta de perder. envolver as pessoas certas no nível certo da orga-
É crucial que quem tenha de conviver com o novo sis- nização. No caso da British American Tobacco,
tema ajude a projetá-lo. Na BAT, Broughton montou para que surgissem economias de escala foi pre-
grupos de trabalho liderados por gente implícita ou ex- ciso que a equipe global tirasse certos poderes de decisão
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das divisões regionais. Um exercício similar de equilíbrio Sob qualquer ótica, a decisão era complexa. Uma vez
ocorre em certas empresas entre executivos na matriz e aprovado pelas autoridades do setor, o laboratório de
gerentes nas divisões de negócios. Se um volume exces- biotecnologia seria o maior do mundo — e o maior in-
sivo de decisões rumar para a matriz, o processo decisório vestimento de capital já feito pela Wyeth. Não era fácil,
pode ser paralisado. Um problema distinto, mas não contudo, definir o pico de demanda do remédio. Além
menos crítico, é quando se repassa o poder pelas decisões disso, a Wyeth pretendia produzir o Enbrel em parceria
erradas a altos executivos. com a Immunex (hoje parte da Amgen). Nas delibe-
É, muitas vezes, um problema nascido do crescimen- rações sobre a fábrica a Wyeth precisava, portanto, pon-
to. Em empresas de pequeno e médio porte, uma única derar tudo o que seria necessário para adquirir
equipe gestora — às vezes até um só líder — cuida de know-how técnico — e ainda questões de transferência
toda grande decisão. À medida que a empresa cresce e de tecnologia e um cenário competitivo incerto.
as operações ficam mais complexas, torna-se impossível O input sobre a decisão percorria uma série de co-
aos altos executivos dominar todo detalhe exigido para mitês superpostos antes de chegar, a conta-gotas, à
a tomada de decisões em cada área. Uma mudança no cúpula executiva, ansiosa por uma visão mais detalha-
estilo de gestão, em geral deflagrada pela chegada de da da questão. Dada a estreita janela da oportunidade,
um novo presidente, pode gerar tensão similar. Numa a Wyeth agiu depressa: do primeiro exame do projeto
grande empresa britânica de varejo, por exemplo, a alta a sua implementação transcorreram seis meses. Mas,
cúpula estava habituada a ver o fundador tomar todas em meio ao processo, executivos da área farmacêutica
as decisões vitais. Quando seu sucessor passou a buscar da empresa enxergaram a questão maior: o grupo pre-
o consenso em questões de alta relevância, a equipe su- cisava de um sistema que deixasse mais decisões a
bitamente ficou incerta de seu papel, e muitas decisões cargo das divisões de negócios, nas quais era maior o
emperraram. É um cenário comum, e apesar dele a conhecimento operacional, e repassasse hierarquia
maioria das equipes gestoras e dos conselhos de admi- acima as decisões que exigissem a intervenção da cúpu-
D
ecisões que envolvem vários departamentos estão um obstáculo à ação, mas obter o apoio dos envolvidos.
entre as mais importantes. Aliás, a colaboração
entre setores é hoje um dos pilares da empresa, Ambigüidade é o inimigo. Atribuir responsabilidades
algo vital para que chegue à melhor resposta para é essencial. Quem deve dar input, quem toma a decisão,
ela e os clientes. Mas a fluidez na tomada de decisões que quem a executa? Sem clareza, o desfecho mais provável
perpassam equipes funcionais é um constante desa- é o impasse ou o atraso. Clareza não significa concen-
fio, até para empresas sabidamente hábeis nisso, como trar a autoridade num punhado de gente, mas definir
Toyota e Dell. A equipe que acha mais eficiente tomar de- quem é responsável por tomar decisões e quem é en-
cisões sem consultar outros setores, por exemplo, pode carregado de executá-las.
deixar de computar informações relevantes ou acabar de-
sautorizada por outra equipe que — com ou sem razão Agilidade e capacidade de adaptação são cruciais.
— julgava que devia ter participado do processo. Muitas Uma empresa que toma boas decisões com rapidez tem
das mais importantes decisões transfuncionais são, pela um metabolismo mais acelerado — e consegue agarrar
própria natureza, as mais difíceis de orquestrar, o que oportunidades e superar obstáculos. Os melhores toma-
pode tornar arrastado o processo, causar conflitos entre dores de decisão criam um ambiente no qual é possível
equipes e gerar uma onerosa indecisão. congregar todos de modo rápido e eficaz para as de-
O tema, aqui, é a falta de clareza sobre a responsabi- cisões mais importantes.
lidade pelo D. Numa montadora de presença mundial
que não vinha cumprindo metas de lançamento de Papéis de decisão valem mais que organograma.
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das, marketing ou desenvolvimento de produtos. processo decisório no seio de uma organização já
Aqui, e em geral, alguém precisa definir de modo é difícil. Tentar tomar decisões que envolvam or-
objetivo a sede da geração de valor e, à luz desse fato, ganizações distintas, em continentes distintos, é
atribuir papéis de decisão. Aliás, eliminar gargalos algo de uma complexidade capaz de solapar a me-
transfuncionais tem menos a ver com deslocar a auto- lhor das estratégias. Empresas que terceirizam certas ta-
refas para obter menor custo ou maior qualidade enfren- aspecto do produto acabado precisaria do aval da matriz
tam esse desafio. Quais decisões devem ser tomadas in- americana. Se não envolvesse a experiência direta do
ternamente? Quais podem ser delegadas à parceira na consumidor, podia ser tomada na China. Se achassem,
terceirização? por exemplo, um material mais barato que não compro-
São questões relevantes também para parceiros estra- metesse o visual, a operação e a funcionalidade do pro-
tégicos — caso de um banco internacional que contrata duto, os engenheiros chineses p o deriam fazer a
uma firma de TI para um grande projeto de desenvolvi- mudança sem pedir permissão.
mento de sistemas e de uma empresa de comunicações Para facilitar a transição para o novo sistema, a em-
que adquire conteúdo de uma produtora — e para em- presa despachou uma equipe de engenheiros à China
presas que operam parte de seus negócios por meio de com a missão de garantir a total compreensão das espe-
franquias. Quem deve ter o poder de decisão, e sobre o cificações e tomar decisões que, se encaminhadas à ma-
quê? Não há resposta certa. É errado supor que tudo triz, se tornariam complexas e arrastadas. Executivos de
pode ser solucionado por um contrato formal. marketing na matriz faziam questão de que o produto
Foi o que descobriu recentemente uma fabricante pudesse ser montado pelo consumidor em dez minutos,
americana de equipamentos residenciais de uso externo em não mais que seis passos. Engenheiros da empresa
ao decidir aumentar a produção de aquecedores a gás na China, além da equipe da terceirizada, podiam opi-
de baixo preço. A empresa tivera um certo sucesso pro- nar sobre os requisitos de montagem, e eram responsá-
duzindo na China artigos para a ponta nobre do merca- veis por sua execução. Mas o D continuava na matriz —
do. Para saciar o apetite de redes barateiras como e aquela exigência de montagem virou um fator impor-
Wal-Mart, Target e Home Depot por produtos popula- tante na produção. Já decisões de logística cabiam à
res, viu que teria de transferir mais de sua produção ao equipe de engenharia na China, que acharia um jeito de
exterior. O cronograma deixava pouca margem de erro: embalar os aquecedores de modo que um contêiner pu-
a empresa começou a aparelhar as fábricas entre abril e desse levar um terço a mais de caixas, reduzindo consi-
junho de 2004, esperando estar pronta para a tempora- deravelmente os custos do frete.
da natalina. •••
Logo de cara, houve problemas. Embora entendessem Se um executivo subitamente notar que vem passando
de custos, as empresas contratadas na China não faziam menos tempo naquelas reuniões em que ninguém sabe
idéia daquilo que o consumidor americano queria. Para por que está ali, é um primeiro sinal de que a tomada de
cumprir as metas de custos dos contratos, os gerentes decisões na empresa está melhorando. Uma reunião à
das fábricas chinesas tiveram de adaptar os projetos des- qual todos já chegam sabendo quem é responsável por
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