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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Resenha
Fundamentação da Metafísica dos Costumes

SALVADOR
2015
Lucas Araújo da Silva

Resenha – Fundamentação da Metafísica dos Costumes


Primeira Seção

Resenha apresentada à
disciplina Introdução à
Filosofia como avaliação
parcial do 1º Semestre, sob a
orientação do professor
Fabrício Fortes.

SALVADOR
2015
KANT, Immanuel. Transição do conhecimento moral da razão vulgar para o
conhecimento filosófico. In Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Lisboa:
Edições 70, 2007.
Lucas Araújo da Silva
Imannuel Kant (1724 – 1804) foi um filósofo prussiano, considerado como o pai
da filosofia crítica. Em sua obra “Fundamentação da Metafísica dos Costumes” a moral
e a razão entram em evidência e correlacionam-se com os conceitos de dever e boa
vontade. Kant discorre sobre a validade da ação moral – ou boa - em si mesma.
A primeira seção do texto se põe a distinguir as ações – sejam quais forem –
pelo valor moral que possa ou não ser atribuído e analisar esse valor de acordo com o
uso da razão e sua procedência.
O estudo sobre a moralidade de Kant se inicia com a definição do que é bom e
sua separação do resto da existência. Há apenas um objeto no mundo – e também fora
dele - que possa ser considerado bom sem limitações: a boa vontade. Outras virtudes
que porventura possam ser citadas a exemplo de bondade não o são em si mesmas,
porquanto podem ser subjugadas e potencializarem más ações por indivíduos de mau
caráter.
A boa vontade, portanto, é livre das inclinações pessoais, e, doravante,
incorruptível. Não é boa pelo que dela decorre e suas eventuais consequências, mas sim
pelo próprio querer em si mesma, de modo que deve ser considerada e avaliada pelo que
é em si e sua essência e não por seus produtos.
Na eterna busca pela felicidade o homem acaba dela se afastando justamente
pela procura através do uso da razão, que mais multiplica suas necessidades do que as
supre. Isso demonstra a inabilidade que esta última possui em providenciar para o
indivíduo a soma de contentamentos que ele anseia. A natureza poderia tratar dessa
questão atribuindo as condições e meios de obter tal felicidade ao puro instinto humano,
sendo seu comportamento, por conseguinte, um veículo natural para a obtenção do fim
desejado. O que há, porém, é que a natureza presentou com a razão o indivíduo não para
a busca desenfreada pela felicidade, mas para criar “uma vontade boa em si mesma, para
o que a razão era absolutamente necessária, uma vez que a natureza de resto agiu em
tudo com acerto na repartição das suas faculdades e talentos”.
O desenvolvimento dessa vontade boa em si mesma é alcançado através do
conceito de Dever, que propicia a ferramenta julgadora para a análise valorativa das
ações cometidas. O homem possui inclinações e deveres, que podem estar ou não em
consonância. Ações conforme o dever e que possuem pressupostos em impulsos
individuais não constituem valor moral, já que partem do egoísmo humano e servem a
ele. Da mesma forma, deveres que são, na verdade, pressuposições – como conservar a
própria vida -, não são encarados como possuidores de moral. Esta se mostra quando há
comportamento por dever e sem inclinações; quando o indivíduo age através do uso da
razão e de sua boa vontade em si mesma.
Quando, por exemplo, se pratica uma caridade por inclinações - como por amor
à filantropia ou pelo sentimento que decorre da prática caritativa – não há aí, por mais
benfazeja que seja a ação, valor moral. Para que esta venha a adquiri-lo faz-se
necessário que se pratique a ação “sem qualquer inclinação, simplesmente por dever”. O
valor do caráter, portanto, que é “moralmente sem comparação o mais alto”, reside no
fazer o bem por dever.
Quanto ao conteúdo da ação, Kant diz que este é irrelevante para a determinação
do valor moral. Este último reside no princípio da vontade, o qual é colocado a priori. O
propósito, o fim da ação desejada não possui valor incondicionado porquanto é mero
produto e resultado do motor a que se fez concreta a ação. O princípio material é
colocado a posteriori, é efeito da vontade e por isso não possui valor moral. A vontade,
em si, é o que importa.
Como consequência da linha de pensamento que segue, o autor define Dever
como “a necessidade de uma ação por respeito à lei”.
“Só pode ser objeto de respeito e portanto mandamento aquilo que está
ligado à minha vontade somente como princípio e nunca como efeito, não aquilo
que serve à minha inclinação mas o que a domina ou que, pelo menos, a exclui
do cálculo na escolha, quer dizer a simples lei por si mesma”.
É excluída toda e qualquer inclinação quando se determina o objeto de respeito
decorrente do uso da razão. Disso decorre que, se se exclui totalmente a influência das
inclinações para a determinação da vontade, só resta a ela ser determinada pela lei,
objetivamente, e o puro respeito à lei, subjetivamente.
O valor moral, portanto, reside na capacidade racional do indivíduo de se negar a
suas próprias inclinações pessoais e egoístas a fim de agir de acordo com o que a lei
determina. O respeito pela lei permite que isso seja possível, na medida em que este é
um sentimento produzido pela razão e que a ela se curva. Uma ação, para ter valor
moral, não deve ser condicionada por impulsos pessoais e objetivos a alcançar. Deve
estar de acordo com a lei e ter sido feita por dever com a ciência disso.
Esta lei, de que se deve despojar toda e qualquer inclinação a obedecer
puramente por seus efeitos, mas fazê-lo por respeito e dever, seria a máxima que,
através do uso da razão, possa ser considerada pelo indivíduo digna de seguir como
objeto de vontade para ascender aos princípios universais.
A pergunta a se fazer quando para julgar se uma máxima deve ser praticada é a
seguinte:
“Ficaria eu satisfeito de ver a minha máxima tomar o valor de lei
universal (tanto para mim como para os outros)? [...] Se não podes, então deves
rejeitá-la, e não por causa de qualquer prejuízo que dela pudesse resultar para
ti ou para os outros, mas porque ela não pode caber como princípio numa
possível legislação universal.”
Assim, posto que todo e qualquer homem que use da razão possui as ferramentas
necessárias para o julgamento de suas ações, resta analisar como o é feito.
A razão humana ordinária, apesar de inocente, põe em prática o julgamento de
valor das ações com sucesso. Esta, porém, é facilmente suscetível a más interpretações e
manipulações externas. Por conseguinte, deve-se render à filosofia prática para adquirir
estabilidade e conhecimento sobre a fonte de seu princípio e do que dela decorre.
É feita então a transição do conhecimento moral da razão vulgar para o
conhecimento filosófico.

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