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Conhecendo o Direito e a Legislação
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Conhecendo o Direito e a Legislação
Objetivo
• Entender o que vem a ser o direito, como algo que permite nossa vida em sociedade.
Conheceremos como o direito pode ser distribuído e aplicado em decorrência de uma
forma de classificá-lo, denominada de ramos do direito.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Conhecendo o Direito e a Legislação
Contextualização
Para iniciarmos o nosso estudo sobre o direito, é importante termos a consciência de
que esse se trata de uma ciência social, pois o ser humano é um ser que necessariamen-
te precisa viver em sociedade.
Para vivermos em sociedade, contudo, é necessário que existam regras, e essas re-
gras são naturais e se fazem presentes desde os primeiros instantes de nossa vida. Para
se ter uma ideia, o direito civil protege os direitos inclusive daqueles que ainda não nas-
ceram, os chamados nascituros. Assim, desde antes de nosso nascimento já nos encon-
tramos abraçados pelo Direito, que nos torna dotados de personalidade jurídica, o que
significa sermos sujeitos de direitos e obrigações.
Imaginemos agora que a cada momento surge um novo ser no mundo, mais espe-
cificamente no Brasil. A partir do nascimento de um novo ser humano, esse se torna
detentor de direitos. Vejamos um exemplo encontrado em nossa Constituição Federal
relativo à saúde:
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
O dispositivo constitucional afirma que “todos têm direito à saúde”, mas quem são
esses “todos”? São eles qualquer um dos integrantes do povo, ou seja, os brasileiros e
estrangeiros residentes no Brasil. Assim, a criança que acaba de nascer é um desses
brasileiros, que fazem jus à “saúde”.
Para ressaltar o que é o direito e como ele é importante em nossa vida social, veja o vídeo
que retrata esse no seguinte link: https://youtu.be/o9sjRMG8f0A
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O Que é o Direito?
Para estudarmos a legislação aplicada à gestão, é necessário termos uma exata com-
preensão do que vem a ser uma legislação e como ela pode influenciar nas atividades
do “dia a dia” das pessoas, dando um foco direto nas atividades administrativas ligadas
à gestão de negócios.
Antes de mais nada, é importante conhecermos o que vem a ser o direito, da qual a
legislação tem uma “participação” importante.
A expressão direito pode assumir uma série de significados. Por exemplo, podemos
dar um sentido à expressão dizendo que direito é aquilo que é certo, correto, ligando-a
uma expectativa de honestidade, ou de retidão.
Mas, quantas são as vezes que estamos diante de determinadas situações da vida,
ou diante de qualquer conflito, e por vezes adotamos frases como “eu tenho direito” ou
“este é meu direito”? Ou seja, é comum ligarmos a expressão direito a um verdadeiro
ideário de justiça ou de uma postura honesta frente à determinada relação social.
Um grande exemplo dessa interação são as chamadas mídias sociais, que mantêm
bilhões de pessoas “conectadas” a todo o momento, seja por intermédio de notícias,
negócios, relações interpessoais, dentre outros.
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seres humanos, temos que, para sobreviver, fazer uso de determinados “bens da vida”,
tais como: alimentos, água potável, abrigo etc.
O sobrevivente, como a única pessoa na ilha, passa a dispor de todos os bens que lhe
estão disponíveis naquele habitar.
Figura 1
Fonte: Getty Images
Quando nos referimos aos bens da vida, estamos tratando de bens corpóreos e incor-
póreos, e do próprio direito, sendo este último entendido como uma expectativa de justiça.
É diante dessa condição que surge o direito, necessário e indispensável, para que os
seres humanos tenham seu comportamento limitado ou direcionado para a harmoniza-
ção do meio social.
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Dessa forma, podemos entender que o direito é:
Figura 2
Consideremos uma situação em que você solicita um táxi para conduzi-lo a determi-
nado local e, ao chegar, você paga o taxista pela corrida, ou seja, pelo percurso percor-
rido, na forma combinada ou na forma tarifada.
Esse fato, muito embora possa passar desapercebido, é relevante para o direito, pois,
para ele, estamos diante de um contrato de prestação de serviços de transporte, onde o
contratado é o motorista do táxi e a contratante é a passageira. O primeiro se compro-
mete a conduzir a passageira ao local determinado no ajuste, já essa se compromete em
efetuar o pagamento pelo serviço prestado.
Assim, em nosso dia a dia, estamos rodeados de fatos que são considerados rele-
vantes para o direito, permitindo que se possa buscar responsabilidade de quem não
o respeita.
Figura 3
Fonte: Getty Images
Essa imagem retrata uma situação rotineira em várias cidades do mundo, como po-
demos denotar, ambos veículos foram danificados em virtude da colisão. Como não
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houve qualquer dano físico a qualquer um dos condutores, esses saem dos veículos para
resolver quem tem responsabilidade em recuperar o veículo do outro, imputando um ao
outro a responsabilidade pelo dano.
Cada um dos veículos representa um bem da vida e sobre eles existe a discussão de
quem terá o dever de indenizar o prejuízo, em razão do acidente, sendo que cada uma
das partes se acha no direito de receber da outra a reparação do seu veículo.
Cada parte se encontra dizendo que, em razão do dano atribuído à outra, faz jus a
indenização pelo dano causado. Vejamos, contudo, o que fala o direito com relação a
esse fato. Inicialmente, buscaremos o que trata o artigo 186 do Código Civil Brasileiro:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusi-
vamente moral, comete ato ilícito.
Nessa hipótese, sendo possível constatar qual dos motoristas deu causa ao dano, esse
terá a obrigação de indenizar.
Com relação ao direito, estamos apreciando um exemplo que identifica sua impor-
tância, pois, a partir do momento em que se reconhece a responsabilidade, surge a
obrigação de indenizar.
No caso de tais fatos vierem a acontecer no mundo, esses passam a ser denominados
de fatos jurídicos. Acrescendo a essa explicação, podemos dizer que um dos propósitos
do direito é a edificação de normas que regulem fatos de interesse social possíveis de
acontecer, assim, os retrata de forma objetiva e hipotética.
No exemplo que estamos tratando, indaguemos: é possível uma pessoa causar dano
à outra? É obvio que sim. Nesse caso, o direito, observando uma situação factível, es-
tabelece as normas jurídicas. Essa imposição de normas se justifica em razão de seu
interesse de pacificação social.
No caso específico do nosso exemplo, faremos valer o que vimos prescrito nos artigos
186 e 927 do Código Civil. Diante da situação fática, prevista em lei, temos a questão de
exercer o que a lei preconiza. Nessa hipótese, aquele que sofreu o dano provocado por
outrem afirma: “Eu tenho o direito de ser indenizado pelo dano causado”. Tal situação,
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vindo a ocorrer, une uma situação de fato a uma hipótese regulada em uma norma, a
qual preconiza que o lesado com o dano seja ressarcido.
Figura 4
Fonte: Pixabay
Os Ramos do Direito
Como a importância do direito amplia-se acompanhando o dinamismo com que
as relações sociais se alteram ou são aprimoradas, a quantidade de normas jurídicas a
serem aplicadas a essas mesmas relações crescem em uma proporção imensurável, tor-
nando-se impossível para alguém dominar toda a ciência do direito e sua aplicabilidade.
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Além desses, muitos outros. Com relação à distribuição do direito em ramos, aprecie-
mos as palavras de Paulo de Barros Carvalho:
[...] o direito posto, na sua continuidade normativa, oferece flagrante he-
terogeneidade de conteúdo, vista sua pretensão de regular as condutas
intersubjetivas no contexto social. Daí a divisão, de cunho puramente
metodológico, entre os vários ramos do sistema jurídico, providência
estratégica do sujeito do conhecimento para poder aproximar-se do ob-
jeto que pretende conhecer. (CARVALHO, 1996, p. 180)
Pertencerá ao grupo do ramo do direito público todos os ramos do direito que norma-
tizem questões afetas à relação que o Estado (país) mantém com a coletividade, ou seja,
do interesse de todos. Da mesma forma, as relações de caráter jurídico que esse mesmo
Estado, sob a pretensão de satisfazer interesses coletivos, mantém com outros países ou
organismos internacionais.
Um exemplo seria o casamento, cuja descrição legal pode ser encontrada no artigo
1511 do atual Código Civil Brasileiro.
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com
base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.
Essa relação jurídica, oriunda do casamento por exemplo, é uma relação de interes-
se privado, daí, como dissemos, o direito civil, ramo do direito, pertence ao grupo do
direito privado. Da mesma forma, enquadram-se aí os exemplos que já tratamos, como
a questão do serviço de transporte de táxi contratado por determinada pessoa para
conduzi-la a um determinado local mediante o pagamento de “preço”, ou no exemplo da
reparação do dano decorrente do acidente automobilístico.
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Fontes do Direito
Quando no início de nossa aula abordamos o conceito do que vem a ser o direito,
empregamos em parte do conceito a expressão “um conjunto de normas”. Agora, nos
cabe fazer a especificação do que vem a ser esse conjunto normativo, o qual permite de
maneira ordenada e com força coativa estabelecer uma convivência social, garantindo
uma harmonia aceitável pelas pessoas.
Figura 5
Fonte: Pixabay
Uma interpretação precisa sobre as fontes do direito podemos extrair das explicações
de Hugo de Brito Machado:
A fonte de uma coisa é o lugar de onde surge essa coisa. O lugar de
onde ela nasce. Assim, a fonte do Direito é aquilo que o produz, é
algo de onde nasce o Direito. Para que se possa dizer o que é fonte
do Direito é necessário que se saiba de qual direito. Se cogitarmos do
direito natural, devemos admitir que sua fonte é a natureza humana.
Aliás, vale dizer, é a fonte primeira do Direito sob vários aspectos.
(MACHADO, 2000, p. 57)
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Para darmos resposta a essa indagação, vejamos o que trata o Decreto-Lei n.º 4657,
de 4 de setembro de 1942, Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, que em
seu artigo 4º dispõe:
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com
a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Podemos então dizer que as fontes do direito se dividem em dois grupos, o primeiro
é o das normas primárias e o segundo das normas secundárias, sendo acrescido a
essas normas pelos cientistas do direito a doutrina e a jurisprudência.
A Lei
Como vimos, a lei é a principal fonte do direito, denominada de fonte primária.
Com relação à lei, devemos compreendê-la em dois sentidos, nos quais ela possa vir
a se apresentar.
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• Decretos;
• Resoluções dos Ministérios;
• Leis Delegadas;
• Portarias dos Órgãos Públicos;
• Instruções Normativas;
• etc.
No tocante ao que vem a ser a lei em sentido estrito, ou stricto sensu, essa restringe-
-se às normas oriundas do Poder Legislativo, podendo ser consideradas as Leis Consti-
tucionais, aqui se enquadrando às Emendas Constitucionais, bem como a esse grupo se
associam as leis, sejam elas complementares, ordinárias ou delegadas.
Os Costumes
Os costumes relacionam-se a um comportamento social, aceito e reiterado, que não
tem previsão em qualquer norma, mas que disciplina comportamentos sociais, sendo
que sua inobservância poderá submeter o infrator a um juízo de reprovação social.
Figura 6
Fonte: Getty Images
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Analogia
Podemos entender que a analogia se trata de uma interpretação extensiva, de fatos
relevantes para o direito, mas que não foram tratados especificamente pela norma, per-
mitindo que seja empregada, a essa situação não prevista, uma norma que regula uma
situação jurídica semelhante, que a lógica e a razoabilidade permitam alcançar.
Por exemplo, temos a previsão no artigo 1.899 do atual Código Civil que, se um tes-
tamento, ou seja, as declarações de última vontade de alguém, redigidas na forma da lei,
possuir cláusula não muito clara, permitindo mais de uma interpretação, nessa hipótese,
deverá ser adotada a que mais favorecer à vontade do testador (pessoa que manifesta
suas últimas vontades para registro do testamenteiro).
Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de inter-
pretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observân-
cia da vontade do testador.
Ocorre que existe um instituto no direito civil denominado de “doação”, na qual uma
pessoa doa a alguém, por ato de pura liberalidade e formal (contrato de doação), algo de
sua propriedade. A doação se dá por contrato, podendo haver nesse cláusulas impreci-
sas quanto aos direitos assegurados ao donatário (aquele que recebe a doação), permitin-
do a aplicação por semelhança, ou, de forma análoga, ao que prevê no artigo 1.899 do
Código Civil, na questão do testamento, sobre o que não ficou definido para o instituto
da doação, já que ambos expressam manifestação de vontade do doador e do testador.
Podemos enumerar uma série de princípios gerais do direito, especificando sua apli-
cação a diversos ramos do direito. Por exemplo, o princípio da legalidade aplicado
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ao direito tributário, nele somente a Lei em seu sentido estrito, ou seja, aquela oriunda
do Poder Legislativo, pode criar uma determinada espécie tributária (imposto, taxa ou
contribuição de melhoria – art. 145 da Constituição Federal).
Jurisprudência
Como cabe ao Poder Judiciário reconhecer quando provocado o direito, suas formas
reiteradas de compreensão quanto ao emprego das normas jurídicas a casos que possu-
am determinada semelhança formam a fonte do direito, denominada de jurisprudência.
Nas palavras do já mencionado Miguel Reale, sua compreensão do que vem a ser
jurisprudência é:
[...] a forma de revelação do Direito que se processa através do exercí-
cio da jurisdição, em virtude uma sucessão harmônica de decisões dos
tribunais. (REALE, 2002, p. 167)
Doutrina
Embora alguns não a considerem como fonte do direito, nós a inserimos nessa con-
dição por uma questão óbvia, pois cabe aos cientistas do Direito apreciá-lo como um
todo, dando interpretações justificadas das normas que compõem o conjunto, que em
seu todo permitem a compreensão e aplicação da norma jurídica específica.
Nas palavras de Paulo Nader com relação ao que vem a ser a doutrina como fonte a
ser reconhecida pelo direito, temos:
[...] como fonte do direito, é o conjunto de regras, ideias e princípios ju-
rídicos extraídos das obras dos jurisconsultos. (NADER, 1998, p. 211)
Legislação
Com relação específica quanto ao significado do que vem a ser a Legislação, pode-
mos dizer que ela se refere a esse conjunto normativo, que integra a concepção do direi-
to, proveniente de suas fontes específicas, mais precisamente oriunda da fonte primária
do direito, ou seja, da lei, sob a visão de suas duas formas de interpretação, em sentido
amplo e estrito.
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Figura 7
Fonte: Pixabay
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Fontes do Direito
http://bit.ly/2p2QkLi
O Conceito de Direito
http://bit.ly/2nCcxiV
Constituição Federal de 1988
http://bit.ly/2kehxIX
Decreto-Lei n.º 4.657, de 4 de Setembro de 1942
http://bit.ly/2p2Rk20
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Conhecendo o Direito e a Legislação
Referências
ARAUJO, L. A. D; NUNES JÚNIOR, V. S. Curso de Direito Constitucional. 9. ed.
São Paulo: Saraiva, 2005.
GUSMÃO, P. D. Introdução ao Estudo do Direito. 49. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro:
Forense, 2018. [e-book]
NADER, P. Introdução ao Estudo do Direito. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998.
REALE, M. Lições Preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
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