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Legislação

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Conhecendo o Direito e a Legislação

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Tercius Zychan de Moraes

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Conhecendo o Direito e a Legislação

Fonte: Getty Images


Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• O Que é o Direito?
• É Correto Falar Que Eu Tenho Direito?
• Os Ramos do Direito;
• Fontes do Direito;
• Legislação.

Objetivo
• Entender o que vem a ser o direito, como algo que permite nossa vida em sociedade.
Conheceremos como o direito pode ser distribuído e aplicado em decorrência de uma
forma de classificá-lo, denominada de ramos do direito.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Conhecendo o Direito e a Legislação

Contextualização
Para iniciarmos o nosso estudo sobre o direito, é importante termos a consciência de
que esse se trata de uma ciência social, pois o ser humano é um ser que necessariamen-
te precisa viver em sociedade.

Para vivermos em sociedade, contudo, é necessário que existam regras, e essas re-
gras são naturais e se fazem presentes desde os primeiros instantes de nossa vida. Para
se ter uma ideia, o direito civil protege os direitos inclusive daqueles que ainda não nas-
ceram, os chamados nascituros. Assim, desde antes de nosso nascimento já nos encon-
tramos abraçados pelo Direito, que nos torna dotados de personalidade jurídica, o que
significa sermos sujeitos de direitos e obrigações.

Imaginemos agora que a cada momento surge um novo ser no mundo, mais espe-
cificamente no Brasil. A partir do nascimento de um novo ser humano, esse se torna
detentor de direitos. Vejamos um exemplo encontrado em nossa Constituição Federal
relativo à saúde:
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

O dispositivo constitucional afirma que “todos têm direito à saúde”, mas quem são
esses “todos”? São eles qualquer um dos integrantes do povo, ou seja, os brasileiros e
estrangeiros residentes no Brasil. Assim, a criança que acaba de nascer é um desses
brasileiros, que fazem jus à “saúde”.

Para ressaltar o que é o direito e como ele é importante em nossa vida social, veja o vídeo
que retrata esse no seguinte link: https://youtu.be/o9sjRMG8f0A

Veremos quais são as denominadas fontes do direito, ou seja, de onde advém o


conjunto normativo, essencial para o direito existir, e a relação dessas com o conceito
de legislação.

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O Que é o Direito?
Para estudarmos a legislação aplicada à gestão, é necessário termos uma exata com-
preensão do que vem a ser uma legislação e como ela pode influenciar nas atividades
do “dia a dia” das pessoas, dando um foco direto nas atividades administrativas ligadas
à gestão de negócios.

Antes de mais nada, é importante conhecermos o que vem a ser o direito, da qual a
legislação tem uma “participação” importante.

Mas o que é direito?

A expressão direito pode assumir uma série de significados. Por exemplo, podemos
dar um sentido à expressão dizendo que direito é aquilo que é certo, correto, ligando-a
uma expectativa de honestidade, ou de retidão.

Mas, quantas são as vezes que estamos diante de determinadas situações da vida,
ou diante de qualquer conflito, e por vezes adotamos frases como “eu tenho direito” ou
“este é meu direito”? Ou seja, é comum ligarmos a expressão direito a um verdadeiro
ideário de justiça ou de uma postura honesta frente à determinada relação social.

Para compreendermos especificamente o que vem a ser o direito, inicialmente, temos


que reconhecer que o “ser humano é um ser social”. Em outras palavras, ele necessa-
riamente precisa viver em sociedade, com outros da mesma espécie, relacionando-se ou
interagindo a todo momento.

Um grande exemplo dessa interação são as chamadas mídias sociais, que mantêm
bilhões de pessoas “conectadas” a todo o momento, seja por intermédio de notícias,
negócios, relações interpessoais, dentre outros.

Vejamos, no link a seguir, a matéria jornalística publicada no portal de notícias G1,


em fevereiro de 2019, tratando especificamente de uma das denominadas mídias so-
ciais, o Facebook.

Facebook completa 15 anos com 2,3 bilhões de usuários


Nascida como um projeto no dormitório de Mark Zuckerberg enquanto estudava na Univer-
sidade Harvard, a rede social reuniu neste período mais de 2,3 bilhões de usuários diários,
segundo dados divulgados pelo próprio Facebook na última semana.
Veja a matéria na íntegra, através do link: https://glo.bo/2mDW3X4

Reconhecendo essa condição social do ser humano, estabeleceremos agora como o


direito, atualmente reconhecido como uma das ciências sociais, tem a ver com as rela-
ções humanas em uma sociedade.

Imaginemos que um acidente aéreo em um determinado local do planeta deixe uma


única pessoa como sobrevivente. Essa pessoa encontra-se no local em que a aeronave
caiu, em uma ilha, isolada e deserta, ou seja, sem outros habitantes. Na condição de

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Conhecendo o Direito e a Legislação

seres humanos, temos que, para sobreviver, fazer uso de determinados “bens da vida”,
tais como: alimentos, água potável, abrigo etc.

O sobrevivente, como a única pessoa na ilha, passa a dispor de todos os bens que lhe
estão disponíveis naquele habitar.

Figura 1
Fonte: Getty Images

Quando nos referimos aos bens da vida, estamos tratando de bens corpóreos e incor-
póreos, e do próprio direito, sendo este último entendido como uma expectativa de justiça.

Contudo, nesse mesmo ambiente em que se encontrava o único sobrevivente do


acidente aéreo, ocorre um naufrágio, no qual dez sobreviventes conseguem dirigir-se à
mesma ilha, passando a ocuparem o mesmo ambiente.

Como os bens da vida são escassos, os sobreviventes estabelecem, de comum acor-


do, um conjunto de regramentos para os quais todos estarão sujeitos, deliberando como
será a convivência entre eles pelo período que estiverem reunidos e como serão empe-
nhados os bens disponíveis, além da divisão de trabalho.

Aliam-se a essas regras, na hipótese de sua inobservância, por qualquer integran-


te do grupo, a possibilidade do grupo, ou algum de seus integrantes, poder aplicar
uma medida punitiva pela infringência às normas estabelecidas, o que denominamos
de coercibilidade.

É diante dessa condição que surge o direito, necessário e indispensável, para que os
seres humanos tenham seu comportamento limitado ou direcionado para a harmoniza-
ção do meio social.

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Dessa forma, podemos entender que o direito é:

Conjunto Conduzem as Dotado de


de normas relações humanas coercibilidade

Figura 2

Vejamos algumas situações da vida que podem representar um fato de relevância


para o direito.

Consideremos uma situação em que você solicita um táxi para conduzi-lo a determi-
nado local e, ao chegar, você paga o taxista pela corrida, ou seja, pelo percurso percor-
rido, na forma combinada ou na forma tarifada.

Esse fato, muito embora possa passar desapercebido, é relevante para o direito, pois,
para ele, estamos diante de um contrato de prestação de serviços de transporte, onde o
contratado é o motorista do táxi e a contratante é a passageira. O primeiro se compro-
mete a conduzir a passageira ao local determinado no ajuste, já essa se compromete em
efetuar o pagamento pelo serviço prestado.

Assim, em nosso dia a dia, estamos rodeados de fatos que são considerados rele-
vantes para o direito, permitindo que se possa buscar responsabilidade de quem não
o respeita.

Veja a cena da Figura 3.

Figura 3
Fonte: Getty Images

Essa imagem retrata uma situação rotineira em várias cidades do mundo, como po-
demos denotar, ambos veículos foram danificados em virtude da colisão. Como não

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Conhecendo o Direito e a Legislação

houve qualquer dano físico a qualquer um dos condutores, esses saem dos veículos para
resolver quem tem responsabilidade em recuperar o veículo do outro, imputando um ao
outro a responsabilidade pelo dano.

Cada um dos veículos representa um bem da vida e sobre eles existe a discussão de
quem terá o dever de indenizar o prejuízo, em razão do acidente, sendo que cada uma
das partes se acha no direito de receber da outra a reparação do seu veículo.

Cada parte se encontra dizendo que, em razão do dano atribuído à outra, faz jus a
indenização pelo dano causado. Vejamos, contudo, o que fala o direito com relação a
esse fato. Inicialmente, buscaremos o que trata o artigo 186 do Código Civil Brasileiro:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusi-
vamente moral, comete ato ilícito.

Trata ainda o mesmo Código, agora no artigo 927:


Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Nessa hipótese, sendo possível constatar qual dos motoristas deu causa ao dano, esse
terá a obrigação de indenizar.

Com relação ao direito, estamos apreciando um exemplo que identifica sua impor-
tância, pois, a partir do momento em que se reconhece a responsabilidade, surge a
obrigação de indenizar.

É Correto Falar Que Eu Tenho Direito?


O direito possui várias formas de se apresentar. Por exemplo, o direito descrito na
norma damos o nome de direito objetivo, pois ele trata objetivamente de fatos pos-
síveis da vida, que são relevantes para as relações sociais, sendo assim, importantes
para o direito.

No caso de tais fatos vierem a acontecer no mundo, esses passam a ser denominados
de fatos jurídicos. Acrescendo a essa explicação, podemos dizer que um dos propósitos
do direito é a edificação de normas que regulem fatos de interesse social possíveis de
acontecer, assim, os retrata de forma objetiva e hipotética.

No exemplo que estamos tratando, indaguemos: é possível uma pessoa causar dano
à outra? É obvio que sim. Nesse caso, o direito, observando uma situação factível, es-
tabelece as normas jurídicas. Essa imposição de normas se justifica em razão de seu
interesse de pacificação social.

No caso específico do nosso exemplo, faremos valer o que vimos prescrito nos artigos
186 e 927 do Código Civil. Diante da situação fática, prevista em lei, temos a questão de
exercer o que a lei preconiza. Nessa hipótese, aquele que sofreu o dano provocado por
outrem afirma: “Eu tenho o direito de ser indenizado pelo dano causado”. Tal situação,

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vindo a ocorrer, une uma situação de fato a uma hipótese regulada em uma norma, a
qual preconiza que o lesado com o dano seja ressarcido.

Em uma situação como essa, a doutrina, ao enquadrar o fato ao que objetiva a


norma, faz surgir o “meu direito”, denominado pela ciência jurídica de direito subjetivo.

Figura 4
Fonte: Pixabay

Os Ramos do Direito
Como a importância do direito amplia-se acompanhando o dinamismo com que
as relações sociais se alteram ou são aprimoradas, a quantidade de normas jurídicas a
serem aplicadas a essas mesmas relações crescem em uma proporção imensurável, tor-
nando-se impossível para alguém dominar toda a ciência do direito e sua aplicabilidade.

Para fazer frente a essa situação, os cientistas do direito resolveram distribui-lo em


partes que se ligam a um todo, passando a denominar essas partes de ramos do direito.
Podemos representar essa figura a partir de uma árvore, onde ela, como um todo, seria
o direito, e cada um de seus galhos, os ramos do direito.

Entre os ramos existentes, podemos citar:


• Direito Civil;
• Direito Penal;
• Direito Tributário;
• Direito do Trabalho;
• Direito Sanitário;
• Direito Empresarial;
• Direito do Consumidor;
• Direito Aeronáutico;
• Direito Processual.

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Conhecendo o Direito e a Legislação

Além desses, muitos outros. Com relação à distribuição do direito em ramos, aprecie-
mos as palavras de Paulo de Barros Carvalho:
[...] o direito posto, na sua continuidade normativa, oferece flagrante he-
terogeneidade de conteúdo, vista sua pretensão de regular as condutas
intersubjetivas no contexto social. Daí a divisão, de cunho puramente
metodológico, entre os vários ramos do sistema jurídico, providência
estratégica do sujeito do conhecimento para poder aproximar-se do ob-
jeto que pretende conhecer. (CARVALHO, 1996, p. 180)

Ainda no sentido de sistematizar o estudo e a aplicação do direito, esses ramos do


direito foram distribuídos em dois grupos. Aproveitando a metáfora da árvore, podemos
dividi-la no centro, distribuindo a um dos lados os ramos do direito denominados de direito
privado e, para a outra parte, os ramos do direito denominados de direito público.

Pertencerá ao grupo do ramo do direito público todos os ramos do direito que norma-
tizem questões afetas à relação que o Estado (país) mantém com a coletividade, ou seja,
do interesse de todos. Da mesma forma, as relações de caráter jurídico que esse mesmo
Estado, sob a pretensão de satisfazer interesses coletivos, mantém com outros países ou
organismos internacionais.

Já no tocante ao grupo de ramos que compõe o direito privado, estes tratam de


questões cuja maior repercussão é de regular relações jurídicas que interessam às partes
que dela participam, como ocorre com o direito civil, o direito empresarial, o direito
industrial, o direito agrário etc.

Um exemplo seria o casamento, cuja descrição legal pode ser encontrada no artigo
1511 do atual Código Civil Brasileiro.
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com
base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.

Como o próprio artigo anuncia, o casamento estabelece “comunhão plena de vida”


entre os cônjuges, compartilhando de maneira igualitária direitos e deveres. Nessa hi-
pótese, estamos diante de uma norma objetiva, que se acontece no mundo e faz nascer
uma relação jurídica, que interessa sobretudo às partes, ou seja, tal normatização dispos-
ta no Código Civil estabelece regramento de convivência entre as partes.

Essa relação jurídica, oriunda do casamento por exemplo, é uma relação de interes-
se privado, daí, como dissemos, o direito civil, ramo do direito, pertence ao grupo do
direito privado. Da mesma forma, enquadram-se aí os exemplos que já tratamos, como
a questão do serviço de transporte de táxi contratado por determinada pessoa para
conduzi-la a um determinado local mediante o pagamento de “preço”, ou no exemplo da
reparação do dano decorrente do acidente automobilístico.

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Fontes do Direito
Quando no início de nossa aula abordamos o conceito do que vem a ser o direito,
empregamos em parte do conceito a expressão “um conjunto de normas”. Agora, nos
cabe fazer a especificação do que vem a ser esse conjunto normativo, o qual permite de
maneira ordenada e com força coativa estabelecer uma convivência social, garantindo
uma harmonia aceitável pelas pessoas.

A esse conjunto normativo damos a designação de fontes do direito, ou seja, deter-


minaremos o nascedouro dessas normas. Mais uma vez, o direito usa de uma figura me-
tafórica para poder se estruturar, procurando facilitar sua compreensão e seu emprego
no dia a dia do ser humano em sociedade. Ao utilizar a expressão fonte, quiseram os
doutrinadores dessa ciência social indicar de onde nasce o direito, de onde ele advém.

Figura 5
Fonte: Pixabay

Uma interpretação precisa sobre as fontes do direito podemos extrair das explicações
de Hugo de Brito Machado:
A fonte de uma coisa é o lugar de onde surge essa coisa. O lugar de
onde ela nasce. Assim, a fonte do Direito é aquilo que o produz, é
algo de onde nasce o Direito. Para que se possa dizer o que é fonte
do Direito é necessário que se saiba de qual direito. Se cogitarmos do
direito natural, devemos admitir que sua fonte é a natureza humana.
Aliás, vale dizer, é a fonte primeira do Direito sob vários aspectos.
(MACHADO, 2000, p. 57)

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Conhecendo o Direito e a Legislação

Mas quais são as fontes do direito?

Para darmos resposta a essa indagação, vejamos o que trata o Decreto-Lei n.º 4657,
de 4 de setembro de 1942, Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, que em
seu artigo 4º dispõe:
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com
a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.

Diante do esclarecimento da norma, podemos concluir que a “lei” é a principal fonte


do direito, sendo as demais (analogia, costumes e os princípios gerais do direito) secun-
dárias ou suplementares.

Podemos então dizer que as fontes do direito se dividem em dois grupos, o primeiro
é o das normas primárias e o segundo das normas secundárias, sendo acrescido a
essas normas pelos cientistas do direito a doutrina e a jurisprudência.

Tabela 1 – Fontes do Direito


FONTES DO DIREITO
FONTE PRIMÁRIA FONTES SECUNDÁRIAS
COSTUMES
ANALOGIA
LEI PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
JURISPRUDÊNCIA
DOUTRINA

Na sequência, conheceremos cada uma dessas fontes.

A Lei
Como vimos, a lei é a principal fonte do direito, denominada de fonte primária.
Com relação à lei, devemos compreendê-la em dois sentidos, nos quais ela possa vir
a se apresentar.

É muito comum as pessoas empregarem a expressão lei, mas sem se referirem ao


emprego da norma de modo específico, ou seja, daquilo que podemos atribuir como
uma das atividades advindas do Poder Legislativo que, em nosso país, é o responsável
pela criação de leis, tais como as leis ordinárias e leis complementares.

Em razão dessa generalização, podemos classificar a lei em dois sentidos. Um de-


nominamos de lei em sentido amplo, ou, como alguns denominam, de lato sensu.
Nesse englobamos qualquer tipo de normatização proveniente ou não do Poder Legisla-
tivo, mas oriunda de algum dos Poderes do Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário),
que objetivem disciplinar conduta, tais como:
• Emendas Constitucionais;
• Medidas Provisórias;
• Leis;

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• Decretos;
• Resoluções dos Ministérios;
• Leis Delegadas;
• Portarias dos Órgãos Públicos;
• Instruções Normativas;
• etc.

No tocante ao que vem a ser a lei em sentido estrito, ou stricto sensu, essa restringe-
-se às normas oriundas do Poder Legislativo, podendo ser consideradas as Leis Consti-
tucionais, aqui se enquadrando às Emendas Constitucionais, bem como a esse grupo se
associam as leis, sejam elas complementares, ordinárias ou delegadas.

Os Costumes
Os costumes relacionam-se a um comportamento social, aceito e reiterado, que não
tem previsão em qualquer norma, mas que disciplina comportamentos sociais, sendo
que sua inobservância poderá submeter o infrator a um juízo de reprovação social.

Um exemplo de costume que aplicamos no dia a dia é a fila, ou seja, as pessoas se


postam em fila atendendo a uma ordem de chegada, para adentrar em um ambiente
qualquer, por exemplo. Esse comportamento não possui previsão em norma, mas sim
trata-se de um hábito social aceito e esperado, dotado de coercibilidade, ou seja, existe
um juízo coletivo de reprovação diante da situação de alguém “furar a fila”.

Figura 6
Fonte: Getty Images

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Conhecendo o Direito e a Legislação

Analogia
Podemos entender que a analogia se trata de uma interpretação extensiva, de fatos
relevantes para o direito, mas que não foram tratados especificamente pela norma, per-
mitindo que seja empregada, a essa situação não prevista, uma norma que regula uma
situação jurídica semelhante, que a lógica e a razoabilidade permitam alcançar.

Nas palavras de Miguel Reale:


A analogia atende ao princípio de que o Direito é um sistema de
fins. Pelo processo analógico, estendemos a um caso não previsto
aquilo que o legislador previu para outro semelhante, em igualdade
de razões. Se o sistema do Direito é um todo que obedece a certas
finalidades fundamentais, é de se pressupor que, havendo identidade
de razão jurídica, haja identidade de disposição nos casos análogos,
segundo um antigo e sempre novo ensinamento: ubi eadem ratio, ibi
eadem juris dispositivo (onde há a mesma razão deve haver a mesma
disposição de direito). (REALE, 2002, p. 298)

Por exemplo, temos a previsão no artigo 1.899 do atual Código Civil que, se um tes-
tamento, ou seja, as declarações de última vontade de alguém, redigidas na forma da lei,
possuir cláusula não muito clara, permitindo mais de uma interpretação, nessa hipótese,
deverá ser adotada a que mais favorecer à vontade do testador (pessoa que manifesta
suas últimas vontades para registro do testamenteiro).
Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de inter-
pretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observân-
cia da vontade do testador.

Ocorre que existe um instituto no direito civil denominado de “doação”, na qual uma
pessoa doa a alguém, por ato de pura liberalidade e formal (contrato de doação), algo de
sua propriedade. A doação se dá por contrato, podendo haver nesse cláusulas impreci-
sas quanto aos direitos assegurados ao donatário (aquele que recebe a doação), permitin-
do a aplicação por semelhança, ou, de forma análoga, ao que prevê no artigo 1.899 do
Código Civil, na questão do testamento, sobre o que não ficou definido para o instituto
da doação, já que ambos expressam manifestação de vontade do doador e do testador.

Princípios gerais do direito


Podemos compreender que princípios são elementos norteadores, que revelam a for-
ma pela qual o intérprete da norma jurídica deve se pautar, para que o sistema jurídico,
que se identifica com o ideário do direito, mantenha as relações sociais harmônicas,
atingindo um ideário de “justiça”, o qual é uma expectativa geral de todas as pessoas
submetidas ao direito como um todo.

Podemos enumerar uma série de princípios gerais do direito, especificando sua apli-
cação a diversos ramos do direito. Por exemplo, o princípio da legalidade aplicado

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ao direito tributário, nele somente a Lei em seu sentido estrito, ou seja, aquela oriunda
do Poder Legislativo, pode criar uma determinada espécie tributária (imposto, taxa ou
contribuição de melhoria – art. 145 da Constituição Federal).

Quanto ao direito do trabalho, temos como um de seus princípios o da norma mais


favorável, segundo o qual a interpretação das normas trabalhistas deve sempre tender
para parte economicamente mais fraca, ou seja, o empregado, ao invés do empregador.

Como último exemplo, veremos o princípio da retroatividade da lei penal mais


benéfica. Nesse, advindo uma nova lei que seja, mais benéfica ao acusado, réu ou sen-
tenciado, ela deve ser empregada.

Jurisprudência
Como cabe ao Poder Judiciário reconhecer quando provocado o direito, suas formas
reiteradas de compreensão quanto ao emprego das normas jurídicas a casos que possu-
am determinada semelhança formam a fonte do direito, denominada de jurisprudência.

Nas palavras do já mencionado Miguel Reale, sua compreensão do que vem a ser
jurisprudência é:
[...] a forma de revelação do Direito que se processa através do exercí-
cio da jurisdição, em virtude uma sucessão harmônica de decisões dos
tribunais. (REALE, 2002, p. 167)

Doutrina
Embora alguns não a considerem como fonte do direito, nós a inserimos nessa con-
dição por uma questão óbvia, pois cabe aos cientistas do Direito apreciá-lo como um
todo, dando interpretações justificadas das normas que compõem o conjunto, que em
seu todo permitem a compreensão e aplicação da norma jurídica específica.

Nas palavras de Paulo Nader com relação ao que vem a ser a doutrina como fonte a
ser reconhecida pelo direito, temos:
[...] como fonte do direito, é o conjunto de regras, ideias e princípios ju-
rídicos extraídos das obras dos jurisconsultos. (NADER, 1998, p. 211)

Legislação
Com relação específica quanto ao significado do que vem a ser a Legislação, pode-
mos dizer que ela se refere a esse conjunto normativo, que integra a concepção do direi-
to, proveniente de suas fontes específicas, mais precisamente oriunda da fonte primária
do direito, ou seja, da lei, sob a visão de suas duas formas de interpretação, em sentido
amplo e estrito.

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Conhecendo o Direito e a Legislação

Mas vale a ressalva de que não podemos desassociar da análise da interpretação e


da própria aplicação do direito as demais fontes, pois essas podem indicar ao interprete
da “lei” como ela deve ser vista, analisada e aplicada, possibilitando que seja atingida
a expectativa de “justiça”, ou seja, de aplicação estrita do direito aos casos que a ele
se submetam.

Figura 7
Fonte: Pixabay

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leitura
Fontes do Direito
http://bit.ly/2p2QkLi
O Conceito de Direito
http://bit.ly/2nCcxiV
Constituição Federal de 1988
http://bit.ly/2kehxIX
Decreto-Lei n.º 4.657, de 4 de Setembro de 1942
http://bit.ly/2p2Rk20

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UNIDADE
Conhecendo o Direito e a Legislação

Referências
ARAUJO, L. A. D; NUNES JÚNIOR, V. S. Curso de Direito Constitucional. 9. ed.
São Paulo: Saraiva, 2005.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil


de 1988. Brasília, DF: Senado, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 17 set. 2019.

________. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário


Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8, p. 1-74, 11 jan. 2002. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 17
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CARVALHO, P. de B. Curso de Direito Tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 1996.

CRETELLA JÚNIOR, J. Comentários à Constituição de 1988. v. IX. Rio de Janeiro:


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MACHADO, H. de B. Uma Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Dialética, 2000.

MONNERAT, F. V. da F. Introdução ao Estudo do Direito Processual Civil. 3. ed.


São Paulo: Saraiva Educação, 2018. [e-book]

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NUNES JUNIOR, F. M. A. Curso de Direito Constitucional. 1. ed. São Paulo: Ed.


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REALE, M. Lições Preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

SILVA, De P. e. Vocabulário jurídico. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991.

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