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MODERNISMO: movimento cultural que, nas primeiras décadas do século XX, revolucionou as artes e a literatura, reivindicando a liberdade de criação e recusando todo
o tipo de constrangimentos.
• Influência dos progressos tecnológicos e das inovações científicas da época (teoria da relatividade, divisão do átomo, tecnologia dos raios X, voos dos irmãos Wright, a teoria de
Freud sobre o inconsciente…) e dos choques ideológicos e conflitos bélicos de proporções trágicas.
• Inspiração na arte de outros continentes (sobretudo, Oceânia e África).
• Corte profundo com o passado e com as normas académicas e oficiais (cânones artísticos herdados do Renascimento), valorizando-se a liberdade e/ou a espontaneidade de criação
artística.
• Desafio ao gosto e aos valores morais dominantes, de tradição burguesa e/ou aristocrática, afrontando normas e valores estéticos tradicionais, com intervenções radicais,
provocatórias e, até, escandalosas – distanciamento da arte em relação à sociedade.
• Destruição progressiva da representação tradicional, tal como havia sido criada no Renascimento com a perspetiva - recusa da representação mimética da realidade, buscando além
do aparente.
• Permanente pesquisa, adotando uma atitude de experimentalismo e de procura de novas técnicas, novos materiais, novos meios de expressão artística.
• Adoção de novos objetos temáticos, de índole abstrata ou projetados pelo inconsciente humano, desligando os temas da realidade sensível.
Os precursores deste movimento constituíram as VANGUARDAS, isto é, movimentos inovadores no campo artístico e literário, que rejeitaram os modelos do passado e
anteciparam tendências futuras, abrindo assim novos caminhos.
ARTISTAS
CORRENTE INFLUÊNCIAS / ORIGEM CARACTERÍSTICAS GERAIS
REPRESENTATIVOS
INFLUÊNCIAS: Impressionismo, Pós-impressionismo e Recusa das regras académicas da pintura tradicional e afirmação da liberdade de Henri Matisse (1869-1954)
Primitivismo. Maurice De Vlaminck (1876-1958)
criação estética; André Derain (1880-1954)
Abordagem da pintura como uma linguagem autónoma, independente da
Surgido no contexto artístico e cultural parisiense de experiência visual da realidade – é ditada pelo instinto do pintor (que capta o que
início do século, favorável à rutura e à afirmação da sente ser o essencial do objeto);
modernidade, o Fauvismo constituiu a primeira
vanguarda do século XX. Valorização da cor como elemento privilegiado da composição e
da representação (OU composição do quadro através da distribuição livre da cor
FAUVISMO
A designação decorre do termo francês fauve (fera) e OU primado da cor sobre a forma, desenhando com cor) OU utilização da cor
foi atribuída a um grupo de pintores que expuseram no como forma de expressão de sensações estéticas ou plásticas: recurso a cores
Salão de Outono de 1905, em Paris. A expressão fauve foi fortes e puras, aplicadas de forma livre (não naturalista) e expressiva, em
utilizada pejorativamente pelo crítico de arte Louis pinceladas curtas ou em grandes manchas que delimitam planos;
Vauxcelles na sua apreciação às obras ali expostas, Simplificação das formas OU desvalorização/abandono do desenho tradicional:
referindo-se à forma agressiva, quase selvagem, como redução do objeto às linhas essenciais; simplicidade do traço e dos contornos;
fora aplicada a cor. Cerca de 1908, o Fauvismo eliminação do pormenor – rudeza da execução;
extinguiu-se, abrindo caminho a novos percursos.
Tratamento livre do espaço OU adoção da bidimensionalidade: desvalorização
da perspetiva geométrica; esbatimento dos volumes ou ausência de modelado;
quebra do sentido de proporção;
Ausência de intencionalidade social, política ou psicológica: temas ligeiros,
sobretudo paisagens e retratos.
~~ História A 12.º Ano 1
ARTISTAS
CORRENTE INFLUÊNCIAS / ORIGEM CARACTERÍSTICAS GERAIS
REPRESENTATIVOS
INFLUÊNCIAS: Pós-impressionismo, Primitivismo e Fauvismo.
O Expressionismo surgiu na Alemanha na primeira O grupo A Ponte defendeu uma arte impulsiva e instintiva, ligada à expressão
Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938),
década do século XX, em simultâneo com o Fauvismo subjetiva das emoções e gerada pelas angústias e dramas interiores do artista. Fritz Bleyl (1880-1966),
em França. Apesar de manter com este movimento Defendeu, também, uma arte ligada à vida real, que mostrasse os dramas Erich Heckel (1883-1970),
algumas afinidades, o Expressionismo foi mais longo, humanos e denunciasse as tensões sociais e políticas – interventiva. Defendeu, por Karl Schmidt-Rottluff (1884-1976).
mais fundamentado e mais abrangente, estendendo-se isso, o espírito comunitário e a proximidade dos artistas com a classe
aos mais diversos domínios da atividade artística. trabalhadora.
Refletiu os tempos conturbados que antecederam e • Execução espontânea e temperamental, com algum desprezo pela técnica:
acompanharam a Primeira Guerra Mundial, assim como esboços rápidos e toscos, reduzindo o desenho ao essencial; telas
as mudanças que então ocorreram. aparentemente inacabadas, com espaços por pintar;
Esta corrente surgiu como reação à representação • Livre aplicação de cores intensas e contrastantes, sem correspondência com o
objetiva do mundo exterior (associada ao real (não naturalistas);
Impressionismo), considerando a arte como expressão • Desenho simplificado e anguloso dos ambientes e das figuras, com contornos a
do mundo subjetivo do artista (ideias, emoções e negro OU deformação intencional dos ambientes e das figuras (maior
sensações interiores) e um reflexo do seu impulso dramatismo e intensidade);
criador. • Utilização da cor e da deformação como meios de expressão subjetiva das
O expressionismo não foi um movimento unitário, emoções do pintor e das suas inquietações face aos dramas sociais da era
EXPRESSIONISMO
tentaram resolver os problemas da cor e da expressão, espalma, originando uma fusão entre as figuras e o espaço envolvente;
Picasso e Braque abordaram os problemas da forma e do - ao papel secundário da cor, limitada a uma paleta sóbria, quase monocromática,
espaço, destruindo o modo de representar o espaço que, para não perturbar o rigor geométrico da representação: azul, castanho e cinzento
desde o Renascimento, prevalecera na arte são as cores mais utilizadas;
ocidental. Rompem com a tradição naturalista da - a uma separação crescente entre a realidade e representação, tornando-se os
representação do espaço segundo as leis da perspetiva, a objetos quase irreconhecíveis devido à excessiva decomposição ou estilhaçamento
partir de uma ponto de vista fixo e num instante do objeto (1911) – aproximação à abstração.
concreto (ilusão do espaço a três dimensões), Temática: naturezas-mortas com objetos do quotidiano e retratos.
introduzindo um novo olhar que mostra o objeto a
FASE SINTÉTICA (1912-1914)
partir de diferentes pontos de vista e em momentos
Na tentativa de reconstruir o objeto pintado (quase irreconhecível, na fase
simultâneos. Rejeitam a representação do objeto em
analítica), os Cubistas iniciam um processo de síntese caracterizado por:
função da sua perceção ótica (imagem visual),
- redução do espaço e das formas a planos esquematizados e aos elementos
substituindo-a pela sua imagem mental e globalizante.
essenciais;
O Cubismo é considerado a maior revolução artística do - retorno à policromia – cores vibrantes, frequentemente lisas;
pós Renascimento, tornando-se uma referência para - experimentação de novas técnicas como a collage (colagem de materiais de
outros movimentos artísticos do século XX. uso quotidiano na tela, tais como recortes de jornais, papel de parede e papel
de música, bilhetes, rótulos, cartão, tecidos, desperdícios de madeira, areia,
pequenos objetos…) e o lettering (aplicação de letras impressas à pintura),
introduzindo aspetos da vida real nas obras de arte;
- nova abordagem do objeto artístico, diluindo a fronteira entre a pintura e a
escultura e convertendo o quadro num objeto em si mesmo (tableau-objet).
cartazes e panfletos, organizaram-se sessões públicas representação simultânea dos diferentes ângulos do objeto (simultaneísmo),
em cafés-teatro, sempre irreverentes, escandalosas, de inspiração cubista;
provocatórias e, mesmo, agressivas (declamação de • à expressão do dinamismo OU da continuidade do movimento no espaço e no
manifestos, sessões de oratória eloquente, concertos tempo, através de imagens fundidas ou encadeadas do mesmo objeto, em
de ruídos com instrumentos originais e todo o tipo de
posições que variam progressivamente (sensação de energia, movimento e de
“sessões futuristas”).
velocidade);
Muitos dos elementos desta corrente mostraram-se • à utilização de linhas dinâmicas, diagonais e angulosas, que atravessam a tela;
favoráveis à participação na Primeira Guerra Mundial, • à decomposição da luz e das cores (divisionismo), produzindo efeitos de
elogiando a guerra enquanto exemplo heroico da vibração: cores fortes e contrastantes.
aventura moderna (OU expressão de força e energia de Temática dominada pelos elementos do mundo industrial: a cidade, a máquina, a
um povo) e manifestando posições nacionalistas
energia, o movimento, a velocidade, o ruído … são elementos centrais das obras
exacerbadas.
futuristas.
A Primeira Guerra Mundial travou o desenvolvimento
da estética futurista, já que o movimento ficou
desacreditado com a violência do conflito.
desprezo pela civilização industrial e pela hipocrisia criação artística: com Dada, não há regras, pois cada um é livre de criar como
dos valores burgueses, considerados responsáveis entender;
pelo estado violento e caótico do mundo e pela • Dessacralização do objeto artístico pela utilização e descontextualização de
inquietação espiritual associados à Primeira Guerra objetos comuns, elevados à categoria de objetos de arte – trivialização da arte e
Mundial - se o mundo deixara de fazer sentido, então a valorização do trivial;
Arte teria de refletir o caos em que o mundo se • Valorização dos processos criativos em detrimento da mestria técnica e da
transformara (tal como a palavra sem sentido que obra final – é o começo da arte como ideia;
nomeava o movimento). • Execução plástica influenciada pelo cubismo sintético (colagens), mas
também por técnicas originais:
No final da Guerra, os artistas dispersaram-se e - os objects-trouvés (colocação na tela de um elemento tridimensional),
difundiram o movimento (Berlim, Hanôver, Colónia, - os ready-made (objetos comuns, de produção industrial, retirados do
Paris, Nova Iorque), que atingiu o apogeu cerca de seu contexto e transformados em obra de arte),
1920. Para além de ter influenciado os mais - os merzbilders (utilização de objetos quotidianos degradados na pintura
importantes movimentos artísticos da 2ª metade do executada pelo artista),
século XX, o Dadaísmo desembocou, por intermédio - os rayographs (fotografias realizadas sem máquina, pelo contacto direto da
de alguns dos seus membros, no movimento luz com o papel fotográfico e os objetos) e
surrealista. - as fotomontagens (integração de várias imagens autónomas numa só).
Temática provocatória, irónica, insólita e incongruente – nonsense.
Nas primeiras décadas do século XX, em Portugal, havia uma forte resistência à inovação - conservadorismo (explicada em parte pelo condicionamento da
liberdade de expressão e pela limitada informação sobre os debates filosóficos e estéticos da época). A arte e literatura estavam marcadas pelo classicismo
racionalista e pelo naturalismo, associadas à necessidade de vincar a identidade rural do país.
ARTISTAS
CARACTERÍSTICAS GERAIS
REPRESENTATIVOS
AS OBRAS DAS EXPOSIÇÕES OFICIAIS CARACTERIZAVAM-SE POR: PINTURA:
José Malhoa (1855-1933)
“ESTÉTICA NATURALISTA”
• obediência às regras académicas, associadas à tradição renascentista; Columbano Bordalo Pinheiro (1857-
• execução cuidada e traço rigoroso – formas detalhadas, volumetria das figuras e acabamento perfeito; 1929)
• respeito pelas regras da perspetiva tradicional – tridimensionalidade obtida pela aplicação de jogos de luz
ESCULTURA:
e sombra ou pela sucessão de planos; António Teixeira Lopes (1866-1942)
• aplicação naturalista da cor – cores naturais e sóbrias e uso de gradações cromáticas;
• pintura de “ar livre”, com expressão realista, que procura captar um “instantâneo da realidade”;
• temáticas – pintura de género ou cenas do quotidiano ou de costumes da vida popular/campestre;
motivos retirados da natureza ou paisagens.
Apesar do conservadorismo cultural dos republicanos, foi com a Primeira República que surgiram os primeiros sinais de mudança na cena
cultural nacional (debate e crítica fomentados pelas circunstâncias políticas e sociais do país e pelo próprio contexto político europeu).
Grupos de intelectuais e artistas organizaram-se em círculos de contestação à velha ordem (à “mediocridade” dos saudosistas, agarrados ao passado) e ao
provincianismo instalado na cultura portuguesa e apresentaram novas propostas estéticas e literárias que, sem prejuízo da originalidade nacional,
incorporaram ideias/práticas das vanguardas europeias (revistas, manifestos, exposições independentes, estratégias provocatórias…).
ARTISTAS
INFLUÊNCIAS / ORIGEM CARACTERÍSTICAS GERAIS
REPRESENTATIVOS
ANTES DA GUERRA: - Manuel Bentes,
Emmérico Nunes,
PRIMEIRO MODERNISMO (1911-1920)
ANOS 20 E INÍCIO DOS ANOS 30: • maior individualidade do modernismo português face à Europa, com a José Régio, Branquinho da
Revista Contemporânea (1922-26) e Revista introdução de características próprias; Fonseca, João Gaspar
SEGUNDO MODERNISMO (PÓS 1920)
Presença (1927-40) • afastamento da urbanidade e distanciamento da vida intelectual Simões, Almada Negreiros,
Exposições independentes, ilustração de lisboeta Eduardo Viana, Dórdio
periódicos e decoração modernista de espaços • valorização da ingenuidade na arte enquanto valor essencial da criação Gomes, Júlio Reis Pereira,
públicos artística; Sarah Afonso, Carlos
Linguagem arquitetónica modernista, de • inspiração na arte popular portuguesa; Botelho, António Soares,
influência funcionalista. • maior densidade psicológica e expressividade a nível temático, na Mário Eloy, Maria Helena
pintura; Vieira da Silva, Bernardo
A PARTIR 1933: • escultura com elementos expressionistas – simplificação dos volumes e Marques, Abel Manta,
Apropriação do Modernismo pelo Estado Novo formas, facetação das superfícies, busca do essencial sem pormenor António Pedro…
descritivo;
• arquitetura com linguagem modernista – racionalidade e simplicidade do
traço (linhas retas), uso do vidro e do betão armado, ausência de
elementos decorativos, terraços e coberturas planas.