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- Inquérito Policial;
- Procedimentos Penais;
- Recursos no Processo Penal.
INQUÉRITO POLICIAL
Uma vez ordenado o arquivamento do inquérito policial pelo juiz de direito, por
falta de base para a denúncia, nada obsta que a autoridade policial proceda a novas
pesquisas, desde que de outras provas tenha conhecimento – art. 18 do CPP.
Somente o MP, titular da ação penal pública, pode requerer o seu arquivamento,
cabendo ao juiz determina-lo. Pode acontecer de o magistrado entender que não é
caso de arquivamento. Nesta hipótese, segundo estabelece o art. 28 do CPP, deverá
o juiz fazer a remessa dos autos ao procurador-geral, que é quem tem atribuição
para proceder a nova análise do pedido de arquivamento, ratificando a decisão ou
determinando a denúncia, podendo ele mesmo fazê-lo ou determinar a outro
membro do MP que o faça.
HC N. 84.156-MG
RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO
A) nada poderá fazer sob o ponto de vista criminal, tendo em vista que a decisão de arquivamento
fez coisa julgada material.
B) poderá apresentar o vídeo ao Ministério Público, sendo possível o desarquivamento do inquérito
ou oferecimento de denúncia por parte do Promotor de Justiça, em razão da existência de prova
nova.
C) nada poderá fazer sob o ponto de vista criminal, tendo em vista que, apesar de a decisão de
arquivamento não ter feito coisa julgada material, o vídeo não poderá ser considerado prova nova,
já que existia antes do arquivamento do inquérito.
D) poderá iniciar, de imediato, ação penal privada subsidiária da pública em razão da omissão do
Ministério Público no oferecimento de denúncia em momento anterior.
DESTAQUES:
Coisa julgada significa que a decisão final no processo foi dada, como
explica Aury Lopes Jr., significa a decisão imutável e irrevogável,
imutabilidade do mandamento que nasce da sentença. (LOPES JR. Aury.
Direito Processual Penal, 11 ed – São Paulo, Saraiva, 2014.p, 1146.)
MATERIAL: Decorre, por sua vez, da decisão que trata sobre a matéria
de fato, sobre o “fato da vida” que ao processo originara.
É sempre é precedida da modalidade formal (pois primeiramente
ocorre a preclusão dos prazos recursais), e é preciso que a sentença
seja imutável. Somente com a imutabilidade da sentença é que esta
fará parte de um universo, isto é, que seus efeitos extrapolem o
processo (efeitos erga omnes), restringindo possibilidade de nova
denúncia.
COISA JULGADA FORMAL E COISA JULGADA MATERIAL
A) nada poderá ser feito, pois o arquivamento do inquérito policial fez coisa julgada
material.
B) a carta escrita por Bruno pode ser considerada prova nova e justificar o
desarquivamento do inquérito pela autoridade competente.
C) nada poderá ser feito, pois a carta escrita antes do arquivamento não pode ser
considerada prova nova.
D) pela falta de justa causa, o arquivamento poderia ter sido determinado diretamente
pela autoridade policial, independentemente de manifestação do Ministério Público ou do
juiz.
Na cidade “A”, o Delegado de Polícia instaurou inquérito policial para
averiguar a possível ocorrência do delito de estelionato praticado por
Márcio, tudo conforme minuciosamente narrado na requisição do
Ministério Público Estadual. Ao final da apuração, o Delegado de Polícia
enviou o inquérito devidamente relatado ao Promotor de Justiça. No
entendimento do parquet, a conduta praticada por Márcio, embora
típica, estaria prescrita. Nessa situação, o Promotor deverá
A) arquivar os autos.
B) oferecer denúncia.
C) determinar a baixa dos autos.
D) requerer o arquivamento.
Tiago, funcionário público, foi vítima de crime de difamação em razão de suas funções.
Após Tiago narrar os fatos em sede policial e demonstrar interesse em ver o autor do fato
responsabilizado, é instaurado inquérito policial para investigar a notícia de crime. Quando
da elaboração do relatório conclusivo, a autoridade policial conclui pela prática delitiva da
difamação, majorada por ser contra funcionário público em razão de suas funções, bem
como identifica João como autor do delito. Tiago, então, procura seu advogado e informa a
este as conclusões 1 (um) mês após os fatos.
Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Tiago, de acordo com a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, deverá esclarecer que
• Crimes contra a honra: Os crimes contra a honra estão tipificados nos art. 138 a
145 do Código Penal, e seu procedimento está disciplinado no Título II, Capítulo
III do Código de Processo Penal (art. 519 a 523). São crimes contra a honra:
calúnia, injúria e difamação. Embora o Código Processual Penal tenha feito
previsão apenas a calúnia e difamação, a doutrina entende que tais normas
regem também o procedimento do crime de injúria.
Se o crime contra a honra tiver pena máxima de até dois anos de prisão, a ação
penal tramitará no Juizado Especial Criminal, pelo rito Sumaríssimo, tendo em vista
que, neste caso, trata-se de infração de menor potencial ofensivo, todavia, pode
ocorrer de o processo com tramitação inicial no juizado especial ser encaminhado
ao juízo comum, um exemplo é quando ocorre necessidade de citação editalícia.
• Lei de Drogas: Atenção, pois a disposição da Lei especial, que estabelece a
realização do interrogatório do réu ao início da instrução, o STF têm aplicado
entendimento contrário.
A Lei 9.099/1995, embora crie e estabeleça a ritualística dos Juizados Especiais, não
traz normas exclusivas a este rito. Atenção à suspensão condicional do processo
(art. 89).
Luiz foi condenado, em primeira instância, pela prática de crime de homicídio
qualificado em razão de recurso que dificultou a defesa da vítima. Durante seu
interrogatório em Plenário, Luiz confessou a prática delitiva, mas disse que não
houve recurso que dificultou a defesa da vítima, tendo em vista que ele estava
discutindo com ela quando da ação delitiva. Insatisfeito com o reconhecimento da
qualificadora pelos jurados, já que, diferentemente do que ocorreu em relação à
autoria, não haveria qualquer prova em relação àquela, o advogado apresentou, de
imediato, recurso de apelação.
Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Luiz deverá buscar,
em sede de recurso,
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas,
além das indicadas pelas partes.
§ 1º Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as
testemunhas se referirem.
§ 3º Será ouvido o juiz presidente, quando a medida não tiver sido por ele
solicitada.
Guilherme foi denunciado pela prática de um crime de lesão corporal
seguida de morte. Após o recebimento da denúncia, Guilherme é
devidamente citado. Em conversa com sua defesa técnica, Guilherme
apresenta prova inequívoca de que agiu em estado de necessidade.
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-
se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do
processo durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60
(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o
disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o
pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.
Em 16/02/2016, Gisele praticou um crime de lesão corporal culposa simples
no trânsito, vitimando Maria Clara. Gisele, então, procura seu advogado para
saber se faz jus à transação penal, esclarecendo que já foi condenada
definitivamente por uma vez a pena restritiva de direitos pela prática de
furto e que já se beneficiou do instituto da transação há 7 anos.
Deverá o advogado esclarecer sobre o benefício que
Lei 9.099/95:
A) O juiz deve impronunciar Fabrício pelo crime de homicídio, diante dos indícios de autoria e prova
da materialidade, que indicam a prática de crime doloso contra a vida.
B) O juiz deve pronunciar Fabrício, remetendo os autos ao Juízo comum, diante dos indícios de
autoria e prova da materialidade, que indicam a prática de crime doloso contra a vida.
C) O juiz deve pronunciar Fabrício, submetendo-o ao plenário do Júri, diante dos indícios de autoria
e prova da materialidade, que indicam a prática de crime doloso contra a vida.
D) O juiz deve pronunciar Fabrício, submetendo-o ao plenário do Júri mediante desclassificação do
crime comum para crime doloso contra a vida, diante dos indícios de autoria e prova da
materialidade, que indicam a prática de crime doloso contra a vida.
DESTAQUES
A sentença que o juiz profere na primeira fase do Rito do Júri é diferente de uma
sentença normal porque o juiz não aplica pena nem mesmo afirma ser o réu
culpado, podendo ele pronunciar, impronunciar ou absolver sumariamente.
Ainda, o juiz pode impronunciar o réu, quando ele não se convenceu de que tenha
ocorrido crime ou a falta de provas suficientes para apontar que o réu tenha
envolvimento no crime. Ocorrendo isto, o processo termina e não segue para o
julgamento pelos jurados.
Por fim, caso o juiz esteja convencido de que não foi o réu quem cometeu o crime
ou por exemplo tenha agido em legitima defesa absolverá o réu.
RECURSOS
“O fundamento do sistema recursal gira em torno de dois argumentos:
falibilidade humana e inconformidade do prejudicado.” (LOPES JR.,
Aury. Direito processual penal. 9 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva,
2012)
A falibilidade humana pode decorrer de um erro de aplicação ou até
mesmo de interpretação da lei, ou seja, no jargão jurídico, quando
ocorrer um error in procedendo (ou de natureza processual), ou um
error in judicando (ou de natureza material), fazendo-se necessária a
possibilidade de reanálise pelo órgão que proferiu a decisão ou por um
órgão jurisdicional de hierarquia superior. Ao passo que a
inconformidade do prejudicado justifica-se até mesmo pela consciência
dessa possível falibilidade.
RECURSOS
A segunda explicação é aquela que atribui o fundamento constitucional do
recurso ao princípio do duplo grau de jurisdição podendo ser claramente
percebida nas lições de Guilherme de Sousa Nucci (2013, p. 868):
“Trata-se de garantia individual do duplo grau de jurisdição, prevista
implicitamente na Constituição Federal, voltada a assegurar que as decisões
proferidas pelos órgãos de primeiro grau do Poder Judiciário não sejam
únicas, mas submetidas a um juízo de reavaliação por instância superior.”
Nesse sentido, o art. 5º, LV da Constituição Federal dispõe que: “aos
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com meios e recursos a
ela inerentes” evidenciando-se, dessa forma, a relevância dos recursos para
o exercício pleno do direito de defesa.
RECURSOS
Recurso, então, é o meio de impugnação de uma decisão judicial que
visa à sua reforma ou invalidação.
É ato da parte (voluntário), excluindo-se a possibilidade de ser ato do
juiz (“de ofício”). Tem como pressuposto um gravame que adveio
daquela decisão, e se dá sempre dentro do mesmo processo. Sua
interposição impede a coisa julgada, e normalmente permite que a
questão seja reexaminada por um órgão jurisdicional de hierarquia
superior.
RECURSOS
Tempestividade: Interposição dentro do prazo legal.
Obrigatoriedade: princípio que impede, ao MP, a desistência de recurso
interposto.
Quem pode interpor recurso? MP, querelante, réu, seu advogado ou
defensor, e assistente de acusação, nos termos da Lei.
Interesse recursal: só haverá se houve pedido não atendido - total ou
parcialmente.
Fungibilidade: Em caso de erro, o judiciário recebe como sendo o próprio
recurso peça que assim não tenha sido identificada.
Exemplo: Num caso em que é cabível RESE, a parte interpõe Apelação. É
necessário, contudo, que a parte não tenha agido de má-fé; tenha respeitado
o prazo do recurso correto; deve ser possível depreender que houve dúvida
na interposição. Uma vez aceito pelo órgão julgador, ele manda processar o
recurso da forma correta.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
NA LEI 9.099:
Prazo: 5 dias (e não 2)
SUSPENDE o prazo dos outros recursos (não interrompe).
CARTA TESTEMUNHÁVEL
O que acontece se o MP perder o prazo para sua apelação? O ofendido (ou cônjuge,
ascendente, descendentes e/ou irmãos - art. 31) podem apelar subsidiariamente, mesmo
não habilitados como assistentes de acusação.
O Prazo para interpor essa apelação supletiva é de 15 dias, contados do fim do prazo para
o MP.
Outro ponto prático: dois ou mais apelantes ou apelados – PRAZO COMUM, não sucessivo.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – RESE
Súmula 700
É DE 5 DIAS O PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO CONTRA DECISÃO DO
JUIZ DA EXECUÇÃO PENAL.
Súmula 705
A RENÚNCIA DO RÉU AO DIREITO DE APELAÇÃO, MANIFESTADA SEM A
ASSISTÊNCIA DO DEFENSOR, NÃO IMPEDE O CONHECIMENTO DA APELAÇÃO
POR ESTE INTERPOSTA.
Súmula 708
É NULO O JULGAMENTO DA APELAÇÃO SE, APÓS A MANIFESTAÇÃO NOS
AUTOS DA RENÚNCIA DO ÚNICO DEFENSOR, O RÉU NÃO FOI PREVIAMENTE
INTIMADO PARA CONSTITUIR OUTRO.
Miguel foi denunciado pela prática de um crime de extorsão majorada pelo emprego de arma e
concurso de agentes, sendo a pretensão punitiva do Estado julgada inteiramente procedente e
aplicada sanção penal, em primeira instância, de 05 anos e 06 meses de reclusão e 14 dias multa. A
defesa técnica de Miguel apresentou recurso alegando:
(i) preliminar de nulidade em razão de violação ao princípio da correlação entre acusação e
sentença;
(ii) insuficiência probatória, já que as declarações da vítima, que não presta compromisso legal de
dizer a verdade, não poderiam ser consideradas;
(iii) que deveria ser afastada a causa de aumento do emprego de arma, uma vez que o instrumento
utilizado era um simulacro de arma de fogo, conforme laudo acostado aos autos.
A sentença foi integralmente mantida. Todos os desembargadores que participaram do julgamento
votaram pelo não acolhimento da preliminar e pela manutenção da condenação. Houve voto
vencido de um desembargador, que afastava apenas a causa de aumento do emprego de arma.
Intimado do teor do acórdão, o(a) advogado(a) de Miguel deverá interpor