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DECISÃO ADMINISTRATIVA

Processo nº 0117-010.224-7
Reclamante: QUITERIA MARIA DOS SANTOS

Reclamada: WCAR

I - SÍNTESE DOS FATOS

Trata-se de processo administrativo originado de reclamação apresentada pelo


consumidor já qualificado nos autos, ao PROCON-AL em 06 de junho de 2017,
relatando possuir um vínculo contratual com a empresa reclamada WCAR, a reclamante
compareceu ao PROCON-AL, relatando que adquiriu um CARRO FIAT PALIO CINZA 1.0,ANO
2009/2010, DE PLACA: NMB – 2648 na loja WCAR, em 10/03/2017, no valor de R$ 18.500,00
(dezoito mil e quinhentos reais) conforme contrato em anexo (fls. 06 e 07), acontece que a
vendedora da referida loja, informou a consumidora que o carro estava livre de qualquer
defeito, e em perfeito estado, mas não foi o que aconteceu, o referido produto apresentou
vários vícios, o que compeliu a consumidora a levar o produto na oficina por 14 vezes. Frisa-se
também, que a consumidora efetuou o valor de R$ 450,00 (quatrocentos e cinquenta reais)
para obter a transferência do carro para seu nome no dia 25/03/2017, e até a data da
apresentação da reclamação nada foi feito, ficando a consumidora até a presente data com
seu bem deteriorado, incompatível com o que lhe foi apresentada.

II - DA DEFESA ADMINISTRATIVA

No âmbito consumerista temos a previsão expressa dos artigos 42 e 44 do


Decreto nº 2.181/1997, para que a empresa notificada apresente sua defesa no prazo
legal de 10 (dez) dias, contados processualmente de sua notificação.

No presente caso, a reclamada WCAR não juntou defesa administrativa.


Entretanto, a reclamada WCAR optou por não apresentar sequer defesa
administrativa, deixando transcorrer in albis o prazo legal de 10 (dez) dias para tal.
Destarte, verifica-se que a reclamada não exerceu seu direito de apresentação de
defesa administrativa, demonstrando desprezo à convocação deste Instituto e
contrariando expressamente o art. 55, §4º do CDC c/c art. 33, §2º do Decreto
2.181/97. Assim sendo, devem ser aplicados os efeitos da revelia, presumindo-se
verdadeiros os fatos alegados pelo reclamante, conforme art. 344 do Código de
Processo Civil.

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III- DA FUNDAMENTAÇÃO
Analisando os autos deste processo, considerando as alegações feitas pelas
partes da lide, bem como as referidas provas acostadas aos autos, fundamentei a
presente Decisão Administrativa, nas seguintes razões de fato e de direito: A
reclamação apresentada ao PROCON-AL se apresenta verossímil, pois de acordo com o
art. 39, inciso V, é vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras
práticas abusivas, exigir do consumidor uma vantagem manifestamente excessiva,
como também, no art. 37, é proibida toda publicidade enganosa ou abusiva, como
consta no §1, é enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de
caráter publicitário, inteira ou parcialmente falso, ou, por qualquer outro modo,
mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros
dados sobre produtos e serviços.

Conforme ficou demonstrado, a postura adotada pela empresa reclamada


WCAR infringiu a Lei 8.078/90, que estabelece normas de proteção e defesa do
consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos artigos 5º, inciso
XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal, sendo um sistema autônomo dentro do
quadro Constitucional, que incide em toda relação que puder ser caracterizada como
de consumo. Sendo assim, essa relação pressupõe a vulnerabilidade do consumidor,
visto que se trata da parte econômica, jurídica e tecnicamente mais fraca nas relações
de consumo, estando em posição de inferioridade perante o fornecedor, conforme se
depreende da leitura de seu artigo 4º, inciso I, in verbis:

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades
dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações
de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995).I -
reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;

Diante da notória relação de consumo no caso em tela, está a presente relação


regida pelas normas consumeristas.

Ocorre que a reclamada WCAR não compareceu a audiência , mesmo sendo


devidamente notificada, como se comprova com AR de notificação anexo a este
processo (fls. 11), demonstrando total desrespeito a convocação deste órgão e
contrariando expresso normativo legal, art. 55 §4 do CDC, bem como o art. 33 §2 do
decreto 2.181/97.

No caso em comento, vislumbra-se a ocorrência de vícios no produto


adquirido pelo consumidor(a). Importante se faz, aclarar as noções de vício trazidas

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pelo Diploma Consumerista. Dessa forma, primeiramente observe-se que a definição
de vício prevista na lei de defesa do consumidor é bem mais ampla do que a constante
no Código Civil, tendo em vista que aquela não se limita aos vícios ocultos e além
destes, prevê a ocorrência de vícios aparentes ou de fácil constatação, bem como
daqueles decorrentes da disparidade das características dos produtos veiculadas em
oferta e publicidade.

Neste diapasão, diante do ocorrido, a conduta da reclamada além de ferir a


norma consumerista nos artigos supracitados, infringiu o artigo 18, §1º do Código de
Defesa do Consumidor, in verbis:

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente
pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que
se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas
as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes
viciadas.
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais
perdas e danos;

No caso em comento, verifica-se que a questão controvertida diz respeito ao


descumprimento às normas de ordem pública trazidas no bojo do artigo 18 do
Diploma do Consumidor, haja vista a reclamada, mesmo sendo notificada de que o
produto adquirido apresentou vícios e que restou esgotado o prazo legal de 30 (trinta)
dias para execução dos reparos, manteve-se inerte e não atendeu ao pleito do
consumidor. Ainda sob a égide do artigo, 18, § 1º Não sendo o vício sanado no prazo
máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha, a
substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso,
como também a restituição do valor pago pelo produto. Quando realizada a escolha
pelo consumidor entre a substituição do produto ou a restituição do valor pago, este
faz jus ao cumprimento imediato de uma dessas alternativas, nos exatos termos do
dispositivo legal. Neste sentido, é o entendimento jurisprudencial:

Ementa: RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. VICIO DO PRODUTO. LAVADORA DE ROUPAS QUE


APRESENTOU PROBLEMAS DE FUNCIONAMENTO LOGO APÓS A AQUISIÇÃO. ANÁLISE DO BEM PELA
ASSISTÊNCIA TÉCNICA. DIREITO À SUBSTITUIÇÃO DO PRODUTO POR OUTRO DA MESMA ESPÉCIE,
OU O VALOR PAGO PELO BEM, DEVIDAMENTE CORRIGIDO. ESSENCIALIDADE DO PRODUTO.
POSSIBILIDADE DE USO IMEDIATO DAS ALTERNATIVAS DO § 1º DO ARTIGO 18 DO CDC, EM RAZÃO
DO § 3º DO MESMO ARTIGO. DIREITO À RESTITUIÇÃO DO VALOR PAGO DANOS MORAIS NÃO

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CONFIGURADOS. SITUAÇÃO QUE NÃO ULTRAPASSA O MERO DISSABOR COTIDIANO. RESOLUÇÃO
CONTRATUAL COM A DEVOLUÇÃO DO BEM, RETORNANDO AS PARTES AO STATUS QUO ANTE.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Recurso Cível Nº 71005128269, Terceira Turma Recursal Cíve l,
Turmas Recursais, Relator: Silvia Muradas Fiori, Julgado em 06/11/2014).(TJ-RS - Recurso Cível:
71005128269 RS, Relator: Silvia Muradas Fiori, Data de Julgamento: 06/11/2014, Terceira Turma
Recursal Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 10/11/2014)(grifo nosso).

Vale salientar que a garantia estipulada diretamente pela referida lei (art. 18 a
21) não pode ser afastada nem diminuída pelo fornecedor, conforme expresso nos
artigos 24, 25, 51, I do mesmo diploma legal.
No tocante a responsabilidade da reclamada, consoante o artigo 3º do CDC
especifica que o sistema de proteção do consumidor considera como fornecedores a
todos os que participam da cadeia de fornecimento de produtos, nominados
expressamente toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos. E da cadeia de fornecimento de serviços
o organizador da cadeia e os demais partícipes do fornecimento direto ou indireto,
mencionados genericamente como “toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividades de prestação de serviços”, não importando sua relação direta ou indireta,
contratual ou extracontratual com o consumidor. Assim, vejamos a jurisprudência
sobre a responsabilidade solidária que predomina em nossos tribunais:

EMENTA: BEM MÓVEL DIREITO DO CONSUMIDOR AÇÃO DE RESOLUÇÃO CONTRATUAL C.C.


REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS VÍCIO DO PRODUTO Ação redibitória.
Responsabilidade solidária e objetiva da comerciante e do fabricante pelo vício do produto (artigo
18, caput, CDC). Preliminar de ilegitimidade passiva da comerciante afastada. Vício verificado na
primeira semana de uso, com potencial de comprometer a qualidade do produto Lícito à
consumidora se valer diretamente das hipóteses alternativas previstas pelo art. 18, § 1º, CDC
Alegação de desconhecimento do vício que não exime a fabricante de responsabilidade (art. 23, CDC)
Direito potestativo da consumidora de escolher uma das alternativas do art. 18, § 1º, CDC
Procedência da ação, com o desfazimento do negócio e condenação das rés à restituição do preço
efetivamente pago pelo produto viciado Dever de reparação dos prejuízos morais ante a
peculiaridade do caso em exame Patente descaso com o direito da consumidora, garanti do por lei
Utilização de critérios de razoabilidade e proporcionalidade para majorar o valor arbitrado (R$
2.550,00), fixando-se a indenização em R$ 5.000,00 Manutenção da disciplina sucumbencial. - Nega-
se provimento aos recursos das rés e dá-se provimento ao recurso adesivo. (TJ-SP - APL:
4549755820108260000 SP 0454975-58.2010.8.26.0000, Relator: Edgard Rosa, Data de Julgamento:
07/11/2012, 25ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 09/11/2012)(grifo nosso).

Destarte, é clarividente a responsabilidade por parte da reclamada e


legitimidade de figurar o polo passivo desta lide, além da fragilidade das
alegações que limita-se apenas a justificar sua conduta, sem apresentar provas.

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Vislumbra-se também que em momento algum no processo notou-se a tentativa
da empresa em resolver o litígio, em que sequer propôs o reparo do produto em
tempo hábil.

Por fim, verifica-se que a conduta adotada pela empresa reclamada não
respeitou os preceitos normativos definidos pelo Código de Defesa do Consumidor,
tornando-se viável a penalidade administrativa a mesma.

IV-DA CONDENATÓRIA

A inobservância da Lei 8.078/90 acarreta em penalidades previstas no Decreto


2.181/97, conforme dispõe o art. 3º Inciso X – “fiscalizar e aplicar as sanções
administrativas previstas na Lei 8.078/90, e em outras normas pertinentes à defesa do
consumidor”.
Pelo exposto nos autos deste processo administrativo, considerando que a
reclamada WCAR não apresentou defesa administrativa, tendo sido notificada
devidamente, levando em boa fé as alegações da reclamante e considerando a
vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo conforme prescreve o art. 4º,
inciso I, da Lei 8.078/90 e com base na boa-fé e equilíbrio das relações de consumo,
que são princípios da Política Nacional das Relações de Consumo, e considerando,
ainda, as prerrogativas a mim conferidas pela Lei 8.078/90, em seu art. 56, parágrafo
único, JULGO PROCEDENTE a reclamação feita ante a reclamada; DETERMINO a
reclamada WCAR a aplicação de multa base no valor de R$: 39.224,00 (trinta e nove
mil duzentos e vinte e quatro), considerando o fato de não haver circunstância
atenuante e haver uma circunstâncias agravante elencada no art. 26, incisos I, do
Decreto 2.181/97, sendo este valor acrescido de um terço pela agravante, totaliza a
multa o valor de R$: 52.298,67 ( cinquenta e cinco oitocentos e setenta e três e
quarenta e sete) equivalentes a aproximadamente 662,00 Ufir’s. Devendo a empresa
cumprir com o que determina o parágrafo 2º do art. 46 do Decreto 2.181/97.

Maceió, 19 de setembro de 2019

Daniel Sampaio Torres


Diretor Presidente

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