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Qualquer tipo de TCE pode produzir edema nos tecidos lesados e diminuição
do fluxo sanguíneo no cérebro. A caixa craniana é fixada em tamanho e quase
completamente preenchida de líquido não compressível e minimamente compressível
por tecido cerebral; consequentemente, qualquer edema ou hematoma, o qual não
tenha onde se expandir, aumenta a PIC. O fluxo cerebral sanguíneo é proporcional à
pressão de perfusão cerebral (PPC), que consiste na diferença entre pressão arterial
média (PAM) e PIC média. Dessa maneira, como a PIC aumenta (ou a PAM diminui),
a PPC diminui. Quando ela cai abaixo de 50 mmHg, o tecido cerebral pode tornar-se
isquêmico. Isquemia e edema podem desencadear vários mecanismos secundários
da lesão (p. ex., liberação de neurotransmissores excitatórios, cálcio intracelular,
radicais livres e citocinas), causando dano celular adicional, mais edema e aumento
adicional da PIC. Complicações sistêmicas advindas de trauma (p. ex., hipotensão,
hipoxia) também podem contribuir para isquemia cerebral, sendo chamadas com
frequência de lesões cerebrais secundárias.
As lesões primárias são aquelas que ocorrem como resultado imediato e direto
do trauma. Como há estruturas de densidades diferentes compondo o encéfalo,
quando submetidas a movimento de aceleração e desaceleração cerebral associada
à energia cinética do acidente, tais estruturas terão resposta desigual a esta
desaceleração, podendo levar à ruptura de veias, estiramento de axônios ou impacto
do cérebro contra a caixa craniana. A gravidade, extensão e tipo de lesão primária
que resultam do TCE dependem dos mecanismos físicos e do tipo de impacto que
ocorreram no trauma. Se há uma parada abrupta da cabeça após o impacto, será
gerada uma força de contato, o que produzirá lesões focais como contusões e fraturas
do crânio. Quando há uma desaceleração/aceleração da cabeça, resultando em uma
diferença de movimento entre crânio e encéfalo, gera-se uma força inercial. Esta força
pode ser translacional, causando principalmente lesões focais, como contusões e
hematomas intraparenquimatosos, ou rotacional, levando aos quadros de concussão
e lesão axonal difusa. Pode ainda ser translacional e rotacional, que é uma forma
bastante frequente de mecanismo de lesão.
Lesões focais
Contusões Cerebrais
Hematoma Extradural Agudo (Heda)
Hematoma Subdural Agudo
Hematoma Subdural Crônico (HSDC)
Hematoma Intracerebral
Lesões difusas
Concussão
Lesão Axonal Difusa (LAD)
Hemorragia Meníngea Traumática
A reabilitação física deve ser iniciada o mais breve possível para minimizar os
efeitos deletérios da imobilidade, que além de levar a limitações articulares, associam-
se a complicações clínicas (respiratórias, circulatórias, lesões de pele) e interferem
negativamente no prognóstico. Outro aspecto importante será promover o
reaprendizado das funções sensório-motoras perdidas, por meio do mecanismo de
readaptação neural.
Lesão primária
É o resultado direto do impacto somado à compressão da medula espinhal que
resulta em dano axonal. Essa lesão pode ocorrer por fraturas de deslocamento que
resultam em fragmentos ósseos que comprimem a medula por uma hiperextensão
e/ou cisalhamento da medula espinhal e/ou do seu suprimento sanguíneo.
Lesão secundária
Após o trauma inicial, inicia-se um processo endógeno chamado de lesão
endógena secundária, ocorre como resultado da ruptura tecidual com uma
hemorragia na substância cinzenta e, por conseguinte, acontece um aumento da
permeabilidade da barreira hematoencefálica, apoptose glial e neuronal, além de uma
complexa resposta neuroinflamatória que persiste por meses ou anos após o trauma
inicial. Os eventos envolvidos durante essa fase fazem com que a sobrevivência
neuronal seja escassa e a recuperação funcional prejudicada. É durante esse
momento da lesão que o ambiente celular se torna inóspito para a regeneração e
remielinização. O processo da lesão secundária é dividido em sub-fases: imediata,
aguda, subaguda, intermediária e crônica.
As manifestações clínicas dependerão do nível e grau da lesão. Em relação ao
grau, as lesões podem ser classificadas como completas e não completas. Nas lesões
completas existe perda sensitiva e paralisia motora total abaixo do nível da lesão
devido à interrupção completa dos tratos nervosos. Em uma lesão incompleta estão
preservados grupos musculares e áreas sensitivas que não foram afetados. Também
em relação aos graus da lesão, são identificadas algumas síndromes medulares:
1. Síndrome centromedular: os membros superiores são mais afetados que os
membros inferiores
2. Síndrome Brown-Séquard: apenas um lado da medula é seccionado
resultando em perda motora e proprioceptiva homolateral à lesão e perda da
sensibilidade térmica e dolorosa contralateral à lesão
3. Síndrome medular anterior: ocorre perda motora e da sensibilidade térmica e
dolorosa estando preservada a propriocepção
4. Síndrome medular transversa: lesão acima do cone medular com perda motora
(paralisia espástica) e sensitiva completa (anestesia superficial e profunda)
5. Síndrome do cone medular: lesão da medula sacral e das raízes lombares com
perda motora (paralisia flácida) e sensitiva dos dermátomos lombossacros
correspondentes
6. Síndrome da cauda equina: lesão de raízes lombossacras abaixo do cone
medular com perda motora (paralisia flácida) e sensitiva correspondentes às
raízes lesionadas.
A instalação da Lesão medular pode ser abrupta, originando o quadro clínico
denominado choque medular; ou progressiva, cujas alterações surgem gradualmente.
No choque medular observa-se paralisia flácida e anestesia abaixo do nível da lesão,
além de alterações esfincterianas, sexuais e na termorregulação. Se a lesão
comprometer segmentos cervicais ou torácicos altos, também podem ocorrer
problemas respiratórios. O quadro pode variar quanto à sua duração e não é possível
estabelecer qual será o prognóstico funcional do paciente até que se supere a fase
aguda.
A abordagem fisioterapêutica deve ser instituída desde a fase aguda inclusive na
terapia intensiva. Esta deve ser baseada não somente em técnicas respiratórias para
manutenção da vida, mas também em abordagens que previnam complicações que
podem ter efeito sobre a autonomia destes indivíduos, impedindo-os frequentemente
de retornar ao convívio em sociedade. A intervenção fisioterapêutica neurofuncional
deve transcender a manutenção de amplitudes articulares e o fortalecimento muscular
acima do nível da lesão. É fundamental que esta tenha como objetivo utilizar o
potencial demonstrado através da escala ASIA na zona de preservação parcial de
cada paciente para otimizar função e promover sua independência.