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BORRACHA PARA A VITÓRIA

Paulo Miranda

A Segunda Guerra Mundial recolocou a Amazônia em foco para


atendimento dos interesses estratégicos dos países mais desenvolvidos.

A campanha bélica japonesa no oriente foi bem sucedida colocando sob


o seu domínio, os mais importantes produtores mundiais, isto é, a Malásia e as
Índias Orientais holandesas, assumindo o controle de 95% do suprimento
mundial da borracha e cortando o fornecimento do produto para os países
Aliados EUA, França e Inglaterra, que por não produzirem borracha dependiam
da produção oriental para atendimento das necessidades de sua indústria
permanente e para a produção de veículos e equipamentos para a guerra
contra o eixo fascista: Alemanha, Inglaterra, Itália e o Japão.

Em 1942, após muita pressão interna e externa, o governo brasileiro se


viu obrigado a declarar guerra contra a Alemanha e seus aliados. Um dos
principais interessados na ruptura das relações entre Brasil e Alemanha, era os
EUA, que via, nos já conhecidos seringais na Amazônia, uma fonte segura para
o seu abastecimento de borracha.

Embora aparentasse simpatia pela ideologia fascista, o presidente


Getúlio Vargas assinou um contrato de cooperação com o EUA e a Inglaterra
que ficou conhecido como
Acordo de Washington ( 1942 –
1943), pelo qual o Brasil se
comprometeu a fornecer
borracha para os aliados,
recebendo investimento
americano para organização e
aumento da produtividade. Foi
assim que já em 1942 foi criado
o Banco da Borracha, com 40%
de capital Americano, que ao
lado do RUBBER RESEAVE
COMPANY, será o principal banco financeiro de reavivamento do seringais
Amazônicos, onde milhares de brasileiros, sobretudo do Nordeste, foram
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mobilizados a deixarem suas casas e famílias para virem servir a pátria e a luta
pela liberdade no meio da floresta Amazônica, estava declarada a guerra da
Borracha.

Para viabilizar a vida dos


milhares de trabalhadores que
se fazia necessário ao efetivo
aumento da produção, o
Governo Federal criou o
SEMTA- Serviço Especial de
Mobilização dos Trabalhadores
para a Amazônia, este órgão
com sede em Fortaleza - CE,
era o responsável pela
campanha de arregimentação
dos trabalhadores, treinamento,
atendimento social dos alistados e encaminhamento para as frentes de
batalhas na Amazônia. O medo de ir ou enviar seus filhos para os conflitos
sangrentos nos campos da Europa, assim como a grande seca de 1942, fez
com que, além dos alistamentos forçados, o SEMTA recebesse uma imensa
massa de voluntários para a batalha no Front Amazônico, onde além de lutar
altivamente pela pátria, extraindo látex, o “soldado” também era induzido pela
propaganda do governo a acreditar que poderia prosperar e acumular riquezas
nos seringais para benefícios de seus familiares.

Estima-se que foram perto de 50 mil os nordestino que vieram para a


Amazônia como soldado da borracha. Aqui, já na chegada, descobriam que o
paraíso propagandeado era na verdade o inferno verde do qual ao fim da
guerra poucos conseguiriam sair no rumo de suas terras natais.

Os soldados da borracha, viveram entre 1942 e 1944, um período que


passou para a história como o Segundo Ciclo da Borracha, ou ainda o segundo
“boom da borracha”, onde graças a borracha para a vitória um novo clima de
prosperidade se espalhou por toda a região amazônica. Foi um tempo em que
o vai e vem de estrangeiros, maior movimentação nos portos com passageiros
e mercadorias, a elite local experimentou um momento de grande vivacidade
com o acesso a mais negócios e dinheiro. Já para o lado dos “soldados”, a
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batalha da borracha acabou por se aproximar em crueldade e humilhação a
situação que passavam seus patrícios nos campos da Itália, para onde a Força
Expedicionária Brasileira foi lutar, uma vez que o reavivamento das elites
locais significou uma sobrevida dos antigos coronéis da borracha e seu sistema
de aviamento que consistia em manter o trabalhador preso por divida ao
seringal, uma vez que o seringueiro, por não ter dinheiro, endividava-se no
armazém do coronel para obter alimentos e material de trabalho, com
compromisso de pagar com o apurado da produção em borracha, cujo o
balanço de contas feito pelo próprio coronel era quase sempre insuficiente para
quitar a divida, levando o pobre soldado seringueiro a não poder sair do
seringal por conta de divida contraída.

Mas a época boa da borracha foi de pouca duração. A meta de 100 mil
toneladas pretendida no acordo com os aliados não foi atingida. As dificuldades
de logística (transporte, armazenamento); o sistema de aviamento que
precarizava os trabalhadores; a vitória dos Aliados sobre o Eixo, com o fim do
controle japonês sobre os maiores produtores de borracha no oriente,
relegaram mais uma vez os seringais da Amazônia a condição de dispensáveis
e os soldados da borracha ao esquecimento em locais ermos da Floresta
Amazônica.

Nos seringais da Amazônia morreram mais soldados da borracha, perto


de 20 mil deles, do que soldados brasileiros que guerrearam na Itália. Ao fim da
Segunda Guerra Mundial, sem patentes, sem postos, sem recompensa ou
reconhecimento, os soldados da borracha encerraram sua contribuição para a
vitória da democracia e da liberdade dos povos.

Referências bibliográficas

WEINSTEIN, B. A borracha na Amazônia: expansão e decadência, 1850-1920. São Paulo.


Hucitec/Edusp. 1993.

PRICE, R. Pequena história de Gurupá. Boulder, Co.: Lynne Reinner Press. 1998

FONTES, Edilza. A Batalha da Borracha, a Imigração Nordestina e o Seringueiro: A relação


história e natureza. In: NEVES, Fernando Arthur de Freitas e LIMA, Maria Roseane Pinto
(Orgs.). Faces da História da Amazônia. Belém: Paka-Tatu, 2006

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