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E-Book

Criptomoedas, blockchain
e os impactos na economia
mundial
Textos selecionados para o CACD
Sobre o Clipping
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Uma plataforma de organização de estudos e de curadoria de materiais que reúne
os melhores conteúdos para quem quer cobrir os tópicos do Edital por si só e no seu
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tando pouco desde que tenha o direcionamento certo. E é esse direcionamento que o
Clipping te oferece!

Sobre este material


Uma das novidades mais inesperadas do Edital do CACD 2019 é o tópico:

Criptomoedas, blockchain e os impactos na economia


mundial.

Em se tratando de temas que envolvem nuances técnicos, como é o caso das


criptomoedas, é importante uma análise pragmática desse tópico. Por exemplo, ao
estudar o Tratado de Não Proliferação Nuclear, você deve compreender a agenda
internacional para o tema de desarmamento nuclear. O fato de que uma fissão nuclear
é causada por um choque de um nêutron livre com o isótopo ²⁵³U não vai lhe salvar no
TPS ou em uma eventual prova escrita.
Essa mesma lógica se aplica ao caso do tema das criptomoedas.
Por essa razão, nesse e-book, nós focaremos menos em aspectos conceituais
envolvendo o funcionamento das criptomoedas e daremos mais destaque ao posi-
cionamento da comunidade internacional acerca das criptomoedas e a alguns casos
recentes envolvendo criptomoedas e blockchain.
Gostaríamos muito de contar com o feedback de vocês sobre como podemos
melhorar esse conteúdo e gostaríamos de fazer um pedido especial: Por favor, não
pirateie esse conteúdo! A nossa equipe trabalha muito para oferecer o que tem de
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colega lhe pedir para ter acesso ao material, convide-o a assinar o Clipping. Assim,
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Bons estudos e #keepclipping

Criptomoedas, blockchain e os impactos na economia mundial


Índice
1 Origem e conceitos básicos
1. 1 Origens
1.2 Conceitos básicos

2 Posições oficiais sobre criptomoedas


2.1 Posição do FMI
2.2 Posição do Financial Stability Board
2.3 Posição do G20
2.4 Posição do Gafi

3 Casos relevantes
3.1 Caso AlphaBay
3.2 Caso “Bulding Blocks” na ONU
3.3 Caso do Petro na Venezuela
3.4 Caso dos ciberataques na Coreia do Norte
3.5 Caso do M-Pesa no Kenya

4 Outros conteúdos recomendadas

5 Conclusão

Criptomoedas, blockchain e os impactos na economia mundial


1 Origem e conceitos básicos
Uma das novidades mais inesperadas do Edital do CACD 2019 é o tópico:

Criptomoedas, blockchain e os impactos na economia


mundial.

Em se tratando de temas que envolvem nuances técnicos, como é o caso das


criptomoedas, é importante uma análise pragmática desse tópico. Por exemplo, ao
estudar o Tratado de Não Proliferação Nuclear, você deve compreender a agenda
internacional para o tema de desarmamento nuclear. O fato de que uma fissão nuclear
é causada por um choque de um nêutron livre com o isótopo ²⁵³U não vai lhe salvar no
TPS ou em uma eventual prova escrita.
Essa mesma lógica se aplica ao caso do tema das criptomoedas.
Por essa razão, nesse e-book, nós focaremos menos em aspectos conceituais
envolvendo o funcionamento das criptomoedas e daremos mais destaque ao posi-
cionamento da comunidade internacional acerca das criptomoedas e a alguns casos
recentes envolvendo criptomoedas e blockchain.

1. 1 Origens
Em outubro de 2008, no auge da crise do subprime, Satoshi Nakamoto, pseu-
dônimo de um desenvolvedor anônimo, lançou um artigo denominado Bitcoin: a
Peer-to-Peer Electronic Cash System. Esse artigo propunha um sistema de transa-
ções eletrônicas confiáveis sem a mediação de um terceiro de confiança (bancos).
A proposta tinha como base o sistema blockchain, onde, teoricamente, as transações
poderiam ser feitas e verificadas de forma descentralizada e por meio de prova cripto-
gráfica. Tudo isso de maneira segura, rápida e sem a necessidade de um terceiro para
validar as transações.

Vale lembrar do Clipping

Embora ideias sobre uma moeda virtual e descentralizada já tenha sido objeto de artigos,
como o de Wei Dai, em 1998, o Bitcoin foi a primeira implementação do conceito criptomoeda.

1.2 Conceitos básicos


O Bitcoin foi a primeira criptomoeda. No entanto, hoje existem cerca de outras
2.000 criptomoedas (Etherum, Ripple, etc). Essas moedas são chamadas altcoins.
O funcionamento do Bitcoin – e das demais altcoins – depende de uma tec-
nologia chamada Distributed Ledger Technology (DLT), uma rede descentralizada

Criptomoedas, blockchain e os impactos na economia mundial


peer-to-peer por meio da qual é possível registrar e validar transações sem o intermé-
dio de uma autoridade central.
O Blockchain é uma espécie de Distributed Ledger Technology (DLT). Frequen-
temente, os termos Blockchain e Distributed Ledger Technolgy (DLT) são usados como
sinônimos.
O Blockchain possui a função de um livro-razão de contabilidade pública, onde
são registradas as transações feitas em Bitcoin. Como dissemos acima, o Blockchain
é uma rede descentralizada, peer-to-peer, em que dados de transações de Bitcoin são
registrados e validados.
Dessa maneira, o Blockchain dispensa a necessidade de haver confiança em
uma entidade central para que os dados de contabilidade estejam corretos e não sejam
fraudados. A validação das transações no Blockchain é o que permite que se saiba,
com prova criptográfica, o que pertence a quem.
Vale ressaltar que o Blockchain é um livro público de transações, apesar de ter
algumas informações anônimas. O Bitcoin está associado a um número que somente
seu proprietário conhece — basta uma conversão para um câmbio não virtual que tudo
fica às claras.
Mineração de bitcoin: O sistema de validação das transações por meio do
Blockchain, explicado acima, depende, por sua vez, de usuários dessa rede. Esses
usuários podem ceder poder de processamento de seus computadores, que são
colocados para validar o grande volume de transações em troca de Bitcoins. Esse
procedimento é chamado de “mineração de bitcoins”. A mineração é uma validação
de transações. Para este esforço, “mineiros” obtêm criptomoedas como recompensa.

Vale lembrar do Clipping

A Mineração de Bitcoins é considerada uma atividade “energointensiva”, ou seja, depende de


alto custo de energia. Embora, em tese, qualquer um possa minerar Bitcoins. Para ser rentá-
vel na prática, o custo com computadores especializados e energia são consideráveis. China
é o país em que grande parte dos mineradores de Bitcoin estão localizados. Atualmente, há
um debate sobre a proibição de Mineração de Bitcoins na China

Esses conceitos básicos precisam ser compreendidos em linhas gerais, mas


não merecem grande detalhamento técnico. Caso haja dúvidas acerca dessa explica-
ção condensada, uma análise mais pormenorizada da tecnologia pode te ajudar a fixar
alguns pontos.Recomendamos algumas leituras no final deste artigo.

2 Posições oficiais sobre Criptomoedas


O Itamaraty, embora tenha incluído no Edital do CACD o tema “Criptomoedas,
blockchain e os impactos na economia mundial“, não conta ainda com posições ou
declarações oficiais específicas sobre a temática.
Por outro lado, em matéria de criptomoedas, alguns órgãos e fóruns vem desem-
penhando um papel mais ativo para monitorar desenvolvimentos recentes desse

Criptomoedas, blockchain e os impactos na economia mundial


tema, sendo:
• FMI;
• Financial Stability Board;
• G20;
• Gafi/FATF;

Nesse sentido, o Clipping recomenda que o candidato, seja no TPS ou em uma


eventual prova discursiva, busque aproximar-se da posição desses fóruns internacio-
nais, que mantêm uma visão mais equilibrada e objetiva sobre o tema, fugindo tanto
dos extremos da criptoeuforia e do criptopessimismo presente em boa parte das publi-
cações sobre o tema.
Vale ressaltar que, no léxico desses fóruns, não se usa o termo “criptomoedas”,
mas criptoativos. Essa opção terminológica deriva da própria incerteza sobre a capa-
cidade do Bitcoin e dos mais de 2.000 alcoins preencherem as 3 funções clássicas da
moeda: reserva de valor, unidade de conta e meio de troca.

“Crypto assets have been touted as a new form of


money. However, they are still far from fulfilling the three
basic functions of money. While they may serve as a
store of value, their use as a medium of exchange has
been limited, and their elevated volatility has prevented
them from becoming a reliable unit of account. (FMI, Glo-
bal Financial Stability Report, April 2018: A Bumpy Road
Ahead)”

É recomendável que os candidatos, em uma prova aberta, prefiram a terminolo-


gia e a posição adotada pelo FMI, G20, Financial Stability Board e esses outros fóruns
que vem dando destaque às discussões sobre criptoativos (a menos que o comando
da questão sugira uma abordagem terminológica diferente.)
Vejamos essas posições oficiais, desses principais fóruns, no próximo tópico.

2.1 Posição do FMI sobre criptomoedas


No relatório do FMI denominado Global Financial and Stability Report, de Abril
de 2018, são destacados 4 riscos dos criptoativos e seus impactos na economia mun-
dial.
• Riscos da integração de criptoativos em produtos financeiros: à medida
em que surgem produtos financeiros e opções de investimento associadas
a criptoativos, aumentam as chances de que investidores tradicionais optem
por criptoativos para diversificarem seus portfólios. Com isso, aumentam as
correlações entre criptoativos e ativos tradicionais e, em consequência, os
riscos de transmissão de choques e crises.
• Risco para modelo de negócio dos bancos: Uma eventual migração das
moedas para os criptoativos pode trazer um risco significativo para o modelo

Criptomoedas, blockchain e os impactos na economia mundial


de negócio dos bancos, que eventualmente podem passar a ter um papel
reduzido no controle de sistema de pagamentos e concessão de emprés-
timo, etc. Uma vez que criptomoedas não contam ainda com a rede de
segurança mínima, como a existente em torno do sistema bancário (regula-
ções, etc), consumidores em particular e a economia podem ficar sujeitas a
riscos mais evidentes.
• Risco de transmissão de crise: Falta de transparência e o rápido desen-
volvimento dos mercados de criptoativos podem causar problemas e crises
que transbordam fronteiras. Isso ocorre sobretudo ao considerar as dife-
rentes abordagem regulatórias em cada país e a falta de coordenação nas
políticas de regulação de criptomoedas.
• Risco de Lavagem de dinheiro e terrorismo: Pelo próprio desenho da tec-
nologia, criptoativos favorecem um alto grau de anonimato nas transações.
Como resultado, pode ser usado como um mecanismo para lavagem de
dinheiro e financiamento de terrorismo. Por essa razão, autoridades devem
estar atentas para o desafio de regulação e supervisão de criptoativos.

Embora o Relatório tenha levantado esses 4 riscos, a conclusão do FMI é de


que criptoativos não representam um perigo imediato:

“Our preliminary assessment is that, given their


still-small footprint and limited links to the rest of the
financial system, crypto-assets do not pose an imme-
diate danger. Even so, regulators should remain vigilant:
crypto-assets have the potential to magnify the risks of
highly leveraged trading, and to increase the trans-
mission of economic shocks should they become
more integrated into mainstream financial products.
Moreover, banks and other financial institutions will
face challenges to their business models, should there
be a large-scale shift away from government-issued
currencies toward crypto-assets. Regulators might find
it harder to ensure the stability of a more diffuse and
decentralized financial system. Central banks might have
more trouble acting as the lender of last resort in case
of a crisis. (FMI, Global Financial Stability Report, April
2018: A Bumpy Road Ahead)”

O Clipping recomenda fortemente aos candidatos a leitura:


• Global Financial and Stability Report de 2018 do FMI:Em apenas 4 páginas
do relatório, pode o candidato ter um entendimento detalhado dos 4 pontos
listados acima (pag. 21-26);

Para além da perspectiva oficial do FMI sobre os criptoativos, é aconselhada a


leitura dos seguintes breves textos de autoria de Christine Lagarde, Diretora-Gerente
do FMI, cuja perspectiva pessoal corresponde, em linhas gerais, à perspectiva do FMI

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e abrange outros aspectos sobre Criptoativos, Blockchain e seus impactos na econo-
mia mundial.
• Enfrentar o lado escuro do mundo das criptomoedas: para uma breve visão
dos riscos associados ao uso de criptoativos e exemplos de superação des-
ses riscos por meio da cooperação internacional;
• Uma abordagem imparcial para os criptoativos: para uma breve visão das
oportunidades associadas ao uso de criptoativo, com destaque para o uso
de tecnologias como o DLT – distributed ledger technology (Blockchain e
similares) para além dos criptoativos, como em certificações e smart con-
tracts;

2.2 Posição do Financial Stability Board sobre criptomoe-


das
O Financial Stability Board, é um órgão internacional fundado pelo G20 em
2009, com o objetivo de fazer recomendações sobre o sistema financeiro global. Esse
órgão elaborou em 2018, a pedido dos Ministros das Finanças e governadores dos
Bancos Centrais do G20, um relatório que chega a conclusões bem alinhadas com as
conclusões pelo FMI sobre criptoativos:

“The FSB’s initial assessment is that crypto-assets do not


pose risks to global financial stability at this time. This is
in part because they are small relative to the financial
system. Even at their recent peak, their combined glo-
bal market value was less than 1% of global GDP. In
comparison, just prior to the global financial crisis, the
notional value of credit default swaps was 100% of glo-
bal GDP. Their small size, and the fact that they are
not substitutes for currency and with very limited use for
real economy and financial transactions, has meant the
linkages to the rest of the financial system are limi-
ted. (Relatório do Financial Stability Board 2018)”

O Clipping recomenda fortemente aos candidatos a leitura do:


• Relatório do Financial Stability Board (apenas página 2): para o reforçar o
entendimento do argumentos exposto pelo FMI, com destaque para o fato
de que as linkagens dos criptoativos com o restante da economia ainda são
limitadas.

2.3 Posição do G20 sobre criptomoedas


Na Declaração de Osaka dos Líderes do G20, em Julho de 2019, há um pará-
grafo dedicado exclusivamente à temática dos criptoativos. Essa posição do G20
endossa, de modo geral, a posição exposta no Relatório do Financial Stability Board,

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vista no tópico anterior, nos seguintes termos:

“As inovações tecnológicas podem trazer benefícios sig-


nificativos para o sistema financeiro e para a economia
em geral. Embora os criptoativos não representem uma
ameaça à estabilidade financeira global neste momento,
estamos monitorando de perto os desenvolvimentos e
permanecemos vigilantes em relação aos riscos existen-
tes e emergentes. Saudamos o trabalho em andamento
no FSB e outros órgãos criadores de normas e pedimos
que aconselhem sobre respostas multilaterais adicionais,
conforme seja necessário. Reafirmamos nosso com-
promisso de aplicar os Padrões GAFI recentemente
atualizados aos ativos virtuais e provedores relacionados,
para combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento
do terrorismo. Saudamos a adoção da “Nota Inter-
pretativa e Orientação”, do GAFI. Saudamos também
o trabalho do FSB sobre as possíveis implicações das
tecnologias financeiras descentralizadas e sobre como
os reguladores podem envolver outras partes interes-
sadas. Também continuamos a intensificar os esforços
para aumentar a resiliência cibernética. (Declaração de
Osaka dos Líderes do G20, parágrafo 17)”

É importante destacar que, pela primeira vez, o tema dos criptoativos mereceu
tratamento específico em uma declaração de Cúpula do G20. É importante também
destacar que o fato desse reconhecimento ter vindo na Cúpula de Osaka, no Japão,
não é um dado ao acaso, mas um reflexo do protagonismo do Japão em matéria de
criptoativos.

Vale lembrar do Clipping

O Japão recentemente ultrapassou os EUA como o país com maior presença no mercado de
criptoativos. 50% do câmbio de criptoativos-moeda local é feito com o Yen japonês e 44% é
feito com o dólar americano. Juntas, as moedas japonesa e americana detém 94% da pre-
sença nas trocas envolvendo criptoativos. O Japão tornou-se o primeiro país a regulamentar
a atividade das casas de câmbio de moedas digitais, além de ter considerado o Bitcoin como
um meio de pagamento legal e um ativo financeiro.

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2.4 Posição do GAFI sobre criptomoedas
No tópico anterior, percebe-se que, na Declaração de Osaka, o G20 faz referên-
cia à nota interpretativa e orientação do Gafi no trecho:

“Reafirmamos nosso compromisso de aplicar os Padrões


GAFI recentemente atualizados aos ativos virtuais e
provedores relacionados, para combate à lavagem de
dinheiro e ao financiamento do terrorismo. Saudamos
a adoção da “Nota Interpretativa e Orientação”, do
GAFI.”

Antes de passarmos ao conteúdo dessa nota interpretativa e suas relações com


os criptoativos, cabem algumas considerações sobre o Gafi.
O Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do
Terrorismo (Gafi/FATF), é uma organização intergovernamental, fundada em 1989 sob
a iniciativa do então G7 para desenvolver políticas de combate à lavagem de dinheiro.
As Recomendações do GAFI constituem-se como um guia para que os países adotem
padrões e promovam a efetiva implementação de medidas legais, regulatórias e ope-
racionais para combater a lavagem de dinheiro, ao financiamento do terrorismo. Em
2001, no contexto do 11 de Setembro, seu mandato se expandiu e passou a abrigar
combate ao financiamento de terrorismo. O Secretariado do Gafi/FATF fica na OECD,
em Paris.
O Brasil é membro do Gafi e vale lembrar que, recentemente, em Maio de 2019,
o Ministro da Justiça Sérgio Moro endossou a renovação do mandato do Gafi e reco-
nheceu os trabalhos recentes desse órgão nos seguintes termos:

“Como o Gafi é considerado uma força-tarefa, passa a ser


essa força-tarefa permanente, com a grande relevância
de articular os standards internacionais, uniformizar
as legislações e, também, fomentar a cooperação entre
países nesta importante temática da lavagem de dinheiro
e financiamento do terrorismo”

A nota interpretativa do Gafi a que a Declaração de Osaka faz referência orienta


países no sentido de que:

“Para mitigar riscos oriundos de ativos virtuais, os países


devem assegurar que ativos virtuais e provedores rela-
cionados [currency exchanges, casas de câmbio que
operam transações bitcoins-moeda local, plataformas
que trabalham com negociação de criptomoedas] sejam
regulamentados para impedir lavagem de dinheiro e
financiamento ao terrorismo e licenciadas ou registra-
das e sujeitos a mecanismos de controle baseados em
recomendações do Gafi.”

Criptomoedas, blockchain e os impactos na economia mundial


Recomenda-se aos candidatos a leitura da:
• Nota Interpretativa à Recomendação 15 nas páginas 55 a 57 do Guidance
for a Risk-Based Approach to Virtual Assets and Virtual Asset Service Pro-
viders: para o entendimento das recomendações gerais e o debate geral
sobre a regulamentação das criptomoedas e provedores relacionados para
combate de lavagem de dinheiro e financiamento de terrorismo (pags 55-57);

Recomenda-se, também, aos candidatos a leitura do:


• Relatório do Gafi aos Ministros das Finanças do G20: basta leitura do pará-
grafo 11 para compreender em detalhes as recomendações sugeridas para
se tornarem standart internacional em matéria de regulamentação (pará-
grafo 11);

3 Casos relevantes sobre criptomoedas


Embora não seja o intuito desse post exaurir todos os casos recentes envolvendo
o uso de criptoativos, listamos alguns casos que ilustram alguns riscos e oportunida-
des trazidos pelos criptoativos.

3.1 Caso AlphaBay:


Em 2017, ano em que o Bitcoin atingiu seu valor recorde, uma operação lide-
rada pelos EUA retirou do ar o AlphaBay, um marketplace de armas de fogo, drogas
e armas químicas que, em dois anos movimentou cerca de 1 bilhão em criptoativos.
Essa operação somente foi possível por ter envolvido a Europol e outras autoridades
na Holanda, Canada, UK, França e Tailândia, o que destaca a importância da coope-
ração internacional em matéria de combate dos riscos advindos das criptomoedas.
O que o caso ilustra: A relevância da cooperação internacional no combate a
riscos trazidos pelo uso de criptoativos para atividades ilícitas.
Para saber mais: Massive blow to dark web activities after globally coordinated
operation – Europol

3.2 Caso “Building Blocks”


O World Food Program, da ONU, vem usando Blockchain no programa piloto
Building Blocks com o intuito de efetuar transferência direta de dinheiro, sem mediação
de instituições bancárias, para refugiados sírios na Jordânia. Trata-se de um projeto
piloto que vem validando a ideia de que, para fins de assistência humanitária, o uso
de criptomoedas e blockchain têm potenciais, como: a) as transferências via block-
chain dispensam taxas bancárias (custo zero de transação), otimizando os recursos
de programas de assistência; b) o uso do Blockchain protege os dados de pessoas em
situação de vulnerabilidade e perseguição (refugiados), já que há a possibilidade de
manutenção de anonimato dos donatários. Detalhe: a criptomoeda usada no programa
não é Bitcoin, mas uma altcoin, o Ethereum.

Criptomoedas, blockchain e os impactos na economia mundial


O que caso ilustra: Potenciais de uso de criptomoedas para programas de
assistência humanitária, com destaque para otimização de recursos e privacidade de
pessoas em situação de risco
Para saber mais: Inside the Jordan refugee camp that runs on blockchain –
Technology Review

3.3 Caso do “Petro” venezuelano


Em fevereiro de 2018, Maduro anunciou o lançamento do “Petro”, criptomoeda
lastreada no petróleo. Trata-se da primeira criptomoeda oficialmente lançada por
um governo. De acordo com Maduro, o Petro busca gerar “um sistema financeiro mais
justo”. Segundo analistas, a criação do Petro visaria, sobretudo, a criar mecanismos
para se contornar sanções aplicadas à Venezuela, viabilizando transferência de recur-
sos sem o intermédio do sistema financeiro e captação de recursos via ICO (initial coin
offering).

Vale lembrar do Clipping

O ICO (Initial Coin Offering) é um processo por meio do qual um projeto de criptomoeda
arrecada fundos vendendo ao público suas moedas “recém-cunhadas”. Essa prática evita o
rigoroso processo de captação exigido por bancos e instituições tradicionais.

O que o caso ilustra: Potencial de criação de criptomoedas por governos e seu


uso para contornar sanções internacionais e restrições quanto a captação de recursos.
Para saber mais: Venezuela launches the Petro: its cryptocurrency – The
Washington Post

3.4 Caso da Coreia do Norte


Embora ainda não comprovado, relatórios têm levantado indícios de participa-
ções da Coreia do Norte em ataques cibernéticos que teriam resultado no roubo
de mais de 2 bilhões de dólares de bancos e casas de câmbio especializadas em
criptomoedas para financiamento de programa militar. Segundo notícias, especialistas
da ONU dizem que “esses ataques contra câmbios de criptomoeda permitem que a
Coreia do Norte gere receita de maneiras difíceis de serem rastreadas e sujeitas a
menos supervisão e regulamentação do governo do que o setor bancário tradicional“.
O que o caso ilustra: Possibilidade de haver roubo a provedores relaciona-
dos de criptoativos [currency exchanges, casas de câmbio que operam transações
bitcoins-moeda local, plataformas que trabalham com negociação de criptomoedas]
e dificuldades de monitorar ou investigar esses casos em razão da fraca regulação a
esses provedores.
Para saber mais: Coreia do Norte roubou US$ 2 bi por meio de ciberataques,

Criptomoedas, blockchain e os impactos na economia mundial


diz ONU – Folha de São Paulo

3. 5 Caso do M-Pesa no Kenya


Na África subsariana, existe a questão da inclusão financeira de cerca de 100
milhões de pessoas que não possuem formalmente uma conta bancária.
De acordo relatório do Banco Mundial, cerca de 1,7 bilhões de pessoas não tem
uma conta bancária. A maior parte dessas pessoas estão na África ou Ásia.
Em 2007, foi implantado no Kenya um sistema de transferência online por celula-
res chamado M-Pesa, que entrou em funcionamento em 2007. Desde 2013, o M-Pesa
permite transferência de Bitcoins. Como resultado, atualmente, qualquer pessoa pode
transferir Bitcoins diretamente para outra pessoa no Kenya com zero custo de tran-
sação. Isso é significativo sobretudo em se tratando de um país no qual cerca de 3
milhões de cidadãos migraram em busca de trabalho no exterior e precisam periodica-
mente fazer “remittances” (transferência de recursos a familiares que ficaram no país),
mediante taxas de intermediários bancários.
O que o caso ilustra: Criptoativos podem ser uma alternativa barata para
transferências feitas por imigrantes, sobretudo em países em desenvolvimento onde
é baixa a penetração de instituições bancárias tradicionais no mercado e onde as
taxas bancárias oneram os custos de transação, inviabilizando, inclusive, transações
de baixo valor.
Para saber mais: Kenya diaspora remittances in East Africa – Business Daily

4 Outros conteúdos sobre criptomoedas


Vimos acima posicionamentos oficiais, após destacarmos alguns casos con-
cretos de uso de criptoativos com as devidas recomendações de leitura. Inclusive com
indicações de páginas e parágrafos mais relevantes.
O Clipping propõe uma curadoria de 5 leituras complementares para aprofun-
damento.
• Examining the future of Bitcoin – Stratfor: Para uma análise dos diferentes
impactos das criptomoedas em países em desenvolvimento e em países
desenvolvidos.
• Bitcoin and Geopolitics – Medium: Para uma análise sobre os casos da
Venezuela e Coreia do Norte.
• Crypto Rogue nations want to use blockchain to undermine the US dollar
– The MIT Technology Review: Para entender os riscos de uso de criptomo-
edas para contornar sanções nos casos da Rússia, Irã e China.
• Energy cost of Bitcoin – The Guardian: Para considerações sobre a natureza
energointensiva da atividade de mineração de criptoativos
• The trust machine – The Economist: Para uma análise sobre outras aplica-
ções do Blockchain para além das criptomoedas.

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Conteúdos gratuitos produzidos por cursinhos:
• Criptomoedas – Curso Clio (Vídeo) – Veja aqui
• Criptomoedas – Curso Sapientia (Vídeo) – Veja aqui

Conteúdos gratuitos produzidos por diplomatas:


• Criptomoedas, Blockchain e Diplomacia (post no Blog) – Praetera – Veja
aqui
• Criptoativos e o sistema financeiro Internacional (postagem no Instagram) –
Curso CACD – Veja aqui

5 Conclusão
O objetivo desse artigo foi o de apresentar uma curadoria pragmática de
conceitos, posicionamentos oficiais, casos e textos sobre o tema Criptomoedas, block-
chain e os impactos na economia mundial que cubram o tema com a abrangência que
acreditamos que possa ser cobrado no CACD 2019.

Tem sugestões para o aperfeiçoamento do artigo?


Elas são mais do que bem-vindas…

Você pode também ajudar sugerindo novas indicações de leitura.

Enjoy e keep clipping!

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