Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
"Escrever é retirar-se.
Não para a sua tenda para escrever, mas da sua própria escritura.
Cair longe da linguagem, emancipá-la ou desampará-la, deixá-la caminhar
sozinha e desmunida.
Abandonar a palavra."
(Derrida, Edmond Jabès e a Questão do Livro, 1973.)
Guia do Estudante
Guia do Estudante
Navegador
Abra o curso SEMPRE pelo navegador Mozilla Firefox. Se abrir pelo Internet Explorer, você poderá ter
dificuldades na utilização de alguns aplicativos.
Comunicação
Apoio
Caderno (criado especialmente para você fazer seus rascunhos e anotações)
Glossário (para consulta)
Dicionários (para consulta)
Webiblioteca (para consulta)
Bibliografia (para consulta)
Links relacionados (para consulta)
Perguntas frequentes (para consulta)
Versão para imprimir (para imprimir o conteúdo integral do curso)
Avaliação
Com um clique, eles se abrirão na mesma tela, abaixo do texto que você estava visualizando.
Para fechar o item aberto, basta clicar no “x” à direita, e você voltará a visualizar apenas a tela onde estava
trabalhando.
Clique agora e faça um teste.
página 02
Página inicial
Logo que você registra seu e-mail e senha, abre-se para você uma página, contendo:
• o espaço do “MURAL” e
• as abas “CURSO” e “DADOS”, mais abaixo.
No “MURAL”, você lerá os avisos, chamadas e comentários da sua tutora ou tutor, bem como da
Coordenação do curso.
Acessando “DADOS”, você tem a opção de inserir sua foto e de trocar sua senha, a qualquer momento.
Na aba “CURSO”, clique em “acessar curso”. É a sua porta de entrada em nossa sala de aula virtual.
Explore o ambiente do curso e suas funcionalidades.
Comunicação na plataforma
A plataforma é o melhor canal de comunicação com a tutoria, com a coordenação e com seus colegas.
Sempre que você quiser se comunicar com seus colegas e a Coordenação, utilize o fórum “CONVERSA ENTRE
ALUNOS”, criado para esse fim. Ele será aberto mais tarde. Avisaremos a você. Acesse-o clicando em
“FÓRUM”, no campo da “COMUNICAÇÃO”, no menu lateral à esquerda.
Se quiser entrar em contato com sua tutora ou tutor, clique em “E-mail interno”, também no campo da
“COMUNICAÇÃO”, no menu lateral à esquerda. Sua tutora ou tutor acessará sua mensagem e a responderá
no mesmo espaço.
Se, no entanto, você não estiver conseguindo acessar a plataforma ou quiser se dirigir particularmente à
Coordenação, recorra, então, ao correio eletrônico, escrevendo para ilbead@senado.gov.br.
Quando postar mensagens pelo correio eletrônico, lembre-se sempre de identificar o seu curso no campo
“ASSUNTO” da mensagem, assinar seu nome completo no final dela, informando, também, a sua turma.
página 03
Tutoria
Você conta com uma tutora ou um tutor, que vai lhe dar orientação sobre o conteúdo do curso. Contate-a/o
por meio do campo “E-mail interno”, no menu lateral à esquerda.
Coordenação
A coordenadora ou coordenador vai ajudar você em todos os assuntos referentes à utilização da plataforma e
seus recursos e à dinâmica do curso. Contate-a/o por meio do fórum “CONVERSA ENTRE ALUNOS” ou por
correio eletrônico, enviando sua mensagem para ilbead@senado.gov.br.
Suporte técnico
Esclarece e resolve as dúvidas de acesso e desempenho do ambiente virtual de aprendizagem. Acesse-o:
E-mail: ilbead@senado.gov.br
Telefone: (55) (61) 3303-1475
Horários de atendimento: de 10h às 12h e de 15h às 17h (dias úteis)
Programa do curso
Programa do curso
1º Fórum de Discussão
2º Fórum de Discussão
Calendário
DATA ATIVIDADE
07/05 Prazo final para postagem da 2ª Avaliação, referente às Unidades 1 e 2 do Módulo II.
21/05 Prazo final para postagem da 3ª Avaliação, referente às Unidades 1 e 2 do Módulo III.
22/05 a 04/06 2º Fórum de Discussão.
16/06 Prazo final para postagem da 4ª Avaliação, referente às Unidades 3 e 4 do Módulo III.
Critérios de Avaliação
Critérios de Avaliação
1ª 1º FÓRUM 2ª 2º FÓRUM 3ª 4ª
AVALIAÇÃO DE AVALIAÇÃO DE AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO
DISCUSSÃO DISCUSSÃO
Recomendações
Recomendações
Agora que você já conhece todos os recursos disponíveis na plataforma do curso, aqui vão algumas
sugestões para que você obtenha o máximo de aproveitamento possível:
Certificação eletrônica
Certificação eletrônica
Se você obtiver aprovação no curso, estará em condições de extrair o CERTIFICADO e a DECLARAÇÃO, com o
conteúdo programático.
Ambas poderão ser expedidas por meio do ícone “EMITIR CERTIFICADO”, que surgirá para você após a
conclusão do curso, tão logo a Coordenação fechar as notas.
O ILB não fornece autenticação digital ou quaisquer outras comprovações além do CERTIFICADO e da
DECLARAÇÃO.
Esperamos que este curso atenda à expectativa de enriquecimento e aperfeiçoamento profissional e pessoal
e lhe proporcione momentos prazerosos no contato com seus colegas, sua tutora ou tutor e a Coordenação
do curso.
Felicidades!
Coordenação de Educação a Distância
Instituto Legislativo Brasileiro
Senado Federal
Para analisar essa função de fazer circular o conhecimento – onde a Ortografia é peça fundamental,
conforme veremos mais adiante –, teremos de observar, com especial interesse, o avanço tecnológico que a
sociedade humana experimentou em alguns de seus agrupamentos, ao desenvolver códigos gráficos para
representar os sons da fala – a escrita.
Acredita-se que a escrita, então uma representação fonética,
surgiu por volta de 3.500 a.C. com a escrita cuneiforme dos
sumérios.
http://histoblogsu.blogspot.com/2009_01_18_archive.html
página 02
Nos primórdios da civilização humana, a língua falada foi responsável pela transmissão do
conhecimento de geração em geração.
Com a invenção da escrita, os primeiros povos puderam, então, perenizar todo esse conhecimento
acumulado, visto que agora seria possível “armazená-lo” em registros impressos, sejam em cascos de
tartaruga, ossos de animais, tabuletas de barro, pedra, metal, papiro, tiras de bambu, pergaminho ou papel.
Isso não significa que os povos de tradição oral, que não conhecem a escrita, sejam subdesenvolvidos
culturalmente. Eles têm mecanismos próprios para fazer circular, transmitir e “armazenar” seus
conhecimentos por meio da língua falada, da mesma forma que nós utilizamos a escrita para esse fim.
Esse é, sem dúvida, um assunto muito interessante, mas deixemos para outro momento a discussão
sobre as implicações sociais do domínio da escrita.
Durante séculos, essa técnica do registro da escrita ficou restrita a um pequeno círculo de iniciados,
que a mantinha muito bem guardada atrás dos muros das cidadelas medievais e nos espaços secretos dos
monastérios.
Os monges copistas (ou escribas) trabalhavam reservadamente em suas bancadas. Alguns deles
gastaram a vida inteira para reproduzir apenas um exemplar da Bíblia Sagrada. Escreviam à mão, página por
página, usando o stylus, pequeno objeto pontiagudo de madeira, para gravar as letras sobre uma tabuleta
coberta com cerume branco de abelhas. Foi daí que surgiu a expressão “cada qual tem seu estilo”.
Os monastérios eram conhecidos pela sua caligrafia. Cada pergaminho trazia consigo uma assinatura,
por assim dizer, que revelava a sua procedência e, às vezes, até a identidade do seu artífice.
Surgiu, então, a prensa. O ourives alemão Johannes Gutenberg a inventou em 1455 e nela imprimiu
seu primeiro livro, a Bíblia Sagrada. Os chineses já usavam a técnica da impressão havia mais de 1.400
anos, mas os tipos eram talhados em madeira, o que impedia que se fizesse muita pressão para marcar o
papel, resultando gravuras pouco nítidas.
Aliás, o papel tinha sido inventado por eles mesmos 200 anos antes. Antes dele, eram usados o
pergaminho e o velino (papel de couro de vitela), mas eram caros. Portanto, o papel vindo da China foi
fundamental para a impressão dar certo.
A prensa de Gutenberg empregava placas de metal duro, que eram mais resistentes e duráveis, e
nelas fundia os caracteres, que depois eram juntados em fôrmas com moldura de madeira, que resultariam
nas páginas. A tinta era à base de óleo de linhaça e negro-de-fumo. Era um processo muito mais eficaz e
rápido, que possibilitava a impressão em massa.
Para se ter uma ideia, em 1424, a famosa Universidade de Cambridge, no Reino Unido, possuía
apenas 122 livros. Em 1500, cerca de 15 milhões de livros já haviam sido impressos no mundo inteiro.
página 04
As prensas se difundiram, fazendo circular informação e conhecimento de maneira mais rápida, ampla
e clara e suprindo, assim, a crescente demanda nesse sentido. A informação escrita se democratizou,
portanto, deixando de ser exclusividade da nobreza e do clero. E isso iria transformar para sempre a cultura
ocidental, conforme veremos a seguir.
Com a difusão dos livros, surgiu a necessidade de se padronizar a escrita, o que significava
estabelecer um padrão gráfico (ver Glossário), para se evitar os sentidos dúbios, os mal-entendidos ou
mesmo a desinformação. Era a chamada normatização.
Essa normatização serviria, portanto, para se veicular mais e melhor. O esforço de veicular mais
implicava padronizar os tipos, a tabulação (ver Glossário), a paragrafação (ver Glossário), e tinha motivação
econômica, pois visava o “mercado editorial” nascente. Por outro lado, veicular melhor significava padronizar
a grafia das palavras, e aí estava implícita a intenção de atribuir valor cultural e de estilo às publicações.
Portanto, além da motivação econômica, havia também uma preocupação de natureza linguística e
social.
página 05
Os códigos comunicacionais (ver Glossário) são um conjunto regulamentar de signos ou sinais que
permite o intercâmbio de informações, ou seja, a comunicação.
A comunicação humana se realiza oral ou graficamente. Modernamente, diz-se que, para se falar bem
uma língua, é preciso dominar tanto seu código oral como seu código escrito, ou seja, ser capaz de
compreender e de se exprimir. Isso significa que o falante/escritor não só deve conhecer as estruturas
linguísticas, como saber interpretar o que é comunicado e ser capaz de transmitir mensagens de acordo com
o contexto e o interlocutor, ou seja, a pessoa com quem se conversa ou a quem se escreve.
Em função desse processo dinâmico de construção e reconstrução da língua, compreende-se por que
a escrita se tornou um sistema complexo de combinação de símbolos e regras gráficas de arranjo e
distribuição desses símbolos.
página 06
Esse sistema é definido por convenção, a partir da busca por uma melhor forma de se representar a
oralidade da língua. A essa convenção vamos chamar ORTOGRAFIA.
À Ortografia interessa:
• o Alfabeto e as combinações possíveis dos seus elementos: grafemas (ver Glossário) (< ç >, < s >,
< c >) e dígrafos (-rr-, -ss-, -ch-, -lh-, -nh-);
página 07
A existência de mais de um grafema para cada fonema revela toda a riqueza etimológica e fonológica
do idioma português, mas, por outro lado, traz dificuldades ao ensino da língua.
Quando, porém, o estudante consegue perceber que o aprendizado da Ortografia depende da prática
social da linguagem, do hábito da leitura e da produção de textos, essas “dificuldades” da língua deixam de
ser um problema. A verdade é que, quanto mais os alunos lerem e escreverem, maiores possibilidades terão
de dominar a Ortografia vernácula (ver Glossário).
Falamos anteriormente em fonemas e grafemas. Para melhor visualizar essa relação entre fonemas e
grafemas, ou seja, entre o sistema de sons da língua e o sistema ortográfico, apresentamos, a seguir, três
tabelas.
Na Tabela 1, repare que a cada fonema corresponde apenas e tão somente um grafema. Os fonemas
consonantais apresentados e seus respectivos grafemas constituem pares inseparáveis em qualquer dos
exemplos dados, não importando a posição em que ocorram na palavra e na sílaba.
Tabela 1
O mesmo não ocorre nas Tabelas 2 e 3, onde um mesmo grafema representa dois fonemas
diferentes, ou vários grafemas representam um único fonema, dependendo da letra que vem em seguida ou
da sua posição na palavra.
Observe que alguns fonemas são representados por sinais digamos “estranhos”, como, por exemplo,
o /x/(*), que corresponde ao fonema 'r' simples; ou o /Z/(**), que corresponde ao fonema 'gê'.
É interessante informar aqui que, quando se trata de fonemas, utilizam-se as barras (//); quando se
trata de grafemas, os sinais < >. É uma convenção dos textos linguísticos.
página 08
Tabela 2
Tabela 3
Aqui é importante fazer uma ressalva: nas Tabelas 2 e 3, os exemplos não estão contextualizados. É
bom alertar para o fato de que, existindo um contexto, reduz-se o número de alternativas para a grafia de
certos fonemas.
página 09
Aqui estamos nos referindo aos dois contextos: no interior da palavra (fonético) e o contexto em que
a palavra se insere.
O primeiro caso é o dos dígrafos < ss >, < sc >, < sç >, < xc > e < xs >, por exemplo, que só
podem ser utilizados entre vogais (contexto intramorfema) (ver Glossário), o que reduz as opções gráficas
disponíveis.
O segundo caso é aquele do ambiente semântico (ver Glossário) do texto (contextualidade), que nos
permite precisar a correta grafia de uma dada palavra. “O cinto (com < c >) do Antônio está na altura da
cintura”; “Sinto (com < s >) que o Antônio está tentando se superar”. Tanto o contexto I quanto o contexto
II reduzem de fato as possibilidades gráficas.
Como podemos ver na Tabela 3, existem oito grafemas disponíveis no sistema para representar o
fonema /s/, mas existem limitações para o uso de alguns deles. O < ss >, assim como os demais dígrafos, <
sc >, < sç >, < xc > e < xs >, por exemplo, só podem ser utilizados entre vogais, o que reduz as opções
gráficas disponíveis.
Esse panorama sobre as relações que se estabelecem entre fonemas e grafemas no sistema
ortográfico da língua revela a complexidade da tarefa imposta à criança durante o processo de aprendizagem
da Ortografia.
Por outro lado, se a escrita fosse fonética, isto é, se representasse exatamente os sons da fala,
teríamos uma tamanha diversidade de símbolos gráficos que a unidade linguística ficaria comprometida. A
escrita reproduziria não só a imensa variedade de modos de falar regionais brasileiros, mas também as
diferenças entre os falares do português europeu e africano. A escrita perderia, assim, o seu papel
unificador.
página 02
A Ortografia é uma convenção social criada para facilitar a comunicação escrita. Desse modo,
compreender as convenções ortográficas ajuda, e muito, no processo de comunicação escrita. Isso porque,
quando unificamos o modo de grafar as palavras, facilitamos a compreensão das ideias contidas nos textos
que produzimos.
Falando mais especificamente sobre as convenções ortográficas, é importante saber que existem
palavras cuja grafia obedece a padrões de regularidade ortográfica, ou seja, em que o conhecimento de uma
regra permite antecipar como uma determinada palavra deve ser escrita mesmo sem conhecê-la.
Por outro lado, há as chamadas irregularidades ortográficas, representadas por aquelas palavras que
não seguem nenhum padrão ou princípio.
No caso das regularidades, cabe-nos observar e refletir sobre elas, buscando estabelecer o padrão de
ocorrência que define a regra ortográfica.
página 03
Nesse processo, o primeiro padrão é o fonêmico, que surge quando se cria o sistema alfabético para
associar um único grafema a cada fonema, conforme exemplificado na Tabela 1 da Subunidade 1.2.
Além do padrão fonêmico, há outros que regulam as bases da Ortografia portuguesa. São eles o
fonético, o lexical e o etimológico.
O exemplo característico de uma forma ortográfica foneticamente padronizada é o caso do uso do <
m > antes de < p > e < b > (exemplos: “tampa” e “tombo”). Ele é uma marca de nasalização da vogal que
o antecede. Embora estejamos tratando de escrita e não de fala, temos de recorrer à fonética para explicar a
opção pelo emprego do < m > e não do < n > para aqueles casos em que ele antecede o < p > ou o < b >.
O /m/ é naturalmente bilabial, assim como o /p/ e o /b/. Quando falamos ‘mamãe’, naturalmente os lábios
se encontram para articular o fonema /m/. Do mesmo modo como para falarmos ‘papai’. Assim, a grafia
mais natural, digamos assim, é aquela que as aproxima dada a sua familiaridade fonética. Tal não se
daria, portanto, com o /n/.
Vejamos, agora, a motivação lexical. Ela é encontrada naquelas formas que mantêm o mesmo
grafema, ainda que ocorra mudança no som. Exemplos: a palavra ‘medicina’, que se escreve com < c > por
derivar da palavra primitiva ‘médico’; e a palavra ‘sal’ grafada com < l >, que é também encontrada nas
palavras derivadas ‘saleiro’, ‘salgado’ e ‘salina’.
E, por último, a motivação é etimológica, que se pode avaliar quando a grafia de uma determinada
palavra se explica pela sua origem. Exemplo: as palavras ‘homem’ e ‘hoje’ são escritas com < h >, porque se
originam nas formas latinas homine e hodie respectivamente.
página 04
Há ainda palavras cuja grafia não se orienta por regra alguma. De fato, como não somos especialistas
em filologia (ver Glossário) românica e etimologia (ver Glossário), não temos que saber se determinada
palavra se origina de vocábulo latino ou grego, ou mesmo se é uma palavra de origem indígena. A saída para
esses casos é usar o dicionário ou consultar registros onde sabemos que determinada palavra está escrita da
maneira correta, como livros de autores consagrados da literatura nacional e mundial.
A mudança na pronúncia é uma das origens da “falta de padrão” ou das chamadas “irregularidades
ortográficas”. E historicamente podemos verificar que, quando se altera a pronúncia, a tendência é haver
mudanças no registro escrito da palavra.
No seu processo histórico dinâmico, as línguas sofrem constantes modificações, tanto assim que
nenhuma língua apresenta uma única pronúncia para todas as palavras. Todavia, a escrita é um meio de
preservação da fala que se prolonga no tempo. Assim, quando nos deparamos com textos muito antigos,
percebemos que a língua sofreu alterações na sua grafia, notadamente porque a pronúncia das palavras
também mudou.
As mudanças podem ocorrer no espaço, no tempo e no meio social onde se fala a língua. Se vamos a
Portugal, logo percebemos que os portugueses não falam como os brasileiros. Dentro do Brasil, o modo de
falar varia de região para região. Mesmo numa mesma cidade, podemos discernir traços linguísticos
peculiares a determinadas classes sociais.
página 05
Essas novas nações também tinham ricos e pobres, pessoas do povo e pessoas da aristocracia recém-
formada. Ali também se desenvolveu o que hoje chamamos de “preconceito linguístico”. Os nobres, que
supostamente tiveram acesso a uma melhor formação cultural e intelectual, falariam uma variedade
linguística tida como padrão, adotada nas academias e nos círculos aristocráticos, em oposição a uma
variedade popular que continha impropriedades vocabulares e sintáticas.
Ocorre que essas duas variedades conviviam, como ainda hoje convivem, lado a lado, impregnando
uma à outra. Os filhos dos nobres eram cuidados por pessoas do povo. Assim, inevitável que aprendessem
certas pronúncias que não seriam muito bem aceitas na academia. Esse fato provocaria um problema para o
aprendizado da escrita.
página 06
Então, em fins do século XV e início do século XVI, começaram a surgir as gramáticas vernáculas,
objetivando ensinar ao povo a distinção entre o popular inculto e o padrão formal culto das elites. Ao mesmo
tempo, surgiram os tratados de Ortografia, que se firmaram como peças muito úteis, uma vez que as
pessoas cultas e ricas também cultivavam dúvidas sobre a correta grafia de certas palavras.
Entretanto, com muitos vocabulários ortográficos ditos oficiais, o Estado, a certa altura de nossa
história política, passou a editar leis e decretos para regular a matéria. Mesmo assim, a Ortografia não
consolidou um registro único. Prova disso são os diversos acordos e tratativas entre Brasil e Portugal em
busca de um modelo ideal único de grafia do léxico da língua portuguesa.
página 07
A dupla grafia do português (a europeia e a brasileira) data de 1911. Nesse ano, ainda sob a
influência da implantação de sua República, Portugal promoveu a primeira grande reforma oficial da
Ortografia portuguesa. Nessa oportunidade, buscou estabelecer uma ortografia simplificada, tal como
consagrada nos textos oficiais.
Essa primeira reforma, contudo, não foi feita de comum acordo com a República Federativa do Brasil,
esta proclamada já desde 1889.
Ocorre que, sendo a língua oficial de oito Estados soberanos, o português tem duas ortografias: a de
Portugal e a do Brasil. Essa diferença traz visíveis desvantagens do ponto de vista das relações
internacionais, eis que a língua ganha importância nos fóruns internacionais e organismos multilaterais na
medida do seu peso unificado, vale dizer: o número total de falantes sob o mesmo regime ortográfico, sem
necessidade, pois, de tradução oficial de documentos.
É preciso lembrar que são quatro as grandes línguas modernas faladas hoje no mundo, considerado
para tanto o número total de falantes: inglês, francês, português e espanhol. Todas elas, com exceção do
português, reconhecem uma grafia oficial única.
Assim, a dupla grafia oficial reduz a capacidade de afirmação do idioma no plano internacional e
limita a possibilidade de compartilhamento de conteúdos no plano cultural, comercial e político.
O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi firmado em 1990, pelo Brasil e mais sete países,
após mais de dez anos de discussões.
Aqui as opiniões divergem quanto à repercussão dessa convenção. De um lado, alguns defendem a
tese de que ela consolida a identidade da lusofonia (ver Glossário) no contexto internacional. Outros creem
que ela serve de proposta de solução aos problemas de circulação do conhecimento produzido entre as
culturas dos povos lusófonos, na medida em que o Acordo elimina boa parte daqueles “ruídos” gráficos que
frequentavam os nossos textos. Isso permite, por exemplo, que as publicações em português do Brasil, tais
como livros, jornais, revistas, textos científicos, legais etc., sejam mais bem aceitas e interpretadas por
nossos irmãos de língua. Esteja claro que o inverso é verdadeiro.
página 08
Mas cuidado para não ficar mais de três minutos sem trabalhar na plataforma: o sistema bloqueia o seu
acesso, e você terá que reiniciar, perdendo, portanto, o seu trabalho.
Você também poderá redigir sua resposta em um arquivo do Word e salvar depois no seu campo de resposta
na plataforma. É também uma forma segura de trabalhar.
A partir daí, sua resposta ficará disponível para a sua tutora ou tutor.
Ao corrigir sua resposta, sua tutora ou tutor vai apontar eventuais erros ortográficos, inclusive os que se
referem ao Novo Acordo Ortográfico. Assim, você irá se familiarizando com as novas regras.
Se sua tutora ou tutor lhe devolver sua resposta para você revê-la, trabalhe nela da mesma forma. Ao
concluir, clique novamente em “SALVAR E FINALIZAR”.
Caso tenha dúvidas sobre a utilização dos recursos da plataforma, releia as instruções no “GUIA DO
ESTUDANTE” ou consulte a Coordenação do curso.
Sucesso!
(Mínimo de 15 e máximo de 20 linhas.)
(Esta avaliação vale 15 pontos.)
1º FÓRUM DE DISCUSSÃO
Ele funciona mais ou menos como o FÓRUM DE APRESENTAÇÃO e também será avaliada pelos respectivos
tutores.
Não perca esse prazo. Uma vez fechado o fórum, não será mais possível postar mensagens nele.
Cada aluna ou aluno poderá postar uma ou mais mensagens, que ficarão visíveis para todos os demais
integrantes da sua turma.
Ao acessá-lo, você verá um texto contendo o assunto de abertura da discussão que será desenvolvida em
seguida.
Ao usar o fórum, a aluna ou aluno deve primar não apenas por apresentar ideias interessantes, mas também
por saber dialogar com os demais colegas, dando continuidade às manifestações já apresentadas, explorando
aspectos que não tenham sido abordados, apresentando contra-argumentos a posicionamentos assumidos
etc.
Outra dica muito importante é acerca do comprimento de suas postagens. As participações não serão
avaliadas pelo número de linhas. O que queremos é a discussão. É mais interessante você complementar a
postagem de um colega, concordando, exemplificando ou até divergindo, do que atuar em monólogo, certo?
Vamos apontar eventuais erros ortográficos, para você ir se familiarizando com as novas regras.
Lembre-se: não fique mais de três minutos sem trabalhar na plataforma, pois o sistema pode
bloquear seu acesso, e você perderá o que já fez.
Assim, por maior que seja a diversidade de modos de falar de uma língua, é importante que sua
ortografia garanta que qualquer leitor reconheça uma dada palavra escrita de acordo com o padrão
ortográfico registrado nos dicionários e vocabulários ortográficos.
Salientamos que a partir do século XV, em decorrência de fatos marcantes para a história ocidental,
como a invenção da imprensa e o Renascimento, as línguas românicas, que estavam se impondo como
línguas oficiais, sem dúvida, alteraram a sua relação com a Ortografia, criando a necessidade de explicitar as
suas regras gramaticais.
É nesse ambiente que florescem os estudos linguísticos, principalmente aqueles que cuidam da
Ortografia.
As inúmeras gramáticas ortográficas que surgiram nesse momento tinham como principal
preocupação e objeto de estudo o fato de que os fonemas latinos haviam se modificado muito na evolução
que experimentaram do latim clássico, passando pelo latim vulgar, até os idiomas europeus que começavam
a se formar. E essa mutação fez com que surgissem fonemas (ver Glossário) novos até então inexistentes
na língua de origem.
Entretanto, na segunda metade do século XVI, esses estudos ganhariam uma nova perspectiva: a
histórica. Isso porque a língua portuguesa precisava se afirmar frente à língua castelhana. Pretendia-se
resgatar a feição latina dos vocábulos portugueses. Implantou-se, então, o que chamamos de uma
“ortografia etimológica”. Nessa perspectiva, o latim foi resgatado como modelo de perfeição e excelência.
Contrapondo-se a essa Ortografia etimológica, surge uma Ortografia fonética (ver Glossário), que
procura simplificar a escrita e aproximá-la da língua oral, por meio daquelas relações entre fonemas e
grafemas que vimos anteriormente, onde a cada som corresponde apenas um símbolo, ou seja, onde a cada
fonema corresponde apenas um grafema.
A polêmica que se instaurou, a partir de então, entre os ortógrafos etimólogos e os ortógrafos foneticistas
perdurará pelos séculos XVII, XVIII e XIX. É apenas na primeira década do século XX que percebemos
ganhar fôlego a corrente fonética em detrimento da rígida tradição etimológica, ainda que sempre se
contraponha àquela a impossibilidade de uma total identidade entre o som e a grafia.
página 02
• a nasalização das vogais é representada pelo til (manhãas > manhãs), por dois acentos (mááos >
mãos) e por < m > e < n > (‘omde’ > onde; ‘senpre’ > sempre).
• o < i > podia ser substituído por < y > ou < j > (‘ay’ > ai; ‘mjnas’ > minhas).
Mas não há uma padronização: uma mesma palavra aparece grafada de modos diferentes: ‘ygreja’,
‘eygreya’, ‘eygleyga’, ‘eigreia’, ‘eygreia’ (= igreja); ‘home’, ‘homee’, ‘ome’, ‘omee’ (= homem).
página 03
A partir da segunda metade do século XVI, a língua portuguesa sofre influência do latim e da cultura
grega, graças ao Renascimento e à necessidade de valorização do idioma. Essa tendência perdura até o início
do século XX.
Esquerda:
capa do livro Memorias Posthumas de
Braz Cubas, de Machado de Assis.
Direita:
Cartão postal de 1908, em que se vê a
palavra ‘telephone’, grafada com < ph
>, e ‘escriptorio’, com < p > mudo.
O critério era o de respeitar as letras originárias das palavras, isto é, sua origem etimológica.
Empregam-se:
• < ph >, < ch >, < rh > e < y >, que representavam fonemas gregos: ‘philosophia’, ‘theatro’,
‘chimica’ (= química), ‘rheumatismo’, ‘martyr’, ‘sepulchro’, ‘thesouro’, ‘lyrio’;
No início do século XIX, o escritor Almeida Garrett defende a simplificação da escrita e critica a
ausência de normas que regularizem a Ortografia.
Enquanto escritores e acadêmicos colocam lenha na fogueira da polêmica, o que ocorre de fato com a
língua portuguesa escrita do final do século XIX é que cada um escreve da maneira que acha mais adequada
e elegante.
A partir daí, para melhor visualizarmos a evolução histórica da Ortografia da língua portuguesa, com
as sucessivas tratativas, discussões e acordos de padronização, ora frustrados, ora bem-sucedidos,
elaboramos, com o auxílio do quadro abaixo, a seguinte Linha do Tempo:
página 04
LINHA DO TEMPO
1904 O foneticista Gonçalves Viana (1840-1914) publica, em Lisboa, a maior obra sobre
ortografia da língua portuguesa, a Ortografia Nacional, que foi adotada pelo
governo português como oficial em 1911. Nela, o estudioso apresenta proposta de
simplificar a Ortografia:
• eliminação dos fonemas gregos th (theatro), ph (philosofia), ch (com som de k,
como em chimica), rh (rheumatismo) e y (lyrio);
• eliminação das consoantes dobradas, com exceção de e : cabello (= cabelo);
communicar (= comunicar); ecclesiastico (= eclesiástico); sâbbado (= sábado).
• eliminação das consoantes nulas, quando não influenciam na pronúncia da vogal
que as precede: licção (= lição); dacta (= data); posthumo (= póstumo); innundar
(= inundar); chrystal (= cristal);
• regularização da acentuação gráfica..
1915 A ABL aprova a proposta do professor, filólogo e poeta Silva Ramos que ajusta a
reforma ortográfica brasileira aos padrões da reforma portuguesa de 1911.
1919 A ABL volta atrás e revoga o projeto de 1907, ou seja, não há mais reforma.
1934 A Constituição Brasileira revoga o acordo de 1931 e estabelece a volta das regras
ortográficas de 1891, ou seja, a palavra ortografia voltaria a ser grafada
orthographia. Protestos generalizados, porém, fazem com que essa ortografia seja
considerada optativa.
página 04
página 05
1995 Brasil e Portugal aprovam oficialmente o documento de 1990, que passa a ser
reconhecido como Acordo Ortográfico de 1995.
página 06
1.1.1. Objetivos.
Estima-se que cerca de 210 milhões de pessoas falem português, o que faz da nossa a quinta língua
mais falada no mundo e a terceira no Ocidente. Ainda assim, o português ostentava (ou ostenta) o título de
ser o único idioma no mundo a ter duas ortografias oficiais, a do Brasil e a de Portugal.
A propósito, páginas atrás, pudemos avaliar que a dupla grafia oficial implica flagrantes desvantagens
do ponto de vista das relações internacionais, pois dificulta a afirmação do idioma no âmbito das Nações
Unidas, bem como limita a possibilidade de compartilhamento, entre países lusófonos, de conteúdos no plano
cultural, comercial e político.
Fazendo eco a essa afirmativa, recentemente a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)
asseverou que:
“A dupla grafia acaba limitando a dinâmica do idioma, pois dificulta não só a divulgação de
informações e as relações comerciais, como também a difusão cultural entre os países de
língua portuguesa, enfraquecendo a língua”.
página 07
Do ponto de vista do léxico da língua portuguesa, estima-se que o número de palavras cuja ortografia
seria alterada quando da celebração do Acordo, segundo dados da Academia de Ciências de Lisboa, é de
pouco mais de duas mil num universo de cerca de 110.000. Com isso, unifica-se a ortografia de
aproximadamente 98% do vocabulário da língua portuguesa.
página 08
No caso brasileiro, calcula-se que as modificações atinjam cerca de 0,5% das palavras. Já no caso do
português de Portugal, a estimativa é de que 1,6% do vocabulário seja alterado com a entrada em vigor do
novo Acordo.
É importante salientar que nesse levantamento não foram contabilizadas, à época, as alterações
decorrentes das novas regras de uso do hífen, bem como aquelas resultantes da supressão do trema.
1.1.2. Critérios
Nesta oportunidade, o critério que fundou as bases para a construção do Novo Acordo Ortográfico foi
o fonético, isto é: a ortografia das palavras alterou-se para aproximar a forma escrita e a forma falada. Foi o
caso da eliminação das consoantes mudas de palavras de origem greco-latina mantidas na Ortografia
lusitana. Vejam os seguintes exemplos: ‘sector’, do latim ‘sectore’, que resultou ‘setor’; ‘acção’, do latim
‘actione’, que resultou ‘ação’; ‘ceptro’, do grego ‘skêptron’, que resultou ‘cetro’; ‘Egipto’, do grego ‘Aígyptos’,
que resultou ‘Egito’.
É bom observar que, mesmo com esse esforço de unificação da grafia, que se baseou, como foi dito
acima, em um critério fonético, o Acordo não obrigou que se alterasse a pronúncia das palavras modificadas,
o que também não deverá ocorrer na prática, pelo menos no curto e médio prazo. No longo prazo, contudo,
o < c > ou o < p > mudos eliminados da grafia das palavras talvez desapareçam também da pronúncia do
português falado na Europa e na África, na medida em que as escolas passarem a alfabetizar de acordo com
as novas regras ortográficas.
Além disso, é importante ressalvar que variações podem ocorrer no idioma falado independentemente
dos acordos ortográficos. No Brasil mesmo, coexistem diferentes formas de falar, não obstante sermos
regulados e guiados pelo mesmo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.
Por fim, é de se esperar que a implantação da pretendida unificação ortográfica traga benefícios aos
países de língua portuguesa, na medida em que ensejar a formulação de políticas públicas para a
alfabetização de jovens e adultos, a difusão do hábito de leitura, o fortalecimento do mercado editorial em
língua portuguesa e a implementação dos mecanismos de cooperação multilateral construídos pela CPLP.
página 09
O quadro sinóptico abaixo foi formatado para apresentar cada uma das bases do Acordo, o tema da
alteração de cada base e as suas repercussões no Brasil.
Página 10
1.2. Vigência
O Acordo de unificação da Ortografia da língua portuguesa, na sua versão original, a de 1990, previa
a entrada em vigor das novas normas apenas quando todos os Estados signatários o ratificassem.
A previsão inicial era de que o Acordo entrasse em vigor no dia 1º de janeiro de 1994, após serem
depositados os instrumentos de ratificação de todos os Estados signatários. Findo o prazo sem que isso
acontecesse, a disposição tornou-se letra morta, ensejando a redação de um primeiro Protocolo Modificativo
alargando o prazo para a entrada em vigor do Acordo.
Entretanto, diante da ineficácia das normas ali contidas, em 2004, foi necessário redigir um segundo
Protocolo Modificativo, em que se estabeleceu que o Acordo Ortográfico entraria em vigor quando três dos
Estados signatários o ratificassem. Além disso, foi permitida a adesão do Timor-Leste, que só alcançou sua
independência total em 2002.
Frise-se que os Protocolos Modificativos alteraram apenas o modo pelo qual se daria a entrada em
vigor do Acordo, sem tocar no conteúdo, ou seja, nas alterações ortográficas propostas no Acordo original.
Com a ratificação do Acordo por São Tomé e Príncipe em 2006, o Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa entrou em vigor, apenas no plano jurídico externo, no dia 1º de janeiro de 2007, quando Brasil,
Cabo Verde, Portugal e São Tomé e Príncipe ratificaram o Acordo Ortográfico e o Segundo Protocolo
Modificativo.
Contudo, para efeitos integrais, o Acordo só foi ratificado por Portugal em 16 de maio de 2008, depois
de muitos adiamentos e polêmicas, tendo sido sancionado pelo Presidente da República Portuguesa, Aníbal
Cavaco Silva, em julho do mesmo ano.
1.2.1. Implementação.
Muito provavelmente os efeitos práticos do Acordo só serão sentidos quando cada país definir o seu
plano de ação nacional de implementação, determinando as áreas (ensino, administração pública,
comunicação social etc.) onde as alterações serão implantadas em primeiro lugar.
Tendo em vista a complexidade relativa em termos técnicos e financeiros, como a edição de livros
escolares, a implementação do Acordo levará em conta as peculiaridades de cada Estado signatário.
O Acordo prevê ainda a fixação de períodos de transição a serem definidos pelos Estados, a fim de
que as gramáticas, dicionários, vocabulários ortográficos, livros escolares, formulários de serviços públicos,
contratos etc. sejam adaptados à nova Ortografia.
página 02
É a mais importante iniciativa de que se tem notícia em relação à unificação ortográfica de uma
língua. Mas, se, por um lado, ela promove avanços, de outro, como seria de se esperar, divide opiniões, gera
muita polêmica e cria desafios.
Em linhas gerais, o que o Acordo pretende é eliminar aqueles sinais gráficos que supostamente nada
exprimem, como o circunflexo em ‘enjoo’ ou o acento agudo de ‘heroico’, que deixarão de existir na grafia
brasileira. Eles já não são usados em Portugal desde a reforma de 1945.
página 03
Por outro lado, os portugueses passarão a suprimir, tal como fazemos no Brasil, o < p > e o < c >
mudos de ‘adoptado’ e ‘colecção’, por exemplo.
"Não os pronunciamos, assim como o < c > de ‘actor’ ou o < p > de ‘cepticismo’, mas eles carregam
informação fonética, já que ‘forçam’ a tônica da palavra", dispara o jornalista e escritor português João
Pereira Coutinho. Ele resume assim as críticas feitas pelos detratores do Acordo:
“[O Acordo] é um brutalíssimo erro de natureza científica, por sua visão concentradora da
língua; de natureza política, já que os países africanos mal foram consultados na sua
elaboração; e também de ordem filosófica, porque procura aniquilar as diferentes músicas, por
assim dizer, que se ouvem ao ler textos em grafias diversas da nativa”.
Mas há ainda a considerar, por exemplo, as visões diversas sobre a natureza da Ortografia.
Em uma mão, alguns importantes estudiosos sustentam que ela deve mudar ou não segundo os seus
usos, sem interferência das academias; noutra mão, seguem aqueles que creem que não deve subsistir
nenhuma razão para o português contemplar duas grafias oficiais, enquanto o espanhol, por exemplo, com
seus mais de 400 milhões de falantes e dezenas de academias de letras, só emprega uma grafia.
“Portugal e Brasil são como dois navios singrando paralelos, que se acenam a uma distância de 20
metros. Quando o acordo entrar em vigor, a distância será reduzida em 3 metros, que não valem o imenso
custo da reforma”, opina Cláudio Moreno, doutor em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul.
O custo a que se refere o professor é tanto de ordem social quanto financeira. Apenas para se ter uma
ideia do tamanho do investimento: já em 2010, os Ministérios da Educação e da Cultura autorizaram apenas
a compra de livros escritos de acordo com a nova Ortografia. Só o Ministério da Educação realizará licitação
para a compra de oito milhões de exemplares de dicionários nos próximos anos. Daí se vê que uma boa
parte desse impulso do mercado editorial brasileiro será custeado pelo contribuinte.
página 04
Ainda mais: o decreto que ratifica o Acordo ortográfico determina que todos os alunos do ensino
fundamental deverão receber material didático com as adaptações propostas até 2010. Para os alunos do
ensino médio, a data-limite para o recebimento desse material didático é 2011. Ainda até o ano de 2011, as
universidades também deverão ter ajustado os exames vestibulares, assim como todos os concursos
públicos. O decreto só não definiu as políticas e os programas de atualização dos milhares de professores do
País para levarem a bom termo essa empreitada.
"Estamos fazendo a reforma no susto", critica o professor Pasquale Cipro Neto, um dos mais
prestigiados educadores da língua portuguesa do Brasil.
Uma das primeiras críticas que se esboçaram contra o Acordo baseia-se na tese de que os debates
que precederam a ratificação não foram suficientes para dar à proposta uma unidade, uma coesão interna.
Outra crítica que se faz ao Acordo diz respeito à sua opção pelo critério fonético. Segundo os que
assim entendem, o maior problema da redação de um Acordo Ortográfico está em encontrar o equilíbrio
entre o peso da etimologia, com toda uma história linguística, e o peso da atualização quotidiana da língua
falada.
A polêmica a favor e contra o Acordo tem vida longa e apresenta pontos relevantes em ambos os
lados. Todavia, para se tomar uma posição, convém conhecermos antes as alterações propostas para a
Ortografia da língua portuguesa.
página 05
Caso tenha dúvidas sobre a utilização dos recursos da plataforma, releia as instruções no “GUIA DO
ESTUDANTE”.
Boa sorte!
(Mínimo de 15 e máximo de 20 linhas)
(Esta avaliação vale 15 pontos.)
Como vimos, o Alfabeto é o sistema de escrita de uma língua natural. Nesse sistema, o que se pretende é
que, teoricamente, a um fonema corresponda um único grafema. Na prática, contudo, não existe essa
correspondência perfeita entre símbolos e sons, ou seja, entre grafemas e fonemas, por uma razão muito
simples: as línguas são dinâmicas, estão em constante processo de transformação em sua forma oral.
São inúmeros os alfabetos conhecidos. Um dos mais antigos é o fenício, e os mais correntes são os
alfabetos grego, latino, cirílico e árabe.
Devido a uma intensa atividade comercial, os fenícios estenderam a sua escrita para além da região
onde hoje se encontram o Líbano e a Síria, tendo sido a língua de inscrição do hebraico antigo.
Alfabeto fenício
Alfabeto grego
O alfabeto grego
surgiu por volta do século
VIII a. C. e baseava-se no alfabeto consonântico fenício, povo com
quem os gregos mantiveram frequente contato. O alfabeto grego,
dividido em quatro tipos diferentes, foi o primeiro a apresentar
símbolos para sons consonânticos e sons vocálicos, o que significava uma evolução, pois a tendência
observada entre os alfabetos da antiguidade era a de representar apenas sons consonânticos.
De todos os alfabetos, o latino foi o mais difundido, graças à expansão do império romano e,
consequentemente, do latim; e à crescente difusão do Cristianismo na Idade Média.
Em português, por exemplo, não existe correspondência direta entre o alfabeto e a fonologia (ver
Glossário) da língua, ou seja, um sistema fonológico de 19 consoantes é representado por 18 consoantes
ortográficas e de 9 vogais orais representadas por apenas 5 vogais ortográficas.
página 02
(MishaJaparidze/AP)
“Os Cosmonautas Krigor, Wladmir e Yevna, que foram lançados ao espaço na sonda espacial Ortog em 1943 e
permaneceram em órbita desde então, retornam à Terra. A sonda fez a sua reentrada na atmosfera terrestre nas primeiras
horas do dia 1º de janeiro...”
Esta bem que poderia ser uma manchete estampada na primeira página de jornais de todo o mundo...
Bem, isto é, se fosse verdadeira. Contudo, serve muito bem para ilustrar como se deu a “reentrada” das
letras 'k', 'w' e 'y' no nosso alfabeto.
Depois de mandadas ao espaço pela reforma ortográfica de 1943, as referidas letras foram
reintroduzidas no português com a vigência, a partir de 2009, do Novo Acordo Ortográfico.
página 03
Importante ressaltar que a medida em nada altera o que está estabelecido. Apenas fixa a sequência
dessas letras para efeito da listagem alfabética de qualquer natureza. Adotou-se, assim, a convenção
internacional: o < k > vem depois do < j >, o < w > depois do < v > e o < y > depois do < x >.
Embora ainda observem algumas restrições, as letras < k >, < w > e < y > ficam agora incluídas no
alfabeto usado para a língua portuguesa, que passa, então, a ter 26 letras, assim dispostas:
ABCDEFGHIJKLM
NOPQRSTUVWXYZ
Embora ainda façam cócegas na língua de muitos daqueles que só ouviram falar dos Beatles, lembro
que o < k >, o < w > e o < y > vivem há muito entre nós como estrangeiros, imigrantes ilegais. Agora,
porém, eles podem circular livremente como “grafemas nativos”.
Antes, nós os aceitávamos apenas porque era quase inevitável não fazê-lo. Eles frequentavam,
mesmo não oficializados, as nossas aulas de química, matemática, história geral. Pertenciam, por assim
dizer, a um alfabeto paralelo, um “alfabeto pedagógico”, ao lado do alfa, do beta e do gama.
Ainda assim, as letras < k >, < w > e < y > aparecem apenas em casos especiais, como em
abreviaturas, siglas, símbolos, nomes próprios, palavras estrangeiras e seus derivados.
b) Topônimos originários (nome geográfico próprio de região, cidade, vila, povoação, lugar, rio,
logradouro público etc.) de outras línguas e suas derivações: Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano etc.
c) Siglas, símbolos e unidades de medida de aplicação internacional: TWA, KLM, K (potássio, do latim
kalium), W (oeste, do inglês west), kg (quilograma), km (quilômetro), kW (quilowatt), yd (jarda, do inglês
yard), watt etc.
d) Palavras estrangeiras: show, playboy, playground, windsurf, windsurfista, kung fu, yin, yang,
kaiser, kaiserista.
e) Sequência de uma enumeração: a), b), c)... j), k), l),... u), v), w), x), y), z).
página 04
OBSERVAÇÃO: Evidentemente, os antropônimos terão a sua grafia original respeitada, como Comte,
Garrett, Shakespeare e os respectivos adjetivos, quando houver (comtiano, garrettiano, shakespeariano),
bem como os nomes de batismo com registro cartorial, por constituírem um elemento identificador,
individualizador da pessoa.
Quanto aos topônimos, a convenção aponta no sentido de que devemos adaptá-los ao português
sempre que possível. É por isso que Genéve acabou sendo aportuguesado para Genebra; Torino (Itália) para
Turim; Milano (Itália) para Milão; Zurich (Suíça) para Zurique.
Atenção (1): embora se recomende substituir, sempre que possível, os topônimos estrangeiros pela
palavra correspondente em português, às vezes, esses nomes já estão de tal forma sedimentados na nossa
língua que se torna impossível essa adequação. Por exemplo, a capital argentina é Buenos Aires. Não há
quem se atreva a aportuguesar para ‘Bons Ares’, ou a capital boliviana La Paz para ‘A Paz’, sob pena de
comprometer a comunicação. Frise-se: estes são nomes já consolidados na língua portuguesa.
Atenção (2): Sempre causa dúvida a grafia do nome da cidade americana mais famosa do mundo –
New York, Nova York ou Nova Iorque?
(...) Ou tudo em Inglês, ou tudo em Português; eu prefiro a segunda hipótese. Nem sempre
poderás optar pelo aportuguesamento do nome, porque o processo de adaptar nomes
geográficos só foi ativo até meados do século XVI. Depois disso, usamos os nomes como eles
são lá fora. Iorque (a velha), no entanto, já era comum no Português, e a criação, na
América, de uma cidade do mesmo nome, com o adjetivo Nova, não nos atrapalhou nem um
pouco. Do mesmo modo Jersey/Jérsei, New Jersey/Nova Jérsei. Há cidades que só são
chamadas por seu nome aportuguesado: Londres (e não London), Munique (e não
München), Marselha (e não Marseille) etc. Outras, embora exista a forma aportuguesada, são
chamadas preferencialmente pelo seu nome original: Nuremberg, Avignon, Canterbury (e
não, como muito se sugeriu em Portugal, Nuremberga, Avinhão, Cantuária).
Friso um detalhe que talvez tenha passado despercebido: evitei falar em “tradução” do nome
geográfico. É que Nova Iorque, por exemplo, é tradução só no que se refere ao adjetivo
‘nova’; Iorque é uma simples adaptação do nome estrangeiro ao nosso sistema ortográfico
e fonológico. Assim também Londres, Bolonha, Marselha não são traduções de London,
Bologna e Marseille”.
(http://wp.clicrbs.com.br/sualingua/2009/05/18/new-york-ou-nova-iorque/)
página 05
Se compararmos as disposições do Novo Acordo com o que está definido no atual Formulário
Ortográfico Brasileiro (1943), observaremos que se implementou uma simplificação quanto ao emprego das
letras maiúsculas.
Uso restrito:
- Aos antropônimos reais ou fictícios: Maria, José, Dom Quixote, Sancho Pança;
- Aos topônimos reais ou fictícios: Belo Horizonte, Pará, Rio de Janeiro, Lumpalândia, Herzoslováquia;
- Aos nomes de seres mitológicos ou antropomorfizados (ver Glossário): Júpiter, Netuno, Minerva;
Saci Pererê;
- Às designações dos pontos cardeais e colaterais quando se referem a grandes regiões do Brasil e do
mundo: Nordeste, Sudeste, Oriente, Ocidente;
Uso facultativo:
- Nas citações bibliográficas, com exceção do primeiro vocábulo e daqueles obrigatoriamente grafados
com letras maiúsculas: O Primo Basílio ou O primo Basílio; Casa-grande e Senzala ou Casa-grande e senzala,
Memórias Póstumas de Braz Cubas ou Memórias póstumas de Braz Cubas.
- Nos pontos cardeais e colaterais ordinários, mas não nas suas abreviaturas: norte, sul, leste, mas
SW, SE, N etc.
- Nos axiônimos (formas de tratamento e reverência) e hagiônimos (nomes sagrados e que designam
crenças religiosas): Senhor Pedro ou senhor Pedro; Doutora Marta ou doutora Marta; Governador
Agnelo ou governador Agnelo; Magnífico Senhor Reitor ou magnífico senhor reitor; Santa Cecília ou santa
Cecília; Papa Bento XVI ou papa Bento XVI.
- Nos nomes que designam domínios do saber ou disciplinas: Medicina ou medicina, Matemática ou
matemática, Arte Renascentista ou arte renascentista.
página 06
“Obs.: As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não obstam a que obras
especializadas observem regras próprias, provindas de códigos ou normalizações específicas
(terminologias antropológica, geológica, bibliológica, botânica, zoológica etc.), promanadas de
entidades científicas ou normalizadoras reconhecidas internacionalmente”.
- O emprego de maiúsculas em excesso, assim como dos negritos, dos sublinhados ou dos destaques
deve ser evitado, já que “poluem" o texto.
Atenção:
- A mídia é uma fonte inesgotável de criação de tendências, formulando, para cada caso, normas
próprias.
- Nunca se pode, no entanto, esquecer da regra taxativa que preceitua o emprego obrigatório de
inicial maiúscula nos substantivos próprios de qualquer natureza.
página 02
Unidade 2 – Supressão do trema
2.1. O trema
O trema é um dos sinais diacríticos (ver Glossário) usados na língua portuguesa. É graficamente
representado por dois pontos sobrescritos dispostos horizontalmente, e a sua função, no português, é dividir
duas vogais adjacentes em duas sílabas.
Em tempo: os sinais gráficos, chamados discríticos, são usados na língua portuguesa para distinguir a
modulação das vogais ou para explicitar a pronúncia de certas palavras.
Veja a explicação:
Diacríticos são sinais gráficos que conferem às letras ou grupos de letras um valor fonológico
especial. Em português são tradicionalmente usados como diacríticos: a) os acentos agudos, grave,
circunflexo para assinalar a tonicidade ou timbre das vogais; b) o TREMA, para indicar que o < u >
não é letra muda depois de < q > ou < g > seguidos de vogal anterior; c) o TIL, para o valor nasal
do < a > final ou de um ditongo; d) o APÓSTROFO para impor a elisão; e) o HÍFEN, para a
justaposição, de acordo com certas regras ortográficas. (Câmara, 2007, in Dicionário de Linguística
e Gramática)
b) indicar, em encontros vocálicos, que a vogal átona não formava ditongo com a anterior;
página 03
Mesmo com o fim do trema, não haverá modificação na pronúncia das palavras.
O novo acordo garante o direito de se manter a grafia original com o trema nos casos de nomes
próprios, de empresas e de marcas com registro público.
página 04
OBSERVAÇÕES:
página 05
3ª Avaliação (Módulo III, Unidades 1 e 2)
Chegou o momento da 3ª Avaliação.
Caso tenha dúvidas sobre a utilização dos recursos da plataforma, releia as instruções no “GUIA DO
ESTUDANTE”.
Concentre-se!
2º FÓRUM DE DISCUSSÃO
2º FÓRUM DE DISCUSSÃO
Abrimos o 2º FÓRUM DE DISCUSSÃO, que ficará acessível aos alunos no período de 21 de outubro a 31
de outubro.
O tema do debate será a linguagem utilizada nos vários ambientes de internet: blogs, sites, correios
eletrônicos, redes sociais, publicidades.
Trabalhe nele da mesma forma com que participou do 1º Fórum, postando seus comentários, ideias,
argumentos, contra-argumentos e sugestões.
Caso tenha dúvidas sobre a utilização dos recursos da plataforma, recorra ao “GUIA DO ESTUDANTE”.
página 02
Unidade 3 – Acentuação gráfica
3.1. Definição
Quando imprimimos um esforço expiratório maior sobre determinada sílaba de uma palavra, diz-se
que aplicamos um acento de intensidade ou de energia, resultando uma variação da altura melódica, donde
decorrem ainda as expressões “acento de entonação” ou “acento musical”.
No português, uma língua de acento livre, a maioria das palavras tem uma de suas sílabas
pronunciada com maior força expiratória. A essa força dá-se o nome de acento tônico.
Apenas umas poucas palavras em nossa língua não têm acento tônico e, por isso, são chamadas
átonas.
Em tempo: línguas de acento livre são aquelas cuja tonicidade das palavras pode recair ora
sobre a última sílaba (oxítona), ora sobre a penúltima (paroxítona), ora sobre a antepenúltima
(proparoxítona) e ora, em situações especiais, na sílaba anterior à antepenúltima sílaba, como
nas formas verbais em que se faz a mesóclise: ‘apresentava-se-lhe’, ‘afigura-se-me’.
O francês, por exemplo, é uma língua oxítona, por assim dizer, pois a maior parte de suas
palavras recebe o acento na última sílaba.
Pois bem, na fala, podemos expressar facilmente a melodia da língua, quase por intuição, aplicando
uma maior ou menor força expiratória.
página 03
Na escrita, temos de nos valer de recursos gráficos para “ensinar” o leitor a cantar essa melodia,
usando os acentos, que vão diferenciar também os sons vocálicos abertos dos fechados.
Daí por que se diz que a palavra “acento” encontra sua etimologia na expressão latina ad cantum (=
“para o canto”).
Então, se aplicamos acentos gráficos para “ajudar a cantar”, quais as regras formuladas pelo Novo
Acordo Ortográfico a esse respeito?
Observem que optamos por destacar, das regras gerais, o caso dos verbos com < qu > e < gu > no
radical e o caso dos acentos diferenciais.
Primeiramente, porque se trata de verbos que admitem duas pronúncias em algumas formas do
presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo.
Em segundo lugar, porque os acentos diferenciais aplicados às palavras homógrafas deixam de existir,
salvo algumas exceções.
Aqui cabe uma observação quanto aos acentos diferenciais. A sua eliminação pode provocar
ambiguidades na leitura. Neste caso, é o contexto que vai informar o sentido dessas palavras que perderam
o acento.
3.2. Regras gerais
Vamos a elas!
página 04
1ª REGRA:
Elimina-se o acento agudo das palavras paroxítonas cuja sílaba tônica seja formada pelos ditongos
abertos < ei > e < oi >.
página 05
Atenção!
O acento PERMANECE:
a) Nas palavras oxítonas, mesmo que ocorram os ditongos abertos < ei > e < oi >, como em:
‘hotéis’, ‘heróis’, ‘papéis’, ‘troféu’, ‘troféus’;
b) Nas paroxítonas terminadas em < r >, como em: ‘blêizer’, ‘contêiner’, ‘destróier’, ‘gêiser’;
2ª REGRA:
Elimina-se o acento agudo de palavra paroxítona formada pelas vogais < i > e < u > precedidas de
ditongo. Exemplo: em 'baiuca", o < u > perde o acento, pois antes dele vem o ditongo 'ai'.
O acento PERMANECE nas palavras oxítonas onde o < i > ou o < u > estiverem em posição final,
mesmo que seguidos de < s >, como em: ‘tuiuiú’, ‘tuiuiús’, ‘Piauí’.
página 06
3ª REGRA:
a) nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos ‘crer’, ‘dar’,
‘ler’, ‘ver’ e seus derivados.
b) na vogal tônica fechada do hiato < oo > em palavras paroxítonas, seguidas ou não de < s >.
página 07
CASOS FACULTATIVOS:
1) Algumas palavras oxítonas terminadas em < e > tônico admitem tanto o acento agudo quanto o
acento circunflexo.
É facultativo
bebê bebé
bidê bidé
canapê canapé
caratê caraté
crochê croché
guichê guiché
nenê nené
purê puré
rapê rapé
2) Torna-se facultativo o emprego do acento circunflexo nas palavras oxítonas ‘judô’ e ‘metrô’;
3) É facultado, para fins de diferenciação, o uso do acento agudo nas formas verbais paroxítonas do
pretérito perfeito do indicativo, na 1ª pessoa do plural, quando coincidirem com a forma verbal
correspondente do presente do indicativo.
página 08
3.3. O caso dos verbos com < qu > e < gu > no radical.
Elimina-se o acento agudo na vogal < u > das formas verbais que contenham < qu > e < gu > no
radical, ou seja, quando o u presente nessas sequências é tônico e faz parte da raiz ou radical do verbo.
- Quando a tonicidade da forma verbal flexionada recai sobre a raiz ou radical, dizemos que é rizotônica (ver
Glossário); quando não, dizemos que é arrizotônica (ver Glossário). É o caso do exemplo dado acima. A
forma ‘amaremos’ tem a tonicidade marcada na sílaba < re >, portanto, fora da raiz ou radical do verbo
< am >.
(*) A respeito da lição exposta, consulte o link:
http://educacao.uol.com.br/portugues/verbo-2.jhtm
Na prática, além de perderem o trema quando o < u > é átono, verbos como ‘arguir’ e ‘redarguir’ e
suas flexões não mais recebem o acento agudo, ainda que mantida a tonicidade no < u >.
página 09
Atenção!
Quando, no hiato < ui >, a tonicidade recair sobre o < i >, este deve ser acentuado, como no
exemplo: “Eu arguí todas as testemunhas do caso”. Ainda: ‘arguíste’, ‘arguímos’.
Em alguns verbos, o emprego do acento é determinado pela pronúncia, como em ‘aguar’, ‘apaniguar’,
‘apaziguar’, ‘apropinquar’, ‘averiguar’, ‘desaguar’, ‘enxaguar’, ‘obliquar’ e ‘delinquir’.
Nesses casos, admite-se que sejam grafados de duas formas, de acordo com a pronúncia.
1 – Nas formas rizotônicas, ou seja, quando a tonicidade recai sobre o radical (aquele morfema que é
comum a todas as formas flexionadas de verbos regulares), acentua-se o < a > e o < i > do radical.
AGUAR AVERIGUAR
(eu) águo (que eu) águe (eu) averíguo (que eu) averígue
(tu) águas (que tu) águes (tu) averíguas (que tu) averígues
(ele) água (que ele) águe (ele) averígua (que ele) averígue
(nós) aguamos (*) (que nós) aguemos (*) (nós) averiguamos (*) (que nós) averiguemos (*)
(vós) aguais (*) (que vós) agueis (*) (vós) averiguais (*) (que vós) averigueis (*)
(eles) águam (que eles) águem (eles) averíguam (que eles) averíguem
(*) Observe que as formas destacadas são as arrizotônicas e, portanto, não acentuadas.
2 – Já se a tonicidade da pronúncia recai fora do radical (arrizotônica), não se utiliza o acento, como
no quadro abaixo:
AGUAR AVERIGUAR
(eu) aguo (que eu) ague (eu) averiguo (que eu) averigue
(tu) aguas (que tu) agues (tu) averiguas (que tu) averigues
(ele) agua (que ele) ague (ele) averigua (que ele) averigue
(nós) aguamos (que nós) aguemos (nós) averiguamos (que nós) averiguemos
(vós) aguais (que vós) agueis (vós) averiguais (que vós) averigueis
(eles) aguam (que eles) aguem (eles) averiguam (que eles) averiguem
Assim, se a tonicidade recair sobre o < u >, este não receberá acento gráfico, como nas formas
‘enxague’, ‘oblique’; porém, se a tonicidade recair sobre as vogais < a > ou < i > da sílaba anterior, estas,
obrigatoriamente, receberão acento gráfico (‘enxágue’, ‘oblíque’).
Página 10
Quando palavras de sentidos diferentes têm a mesma grafia, verifica-se o fenômeno da homografia.
As palavras homógrafas podem também ser homófonas, ou seja, terem o mesmo som, apresentarem
os mesmos traços fonéticos. Para a Ortografia isso representava um complicador, daí a criação de acentos
diferenciais – agudo ou circunflexo –, a fim de que, mesmo se tomadas isoladamente, fora de contexto,
essas palavras contivessem “marcas” que indicassem a qual campo semântico pertenciam.
Entretanto, com a entrada em vigor do novo Acordo, em regra geral, não mais se distinguem palavras
homógrafas.
Apenas algumas palavras permanecem acentuadas para se distinguir pelo acento gráfico:
É facultativo o uso do acento da palavra ‘fôrma’ (substantivo) para diferenciar da palavra ‘forma’ (3ª
pessoa do singular do presente do indicativo ou 2ª pessoa do singular do imperativo do verbo ‘formar’).
página 02
Ora, o hífen, como garante a sua etimologia (ver Glossário), existe para unir e não para 'separar'.
Ainda quando 'separa', a sua simples presença preserva a 'unidade semântica e sintagmática' (ver Glossário)
do vocábulo, evita a criação de uma sílaba indesejada e, assim, indica uma melhor pronúncia, como em ‘mal-
humorado’, ‘pan-hospitalar’, ‘sub-reino’.
Atente para o fato de que o Acordo Ortográfico (1990), nas Bases reservadas ao tratamento do hífen,
não economizou na utilização das expressões 'unidade sintagmática' e 'unidade semântica' (ver Glossário).
Antes, porém, de darmos início à análise de como o Acordo Ortográfico tratou o hífen,
reproduziremos, para fins meramente didáticos, uma lenda muito veiculada na internet, que bem ilustra os
propósitos peculiares desse 'sinalzinho' que agora, como querem alguns, acabou por se tornar um 'vilão'.
página 03
As controvérsias e os pontos obscuros são tantos que ensejaram matérias como a que se pode ler
em:
http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL472527-5604,00-HIFEN+E+NOVO+VILAO+DA+REFORMA+ORTOGRAFICA.html
Leia a lenda.
Deixemos as lendas de lado, a Teogonia com Hesíodo, e passemos à análise do hífen tal como é
tratado hoje pelo novo Acordo Ortográfico.
O Acordo deu atenção ao hífen na Base XV, em sete itens e cinco subitens; na Base XVI, em três itens
e oito subitens; e na Base XVII, em dois itens e dois subitens. Leia também o item 6 da Nota Explicativa, ao
final do Acordo Ortográfico.
Todavia, mesmo com o considerável espaço que teve no texto do Acordo, a questão ainda provoca
polêmicas na nova ortografia.
Para facilitar a compreensão das novas regras do hífen, vamos esclarecer alguns conceitos que
surgiram com a publicação do texto do novo Acordo: os “falsos prefixos” e as “unidades semânticas e
sintagmáticas".
Como foram empregadas sem uma referência prévia, essas expressões acabaram por complicar mais
ainda o já controvertido universo do hífen.
página 04
“Denomina-se de ‘prefixo’ a um morfema da classe dos afixos que figuram no início de uma
unidade léxica". (DUBOIS, Jean – org., in Dicionário de Linguística, Cultrix, 1998)
Os prefixos são elementos que se unem ao início de uma palavra, para formar outra palavra com
sentido diferente. Não são, portanto, unidades semânticas autônomas (unidades de sentido), mesmo quando
possuem um significado.
Há, porém, morfemas que, mesmo possuindo um radical próprio ou se comportando como radicais de
outras palavras, unem-se a outros morfemas para formar novas palavras, sem perder seu significado: são os
chamados “falsos prefixos” ou “pseudoprefixos”. Veja a Base XVI do Acordo.
Por exemplo: ‘contra’ é prefixo em ‘contradizer’, ‘contradição’, mas é forma livre em “falar
contra” (advérbio) ou em “estar contra o muro” (preposição) e é o radical de ‘contrariar’.
Frequentemente na fala, mas também na escrita, por meio do truncamento (ver Glossário), podemos
fazer com que o prefixo assuma a carga semântica da unidade inteira (um ‘auto’, uma ‘mini’, para
‘automóvel’ e ‘minissaia’).
São exemplos de falsos prefixos em oposição a prefixos:
‘pseudo’ (falso): João era um pseudomoralista. (arqui, super, hiper, sobre) = ‘acima de’
página 05
Em linhas gerais, o hífen é um recurso gráfico que simboliza o “acoplamento” de duas ou mais
palavras para constituir uma nova unidade lexical, ou seja, uma nova palavra, que chamaremos morfemas
compostos por hifenização.
Ocorre que, além desses morfemas hifenizados, existem as locuções, que podem ser nominais,
adjetivas ou verbais. Essas locuções, contudo, não constituem unidades lexicais.
O problema aqui reside em saber quando uma expressão cujos elementos se agregam em “blocos de
sentido” deixa de ser uma locução e passa a ser um substantivo composto, ou ainda, quando saímos do
campo da sintaxe e entramos no campo da morfologia (ver Glossário).
O emprego do hífen é um recurso valioso para que possamos distinguir os substantivos compostos
das locuções e, ao fazê-lo, perceber a sua função e sua identidade semântica.
Todavia, por ser muito tênue, não é tarefa fácil definir a linha de fronteira que demarca o território
das locuções daquele dos substantivos compostos. As gramáticas tradicionais negligenciam o tema, e os
lexicógrafos se digladiam em torno da questão.
página 06
A esse respeito, reproduzimos a aula do Prof. Cláudio Moreno, da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul:
“Este sempre foi (e sempre será) o grande problema do uso do hífen em nosso idioma: saber
quando uma locução passa a ser um substantivo composto. Em que momento saímos da
Sintaxe (vários vocábulos) e entramos na Morfologia (um só vocábulo)? Por que ‘papel
almaço’ e ‘papel da Índia’ são locuções, e ‘papel-bíblia’ é um substantivo composto? Por
que alguns (Aurélio, por exemplo) consideram ‘pôr-do-sol’ um substantivo, enquanto Houaiss
classifica como uma simples locução (‘pôr do sol’)? Apesar de existirem vários “palpites”
sobre como se poderia fazer essa diferenciação, acho que nunca poderemos chegar a uma
resposta definitiva — não por deficiência de nossas teorias ou incompetência de nossos
estudiosos, mas exatamente pela natureza difusa do problema.
(...)
Note-se que a presença do hífen, aqui, é o que serve para distinguir aquilo que consideramos
locução daquilo que consideramos vocábulo. Há gramáticos que veem em ‘ponto e vírgula’
uma locução (daí não usarem o hífen); Aurélio e Houaiss, por sua vez, consideram-no um
vocábulo e, ipso facto, escrevem ‘ponto-e-vírgula’ [uma divergência que repete aquela sobre
‘pôr-do-sol/por do sol’].
É exatamente por isso que ninguém entendeu essa orientação esdrúxula do VOLP [Vocabulário
Ortográfico da Língua Portuguesa] de eliminar o hífen de vocábulos compostos que tenham
preposição ou conjunção entre os elementos. Foi uma interpretação equivocada do texto do
Acordo, e tenho certeza de que a ABL acabará voltando atrás, para não se cobrir de ridículo.
Portugal entendeu corretamente o que foi disposto e manteve os hífens em vocábulos como
‘pé-de-moleque’, ‘maria-vai-com-as-outras’, ‘mula-sem-cabeça’, ‘dia-a-dia’, ‘pé-de-
cabra’ etc.’
Eis aí um dos problemas cuja solução é fundamental para sabermos definitivamente como empregar o
hífen.
página 07
Para formar frases, a combinação das palavras ou vocábulos precisa obedecer a determinados
princípios da língua.
Leia o exemplo:
não
O médico prescreveu todos os medicamentos
(sintagma nominal) (modificador + (sintagma nominal)
verbo)
Aceitaríamos as formas:
página 08
Torna-se evidente que existe uma organização dentro dos sintagmas. Eles desempenharão funções
distintas de acordo com a posição dos vocábulos e a relação que estabelecem entre si.
Assim, é possível inverter a ordem, desde que mantenhamos os grupos ‘o médico’, ‘não prescreveu’,
‘todos os medicamentos’, mudando apenas sua posição. Essa possibilidade de deslocamento prova que cada
grupo é um sintagma.
Se compararmos as orações
(A)
(B)
Na oração (A), não se emprega o hífen na expressão ‘bem educado’, porque, no sintagma “bem
educado pelos pais”, ela não forma uma unidade semântica, embora os dois vocábulos estejam juntos. São
duas palavras com funções definidas e distintas. O vocábulo ‘bem’ é um advérbio e, aqui, está modificando o
vocábulo ‘educado’, que é o particípio passado do verbo ‘educar’.
Na oração (B), as duas palavras da expressão ‘bem-educados’ formam um único elemento com clara
unidade sintagmática e semântica. Ela tem a função de adjetivo e, aqui, está modificando o substantivo
‘meninos’.
página 09
EMPREGA-SE O HÍFEN:
Nas palavras compostas que designam nomes de plantas e animais, estejam ou não ligados
por preposição ou qualquer outro elemento.
Observação: como, nesses casos, se observava alternância no uso do hífen, o Acordo uniformizou a grafia.
O Acordo define que o hífen só será usado em palavras formadas por prefixos ou falsos prefixos,
como nos seguintes casos:
anti-higiênico pré-história
arqui-hipérbole extra-humano
contra-harmônico semi-hospitalar
circum-hospitalar geo-história
pan-helenismo sub-hepático
eletro-higrômetro neo-helênico
mini-hospital sub-humano
super-homem
Observação: Não se usa o hífen em formações que contêm os prefixos < des > e < in > e nas quais o
segundo elemento perdeu o inicial: ‘desumano’, ‘desumidificar’, ‘inábil’, ‘inumano’ etc.
Página 10
2. Quando a vogal final do prefixo ou falso prefixo coincidir com a vogal inicial do
segundo elemento da composição.
anti-ibérico
micro-ondas
auto-observação
micro-organismo
contra-almirante
semi-intensivo
infra-axilar
supra-auricular
3. Nos compostos formados pelos prefixos ‘ex’, ‘sota’, ‘soto’, ‘vice’ e ‘vizo’.
circum-escolar pan-mágico
circum-navegação pan-africano
pan-americano
pan-negritude
página 11
5. Quando os prefixos ‘hiper’, ‘inter’ e ‘super’ formar compostos com palavras iniciadas
por < r >.
- divisas: ‘Liberdade-Igualdade-Fraternidade’;
- trajetos e percursos: ‘ponte Rio-Niterói’, ‘trecho São Paulo-
Santos’;
- em que se opõem relações e noções: ‘professor-aluno’, ‘ensino-
aprendizagem
amoré-guaçu
anajá-mirim
andá-açu
capim-açu
Ceará-mirim
tamanduá-mirim
8. Nos compostos formados com os advérbios ‘bem’ e ‘mal’ quando estes formam, com
o elemento que se segue, uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por vogal ou < h >.
bem-aventurado mal-afortunado
bem-estar mal-estar
bem-humorado mal-humorado
bem-criado
bem-ditoso
bem-falante
bem-mandado
bem-nascido
bem-soante
Observações:
- Em muitos compostos, o advérbio ‘bem’ aparece aglutinado com o segundo elemento, quer
este tenha ou não vida à parte: ‘benfazejo’, ‘benfeito’, ‘benfeitor’, ‘benquerença’ etc.
- No entanto, o advérbio ‘bem’, ao contrário de ‘mal’, pode não se aglutinar com palavras
iniciadas por consoante.
página 12
b) Nos compostos, quando a vogal final do prefixo ou falso prefixo é diferente da vogal inicial da palavra com
a qual se combinam.
neoimpressionista
pé de moleque
pé de vento
pai de todos
dia a dia
fim de semana
cor de vinho
ponto e vírgula
camisa de força
cara de pau
olho de sogra.
Observação: Incluem-se nesse caso os compostos de base oracional, como: ‘maria vai com
as outras’, ‘leva e traz’, ‘diz que diz que’, ‘deus me livre’, ‘deus nos acuda’, ‘cor de burro
quando foge’, ‘bicho de sete cabeças’, ‘faz de conta’.
página 13
e) Nas formações com o prefixo < co- >, este se une diretamente ao segundo elemento, mesmo quando este
se inicia por < o > ou < h >.
coobrigação
coedição
coeducar
cofundador
coabitação
coerdeiro
corréu
corresponsável
coocorrência.
f) Nos vocábulos formados por < pré- > e < re- >, mesmo diante de palavras começadas por < e >.
preexistente
preelaborar
reescrever
reedição.
Observação: Como o acento do prefixo < pré- > é praticamente imperceptível em algumas
palavras, como ‘predeterminado’ e ‘preexistente’, na dúvida é sempre bom consultar o
dicionário.
Observação: O Acordo Ortográfico aboliu o hífen das formas em que a palavra ‘não’ tem valor
prefixal: ‘não agressão’, ‘não engajado’, ‘não fumante’, ‘não violência’, ‘não participação’, ‘não
governamental’ etc.
página 14
página 15
USA-SE O HÍFEN
REGRA EXEMPLOS OBSERVAÇÕES
com os prefixos < circum- circum-navegação,
> e < pan- >, quando o pan-africano;
segundo elemento começa
por vogal,
< h >, < m > ou < n >.
com os prefixos < hiper- >, hiper-realista e super-
< inter- > e < super >-, resistente
quando o segundo
elemento começa por < r
>.
com os prefixos < pré- >, pré-fabricação e pré-
< pró- > e < pós- > fabricar;
pós-graduação
Quando prefixo terminar micro-ondas, anti-
com a mesma letra com inflacionário, sub-
que se inicia a outra bibliotecário, inter-
palavra. regional, infra-axilar
nas palavras compostas guarda-chuva, arco- Exceções: Não se usa o
que não apresentam íris, boa-fé, segunda- hífen em certas
elementos de ligação. feira, mesa-redonda, palavras que perderam
vaga-lume, joão- a noção de composição,
ninguém, porta- como girassol,
malas, porta- madressilva,
bandeira, pão-duro, mandachuva, pontapé,
bate-boca. paraquedas,
paraquedista,
paraquedismo.
Em palavras onomatopeicas reco-reco, blá-blá-blá,
(isto é, que representam zum-zum, tico-tico,
ruídos ou sons naturais) tique-taque, cri-cri,
que são compostas mas glu-glu, rom-rom,
não apresentam elementos pingue-pongue,
de ligação. zigue-zague, bi-bi,
fom-fom, tim-tim
(tim-tim por tim-tim).
Nos compostos entre cujos queda-d'água, gota-
elementos há o emprego do d'água, copo-d'água.
apóstrofo.
Nas palavras compostas belo-horizontino (Belo
derivadas de topônimos Horizonte);
(nomes de lugares) que porto-alegrense
apresentam ou não (Porto Alegre);
elementos de ligação. mato-grossense-do-
sul (Mato Grosso do
Sul); rio-grandense-
do-norte (Rio Grande
do Norte)
Nos compostos que bem-te-vi, peixe- Não se usa o hífen,
designam espécies animais espada, peixe-do- quando os compostos
e botânicas (nomes de paraíso, mico-leão- que designam espécies
plantas, flores, frutos, dourado, andorinha- botânicas e zoológicas
raízes, sementes), tenham da-serra, lebre-da- são empregados fora de
ou não elementos de patagônia, erva-doce, seu sentido original.
ligação. ervilha-de-cheiro, Observe a diferença de
pimenta-do-reino, sentido entre os pares:
peroba-docampo, arroz-do-campo (certo
cravo-da-índia. tipo de erva) - arroz de
festa (alguém que está
sempre presente em
festas). bico-de-
papagaio (espécie de
planta ornamental) -
bico de papagaio
(deformação nas
vértebras). olho-de-boi
(espécie de peixe) -
olho de boi (selo
postal).
Diante de palavra anti-higiênico, super-
começada por < h >. homem, sobre-
humano.
Com o prefixo sub, usa-se o sub-região, sub-
hífen também diante de reitor, sub-regional.
palavra começada por
< r >.
Com os prefixos < ex- >, ex-aluno, sem-terra, Atenção! A dúvida,
< sem- >, < além- >, além-mar, aquém- nesse caso, é sempre
< aquém- >, < recém- >, mar, recém-casado, comum. Como o acento
< pós- >, < pré- >, pós-graduação, pré- desses prefixos é
< pró- >, < vice- >. vestibular, pró- praticamente
europeu, vice-rei. imperceptível na fala,
em algumas palavras,
como ‘predeterminado’
e ‘preexistente’, muitos
não sabem se o hífen
deve ou não ser usado.
Assim, também aqui é
sempre bom consultar o
dicionário.
Com o prefixo < mal- >, mal-assombrado, * Nos outros casos,
quando a palavra seguinte mal-entendido, mal- escreve-se sem hífen:
começar por vogal, < h > estar, mal-humorado, malcriado,
ou < l >. mal-limpo. malcomportado,
malcheiroso, malfeito,
malsucedido, malvisto.
* Quando mal significa
doença, usa-se o hífen
se a palavra não tiver
elemento de ligação.
Ex.: mal-francês. Se
houver elemento de
ligação, escreve-se sem
hífen. Ex.: mal de
lázaro, mal de sete
dias.
Com < bem- >, de modo bem-aventurado, * Mas há vários casos
geral, nos compostos. bem-intencionado, em que bem se liga sem
bem-humorado, bem- hífen à palavra
merecido, bem- seguinte. Ex.:
nascido, bem-falante, benfazejo, benfeito,
bem-vindo, bem- benfeitor, benquisto.
visto, bem-disposto.
página 16
Regra de ouro:
Para não correr o risco de errar, quando não se souber se a palavra perdeu a noção de
composição, é aconselhável consultar o dicionário, que determina qual é a grafia consagrada pelo
uso. Exemplos disso são as palavras malmequer (sem hífen) e bem-me-quer (consagrada com
hífen).
Exemplos:
página 17
Lembre-se: a melhor forma de se apreender conteúdos é ler várias abordagens, versões e visões sobre o
assunto. No caso de um idioma, procure estudar as regras gramaticais e correlatas em vários autores e
exercitar o máximo possível o conteúdo aprendido.
No final do texto a ser corrigido, oferecemos modelos de correção e justificação dos dois primeiros erros.
Créditos
CRÉDITOS
Conteudista
Cláudio Augusto Vizioli
Coordenação
Carlos Escosteguy
Professores-tutores
Elton Edmundo Polveiro Junior
João Bosco Bezerra Bonfim
Márcia Lyra Nascimento Egg
Virgínia de Castro
Wesley Andrade
Núcleo pedagógico
Carlos Eugênio Escosteguy
Claudia Pohl
Danuta Horta
Jenifer de Freitas
Lucas Machado
Marcelo Larroyed
Márcia Perusso
Polliana Alves
Rosângela Rabello
Simone Dourado
Tatiana Beust
Valéria Maia e Souza
William Robespierre Athanazio
Núcleo web
Alessandra Brandão
Bruno Carvalho
Carlos Inocente
Francisco Wenke
Renerson Ian
Sônia Mendes
Núcleo administrativo
Luciano Marques
Paula Meschesi